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Concertino n.1 para trombone e orquestra de cordas do compositor Fernando Deddos: perspectivas técnico-interpretativas e pedagógicas

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Academic year: 2021

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA

PEDRO AUGUSTO DA SILVA

CONCERTINO N.1 PARA TROMBONE E ORQUESTRA DE CORDAS DO COMPOSITOR FERNANDO DEDDOS: PERSPECTIVAS

TÉCNICO-INTERPRETATIVAS E PEDAGÓGICAS

NATAL-RN 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE ESCOLA DE MÚSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA

PEDRO AUGUSTO DA SILVA

CONCERTINO N.1 PARA TROMBONE E ORQUESTRA DE CORDAS DO COMPOSITOR FERNANDO DEDDOS: PERSPECTIVAS

TÉCNICO-INTERPRETATIVAS E PEDAGÓGICAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na linha de pesquisa – Processos e dimensões da produção artística, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Música.

Orientador: Prof. Dr. Radegundis Aranha Tavares Feitosa.

NATAL-RN 2018

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PEDRO AUGUSTO DA SILVA

CONCERTINO N.1 PARA TROMBONE E ORQUESTRA DE CORDAS DO COMPOSITOR FERNANDO DEDDOS: PERSPECTIVAS

TÉCNICO-INTERPRETATIVAS E PEDAGÓGICAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na linha de pesquisa – Processos e dimensões da produção artística, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Música.

Orientador: Prof. Dr. Radegundis Aranha Tavares Feitosa.

Aprovada em: ___/___/___

BANCA EXAMINADORA:

_________________________________________________________ PROF. DR. RADEGUNDIS ARANHA TAVARES FEITOSA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

ORIENTADOR

_________________________________________________________ PROF. DR. RANILSON BEZERRA DE FARIAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE MEMBRO DA BANCA

_________________________________________________________ PROF. DR. ALEXANDRE MAGNO E SILVA FERREIRA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA MEMBRO DA BANCA

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Dedico este trabalho ao meu pai, Damião Augusto da Silva; à minha mãe, Maria do Céu Pereira Silva; aos meus irmãos, Cosme Damião da Silva, Josimar Augusto da Silva, José Roberto da Silva, Maria das Vitórias, Francisca das Chagas, Aparecida Paula; à minha namorada, Julyane Kallyandra Alves Pereira; e ao meu orientador, Radegundis Aranha Tavares Feitosa.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus, por todas as minhas conquistas, em especial pela conclusão deste curso de mestrado e o consequente enriquecimento profissional que me foi proporcionado.

Gostaria de fazer meus sinceros agradecimentos a todos que de maneira direta ou indireta contribuíram para a realização desta dissertação.

Aos meus pais, à minha namorada; e a toda minha família, que sempre me apoiaram e forneceram o suporte necessário para que eu pudesse realizar este curso.

A Radegundis Tavares, meu orientador, por toda a atenção e dedicação que me foram destinadas, pelos conhecimentos que me foram passados e principalmente por ter me apoiado, motivado e acreditado no meu trabalho.

Aos meus professores Alzimar Trajano, Edmilson Junior, Klenio Barros, Gilvando Pereira da Silva, Radegundis Feitosa Nunes (in memoriam), Paula Francinete, Bembem Dantas, Maria Clara Gonzaga, Ranilson Bezerra de Farias, Fernando Deddos, Eliane Leão, André Luiz Muniz Oliveira, Agostinho Jorge de Lima, Airton Guimarães, Fabio Soren Presgrave, Alexandre Santos, por contribuírem para a minha trajetória musical até o presente momento.

Ao músico José Milton Vieira Leite e ao compositor Fernando Deddos, por se disporem prontamente a participar da pesquisa e pelas importantes colaborações que deram para a realização deste trabalho.

Aos amigos e colegas músicos, em especial os da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que me incentivaram, trocaram ideias e participaram ativamente do meu processo de formação no mestrado.

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RESUMO

Na construção de uma performance musical diversos procedimentos são utilizados em função da criação técnico-interpretativa de uma obra. Destaco nesse âmbito os planejamentos de prática instrumental para otimização e desenvolvimento da performance. Para sistematizar a preparação do performer, há a necessidade da compreensão dos aspectos envolvidos nesse processo. A partir desse contexto propõe-se, neste trabalho, compreender os processos de construção da performance musical no Trombone na obra Concertino N.1 para Trombone e Orquestra de Cordas, do compositor Fernando Deddos. Para fundamentar esta pesquisa a produção científica brasileira sobre o instrumento em questão foi consultada, assim como as literaturas mais gerais no âmbito da performance e do ensino de instrumento foram utilizadas de forma complementar. Para o desenvolvimento deste estudo foram realizadas entrevistas semiestruturadas com o compositor com o objetivo de entender suas perspectivas e direcionamentos para a análise técnico-interpretativa da obra estudada. O intérprete para o qual o Concertino N.1 foi dedicado, também foi consultado com o intuito de entender o seu processo de construção da performance para a estreia desta composição. A partir deste trabalho foi possível construir um conhecimento técnico-interpretativo e pedagógico no que diz respeito à performance musical no trombone da referida obra, assim como apresentar direcionamentos mais gerais que poderão ser utilizados para a construção da performance de repertórios similares.

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ABSTRACT

To prepare a musical performance involves several aspects that may change depending on the technical-interpretative challenges of each piece. As part of this context this thesis studies a possibility of planning to practice and performance development. To systematize the preparation of a performer, there is a need to understand the aspects involved in this process. From this scenario it is proposed in this research to understand the processes of construction of musical performance in the Trombone in the work Concertino N.1 for Trombone and String Orchestra, by the composer Fernando Deddos. Brazilian scientific production on the trombone as the general literature related to performance and instrumental teaching were used to do this work. There were made semi-structured interviews with the composer and the trombonist to whom the piece was dedicated to with the aim of understanding their perspectives and directions for the technical-interpretative analysis of the studied composition. From this research it was possible to construct a technical-interpretative and pedagogical knowledge regarding the musical performance in the trombone of the Concertino N.1, as well as to present general directions that could be used for the construction of the performance of similar repertoires.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Manuscrito cedido pelo compositor: esquema composicional do Concertino N.

