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Gestão ambiental na construção civil em Águas Claras-DF : práticas, constrangimentos e cenários

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Academic year: 2017

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GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM ÁGUAS CLARAS – DF: PRÁTICAS, CONSTRANGIMENTOS E CENÁRIOS

Dissertação apresentada do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. Genebaldo Freire Dias

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Dissertação de autoria de Michelle Lemos Ferreira de Sá, intitulada “GESTÃO AMBIENTAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL EM ÁGUAS CLARAS – DF: PRÁTICAS, CONSTRANGIMENTOS E CENÁRIOS”, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília, em 28 de julho de 2011, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

_________________________________________________ Genebaldo Freire Dias

Orientador

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental - UCB

_________________________________________________ Lara Steil

Examinadora Externa

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Hidráulica e Saneamento - USP

_________________________________________________ Perseu Fernando dos Santos

Examinador Interno

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental - UCB

_________________________________________________ Douglas José da Silva

Suplente

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À DEUS, pela minha vida, minha saúde, e por me presentear com a realização deste sonho. Aos meus pais, Nivaldo e Cida, pelo amor incondicional, pelas lições de vida e valores a mim transmitidos desde cedo, por estarem sempre ao meu lado, e pela dedicação incessante à minha formação.

Ao meu esposo, Alex, pelo investimento e providência dos recursos necessários à realização deste curso.

Ao Prof. Dr. Genebaldo Freire Dias, minha admiração pela orientação segura deste trabalho, pela confiança, respeito, dedicação, aprendizado e estímulos dados nos momentos mais difíceis.

Aos profissionais do setor da construção civil que participaram das entrevistas desta pesquisa, fornecendo preciosas informações, fundamentais para o alcance dos resultados almejados. Aos professores e colegas do PPGPGA, pela amizade, ensinamentos, experiências (e até alegrias e tristezas) compartilhados ao longo do curso.

Aos colaboradores do PPGPGA, em especial à Noemi e ao Márcio, pela paciência e atenção que dispensaram-me ao longo da elaboração deste trabalho.

Aos amados irmãos da Igreja Batista Central de Taguatinga (IBCT) e às amigas do Grupo de Intercessão Feminina (GRIFE), pelas orações durante todo o tempo em que me dediquei a este trabalho e, em especial, pelas valiosas contribuições dadas para a realização desta pesquisa, na fase do levantamento de dados nos edifícios.

Ao amigo Dalmo Rodrigues, pelo auxílio na construção do instrumento de avaliação quantitativa e disponibilização dados e imagens essenciais à este trabalho.

Às amigas Daniela Furtado, Gilcilene Vaz, Luana Olinda e Suéllen Vieira, pela amizade sincera, apoiadora e pelos estímulos nos momentos difíceis.

À todos os colegas (conhecidos e desconhecidos) que participaram direta ou indiretamente do levantamento de dados nas edificações residenciais da cidade de Águas Claras.

À colega Denise Prado, pela cordialidade, atenção e colaboração quanto à impressão de documentos relacionados à pesquisa.

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SÁ, Michelle Lemos F. de. Gestão Ambiental na Construção Civil em Águas Claras - DF: Práticas, Constrangimentos e Cenários. 188 f. Dissertação de Mestrado em Planejamento e Gestão Ambiental – Universidade Católica de Brasília (UCB), Brasília/DF, 2011.

O ambiente atual em que as empresas operam tem presenciado o surgimento de novos papéis que devem ser desempenhados como resultado de alterações nas percepções e ideologias de nossa sociedade. A integração da variável ambiental torna-se desafiadora para as empresas responsáveis por serem responsabilizadas por grande parcela da degradação ambiental que se testemunha. Dessa forma, crescem as pressões para um posicionamento mais adequado e responsável por parte das organizações, no sentido de minimizar os impactos negativos que suas atividades causam ao meio ambiente e de elevar a capacidade de desenvolvimento sustentável em seus negócios. Uma vez que a gestão ambiental é uma temática desafiadora, ela demanda uma reorganização do trabalho que favoreça sua operacionalização, mediante novas estratégias de gestão ambiental ligadas às suas práticas corporativas. Esta realidade pode representar uma tendência a que o sistema industrial estaria a se reformar do ponto de vista ecológico, incorporando a variável ambiental em suas decisões sobre a adoção de novos processos que tornariam compatíveis as atividades produtivas com a preservação do meio ambiente. Assim, o objetivo geral desta pesquisa é investigar se as empresas de construção civil do Distrito Federal incorporam a gestão ambiental no metabolismo dos seus processos, práticas e estratégias de gestão. A partir daí, como objetivos específicos: a) registrar e caracterizar quais as práticas ambientalmente corretas são implementadas pelas empresas; b) naquelas que não as realizam, compreender os motivos que as levam a não empreenderem ações para atender a essa nova e crescente demanda socioambiental e; c) descrever as conseqüências para o meio ambiente e para a sociedade, da não adoção das práticas ambientais em suas atividades. Numa visão primária, percebe-se que os valores ambientalistas estão presentes no discurso de muitas dessas empresas, se não de todas. Por isso, para propiciar o objeto desta investigação foi necessário a realização de pesquisas exploratórias de campo. A percepção das estratégias e práticas nessas corporações construiu o contexto desta produção científica, o eixo temático, o problema investigado e o caminho metodológico utilizado. A pesquisa é de base qualitativa e quantitativa. A população amostral convidada a participar da pesquisa constituiu-se de 20 (vinte) empresas de construção civil com alta representatividade no que se refere ao número de edificações residenciais (acabadas ou em execução), no bairro Águas Claras – Distrito Federal, foco do estudo. O levantamento de dados foi realizado em duas fases: a primeira, qualitativa, a partir de entrevistas semi-estruturadas realizadas com gestores das organizações selecionadas, e pela observação dos ambientes onde ocorriam as entrevistas; a segunda, quantitativa, a partir de um questionário com questões fechadas, aplicado a moradores ou funcionários de edifícios residenciais localizados na área do estudo. Assim, ao final do trabalho a autora concluiu que 65% das empresas pesquisadas ainda não incorporaram as recomendações ambientais direcionadas ao setor da construção civil, e portanto, apresenta as consequências estimadas à sociedade e ao meio ambiente, da não incorporação dessas políticas, seguindo ainda de algumas recomendações às construtoras/incorporadoras, baseadas nos resultados do estudo e em pesquisas científicas, nacionais e internacionais, acerca das práticas sustentáveis já empreendidas no setor.

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The current environment in which companies operate has generated new roles to be played due to changes in societies‟ perceptions and ideologies. Integration of the environment variable has become a challenge to companies, which are held responsible for a large part of environmental degradation that is occurring. Pressure is, thus, increasing for organizations to position themselves in a more adequate and responsible manner, to minimize the negative environmental impact that their activities are causing, and to increase their capacity for Sustainable Development. Environmental management is a challenging issue and demands reorganization of the tasks, which favor its operating procedures, by means of new environmental management strategies related to its corporative practices. This may represent a tendency occurring in the industrial system - a renewal from an ecological point of view - incorporating the environment variable in their decisions about new processes that would make production activities more compatible with environmental preservation. Thus, the main objective of this research study is to explore whether or not the construction companies in the Federal District have incorporated the environmental management element into their management processes, practices, and strategies. The more specific objectives are: a) to record and characterize the environmentally correct practices that are being implemented by the companies; b) for companies that do not have these practices, to discover why they do not implement them to meet this new and increasing socio environmental demand; and, c) to describe the consequences, on the environment and for society, if environmental practices and activities are not adopted. At first glance it seems that environmental values are present in the discourse of many, if not all, of these companies. Therefore, to meet the first objective of this study, it was necessary to perform exploratory field research. This study‟s context, main focus, problem investigated, and methodological approach were based on the companies‟ strategies and practices. Both qualitative and quantitative methodologies were used. The sample population invited to participate in this study consisted of 20 construction companies with greater numbers of residential buildings (completed or under construction) in the residential area of Águas Claras in the Distrito Federal (Brazil), where this study was carried out. Data were collected in two stages: the first, qualitative, from semi-structured interviews with high level managers in the organizations selected, and by observation of the environments where the interviews occurred; the second, quantitative, from a closed question questionnaire administered to residents or employees of residential buildings located in the area researched.

