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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ ESCOLA DE BELAS ARTES CURSO DE JORNALISMO

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CURSO DE JORNALISMO

UNIVERSITAT CENTRAL DE CATALUNYA FACULTAT D’EMPRESA I COMUNICACIÓ

GRAU EM PERIODISME

IZABELLY LIRA GONÇALVES DA SILVA

WEBJORNALISMO AUDIOVISUAL E COMUNIDADE SURDA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE TV INES E WEBVISUAL

CURITIBA 2020

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IZABELLY LIRA GONÇALVES DA SILVA

WEBJORNALISMO AUDIOVISUAL E COMUNIDADE SURDA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE TV INES E WEBVISUAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Jornalismo.

Orientadores: Profa. Dra. Suyanne Tolentino de Souza e Prof. Dr. Jordi Serrat Manen

CURITIBA 2020

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IZABELLY LIRA GONÇALVES DA SILVA

WEBJORNALISMO AUDIOVISUAL E COMUNIDADE SURDA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE TV INES E WEBVISUAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Jornalismo.

COMISSÃO EXIMINADORA

Professora Doutora Suyanne Tolentino de Souza Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Professora Mestre Luana de Assis Navarro Pontifícia Universidade Católica do Paraná

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Às quatro pessoas mais importantes da minha vida. Arliet, Amarildo, João Pedro e Tereza, vocês são donos

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AGRADECIMENTOS

A minha mãe, que sempre fez de tudo por mim e pela minha educação. A realização deste trabalho, assim como toda minha caminhada acadêmica, não seria possível sem o suporte sólido e amor incondicional que ela me proporciona. Ao meu pai, que sempre me incentiva a seguir meus sonhos e está ao meu lado, mesmo que distante. Minha caminhada acadêmica só se tornou possível porque ele acreditou em mim.

Ao meu irmão, que me alegrou e me acalmou durante a realização deste trabalho. Ele é minha pessoa preferida no mundo, e eu não poderia ser mais grata pelas tiradas engraçadas dele e comentários inteligentes que ele faz. A minha vó, que é responsável pelo meu primeiro bom dia e meu último boa noite. Poucas coisas no mundo me deixam tão orgulhosas quanto ser neta da Dona Tereza. Aos olhos dela, eu sou a melhor jornalista do mundo e, para mim, isso já basta.

A minha melhor amiga, Yasmin Barsch. Ela acompanhou cada passo da realização deste trabalho, e eu tenho a honra e o prazer de dividir as dores e as delícias da vida com ela. Estamos juntas, desde sempre e para sempre.

Aos meus amigos Amanda Peddinghaus, Chiara Swaton, Eduarda Oliveira, Flavia Mota, Gabriela Gonçalves, Julia Magalhães, Maria Clara Braga, Marçal Dequêch, Pedro Voigt, Stephanie Abdalla e Rodrigo Sigmura. De um jeito ou de outro, vocês fizeram parte da minha caminhada e da realização deste projeto. Vocês têm meu coração. Aos colegas de classe, pela parceria nesta caminhada.

Aos orientadores deste trabalho, profa. Suyanne e prof. Jordi, e a todos os demais professores do curso de Jornalismo da PUCPR e da UVic. Vocês me inspiram. Serei eternamente grata por tudo o que aprendi com vocês.

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RESUMO

O Webjornalismo nasceu a partir da digitalização dos meios de comunicação. Um dos braços do jornalismo online é o Webjornalismo audiovisual, que consiste na apresentação de conteúdos em vídeo na Internet. Dentro do Jornalismo, o conteúdo em vídeo é o que garante o acesso à informação da comunidade surda, por conta da possibilidade de narração das informações na Língua de Sinais. Sendo assim, a presente pesquisa questiona como se dá a construção narrativa dos conteúdos jornalísticos produzidos para Internet destinados para a comunidade surda. A partir desta problemática, objetivou-se, de modo geral, analisar as diferenças e similaridades entre duas WebTVs que produzem conteúdo jornalístico para a comunidade surda, a TV INES, brasileira, e a WebVisual, espanhola. De modo específico, objetivou-se estudar os aspectos técnicos de cada uma das televisões e compará-los; e compreender quais as peculiaridades do Jornalismo destinado à comunicação surda. Para responder a questão problema e atingir os objetivos, foi-se adotada a metodologia de análise qualitativa comparativa. A partir do referencial teórico do trabalho, que aborda o Webjornalismo, o Webjornalismo Audiovisual e a comunidade surda, foram criadas três categorias de análise. Após a análise, conclui-se que ambas as WebTVs são devidamente organizadas a partir dos conceitos propostos, porém falham no que diz respeito à interatividade.

Palavras chave: Webjornalismo. Webjornalismo Audiovisual. Comunidade surda.

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ABSTRACT

Webjournalism was born when media outlets started to become digital. One of its branches is called Audiovisual Webjournalism, which consists on the presentation of video content on the Internet. Within Journalism, video content is the one that guarantees deaf community’s access to information, because of the possibility of narrating information in Sign Language. Thus, the present research questions how it is build the narrative of journalistic content produced for the Internet and destined for the deaf community. Given this problematic, the general objective was to analyse the differences and similarities between two WebTVs that produce content for the deaf community, the brazilian TV INES, and the spanish WebVisual. The two specific objectives were to study the technical aspects of both WebTVs and compare them; and comprehend the peculiarities of the Journalism destinated to the deaf community. To answer the posed researh question and reach the goals of the study, the method apoted was qualitative comparative analysis. Given the literature review of the research, that approaches Webjournalism, Audiovisual Journalism and the deaf community, it were built three categories of analysis. After the analysis, it was concluded that both WebTVs are properly organized given the concepts approached, despite failing when it comes to interactivity, one of Webjournalism’s main concepts.

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RESUMEN

El Webperiodismo nació de la digitalización de los medios. Una de las ramas del periodismo en línea es el periodismo Webperiodismo audiovisual, que consiste en presentar contenido de video en Internet. Dentro del periodismo, el contenido de video es lo que garantiza el acceso a la información para la comunidad sorda, debido a la posibilidad de narrar información en Lengua de Señas. Así, la presente investigación cuestiona cómo se produce la construcción narrativa del contenido periodístico producido para Internet destinado a la comunidad sorda. Dada esta problematica, el objetivo fue, en general, analizar las diferencias y similitudes entre dos WebTV que producen contenido periodístico para la comunidad sorda, TV INES, brasileña, y WebVisual, española. Específicamente, los objetivos eran estudiar los aspectos técnicos de cada televisor y compararlos; y entender las peculiaridades del periodismo para la comunicación sorda. Para responder a la pregunta problema y lograr los objetivos, se adoptó una metodología de análisis cualitativo comparativo. Desde el marco teórico del trabajo, que aborda el Webperiodismo, el Webperiodismo audiovisual y la comunidad sorda, se crearon tres categorías de análisis. Después del análisis, se concluye que ambos WebTV están organizados adecuadamente en función de los conceptos propuestos, pero fallan en a la interactividad.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Modelo de Carole Rich. ... 16

Quadro-resumo 1 - Elementos da mensagem multimídia de acordo com Salaverría (2014) ... 20

Figura 2 - Modelo de João Canavilhas ... 22

Quadro-resumo 2 - Fases do Webjornalismo Audiovisual de acordo com Nogueira (2005) ... 33

Figura 3 - Estruturas Narrativas Básicas do Webjornalismo Audiovisual. ... 35

Quadro-resumo 3 - Formas de circulação das notícias no Webjornalismo Audiovisual segundo Nogueira (2005) ... 37

Figura 4 - Quadro de Configuração de Mãos ...47

Figura 5 - Alfabeto básico da Língua de Sinais Catalã ... 48

Figura 6 - Alfabeto de grafismos especiais da Língua de Sinais Catalã ... 49

Quadro 1: Análise da utilização das mensagens multimídia de acordo com Salaverría (2014) ... 60

Quadro 2: Análise da utilização das mensagens multimídia de acordo com Salaverría (2014) ... 61

Quadro 3: Análise da utilização das mensagens multimídia de acordo com Salaverría (2014) ... 62

Quadro 4: Análise da utilização das mensagens multimídia de acordo com Salaverría (2014) ... 63