1...58

FIGURA 2 – Manuscrito acerca da temática escolhida pelo compositor...59

FIGURA 3 – Exemplo musical...59

FIGURA 4 – Exemplo musical...60

FIGURA 5 – Exemplo musical...61

FIGURA 6 – Exemplo musical...63

FIGURA 7 – Exemplo musical...64

FIGURA 8 – Exemplo musical...65

FIGURA 9 – Exemplo musical...66

FIGURA 10 - Exemplo musical...67

FIGURA 11– Exemplo musical...67

FIGURA 12– Conceito de sonoridade...70

FIGURA 13 – Exemplo de acentuação...71

FIGURA 14 – Exemplo musical...72

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 11

1 A PRÁTICA INSTRUMENTAL, O ENSINO DE INSTRUMENTO E O TROMBONE NA LITERATURA CIENTÍFICA ... 14

1.1 A prática instrumental e a pesquisa ... 18

1.2 Principais trabalhos da revisão de literatura: ensino de instrumento ... 19

1.3 Principais trabalhos da revisão de literatura: trabalhos sobre o Trombone ... 21

1.4 A definição do tema estudado ... 23

1.5 Pesquisa bibliográfica... 24

1.6 Pesquisa em documentos ... 24

1.7 Entrevista semiestruturada ... 25

1.8 Constituição do referêncial teórico ... 25

1.9 Análise dos documentos ... 25

1.10 Transcrição das entrevistas ... 26

1.11 Análise dos depoimentos ... 26

2 CONCEITOS E PERSPECTIVAS PARA A PRÁTICA E O ENSINO DO TROMBONE ... 28

2.1 O trombone ... 28

2.2 A construção da performance musical: a prática instrumental ... 30

2.2.1 O desenvolvimento de estratégias de estudos diários ... 32

2.2.2 A Otimização do estudo diário ... 33

2.2.3 Preparação cognitiva para a performance ... 34

2.2.4 Interpretação musical ... 35

2.2.5 Preparação para o palco ... 36

2.2.6 Metacognição/Autorregulação da prática instrumental ... 37

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2.3.1 Sonoridade ... 38

2.3.2 Articulação... 39

2.3.3 Flexibilidade ... 41

2.3.4 Extensão ... 42

2.3.5 Posições alternativas, afinação e digitação ... 42

2.4 Conceitos relacionados ao ensino de instrumento ... 43

2.4.1 O professor de instrumento ... 44

2.4.2 A transmissão do conhecimento musical ... 46

2.4.3 O ensino do trombone... 47

3 O COMPOSITOR E INTÉRPRETE DA OBRA: PROCESSOS E CARACTERÍSTICAS INTERPRETATIVAS ... 50

3.1 O compositor Fernando Deddos – Trajetória e formação ... 50

3.2 As principais características do Concertino N.1 para trombone e orquestra de cordas do compositor Fernando Deddos. ... 56

3.3 Os principais desafios para o intérprete do Concertino N.1 para trombone e orquestra de cordas ... 62

4 PERSPECTIVAS PARA A CONSTRUÇÃO DA PERFORMANCE E O ENSINO DO CONCERTINO N. 1 ... 68

4.1 Perspectivas pedagógicas para o ensino e a aprendizagem do Concertino N.1 para trombone e orquestra de cordas ... 69

4.1.1 Sonoridade ... 69

4.1.2 Articulação... 70

4.1.3 Flexibilidade ... 72

4.1.4 Extensão ... 73

4.1.5 Posições alternativa, afinação e digitação ... 73

4.1.6 Otimização do estudo diário ... 75

4.1.7 Preparação cognitiva da performance... 75

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4.1.9 Preparação para o palco ... 76

4.1.10 Metacognição/autorregulação da prática instrumental ... 77

CONCLUSÃO ... 78 REFERÊNCIAS ... 80 APÊNDICE A ... 85 APÊNDICE B ... 87 APÊNDICE C ... 88 APÊNDICE D ... 89

ANEXO A - Partitura de trombone do Concertino N.1, para Trombone e Orquestra de Cordas do compositor Fernando Deddos ... 90

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INTRODUÇÃO

Os estudos relacionados à área de performance vêm crescendo de forma significativa nos últimos anos. Consequentemente, vem se consolidando e alcançando a sua devida importância no âmbito acadêmico. Nessa perspectiva, considero fundamental na elaboração dos trabalhos científicos da área o desenvolvimento de ferramentas metodológicas sólidas nos processos de criação dos trabalhos. Diante desse contexto, a partir da ligação entre as temáticas de prática instrumental, ensino de instrumento e a performance no trombone, procurei atribuir uma maior consistência de referenciais teóricos relacionados à construção da performance musical no instrumento citado para o desenvolvimento desta pesquisa. A prática instrumental, neste estudo, refere-se aos processos de construção da performance; estudos diários; planejamentos e processos que constituem a prática interpretativa de uma obra específica, o que tem sido abordada por muito pesquisadores e professores, especialmente numa perspectiva ampla, considerando os dois campos de estudos citados. Nessa direção, os principais estudos que trazem as temáticas citadas acima são aqui estudados, com intuito de promover o conhecimento musical, especialmente na fundamentação teórica sobre a construção da performance musical de uma obra específica no instrumento, nesse caso, o trombone.

O trombone tem sido um instrumento ainda pouco discutido no âmbito dos trabalhos sobre performance musical que contemplam os processos de prática, ensino e aprendizagem de uma obra específica relacionados, especialmente para a construção da performance musical no instrumento. Nesse sentido, podemos inferir que a realização de estudos que tratam sobre os processos de construção da performance no trombone ainda é algo em expansão. Considerando esse contexto, analisamos, assim, o desenvolvimento e o aumento do número de trabalhos científicos direcionados ao trombone, bem como a importância da relação entre as temáticas de prática instrumental, ensino de instrumento e performance no trombone para consolidar os estudos da área, contribuindo para documentar os processos de ensino e aprendizagem de uma obra específica para o instrumento.

Nessa perspectiva, este trabalho tem como objetivo apresentar os processos de construção da performance musical sobre o Concertino N.1 para trombone e orquestra de cordas do compositor Fernando Deddos: perspectivas técnico-interpretativas e pedagógicas. Mais especificamente, identificar as principais características técnico-interpretativas desta composição e quais estratégias melhor se aplica nesse contexto. Para alcançar esse propósito, a pesquisa realizada teve como objetivos específicos a elaboração de análise

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técnico-interpretativa da obra pelo autor deste estudo, verificando procedimentos de construção da performance; identificação e análise do contexto em que a obra e o compositor se inserem; verificação, a partir da literatura estudada, de possibilidades de abordagens pedagógicas e interpretativas para o Concertino N.1.

A pesquisa teve como base metodológica uma investigação qualitativa, utilizando como instrumentos de coleta de dados: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e entrevistas semiestruturadas. Dessa forma, buscou-se alcançar os objetivos propostos e expor as informações e ideias resultantes do desenvolvimento deste estudo.

O primeiro capítulo traz a revisão de literatura geral e a categorização dos principais aspectos estudados sobre os temas de prática instrumental, ensino de instrumento e os principais aspectos de execução musical no trombone. Com o intuito de orientar o leitor sobre as bases metodológicas que nortearam a construção desta pesquisa, apresento ainda as definições do tema de estudo; definição metodológica de desenvolvimento desta pesquisa; instrumentos de coleta de dados; questão de pesquisa, bem como a justificativa e os objetivos propostos.

No segundo capítulo, discuto o referencial teórico, especialmente quais são os conceitos que fundamentam esta pesquisa a partir da revisão de literatura. Defino e apresento os principais conceitos relacionados às temáticas estudadas sobre a prática instrumental, ensino de instrumento e sobre a performance musical no trombone.

A apresentação e análise dos dados coletados serão relatadas no capítulo três. Trago as principais questões sobre a vida e a obra do compositor; história e processos da criação do Concertino N. 1, bem como o contexto estilístico ao qual a obra e o compositor se inserem; as principais características do Concertino N.1; os principais desafios e obstáculos de execução relatados pelo intérprete ao qual a obra foi dedicada e pelo compositor em entrevista, bem como a análise técnico-interpretativa pelo autor desta pesquisa, buscando, assim, alcançar o objetivo geral proposto para realização deste estudo.

No quarto capítulo, trago a resposta da questão de pesquisa. Os principais resultados, as conclusões e os direcionamentos para prática instrumental, ensino e aprendizagem, e construção da performance musical do Concertino N.1 para trombone e orquestra de cordas do compositor Fernando Deddos: perspectivas técnico-interpretativas e pedagógicas. Sendo assim, exponho as principais estratégias de prática instrumental para o desenvolvimento dos processos de ensino e aprendizagem na construção da performance da obra pelo trombonista.

E na conclusão, discutimos os principais resultados e as análises consolidadas a partir da realização deste estudo, considerando a trajetória, o objetivo geral e o específico, a

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experiência e o conhecimento adquirido diante do desenvolvimento deste trabalho. Portanto, essas são algumas informações de natureza esclarecedora sobre a estrutura desta dissertação de mestrado.