The results showed that 65% of companies surveyedhave not still incorporated the environmental recommendations directed tothe construction industry, and therefore, the author presents the estimated consequences, to society and the environment, of the not incorporating these environmental policies. This is followed by recommendations to builders/developers, based on the results of this and other national and international studies focusing on sustainable practices that have been carried out in this sector, which show a true sustainable development.

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1.1. Problemas ... 1.2. Objetivo Geral ... 1.3. Objetivos Específicos ... 1.4. Justificativa ... 2. EVOLUÇÃO DA POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL ... 3. A QUESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES ... 4. AS PRÁTICAS AMBIENTAIS RECOMENDADAS PARA AS EMPRESAS ... 5. AS INFLUÊNCIAS DAS ATIVIDADES DE CONSTRUÇÃO CIVIL NO MEIOAMBIENTE... 6. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ...

6.1. Metodologias Associadas à Medição de Sustentabilidade ... 7. A SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL ...

7.1. A História das Edificações Sustentáveis ... 7.2. O Projeto Arquitetônico e a Sustentabilidade ... 7.3. A Produção de Edificações Sustentáveis ... 7.4. Materiais e Produtos Utilizados em Edificações Sustentáveis ... 7.5. Técnicas Utilizadas em Edificações Sustentáveis ... 7.6. Gerenciamento de Resíduos em Edificações Sustentáveis ... 7.7. Os Custos das Edificações Sustentáveis ... 7.8. Exemplos de Edificações Sustentáveis ... 8. POSSIBILIDADES DE REFERÊNCIAS BRASILEIRAS PARA A PRÁTICA DASUSTENTAVILIDADE NO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL ... 8.1. Guia de Sustentabilidade na Construção: a iniciativa de Minas Gerais ... 8.2. Manual de Sustentabilidade: a iniciativa do Distrito Federal ... 9. A NORMALIZAÇÃO AMBIETAL PARA O SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL... 10. OS SISTEMAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E CERTIFICAÇÃO

DEEDIFICAÇÕES SUSTENTÁVEIS ... 11. A IMPORTÂNCIA DOS INDICADORES DE DESEMPENHO AMBIENTAL

PARAO SISTEMA DE GESTÃO... 11.1. As características dos indicadores de desempenho ... 11.2. Os principais indicadores de desempenho ambiental ... 12. A CIDADE DE ÁGUAS CLARAS – DISTRITO FEDERAL ... 13. MATERIAIS E MÉTODOS ...

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Figura 1 – Iglú: um exemplo de construção sustentável ... Figura 2 – Técnicas utilizadas em edifícios sustentáveis ... Figura 3 – Sistema básico de aquecedor solar ... Figura 4 – Sistema de cobertura verde inclinada ... Figura 5 – Sistema de cobertura verde plana ... Figura 6 – Materiais/técnicas utilizados em edifícios residenciais sustentáveis ... Figura 7 – As construções sustentáveis do Bed Zed ... Figura 8 – Torre Strata SE1 ... Figura 9 – Condomínio Príncipe de Greenfied ... Figura 10 – Condomínio Uptown ... Figura 11 – Ferramenta para análise e priorização de ações práticas ... Figura 12 – Funcionamento do PURA ... Figura 13 – Programa de conservação de água em edificações novas ... Figura 14 – A cidade de Águas Claras vista da estação central do metrô ... Figura 15 – Mapa das Regiões Administrativas do DF ... Figura 16 – Mapa da RA XX ... Figura 17 – Mapa de localização das vias de acesso à Águas Claras e cidades vizinhas. Figura 18 – Mapa Geral de Águas Claras ... Figura 19 – Ocupação de Lotes em Águas Claras ...

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Quadro 1: Família de normas NBR ISO 14000 ... Quadro 2: Pegada Ecológica, Biocapacidade e Déficit/Superávit Ecológico ... Quadro 3: Estimativa de geração de Resíduos da Construção e Demolição - RCD (ton/dia) ... Quadro 4: Destinação Final do RCD (ton/dia) ... Quadro 5A: Plano Integrado de Gerenciamento dos Resíduos da Construção e Volumosos (Proposta para o Distrito Federal) ... Quadro 5B: Plano Integrado de Gerenciamento dos Resíduos da Construção e Volumosos (Proposta para o Distrito Federal) ... Quadro 5C: Plano Integrado de Gerenciamento dos Resíduos da Construção e Volumosos (Proposta para o Distrito Federal) ... Quadro 5D: Plano Integrado de Gerenciamento dos Resíduos da Construção (Propostaa para o Distrito Federal) ... Quadro 6: Sistema de Avaliação e Classificação de Desempenho Ambiental de Edifícios... Quadro 7: Indicadores identificados no requisito Política Ambiental ... Quadro 8: Indicadores identificados no requisito Requisitos Legais e Outros ... Quadro 9: Indicadores identificados no requisito Objetivos, Metas e Programas ... Quadro 10: Indicadores identificados no requisito Recursos, Funções, Responsabili-dades e AutoriResponsabili-dades ... Quadro 11: Indicadores identificados no requisito Competência, Treinamento e Conscientização ... Quadro 12: Indicadores identificados no requisito Comunicação ... Quadro 13: Indicadores identificados no requisito Preparação e Resposta a Emergências ... Quadro 14: Indicadores identificados no requisito Avaliação dos Requisitos Legais e Outros ... Quadro 15: Indicadores identificados no requisito Não Conformidade, Ação Corretiva e Ação Preventiva ... Quadro 16: Indicadores identificados no requisito Aspectos Ambientais ... Quadro 17: Indicadores identificados no requisito Controle Operacional ... Quadro 18: Indicadores identificados no requisito Monitoramento e Medição ... Quadro 19: Domicílios ocupados, segundo o tipo - Águas Claras/DF – 2004 ... Quadro 20: Domicílios ocupados, por bairro, segundo o tipo - Águas Claras/DF, 2010/2011 ... Quadro 21: Faixa etária das construtoras/incorporadoras ...

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Quadro 25: Índice de perdas e desperdício de materiais de construção ... Quadro 26: Ações preventivas relacionadas a perdas e desperdícios ... Quadro 27: Quantidade média de geração de RCC ... Quadro 28: Práticas sustentáveis que podem ser vistas nas edificações ... Quadro 29: Principais dificuldades para a implementação de práticas sustentáveis ... Quadro 30: Demonstrativo de Resultados dos Questionários ... Quadro 31: Percentual da percepção e do grau de incômodo dos moradores de Águas Claras sobre o ruído das atividades de construção ... Quadro 32: Percentual da percepção e do grau de incômodo dos moradores de Águas Claras sobre o ruído do tráfego rodoviário ... Quadro 33: Percentual de atividades perturbadas na residência por ruído proveniente da fonte ...

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1. INTRODUÇÃO

De acordo com as contribuições do Grupo de Trabalho I para o Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima - IPCC (2007), “as mudanças na quantidade de gases de efeito estufa e aerossóis da atmosfera, na radiação solar e nas propriedades da superfície terrestre alteram o equilíbrio energético do sistema climático. Essas mudanças são expressas em termos do forçamento radiativo1, que é usado para comparar a forma como os fatores humanos e naturais provocam o aquecimento ou o esfriamento do clima global”.