Quadro 5: Análise da organização das WebTVs. ... 65

Quadro 6: Análise das normas de apresentação do conteúdo para a comunidade surda ... 67

Quadro 7: Análise das normas de apresentação do conteúdo para a comunidade surda ... 68

Quadro 8: Análise das normas de apresentação do conteúdo para a comunidade surda ... 68

Quadro 9: Análise das normas de apresentação do conteúdo para a comunidade surda ... 68

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 10

2 WEBJORNALISMO ... 13

2.1 Arquitetura da notícia no Webjornalismo ... 15

2.2 Consumo de informações no Webjornalismo ... 21

2.3 Ética e Webjornalismo ... 25

3 WEBJORNALISMO AUDIOVISUAL ... 29

3.1 Fases do Webjornalismo Audiovisual ... 30

3.2 Narrativas básicas e circulação da notícia... 34

3.3 WebTVs ... 37

4 COMUNIDADE SURDA: LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO ... 42

4.1 Língua Brasileira de Sinais ... 45

4.2 Língua de Sinais Catalã ... 47

4.3 Comunidade surda e Jornalismo ... 49

5 METODOLOGIA DE PESQUISA ... 53

5.1 Categorias de análise ... 54

5.2 Objetos de estudo ... 57

5.3 Amostragem ... 58

6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 60

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 70

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1 INTRODUÇÃO

O Webjornalismo é uma atividade que nasce no ciberespaço. Quando a internet se tornou pública e as pessoas começaram a viver parte de suas vidas no meio digital, o Jornalismo sentiu a necessidade de se posicionar na Internet e informar a população de maneira digital. Essa maneira de informar, tempos depois, ficou conhecida como Webjornalismo.

Desde seu nascimento, o Webjornalismo passou por diversas mudanças, e é seguro dizer que ainda está em transformação. Talvez a maior mudança do mundo do Jornalismo online tenha sido o processo de quebra das barreiras entre veículos de rádio, televisão e jornal impresso. Na Internet, os produtos desses meios, ou seja, áudio, vídeo e texto, na maioria das vezes estão unidos na construção de um único produto jornalístico.

No meio dessa quebra de barreiras, encontra-se o Webjornalismo Audiovisual. Esse conceito corresponde à construção de notícias em vídeo para a Internet. Essas notícias são geralmente acompanhadas de outros elementos jornalísticos, como textos, fotos e áudios, quando veiculadas, seguindo os preceitos do Webjornalismo.

O Webjornalismo e o Webjornalismo Audiovisual são, respectivamente, o tema e o assunto desta pesquisa. Portanto, o trabalho está inserido na linha de pesquisa “Cultura e ambientes midiáticos”, por estudar a produção de conteúdo para os meios citados e apresentar como tema de interesse a convergência dos meios. Aprofundaremos o estudo de Webjornalismo e Webjornalismo Audiovisual nas seções um e dois deste trabalho.

A presente pesquisa tem como objeto de estudo duas WebTVs. A primeira é denominada TV INES e tem sede no Rio de Janeiro. A segunda se chama WebVisual, e está localizada em Barcelona, na Espanha. Essas WebTVs foram escolhidas como objeto de estudo pois ambas as WebTVs seguem o conceito “de surdos para surdos”, ou seja, os materiais jornalísticos são produzidos por profissionais surdos e destinados à comunidade surda.

Nesta pesquisa, a comunidade surda será entendida de acordo com Duarte (2013):

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na comunidade, estão inseridos os surdos e os ouvintes que partilham a causa surda, seja por laços de consanguinidade, profissionais ou de amizade, mas que, portanto, não são culturalmente surdos (DUARTE, 2013, p. 1728)

O Brasil apresenta cerca de 10 milhões de pessoas surdas, segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na Espanha, segundo o estudo IDADE 2008 do Instituto Nacional de Estatística (INE), existem pouco mais de um milhão de pessoas surdas. A partir desses dados, encontra-se a importância e a justificativa para a realização desta pesquisa, visto que existe uma comunidade extensa que pode ter acesso ao conteúdo audiovisual produzido pelas duas WebTVs. A necessidade da análise dessas emissoras se faz relevante também pois não existe uma vasta produção que trata sobre a comunicação jornalística da comunidade surda, especialmente dentro do Webjornalismo.

A partir desta justificativa, esta pesquisa pretende responder a seguinte questão-problema: como se dá a construção narrativa dos conteúdos jornalísticos produzidos para Internet destinados para a comunidade surda?

O objetivo geral da pesquisa é analisar as diferenças e similaridades entre a TV Ines e a WebVisual, quanto ao conteúdo jornalístico para surdos e a forma como estes são produzidos em cada uma das emissoras. Os objetivos específicos são: 1) estudar os aspectos técnicos de cada uma das televisões e compará-los. E 2) compreender quais as peculiaridades do Jornalismo destinado à comunicação surda.

A metodologia utilizada nesta pesquisa é a qualitativa, com a aplicação da análise comparativa. Essa análise pretende constatar as diferenças e similaridades entre as duas WebTVs. As categorias de análise serão desenvolvidas a partir das características do Webjornalismo, Webjornalismo Audiovisual e da comunicação da comunidade surda.

O referencial teórico baseado em João Canavilhas (2014), Ramón Salaverría (2014), Luciana Mielniczuk (2003), Leila Nogueira (2005), Ribeiro e Biernaski (2017) e Dias (2011).

A primeira seção do trabalho abrange os conceitos principais do Webjornalismo. A construção da notícia para o Jornalismo digital, o consumo de

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informações no Webjornalismo e a relação entre ética e o Jornalismo online são os assuntos contemplados nesta seção.

A segunda seção é dedicada ao Webjornalismo Audiovisual. Nela, são abordados as fases do Webjornalismo Audivisual e as narrativas básicas e formas de circulação da notícia neste meio. A WebTV, que corresponde a uma das formas de circulação, é explicada com mais profundidade, pois tem relação com os objetos de estudo.

Na terceira seção, o foco é a linguagem e comunicação da comunidade surda. A Língua Brasileira de Sinais, a Língua de Sinais Catalã e a relação entre a comunidade surda e o Jornalismo são os assuntos abordados nesta seção.

A quarta seção explica detalhadamente a metodologia utilizada nesta pesquisa, a quinta apresenta a análise e a discussão dos resultados, e a sexta aponta as considerações finais. Por fim, encontram-se as referências bibliográficas.

Esta pesquisa foi realizada seguindo as diretrizes do edital de dupla diplomação em Jornalismo entre a Universitat de Vic, na Espanha, e a Pontifícia Universidade Católica do Paraná, no Brasil, por conta do intercâmbio realizado pela autora em 2019.

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2 WEBJORNALISMO

A Internet, considerada nesta pesquisa também como Web, surgiu nos anos 1960 nos Estados Unidos, com o objetivo de ser uma plataforma de busca de informações utilizada pelo governo. Mais tarde, começou a ser disponibilizada para o público. Só a partir da segunda metade dos anos 1980, o público que tinha acesso aos serviços de Internet passou a se conectar na Web. Essa conexão entre a população foi a base do crescimento da Internet, e foi a partir dela que nasceu o ciberespaço.

A Internet é o ciberespaço, de acordo com Allan (apud ELMER-DEWITT, 2006). O termo ciberespaço foi empregado pela primeira vez por William Gibson em 1984, na obra de ficção Neuromancer, e pode ser definido como espaço hipotético ou imaginário no qual se encontram imersos aqueles que pertencem ao mundo da eletrônica, da informática (MIELNICZUK, 2003).

Em 1995, Elmer-Dewitt apontou o nascimento do ciberespaço e relacionou este fato com Jornalismo, dizendo:

tudo isso está sendo incansavelmente reportado pela imprensa, que encontrou no ciberespaço uma palavra com todos os propósitos de burburinho que consegue dar brilho para qualquer desenvolvimento monótono. Alguns dos repórteres já descobriram o prazer de trabalhar online e todos eles tomaram ‘ciber’ como prefixo do dia. [... A pressa para ficar online, para não ser ‘deixado para trás’ na era da informação da revolução, é intensa. Aqueles que encontram preenchimento no ciberespaço muitas vezes têm o fervor religioso dos recém convertidos (Allan apud Elmer-Dewitt, 2006, p. 14)

Essa relação entre o ciberespaço e o Jornalismo permitiu a criação do Ciberjornalismo. O termo faz referência ao Jornalismo realizado com o auxílio de possibilidades tecnológicas oferecidas pela cibernética ou então, remete ao jornalismo praticado no – ou com o auxílio do – ciberespaço. A utilização do computador, para gerenciar um banco de dados na hora da elaboração de uma matéria, é um exemplo da prática do Ciberjornalismo (MIELNICZUK, 2003).