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1 A PRÁTICA INSTRUMENTAL, O ENSINO DE INSTRUMENTO E O TROMBONE NA LITERATURA CIENTÍFICA

Estudos mostram que a subárea da performance musical vem crescendo significativamente no século XXI, sobretudo com o aumento nos números de cursos de mestrado e doutorado em performance musical nas universidades brasileiras, que contribuem consequentemente para uma produção maior de trabalhos científicos nessa área (BORÉM e RAY, 2012). Entretanto, ainda são muitos os temas a serem explorados nesse campo de estudos, bem como a área carece ainda de ferramentas sólidas no que diz respeito ao desenvolvimento metodológico dos trabalhos produzidos no âmbito acadêmico. Refletindo a respeito da pesquisa em performance musical, Borém ressalta que:

A área da Performance Musical é a subárea da música mais carente de quadros teóricos de referência específicos ou procedimentos metodológicos consolidados. Mas é também a subárea que tem apresentado a maior demanda e o maior número de trabalhos defendidos em pós-graduação brasileira, ao mesmo tempo em que apresenta uma grande diversidade de interfaces de pesquisa, permitindo uma interação significativa dentro e fora da área da música (BORÉM, 2005, p. 14).

Nesse sentido, a afirmação acima vem consolidar a importância e o número crescente dos trabalhos acadêmicos da área, sobretudo nas ferramentas metodológicas utilizadas no desenvolvimento das pesquisas. No limiar entre a performance/práticas interpretativas e a Educação Musical, a prática instrumental e o ensino de instrumento tem sido problematizado por pesquisadores inseridos nesses dois campos de estudos. Nessa direção, a temática tem se expandido cada vez mais nos últimos anos (SANTOS & HENTSCHKE, 2009).

Com o objetivo de contribuir para o crescimento dos trabalhos científicos da área de performance e ampliar o discurso sobre a construção da performance musical, sobretudo diante dos processos que constituem o desenvolvimento da performance sobre uma peça específica, consideramos como fundamental estudar os processos criativos e pedagógicos na construção da performance musical no instrumento, identificando as especificidades e os direcionamentos necessários em cada caso, buscando assim ampliar o discurso sobre as obras estudadas, bem como fomentar ideias para construir um conhecimento técnico-interpretativo abrangente no que diz respeito à construção da performance musical.

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As mais diversas situações implícitas nos processos de desenvolvimento e prática do instrumento têm sido exploradas. Podemos observar dentre os principais aspectos contemplados, especialmente, em relação ao desenvolvimento da prática motora na aprendizagem de um instrumento musical, na perspectiva de Sloboda (2005) e Weissberg (1999): habilidades mecânicas individuais adquiridas ao longo do processo de estudo; quantidade e qualidade nos estudos relativos à constância da prática regular; estratégias de prática diária; concepções formal e informal de interpretação no que diz respeito à forma de conceber a genuinidade estilística de cada obra estudada estruturada, a partir de planejamento dos processos práticos. Considerando os aspectos mencionados, observamos que vários desses estão relacionados à construção da performance, abordando elementos significativos para o desenvolvimento de uma prática instrumental consciente e efetiva para performance. Sobre essa perspectiva, França comenta que:

[...] à técnica chamamos toda uma gama de habilidades e procedimentos práticos através dos quais a concepção musical pode ser realizada, demonstrada e avaliada. Embora a compreensão e a técnica sejam aspectos interligados da experiência psicológica do fazer musical, é preciso desvencilha-las conceitualmente no intuito de se clarear a natureza de sua relação no desenvolvimento musical (FRANÇA, 2000, p. 52).

Além dos aspectos técnicos interpretativos mencionados acima, podemos observar procedimentos metodológicos que são tendências na área e que buscam compreender a interpretação musical de uma obra por meio da relação de interfaces com outras subáreas da música e do conhecimento. Como exemplo, citamos o caso da “linguagem hermenêutica” discutida por Lima (2005), para o qual a música pode ainda transcender os aspectos simbólicos e representativos existentes na partitura. A partir dessa ótica, a performance pode ser realizada com maior sentido e significado interno por parte do intérprete considerado o contexto em que a obra se insere.

Observando as práticas características do universo acadêmico da performance no Brasil, Borém (2006) afirma que há uma tradição herdada dos conservatórios onde alguns professores não documentavam suas experiências sobre o fazer e ensino relativos à performance musical, o que para o autor implica em um grave problema para a pesquisa na área de performance musical. Concordando com o autor, acredito que a documentação das nossas práticas, seja sobre o ensino e ou sobre a performance contribuem de forma significativa para o desenvolvimento da área de um modo geral, de maneira que as experiências documentadas nos oferece perspectivas diversas sobre um tema abordado. Ainda segundo Borém (2006, p. 45): “(...) No mundo da performance musical, grandes

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instrumentistas e cantores permanecem como uma memória inacessível as gerações posteriores que não tiveram a oportunidade de ouvi-los enquanto eram ativos como intérpretes e professores”.

Podemos observar assim a importância da pesquisa na área de performance musical, sobretudo no que diz respeito aos registros documentais da construção de uma performance, pois através dessa, elementos essenciais para o desenvolvimento do fazer musical, como conceber as dimensões entre a interpretação musical e a técnica do instrumentista, podem contribuir efetivamente para o desenvolvimento de uma performance mais consciente de diversas obras estudadas, bem como colaborar para o crescimento da produção de estudos acadêmicos no âmbito da performance musical.

Na construção de uma performance sólida e de excelência é indispensável refletirmos sobre a relação entre a técnica do instrumentista associada à compreensão musical de uma peça específica. Numa perspectiva empírica, são vários os direcionamentos que consideramos fundamentais nesse processo: a elaboração de um cronograma de estudos práticos e teóricos direcionados a cada obra; a análise histórica e estilística da peça estudada; o conhecimento e o domínio da técnica básica específica do instrumento musical utilizado; disciplina no contato regular com instrumento; identificar elementos técnicos utilizados pelo autor; encontrar possibilidades alternativas de interpretação musical com base em estratégias efetivas de prática instrumental. Entretanto, para direcionamentos mais sólidos, faz-se necessário um estudo significativo no âmbito da performance musical, buscando analisar e compreender os principais processos utilizados para construção musical de uma obra.

Complementando a realização desta pesquisa será abordado também o ensino de instrumento. A temática será estudada a partir de publicações que se relacionam mais diretamente com a performance, direcionamentos e processos de prática instrumental numa perspectiva pedagógica e estratégias de como desenvolver a performance da peça, alinhando assim a prática interpretativa com o ensino de instrumento na peça.

A transmissão do conhecimento musical é uma abordagem constante dos estudos concentrados na área de educação musical. Nessa direção ainda há muito a ser explorado nos estudos sobre o ensino de instrumento especificamente, no sentido de contribuir para uma metodologia de abordagem mais consistente, enriquecendo as reflexões acerca da performance e educação musical (FEITOSA, 2013). Para entender o cenário do ensino de instrumento hoje, no Brasil, assim como mais especificamente o ensino do trombone, instrumento musical ao qual será dedicada esta pesquisa, considerou-se importante abordar o

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ensino dos conservatórios, que contribuiu significativamente para a realidade vivida por instrumentistas, atualmente, no país.

