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3 WEBJORNALISMO AUDIOVISUAL

3.2 Narrativas básicas e circulação da notícia

Em sua dissertação de mestrado, apresentada em 2005 e denominada O

Webjornalismo Audiovisual: uma análise de notícias no UOL News e na TV UERJ ONline, Leila Nogueira identificou dezesseis estruturas básicas do jornalismo

audiovisual na Internet. A autora baseou essa classificação em dois aspectos: 1) a natureza dos elementos que compõem a mensagem e 2) o envolvimento dos sentidos: visão e audição. Oito delas são simples e oito são complexas (figura 3). A principal diferença entre esses dois grupos se dá a partir da recepção do usuário. O receptor necessita de apenas um sentido para consumir os conteúdos simples, enquanto precisa de dois para fazer o aproveitamento dos materiais presentes no grupo das narrativas complexas.

Dentro da divisão de simples e complexas, há ainda a divisão entre as narrativas Planas, que não apresentam links, e as Navegáveis, consideradas as Hipernarrativas. Sobre a classificação das narrativas, Nogueira (2005) aponta:

quando os dois primeiros elementos [som e imagem] aparecem – combinados ou separados –, sem a presença de um link, a narrativa pode ser identificada como plana, em contraposição à profundidade oferecida pelo recurso do hiperlink. Se mesmo combinados, os elementos demandam apenas um dos sentidos para a compreensão da mensagem, a forma narrativa é classificada como simples. Por outro lado, notamos que as estruturas narrativas tornam-se complexas quando combinam dois desses elementos - texto e som ou imagem e som -, que exigem mais de um sentido, ao mesmo tempo, para a compreensão da mensagem. Além disso, vimos que quando se acrescenta o recurso do hiperlink ao desenvolvimento das estruturas narrativas, temos como resultado as formas navegáveis (NOGUEIRA, 2005, p. 56)

A autora constata que as estruturas narrativas complexas são o resultado do processo multimidiático de produção que caracteriza o Webjornalismo, citado no seção anterior desta pesquisa.

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Figura 3 - Estruturas Narrativas Básicas do Webjornalismo Audiovisual

Fonte: Nogueira, 2005.

No que diz respeito à circulação de notícias audiovisuais no ciberespaço, Nogueira (2005) indica três formas através das quais o Webjornalismo Audiovisual pode se apresentar. São elas a TV aberta em presença online, as WebTVs e os canais de conteúdo em vídeo.

A primeira forma trata dos websites dedicados às emissoras de televisão tradicionais. Esses veículos não nasceram na Internet mas entenderam a importância de conquistar presença online. Os sites das TVs abertas disponibilizam, por meio do Mosaico Digital da Notícia, arquivos on demand para os usuários, geralmente já transmitidos em sua grade convencional na televisão. Outro recurso que as TVs podem utilizar por meio dessa plataforma é a apresentação de um programa ao vivo na televisão e na Internet. Estar presente na Internet faz com que a emissora de televisão tenha a oportunidade de ser reconhecida mundialmente:

desta forma, a imagem da empresa de comunicação se faz presente em um ambiente acessível de qualquer parte do mundo, vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, permitindo a divulgação de informações institucionais – com alcance expandido

– e ainda servindo de alternativa aos horários da grade montada para a televisão. (NOGUEIRA, 2005, p. 89)

Nogueira (2005) ressalta que esta forma de circulação do conteúdo audiovisual jornalístico na Web é apenas um braço econômico das emissoras, que têm a base de seu negócio concentrada na exibição de conteúdos de forma convencional na televisão.

As WebTVs são o produto principal da segunda forma de circulação de notícias no Webjornalismo Audiovisual. A webtelevisão ganha esse nome pois é uma emissora que já nasce na Internet. As WebTVs, ao perceberem que a audiência dos conteúdos audiovisuais na rede ainda era reduzida por causa das questões técnicas, optaram por exibir sua programação também em canais de TV por assinatura. (Nogueira, 2005). Essa plataforma permite que os programas apresentados ao vivo no website fiquem disponibilizados aos receptores de maneira on demand, possibilitando a consulta destes materiais em situações posteriores à primeira divulgação.

No que diz respeito à terceira forma de circulação de notícias no Webjornalismo Audiovisual, os canais de conteúdo em vídeo podem estar divididos em seções temáticas. As seções jornalísticas normalmente procuram explorar as formas de interatividade oferecidas pelo ciberespaço e propõem configurações diferenciadas para a notícia audiovisual (NOGUEIRA, 2005). Sobre esta categoria, a autora aponta:

os canais podem estar associados a grandes conglomerados de comunicação, mas, a única maneira de ter acesso ao conteúdo audiovisual produzido é através do ciberespaço. Existe, ainda, a possibilidade de acessar programas anteriores disponíveis on-line. (NOGUEIRA, 2005, p. 90)

Nogueira entende esta categoria como a que apresenta o maior número de elementos capazes de contribuir para o desenvolvimento de uma linguagem própria dos conteúdos jornalísticos audiovisuais no ciberespaço.

Como o objeto de estudo desta pesquisa são WebTVs, no próximo tópico deste capítulo exploraremos mais a fundo o produto principal da segunda forma de circulação de notícias audiovisuais na Internet, proposta por Nogueira em 2005.

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Quadro-resumo 3 - Formas de circulação das notícias no Webjornalismo Audiovisual segundo Nogueira (2005)

PRIMEIRA Abrange os websites dedicados às

emissoras de televisão tradicionais. Esses veículos não nasceram na Internet mas entenderam a importância de conquistar presença online. Os sites das TVs abertas disponibiliza, por meio do Mosaico Digital da Notícia, arquivos on demand para os

usuários, geralmente já transmitidos em sua grade convencional na televisão. Outro recurso que as TVs podem utilizar por meio dessa plataforma é a apresentação de um programa ao vivo na televisão e na internet.

SEGUNDA Tem a WebTV como principal produto. Essa

plataforma permite que os programas apresentados ao vivo no website fiquem disponibilizados aos receptores de maneira

on demand*, possibilitar a consulta destes

materiais posterior à primeira divulgação.

TERCEIRA Os canais de conteúdo em vídeo podem

estar divididos em seções temáticas. As seções jornalísticas normalmente procuram explorar as formas de interatividade

oferecidas pelo ciberespaço e propõem configurações diferenciadas para a notícia audiovisual (Nogueira, 2005). Essa é a forma que apresenta o maior número de elementos capazes de contribuir para o desenvolvimento de uma linguagem própria dos conteúdos jornalísticos audiovisuais no ciberespaço.

Fonte: a autora, 2020.

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