Desta forma, impactos derivados das mudanças da temperatura global média, tornam-se,a cada dia, mais intensos e perceptíveis aos olhos humanos. Todavia, os últimos estudos, como o próprio Relatório do IPCC (2007), revelam que esses impactos poderão variar bruscamente em função da amplitude da adaptação, do ritmo de mudança da temperatura e da trajetória socioeconômica das nações.

Eis alguns exemplos decorrentes das mudanças climáticas global:

a) Água:

Aumento da disponibilidade de água nos trópicos úmidos e nas altas latitudes.

Redução da disponibilidade de água e aumento das secas nas latitudes médias e nas latitudes baixas semi-áridas.

Centenas de milhões de pessoas expostas ao aumento da escassez de água.

b) Energia:

Redução do potencial de geração hidrelétrica.

Aumento da demanda de energia para aquecimento e refrigeração.

c) Ecossistemas: 1 O

forçamento radiativo é uma medida da influência de um fator na alteração do equilíbrio da energia que entra

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Até 30% das espécies animais correndo risco crescente de extinção. Redução e extinção de espécies vegetais.

Aumento das alterações da distribuição das espécies.

Aumento do branqueamento e mortalidade generalizada dos corais. Aumento do risco de incêndios florestais.

Aumento de desastres ambientais (furacões, ciclones, tornados, terremotos, enchentes etc).

d) Alimentos:

Aumento dos custos com proteção costeira e outras infra-estruturas urbanas e industriais.

Aumento da salinização e desertificação das terras agrícolas. Redução da produção de alimentos.

Extinção da produção de certos alimentos agrícolas.

e) Litoral:

Aumento dos danos decorrentes de inundações e tempestades. Milhões de pessoas atingidas por inundações litorâneas a cada ano. Perda de cerca de 30% das terras úmidas litorâneas do globo.

f) Saúde:

Aumento do ônus decorrente da má alimentação, da higiene deficitária e da poluição do ar e da água (desnutrição, diarréia, doenças cardiorrespiratórias e infecciosas).

Aumento da morbidade e da mortalidade resultantes de ondas de calor; geadas e nevascas rigorosas; inundações e secas.

Alteração da distribuição de alguns vetores de doenças. Aumento de epidemias.

Ônus substancial nos serviços de saúde.

g) Sócioeconômico:

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Aumento da pobreza.

Diminuição da qualidade de vida das pessoas. Extinção de habitats e cidades.

Um avanço importante feito em estudos anteriores, como o do III RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DO IPCC, foi a conclusão dos estudos de impactos para uma série de diferentes trajetórias de desenvolvimento, levando-se em conta não apenas a mudança do clima projetada, mas também as projeções das mudanças sociais e econômicas. Esses estudos mostram que os impactos projetados da mudança do clima podem variar bastante em razão da trajetória de desenvolvimento adotada.

O desenvolvimento sustentável pode reduzir a vulnerabilidade à mudança do clima, a partir do aumento da capacidade de adaptação e de resiliência. Na atualidade, contudo, poucos planos de promoção da sustentabilidade prevêem explicitamente a adaptação aos impactos da mudança do clima ou a promoção da capacidade de adaptação da sociedade e das instituições.

Assim sendo, diversas ações vêm sendo desenvolvidas em todo o mundo, na tentativa de garantir a sobrevivência na Terra para as gerações futuras.

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No cenário empresarial, a rotulagem ambiental, selos verdes, mercado verde, certificações ambientais, legislações ambientais, sistemas de gestão ambiental, empresas de reciclagem, dentre vários outros, são exemplos dos resultados dos movimentos ambientalistas que começam a ser notados no cenário social. O que todas essas ações, quando legítimas, possuem em comum é o resultado de uma transformação no modo como a sociedade percebe e utiliza os recursos do meio ambiente.

Aquela velha concepção de que os recursos são inesgotáveis, hoje já não é posta em discussão em algumas nações (mesmo poucas, quando comparadas número total de nações), que já encaram-a como um fato concreto e indiscutível (os recursos são finitos e estão cada vez mais escassos), ou seja, há um movimento social dessa sociedade que visa garantir a vida de futuras gerações, deter a depredação ambiental, implementar ações que promovam tanto o desenvolvimento sustentável, como a capacidade de adaptação e o bem-estar social.

Por outro lado, infelizmente esta ainda não é uma realidade na maioria dos países do mundo. O tratamento convicto das questões ambientais ainda é recente e encarado não exatamente como resultado de uma plena consciência ambiental, mas resultado de ações proativas que visam, acima de tudo, garantir tanto os insumos necessários à manutenção das atividades industriais, como o lucro a qualquer custo.

Assim, ocorrem dois movimentos que, embora por motivos contraditórios, convergem para o desenvolvimento de ações a favor da preservação ambiental.

De um lado, há empresários visando garantir insumos para suas indústrias nas próximas décadas, principalmente a água e os recursos naturais e motivados por esta razão, sentem-se obrigados a repensar suas estratégias e inovar seus processos produtivos, agregado a eles princípios ambientalmente corretos.

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ANDRADE, TACHIZAWA e CARVALHO (2004) destacam que esse estarrecimento de parte da sociedade começou a gerar movimentos sociais visavam atuar em três frentes: (i)começaram a pressionar as empresas para desenvolver ações de gestão ambiental; (ii)pressionar os Estados para o desenvolvimento de legislações específicas para o meio ambiente; e ainda, (iii)mudar o perfil dos consumidores, que, nos países ricos, estão dispostos a pagar mais por produtos que não destruam o meio ambiente. Assim, produtos com certificações ambientais2 de empresas cidadãs passaram a ser preferidos por uma parcela crescente de consumidores.

Esse número vem crescendo significativamente, causando um impacto no planejamento e nas organizações, que se vêem obrigadas a adequarem-se para atender à novas legislações, às exigências do mercado e às pressões sociais. Assim, sistemas de gestão ambiental passam a ser implantados e, principalmente divulgados, pois se constituem como fator indispensável para a construção de uma nova imagem institucional, que influencia e atrai consumidores ecologicamente conscientes.

Todavia, estas pressões se refletem em novas demandas, cujo atendimento depende da geração de inovações. As inovações deixariam de ser puramente orientadas para resultados econômicos e passariam a incorporar os limites impostos pela sociedade e pelo meio ambiente, considerando também as gerações futuras. Isto faz com que a geração de inovações torne-se mais complexa, pela existência de um maior número de stakeholders (partes interessadas) envolvidos, e mais ambígua, pois os stakeholders podem apresentar interesses conflitantes, como já vimos (HALL, VREDENBURG, 2003).

FREEMAN (1984) classifica os grupos de interesses como:

a) Stakeholders primários são aqueles que influenciam diretamente os negócios das empresas – acionistas, sócios, empregados, fornecedores, clientes, população residente na área de atuação da empresa, ambiente natural, a espécie humana e as futuras gerações;

2Segundo Barbieri (2007), entende-se por certificação ambiental o procedimento pela qual uma terceira parte dá

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b) Stakeholders secundários são aqueles que são indiretamente afetados, indiretamente influenciam a corporação e não estão diretamente engajados nas suas transações. Como exemplo, temos a imprensa e os grupos de pressão.

Tudo isso, eleva a possibilidade de conscientização das pessoas, e consequentemente, da exigência delas acerca da mudança de posturas e do cumprimento das políticas ambientais, para todos os níveis e setores da sociedade. Poderíamos continuar enumerando uma lista quase interminável de indicadores de que o modo como a sociedade vem lidando com o meio ambiente não atende às expectativas de sobrevivência no e do planeta.

