• Nenhum resultado encontrado

Marxismo x Anarquismo: o lugar da política.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Marxismo x Anarquismo: o lugar da política."

Copied!
87
0
0

Texto

(1)

I . MARXISMO X ANAEQUISMO: o l u g a r da p o l i t i c a

ARIOSVALDO DA SILVA DINIZ

I I . A PARAIBA:

da c o n q u i s t a a penetracao do sertao

JOSE" APOLIMHIO DO NASCIMENTO

I I I . EXPANSlO CAPITAL I ST A NO CEAM: O papel das f e r r o v i a s nas modificacoes advindas desta cxpansao

RUBISMAR MARQUES GALVAO

I V . TOPICOS DA HIST6RIA URUGUAIA

FRANCISCO DAS GHAGAS AMARO DA SILVA

(2)

APKESENTAQAO

Textos de H i s t o r i a vem a lume para preenclier, em parte, o v a z i o , a i n e r c i a e o marasmo c a r a c t e r i s t i c o Co uma comunida de academica que nao possui nenhum espaco para publicaeao

veiculagao de i d e i a s .

Neste s e n t i d o , a nossa r e v i s t a pretende c r i a r urn espaco de produgao em torno dc qual se forme urn nucleo de professores e alunos constantemente preocupados em d i s o u t i r a t e o r i a e a p r a t i c a dos p r o f i s s i o n a i s na area de H i s t o r i a .

Ao d i v u l g a r e debater t e x t o s elaborados no Curso de H i s t o r i a , a nossa publicagao cuniprira uma fungao v i t a l , qual se-j a , a de dinamizar a nossa v i v e n c i a academica, tornando-a mais s i n t o n i z a d a com as questoes candentes da c i e n c i a h i s t o r i c a e com a r e a l i d a d e c i r c u n d a n t e .

Pensar a r e a l i d a d e e s p e c i f i c a em que estamos i n s e r i d o s , p r c d u z i r e d i v u l g a r c o n c c i t o s que permitata compreende-la, devc ser uma preocupagao constante dos colaboradores. Se a r e v i s t a cumprir t a l d e s i g n i o , c t a r a , em nossa o p i n i a o , j u s t i f i c a d a a sua e x i s t e n c i a .

Textos de H i s t o r i a . e uma publicaeao do Curso de H i s t o -r i a , -r e s u l t a n d o dai* que nao s e -r entendida como inst-rumento de manipulagao de qualquer facgao ou grupo p o l i t i c o . As suas pagi. nas estarao abort as para d i v u l g a r materias de quern quer que sc_

ja> desde que cumpra as minimas exigencias delineadas p e l a e-quipe•

Este p r i m e i r o numero concern quatro a r t i g o s , todos ele.. de professores do Curso de H i s t o r i a do Campus V da UZPB.

(3)

M A R X I S M O Z A N A R Q U I S M O 0 L U G A R D A P O L I T I C A

ARIOSVALDO DA SUVA DINIZ*

* Professor do Curso de H i s t o r i a da UPPb - Campus V Cajazeiras - Paraiba

(4)

MARXISMO versus AKARQUISMOi .0 LUGAR DA POLITICA

I - INTRODUQAO;

Este a r t i g o pretende r e c o n s t r u i r e a n a l i s a r alguns aspe£ tos das divergencias s u r ^ i d a s entre roarxistas e a n a r q u i s t a s no seio da Associagao I n t e r n a c i o n a l dos Traballiadores (A.I.T.:l864 - 1872), tendo como locus p r i v i l e g i a d o a questao p o l i t i c a . Pre-tender-se-a, numa p r i m e i r a aproximagao, s u b l i n h a r alguns pontos das divergencias e x i s t e n t e s entre as duas d o u t r i n a s , p r i n c i p a l -mente no que tange a questao do Estado de t r a n s i c a o . Num. segun-do momento, procurar-se-a estabelecer as p o s s i v e i s pontes de l i g a c a o ou os momentos de r u p t u r a t o t a l entre os dois i d e a r i o s p o l f t i c o s .

I n i c i a l m e n t e , poder-se-ia perguntar por que o i n t e r e s s e em r e c o n s t r u i r e r e v e r eventos l i i s t o r i c o s j a tao recuados no

tempo? Qual a a t u a l i d a d e e importancia das discussoes t r a v a d a s naquele momento? Por que m u l t i p l i c a m - s e os estudos e i n t e r e s s e s - pelo menos na Europa e E.U.A. - sobre as divergencias h i s t o r i

cas entre roarxistas e anarquistas?

Parece que na r a i z das divergencias entre a n a r q u i s t a s e roarxistas ( a questao do Estado de transi§ao), encontra-se

mui-tos s u b s i d i o s para e x p l i c a r o fenomeno da degenerescencia do so c i a l i s m o realmente e x i s t e n t e , para usar uma expressao cunhada por Rudolf Baharo.

Sem duvida, a c r i s e p o l i t i c a por que passam as esquerdas no mundo a t u a l se resume numa descrenca ou desencanto pelo mode_ l.o de s o c i a l i s m o implantado ate h o j e . Como d i z i a Noberto Bobbio,

o paradoxal e que onde se implantou o s o c i a l i s m o nao ha democra c i a e onde e x i s t e democracia p o l i t i c a a igualdade economica e uma f a l a c i a . Ainda que se tenha reparos a f a z e r a esta coloca-gao de Bobbio, urn f a t o ninguem pode negar: nos paises onde os trabalhadores ousaram tomar o poder, em nome do s o c i a l i s m o , es-te mesmo poder se converes-teu numa f o r g a estranha, colocada aciraa

(5)

02 e independents do c o n t r o l e dos t r a b a l h a d o r e s , capturado ( o po-der) que f o i pelos: d i r i g e n t e s do p a r t i d o , que passaran a gover-nar despoticamente a tudo e a todos .~Assimy a- uxtadura do prolt__ t a r i a d o se transformou em d i t a d u r a dos d i r i g e n t e s sobre o con-j u n t o do p r o l e t a r i a u o .

Seria o caso de se indagar entao por que todas as r e v o l u goes p r o l e t a r i a s - ou pelo menos f e i t a s em seus nome - se des-v i a r a n dos seus p r o p o s i t o s i n i c i a i s . asstmindo conotagoes buro c r a t i z a n t e s c e n t r a l i s t a s e a u t o r i t a r i a s ? Sera qua ha uma incom p a t i b i l i d a d e congenita e n t r e s o c i a l i s m o e democracia? Estas de-generescencias do s o c i a l i s m o realmente e x i s t e n t e sao f r u t o s de deformagoes e i n t e r p r e t a g o e s equivocadas do marxismo (pense - se no s t a l i n i s m o e suas v a r i a n t e s ) ou correspondem a l o g i c a pro-p r i a daquela d o u t r i n a pro-p o l i t i c a ? Em outros t e r n o s , o marxismo e urn d i s c u r s o intrinsecamente a u t o r i t a r i o e, p o r t a n t o , quando em-pregado como modelo de sociedade so poderia redundar n i s s o que ai* esta? •

As f r i c g o e s surgidas entre .roarxistas e l i b e r t a r i o s na A.I.T., os argumentos e c r i t i c a s d e s f e r i d o s pelas p a r t e s em con f r o n t o , podem s u g e r i r algumas p i s t a s para responder, ainda que parcialmente, as interrogagoes acima formuladas.

• . I I - MARX CONTRA BAKUNIN; Uma Poleroica H i s t o r i c a .

'"Em 1864, s i n d i c a l i s t a s f r a n c ^ p p0 - de tpMemcia

TDroudho-nianas - e o p e r a r i o s i n g l e s e s fundam a Associagao I n t e r n a c i o n a l dos Trabalhadores ( A . I . T . ) * A p r i n c i p i o , a Associagao nao passa va de um grupo de estudo e divulgagao dos prohlemas e r e i v i n d i

-cagoes p r o l e t a r i a s . " ^

A p r i m e i r a I n t e r n a c i o n a l , como passou p o s t e r i o r n e n t e a

**• Q -; XI.-' * •"• •

ser chamada, j a nasceu d i v i d i d a . De um l a d o , como j a f o i d i t o , h a v i a os proudhonianos, c.orrente i n i c i a l m e n t e m a j o r i t a r i a ; do

(6)

03 p a r t i r da decada do 1870. A a l a proudhoniana, cono se sabe, de-f e n d i a posigoes a u t o g e s t i o n a r i a s , ou s e j a , 0 "autogoverno dos produtores associados", para usar una expressao de Marx. 0 l e n a n a i s fanoso da I n t e r n a c i o n a l - "A enancipagao dos Trabalhadores deve ser obra dos p r o p r i o s t r a b a l h a d o r e s " - era de o r i g e n prou-dhoniana.