Esta modalidade do jornalismo possui denominações distintas entre autores da área. Mielniczuk aponta:

em linhas gerais, observa-se que autores norte-americanos utilizam o termo ‘jornalismo online’ ou ‘jornalismo digital’, já os autores espanhois preferem o termo ‘jornalismo eletrônico’. Também, em outras fontes, são utilizadas as nomenclaturas ‘jornalismo

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multimídia’ ou ‘ciberjornalismo’. De forma genérica, pode-se dizer que autores brasileiros seguem os norte-americanos, utilizando com maior frequência o termo ‘jornalismo online’ ou ‘jornalismo digital’. (MIELNICZUK, 2003, p.22)

Neste trabalho, utilizaremos o termo ‘Webjornalismo’ para denominar o jornalismo praticado na internet. Mielniczuk (apud CANAVILHAS, 2001) justifica a escolha do termo ‘Webjornalismo’ porque a nomenclatura encontra-se relacionada com o suporte técnico. Os termos ‘Jornalismo digital’ e ‘Jornalismo online’ serão utilizados como sinônimos de Webjornalismo nesta pesquisa, pois consideramos que os três conceitos são equivalentes.

O desenvolvimento do Webjornalismo foi sistematizado em três fases por Pavilk, em 2001. Mielniczuk (2003), as explica:

na primeira, predominam os sites que publicam material editorial produzido, em primeira mão, para as edições em outros meios, as quais o autor denomina de “modelo-mãe”. Em uma segunda fase, os jornalistas criam conteúdos originais para a rede [...]. A terceira fase, que, segundo o autor, está começando a emergir, caracteriza-se pela produção de conteúdos noticiosos originais, desenvolvidos especificamente para a web, bem como o reconhecimento desta como um novo meio de comunicação. (MIELNICZUK, 2003, p. 29-30)

Nesta pesquisa, o foco será na terceira fase, que diz respeito ao estudo da Internet como meio de comunicação e aos materiais jornalísticos produzidos especificamente para este meio. Portanto, se faz necessário entender como a Internet impactou a produção jornalística. Reddick e King (2001) descrevem esse processo:

a Web pode recriar o Jornalismo como uma área de atividade criativa e de negócios. Repórteres podem reportar sobre diversas histórias e apresentá-las de diversas maneiras. Websites estão se embaralhando para atrair audiência e construir grandes negócios rentáveis. Enquanto isso, os sites e jornalistas que os criam vão poder influenciar a vida pública de um jeito profundo e imprevisível (REDDICK E KING, 2001, p. 246)

Esse processo tem relação com a cultura da convergência, proposta por Jenkins em 2009. Ela indica que o Webjornalismo deve ser estudado muito além

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da forma, pois também passa por sujeitos que estabelecem relações que são evidenciadas nas páginas web e fora dela (QUADROS; QUADROS; MASSIP

apud JENKINS, 2009, p. 3). Essas relações propostas por Jenkins (2009) têm

impacto direto na influência que o jornalismo online apresenta para a sociedade. No que diz respeito à forma, o Webjornalismo está em constante transformação desde que a Internet passou a impactar as rotinas de produção jornalísticas. De acordo com Canavilhas, ao se referir à Web, “foi o desenvolvimento deste novo meio que transformou para sempre o Jornalismo” (CANAVILHAS, 2004, p. 1). Essa transformação se dá a partir de dois pilares: a construção da notícia e o consumo das informações no Webjornalismo.

2.1 Arquitetura da notícia no Webjornalismo

No início da produção jornalística para a internet, se discutia a forma mais adequada de redigir notícias para esse meio. Canavilhas (2014) aponta:

inicialmente, alguns autores (nielsen, 1996; stovall, 2004) defenderam a validade da pirâmide invertida para jornalismo na Web, mas rapidamente surgiram outros (edo, 2002; salaverría, 2005; Canavilhas, 2006) a defender a necessidade de técnicas de redação e linguagens próprias para o meio. (CANAVILHAS, 2014, p.10)

Uma das primeiras autoras a apresentar um modelo de arquitetura de notícias baseado nas técnicas de redação para a Web foi Rich, em 1998 (figura 1). Ela organiza a arquitetura da notícia a partir de um elemento principal, que deve incluir informação suficiente para que o receptor tenha conhecimento do tema da notícia por completo. A partir desse elemento, se inicia a oferta de blocos informativos, trabalhados como subtítulos. A autora defende que a arquitetura da informação se deve adaptar aos diferentes tipos de notícia (CANAVILHAS, 2014).

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Figura 1 - Modelo de Carole Rich

Fonte: Canavilhas, 2014.

Mesmo estando diante do início do Jornalismo na Internet, a autora já considerava, além do texto, os vídeos e os sons que compõem a notícia online. Atualmente, a junção desses elementos é abordada no contexto de multiplataforma.

Considerando este modelo, os conteúdos jornalísticos online são, por vezes, construídos para apresentarem texto, vídeo e áudio, além de outros tipos de mídia. Essa junção de plataformas pode acontecer por conta da quebra de barreiras entre os meios de comunicação. Reddick e King (2001) apontam que, antes da Web, as divisões entre os tipos de mídia e de plataformas eram rigidamente respeitadas:

mesmo que muitos jornalistas dos veículos impressos fossem frequentemente para a televisão (poucos jornalistas de televisão vão para o impresso), os jornalistas de qualquer área trabalhavam dentro do confinamento de seus meios, Repórteres de televisão gravavam áudios e vídeos para suas reportagens, que ganhavam uma fluidez coerente a partir do uso da narrativa. Jornalistas de impresso escreviam. A Web está quebrando essas barreiras rigidas (REDDICK E KING, 2001, p. 242-243)

Essas barreiras não foram ultrapassadas anteriormente não apenas por falta de suporte técnico, mas também porque não existia uma plataforma que permitisse a integração de diversos tipos de linguagens e plataformas em um único espaço. Com a chegada da Internet surgiu, porém, uma plataforma que oferecia a possibilidade de combinar simultaneamente múltiplos formatos comunicativos (SALAVERRÍA, 2014).

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A multimidialidade pode ser conceitualizada a partir do contexto de multiplataforma. Salaverría (2014), propõe:

se utilizam termos como “multiplataforma” ou, como é habitual no mundo jornalístico anglo-saxão, cross-media. ambos aludem à mesma realidade: casos em que distintos meios coordenam as suas respetivas estratégias editoriais e/ou comerciais para conseguir um melhor resultado conjunto (SALAVERRÍA, 2014, p. 27)

A multiplataforma pede jornalistas polivalentes, que tenham habilidade para lidar com a maior parte, senão todas, as narrativas jornalísticas, a fim de apresentar ao receptor um conteúdo elaborado com qualidade. Salaverría (2014) propõe três tipos de polivalência ao jornalista multiplataforma.

A primeira é a mediática, que conceitualiza o jornalista que trabalha em diversos meios. O segundo tipo de polivalência tem relação com o tema, e diz respeito ao profissional que não possui nenhuma especialização informativa. A polivalência funcional é a terceira modalidade, caracterizada pelo jornalista que desempenha várias funções dentro da redação na qual trabalha.

Quanto ao conteúdo multiplataforma e, por consequência multimídia, Salaverría (2014) aponta que:

quando o conteúdo se expressa através de um único tipo de linguagem, encontramo- nos perante um conteúdo monomédia. seguindo o mesmo critério, se combinarmos dois tipos de linguagem estamos perante um conteúdo bimédia; se forem três, trimédia, e assim sucessivamente. segundo este critério, todos os conteúdos que contam com pelo menos dois tipos de linguagem associados entre si são, por natureza, multimédia. dito de outro modo, qualquer mensagem que não seja monomédia é multimédia (SALAVERRÍA, 2014, p. 30)

Essa mensagem multimídia possui elementos próprios. Salaverría (2014) enumera oito: texto, fotografia, gráficos, vídeo, animação digital, discurso oral, música e efeitos sonoros, vibração (quadro-resumo 1).