Entretanto, vale ressaltar que, mesmo sem nenhum apoio ou incentivo governamental, há muitas empresas, inclusive no Brasil, que se dispuseram a enfrentar mudanças mais profundas em sua cultura, e tiveram a oportunidade de adotar um novo paradigma edificado sobre os valores da sustentabilidade, que integram genuinamente a prosperidade econômica, a gestão ambiental e a responsabilidade social. Hoje, são consideradas como referências pela postura e seriedade com que conduzem suas políticas, e como participam do processo de convencimento e de influência dos efeitos da educação ambiental e das práticas sustentáveis, com a parceria de seus colaboradores, junto às comunidades, aos fornecedores, a outras organizações e às esferas políticas.

Verifica-se, então, que em função dessa crescente preocupação em relação à variável ambiental, as organizações do ramo de construção civil do Distrito Federal, do Brasil e do mundo, necessitam responder a esse anseio, seja através da simples vigilância dos cenários para prevenir-se das ameaças e investir nas oportunidades existentes e futuras, seja através do gerenciamento das práticas corporativas de sustentabilidade.

1.1. Problemas

As empresas de construção civil do Distrito Federal, na amostragem do bairro de Águas Claras, incorporam as recomendações ambientais direcionadas ao setor?

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1.2. Objetivo Geral

Investigar se as empresas de construção civil do Distrito Federal incorporam a gestão ambiental no metabolismo de suas estratégias, processos e práticas de gestão.

1.3. Objetivos Específicos

a) Registrar quais as práticas ambientalmente corretas são implantadas pelas empresas.

b) Naquelas que não as realizam, compreender os motivos que as levam a não empreenderem ações para atender a essa nova e crescente demanda socioambiental e de mercado.

c) Descrever as consequências para a sociedade e para o meio ambiente, da não-adoção das práticas ambientais em suas atividades.

1.4. Justificativa

Desde os anos 1960, as empresas estão reavaliando as formas de gerir os problemas ambientais e desenvolvendo novas estratégias para lidar com seus desafios. Na década de 1970, as corporações viam sua relação com o meio ambiente como uma ameaça externa à lucratividade e às práticas empresariais estabelecidas (HOFFMAN, 2000).

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Muitas organizações, ao obterem boa performance ambiental associada à boa gestão operacional, baixo risco financeiro e boas perspectivas de sucesso econômico futuro, começam a influenciar as normas e práticas corporativas e transformam o ambientalismo, de algo externo, para algo que está no interior do sistema de mercado e que é central para os objetivos das organizações.

Mas ao longo das três décadas, com a redefinição do papel do Estado, o fortalecimento das modernas ONG‟s ambientalistas, as batalhas judiciais e legislativas em torno do meio ambiente e uma crescente atenção da opinião pública com relação ao tema, aconteceu um amplo processo de mudança institucional, que teria dado origem ao chamado ambientalismo empresarial (ABRAMOVAY, 2007a), movimento pelo qual o meio ambiente tornou-se um componente importante na dinâmica das empresas.

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2. EVOLUÇÃO DA POLÍTICA AMBIENTAL NO BRASIL

De acordo com DIAS (2006), a mola propulsora dos movimentos ambientalistas no Brasil, quando ainda não tínhamos nem mesmo uma legislação ambiental, como a maioria dos países, foi articulada com a criação, em abril de 1971, da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN).

Em 1972 ocorreu o evento mais decisivo para a evolução da abordagem ambiental no mundo, a “Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano”, ou, “Conferência de Estocolmo”, como ficou consagrada, promovida na Suécia, pela Organização das Nações Unidas, reunindo representantes de 113 países com o objetivo de estabelecer uma visão global e princípios comuns que servissem de inspiração e orientação à humanidade, para preservação e melhoria do ambiente humano.

Para ANDRADE, TACHIZAWA e CARVALHO (2004), a principal consequência da participação brasileira na Conferência de Estocolmo foi institucionalizar autoridade em nível federal, orientada para a preservação ambiental no país, criando a Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA), em outubro de 1973.

A partir de 1975, órgãos ambientais foram criados nos diversos estados, e começaram a surgir legislações e regulamentações específicas de controle ambiental nos planos federais, estaduais e municipais. Na década de 1980, os gastos com proteção ambiental começaram a ser vistos pelas empresas líderes, não primordialmente como custos, mas como investimentos no futuro e como vantagem competitiva. De atitude defensiva e reativa, os dirigentes das organizações começaram a quebrar paradigmas para adotarem atitudes proativas e criativas, a fim de lidar com a questão ambiental (DIAS, 2006).

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diversas entidades, tanto públicas quanto privadas, encararam a Lei e seus efeitos como uma ameaça aos seus interesses.

Em 1989, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) foi criado, com a finalidade de formular, coordenar e executar a Política Nacional do Meio Ambiente. Ao órgão competia-lhe a preservação, a conservação, o fomento e o controle dos recursos naturais renováveis, a proteção dos bancos genéticos da flora e da fauna, e o estímulo à gestão ambiental nas suas diferentes formas. Em todas essas ações deveriam contemplar os recursos naturais de todo o território brasileiro.

Entretanto, a gestão do meio ambiente no Brasil, ainda caracteriza-se pela desarticulação e desinteresse dos diferentes organismos envolvidos, pela falta de coordenação e pela escassez de recursos financeiros e humanos destinados para o gerenciamento das questões relativas ao meio ambiente.

Essa situação decorre de diferentes estratégias adotadas em relação à questão ambiental no contexto do desenvolvimento econômico do Brasil, como enfatiza MONTEIRO (1981) ao afirmar que a economia brasileira, desde os tempos coloniais, caracterizou-se historicamente por ciclos que enfatizavam a exploração de determinados recursos naturais, sem a preocupação com conservação e o controle dos mesmos.

De acordo com MONOSOWSKI (1999), as estratégias de desenvolvimento adotadas desde os anos 50 também assumem essas mesmas características, ao privilegiar o crescimento econômico de curto prazo, mediante a modernização maciça e acelerada dos meios de produção. A industrialização, a implantação de grandes projetos de infra-estrutura e a exploração de recursos minerais e agropecuários para fins de exportação, fazem parte das estratégias que têm produzido importantes impactos negativos no meio ambiente. Isso tudo, aliado ao acelerado processo de urbanização que ocorreu nas grandes cidades, causou profunda degradação do ambiente urbano.

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3. A QUESTÃO AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES

As organizações passaram a sofrer, de forma intensa, pressões que até o início da década de 1970 eram inimagináveis. O lucro continuou sendo o objetivo de todas elas, mas, em muitos países, as que continuaram lucrando sem demonstrar preocupações com o meio ambiente receberam sanções dos poderes constituídos e da própria sociedade que adquire bens ou contratam seus serviços.

Pode-se considerar três razões básicas para que as empresas passem a melhorar sua performance ambiental: primeiro, o regime regulatório internacional obedece e cumpre às exigências crescentes em relação à proteção ambiental; segundo, o mercado estaria alterando sua compreensão sobre as questões ambientais, tanto em relação aos fatores competitivos quanto aos de produtos; e terceiro, o conhecimento ambiental por parte dos atores sociais estaria mudando, em virtude da divulgação das crescentes descobertas científicas e das consequências dos danos ambientais, além da pressão feita pelos consumidores (ROSEN, 2001).

Assim, em virtude dessas três razões citadas acima, ainda segundo o autor, os principais elementos que estão condicionando as organizações quanto à gestão ambiental empresarial são: (i) pressão das regulamentações; (ii) busca de melhor reputação; (iii) pressão de acionistas, investidores e bancos para que as empresas reduzam o seu risco ambiental; (iv) pressão de consumidores;(vi)concorrência; e (vii) manutenção e sobrevivência da empresa no mercado.