Segundo Vieira (2004), o ensino de música se deu inicialmente por meio dos conservatórios no século XIX. O conservatório de Paris foi o primeiro a se estabelecer como instituição conservadora do conhecimento musical europeu, que serviu de modelo para o mundo ocidental. Dessa forma, a metodologia de ensino de conservatório veio a se estabelecer também no Brasil, utilizando-se do repertório europeu como referência, bem como o papel do professor e suas práticas metodológicas de ensino e eficácia na transmissão do conhecimento musical, baseavam-se no modelo de conservatório com ênfase na performance e separadamente da teoria musical (FEITOSA 2013)”. A partir desse comentário podemos observar que o professor de instrumento mantinha sempre o foco na performance com objetivo que o aluno alcançasse um alto nível performático no instrumento. Além disso, Vieira (2004, p. 143) acrescenta que “O aluno que, em geral, ingressou no curso almejando tocar e/ ou cantar, pouco preza o estudo das disciplinas que tratam da gramática e da literatura musical”. A rejeição abre ainda mais o abismo entre as aulas "teóricas" - que dariam suporte para decodificação necessária à execução musical - e as aulas práticas.

Contribuindo para a reflexão acerca das características atuais do professor de instrumento, Harder (2008), em seu estudo “Algumas considerações a respeito do ensino de instrumento: Trajetória e Realidade”, relaciona vários autores que comentam aspectos característicos da qualidade de um professor de instrumento bem sucedido, entre elas, a do professor que trabalha aspectos inerentes à expressividade interpretativa com a mesma importância dos aspectos técnicos, bem como o seu relacionamento com o aluno direcionando a uma possível carreira profissional. Entre outros aspectos considerados importantes para o professor de instrumento, podemos observar a motivação como sendo um dos elementos essenciais para a aprendizagem do aluno tendo em vista que esse aspecto pode ser fundamental no sentido de proporcionar que os alunos se envolvam com as atividades propostas para o seu desenvolvimento, e consequentemente as práticas se tornem mais efetivas. Nessa direção, Figueiredo (2014) acredita que o professor abarca um importante papel no sentido de fomentar, além do conhecimento técnico, a manutenção da motivação diária através de metodologias e estratégias de ensino empregadas em beneficio do aluno.

As reflexões propostas acima, objetivam analisar o cenário da performance e do ensino de instrumento numa perspectiva esclarecedora sobre as práticas aplicadas no âmbito da performance e do ensino. Diante do contexto apresentado, esse estudo tem o objetivo de contribuir para os processos de ensino e aprendizagem de obra brasileira composta

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especificamente para trombone no século XXI. Entendemos que este trabalho também será muito importante para a nossa formação específica, pois a partir das reflexões desenvolvidas nesta dissertação podemos ampliar os conhecimentos, especialmente sobre a construção da performance e do ensino do trombone, bem como em relação ao universo da música contemporânea brasileira escrita para o instrumento.

1.1 A prática instrumental e a pesquisa

Considerando os trabalhos analisados, categorizamos os estudos que têm se destacado no âmbito da prática instrumental: a relação entre a abordagem de questões técnicas e interpretativas; estratégias de organização de estudos diários e questões psicológicas relacionadas à performance. Nesse sentido, para abordar de maneira mais específica o tema, segue uma breve apresentação de alguns trabalhos que se destacaram na revisão de literatura realizada para esta dissertação.

Podemos destacar como os principais autores que têm se dedicado ao estudo de prática instrumental e que nortearam esta pesquisa os estudos de Ericsson, Krampe, & Tesch-Römer (1993); França (2000); SANTIAGO (2002); Nancy H. Barry e Susan Hallam (2002); Gerling (2005); Borém (2005); Borém (2006); Silva (2008); Santos e Hentschke (2009); Cerqueira (2009); Cavalcanti (2009); Kuehn (2012); e Paola Andrea Jeramillo García (2015). Considerando as principais linhas de estudos desenvolvidas no âmbito da performance destaco as mais diversas reflexões realizadas através de estudos da área que têm contribuído no sentido de fomentar um referencial teórico para esta pesquisa.

Cerqueira (2009) apresenta no trabalho “Proposta para um modelo de ensino e aprendizagem da performance musical”, alguns modelos de prática instrumental com o intuito de referenciar os planejamentos de preparação da performance musical. O autor tem como objetivo contribuir para a resolução de problemas relativos à prática instrumental e às estratégias de estudos adotadas, abordando diferentes níveis de intérprete. Esse trabalho contribui diretamente para esta pesquisa, visto que trata da prática instrumental em desenvolvimento, bem como aborda os planejamentos de construção da performance em intérpretes de vários níveis de compreensão musical.

Santos e Hentschke (2009) apresentam alguns direcionamentos relacionados à eficácia do processo introduzido ao ato de tocar, bem como a aplicação de tais procedimentos e estratégias no âmbito da prática instrumental. As autoras refletem sobre os planejamentos intencionais de instrumentistas que almejam obter um alto nível de excelência em seus

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recitais, concertos e apresentações. Entre alguns conceitos da prática intencional citados está a “prática deliberada”, que procura estabelecer tarefas bem definidas de foco de estudo que se firmam no comprometimento em realizar o que foi definido e a “prática de auto ensino”, que propõe a observação de tais planejamentos de estudo preestabelecidos e sua eficácia. E alinhando a essa perspectiva, relacionam vários autores e seus conceitos sobre a temática em questão.

Nancy H. Barry e Susan Hallam (2012) refletem sobre algumas estratégias para a obtenção de proficiência técnica; aprendizagem de novos repertórios; desenvolvimento da interpretação musical; memorização da música e preparação para a apresentação. Dentre as estratégias de prática instrumental, as autoras chamam a nossa atenção para a prática mais conhecida e utilizada por estudantes na elaboração de uma performance, a prática lenta, tida como perfeita, mas que pode não ser necessariamente tão eficaz, segundo as autoras.

García (2015) trata de questões relativas à prática instrumental e estratégias de estudo, especialmente o caminho que o instrumentista percorre para adquirir o controle dos elementos musicais contidos na Primeira Sonata-Fantasia, Désespérance, para Violino e Piano de Heitor Villa-Lobos. A autora divide a metodologia em duas etapas: a primeira, partindo do reconhecimento dos aspectos técnicos para a aprendizagem da Primeira Sonata-Fantasia, Désespérance e a segunda, desenvolvimento das estratégias de estudos utilizados para abordar e superar as dificuldades técnicas selecionadas na obra. García conclui com o levantamento de exercícios práticos desenvolvidos a partir de diferentes tipos de estratégias de estudo que facilitam a aprendizagem.

Essas pesquisas são importantes para o nosso trabalho, pois apresentam discussões referentes à qualidade na prática instrumental, temática a qual relacionamos diretamente com o objetivo da pesquisa.

1.2 Principais trabalhos da revisão de literatura: ensino de instrumento

Os trabalhos da área de ensino de instrumentos trazem discussões diversas a respeito do desenvolvimento da prática instrumental, pedagogia da performance, metodologia de ensino e livros didáticos já consolidados no âmbito acadêmico, como exemplo desses trabalhos: Harder (2008); Zerbinatti (2009); Cerqueira, D. L.; Zorzal, R. C.; Ávil, G. A. de. (2012); Burwell (2012); Feitosa (2013); Figueiredo (2014); e Ray (2015).

Destacando o que foi pesquisado na área de ensino de instrumento estão trabalhos como o de Harder (2008), que relaciona vários autores que comentam aspectos característicos

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da qualidade de um professor de instrumento bem sucedido, entre elas, a do professor que trabalha aspectos inerentes à expressividade interpretativa com a mesma importância dos aspectos técnicos, bem como o seu relacionamento com o aluno, direcionando a uma possível carreira profissional. Esse trabalho se relaciona com a esta pesquisa diretamente, pois a partir deste será possível discutir com mais efetividade aspectos sobre como transmitir de forma equivalente elementos como expressividade interpretativa e os aspectos técnicos.