Quanto a Marx, que l i d e r a v a a o u t r a a l a , percebe-se j a , en suas colocagoes, una c e r t a anbiguidade quanto a questao do poder p o l i t i c o . Nos seus p r i n e i r o s e s c r i t o s perpassan i d e i a s de natureza " e s t a t i s t a s " , cono se observa c l a r a n e n t e en d e t e r n i n a -das passagens do Manifesto Conunista de 1848: "0 p r o l e t a r i a d o u t i l i z a - r a sua suprenacia p o l i t i c a para a r r a n c a r pouco a pouco todo o c a p i t a l a, burguesia, -para c e n t r a l i z a r todos os i n s t r u n e n tos de produgao e n t r e as naos do Estado ( 0 g r i f o e neu), i s t o e, do p r o l e t a r i a d o organizado en classe doninante".

No Congresso de Bruxelas (1866), n a r x i s t a s e proudhonia-nos e n t r a n en p o l e n i c a a b e r t a sobre a questao a g r a r i a . Na verda

de, o que estava por t r a s de toda d i v e r g e n c i a era a questao do Estado. Os n a r x i s t a s defendian una solugao " e s t a t i s t a " , c o l e t i -vizagao do s o l o sob a diregao do Estado. Para os proudhonianos, a t e r r a d e v e r i a ser entregue aos pequenos canponeses, que a ad-n i ad-n i s t r a r i a ad-n por coad-nta p r o p r i a . Ead-nbora Marx saisse v i t o r i o s o de_s

sa contenda, a verdade e que a l u t a entre a n a r q u i s t a e n a r x i s -tas na I n t e r n a c i o n a l estava apenas conegando.

En 1868 Bakunin ingressa na A.I.T.. Un ano depois, no Congresso de B a s i l e i a , nova cisao se v e r i f i c a naquela Associa gao, dessa vez entre n a r x i s t a s e b a k u n i n i s t a s . Novanente 0 d i v i sor de aguas s e r i a a questao do Estado, ou s e j a , cono se d a r i a o seu desaparecinento.

Para os n a r x i s t a s , o Estado era f r u t o da d i v i s a o da so-ciedade en classes e da propriedade p r i v a d a . Ora, argunentavan, ao a b o l i r - s e a propriedade p r i v a d a e as classes s o c i a i s , todo o r e s t a n t e da s u p e r e s t r u t u r a ( l e i s , i n s t i t u i g o e s e costunes) desa

(7)

04 parecerao; p o r t a n t o , era absolutanente desnecessario d e s t r u i r o Estado, una vez que e l e se e x t i n g u i r a sozinho.

A esse t i p o de enfoque, :'Bakunin r e t r u c que, se a

pro-priedade c r i a a heranga e, en g e r a l , o Estado, a heranga (e o Estado) perpetua a '^^^L^Z^l^, ::oproduzindo as relagoes de pro dugao c a p i t a l i s t a s . Estas nao sao s i n p i e s s u p e r e s t r u t u r a s (cono a r e l i g i a o ) , elas se t o r n a n r e a l i d a d e s independentes da socieda de, que r e c o n s t i t u i a orden opera^ia, p.e'^o se a propriedade es

Lt i v e r a b o l i d a . Una "burocracia v e r n e l h a podera cepressa recons-/ . 4

t i t u i r o Estado, a f a n i l i e , , a o a t n a " . . ...

+ r; ^ r

0 ponto nodal d-j tuda a a i v e r g e n c i a p o l i t i c a entre Marx e Bakunin e r a , p o r t a n t o , a que3±ao do Estado de transigao e a construgao do s o c i a l i s n o . Cono se observou, Bakunin nao entende a r e l a g a o Estado/Sociedade cono una relagao n e c a n i c i s t a , onde o Estado s e r i a una nera s u p e r e s t r u t u r a d e t e m i n a d a p e l a base nate_ r i a l . Na concepgao de Bakunin, o Estado assune una r e a l i d a d e pro p r i a , autonona, enbora nao perca o seu c a r a t e r de c l a s s e . Mas, acina desse c a r a t e r de classe, e x i s t e a l g o cono que una d i n a n i -ca p r o p r i a para a sua autoconservagao, Na l i n g u a g e n de h o j e se_ r i a equivalente- a expressao a l t h u s s e r i a n a "autononia r e l a t i v a oa i n s t a h c i a p o l i t i c a " . A s s i n , para Bakunin, o Estado t e n cono

ob-j e t i v o supreno o "aunento dos seus poderes", gerando un f o r t e pa. t r i o t i s n o . Ora, d i z e l e , a " i n t e r n a c i o n a l e a negagao do p a t r i o t i s n o e, consequentenente, e a negagao do Estado". Bakunin a r -gunentava entao que "se Marx e seus arL^ca do Partido Denocrati co Alenao conseguissen i n t r c d u z i r o conceito de Estado en nosso pro'grana, a c a b a r i a n con a i n t e r n a c i o n a l " .

Na o t i c a de Bakunin, o Estado, cono i n s t a n c i a que goza de r e l a t i v a independencia en relagao-a sociedade, p r e c i s a cons-t a n cons-t enencons-te, para se n a n cons-t e r , de r e f o r g a r - s e cons-t a n cons-t o excons-terna cono i n t e r n a n e n t e . Este f o r t a l e c i n e n t o exige i n s t r u n e n t o s de c o n t r o -l e da popu-lagao, t a i s cono a censura, o sistena educacional, a p o l i t i c a e ainda as f o r g a s amadas para defende-lo dos i n i n i g o s

(8)

05 Cono j a f o i d i t o , Bakunin nao desconhece o c a r a t e r de classe do Estado. A s s i n , para e l e , "o Estado e un s i s t e n a de go verno de c i n a para b a i x o en que una Elinoria conanda una inensa nassa de honens das n a i s variadas classes s o c i a i s , ocupagoes,in teresses e aspiragoes"7

Mas esse c a r a t e r de classe do Estado e sobredeterminado pela p r o p r i a natureza da i n s t i t u i c a o e s t a t a l , en s i nesna, a r b i t r a r i a , c e n t r a l j z a d o r a e " s a c r i f i c a d o r a de honens". I s t o e v a l i do, segundo Bakunin, s e j a para o Estado de una classe p r i v i l e g i ada ou un Estado popular, cono o de Marx. Escreve Bakunin: "A n i n o r i a doninante, nesno que t i v e s s e s i d o e l e i t a un n i l h a o de vezes por s u f r a g i o u n i v e r s a l e t i v e s s e todos os seus atos super v i s i o n a d o s p o r i n s t i t u i g o e s populares, ainda a s s i n nao poderia

de f o r n a alguna a nenos que fosse dotada de o n i s c i e n c i a , o n i -presenga e o n i p o t e n c i a que os teologos a t r i b u e n a Deus - enten-der e a n t e c i p a r as necessidades ou s a t i s f a z e r con i g u a l j u s t i g a

/

••

• 8

os i n t e r e s s e s l e g i t i n o s e i n e d i a t o s de todos".

Ainda que no Estado popular de Marx nao e x i s t a una class se p r i v i l e g i a d a , p o i s todos s e r i a n i g u a i s do ponto de v i s t a j u -r i d i c o , p o l i t i c o e econonico, a l e -r t a Bakunin, have-ra un "gove-r no extrenanente conplexo, que nao se contentara en governar e

conduzir as nassas p o l i t i c a n e n t e , cono fazen agora todos os go-vernos, nas passara a o r i e n t a - l o s tanben econonicanente, concen

trando en suas naos a produgao e a ' j u s t a d i v i s a o da riqueza,da a g r i c u l t u r a , da criagao e desenvolvinento das f a b r i c a s , a orga-nizagao e exploragao do conercio e, sobretudo, a aplicagao de c a p i t a l para a produgao, que sera f e i t a por un unico banqueixo-o E s t a d banqueixo-o1. Tudo i s s o t o r n a r a necessario un inenso desenvolvinen

t o da c i e n c i a e a presenga no governo de n u i t a s 'cabegas pensan t e s1. Sera o reinado da * i n t e l i g e n c i a c i e n t i f i c a1, o n a i s a r i s

t o c r a t i c o , d e s p o t i c o , arrogante e desdenhoso de todos os r e g i -mes. Havera una nova c l a s s e , una nova h i e r a r q u i a de v e r d a d e i r o s e pretensos sabios e o nundo f i c a r a d i v i d i d o e n t r e una n i n o r i a

(9)

:• ' . 06

9 i g n o r a n t e . Entao essa nassa ignorante que tone cuidado".