O texto é o elemento que dá suporte à contextualização e documentação no Webjornalismo. De todos os formatos comunicativos disponíveis, o texto oferece o conteúdo mais racional e interpretativo (SALAVERRÍA, 2014). As palavras

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escritas conseguem ser o fio condutor do conteúdo informativo produzido pelo jornalista multimídia.

A fotografia já tinha um papel importante como difusora de informação noticiosa por meio de imagem. A partir do surgimento da Internet, o segundo elemento do Jornalismo multimídia se democratizou e é presente ubiquamente nos cibermeios e nas redes sociais (SALAVERRÍA, 2014). Apesar do meio mais usual de apresentação da imagem ainda ser a imagem estática, a fotografia conseguiu assumir novos formatos quando migrou para o online, e estes podem ser recursos utilizados pelo jornalista para a criação de conteúdos mais criativos e dinâmicos.

O terceiro elemento próprio da mensagem multimídia é composto pelos gráficos, pela infografia e pelas ilustrações. Sobre a funcionalidade destes itens, Salaverría (2014) aponta:

num meio que exige constantemente a participação do utilizador, permitindo uma navegação ativa, os elementos iconográficos são determinantes. Funcionam como sinais eficazes de tráfego que orientam o utilizador sobre os itinerários que este pode escolher e sobre as ações que a cada momento pode realizar. (SALAVERRÍA, 2014, p. 35)

Dentro desse elemento, destaca-se a relevância dos elementos icônicos que guiam o receptor ao navegar pelo conteúdo jornalístico na Web. Por exemplo, ao clicar em um ícone representativo de uma rede social, possivelmente localizada no website do jornal, o receptor pode acessar outra plataforma do veículo do qual está consumindo informação naquele momento. Além disso, os gráficos também são relevantes por conseguirem apresentar informações de maneira objetiva e visual, fazendo com que o receptor entenda a notícia com mais profundidade após tê-la consumido a partir dos outros elementos multimídia presentes na publicação. Isso faz com que os gráficos, infográficos e ilustrações tenham um papel fundamental na multimidialidade presente no Webjornalismo.

O vídeo é o quarto elemento da mensagem multimídia. Salaverría (2014) aponta uma diferença entre o conteúdo audiovisual apresentado na televisão e o apresentado na Internet. Segundo o autor:

[...] o vídeo na internet adquire caraterísticas que o distinguem dos conteúdos audiovisuais elaborados para outras plataformas, sobretudo para a televisão. enquanto

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o vídeo em televisão é elaborado para ser contemplado de forma longa e passiva, o vídeo num computador proporciona um visionamento relativamente curto e mais ativo. (SALAVERRÍA, 2014, p. 35)

Outra distinção que se faz entre o conteúdo em vídeo na Internet e na televisão é a proposta do on demand. Essa expressão da língua inglesa significa “por demanda”, ou seja, online, o receptor consegue, na maioria das plataformas jornalísticas, consumir o material audiovisual que quiser e da maneira que quiser. O vídeo é um dos elementos mais importantes da multimídia pois combina imagem, vídeo e, em muitos casos, texto. Salaverría (2014) ressalta que qualquer projeto de informação multimídia na Internet está obrigado a destacar este elemento.

O quinto elemento da mensagem multimídia é a animação. Esse recurso é composto por imagens e ilustrações geradas mediante procedimentos realizados em um computador, que pode ser criado em duas ou três dimensões. À essas imagens, se acrescentam efeitos de movimento (SALAVERRÍA, 2014).

O sexto elemento da mensagem multimídia elencado por Salaverría em 2014 é o discurso oral. Nesta pesquisa, o discurso oral proposto pelo autor espanhol será entendido como os materiais de áudio gravados pelo jornalista. A partir disto, se pode distinguir o off e a sonora. O primeiro dos casos trata-se da gravação da voz do profissional para explicar ou narrar algum conteúdo. O segundo se trata da gravação da voz de um entrevistado.

Sobre a possível dificuldade de consumir o conteúdo em áudio, Salaverría (2014) aponta:

quando o discurso oral é de difícil compreensão, seja porque é expresso num idioma diferente, seja pela deficiente qualidade da gravação, as peças multimédia podem vir acompanhadas por uma legenda textual. neste caso, encontramo-nos perante uma modalidade de tripla sincronia multimédia entre vídeo, som e texto. (SALAVERRÍA, 2014, p. 37)

O penúltimo elemento da mensagem multimídia é composto por música e efeitos sonoros. Estes elementos acentuam a intensidade emocional e acrescentam veracidade àquilo que se mostra através das imagens (SALAVERRÍA, 2014). Se bem utilizados com o áudio produzido pelo jornalista,

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esses efeitos podem proporcionar ao receptor um produto multimídia de qualidade.

O último elemento é a vibração. Este componente trata-se da notificação. Salaverría (2014), a respeito disso, aponta:

a vibração em dispositivos móveis avisa os utilizadores sobre informações básicas: a receção de uma mensagem, um alerta silencioso a uma determinada hora, um erro num determinado processo... mediante estes usos atuais, nada impede que no futuro essas mesmas vibrações se convertam numa forma de comunicar: um golo de uma equipa, uma alteração relevante na cotação de um determinado valor financeiro, etc. (SALAVERRÍA, 2014, p. 38)

Atualmente, se encontra o recurso da notificação estritamente vinculado às plataformas jornalísticas. Na maioria das vezes, quando um veículo posta um conteúdo informativo, o assinante recebe uma mensagem em seu dispositivo móvel, alertando-o a respeito da postagem.

Quadro-resumo 1: Elementos da mensagem multimídia de acordo com Salaverría (2014)

TEXTO Elemento que dá suporte à contextualização

e documentação no webjornalismo. De todos os formatos comunicativos disponíveis, o texto oferece o conteúdo mais racional e interpretativo.

FOTOGRAFIA É presente ubiquamente nos cibermeios e

nas redes sociais (Salaverría, 2014). Apesar do meio mais usual de apresentação da imagem ainda ser a imagem estática, a fotografia conseguiu assumir novos formatos quando migrou para o online, e estes podem ser recursos utilizados pelo jornalista para a criação de conteúdos mais criativos e dinâmicos.

GRÁFICOS Dentro desse elemento, destaca-se a

relevância dos elementos icônicos que guiam o receptor ao navegar pelo conteúdo jornalístico na Web. Além disso, os gráficos também são relevantes por conseguirem apresentar informações de maneira objetiva e visual, fazendo com que o receptor entenda

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a notícia com mais profundidade após tê-la consumido a partir dos outros elementos multimídia presentes na publicação.

VÍDEOS O vídeo é um dos elementos mais

importantes da multimídia pois combina imagem, vídeo e, em muitos casos, texto. Salaverría (2014) ressalta que qualquer projeto de informação multimédia na internet está obrigado a destacar este elemento.

ANIMAÇÃO DIGITAL Esse recurso é composto por imagens e ilustrações geradas mediante procedimentos realizado em um computador, que pode ser criado em duas ou três dimensões. À essas

imagens, se acrescentam efeitos de

movimento (Salaverría, 2014).

DISCURSO ORAL Nesta pesquisa, o discurso oral proposto pelo autor espanhol será entendido como os materiais de áudio gravados pelo jornalista. A partir disto, se pode distinguir o off e a sonora. O primeiro dos casos trata-se da gravação da voz do profissional para explicar ou narrar algum conteúdo. O segundo se trata da gravação da voz de um entrevistado.

MÚSICA E EFEITOS SONOROS Acentuam a intensidade emocional e acrescentam veracidade àquilo que se mostra através das imagens (Salaverría, 2014). Se bem utilizados com o áudio produzido pelo jornalista, esses efeitos podem proporcionar ao receptor um produto multimídia de qualidade.

VIBRAÇÃO Diz respeito a notificação. Atualmente, se

encontra o recurso da notificação

estritamente vinculado às plataformas

jornalísticas. Na maioria das vezes, quando um veículo posta um conteúdo informativo, o assinante recebe uma mensagem em seu dispositivo móvel, alertando-o a respeito da postagem.

Fonte: a autora, 2020.

