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3 WEBJORNALISMO AUDIOVISUAL

3.3 WebTVs

As WebTVs, que recebem este nome a partir da junção dos termos Web e Televisão, nasceram a partir da convergência midiática. Esse produto pode ser definido como um canal exclusivamente audiovisual, nascido na internet e pensado levando em consideração as possibilidades interativas que a Web

oferece, mesmo que seus conteúdos sejam aproveitados pela TVs convencionais (NUNES, 2016).

A partir desta definição inicial, o primeiro ponto que analisaremos a respeito da WebTV é o público alvo geral do produto, que está diretamente ligado ao tipo de conteúdo produzido por ela. Nunes (2016) aponta que as WebTVs têm como foco um público específico (comunidades, grupos, fãs). Ou seja, o conteúdo apresentado pela WebTV é produzido para um público delimitado, levando em consideração suas necessidades e interesses. Além disso, como a interatividade do público é intrínseca à WebTV e está presente no Webjornalismo, é importante ressaltar a cultura da participação, citada na primeira seção desta pesquisa. Assim, a produção de conteúdo das WebTVs leva em consideração, além do interesse do público, a participação dos receptores. A participação do público, inclusive, é uma das características da WebTV que a diferenciam das televisões convencionais, pois as emissoras tradicionais não apresentam possibilidades de interatividade tão vastas como as WebTVs.

Outro ponto de análise das WebTVs diz respeito aos custos de produção. Nunes (2016) afirma que os gastos com a produção de conteúdos das WebTVs são baixos, comparados com as despesas de uma TV convencional, mas requer investimentos financeiros, como qualquer produção audiovisual. A autora explica:

as equipes são bem mais reduzidas e os conteúdos podem ser disponibilizados em plataformas de compartilhamento, oferecidas pela própria internet, que possibilitam a organização, distribuição de vídeos e, em alguns casos, exibições ao vivo gratuitamente. (NUNES, 2016, p. 70)

Este também é um dos pontos que diferenciam a televisão convencional das WebTVs. Nunes (2016 apud BECKER E MATEUS, 2011) aponta que, diferentemente da TV tradicional, a WebTV não tem como foco principal a exploração econômica dos conteúdos divulgados, apesar de ter grande potencial político e social.

Quanto a rentabilidade das WebTVs, podemos destacar o uso de publicidades. Segundo Dias (2010), a publicidade nos vídeos deve sempre ser bem sinalizada. Outras práticas que, de acordo com a autora, devem ser

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utilizadas ao apresentar as propagandas junto dos conteúdos são dar ao receptor a possibilidade de pular ou acelerar a publicidade e fazer uma separação nítida entre os conteúdos editoriais e comerciais. Uma vez que se trata de um novo mercado, com múltiplas ferramentas à disposição, será necessário zelar de forma ainda mais cuidadosa pelas boas práticas da comunicação (DIAS, 2010, p. 29).

Um terceiro ponto a ser analisado diz respeito às plataformas de suporte das WebTVs. Nascido na internet, esse produto audiovisual é apresentado ao usuário, na maioria das vezes, através de um website com domínio próprio. Porém, a hospedagem dos vídeos nesses websites requerem, também na maioria das vezes, o suporte de outras plataformas. Sobre este tópico, Nunes (2016) coloca:

com a popularização da WebTV, sugiram inúmeras plataformas de suportes para essas hipermídias, sites que oferecem layouts, ferramentas de organização dos vídeos para download e interação do usuário, entre outras possibilidades. Giglio (2010) reforça que os sites Megaupload, Joost, Youtube e JusutinTV estão entre os endereços na web mais procurados na hora de criar uma WebTV. (NUNES, 2016, p. 71)

Sobre as plataformas de suporte, é importante levar em consideração que as WebTVs hospedam os conteúdos audiovisuais nestas plataformas porém publicam estes em seu website de domínio próprio. Essa publicação geralmente é acompanhada de um texto introdutório ou conclusivo, que explica o conteúdo do vídeo, como também de algum outro elemento da multimidialidade, como fotos, áudios ou gráficos. Neste sentido, é importante ressaltar que as plataformas são de fato um suporte. Essa ressalva é necessária pois, caso as WebTVs apenas publicassem seus conteúdos nestas plataformas e não apresentassem uma publicação própria, virariam canais de conteúdo em vídeo. No que diz respeito à apresentação e à funcionalidade da WebTV no website, Dias (2010) aponta características que garantem uma boa organização do produto. Destacamos doze: 1) Presença da área de vídeos na área principal; 2) Presença de vídeos temáticas nas respectivas categorias; 3) Presença de vídeos em artigos como conteúdo relacionado; 4) Categorias temáticas existentes na WebTV; 5) Área de vídeos relacionados; 6) Área de vídeos mais vistos; 7) Área

dos últimos vídeos vistos; 8) Possibilidade de salvar vídeos favoritos; 9) Possibilidade de salvar em redes sociais; 10) Caixa de pesquisa de vídeos; 11) Identificações de vídeos que não sejam da autoria do órgão de comunicação social; 12) Possibilidade de manipular o vídeo, como expandir a tela, possibilidade de controle de som e possibilidade de comentar os vídeos.