Para Bakunin, o regime de n i n o r i a e s c l a r e c i d a provocara grande descontentanento e n t r e as nassas, o que e x i g i r a de t a l governo um e x e r c i t o pernanente para r e p r i n i r p o s s i v e i s i n s u b o r -dinacoes. Resultado, o Estado de Marx s e r i a o nesno Estado con

" c a r a c t e r x s t i c a s c r u e i s e despoticas de todos os Estados, s e j a qual f o r a f o r n a de governo de que se u " t i l i z a i a . . .M.

Enbora Bakunin a t r i b u a a Marx i d e i a s e intengoes, que o nesno nunca defendeu abertanente (e o caso do c o n c e i t o de Esta-do popular que Marx t r a t a r a de c r i t i c a r no C r i t i c a ao Programa de Gotha), as suas colocagoes pemanecen a t e noje como "un g r i t o de a l a r n e c o n t r a as concepgoes de organizagao do novinento o p e r a r i o e do novinento " p r o l e t a r i o " que, bastante n a i s t a r d e , h a v e r i a n de f a z e r d e s v i r t u a r a Revolugao Russa. No Marxisno,ele

ere perceber, n u i t a s vezes i n j u s t a n e n t e , outras vezes con razao, o enbriao d a q u i l o que v i r i a a s e r o l e n i n i s n o e depois o seu cancro, o e s t a l i n i s n o "

D i f e r e n t e n e n t e de Marx, que supunha a extingao do Estado a p a r t i r da aboligao da propriedade p r i v a d a e das classes so-c i a i s , Bakunin a so-c r e d i t a v a que a a b o l i g a o do Estado devia "ser a p r i n e i r a e i n d i s p e n s a v e l condigao para a v e r d a d e i r a l i b e r t a g a o da sociedade: so depois que i s s o acontecer e que a sociedade p£ dera s e r organizada de o u t r a n a n e i r a . Nao de cima para b a i x o e segundo algum p i a n o - i d e a l sonhado por alguns sabios e e r u d i t o s , e menos ainda por decretos enanados de a l g u n poder d i t a t o r i a l , ou ainda p o r assenbleia n a c i o n a l e l e i t a por s u f r a g i o u n i v e r s a l . Cono j a d e n o n s t r e i , un t a l s i s t e n a l e v a r i a i n e v i t a v e l n e n t e a criagao de un novo Estado e, consequentenente, a fomagao de una a r i s t o c r a c i a o f i c i a l , i s t o e, una classe de i n d i v i d u o s que nao t e r i a n nada en conun con o pbvo e que conegarian imediatanente a e x p l o r a r e subjugar esse"povo en none do ben e s t a r g e r a l ou

12 para s a l v a r o Estado".

(10)

so-07 ciedade fundava-se, p o r t a n t o , no p r i n c i p i o da l i v r e a s s o c i a g a o o uniao de o p e r a r i o s , de "baixo para c i n a , nuin novinento que co-megaria nas associagoes p r o f i s s i o n a i s , passando pelas conunaj, r e g i o e s , p a i s e s , ate culrainar nuna grande federagao i n t e r n a c i o n a l de p r o d u t o r e s .

0 f e d e r a l i s n o professado por Prondhon e Bakunin sera ou-t r o ponou-to de d i v e r g e n c i a s e n ou-t r e os n a r x i s ou-t a s e a n a r q u i s ou-t a s . Couo constatara n a i s tarde L e n i n , "Marx a f a s t a - s e , ao nesno tempo, de Proudhon e de Bakunin precisamente na questao do f e d e r a l i s m o (nao f a l a n d o na d i t a d u r a do p r o l e t a r i a d o ) . 0 Pederalismo d e r i -va, em p r i n c i p i o , do ponto de v i s t a pequeno-burgues do Anarquis mo ( s i c ) . Marx e c e n t r a l i s t a , e, em todas as passagens dele c i

-tadas, nao se pode e n c o n t r a r a menor i n f i d e l i d a d e ao c e n t r a l i s _ mo".13

I l l - CONCLUSlO:

A p o l e n i c a travada na A.I.T. e n t r e m a r x i s t a s e anarquis t a s , da q u a l se destacou alguns aspectos, teve importantes des-dobramentos p o l i t i c o s p o s t e r i o r e s . Se de um l a d o , provocou a r u i n a da I n t e r n a c i o n a l (Marx t r a n s f e r i u a xlssociagao para Nova Yorque, para e v i t a r que e l a caisse sob a i n f l u e n c i a dos

anar-q u i s t a s , t i r a n d o - l h e a sua base de a p o i o ) , por o u t r o , r e v e l o u a s ambiguidades da t e o r i a p o l i t i c a n a r x i s t a . Ambiguidades estas que dao margem a v a r i a s l e i t u r a s do d i s c u r s o m a r x i s t a sobre o l u g a r de p o l i t i c a . Ha, por exemplo, aqueles que minimizam as d i vergencias entre Marx e Bakunin a ponto de r e d u z i r t a i s d i v e r -gencias a questoes pessoais e nao d o u t r i n a r i a s (acusagoes exage_ radas de Bakunin a Marx e um c e r t o a u t o r i t a r i s m o deste u l t i m o na condugao da A . I . T . ) . Assim, para Guilherm e Bourdet, por exem p l o , "sob pressao de Bakunin, Marx aprofundou sua d o u t r i n a nun

, 14

s e n t i d o l i b e r t a r i o . . . " . Para esses a u t o r e s , Marx "pensava, c£ no Bakunin, que o s o c i a l i s n o nao passava do novinento esponta

(11)

08 neo das massas, que o marxismo nao f a z i a senao r e g i s t r a r e dar consciencia. E o i assim que escreveu, na margem do l i v r o E s t a t i s mo e Anarquismo: 'Nao se cuida de i n c u l c a r no p r o l e t a r i a d o u_i s o c i a l i s m o c i e n t i f i c o , mas de e x p r i m i r o movimento r e a l das mas sas* " .1 5

Em apoio a esta tese, f i g u r a r i a m os e s c r i t o s sobre a Co muna de P a r i s , que Lenin i n t e r p r e t o u em "Estado e Revolucao" co mo um t e x t o em que as posicoes marxisnas acerca do Estado se ha viam tornado 90 por cento a n a r q u i s t a s .

Para D a n i e l Guerin, por exemplo, ha mais pontos de apro-ximagao entre o marxismo e o anarquismo do que d i v e r g e n c i a s : " 0 anarquismo e i n s e p a r a v e l do marxismo. Opo-los um ao o u t r o e co-l o c a r um f a co-l s o probco-lema. £ a d i s p u t a sem s e n t i d o , que f a z deco-les

irmaos i n i m i g o s . Eles fOrmulam duas v a r i a n t e s , extremamente apa / 16 rentadas de um so e mesmo socialismo"."" Para esse a u t o r , embo r a h a j a desacordo em "alguns meios de como chegar l a " - r i t m o de desaparecimento do Estado, papel das m i n o r i a s , s u f r a g i o u n i v e r s a l - ha muitos pontos comuns. A f i n a l , argumenta e l e , "Ha zo nas de pensamento l i b e r t a r i o em toda a obra de Marx como na de L e n i n , e Bakunin, t r a d u t o r do C a p i t a l para o russo, deve muito

17 > ~ a Marx". Guerin chega i n c l u s i v e a s u g e r i r una i n j e c a o de anar

quismo no marxisno a t u a l para r e v i g o r a - l o e expurgar todas as deturpagoes a u t o r i t a r i a s que o l e n i n i s n o e, sobretudo, o e s t a l i nisno l h e i n c u t i u .

Para o u t r o s , as relacoes entre o r-.arxisno e o anarquisno sao d i c o t o n i c a s . 0 estudo a t e n t o do pensanento n a r x i s t a , nessa o t i c a , r e v e l a que "o c o n c e i t o n a r x i a n o de Estado nunca se l i b e r t o u completamente da marca h e g e l i a n a . Para os a n a r q u i s t a s , a a b o l i c a o do Estado era a t o p o l i t i c o , executado p e l a f o r g a revo-l u c i o n a r i a , de una vez por todas. Para Marx, poren, e revo-l e coroa to do um complexo processo de transformacoes socio-economicas, ope rados pelo poder p o l i t i c o , i s t o e, p e l o uso do p r o p r i o Estado para f i n s u n i v e r s a l i s t a s (e f a c i l n o t a r os ecos da i d e a l i z a g a o h e g e l i a n a ) " .