O estudo de Zerbinatti (2009) apresenta reflexões acerca dos processos de aprendizagem e de ensino instrumental, a partir dos pontos de vista da psicologia da música e da educação. No trabalho são apresentadas explicações sobre os processos que estruturam o aprendizado musical, a aquisição de habilidades, o desenvolvimento da expressão, da comunicação e das habilidades metacognitivas envolvidas na prática instrumental. O estudo se mostra relevante para a pesquisa, pois trata especialmente do desenvolvimento da interpretação e do controle do instrumento, sendo assim possibilitando um diálogo significativo sobre a aprendizagem e o ensino no âmbito da performance.

Cerqueira, D. L.; Zorzal, R. C.; Ávil, G. A. de. (2012) apresentam elementos que referenciam a prática musical instrumental e o canto, baseando-se principalmente na Teoria da Aprendizagem Pianística de José Alberto Kaplan, enfatizando procedimentos de estudo, bem como aspectos históricos do ensino de instrumentos musicais e métodos para a educação musical, em diálogo com áreas afins à Performance Musical, entre elas a Psicologia Cognitiva, a Neurociência e a Educação Física. Tendo em vista que o trabalho citado estabelece um diálogo importante entre estratégias de estudo, aspectos históricos sobre o ensino de instrumentos, métodos e ainda a psicologia cognitiva, a neurociência e a educação física, buscamos neste trabalho alicerçar os processos de aprendizagem da performance e interface, especialmente os elementos que formam o instrumentista.

O artigo de Burwell (2012) explora o aprendizado como forma de entender a prática do ensino baseada em classe, começando com uma breve visão histórica e passando a examinar os pressupostos que estão por trás das referências ao termo na literatura da pesquisa. Esse estudo contribui de forma significativa, pois trata da aprendizagem da prática instrumental, área a qual dialoga com as perspectivas de ensino da performance para o nosso trabalho. O estudo de Ray (2015), traz reflexões amplas acerca do ensino da performance musical e, principalmente, defende alguns conceitos desse campo, bem como apresenta o perfil dos cursos de graduação e pós-graduação em performance no Brasil e no exterior, sobretudo dos docentes que atuam nessa área. Dessa forma, o presente estudo contribuirá

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enriquecendo a discussão acerca do ensino de instrumento e os conceitos que direcionam o aprendizado da performance musical e suas metodologias.

1.3 Principais trabalhos da revisão de literatura: trabalhos sobre o Trombone

Os trabalhos sobre o trombone problematizam várias questões inerentes à prática, ensino e ao repertório escrito especificamente para o instrumento. Nessa perspectiva, podemos observar trabalho como o de Oliveira (1998); Silva (2007); Oliveira (2010); Farias e Santos (2011); Lima (2013); Matos (2013); Silva (2013); Assis e Botelho (2015); Reis (2016); Botelho (2017); Santos (2004); Fonseca (2008); Nadai (2007); Silva (2010); Angelo e Cardoso (2011); Teixeira (2012); Silva (2012); Silva B (2012); Barros (2014); Silvestre e Oliveira (2015); Lima e Farias (2016); Leite (2016); Leite (2017); Mello e Souza (2017).

Assim como nas outras etapas, destacamos a seguir um resumo dos trabalhos que mais se alinham à técnica e à performance musical ao trombone que nortearam esta pesquisa. Podemos observar, dentro dessa perspectiva mencionada acima, trabalhos como o de Silva (2010), que aborda uma das obras mais significativas para trombone do século XIX e XX pelo desenvolvimento da escrita. O trabalho reflete aspectos como a história e a literatura do instrumento; o desenvolvimento da escrita para trombone nos Séculos XIX e XX; principais efeitos sonoros produzidos através da peça e principais trombonistas no desenvolvimento da Sequenza V. Esse trabalho se mostra relevante, pois trata de uma obra importante do repertório para trombone solo do século XIX e XX e especialmente traz reflexões acerca dos efeitos sonoros produzidos no trombone, algo pouco discutido em meio aos trabalhos acadêmicos.

Barros (2014) desenvolveu um estudo em torno da singularidade performativa do trombonista brasileiro Radegundis Feitosa Nunes (1962 – 2010), através da aplicação da Teoria da Intertextualidade. Entre os resultados verificou-se que houve uma relação intérprete compositor entre Radegundis e Kaplan, compositor sobre o qual Barros delimitou a sua pesquisa, pois diante da variedade de textos musicais utilizados por Kaplan, o autor pressupõe em sua análise que o trombonista constrói a sua performance com base em experiências, emoções, conhecimentos e informações diversas, resultado de um processo colaborativo. Esse trabalho se mostra relevante para esta pesquisa, pois explora aspectos importantes da produção musical relativa ao trombone no Brasil.

Os autores Silvestre e Oliveira (2015) apresentam um relato interpretativo do Concertino N.1 para Trombone e Orquestra de Cordas, de Fernando Deddos, realizado em

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Natal – RN, durante o III Encontro Regional de Trombonistas do Rio Grande do Norte pela Orquestra Sinfônica da UFRN e tendo como solista o intérprete José Milton Vieira, trombonista ao qual a obra foi dedicada. Embora os autores reflitam no trabalho sobre o processo de ensaios e dificuldades técnicas/interpretativas especificamente da parte da orquestra, o estudo se mostra relevante para esta pesquisa, pois além de tratar sobre o Concertino N.1, para Trombone e Orquestra de Cordas, de Fernando Deddos, nosso objeto de pesquisa, aborda também aspectos rítmicos, temáticos e estilísticos da obra, bem como soluções de execução desenvolvidas do primeiro ao último ensaio com relatos de alguns músicos participantes e do próprio solista.

Leite (2016) apresenta uma análise composicional e interpretativa de obras para trombone, algumas atuais e dedicadas ao próprio autor que apresenta reflexões sobre o processo interpretativo e soluções encontradas para o melhor desempenho que culminaram na performance do seu recital de conclusão de curso. Este trabalho dedica-se à construção da performance musical ao trombone de obras brasileiras pelo intérprete, trazendo as principais características das obras apresentadas, bem como os desafios e resoluções das principais dificuldades encontradas por parte do performer, portanto acreditamos que se alinha com esta pesquisa, visto que o trabalho também trata de questões as quais foram explicitadas acima.

Leite (2017) expõe as principais dificuldades encontradas por ele na interpretação de obra brasileira para trombone composta por Villani-Côrtes. Durante o aprendizado e a prática da obra, o autor discute aspectos como articulação, resistência, estilo, caráter da peça e por fim, expõe soluções aos obstáculos encontrados na execução da obra. Mais um autor trazendo a discussão sobre interpretação musical ao trombone, dificuldades técnicas, bem como aspectos estilísticos do repertório específico para o instrumento ao qual dedicamos esta pesquisa.

O estudo de Oliveira (2010) merece destaque, pois é um trabalho extremamente necessário para entendermos os métodos de ensino específicos para trombone utilizados hoje no âmbito dos cursos superiores do Brasil. O autor discute o ensino do trombone a partir dos materiais didáticos e as metodologias de ensino nos cursos superiores federais no país. Inicialmente, foi feita uma revisão de literatura sobre o ensino de música e práticas instrumentais dos séculos XVII ao XXI, com objetivo de abordar aspectos históricos e pedagógicos e verificar quais modificações o ensino de instrumentos musicais sofreu ao longo do tempo até chegar aos moldes em que é realizado na maioria das instituições nos dias de hoje.

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A partir dessa revisão foi possível identificar algumas das principais tendências que têm caracterizado a produção de conhecimento relacionada à prática instrumental, ao ensino de instrumento e ao desenvolvimento da performance musical no trombone. Considerando o contexto apresentado, pôde-se observar os temas que mais têm sido abordados e algumas lacunas que caracterizam esses campos de estudos.