Dias (2010) também propõe seis boas práticas a serem seguidas pelas WebTVs. A primeira diz respeito a dar importância para sua própria marca. Ela explica que é importante que os jornalistas que produzem conteúdo para as WebTVs prezem sempre por publicar informações checadas, a fim de garantir a divulgação de informação de qualidade e de zelar pela reputação da marca da WebTV.

A segunda prática proposta por Dias (2010) tem relação com a identificação. Sobre isto, a autora aponta:

dada a possibilidade de partilha e conteúdos que existe na Internet, todos os vídeos deverão ser criados como conteúdo independente. Deverão, por isso, garantir todos os preceitos jornalísticos e disseminação da marca já referidos. Os vídeos jornalísticos deverão ter sempre genérico, título, mosca, ficha técnica e data de produção dentro do próprio vídeo. De salientar ainda que a ficha técnica deverá identificar todos os profissionais intervenientes no vídeo: jornalista, operador de câmara e editor de imagem, não esquecendo ainda uma hiperligação para o site original. (DIAS, 2010, p. 67)

A terceira prática diz respeito à promoção de conteúdos. Este aspecto, de acordo com Dias (2010), leva o receptor a consumir mais vídeos dentro da WebTV. A autora afirma que segmentar os vídeos por temas, apresentar vídeos relacionados, últimos vídeos, sugerir vídeos e dar a possibilidade de busca por conteúdo são ações acertadas para realizar uma boa promoção de conteúdo na WebTV. Além destas, a integração dos vídeos com outros materiais (texto, áudio, vídeos, fotos, gráficos) também é uma ação que resulta em uma promoção de conteúdo de qualidade.

A quarta prática proposta por Dias (2010) aponta para o uso do compartilhamento dos conteúdos publicados nas WebTVs nas redes sociais. Essa ação é benéfica pois expande a visibilidade tanto da marca quanto dos conteúdos da WebTV, e tem como objetivo disseminar o conteúdo o máximo

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possível. Isso está relacionado, também, com a interação do público. Ao permitir o compartilhamento de publicações em outras redes sociais, a WebTV se mostra disposta a deixar seu público usufruir do conteúdo apresentado como quiser. Além do compartilhamento, Dias também abrange, ao discorrer sobre esta quarta prática, a possibilidade dada ao usuário de fazer comentários nas publicações no website da WebTV.

A quinta prática diz respeito ao conteúdo em vídeo fragmentado. Dias (2010) chama os vídeos em fragmentos de “avulsos”. Quando necessário e pertinente, imagens e declarações em vídeo podem ser publicadas de maneira avulsa. Isso permite ao receptor consumir aquele material de maneira mais objetiva, e que vai de acordo com seu interesse pessoal no conteúdo. A autora explica:

dadas as diferentes experiências de utilização que a Internet permite, o utilizador poderá querer ver apenas as declarações de determinado interveniente e não uma reportagem sobre o tema em causa. Porém, este vídeo deverá sempre respeitar as mesmas regras. Não se incluindo no gênero reportagem - porque não discursa como tal - estes vídeos poderão ser considerados conteúdos jornalístico, desde que cumpriam a sua função informativa e sejam devidamente identificados como tal. (DIAS, 2010, p. 68)

A sexta e última boa prática a ser seguida pelas WebTVs proposta por Dias (2010) diz respeito à organização. A autora afirma que organização é a palavra chave para uma WebTV clara e funcional. Essa organização tem como objetivo facilitar a navegação do receptor, fazendo com que o acesso aos conteúdos que lhe interessam seja mais rápido. A organização da WebTV pode se dar a partir da divisão por categorias temáticas, a promoção de um determinado destaque e conteúdos relacionados, ter a possibilidade da escolha de vídeos por atualidade, relacionados, mais vistos e etc, além da possibilidade de pesquisar vídeos diretamente numa caixa de pesquisa (Dias, 2010).

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