(12)

E n t r e t a n t o , a p e r s p e c t i v a de l e i t u r a do relacionamento narxisno/anarquisno proposta p e l a p r i r a e i r a o o r r e n t e , parece su g e r i r alguns desdobranentos t.eoric.os e p o l i t i c os m i s r i c o s ' e p r o n i s s o r e s . 0 calcanhar de Aq.uiles do narxisno,- a sua t e o i i a po_ l i t i c a , con todas as excrescencias de i d e i a s " e s t a t i s t a s " , buro c r a t i z a n t e s e a u t o r i t a r i a s , i n j e t a d a s no corpo dessa d o u t r i n a p r i n c i p a l i n e n t e depois de Marx, poderia ser f o r t a l e c i d o ao a s s i -m i l a r as proposicoes p o l i t i c a s fundanentais do anarquisno, t a i s

cono, o s i n d i c a l i s n o r e v o l u c i o n a r i o , o f e d e r a l i s n o e a autoges t a o .

(13)

NOT AS BIBLI OGR&PICAS 10

0 1 . GfTlLHEEM, A l a i n e Bourdet, Yvon. Autogestao: uina nudanga r a d i c a l . R.J., Zaliar E d i t o r e s , s/d., pp. 51 a 67;

02. SETTEMBRINI, Donenico. " S o c i a l i s n o M a r x i s t a e S o c i a l i s n o L i b e r a l " i n 0 Marxisno e o Estado - Noberto Bobbio e t a l . , R.J., Edigoes Graal, 1979, p. 85;

03. GUILHERM, A. e Bonrdet, Y. Op. c i t . p. 65; 04. I d e n , p. 65;

05. BAKUNIN, M. "Os Perigos de Un Estado M a r x i s t a " i n Os Gran des E s c r i t o s Anarquistas - o r g . por G. V/oodcook, Porto A l e g r e , L & PM ed. Ltda., 1981, p. 128;

06. Iden, p. 128; 07. I b i d e n , p. 129;

08. I b i d e n , I b i d e n , p. 130; 09. I b i d e n , I b i d e n , p. 130; 10. I b i d e n , I b i d e n , p. 131;

1 1 . GUERIN, D a n i e l . "As I d e i a s Eorgas do Anarquisno" i n 0 Anar-quisno e a Denoeracia Burguesa, 2§ ed., S.P., Global ed. 1980, p. 18;

12. BAKUNIN, M. "A I g r e j a e o Estado". i n Os Grandes E s c r i t o s A n a r q u i s t a s , o r g . por G. Woodcock, p. 76;

13. LENIN, V. I . 0 Estado e a Revolugao, S.P., ed. Hucitec,1978, p. 66;

14. GUILHEEM, A. e Bourdet, Y. op. c i t . , p. 67; 15. Iden, p. 67;

16. GUERIN, D. "Imaos Goneos-Irnaos i n i n i g o s " i n 0 Anarquisno e a Denoeracia Burguesa, 2§ Ed., S.P., Global ed., 1980, p. 102;

17. I d e n , p. 102;

18. MELQUIOR, J. G. 0 Calcanhar de A q u i l l e s : a P o l i t i c a de Marx i n E o l h e t i n n^ 321, da Eolha de Sao Paulo, 13/03/83.

(14)

A Paraiba: da conquista a penetragao do sertao

JOSE" APOLINARIO DO NASCIMENTO

* Topico de ura t r a b a l i i o apresentado na d i s c i p l i n a Nordeste Imperio, do mestrado em H i s t o r i a , da UFPE, m i n i s t r a d a pelo P r o f . Marc Joy H o f f n a g e l .

** P r o f , de H i s t o r i a do Campus V, XJPPB5 e mestrando r em

(15)

de exportagao, p o i s grande p a r t e escoara per v i a s que o gover no da C a p i t a n i a da Paraiba nao podera c o n t r o l a - l o e .

Jose R i b e i r o J u n i o r era sua obra "Colonizagao e Monopolio no Nordeste B r a s i l e i r o " c o n f i r n a o f a t o do c o n t r o l e da Capita-n i a de PerCapita-naCapita-nbuco sobre a Paraiba colocaCapita-ndo que "em 1755 por

ordcn do Conselho U l t r a i i i a r i n o , so v o l t a n d o a autononia en 11 2

de Janeiro de 1799"• En seguida, a l e n de nencionar outros ne-canisnos e d i f i c u l d a d e s en relagao as r o t a s da Conpanhia, colo ca- a l i s t a das f r e g u e s i a s que- estavan sob j u r i s d i g a o da d i t a conpanhia. I n c l u i a as seguintes: Nossa Senhora das Neves, Sao Pedro e Sao Paulo, de Mananguape, Nosso Senhora do Bon Sucesso de Ponbal, Santa Ana do Serido, Nossa Senhora dos M i l a g r e s dos C u r r a i s Velhos, Nossa Senhora da Conceicao de Canpina Grande, Nossa Senhora da Rainha dos Anjos de Taipu, Nossa Senhora do Desterro de Tanbe, Nossa Senhora da Conceigao da V i l a do Conde, Nossa Senhora da Assuncao da V i l a de Alhandra, Sao Miguel da

3

Bahia, Nossa Senhora do Desterro da V i l a P I o r " .

0 a u t o r cobre desta f o r n a una r e g i a o que esta i n s e r i d o nao apenas o l i t o r a l e a g r e s t e , nas tanben o s e r t a o .

Pazendo un excelente t r a b a l h o , o b r i g a t o r i o para os e s t u diosos do perlodo c o l o n i a l , Jose R i b e i r o J u n i o r nos - t r a n s n i t e ihfornagoes p r e c i o s i s s i n a s da r e a l situagao da C a p i t a n i a de Per nanbuco e suas suhordjjiadas, nostrando por exenplo, que a c r i -se pela qual passou o agucar en ternos de pregos no nercado Eu ropeu, por ocasiao da criagao da conpanhia nao estava a b e i r a de un colapso a econonia. E n f a t i z a que a' concorrencia do agucar a n t i l h a n o , o deslocanento da naodeobra para area n i n e r a -dora f o r a n f a t o r e s geradores da c r i s e e que, apesar deles "nao s i g n i f i c a r a n o esvazianento t o t a l da econonia N o r d e s t i n a " .

-[-' * 0 periodo a n a l i s a d o pelo a u t o r corresponde- a fase c r i t i

ca do s i s t e n a a b s o l u t i s t a portugues. Neste'sentido, as r e f o r -nas ponbali-nas levadas a cabo, ven denunciar que P o r t u g a l nao

estava encontrando resposta a una situagao c r i a d a no Reinado de D. Joao V.

(16)

04 Dentre os necanismos de r e f omulagao no s e n t i d o de aper f e i g o a r o aparato e s t a t a l e consequentemente aunentar o e r a r i o r e g i o , estava toda uiaa gana de decretos e p o r t a r i a s que a pra t i c a r e v e l a r a a nova face da Metropole. A conpanhia de Pernan buco e Paraiba sera o necanisno paupavel e c e n t r e nervoso do processo de una o u t r a face da nesna noeda, pelo qual a produ gao: do Nordeste escoara na diregao da Metropole con todos os recursos que dispoe e pode gerar nesta fungao. Evidencia-se que o piano g e r a l de r e f o r m s i n i c i a d a s por Ponbal, nao e apenas n o d e r n i z a r a n e t r o p o l e e estender b e n e f i c i o s as c o l o n i a s , m s de c r i a r condigoes p r o p i c i a s as a t i v i d a d e s econonicas, p o i s a n u i t o P o r t u g a l c o r r i a o p e r i g o de cada v e z . m i s perder—se a s i nesno e suas c o l o n i a s . Urgia f o r m r o conerciante capaz de con

p e t i r con os d e m i s paises da Europa.