2.2 Consumo de informações no Webjornalismo

No que diz respeito ao consumo de informações no Webjornalismo,

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meio a partir da observação do comportamento dos receptores (figura 2). Sobre a representação, ele aponta:

na pirâmide deitada, a notícia é organizada por níveis de informação ligados por hiperligações internas (embutidas) que permitem ao leitor seguir diferentes percursos de leitura que respondam ao seu interesse particular. o modelo mantém uma hierarquização de importância, oferecendo simultaneamente um relativo grau de liberdade ao leitor. (CANAVILHAS, 2014, p. 13)

O autor percebeu que o receptor, ao ser confrontado com diversas opções de conteúdo, escolhe caminhar entre diversos blocos informativos até atingir o limite de informação disponível sobre o assunto. Canavilhas constatou que os interesses dos receptores são diferentes entre si e diferem, também, daquilo que é particularmente atrativo para o jornalista que criou o conteúdo.

Figura 2 - Modelo de João Canavilhas

Fonte: Canavilhas, 2014

As estratégias de consumo percebidas por Canavilhas propõem mais liberdade ao receptor. Dentro do Webjornalismo, percebe-se o movimento de integrar mais o consumidor de notícias ao conteúdo. Segundo Bradshaw (2014), essa mudança não deve ser analisada somente a partir do ponto de vista da possibilidade de consumir conteúdo jornalístico online, mas também a partir do

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contexto pelo qual esse acesso acontece. Esse contexto está intimamente relacionado com onde essas notícias são consumidas:

o local de trabalho está se tornando um lugar-chave para o consumo de notícias online (Boczkowski, 2010), levando a um aumento do consumo de conteúdos sociais “seguros” tais como resultados de esportes e jornalismo de celebridades, mas não noutros tipos de temas, como a política (BRADSHAW, 2014, p.113)

Bradshaw relaciona isso com a popularidade da Internet, e aponta que, no online, o receptor está migrando de um modelo no qual está ativamente engajado para um outro em que ele está perifericamente consciente da informação na medida em que esta flui, consumindo-a no exato momento em que é relevante, valiosa, divertida ou perspicaz (Bradshaw apud BOYD, 2014).

Isso ainda está relacionado com como as notícias estão sendo consumidas. Bradshaw, em 2014, apontou que os dispositivos móveis estão rapidamente se tornando fonte dominante de visitas a sites (incluindo dispositivos móveis usados em ambientes domésticos). De acordo com um relatório divulgado em 2018 pela agência de mídia Zenith - The ROI Agency, a Internet ultrapassaria a televisão no quesito consumo de conteúdo midiático. Os pesquisadores da agência, que realiza estudos sobre a área da comunicação, só estavam prevendo esta ultrapassagem para 2020.

Além da forma como o receptor consome as notícias, outro aspecto relevante para esta pesquisa no que diz respeito ao consumo de conteúdo jornalístico online é a cultura da participação. Sobre este fenômeno, Jenkins (2009) aponta:

em vez de falar sobre produtores e consumidores de mídia como ocupantes de papéis separados, podemos agora considerá-los como participantes interagindo de acordo com um novo conjunto de regras, que nenhum de nós entende por completo (JENKINS, 2009, p. 30)

Jenkins (2009) faz uma distinção entre interatividade e participação por parte do receptor de conteúdo midiático. Ele aponta que a interatividade refere-se ao modo como as novas tecnologias foram planejadas para responder ao feedback do consumidor, enquanto a participação é moldada pelos protocolos culturais e sociais.

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Independente do modo como o consumidor revela sua atuação perante aos conteúdos, interagindo ou participando, ele apresenta influência. Jenkins afirma que todos fazem parte da cultura da participação, embora os participantes possam ter diferentes graus de status e influência. Sobre esta influência, Emerim e Cavenaghi apontam:

pela natureza de seu sistema e suporte tecnológico, somente a internet conseguiu agregar o impresso, a rádio, as emissoras de TV e as outras formas comunicativas como as charlas comuns de inúmeros seres anônimos que sem a internet nunca teriam tido voz nem vez na sociedade midiática tradicional (EMERIM E CAVENAGHI, 2012, p. 1-2)

A anonimidade da participação, trazida na reflexão de Emerim e Cavenaghi (2012), também é abordada por Jenkins (2009):

cada vez mais, entretanto, a web tem se tornado um local de participação do consumidor, que inclui muitas maneiras não autorizadas e não previstas de relação com o conteúdo de mídia. Embora a nova cultura participativa tenha raízes em práticas que, no século 20, ocorriam logo abaixo do radar da indústria das mídias, a web empurrou essa camada oculta de atividade cultural para o primeiro plano, obrigando indústrias a enfrentar as implicações em seus interesses comerciais. Permitir aos consumidores interagir com as mídias sob circunstâncias controladas é uma coisa; permitir que participem na produção e distribuição de bens culturais - seguindo as próprias regras - é totalmente outra. (JENKINS, 2009, p. 198)

Neste sentido, a cultura da participação proposta por Jenkins coloca o receptor também como produtor de conteúdo. Com a quebra das barreiras e limitações entre os veículos de comunicação e a multimidialidade, exploradas no tópico anterior, essa cultura da participação representa uma mudança na qual o fluxo comunicacional não tem mais apenas um sentido, ou seja, os receptores não são mais inteiramente passivos. O fluxo comunicacional na cultura de convergência não somente incentiva como, também, depende da participação ativa dos consumidores. Hoje, antigos conceitos estabelecidos sobre meios de comunicação não fazem mais sentido (DORNELLES E MINOZZO, 2012, p. 35). No Webjornalismo, a cultura da participação pode ser exemplificada pela seção de comentários, pela influência que o consumidor tem na escolha dos temas para elaboração de uma notícia, além da própria criação de conteúdo.

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2.3 Ética e Webjornalismo

Além das transformações e do desenvolvimento do Webjornalismo, outra discussão que se faz pertinente a respeito do jornalismo online envolve a ética jornalística na produção dos conteúdos informativos para a Web.

Anterior ao início da exposição da relação entre ética e Jornalismo na Internet, se faz necessária a definição de ética e de ética jornalística. Friend e Singer (2007) definem ética como uma disciplina que lida com o que é bom e com o que é ruim, também com regras morais e obrigações.

No que diz respeito a ética jornalística, ela teve seu estopim histórico em 1948, com a criação da lei que tornou a liberdade de opinião um direito civil (ARAÚJO; COSTA; PONTES; SOUSA; SCHWABACHER; MENDES, 2016), e é atualmente é regida, no Brasil, pelo Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, proposto pela Federação Nacional dos Jornalistas.

A discussão que permeia a ética e o Jornalismo online tem origem na instantaneidade que a Internet pede do jornalista. Ainda que nos meios não- online a velocidade para a obtenção de informações ou divulgação delas seja habitual, a Web a levou para um novo nível. Bradshaw (2014) aponta:

na era da instantaneidade em rede, suposições sobre o que constitui “ser o primeiro” estão sob pressão. Na medida em que as empresas jornalísticas têm competido em termos de velocidade, estas elegeram as novas tecnologias como suporte para lhe darem vantagem, desde o uso do telégrafo para distribuição de notícias, passando pela editoração eletrônica (desktop publishing), até a adoção da tecnologia via satélite pelas emissoras (broadcasters). Caso o veículo (publisher) não conseguisse ser o primeiro a divulgar a estória, então teria de ser o primeiro a obter a primeira fotografia, a primeira entrevista, a primeira reação, ou o primeiro a fornecer a análise do fato (BRADSHAW, 2014, p. 111-112)

“Ser o primeiro” pode implicar em violação de privacidade da fonte ou publicação de fatos sem fundamento, porém pode resultar também no compartilhamento rápido de informações importantes. Nesse mérito, o código de ética da Sociedade de Jornalistas Profissionais, uma entidade estadunidense, aponta que os jornalistas devem ser honestos, justos e corajosos em coletar,

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reportar e interpretar informações (2014, s/p). A instantaneidade é fundamental no Jornalismo online, porém deve ser utilizada seguindo as regências dos códigos de ética.

Além da velocidade na busca e compartilhamento de informações, existem outras ramificações na discussão que envolve a ética e o Jornalismo na Internet. Brayton (2009) ressalta cinco.