1.4 A definição do tema estudado

Diante dos estudos apresentados, em particular sobre o trombone, é notório o desenvolvimento e o aumento no interesse pelo instrumento por parte dos compositores brasileiros, bem como, consequentemente, a ampliação de sua literatura a partir do século XX. Portanto, é fundamental problematizarmos esses repertórios e essas práticas de estudos diários com o intuito de contribuir para o desenvolvimento das práticas interpretativas no trombone, bem como para consolidar o repertório do instrumento e sua literatura.

Nesse sentido, pesquisar um assunto nesse âmbito pode estimular também maior interesse por parte dos intérpretes em analisar o que está sendo tocado e contribuir para as escolhas técnico-interpretativas aplicadas. Assim sendo, esta pesquisa se insere no universo de estudos acerca das práticas musicais a fim de promover reflexões inerentes aos conceitos que envolvem os processos que constituem a construção da performance musical no trombone, especialmente, buscamos compreender os processos de construção da performance musical da obra Concertino N.1, para Trombone e Orquestra de Cordas, de Fernando Deddos.

Fernando Deddos (1983) é eufonista e compositor, professor de Eufônio e Tuba na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), doutor em música pela State University of Georgia at Athens – UGA/Estados Unidos e tem contribuído consideravelmente para a área de instrumentos de metais através de suas composições premiadas internacionalmente em diversos concursos de composição e associações de Eufônio e Tuba. Portanto, aqui serão apresentadas reflexões acerca da prática instrumental alinhada ao ensino de instrumento com o objetivo de contribuir para os processos de ensino e aprendizagem para performance do repertório brasileiro escrito, especificamente, para trombone do século XXI através da obra citada.

Para a área da música em geral, a realização deste estudo é relevante, porque pouco tem se discutido no Brasil sobre a música contemporânea brasileira para trombone no âmbito acadêmico, tendo-se ai campo vago ainda por ser explorado. Nesse contexto, insere-se também o termo construção da performance musical no trombone, que tem sido pouco

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explorada no universo da pesquisa. Como mencionado anteriormente, desenvolver um trabalho nesse âmbito contribui para o crescimento do repertório escrito para o trombone e estimula intérpretes no sentido de superação dos seus próprios limites e possibilidades técnico-interpretativas desse tipo de repertório.

A partir da literatura estudada foi possível entender como os temas têm sido abordados, assim como compreender as bases teóricas que nortearam a pesquisa na busca por desenvolver um trabalho sólido e significativo. Portanto, considerando o contexto apresentado e a literatura relacionada às temáticas de prática instrumental, ensino de instrumento, assim como dos principais estudos no universo do trombone, trago a seguinte questão de pesquisa: quais as principais características técnico-interpretativas do Concertino N.1 para Trombone e Orquestra de Cordas, do compositor Fernando Deddos, e quais estratégias podem ser utilizadas para o ensino e a aprendizagem da obra?

Considerando a questão de pesquisa, o objetivo geral deste estudo de cunho qualitativo, é identificar as principais características técnico-interpretativas do Concertino N.1 do compositor Fernando Deddos e verificar possibilidades e estratégias para o ensino e a aprendizagem da obra. Os instrumentos de coleta de dados serão apresentados em seguida.

1.5 Pesquisa bibliográfica

Foram coletadas e analisadas publicações sobre as temáticas de prática instrumental, ensino de instrumento e sobre o trombone, bem como materiais em que, em um âmbito mais geral, estejam relacionados à construção da performance musical. Essa etapa será importante para entender como as temáticas têm sido abordadas no âmbito da pesquisa e identificar os principais direcionamentos que têm caracterizado esses campos de estudos.

1.6 Pesquisa em documentos

Realizou-se um levantamento dos materiais e documentos cedidos pelo compositor, que expõem os processos de composição da obra e elaboração dos textos musicais criados pelo autor, bem como o levantamento de publicações sobre o ensino do instrumento que se relacionam diretamente com as dificuldades técnico-interpretativas do Concertino N.1 para Trombone e Orquestra de Cordas do compositor Fernando Deddos, aspectos identificados a partir da análise da obra. Relacionaram-se também livros de estudo que ajudam no desenvolvimento da técnica necessária para superar os desafios presentes na composição.

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1.7 Entrevista semiestruturada

Foram elaboradas entrevistas com o compositor da obra, Fernando Deddos; o intérprete para quem a obra foi dedicada, José Milton Vieira, trombonistas da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA). As entrevistas foram realizadas em local pré-agendado e com autorização prévia de acordo com a disponibilidade dos participantes. Com o compositor busquei entender suas escolhas composicionais e os aspectos que considera principais em sua obra. Ao intérprete foram realizadas perguntas sobre sua percepção quanto às principais dificuldades do Concertino N.1; suas escolhas interpretativas e as principais estratégias utilizadas para preparar a obra. A partir dessas entrevistas foi possível entender os intertextos musicais utilizados pelo compositor Fernando Deddos, bem como os caminhos de prática instrumental escolhidos pelo intérprete José Milton Vieira. Seguem os instrumentos de organização e análise dos dados.

1.8 Constituição do referencial teórico

A partir das publicações científicas disponibilizadas em anais de eventos, periódicos, teses e dissertações e publicações em geral, relacionados à temática de prática instrumental e de ensino de instrumento, bem como a construção da performance musical no trombone apresentadas foram definidos os conceitos que nortearam esta pesquisa e o referêncial teórico que fundamentou o desenvolvimento das análises e as reflexões acerca do objeto de estudo desta pesquisa.

1.9 Análise dos documentos

A partir da pesquisa em documentos, foram identificados procedimentos e influências composicionais, além de livros de estudos que se relacionam diretamente com as dificuldades técnico-interpretativas observadas na obra estudada. A partir da literatura, esse material foi relacionado às perspectivas apresentadas pelo compositor e pelos intérpretes da obra. Nesse sentido, foram apresentadas reflexões sobre as principais estratégias de prática instrumental e perspectivas pedagógicas para o ensino e a construção da performance da obra.

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1.10 Transcrição das entrevistas

Retrataram-se as principais escolhas composicionais de Fernando Deddos na criação da obra e as principais escolhas técnico-interpretativas e estratégias utilizadas por José Milton Vieira no aprendizado da obra. Foram apresentadas durante a dissertação as principais falas retiradas das entrevistas com os intérpretes e com o compositor do Concertino N.1 para Trombone e Orquestra de Cordas.

1.11 Análises dos depoimentos

Destacaram, a partir das falas, concepções apontadas pelo compositor e por intérpretes entrevistados, relacionando os principais aspectos apontados por ambos nos processos de composição e construção da performance da obra. Dessa forma, foram relacionadas essas informações com a literatura mais geral da área de prática instrumental, ensino de instrumento, e sobre o trombone. Nesse sentido, estabelecemos um diálogo entre as falas dos profissionais estudados e o referencial teórico apresentado, contribuindo para a contextualização dos processos que resultaram na composição e na interpretação do Concertino N.1.

A respeito do trombone, instrumento musical para o qual dedico esta pesquisa, foi possível observar também, através dos estudos apresentados, o desenvolvimento do repertório específico para o instrumento; a sua técnica básica e peculiar sendo explorada pelos compositores através dos desafios atribuídos no repertório contemporâneo; o crescimento do repertório; bem como a ascensão de trabalhos acadêmicos refletindo sobre o universo do trombone. E sobre o ensino de instrumento, os principais autores e seus estudos refletem a forma de transmissão do conhecimento musical; a didática e métodos de ensino utilizados; as práticas e transformações do ensino ao longo da história, bem como o ambiente e a relação professor-aluno em função do ensino/aprendizagem para o desenvolvimento e construção da performance musical.