' A l u t a de P o r t u g a l p e l a recuperagao econonica, as t e n t a t i v a s por colonizagao renovada(?), i s t o e noderna no sentido de n e l h o r desenpenho por p a r t e dos colonizadores a q u i , f o i i n f m

-t i f e r a . I n f r u -t i f e r a no s e n -t i d o de que desencadea un processo de descolonizagao, p o i s a c o l o n i a que e n f r e n t a as r e f o r m s ponba-l i n a s j a nao e a nesna de o u t r o r a . Nao m i s sera f a c i ponba-l - para P o r t u g a l i n p o r sua vontade e doninar cono f i z e r a no i n i c i o da

colonizagao. Ja se c r i a r a a q u i una pequena, poren s i g n i f i c a t i -va camda de p r o p r i e t a r i e s de t e r r a que i r a f a z e r se o u v i r , c o n aqpiragoes p r o p r i a s , a l e n das i n f l u e n c i a s que i r a receber de d i v e r s o s paises onde o processo de independeneia i r a exercer u m i n f l u e n c i a i n p o r t a n t e e Portugal, i r a aos poucos r e s p e i t a r

e f a z e r o p o s s f v e l para e v i t a r a f i n de i n p e d i r que lagos se ronpan. Sua agao sera de resguardar o naxino p o s s i v e l sua d o n i nagao. P o r t u g a l t e n consciencia de. seu pequeno tamnho e das r e a i s p o s s i b i l i d a d e s de perder sua m i o r c o l o n i a . Esta c o n s c i -encia a f l o r a no. t r a t a n e n t o que da aos seus subordinados, a. I o n ga d i s t a n c i a . 0 que f o i o seculo das l u z e s en P o r t u g a l , a t e n -t a -t i v a de i n p l a n -t a g a o v a i f a z e r un e f e i -t o c o n -t r a r i o , e v i d e n c i a do p e l a .vinda das Cortes "e p o s t e r i o m e n t e a Independene i a .

(17)

A.PARAifBAi, Da Conguista a Penetragao do Sertao.

xioa A c a p i t a n i a r e a l da Paraiba f o i conquistada em 1585, a p o s v a r i a s t e n t a t i v a s e anos de l u t a . A a l i a n g a entre t a b a j a -ras e p o t i g u a r a s f o i o maior empecilho. 0 processo de ocupagao f o i como no r e s t a n t e do Nordeste e do p a i s , v i o l e n t o e e x t e r m i nador do i n d i g e n a . Em 1586, f o i i n s t a l a d o o p r i m e i r o engenho nas margens do T i b i r i as custas da Eazenda Real. 0 agucar, por

t a n t o , no periodo c o l o n i a l f o i a p r i n c i p a l a t i v i d a d e de sous ha b i t a n t e s e a mao-de-obra u t i l i z a d a f o i a escrava, seu s u s t e n t a

c u l o .

0 processo de penetragao para o i n t e r i o r se deu a p a r -t i r da expansao do c u l -t i v o da cana-de-agucar e criagao do gado, alem das p o s s i b i l i d a d e s do c u l t i v o de outros produtos, necessa r i o s a s u b s i s t e n c i a , como a mandioca, m i l h o , f e i j a o , batata-do ce, e para completar a d i e t a , a caga e pesca que tornou-se s i g n i f i c a t i v a na f i x a g a o do homem no agreste e posteriormente no

s e r t a o .

A ocupagao do s e r t a o tern seu i n i c i o nos f i n s do seculo X V I I com a criagao de gado. Segundo E l p i d i o do Almeida, a pene

tragao no s e r t a o deu-se "por t r e s pontos d i s t a n t e s e opostoss pela subida do Rio Paraiba, pelas nascentes do mesmo e ao l o n -go do Rio Pianco, desde suas cabeceiras, no d i v i s o r de aguas com o Pajeu, a f l u e n t e do medio Sao Erancisco. 0 u l t i m o f o i o caminho para o povoamento da p a r t e o c i d e n t a l da C a p i t a n i a , comuni nando a r e g i a o dc Sao, Eranciscu. fey^i A ^o^^Ct ^4 SiO P i r a -nhas".

A expansao do t o r r i t o r i o e da f r o n t e i r a a g r f c o l a col£ n i a l era i n t e r e s s e de portugues para nao so ocupar, dominar ' e e s c r a v i z a r o i n d i o , como c r i a r gado e p r o d u z i r para e x p o r t a r para a metropole. As reformas promovidas por Pombal represen tarn bem a grave c r i s e que se f o r j o u na monarquia portuguesa,pe_ l a sua d i f i c u l d a d e em acompanhar o desenvolvimento dos demais paises da Europa, como tanoem p e l a ameaga de desmoronamento em

(18)

02 que se direcionavam as coisas p u b l i c a s do r e i n o .

Algumas f i g u r a s vao se destacar nessa penetragao: Domin gos Jorge Velho e O l i v e i r a Ledo. A Confederagco dos C a r i r i s c o n s t i t u i u um marco denunciador da v i o l e n t a l u t a e n t r e c o l o n i -zador e n a t i v e

Apenas os O l i v e i r a Ledo se f i x a r a m no s e r t a o , doninando quase que totalmente a maior p a r t e das t e r r a s do sertao cl. ira-r a i b a .

0 processo de ocupagao f o i l e n t o e seguro, a a t i v i d a d e c r i a t o r i a f o i a base de um o u t r o modus v i v e n d i pelas caracteris t i c a s que impunha o s o l o , a vegetagao, o clima e as d i s t a n c i a s em relagao aos pontos roais adiantados do l i t o r a l . D-jacir Mene zes p i n t a um quadro no seu l i v r o "0 outro Nordeste" que nao po demos desprezar como obra c l a s s i c a . As descrigoes f e i t a s pelo a u t o r sao deveras i n t e r e s s a n t e s na medida em que o instrument a l e o b j e instrument o de esinstrumentudo, sao no conjuninstrumento do Nordesinstrumente, d i f e r e n -ciadas da sociedade d e s c r i t a p o r G i l b e r t o P r e i r e em "Casa Gran de e Senzala".

Celso Mariz nos t r a n s m i t e a n o t i c i a de que no periodo c o l o n i a l j a se c u l t i v a v a o algodao. Sabe-se que indigenas o c u l t i v a v a m e teciam suas redes para d o r m i r .

0 desenvolvimento que passou a conhecer a C a p i t a n i a da Paraiba e posteriormente a P r o v i n c i a , continuou sendo dependen t e da c a p i t a n i a de Pernambuco. A dependencia o r i g i n a - s e nao so pela posigao que assume Pernambuco como centro comercial e ex-p o r t a d o r no ex-periodo c o l o n i a l , como ex-p e l a concentragao do maior numero de engenhos.

A dependencia da C a p i t a n i a da Paraiba em relagao a de Pernambuco tern i n i c i o de forma j u r i d i c a com a criagao da Compa n h i a Geral de Pernambuco e Paraiba, em 1755; e so encerra-se em 1799, com sua e x t i n g a o . 0 f a t o e i n t e r e s s a n t e e curioso porque posteriormente os governos das r e f e r i d a s C a p i t a n i a s i r a o a q u i e a c o l a se encontrarem na questao dos impostos sobre produtos

(19)

05 0 seculo XEX sera entelo ixaportante < Outros produtos irao a n p l i a r a pauta de exportagao a l e n do agucar. Refirone ao a l -godao que no i n i c i o do seculo XIX i r a se e v i d e n c i a r cono irapor t a n t e , p o i s o raercado consuraidor da Europa s o l i c i t a r a sera r e s -t r i g oes e se expandira, p r i n c i p a l n e n -t e con a Guerra de Seces-sao na segunda netade do seculo. A econonia da Paraiba sera n u i to raais un prolonganento da econonia de Pernanbuco que sua au-to-pronogao. B* cono que Pernanbuco carregando f i l h o s nas cos-tas, ou entao arrastando adeptos seus.

No que se r e f e r e a p e c u a r i a , sua posigao 4 n u i t o n a i s de f o r n e c e r tragao a n i n a l para os engenhos. No seculo passado, i r a i n i c i a r con n a i o r n i t i d e z as exportagoes de couro e carne, nesno que en pequenas quantidades. Sua fungao e s s e n c i a l sera a de abastecer o conercio i n t e r n o v i a pequenas f e i r a s que se de-senvolverao na r e g i a o a g r e s t i n a e s e r t a n e j a . A s s i n sera o pro cesso de penetragao cada vez n a i o r do desenvolvinento da pecua r i a que nos sertoes ate hoje c a r a c t e r i z a n sua p r i n c i p a l a t i v i -dade, exercendo de c e r t o nodo un c a r a t e r noldador na socieda-de s e r t a n e j a . Ao seu l a d o , ou nesno socieda-dentro do l a t i f u n d i o i r a desenvolver a a g r i c u l t u r a de s u b s i s t e n c i a que raarcara ainda una c a r a c t e r i s t i c a da a t i v i d a d e a g r i c o l a no Nordeste.