A primeira diz respeito ao plágio. O autor afirma que este conceito inclui não somente copiar e colar artigos inteiros, mas também copiar fotos, gráficos, vídeos e grandes excertos de textos de outras pessoas e colocá-los em sua página online (BRAYTON, 2009).

A segunda ramificação abrange a divulgação. Brayton (2009) aponta:

diga aos seus leitores como você conseguiu sua informação, e que fatores influenciaram sua decisão para publicá-la. Se você tem conexão pessoal ou profissional com as pessoas ou grupo sobre os quais você está escrevendo, a descreva. Seus leitores merecem saber o que influenciou o jeito como você reportou ou escreveu uma história. Não esconda para quem você trabalha ou de onde o dinheiro que financia seu site vem. Se seu site apresenta publicidade, a apresente como publicidade*. (BRAYTON, 2009, s/p)

Cobertura livre de permuta é o terceiro braço da discussão proposta por Brayton (2009). O autor aponta que se deve evitar a prática do recebimento de dinheiro ou de presentes, por parte das fontes, para a produção de um conteúdo. A quarta posição de Brayton diz respeito à checagem das informações. Sobre isso, o autor ressalta a importância de garantir a veracidade dos fatos publicados e de deixar clara a intenção do conteúdo apresentado, ou seja, se o autor pretende utilizar sátiras, que isso seja apresentado como conteúdo não literal.

A honestidade é o último ponto e sumariza todos os outros propostos. Bryant (2009), afirma:

se as pessoas duvidarem por um momento da sua honestidade ou de suas intenções, você perdeu a credibilidade com elas. Não deixe que elas façam isso. Responda essas perguntas antes que os leitores sequer perguntem. (BRAYTON, 2009, s/p)

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27

Ademais destas ramificações, a relação entre Webjornalismo e ética também encontra fundamento no acesso das informações por parte do público. No Brasil, o livre acesso às informações é garantido pelo Inciso XIV do artigo do artigo 5º da Constituição de 1988. Essa subdivisão prevê o direito de informar, de se informar e de ser informado, permitindo o livre acesso à informação e a dados públicos e privados que são de relevância popular.

Esse acesso à informação passou por mudanças a partir da difusão do Webjornalismo. Ziller (2005) aponta:

algumas vezes, a rotina de acesso a informações via web torna-se de tal maneira desumanizada por mecanismos que o outro constituinte da relação jornalista/leitor passa a parecer, aos olhos imbricados no ritmo cotidiano acelerado, mais um monitor do que uma pessoa. Assim, do lado de quem acessa a informação, blogs recém-criados têm a mesma credibilidade de jornais surgidos na época do linotipo e boatos difundidos via e- mail ganham força de verdade rapidamente. Pelo ângulo do profissional da informação on-line, a obrigação de reabastecer seguidamente o site com novas informações parece esfumaçar a presença do outrem. (ZILLER, 2005, p. 2)

Apesar da mudança neste acesso, é necessário ressaltar que o webjornalista, ao produzir conteúdo, deve levar em conta tanto o Inciso da Constituição Federal citado anteriormente, quanto o Código de Ética dos Jornalistas. Com isso, a informação disponibilizada ao receptor ganha mais credibilidade. Ainda assim, algumas práticas afetam esse processo:

é prática comum entre os webjornalistas, por exemplo, publicar dois lados de uma questão separadamente, na medida em que se escutam os envolvidos, para elevar a quantidade de notas publicadas e a velocidade de atualização do site. Entretanto, um usuário que visite o site quando apenas uma das notas, com apenas um dos envolvidos em determinado fato, tiver sido publicada tende a ter uma visão parcial e destorcida daquele fato. À noite, ao chegar em casa e ligar a TV, vai ver o fato com os dois lados mais óbvios e terá a oportunidade de se conscientizar de que a impressão obtida por meio do seu portal era errônea. (ZILLER, 2006, p. 11)

Mesmo que o Jornalismo na Internet tenha passado por diversas transformações desde o seu surgimento e esteja em processo de constante

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desenvolvimento, a ética jornalística deve ser respeitada em cada criação de conteúdo noticioso para a Web.

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3 WEBJORNALISMO AUDIOVISUAL

Com a revolução da Internet e a busca por instantaneidade encontrada no Webjornalismo, as emissoras de televisão passam a revisar as técnicas do Jornalismo tradicionais e a querer informar o receptor em tempo real. Quando a Internet começa a se popularizar entre os usuários brasileiros na década de noventa, o Jornalismo de televisão investe ainda mais na instantaneidade, tentando não perder terreno (NOGUEIRA, 2005, p. 2).

Nogueira utiliza três categorias descritivas do Jornalismo apontadas por Franciscato (2003) para apresentar a mudança das técnicas jornalísticas que ocorreram a partir da popularização da Internet. Essas características são instantaneidade, periodicidade e simultaneidade.

A primeira diz respeito ao processo de transmissão e distribuição da notícia. A instantaneidade se transformou em modelo para o Jornalismo e para a sociedade (NOGUEIRA apud FRANCISCATO, 2005), fazendo com que o tempo entre um acontecimento e sua divulgação tenda a diminuir.

A segunda categoria é a simultaneidade, e aborda o abandono dos “estados de atomização social”. Isso está relacionado com o fato de que a simultaneidade que o Jornalismo produz é capaz de fazer com que os indivíduos passem a consumir e pensar as notícias dos telejornais de maneira coletiva.

A periodicidade, terceira categoria descritiva do Jornalismo apontada por Franciscato, tem como objetivo estabelecer a noção de atualidade jornalística. A periodicidade no telejornalismo pode ser exemplificada pelos horários fixos para a apresentação dos telejornais, considerando as rotinas e práticas do público alvo.

Quando as notícias audiovisuais começam a ser transmitidas no ciberespaço, as categorias de Franciscato se redefinem (NOGUEIRA, 2005, p. 4). A autora explica:

a instantaneidade e a periodicidade passam a ter ligação direta entre si, uma vez que a atualidade jornalística pode se configurar na tela do computador quase em tempo real e com atualização contínua. E a simultaneidade vai se revelar também a partir da convergência, já que a notícia na web pode potencialmente dispor dos aspectos mais representativos de todos os meios anteriores ao mesmo tempo (Nogueira, 2005, p. 4)

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Neste trabalho, optamos por classificar a divulgação e produção de notícias audiovisuais no ciberespaço como Webjornalismo Audiovisual. Essa escolha é justificada por Nogueira (2005), que define a terminologia a partir da atividade que ela representa, ou seja, a utilização de formatos de notícia com imagem em movimento e som.. A autora complementa:

o conceito envolve ainda a atividade jornalística que é veiculada apenas através deste suporte. É importante lembrar, também, que o webjornalismo incorpora os usuários na produção dos conteúdos e é, por natureza, multimidiático. Ou seja, realiza-se no ciberespaço e, por isso, permite que diversos elementos como fotografia, infográfico, áudio e vídeo sejam usados na complementação da mensagem (NOGUEIRA, 2005, p. 13)

Com o objetivo de entender a atividade proposta pelo Webjornalismo Audiovisual, neste capítulo analisaremos as fases e as narrativas básicas do mesmo, explorando a circulação da notícia audiovisual na Internet.

3.1 Fases do Webjornalismo Audiovisual

A partir das características do Webjornalismo, citadas na seção anterior deste trabalho, Nogueira (2005) propõe três fases do Webjornalismo Audiovisual. Essas fases consideram o grau de aproveitamento das ferramentas oferecidas pela Internet: multimidialidade, hipertextualidade, memória, interatividade e personalização (EMERIM E CAVENAGHI, 2012). Nogueira se baseia nos Mosaicos Digitais de Notícias, os MDNs, que representam a interface que provê acesso aos bancos de dados específicos e interrelacionados de um meio de informação na Internet. A primeira é a fase contemplativa, a segunda é denominada participativa e a terceira fase é chamada de construtiva.

Na primeira fase, a contemplativa, os recursos multimidiáticos não são bem explorados. A hipertextualidade é limitada ao link para o conteúdo audiovisual e a interatividade aos botões de play, pause, stop, avançar ou retroceder e ao

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envio de sugestões de pauta por e-mail (NOGUEIRA, 2005, p. 54). Nesta fase, os MDNs proporcionam o aparecimento das empresas de comunicação no ciberespaço, mas oferece aos usuários apenas os arquivos das últimas edições dos telejornais exibidos em canal aberto. Não há produção de material exclusivo para a Internet e a maior parte dos textos destina-se a promover a programação televisiva (NOGUEIRA, 2005, P. 35).