Considerando as bases metodológicas citadas, buscou-se alcançar os objetivos propostos. A partir da pesquisa e com base nas informações obtidas definimos os direcionamentos desta dissertação que engloba a prática instrumental, o ensino de instrumento e a construção da performance musical no trombone sobre o repertório brasileiro escrito especificamente para o instrumento. Nesse sentido, a estrutura deste trabalho se divide em quatro capítulos, pois assim foi possível discutir, de forma separada, mas integrada ao tema

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central, as experiências, informações, conclusões e reflexões construídas a partir da pesquisa realizada.

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2 CONCEITOS E PERSPECTIVAS PARA A PRÁTICA E O ENSINO DO TROMBONE

Diante da diversidade de procedimentos que constituem a elaboração de uma performance musical no instrumento, especialmente os aspectos que contribuem para a construção da performance musical ao trombone, apresentamos neste capítulo os conceitos fundamentais para a discussão das temáticas de prática instrumental, do ensino de instrumento e da técnica de execução do trombone. Considerando os trabalhos analisados sobre a prática instrumental, os principais autores pesquisados, e a relação direta com a construção desta pesquisa, buscou-se avaliar e compreender os principais conceitos, além de questões como: a relação entre a abordagem técnica e interpretativa na prática instrumental, as estratégias de organização de estudo diário e questões psicológicas relacionadas à performance.

Portanto, trago a seguir os conceitos básicos que orientam a fundamentação teórica desta pesquisa. Nessa direção, reflexões acerca dos aspectos relacionados à construção da performance musical no trombone são tratados categoricamente em razão de um desenvolvimento efetivo da interpretação musical e discutidos através deste estudo. Considerando a literatura pesquisada, trago aspectos que contemplam o desenvolvimento da prática instrumental e estratégias de estudo; metodologia e as principais características do ensino de instrumento; bem como um breve histórico do instrumento e sua técnica básica.

2.1 O trombone

O trombone é um instrumento musical de sopro pertencente à família dos metais. O instrumento foi construído com sistema de tubos corrediços que possibilitou uma tessitura mais grave, bem como maior gama de notas cromáticas, o que deu origem mais tarde à nomenclatura popular “Trombone de vara”. Existem relatos de sua origem a partir do século XVI. Era usado especialmente nas cortes e igrejas medievais para o acompanhamento de corais sacros e em várias formações camerísticas da época, peça indispensável para compositores como Giovanni Gabrieli. Devido a sua sonoridade peculiar, o trombone está inserido hoje em diversos agrupamentos musicais tais como bandas militares, filarmônicas, orquestras sinfônicas, big bands, bem como em vários gêneros musicais, indo do jazz até o frevo (Fonseca, 2008; Silva, 2012).

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Segundo BARROS (2014), o trombone é um instrumento rico no que diz respeito a sua vasta gama de possibilidades de efeitos sonoros, o que estimula o interesse dos compositores a compor para o instrumento. Tal interesse se deu especialmente a partir do século XX e até hoje o instrumento é visto em diversas formações como um instrumento solista. Nessa direção o repertório contemporâneo para trombone vem crescendo de modo significativo e a procura dos intérpretes por novos desafios e possibilidades técnicas têm motivado os compositores, gerando o interesse pelo instrumento e em muitos casos, até, promovendo a relação criativa entre o compositor e o intérprete.

Dentre os diversos compositores, podemos citar José Ursicino da Silva (Duda) que compôs uma série de obras dentre as quais podemos destacar as Duas Danças entre 1983 e 1984, divididas em dois movimentos intitulados “Gisele e Marquinhos no Frevo”, dedicadas ao trombonista Radegundis Feitosa; Claudio Santoro com a Fantasia Sul America – 1983 para trombone solo utilizando elementos do instrumento como glissandos naturais e cromáticos; Osvaldo Lacerda compôs o Andante para trombone e piano, composta em 1987, em que compositor utiliza o cromatismo para criar uma atmosfera densa e seleciona pequenos motivos alternando perguntas e respostas entre o trombone e o piano; o carioca Jorge Antunes, com a obra Inutilenfa - 1988, explora algumas possibilidades de efeitos sonoro produzidos pelo trombone dentre os quais frulatos, glissandos além de várias acentuações e efeitos acústicos diversos; Gilberto Gagliardi com a Valsa Brasileira (este costumava não datar as suas obras), constrói um estilo semelhante ao das valsas da virada do século XX, totalmente tonal, cuja apresentação se dá em três partes (A-B-A); Jose Alberto Kapplan com as Três Peças para trombone e piano intituladas Humoresca, Noturno, e Tarantela, também dedicadas ao trombonista Radegundis Feitosa; Rodrigo Lima com Paisagem Sonora nº1 - 2001, na qual o compositor se vale da escala de tons inteiros, às vezes substituída por escalas de maior força tonal criando um contraste de cor dentro da peça (SANTOS, 2004).

Observamos, numa perspectiva cronológica, o trombone em destaque na música brasileira dos séculos XX e XXI através de alguns compositores consagrados que contribuíram e contribuem para o crescimento da literatura do instrumento, contemplando a evolução do repertório para trombone.

Paralelamente a evolução do repertório, o ensino do trombone vem sendo desenvolvido com o intuito de padronizar a técnica dos instrumentistas em busca de uma maior uniformidade sonora dentro das formações camerísticas a partir da segunda metade do século XX (SANTOS, 2004). Um dos mais renomados pedagogos do trombone no Brasil foi o trombonista, professor e compositor Gilberto Gagliardi. Gagliardi ficou conhecido pela sua

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forte contribuição para formação dos trombonistas brasileiros através da criação de importantes livros de estudo para trombone, bem como por sua vasta produção composicional específica para grupo de trombones e peça solo. O seu método mais utilizado pelos professores de trombone em universidades brasileiras é o Método de Trombone para Iniciante lançado pela editora Ricordi Brasileira S/A (CARDOSO, 2007).

Considerando os métodos e diversos ambientes de ensino e aprendizagem do trombone, vale a pena ressaltar o universo da Banda de Música, pois esta exerce um papel importante no que diz respeito ao desenvolvimento do ensino dos instrumentos de sopro especialmente no Brasil, e nesse contexto podemos notar a sua contribuição para a propagação do ensino do trombone, popularizando o instrumento em suas apresentações musicais em eventos diversos. Contudo, as bandas são consideradas importantes centros de formação musical dos trombonistas, pois o ensino acontece de forma prática, buscando assim resolver as dificuldades técnicas através do repertório, transcendendo o conhecimento teórico aprofundado (SANTOS, 2004).

Muitos professores de trombone desenvolvem a prática coletiva através dos grupos de câmara, em que os alunos compartilham o conhecimento sobre o instrumento tornando assim o aprendizado mais significativo. Assim como afirma Santos:

Há outros tipos de formações camerísticas que têm papel importante na formação musical dos trombonistas: o “Coral de Trombones” é um exemplo significativo. Em conjuntos de câmara, do tipo Coral de Trombones, o repertório é específico para o instrumento. Muitas vezes o repertório é originalmente composto para esse tipo de conjunto, outras vezes são adaptações de trechos orquestrais e demais gêneros musicais (SANTOS, 2004, s/p).

Considerando esse contexto, observamos que o desenvolvimento técnico instrumental dos alunos de trombone vem crescendo a partir de métodos específicos de ensino do instrumento, bem como diversas práticas de aprendizagem a exemplo da prática coletiva como sendo um dos mais utilizados por diversos professores em universidades no Brasil e no exterior.