No n i v e l s o c i a l vanos t e r una sociedade onde aparecen os senhores, os escravos, os lionens l i v r e s que v i v e n na o r l a dos l a t i f u n d i o s . Parece ser s i g n i f i c a t i v a esta u l t i n a canada una vez que sera s i g n i f i c a t i v a no povoanento con relagao as denais. Jose R i b e i r o J u n i o r nos da una i d e i a ao r e f e r i r - s e a populagao das C a p i t a n i a s na segunda netade do seculo X V I I I :

(20)

06 MAPA DA POPULAQAO DA AREA MONOPOLIZADA PELA COMPANHA GERAL DE

COMERCIO DE PERNAMBUCO E PARAIBA. 1762-1763.

C a p i t a n i a Eogos Escravos Pop. L i v r e Populagao T o t a l

PE 16.711 ^y.2^y 66.810 90.109

PB 8.393 9.293 29.865 39.858

RN 5.570 4.499 18.806 23.305

CE 4.202 2.128 14•SG2 17.010

T O T A L 34.876 39.219 120.363 162.582

PONTE: RIBEIRO JUNIOR, Jose'. Opus C i t . p. 72.

'Cono se ve, o quadro apresentado pelo a u t o r , nos da una i d e i a da posigao da c a p i t a n i a da Paraiba, e a posigao da de Pernanbuco cono l i d e r n a t u r a l no cenario das c a p i t a n i a s nordes

t i r i a s .

Una i d e i a que pode a f l o r a r con c l a r e z a e a de que popu-lagao l i v r e e s t a r en f r a n c o desenvolvinento ao nesno tenpo que s u p e r i o r , caso da c a p i t a n i a da Paraiba n a i s que 0 t r i p l e Obvianente que toda esta populagao nao era p r o p i i e t a r i a de t e r

-ras, una vez que a concentragao era a r e g r a g e r a l e noma a ser seguida. Por o u t r o l a a o , a d i s t a n c i a entre a populagao da c a p i t a n i a da Paraiba en relagao a de Pernanbuco e nenor n a i s que o dobro, revelando que 0 povoanento f o i n u i t o p o s t e r i o r en relagao a Pernanbuco. No conjunto Pernanbuco supera todas e l a s . Pica deste nodo evidenciada a posigao de conando de Pernanbuco e si"bordinagao das denais. A populagao escrava chegava a 23^ cono chana a atengao o autor- 0 que andava fazendo toda esta populagao n a o - p r o p r i e t a r i a ? De que f o m a se r e l a c i o n a v a n con os p r o p r i e t a r i e s ? Tais questoes i n p o r t a n t e s sao p o s s i v e i s de ser respondidas. Se nao estavan trabalhando nas c u l t u r a s de ex portagao, obvianente trabalhando no sustento do L a t i f u n d i o quer cono n e e i r o s e sob c o n t r o l e do p r o p r i e t a r i o , quer cono pequeno p r o p r i e t a r i o nas f r a n j a s do l a t i f u n d i o .

(21)

07 I n t e r e s s a n t e observar que pelas f r e g u e s i a s e x i s t e n t e s o 11.mite naxino da f r o n t e i r a conhecida nos f i n a i s do seculo X V I I I na c a p i t a n i a da Paraiba era Porabal, dentro do s e r t a o n o r d e s t i -no na Paraiba. So a p a r t i r do seculo XIX e que coneca a expan sao para n a i s a d i a n t e , s e r t a o adentro, a t e a t i n g i r C a j a z e i r a s . E" p o s s i V e l que o avanco que s e j a n o t i v a d o p r i n c i p a l n e n t e pelo c u l t i v o da c u l t u r a a l g o d o e i r a que encontrou t e r r e n o p r o p i c i o e conercio s o l i c i t a d o r da n a t e r i a - p r i n a , sen contudo esquecernos que f o i o gado o p r i n c i p a l responsavel pelo povoanento i n i c i a l .

A c a p i t a n i a da Paraiba estava nas r o t a s da Conpanhia G-e r a l do conercio de Pernanbuco e Paraiba. Dentre as e x i s t e n t e s pode-se i d e n t i f i c a r a de Porto-Paraiba-Porto e Lisboa-Paraiba-Lisboa, de un t o t a l de nove r o t a s .

Se observarnos o volune para a epoca das exportacoes fej. tas p e l a conpanhia verenos que sua i n p o r t a n c i a era de peso:

EXPORTAQlO DE ACUCAR DE PERNAMBUCO E PARAlBA PELOS NAVIOS DA COMPANHIA EM CAIXAS DE 40 ARROBAS. 1760-1778.

Ano Conpanhia P a r t i c u l a r e s Sona

1760 200

-

200 1761 1.720 23 1.743 1762 8.659. 318 8.977 1763 3.973 173 4.133 1764 11.429 962 12.391 1765 4.229 231 4.460 1766 6.226 828 7.054 1767 6.202 376 6.578 1768 6.714 390 7.104 1769 7.492 812 8.304 1770 5.879 1.075 6.954 1771 5.019 1.090 6.109

(22)

08

Ano Conpanhia P a r t i c u l a r e s Sona

1772.

-

-

12.154 1773 q 8.312 1.132 9.144 1774 8.954 1.183 10.137 1775 ... 8.239 1.877 10.116 1776 6.203 1.627 7.830 1777 4.813 1.962 6.775 TOTAIS 120.470 19.325 139.795

EONTE: RIBEIRO JUNIOR, Jose. Opus c i t . p.. 137.

Ao observarnos os dados, f ornecidos por Jose R i b e i r o J u -n i o r , -nota-nos que supre-nacia da co-npa-nhia £ -n u i t o evide-nte -no

que d i z r e s p e i t o ao conercio exportador das c a p i t a n i a s . A exis_ t e n c i a de p a r t i c u l a r e s nos t r a n s p o r t e s de generos exportados j a r e v e l a de a n t i n a o que h a v i a una oposigao a r e f e r i d a conpa n h i a , cono a f i m a 0 a u t o r . T a l oposigao t i n h a tanben sens l i n i

t e s , p o i s a c e n t r a l i z a g a o r e a l t i n h a seus necanisnos de repres sao aos descontentes e contestadores da Coroa. A c e n t r a l i z a g a o revelava-se nao apenas en t e m o s de t r a n s p o r t e s , nas tanben en t e m b s de pregos por p a r t e da Coroa. Ha ainda que r e s s a l t a r o fato' de a conpanhia f a t u r a r nao sonente con as exportagoes.Ela f a t u r a v a tanben con as inportagoes, p r i n c i p a l n e n t e a de escra-vos.

Exportava-se a l e n do agilcar, atanados, couros en cabe-l o s , neios de s o cabe-l a , p a u - b r a s i cabe-l , n a d e i r a s outras e n e cabe-l .

Pode-se perceber pelas colocagoes acina que o conjunto da econonia no periodo c o l o n i a l nas c a p i t a n i a s do Nordeste te_ ve a fungao de nero fornecedor de produtos para a Coroa P o r t u

(23)

09 NOTAS B I B L I 0 G R £ F I 0 A S

01. ALMEIDA, E l p i d i o de. H i s t o r i a de Canpina Grande. 23 ed.Uni v e r s i t a r i a - Joao Pessoa, 1979? p. 13

02. RIBEIRO JUNIOR, Jose'. Opus C i t . p. 63 03- RIBEIRO JUNIOR, Jose'. Opus C i t . p. 64-65.

(24)

EXPANSAO C A P I T A L I S T A NO CEARA." 0 PAPEL DAS FERRO V I A S NAS MODIFICAQOES ADVINDAS DESTA EXPANSAO*

HUBISMAR MARQUES GALVAO**

* Trabalho, o r i g i n a l m e n t e , apresentado a d i s c i p l i n a H i s t o r i a Rural do B r a s i l , i n i n i s t r a d a pelo P r o f . Jose B o n i f a c i o , no Mestrado de H i s t o r i a da UPPe, em 1981..,Este t r a b a l h o nao S £ f r e u nenhuma a l t e r a g a o .

*# Professor e Coordenador do Curso de H i s t o r i a do Campus V da UPPb.