É natural, portanto, que a intensa regulamentação imponha sobre as organizações uma pressão muitas vezes maior do que outros fatores, sobretudo quando se analisam aquelas com alto índice de poluição. O fato de o meio ambiente ter sido considerado um recurso abundante e classificado na categoria de bens livres, daqueles bens para os quais não há necessidade de trabalho para a sua obtenção, dificultou-se o estabelecimento de certo critério em sua utilização. Ainda tornou disseminada a poluição ambiental, que passou a afetar a totalidade da população, por meio de uma apropriação socialmente indevida do ar, da água e do solo (DONAIRE, 1999).

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apesar de se ressaltar as oportunidades estratégicas que a gestão ambiental oferece às empresas (como a redução de custos e a diferenciação de produtos), PORTER e VAN DER LINDE (1995) ressaltam que as regulamentações são necessárias, dentre outras razões:

“Por criarem pressões que motivam as empresas a inovar; por alertar e educar as empresas acerca da provável ineficiência no uso de recursos e áreas potenciais para melhoramentos tecnológicos; por criar demandas para melhoramentos ambientais, e por evitar que empresas que sejam ambientalmente irresponsáveis, e ao invés disso, possam também obter vantagens competitivas em função disso”.

As transformações ocorridas no mundo e as pressões no âmbito das organizações, uma nova ferramenta surgiu e ampliou os subsistemas da Administração de Empresas: a gestão ambiental. Esta foi considerada uma das mais poderosas ferramentas de qualidade, excelência e gestão da imagem para uma instituição, não só por sustentar parte da responsabilidade da organização perante a sociedade, como também por ser um fator crítico de competitividade.

Outra força exógena é a Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável, criada com princípios relativos à gestão do ambiente, e que representa para as organizações aspectos davital importância do desenvolvimento sustentável. Ela foi oficialmente divulgada em 1991, por ocasião da Conferência Mundial da Indústria sobre Gestão do Ambiente (WICEM II):

“A Carta Empresarial considera que as organizações versáteis, dinâmicas, ágeis e lucrativas devem ser a força impulsora do desenvolvimento econômico sustentável, assim como a fonte da capacidade de gestão e dos recursos técnicos e financeiros, indispensáveis à resolução dos desafios ambientais. Segundo a Carta Empresarial, as organizações necessitam partilhar do entendimento de que deve haver um objetivo comum, e não um conflito, entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental, tanto para o momento presente como para as gerações futuras” (Andrade; Tachizawa; Carvalho, 2004, p. 31).

Segundo MASANET-LLODRA (2006), há uma tendência, ainda muito discreta, de preservação ambiental de parte das organizações, que deve continuar de forma permanente e definitiva, uma vez que os resultados econômicos passam a depender cada vez mais de decisões empresariais que levem em conta:

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clientes e comunidades em geral passam a valorizar cada vez mais a proteção do meio ambiente;

a demanda e, portanto, o faturamento das empresas passam a sofrer cada vez mais pressões e a depender diretamente do comportamento de consumidores que enfatizarão suas preferências por produtos e organizações ecologicamente corretos.

O cenário empresarial mundial direcionado a um ambientalismo que prioriza cada vez mais a auto-sustentabilidade, pressiona as organizações. Elas, mesmo a reboque dos obstáculos jurídico-legais, acuadas por pressões dos consumidores, tendem cada vez mais à práticas de ações proativas, com o objetivo de saírem do paradigma do extrativismo desenfreado e assumirem o novo paradigma do desenvolvimento sustentável.

Vários são os mecanismos adotados pelas organizações para que a sustentabilidade ambiental seja compatibilizada com a competitividade imposta pelo modelo de produção econômica, oriundos de pesquisas e de transformações internas acerca do gerenciamento dos recursos humanos, materiais, financeiros e, por fim, da gestão ambiental.

Esta última, conforme ANDRADE, TACHIZAWA e CARVALHO (2004), deve ser compreendida como um processo cíclico, incessante e ajustável, no qual uma instituição estabelece (e reavalia constantemente) seus objetivos e metas relativos à preservação do meio ambiente e à proteção da saúde, segurança e qualidade de vida de seus empregados, clientes e sociedade, assim como seleciona as estratégias e meios para atingir esses objetivos ao longo do tempo, por meio da constante interação entre seus ambientes interno e externo.

“Para efeito metodológico, propõe-se que esse entendimento sobre a gestão ambiental seja ampliado com a incorporação das atividades de controle estratégico das variáveis internas e externas, e com a utilização, inclusive, de indicadores de gestão, de qualidade e de desempenho, bem como as decisões de ajustes e realinhamento das ações internas da organização em face das mudanças ambientais ocorridas” (Andrade; Tachizawa; Carvalho, 2004, p. 113).

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Uma organização deve procurar adotar uma visão sistêmica, global e abrangente, que possibilite visualizar o início, o meio e o fim do processo, ou seja, as inter-relações entre recursos captados e valores por elas obtidos.

O enfoque sistêmico abrange as operações, a gestão ambiental, a gestão estratégica e o meio ambiente. Ele encara a instituição como um macrossistema aberto que interage com o meio ambiente, como um processo que procura converter recursos, em produtos, bens e serviços, em consonância com o modelo de gestão, missão, crenças e valores corporativos.

O governo poder exercer também um papel importantíssimo no processo de conscientização sobre os custos ambientais e na condução rumo às mudanças comportamentais significativas e favoráveis à solidificação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA), que tem interferido no mercado para compensar as falhas e proteger o meio ambiente.

Há também outro instrumento de comando e controle, a serviço de uma política ambiental, utilizado pelo governo com a finalidade de combater os efeitos de degradação do meio ambiente mediante o uso do poder de polícia do Estado. Os principais mecanismos da abordagem de comando e controle são as normas e padrões, e as licenças e permissões. Dentre esses, as normas e padrões são mais utilizados na regulamentação ambiental em países desenvolvidos e em desenvolvimento (SANCHES, 1997).

ANDRADE, TACHIZAWA e CARVALHO (2004) afirmam que não se concebe na realidade atual uma organização que não esteja pelo menos sensibilizada em relação aos aspectos filosóficos e aos princípios da qualidade em uma gestão ambiental. A qualidade nas organizações deve ser entendida como uma filosofia que embasa o “modelo de gestão ambiental”3 proposto.

3 Entende-se como modelos de gestão ambiental o conjunto de decisões exercidas de acordo com princípios de

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4. AS PRÁTICAS AMBIENTAIS RECOMENDADAS PARA AS EMPRESAS

Partindo da premissa empresarial, “gestão ambiental” é o termo utilizado para designar a gestão empresarial que fundamenta-se em prevenir, quando possível, ou amenizar problemas para o meio ambiente, oriundos das atividades empresariais. Ou seja, é a ação gerencial cuja finalidade é conseguir que os danos ambientais não ultrapassem a capacidade de absorção do meio onde a empresa está inserida, obtendo desta forma uma produtividade sustentável.

Este processo está diretamente vinculado a normas estabelecidas por entidades governamentais, em nível municipal, estadual e federal, que tratam sobre meio ambiente, sendo essas normas mecanismos obrigatórios para as organizações que desejam implantar um Sistema de Gestão Ambiental (SGA).

Segundo DIAS (2009), o Sistema de Gestão Ambiental é o conjunto de responsabilidades organizacionais, procedimentos, processos e meios que se adotam para a implantação de uma política ambiental em determinada empresa ou unidade produtiva. Um SGA é a sistematização da gestão ambiental por uma organização determinada. É o método empregado para levar uma organização a atingir e manter-se em funcionamento de acordo com as normas estabelecidas, bem como para alcançar os objetivos definidos em sua política ambiental.