2.2 A construção da performance musical: a prática instrumental

Na construção de uma performance musical, diversos procedimentos são utilizados em função da criação interpretativa de uma obra, especialmente os planejamentos de prática instrumental são utilizados pelos instrumentistas para o desenvolvimento de sua performance

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musical. E nesse sentido, a literatura pesquisada mostrou que as estratégias de prática instrumental e sua eficácia para o amadurecimento técnico interpretativo, são temas recorrentes em estudos científicos realizados na área de performance.

Considerando os conceitos de prática instrumental, Santos e Hentschke (2009, p. 72-73) afirmam: “Para estudantes, professores e instrumentistas profissionais, as situações de prática constituem uma atividade fundamental no dia-a-dia, compreendendo a utilização de uma série de procedimentos aprendidos ou criados em dependência das necessidades pessoais”. As autoras colocam ainda que os procedimentos de preparação técnica do músico são o modo como ele percebe e age com base em normas e convenções, fundamentadas por uma determinada tradição cultural. Para Barry e Hallam (2012, p. 151) a Prática é estabelecida quando há necessidade dos músicos em adquirir habilidades motoras, aprendizagem de novos repertórios, desenvolvimento da interpretação musical, memorização da música, e preparação para apresentação. Nessa direção, podemos entender que a prática instrumental consiste no desenvolvimento sistemático de atividades diárias planejadas com objetivo de desenvolver habilidades técnico interpretativas direcionadas ao amadurecimento da performance musical.

Portanto, considerando os conceitos apresentados, observa-se que a prática instrumental é uma atividade essencial para o músico, tornando-se necessária para criação de hábitos intencionais que direcionem de forma específica para superação de dificuldades técnico-interpretativas.

Diante desse contexto, os autores Ericsson, Krampe e Tesch-Römer (1993) e Santos e Hentschke (2009), entendem como conceito de prática instrumental deliberada, ou seja, intencional, atividades planejadas com objetivo de melhorar certo nível de performance; especialmente quando a prática é conduzida de forma racional e calculada das ações, resultando em procedimentos conscientes. Cavalcanti acrescenta que:

O ato de praticar ou aprender através de experiências sistemáticas é compreendido como um requisito essencial para aquisição de habilidades em diversos domínios. Na musica, representa um ritual inevitável incutido na rotina diária daqueles que se envolvem com o estudo do instrumento musical (CAVALCANTI, 2009, p. 15).

Dessa forma, identificamos a prática instrumental como sendo um processo necessário para o desenvolvimento da habilidade técnica que influencia diretamente no resultado da interpretação musical, contribuindo para a construção da performance. Portanto, os planejamentos de prática instrumental estabelecidos por estudantes, professores e

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instrumentistas profissionais, definem aspectos importantes para o desenvolvimento de habilidades técnico-interpretativas que viabilizam o aprendizado da obra, bem como a sua interpretação. E, nessa direção, podemos observar que a prática instrumental necessita de estratégias de atividades musicais eficazes que conduzam o instrumentista a desenvolver o máximo de sua capacidade técnico-interpretativa.

No entanto, sabendo que a prática é necessária, como estudantes, professores e instrumentistas profissionais podem adotar estratégias e planejamentos de prática instrumental eficaz? Nessa direção, alguns pesquisadores apontam que a prática instrumental transcende o acúmulo de horas e horas de exercícios repetitivos. A prática instrumental requer disciplina, motivação e desenvolvimento de estratégias e habilidades cognitivas (BARRY E HALLAM, 2012; CAVALCANTI, 2009). Vejamos a seguir os principais conceitos aplicados sobre as estratégias de estudo que podem nos ajudar a estabelecer melhores e mais eficazes planejamentos de prática instrumental.

2.2.1 O desenvolvimento de estratégias de estudos diários

Nos dias de hoje, ao reportarmos a nossa trajetória musical, a nossa memória como instrumentista, deparamo-nos frequentemente com a mesma dúvida, especialmente sobre como se preparar para compreensão de uma obra; como resolver as principais dificuldades encontradas; quais estratégias irão funcionar; como devo aplicá-las e por fim, será que tudo está contribuindo de forma efetiva para o meu desenvolvimento técnico-interpretativo? Como desenvolver formas de estudos adequadas ao repertório e particularidades do instrumentista? Pois bem, diante desse contexto, para conduzir e organizar o seu desenvolvimento técnico, estudantes, professores e instrumentistas profissionais recorrem as estratégias de estudo diário. Nesse sentido, pautamos algumas reflexões acerca das atividades que constituem os processos de construção da performance musical, mais precisamente trazemos algumas das principais definições sobre as estratégias de prática instrumental. Para Santos e Hentschke (2009):

A prática instrumental formal envolve muitos procedimentos convencionais sistematizados pela tradição de ensino e aprendizagem instrumental. Em geral, esses procedimentos aprendidos têm finalidade de desenvolver e manter programas motores, leitura musical, consciência cenestésica e aural, entre outros aspectos. Para ler e avançar qualitativamente uma obra em preparação é preciso ter um repertório pessoal de procedimentos aprendidos e/ou criados, ou seja, é preciso criar uma coleção de estratégias pessoais (SANTOS E HENTSCHKE, 2009, p. 78).

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Do ponto de vista de Garcia (2015, p. 14), “As estratégias de aprendizagem consistem em um grupo de atividades, técnicas e meios planejados de acordo com as necessidades do estudante de alcançar seus objetivos, de maneira que seu processo de aprendizagem seja eficaz”. Identificamos através dos conceitos apresentados a importância dos procedimentos de prática instrumental para o desenvolvimento de habilidades técnico interpretativas, bem como sobre os inúmeros aspectos que são atribuídos ao uso das estratégias de prática instrumental pelos instrumentistas.

2.2.2 A Otimização do estudo diário

Ao nos depararmos com a necessidade da prática instrumental, logo passamos a refletir sobre o programa e ou a rotina de estudos diários que nos ajuda a desenvolver uma prática instrumental efetiva. Essa rotina diária pode nos levar à construção de uma trajetória musical de sucesso; a estabelecer o domínio pleno de nossas capacidades técnico interpretativas e a alcançar um alto nível de performance musical. Nesse sentido, alguns pesquisadores argumentam que a realização de um programa de desenvolvimento e, consequentemente, o tempo acumulado de prática pode prever diretamente o desenvolvimento de habilidades (ERICSSON, KRAMPE, & TESCH-RÖMER, 1993, p. 365).

Sob essa perspectiva, as autoras Barry e Hallam (2012) sugerem que as sessões relativamente curtas de prática instrumental geralmente são mais eficazes do que sessões ininterruptas de prática. E que isso varia de acordo com o nível do músico. Mesmo os músicos mais experientes estão sujeitos à fadiga física e mental durante a prática e são aconselhados a distribuir a prática ao longo do tempo. Considerando o contexto, as sessões de prática instrumental devem vir acompanhadas de um momento de descanso. Períodos de descanso de 30 a 40 minutos, variando entre descanso e prática. Dessa forma, podemos prevenir algumas patologias, como a distonia focal, tendinite e outras doenças causadas pelo esforço repetitivo sem o devido descanso muscular; por outro lado, as sessões relativamente curtas podem contribuir para reflexões e análises acerca das atividades realizadas.

Sobre esse aspecto Cavalcanti (2009, p. 12) comenta que “O esforço físico, mental e emocional necessário para sustentar um longo período de estudo, quando o progresso não é sempre aparente, somado ao estudo repetitivo do repertório, que pode levar semanas e até meses, requer resistência e persistência por parte do instrumentista”. Dessa forma, estabelecer metas para o alcance dos objetivos é fundamental visto a necessidade de conduzir uma rotina

Referências

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