(25)

S U M A* R I 0

INTRODUQAO

DESENVOEVTMENT 0

2.1. 0 B r a s i l na Segunda metade do seculo TLX

2.2. Expansao E e r r o v i a r i a no Ceara

2.2.1. Elementos Motivadores

2.2.2. E e r r o v i a s no Ceara: Veem para Conquistar Novos Es pacos Economicos.

2.2.3. 0 Papel Exercido pelas E e r r o v i a s - na Penetragao Ca p i t a l i s t a - no Ceara: um estudo comparativo.

2.2.3.1. L i g e i r a s consideragoes sob-3 o papel exer cido pelas f e r r o v i a s no Ceara e as conse-quencias provocadas pelas mesmas, neste espago.

2.2.3.2. Descrigao dos C r i t e r i o s u t i l i z a d o s no Es-tudo .

2.2.3.3. A n a l i s e dos Dados.

NOTAS BIBIIOGRAEICAS

(26)

I N T R O D U Q l O

" ... o chamado progresso C a p i t a l i s -t a nao e mais do que uma agressao ao nomem e a natureza..." (Orlando V i l l a s Boas. c i tado por Joaquim Molano, "As m u l t i n a c i o -nais.na Amazonia", i n : encontros com a cl v i l i z a g a o B r a s i l e i r a , N2 l l ( M a i o , 1979).

0 o b j e t i v o mais amplo deste t r a b a l h o e t e n t a r mostrar as consequencias t r a z i d a s p e l o processo de expansao f e r r o v i a r i a - l e z a : expansao c a p i t a l i s t a - na zona r u r a l do Ceara.

Os p r i m e i r o s i t e n s - 2.1., 2.2.1., 2.2.2. - servem, antes de tudo, para i n s e r i r a p r o b l e m a t i c a . Eles mostram as razoes e os porques da deflagagao do processo de expansao f e r r o v i a r i a no Cear a . ELes evidenciam que, t a n t o no B Cear a s i l como no CeaCeara, em p a Cear t i -c u l a r , -com a expansao C a p i t a l i s t a "a e s t r u t u r a de produ-cao v a i ser reproduzida sob as lels imanentes do movimento do C a p i t a l , h i e r a r -quicamente subordinada ao C a p i t a l i n t e r n a c i o n a l " ( O l i v e i r a , Eran-c i s Eran-c o de. E l e g i a para um E e ( l i ) g i a o , p. 2 6 ) . Estes - Eran-c^mplementam e se completam com o i t e m 2.2.3., que corresponde, na r e a l i d a d e , ao ponto c e n t r a l de nosso t r a b a l h o .

No i t e m 2.2.3., a t r a v e s de um estudo comparativo, procura-se mostrar as implicagoes acarretadas p e l o processo de expansao f e r r o v i a r i a , nas zonas a t i n g i d a s pelos t r i l h o s . Neste i t e m , demonstrase que os m u n i c i p i o s a t i n g i d o s pelos t e n t a c u l o s dos t r i -l h o s t i v e r a m , mais do que naque-les nao a t i n g i d o s pe-las f e r r o v i a s , um incremento maior na v a l o r i z a g a o das t e r r a s ; a adogao mais i n -tensa do t r a b a l h o a s s a l a r i a d o ; o aumento do uso de bens p r o d u z i dos nas r e g i o e s hegemonicas; n x v e l mais elevado da c o n c r e t i z a g a o da propriedade e t c .

Todos os dados u t i l i z a d o s neste i t e m t i v e r a m como f o n t e s os censos de 1920, 1940 e 1950. Os g r a f i c o s , quadros e t a b e l a s f o -ran confeccionado com base n e l e s .

(27)

... V- £ J V : 04 0 marco temporal e l e i t o - 1920/1950 - f o i escolhido em f u n

gao de dois f a t o s : P r i m e i r o nao se podia e x t r a p o l a r o marco para

antes de 1920, pelo simples f a t o de nao e x i s t i r e m dados s u f i c i e n

-t e s , para o que se.pre-tendia f a z e r ; depois o marco f i n a l nao podia ser extrapolado para alem de 1950 porque apos esta data, p r a t i c a -mente, i n i c i a - s e uma nova fase nos t r a n s p o r t e s do B r a s i l - a "era r o d o v i a r i a " - levando, consequentemente, a que as f e r r o v i a s perdes sem, paulatinamente, seu papel de elemento m o d i f i c a d o r de r e g i o e s .

(28)

2' £ £ S E N V O L V I M E N T O

2.1. 0 BBASIL NA SEGUNDA METADE BO SECULO XIX

05

0 acontecimento mais i m p o r t a n t e , t a l v e z , o c o r r i d o na segunda metade do seculo XIX, f o i o soerguimento da a g r i c u l t u r e , de exporta.

gao do B r a s i l com a expansao de algumas c u l t u r a s a g r i c o l a s , p r i n cipalmente, o cafe e em menor escala o algodao, e t c . Estas c u l t u ras conseguem "soerguer" a economia do p a i s , r e t i r a n d o - o do estado

" l e t a r g i c o " pelo o qual h a v i a passado na p r i m e i r a metade do seculo XIX.

A expansao da economia c a f e e i r a , mais do que qualquer ! o u t r a a t i v i d a d e economica, f o i d e c i s i v a para que" o-pais pudesse superar aquele periodo de crescimento l e n t o da economia e r e t r a g a o no. se-t o r exporse-tador, v i v i d o nas p r i m e i r a s decadas desse-te seculo. $ o Ca f e que v a i r e i n t e g r a r o B r a s i l nas grandes l i n i i a s de expansao do comercio i n t e r n a c i o n a l . " ^ 0 cafe da "sangue novo" ao p a i s * com e l e , o B r a s i l tern condigoes de a u t o f i n a n c i a r sua expansao, neste p e r i o do.

A expansao da a g r i c u l t u r a de exportagao.concorre, nao so, com

2 / ~ 3 as d i v i s a s necessarias para o processo de expansao c a p i t a l i s t a do

p a i s , como tambem langa as bases para as grandes transformagoes do p a i s , como: a urbanizagao, adogao do t r a b a l h o l i v r e e a b o l i g a o da escravatura, Indus t r i a l i z a g a o , implantagao da Republica, e t c .

E* evidente que a expansao da a g r i c u l t u r a de exportagao do B r a s i l na segunda metade do seculo XIX, v a i r e p r e s e n t a r em u l t i m a a n a l i s e , A EORMA CONCREIA DE INSERQlO DO BBASIL NO SKEO DA EC0N0 MIA MUNDIAL; a forma como se desenvolve o C a p i t a l i s m o em um p a i s

que ocupa uma posigao subordinada dentro da economia mundial. Esta expansao da a g r i c u l t u r a de exportagao do B r a s i l e a consequente i n t e n s i f i c a g a o da penetragao C a p i t a l i s t a no nosso p a i s , se - j u s t i f i c a pela necessidade que 0 CAPITAL tern de sempre e s t a r se reproduzindo e se acumulando. Ele entao, nesta a n s i a de acumulagao e reprodugao.

(29)

06 c r i a novas necessidad.es ou acelera o consuno de detenninados produ t o s , cono no caso, por exenplo do Cafe e do Algodao.

Desta f o r n a , en suna, a h i s t o r i a do B r a s i l da segunda netade do seculo XIX, e a p r o p r i a h i s t o r i a da penetragao e expansao do Ca p i t a l i s n o no B r a s i l .

2.2. EXPANSAO EERROVl/iRIA NO CEARA*

2.2.1. ELSMENTOS MOTIVADORES

A H i s t o r i a das f e r r o v i a s no B r a s i l , en p a r t i c u l a r no Ceara, esta i n t i n a n e n t e v i n c u l a d a as transfornagoes que o c o r r e r a n no seio da econonia n u n d i a l na segunda netade do seculo XIX.

0 nonento acina c i t a d o p a r t i c u l a r n e n t e os nonentos de c r i -ses - e c r u c i a l para os pai-ses i n d u s t r i a l i z a d o s , principalraente pa r a a I n g l a t e r r a . Neste p e r i o d o , os c a p i t a l s i n v e s t i d o s na I n g l a t e r r a passan por una c r i s e de l u c r a t i v i d a d e , ou s e j a , os investinentos a i alocados estavam tendo cada vez n a i s una taxa nedia de l u c r o descendente. Desta f o r n a , os c a p i t a l i s t a s buscan a l t e r n a t i v a s para a solugao da c r i s e . Una d e l a s , n a i s p r o n i s s o r a s para o nonento, f o i a de se e x p o r t a r C a p i t a i s excedentes para aquelas areas, onde as taxas nedias de l u c r a t i v i d a d e fossen superiores as i n t e r n a s .