Vale ressaltar que o SGA investe significativamente em política de prevenção, assim, procura conscientizar as organizações de que a utilização de métodos corretivos para a solução de problemas ambientais pode ser mais oneroso às empresas e ao meio ambiente, quando comparados a métodos proativos, que evitam danos ao meio.

O sucesso do SGA depende do comprometimento da alta direção, da integração ao planejamento global da empresa, do envolvimento de todos os setores e pessoas responsáveis pela sua implementação, de se levar em consideração os recursos – humanos, físicos e financeiros – necessários, de apresentar um caráter dinâmico e da realização de revisões periódicas.

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tempo, energia e esforços na reflexão individual e organizacional, para estabelecer a tensão necessária que impulsionará as mudanças e determinará o grau de comprometimento necessário para a implantação e o sucesso do sistema.

As empresas comprometidas com a conquista da melhoria contínua do seu desempenho ambiental, proporcionado pelo SGA, buscam continuamente soluções para três questões fundamentais: “Onde estamos”? “Onde queremos chegar”? “Como chegaremos lá”?

Os pesquisadores LAU e RAGOTHAMAN (1997) desenvolveram um estudo em sessenta e nove empresas norte-americanas, com o objetivo de proporcionar um sumário de estatísticas descritivas sobre questões estratégicas da gestão ambiental da indústria química nos EUA. Segundo os resultados da pesquisa, as principais forças que dirigem a implantação de programas de gestão ambiental são, em ordem de importância: (i) as regulamentações ambientais, (ii) a reputação da companhia, (iii) as iniciativas da alta administração, (iv) a redução de custos e (v) a demanda dos consumidores.

Dentre os vários modelos de SGA, o mais utilizado no Brasil é a série de normas estabelecida pela International Standardization Organization4 (ISO). No Brasil,a única representante da ISO (e um dos seus fundadores) é a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT5.

A necessidade de padronização dos processos de empresas que se utilizem de recursos ambientais ou que causem impactos ambientais por algum de seus processos surgiu na década de 90, quando se concretizou a consciência dos impactos ambientais gerados pelo desenvolvimento industrial e econômico do mundo.

Em 1993, a ISO criou o Comitê Técnico 207 (TC-207) com o objetivo de desenvolver normas para a série 14000, que estabelece diretrizes para a área de gestão ambiental em empresas. As normas foram delineadas nas seguintes áreas envolvidas com o meio ambiente: sistemas de gestão ambiental, auditorias, rotulagem ambiental, avaliação da performance ambiental, análise de ciclo de vida, definições e conceitos, integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos, comunicação ambiental e mudanças climáticas.

4ISO: organismo não governamental fundado em 1947, com sede em Genebra, na Suíça, é uma federação

mundial de organismos de padronização nacionais, formada por mais de 140 países.

5 ANBT: entidade privada, independente e sem fins lucrativos, fundada em 1940, também reconhecida pelo

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Quadro1: Família de normas NBR ISO 14000

SUBCOMITÊ SC-1 - Sistemas de Gestão Ambiental

NBR ISO 14001* Rev.1

Sistemas de gestão ambiental –Especificação e diretrizes para uso.

NBR ISO 14004*

Rev.1 Sistemas de gestão ambiental técnicas de apoio. – Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e NBR ISO 14005 Sistema de gestão ambiental - Guia para implementação de SGA em

estágios.

SUBCOMITÊ SC-2 - Auditorias Ambientais e Investigações Correlatas

NBR ISO 14015 Gestão ambiental – Avaliação ambiental de locais e organizações (AVALOR). NBR ISO 19011* Diretrizes para auditorias de sistema de gestão da qualidade e/ou ambiental.

* Em vias de entrar em revisão.

SUBCOMITÊ SC-3 - Rotulagem Ambiental

NBR ISO 14020 Rótulos e declarações ambientais- Princípios gerais.

NBR ISO 14021 Rótulos e declarações ambientais– Auto-declarações ambientais(Rotulagem ambiental - Tipo II).

NBR ISO 14024 Rótulos e declarações ambientais- Rotulagem ambiental Tipo I -Princípios e procedimentos.

NBR ISO 14025 Rótulos e declarações ambientais - Declaração ambiental Tipo III - Princípios e procedimentos.

SUBCOMITÊ SC-4 - Avaliação de Desempenho Ambiental

NBR ISO 14031 Gestão ambiental - Avaliação de desempenho ambiental - Diretrizes.

NBR ISO 14032 Gestão ambiental - Exemplos de avaliação de desempenho ambiental (ADA).

SUBCOMITÊ SC-5 - Análise do Ciclo de Vida

NBR ISO 14040

Rev.1 Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida - Princípios e estrutura. NBR ISO 14044 Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida - Requisitos e orientações NBR ISO TR 14047 Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida Exemplos ilustrativos de

como aplicar a ISO 14042.

NBR ISO 14048 Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida - Formato da apresentação de dados.

NBR ISO TR 14049 Gestão ambiental - Avaliação do ciclo de vida - Exemplos de aplicação da ISO 14041 para definição de objetivos e escopo e análise de inventário. NBR ISO 14050

Rev.2 Gestão Ambiental - Vocabulário

SUBCOMITÊ SC-7 - Mudanças Climáticas

NBR ISO 14064 Parte 1

Gases de efeito estufa - Parte 1: Especificação para a quantificação, monitoramento e relato de emissões e remoções de entidades.

NBR ISO 14064 Parte 2

Gases de efeito estufa - Parte 2: Especificação para a quantificação, monitoramento e relato de projetos de emissões e remoções.

NBR ISO 14064

Parte 3 Gases de efeito estufa - Parte 3: Especificação e diretrizes para validação, verificação e certificação. NBR ISO 14065 Gases de efeito estufa – Requisitos para validação e verificação de organismos relacionados ao tema de gases de efeito estufa para uso em acreditação ou outras formas de reconhecimento.

SUBCOMITÊ SC-8 - Comunicação Ambiental

NBR ISO 14063 Gestão ambiental – Comunicação ambiental - Diretrizes e exemplos.

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NBR ISO TR 14062 Gestão ambiental - Integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produto.

Fonte: Associação Brasileira de Normas e Técnicas – ABNT/CB-38 * Normas passíveis de certificação

A norma NBR ISO 14001, a mais conhecida das normas da série 14000, estabelece as diretrizes básicas para o desenvolvimento de um sistema que gerencie a questão ambiental dentro da empresa, ou seja, um sistema de gestão ambiental eficaz, passível de integração com os demais objetivos da organização, onde seja possível a identificação de aspectos e impactos ambientais e a elaboração de um programa de controle, metas e monitoramento para reduzir ou eliminar esses impactos.

Desta forma, são objetivos da NBR ISO 14001:

Estabelecer a criação, manutenção e melhoria do sistema de gestão ambiental.

Verificar se a empresa está em conformidade com sua própria política ambiental e outras determinações legais.

Permitir que a empresa demonstre isso para a sociedade.

Permitir que a empresa possa solicitar uma certificação do sistema de gestão ambiental, por um organismo certificador externo, por meio de uma auditoria, para comprovação da conformidade e adequação do sistema de gestão ambiental por ela implantado.

Para a NBR ISO 14001, segundo MAIMON (1999), um SGA é “a parte do sistema de gestão global que inclui a estrutura organizacional, o planejamento de atividades, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para o desenvolvimento, a implantação, o alcance, a revisão e a manutenção da política ambiental”.

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DONAIRE (1999) também apresenta razões para a implantação de princípios da gestão ambiental:

“sem gestão ambiental a empresa perderá oportunidades no mercado em rápido crescimento e aumentará o risco de sua responsabilidade por danos ambientais, pondo em xeque seu futuro; diretores executivos verão aumentada sua responsabilidade em face de danos ambientais, que podem ameaçar seu emprego e sua carreira; há a possibilidade de redução de custos; a empresa poderá melhorar sua imagem e se legitimar no mercado; poderá haver o incremento das dimensões éticas, morais etc”.