A segunda fase é marcada pela oportunidade de maior envolvimento do usuário, por isso é denominada participativa. O Mosaico Digital de Notícias nesta fase permite mais interatividade aos usuários, por meio de ferramentas de busca, enquetes, fóruns, chats e envio de matérias. Nesta fase, também, o usuário passa a ter acesso aos bancos de dados dos websites. No que diz respeito à produção de conteúdo, é nesta fase que as emissoras de televisão disponibilizam aos usuários a possibilidade de assistir a alguns programas ao vivo. É importante lembrar que a maioria dos MDNs com este perfil apresenta conteúdos produzidos exclusivamente para a Web (NOGUEIRA, 2005).

Na fase construtiva, a terceira apontada pela autora no desenvolvimento do Webjornalismo Audiovisual, o MDN permite que o usuário monte seu próprio noticiário audiovisual. Essa ação se dá por meio de ferramentas específicas e dá ao receptor a oportunidade de receber o conteúdo via e-mail. Essa fase é definida pela personalização e pela dinamização centralizada do conteúdo. Sobre esta fase, Nogueira (2005) aponta:

a ordem de exibição das reportagens selecionadas poderia ser definida pelo usuário e alterada a qualquer momento. Existiria também a possibilidade de armazenamento da seqüência para uma exibição posterior caso fosse necessário interromper a reprodução (NOGUEIRA, 2005, p. 36)

Apesar das ferramentas que possibilitam a participação do usuário na montagem da sequência das notícias, os websites da terceira geração ainda utilizam as linguagens características do telejornal de televisão (EMERIM E CAVENAGHI, 2012, p. 7). Essa característica se apresenta a partir da estrutura interna de cada um dos fragmentos dispostos ao usuário, que seguem o formato tradicional da notícia televisiva. Esses fragmentos correspondem a um aspecto do Webjornalismo Audiovisual. Independente da origem, os sites que

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disponibilizam material jornalístico audiovisual têm uma característica em comum: a fragmentação do conteúdo (EMERIM E CAVENAGHI, 2012).

Emerim e Cavenaghi (2012), após análise das fases propostas por Nogueira, propõem reflexão a respeito de uma possível quarta fase do Webjornalismo Audiovisual. Nela, de acordo com as autoras, a linguagem de notícia televisiva cederia espaço à produzida inteiramente para a Internet:

é a partir da constatação de que os produtos webjornalísticos audiovisuais podem ser vistos e revistos diversas vezes, assim como um texto no jornal impresso, que se pode vislumbrar novas formas de apresentação das notícias. Seria necessário recorrer à estrutura cabeça-off-sonora-passagem para disponibilizar notícias na Internet? (EMERIM E CAVENAGHI, 2012, p. 12)

A respeito das três fases já existentes do Webjornalismo Audiovisual, Nogueira aponta que elas não são dispostas por meio de uma evolução temporal, ou seja, em um mesmo período se podem encontrar características de uma ou mais fases. Nogueira faz relação com as fases do Webjornalismo identificadas por Mielniczuk (2003), citadas na seção anterior desta pesquisa, e ressalva:

as fases do webjornalismo audiovisual “não são estanques no tempo, e nem excludentes entre si, ou seja, em um mesmo período de tempo, podemos encontra publicações jornalísticas para a web que se enquadram em diferentes gerações e, em uma mesma publicação, pode-se encontrar aspectos que remetem a estágios distintos” (NOGUEIRA apud MIELNICZUK, 2005, p. 36-37)

Apesar das ressalvas de Emerim e Cavenaghi sobre as linguagens da terceira geração do Webjornalismo Audiovisual, nós consideramos a fase construtiva a mais relevante de acordo com o objetivos desta pesquisa. Esta escolha se justifica por conta das novas ferramentas para o audiovisual na Internet que essa fase propõe.

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Quadro-resumo 2 - Fases do Webjornalismo Audiovisual de acordo com Nogueira (2005) FASE 1 - CONTEMPLATIVA Os recursos multimidiáticos não são

bem explorados. Os MDNs

proporcionam o aparecimento das empresas de comunicação no

ciberespaço, mas oferece aos usuários apenas os arquivos das últimas edições dos telejornais exibidos em canal

aberto. Não há produção de material exclusivo para a internet e a maior parte dos textos destina-se a promover a programação televisiva (Nogueira, 2005).

FASE 2 - PARTICIPATIVA Marcada pela oportunidade de maior envolvimento do usuário. Nesta fase, também, o usuário passa a ter acesso aos bancos de dados dos websites. No que diz respeito à produção de

conteúdo, é nesta fase que as

emissoras de televisão disponibilizam aos usuários a possibilidade de assistir a alguns programas ao vivo. É

importante lembrar que a maioria dos MDNs com este perfil apresenta conteúdos produzidos exclusivamente para a web (Nogueira, 2005).

FASE 3 - CONSTRUTIVA Nesta fase, o MDN permite que o usuário monte seu próprio noticiário audiovisual. Essa ação se dá por meio de ferramentas específicas e dá ao receptor a oportunidade de receber o conteúdo via e-mail. Essa fase é definida pela personalização e pela dinamização centralizada do conteúdo.

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3.2 Narrativas básicas e circulação da notícia

Em sua dissertação de mestrado, apresentada em 2005 e denominada O

Webjornalismo Audiovisual: uma análise de notícias no UOL News e na TV UERJ ONline, Leila Nogueira identificou dezesseis estruturas básicas do jornalismo

audiovisual na Internet. A autora baseou essa classificação em dois aspectos: 1) a natureza dos elementos que compõem a mensagem e 2) o envolvimento dos sentidos: visão e audição. Oito delas são simples e oito são complexas (figura 3). A principal diferença entre esses dois grupos se dá a partir da recepção do usuário. O receptor necessita de apenas um sentido para consumir os conteúdos simples, enquanto precisa de dois para fazer o aproveitamento dos materiais presentes no grupo das narrativas complexas.

Dentro da divisão de simples e complexas, há ainda a divisão entre as narrativas Planas, que não apresentam links, e as Navegáveis, consideradas as Hipernarrativas. Sobre a classificação das narrativas, Nogueira (2005) aponta:

quando os dois primeiros elementos [som e imagem] aparecem – combinados ou separados –, sem a presença de um link, a narrativa pode ser identificada como plana, em contraposição à profundidade oferecida pelo recurso do hiperlink. Se mesmo combinados, os elementos demandam apenas um dos sentidos para a compreensão da mensagem, a forma narrativa é classificada como simples. Por outro lado, notamos que as estruturas narrativas tornam-se complexas quando combinam dois desses elementos - texto e som ou imagem e som -, que exigem mais de um sentido, ao mesmo tempo, para a compreensão da mensagem. Além disso, vimos que quando se acrescenta o recurso do hiperlink ao desenvolvimento das estruturas narrativas, temos como resultado as formas navegáveis (NOGUEIRA, 2005, p. 56)

A autora constata que as estruturas narrativas complexas são o resultado do processo multimidiático de produção que caracteriza o Webjornalismo, citado no seção anterior desta pesquisa.

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Figura 3 - Estruturas Narrativas Básicas do Webjornalismo Audiovisual

Fonte: Nogueira, 2005.

No que diz respeito à circulação de notícias audiovisuais no ciberespaço, Nogueira (2005) indica três formas através das quais o Webjornalismo Audiovisual pode se apresentar. São elas a TV aberta em presença online, as WebTVs e os canais de conteúdo em vídeo.

A primeira forma trata dos websites dedicados às emissoras de televisão tradicionais. Esses veículos não nasceram na Internet mas entenderam a importância de conquistar presença online. Os sites das TVs abertas disponibilizam, por meio do Mosaico Digital da Notícia, arquivos on demand para os usuários, geralmente já transmitidos em sua grade convencional na televisão. Outro recurso que as TVs podem utilizar por meio dessa plataforma é a apresentação de um programa ao vivo na televisão e na Internet. Estar presente na Internet faz com que a emissora de televisão tenha a oportunidade de ser reconhecida mundialmente:

desta forma, a imagem da empresa de comunicação se faz presente em um ambiente acessível de qualquer parte do mundo, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, permitindo a divulgação de informações institucionais – com alcance expandido

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– e ainda servindo de alternativa aos horários da grade montada para a televisão. (NOGUEIRA, 2005, p. 89)

Nogueira (2005) ressalta que esta forma de circulação do conteúdo audiovisual jornalístico na Web é apenas um braço econômico das emissoras, que têm a base de seu negócio concentrada na exibição de conteúdos de forma convencional na televisão.