Já DIAS (2009), aprofunda ou pouco mais esta questão e ressalta que, além dos interesses econômicos, obviamente, há estímulos internos ou externos que podem surgir para incentivar uma empresa a adotar métodos de gestão ambiental:

a) Estímulos internos:

A necessidade de redução de custos. Incremento na qualidade do produto.

Melhoria da imagem do produto e da empresa. A necessidade de inovação.

Aumento da responsabilidade social. Sensibilização do pessoal interno. b) Estímulos externos:

Demanda de mercado. A concorrência

O poder público e a legislação ambiental. O meio sociocultural.

As certificações ambientais. Os fornecedores.

A empresa verde eleva a possibilidade de bons negócios e no futuro poderá ser o único caminho para empreender negócios de forma duradoura e lucrativa. Desta forma, a formação de gestores é outro aspecto importante a ser considerado:

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superior, é requerida em todas as direções e níveis pelos quais se processa o novo padrão da gestão ambiental nas suas dimensões de conteúdo, forma e sustentação”. (ANDRADE, TACHIZAWA e CARVALHO, 2004, p. 215).

A administração ambiental está associada à idéia de resolver os problemas ambientais da empresa. Contudo, ela carece de uma dimensão ética, onde suas principais motivações devem ir além da observância e do cumprimento das leis, e da melhoria da imagem da instituição. Ela deve, acima disso, ser motivada pela preocupação com o bem-estar das futuras gerações. Assim, seu ponto de partida passa a ser a mudança dos valores da cultura empresarial.

Compreender – por meio de uma análise discursiva – a percepção, as vivências e representações dos trabalhadores da organização quanto à gestão dos programas ambientais pode tanto contribuir para a ampliação do conhecimento científico sobre o assunto, como para a elaboração de propostas de melhoria para as instituições. Desse modo, essa compreensão pode auxiliar na conscientização/sensibilização dos trabalhadores para os impactos ambientais causados pelas atividades que desenvolvem, bem como esclarecer os administradores dessas organizações sobre a importância da implantação de um sistema de gestão ambiental.

Vale destacar que, para atuar de modo ambientalmente correto, uma organização não precisa, necessariamente, implantar um SGA. Há diversos mecanismos e passos mais simplificados que podem de igual modo viabilizar a sustentabilidade das atividades empresariais. A simples reavaliação e adequação de seus processos produtivos podem corroborar para a definição de procedimentos que otimizarão a utilização dos recursos naturais, financeiros, humanos e tecnológicos, empregados na organização, maximizando suas possibilidades de crescimento organizacional e de fortalecimento da sustentabilidade.

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5. AS INFLUÊNCIAS DAS ATIVIDADES DE CONSTRUÇÃO CIVIL NO MEIO AMBIENTE

Os efeitos da operação de uma determinada construção, independentemente da finalidade para a qual é executada e de sua localização geográfica, resultam em impactos ambientais6, por menores que sejam. Estes, porém, dependem de um conjunto de elementos, tais como a disponibilidades de recursos naturais e o modo como serão utilizados. Para estimara performance ambiental das edificações é indispensável a análise das interações que ocorrerão entre as atividades desenvolvidas durante todo o seu ciclo de vida, observando os possíveis impactos ambientais associados.

Diante da crescente preocupação da sociedade com a temática ambiental, num ritmo menos acelerado, mas, progressivo, a questão tem recebido uma atenção mais acentuada por parte dos poderes legislativos: federal, estadual e municipal. A Constituição Federal Brasileira, de 1988, em seu Capítulo V dedicado ao meio ambiente, determina que todas as leis e normas ambientais tenham como objetivo fundamental que:

“Todas as pessoas têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, devendo o poder público defende-lo e preservá-lo para o uso da população presente e futura, assim como também restaurar os processos ecológicos fundamentais e propiciar o manejo ecológico das espécies e ecossistemas”. (Constituição Federal do Brasil, 1988, Capítulo VI do Meio Ambiente, artigo 225). A legislação ambiental brasileira, antes da atual Constituição, era regida pela Política Nacional do Meio Ambiente, estabelecida pela Lei 6.938/81 que, entretanto, demorou cinco anos para produzir um primeiro efeito normativo, a Resolução nº 01 do CONAMA de 5/1/86.

Considerando que as atividades da construção civil por produzirem efeitos que transformam o meio ambiente, devem submeter-se ao licenciamento ambiental na área de influência do projeto. Este procedimento visa: análise dos impactos, definições das medidas corretivas e a elaboração de um acompanhamento e monitoramento dos impactos. O Decreto Federal 99.274, de 06/06/90, atualiza a

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Política Nacional do Meio Ambiente e trata da obrigatoriedade de licenciamento ambiental.

O licenciamento ambiental é definido na Resolução CONAMA 237/97, como um instrumento administrativo importante, onde o órgão ambiental licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais.

O processo de licenciamento deverá obedecer algumas etapas, dentre as quais, (i) o requerimento da licença ambiental pelo empreendedor (acompanhado dos documentos solicitados pelo órgão licenciador, projetos e estudos ambientais pertinentes); (ii) a análise pelo órgão ambiental competente, dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados; e (ii) a realização de vistorias técnicas.

No procedimento de licenciamento ambiental deverá constar, obrigatoriamente, a Certidão emitida pela entidade pública competente, declarando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo e, quando for o caso, a autorização para supressão de vegetação e a outorga para o uso da água, também emitidas por esses órgãos.

A referida Resolução descreve os tipos de licença necessária a viabilidade ambiental de um empreendimento, a saber: (i) Licença Prévia (LP), concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; (ii) Licença de Instalação (LI), que autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambientais e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante; (iii) Licença de Operação (LO), que autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental, e condicionantes determinados para a operação.

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Os empreendimentos da construção civil são atualmente um dos maiores causadores de impactos ao meio ambiente. Segundo o SINDUSCON/SP – Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de São Paulo (2005), a construção civil é responsável por até 50% do consumo dos recursos naturais extraídos do planeta.

De acordo a União Nacional da Construção da Faculdade Getúlio Vargas (UNC - FGV), de todas as atividades praticadas pelo ser humano, a construção civil é uma das que mais tem impacto no meio ambiente. No Brasil aproximadamente 40% da extração de recursos naturais têm como destino a indústria da construção, 50% da energia gerada são para abastecer o funcionamento das edificações e 50% dos resíduos sólidos urbanos vêm das construções e demolições.

Segundo a United States Green Building Council (USGBC), dados mundiais apontam que as edificações (em nível mundial) são responsáveis por (até)17% do consumo de água, 25% do consumo de madeira, 39% das emissões de CO2, por65% da geração de resíduos e 71% do consumo de eletricidade.

As atividades relacionadas à construção, operação e demolição de edifícios promovem a degradação ambiental através do consumo excessivo de recursos naturais e da geração de resíduos. A necessidade de minimização dos impactos ambientais gerados pelas edificações e a difusão dos conceitos de desenvolvimento sustentável levam o setor a buscar construções com melhor desempenho ambiental.

A construção de edificações, especialmente a vertical, é um setor da indústria da construção civil que gera uma série de aspectos ambientais danosos, como: desperdício de materiais; lançamento não monitorado de resíduos; descarte de recurso renovável; impermeabilização do solo; uso da via pública; supressão da vegetação; rebaixamento do lençol freático; remoção de edificações; emissão de material particulado; consumo e desperdício de água; consumo e desperdício de energia elétrica em todas as fases e etapas do ciclo de vida dos empreendimentos, dentre outros.