As WebTVs são o produto principal da segunda forma de circulação de notícias no Webjornalismo Audiovisual. A webtelevisão ganha esse nome pois é uma emissora que já nasce na Internet. As WebTVs, ao perceberem que a audiência dos conteúdos audiovisuais na rede ainda era reduzida por causa das questões técnicas, optaram por exibir sua programação também em canais de TV por assinatura. (Nogueira, 2005). Essa plataforma permite que os programas apresentados ao vivo no website fiquem disponibilizados aos receptores de maneira on demand, possibilitando a consulta destes materiais em situações posteriores à primeira divulgação.

No que diz respeito à terceira forma de circulação de notícias no Webjornalismo Audiovisual, os canais de conteúdo em vídeo podem estar divididos em seções temáticas. As seções jornalísticas normalmente procuram explorar as formas de interatividade oferecidas pelo ciberespaço e propõem configurações diferenciadas para a notícia audiovisual (NOGUEIRA, 2005). Sobre esta categoria, a autora aponta:

os canais podem estar associados a grandes conglomerados de comunicação, mas, a única maneira de ter acesso ao conteúdo audiovisual produzido é através do ciberespaço. Existe, ainda, a possibilidade de acessar programas anteriores disponíveis on-line. (NOGUEIRA, 2005, p. 90)

Nogueira entende esta categoria como a que apresenta o maior número de elementos capazes de contribuir para o desenvolvimento de uma linguagem própria dos conteúdos jornalísticos audiovisuais no ciberespaço.

Como o objeto de estudo desta pesquisa são WebTVs, no próximo tópico deste capítulo exploraremos mais a fundo o produto principal da segunda forma de circulação de notícias audiovisuais na Internet, proposta por Nogueira em 2005.

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Quadro-resumo 3 - Formas de circulação das notícias no Webjornalismo Audiovisual segundo Nogueira (2005)

PRIMEIRA Abrange os websites dedicados às

emissoras de televisão tradicionais. Esses veículos não nasceram na Internet mas entenderam a importância de conquistar presença online. Os sites das TVs abertas disponibiliza, por meio do Mosaico Digital da Notícia, arquivos on demand para os

usuários, geralmente já transmitidos em sua grade convencional na televisão. Outro recurso que as TVs podem utilizar por meio dessa plataforma é a apresentação de um programa ao vivo na televisão e na internet.

SEGUNDA Tem a WebTV como principal produto. Essa

plataforma permite que os programas apresentados ao vivo no website fiquem disponibilizados aos receptores de maneira

on demand*, possibilitar a consulta destes

materiais posterior à primeira divulgação.

TERCEIRA Os canais de conteúdo em vídeo podem

estar divididos em seções temáticas. As seções jornalísticas normalmente procuram explorar as formas de interatividade

oferecidas pelo ciberespaço e propõem configurações diferenciadas para a notícia audiovisual (Nogueira, 2005). Essa é a forma que apresenta o maior número de elementos capazes de contribuir para o desenvolvimento de uma linguagem própria dos conteúdos jornalísticos audiovisuais no ciberespaço.

Fonte: a autora, 2020.

3.3 WebTVs

As WebTVs, que recebem este nome a partir da junção dos termos Web e Televisão, nasceram a partir da convergência midiática. Esse produto pode ser definido como um canal exclusivamente audiovisual, nascido na internet e pensado levando em consideração as possibilidades interativas que a Web

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oferece, mesmo que seus conteúdos sejam aproveitados pela TVs convencionais (NUNES, 2016).

A partir desta definição inicial, o primeiro ponto que analisaremos a respeito da WebTV é o público alvo geral do produto, que está diretamente ligado ao tipo de conteúdo produzido por ela. Nunes (2016) aponta que as WebTVs têm como foco um público específico (comunidades, grupos, fãs). Ou seja, o conteúdo apresentado pela WebTV é produzido para um público delimitado, levando em consideração suas necessidades e interesses. Além disso, como a interatividade do público é intrínseca à WebTV e está presente no Webjornalismo, é importante ressaltar a cultura da participação, citada na primeira seção desta pesquisa. Assim, a produção de conteúdo das WebTVs leva em consideração, além do interesse do público, a participação dos receptores. A participação do público, inclusive, é uma das características da WebTV que a diferenciam das televisões convencionais, pois as emissoras tradicionais não apresentam possibilidades de interatividade tão vastas como as WebTVs.

Outro ponto de análise das WebTVs diz respeito aos custos de produção. Nunes (2016) afirma que os gastos com a produção de conteúdos das WebTVs são baixos, comparados com as despesas de uma TV convencional, mas requer investimentos financeiros, como qualquer produção audiovisual. A autora explica:

as equipes são bem mais reduzidas e os conteúdos podem ser disponibilizados em plataformas de compartilhamento, oferecidas pela própria internet, que possibilitam a organização, distribuição de vídeos e, em alguns casos, exibições ao vivo gratuitamente. (NUNES, 2016, p. 70)

Este também é um dos pontos que diferenciam a televisão convencional das WebTVs. Nunes (2016 apud BECKER E MATEUS, 2011) aponta que, diferentemente da TV tradicional, a WebTV não tem como foco principal a exploração econômica dos conteúdos divulgados, apesar de ter grande potencial político e social.

Quanto a rentabilidade das WebTVs, podemos destacar o uso de publicidades. Segundo Dias (2010), a publicidade nos vídeos deve sempre ser bem sinalizada. Outras práticas que, de acordo com a autora, devem ser

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utilizadas ao apresentar as propagandas junto dos conteúdos são dar ao receptor a possibilidade de pular ou acelerar a publicidade e fazer uma separação nítida entre os conteúdos editoriais e comerciais. Uma vez que se trata de um novo mercado, com múltiplas ferramentas à disposição, será necessário zelar de forma ainda mais cuidadosa pelas boas práticas da comunicação (DIAS, 2010, p. 29).

Um terceiro ponto a ser analisado diz respeito às plataformas de suporte das WebTVs. Nascido na internet, esse produto audiovisual é apresentado ao usuário, na maioria das vezes, através de um website com domínio próprio. Porém, a hospedagem dos vídeos nesses websites requerem, também na maioria das vezes, o suporte de outras plataformas. Sobre este tópico, Nunes (2016) coloca:

com a popularização da WebTV, sugiram inúmeras plataformas de suportes para essas hipermídias, sites que oferecem layouts, ferramentas de organização dos vídeos para download e interação do usuário, entre outras possibilidades. Giglio (2010) reforça que os sites Megaupload, Joost, Youtube e JusutinTV estão entre os endereços na web mais procurados na hora de criar uma WebTV. (NUNES, 2016, p. 71)

Sobre as plataformas de suporte, é importante levar em consideração que as WebTVs hospedam os conteúdos audiovisuais nestas plataformas porém publicam estes em seu website de domínio próprio. Essa publicação geralmente é acompanhada de um texto introdutório ou conclusivo, que explica o conteúdo do vídeo, como também de algum outro elemento da multimidialidade, como fotos, áudios ou gráficos. Neste sentido, é importante ressaltar que as plataformas são de fato um suporte. Essa ressalva é necessária pois, caso as WebTVs apenas publicassem seus conteúdos nestas plataformas e não apresentassem uma publicação própria, virariam canais de conteúdo em vídeo. No que diz respeito à apresentação e à funcionalidade da WebTV no website, Dias (2010) aponta características que garantem uma boa organização do produto. Destacamos doze: 1) Presença da área de vídeos na área principal; 2) Presença de vídeos temáticas nas respectivas categorias; 3) Presença de vídeos em artigos como conteúdo relacionado; 4) Categorias temáticas existentes na WebTV; 5) Área de vídeos relacionados; 6) Área de vídeos mais vistos; 7) Área

Referências

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