A partir de uma revisão bibliográfica, constatou-se que os aspectos mais relevantes são o consumo de energia e água, a ocupação do solo, além da grande quantidade de resíduos gerados.

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6. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), criada em 1983 pela Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), foi presidida por Gro Harlem Brundtland, à época primeira-ministra da Noruega, com a incumbência de reexaminar as questões críticas do meio ambiente e de desenvolvimento, objetivando a elaboração de uma nova compreensão do problema, porém, com propostas de abordagem mais realistas. No trabalho dessa comissão, enunciou-se pela primeira vez,com clareza e objetividade, o conceito de "Desenvolvimento Sustentável", embora desde a década anterior o mesmo já estivesse sendo abordado, porém, com outras denominações (WCED, 1987).

Em 1987 foi lançado o relatório “Nosso Futuro Comum”, mais conhecido como "Relatório Brundtland", que advertia para a necessidade de um novo tipo de desenvolvimento capaz de manter o progresso em todo o planeta, ou seja, em países desenvolvidos ou em desenvolvimento.

Esse relatório apontou-se a pobreza como uma das principais causas e um dos principais efeitos dos problemas ambientais do mundo, e criticou o modelo adotado pelos países desenvolvidos, por ser insustentável e impossível de ser copiado pelos países em desenvolvimento, sob pena de se esgotarem rapidamente os recursos naturais. Com isso, selou o conceito de desenvolvimento sustentável, como “o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades de utilização dos recursos naturais disponíveis no presente, sem comprometer ou esgotar a capacidade do meio ambiente de atender as necessidades das futuras gerações”(WCED, 1991).

Para WACKERNAGEL e REES (1996), a base do conceito de desenvolvimento sustentável é a utilização dos serviços da natureza dentro do princípio da manutenção do capital natural, isto é, o aproveitamento dos recursos naturais dentro da capacidade de carga do sistema.

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Os princípios fundamentais do desenvolvimento sustentável contidos no relatório Nosso Futuro Comum (WCED, 1991), e que também se tornaram a linha mestra da Agenda 21, são:

"...desenvolvimento capaz de manter o progresso humano não apenas em alguns lugares e por alguns anos, mas em todo o planeta e até um futuro longínquo, é um objetivo a ser alcançado não só pelas nações em desenvolvimento, mas também pelas industrializadas”.

"...atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades. Ele contém dois conceitos chaves: i) o conceito de

„necessidades‟, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres do

mundo, que devem receber a máxima prioridade e; ii) "a noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõem ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras”.

"Em essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas".

A declaração de política da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada em Joanesburgo, em 2002, afirma que o desenvolvimento sustentável é construído sobre "três pilares interdependentes e mutuamente sustentadores": (i) desenvolvimento econômico, (ii) desenvolvimento social e (iii) proteção ambiental. Portanto, de acordo com essa concepção, as ações humanas precisam, necessariamente, ser baseadas nas soluções economicamente eficazes e viáveis, socialmente justas e ecologicamente sustentáveis.

6.1. Metodologias Associadas à Medição de Sustentabilidade

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Segundo DIAS (2006), a pegada ecológica é definida como a área de terras produtivas que uma pessoa (ou população) precisa para sustentar o seu consumo e absorver seus resíduos pelo período de um ano (ha/pessoa/ano).

Essa área de terras produtivas refere-se àquelas requeridas para a produção de todas as demandas de consumo (de pessoa ou de uma população), incluindo alimentação, vestuário, educação, saúde, cultura, trabalho, habitação, transporte, comunicação, lazer etc, as quais implicam exploração da natureza no que diz respeito a matéria prima, energia, água, terras agricultáveis, áreas urbanizadas e, ainda, bolsões de absorção dos resíduos gerados por todas as etapas implicadas neste processo. Portanto, em decorrência do ato de consumir produtos e serviços diariamente, a população mundial consome componentes ecológicos do planeta como um todo, de modo que a pegada ecológica da humanidade é a soma de todas essas áreas implicadas, onde quer que elas estejam no planeta.

Atualmente, cada habitante da Terra tem apenas 1,04 hectares de terras ecoprodutivas disponíveis ao ano (na década de 1960 era de 6,3 hectares). Esse deveria ser o valor máximo da pegada ecológica de cada habitante do planeta. Todavia, os países mais industrializados possuem uma pegada ecológica superior a 6 ha/pessoa/ano, gerando enormes déficits globais. Isso significa que esses países, aponderam-se da produção de outros países para abastecer e suprir suas demandas de consumo.

Ao analisar o Quadro 2 (abaixo), percebe-se que para manter os padrões de consumo da humanidade já se faz necessário um planeta 40% maior. Consequentemente, esse déficit ecológico repercuti em elevada degradação ambiental e extrema miséria para muitos povos.

Quadro 2: Pegada Ecológica, Biocapacidade e Déficit/Superávit Ecológico

PAÍSES ECOLÓGICA PEGADA (terrasecoprodutivas) BIOCAPACIDADE DÉFICIT/SUPERÁVIT ECOLÓGICO

Alemanha 5,3 1,9 -3,4

Argentina 3,9 4,6 0,7

Austrália 9,0 14,0 5,0

Brasil 3,1 6,7 3,6

Canadá 7,7 9,6 1,9

China 1,2 0,8 -0,4

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PAÍSES ECOLÓGICA PEGADA (terras ecoprodutivas) BIOCAPACIDADE DÉFICIT/SUPERÁVIT ECOLÓGICO

Holanda 5,3 1,7 -3,6

Índia 0,8 0,5 -0,3

Itália 4,2 1,3 -2,9

Japão 4,3 0,9 -3,4

México 2,6 1,4 -1,2

Portugal 3,8 2,9 -0,9

Reino Unido 5,2 1,7 -3,5

Suíça 5,0 1,8 -3,2

Venezuela 3,8 2,7 -1,1

Mundo 2,2 1,4 -0,4

Fonte: Adaptado de Dias (2006)

Obs: Pegada ecológica, biocapacidade e déficit/superávit ecológico são medidos em hectares.

Outra preocupação refere-se às crescentes emissões de dióxido de carbono (CO2), metano, óxido nitroso e outros gases, que lançados na atmosfera têm causado sérios problemas. O CO2, por representar 55% do total, é o gás que mais contribui para o aquecimento global. Assim, seguindo a lógica de avaliação dos processos de produção, além da Pegada Ecológica, foram criadas ainda outras metodologias associadas à medição de sustentabilidade, entre elas - os Créditos de Carbono - , que consistem no financiamento, por parte dos países de primeiro mundo, de projetos ambientais em países que utilizam técnicas mais limpas, de modo que a poluição decorrente da atividade econômica neles desenvolvida, seja compensada por tais projetos (PIANA, 2007).

“Evidências científicas apontam que caso a concentração de CO2 continue crescendo nos níveis atuais, a temperatura média da terra vai aumentar entre 1,4 e 5,8°C até o ano 2100, causando efeitos climáticos extremos (enchentes, tempestades, furacões e secas), alterações na variabilidade de eventos hidrológicos (aumento do nível do mar, mudanças no regime das chuvas, avanço do mar sobre os rios, escassez de água potável), colocando em risco a vida na Terra, ameaça a biodiversidade, a agricultura, a saúde e o bem-estar da população humana” (PIANA, 2007).

(40)

Imagem

Figura 1: Iglú - um exemplo de construção sustentável  Fonte: BUSSOLOTI (2008)
Figura 2  – Técnicas utilizadas em edifícios sustentáveis.
Figura 3  –  Sistema básico de aquecedor solar  Fonte: BUSSOLOTI (2008)
Figura 4  –  Sistema de cobertura verde inclinada  Fonte: BUSSOLOTI (2008)
+7

Referências

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