0 B r a s i l , que neste nonento e x e r c i a f o r t e a t r a t i v o as econo-n i a s c e econo-n t r a i s pelas p o s s i b i l i d a d e s de o f e r e c e r r e t o r econo-n o s coecono-nsidera- considera-v e i s aos c a p i t a i s a q u i i n considera-v e s t i d o s , de absorconsidera-ver p a r t e da produgao de nanufaturados excedentes ou pela capacidade de o f e r t a r grande quan

t i d a d e de n a t e r i a s - p r i n a s a pregos b a i x o s , se c o n s t i t u i u nuna das areas " e l e i t a s " .

As inversoes e s t r a n g e i r a s no B r a s i l se concentraran, en gran de p a r t e , no s e t o r f e r r o v i a r i o , tornando-os d e c i s i v o s para a expan sao da econonia agro-exportadora do pais e para p o s t e r i o r expansao do nercado i n t e r n e > .;;

E" dentro desse quadro n u i t o n a i s anplo de t r a n s f ornagoes por que passa a econonia n u n d i a l que se da o processo de inplantagao das f e r r o v i a s no Ceara. •

(30)

07 A c r i s e nas econonias c e n t r a i s denandava, para sua solugao e para seu p r o p r i o c r e s c i n e n t o f u t u r o , o aperfeigoanento do nodelo ex p o r t a d o r dos paises i n d u s t r i a l i z a d o s . Desta f o r n a , os i n v e s t i n e n tos e s t r a n g e i r o s sao carreados, p r i n c i p a l n e n t e , , setores v i n c u l x -dos ao funcionanento das a t i v i d a d e s exportadoras.

E* evidente que a i n t e r i o r i z a g a o das f e r r o v i a s no Ceara nao se j u s t i f i c o u apenas p e l a necessidade que t i n h a , p a r t i c u l a r n e n t e , a I n g l a t e r r a de escoar p a r t e do sua produgao n a n u f a t u r e i r a ou de Ca-p i t a i s excedentes. E x i s t i u un outro f o r t e dado - 0 Ceara Ca-passa a ser p a u l a t i n a n e n t e , un grande p r o d u t o r de algodao, t a n t o para o nercado externo cono, p o s t e r i o m e n t e , para o nercado i n t e r n o . Ele

e v i s t o cono un espaco en que quase toda sua extensao t e r r i t o r i a l e p o t e n c i a l n e n t e p r o d u t o r a do "ouro branco", con o qual a I n g l a t e r r a p o d e r i a con a extensao da nalha f e r r o v i a r i a para o i n t e r i o r , contar con una area fornecedora - para o nonento - e r e s e r v a - pa-ra o f u t u r o - que pudesse s u p r i r , a qualquer i n s t a n t e , una possi_ v e l escassez desse produto no nercado i n t e r n a c i o n a l . •

0 Ceara, cono de resto todo o B r a s i l , recebia os i n f l u x o s da expansao C a p i t a l i s t a por que passava: o nosso p a i s na segunda meta-de -do seculo XIX. E x i s t i a un esforco dos governos da B r o v i n c i a , en a p a r e l h a - l a de i n f r a - e s t r u t u r a capaz de t o r n a r n a i s d i n a n i c a s as

7 r

exportagoes, "ja que "o nodelo exportador e x i g i a constantenente o a p r i n o r a n e n t o da produgao. I n s t i t u i g o e s de c r e d i t o s capazes de f o r necer C a p i t a l ao a g r i c u l t o r , estradas e t r a n s p o r t e s que p o s s i b i l i

tassen o escoanento r a p i d o dos generos, enpresas de navegagao r e s -pdnsaveis pelo conercio de cabotagen e e x t e r n o , sao p r e - r e q u i s i t o s sugeridos nos R e l a t o r i o s e Mensagens o b j e t i v a n d o alcangar o maxino de produgao". ]§ evidente que "na l u t a travada p e l o governo con o f i n de manter sempre em elevagao o n i v e l das exportagoes, r e s s a l -tam as atengoes dispensadas a i n s t a l a g a o de estradas de f e r r o e de companhias de navegagao, responsaveis d i r e t a s p e l o escoanento da produgao ( . . . ) " •

\ • ^ 10

Dada a i n p o r t a n c i a do Algodao para a econonia cearense, ne£ te nonento, e as d i f i c u l d a d e s advindas para seu escoanento, e de supor o esforgo trenendo encetado pelas a u t o r i d a d e s p r o v i n c i a i s na

(31)

08 implantagao dos caninhos de f e r r o neste t e r r i t o r i o .

A i n s t a l a g a o de f e r r o v i a s no i n t e r i o r do Ceara, representava para f a z e n d e i r o s , comerciantes, exportadores e demais interessados na expansao deste produto - 0 Algodao - a "formula magica" para au mentar sens l u c r o s , l i a j a v i s t a que a i n s t a l a g a o d e l a s , r e d u z i r i a

os custos f i n a i s do produto. Este f a t o e evidenciado, por exenplo, nos R e l a t d r i o s dos Presidentes da P r o v i n c i a . 0 R e l a t o r i o de 1861

chega a a f i r m a r que:

" o a l t o preco dos t r a n s p o r t e s e ainda a causa iramedia-t a de nao chegarem as pragas do l i iramedia-t o r a l grande somma de gene_ ros que consomen-se no l u g a r de f a b r i c o e reduzen-se propbr-cionalmente a extensao do mercado; OUTROS SOBREM EM SEU VA-LOR NOTAVEL DEPRESSlC POE 3EMELHANTES GASTOS, E ABSORVEM AO PRODUCTOE LUCROS IMPORT ANTES, QUE SE EOSSEM PERCEBIDOS E . ACCUIvrjIuiEOS AUGMENTARIAM OS CAPITAES E AS EORQAS DE

PRODU-Q l O . ^ No p r i m e i r o caso se acna t a l v e z o m u n i c i p i o do Crato e outros do Sul da Provxncia; no segundo esta sem duvida o -. m u n i c i p i o de B a t u r i t e " .^-^

I s t o f o i v a l i d o nao so para o Ceara, mas tambem para Sao Pau l o com relagao ao Cafe. Segundo Odilon Nogueira de Matos, os cafei_ c u l t o r e s p a u l i s t a s , tambem compreenderam que "se a l a v o u r a esta one rada so podera s a l v a r - s e procurando aumentar o v a l o r l i q u i d o de seus produtos e i s t o so se conseguira obtendo mais f a c i l e mais ba r a t o t r a n s p o r t e dos mesmos produtos para o mercadoV."^ Esta era a a l t e r n a t i v a mais v i a v e l para, o momento. As outras a l t e r n a t i v a s -pa r a o Ceara - como a m e l h o r i a dos metodos de produgao e elevagao do n i v e l de pregos do algodao eram, praticamente, i m p o s s i v e l de seren e f e t i v a d a s , neste momento. Por exemplo: a solugao v i a elevagao dos pregos do algodao, nao era p o s s i v e l , dado que, o CONTROLE DOS MES MOS ESTAVA DO LADO DA DEMANDA. Desta forma, a resolugao do

impasse d e v e r i a impasser encontrada do LADO DA OEERTA. Tentaimpasse, entao, r e -s o l v e r o problema, implantando--se o-s CAMINHOS DE EERRO.

Coloca-se, comumente, que as f e r r o v i a s foram motivadas na sua implantagao, p r i n c i p a l m e n t e , como solugao para o combate a s: se_

cas. As f e r r o v i a s sao colocadas, em boa medida, cono un- enpreendinento que d e v e r i a v i r para pre stair urn "Servigo S o c i a l aos E l a g e l a -dos". I s t o aparece constantenente nos discursos dos Presidentes de

(32)

i ( : 09 P r o v i n c i a . 0 Sr. Jose J u l i o de Albuque:rque B a r r o s , P r e s i d e n t s da

P r o v i n c i a , en d i s c n r s o no d i a do a s s e n t a n e n t o dos p r i n e i r o s t r i -I h o s da E s t r a d a de P e r r o de S o b r a l , en 1879, a r g u n e n t a v a que:

"nao se p o d i a d e i x a r de r e c o n l i e c e r a p a t r i o t i c a s o l i c i

-tude e g e n e r o s i d a d e do governo I n p e r i a l que p o r t o d o s os n e i o s t e n c u i d a d o de n i n o r a r os s o f r i n e n t o s d e s t a p r o v i n c i a , de p r e s e r v a l a dos c r u c i s e f f e i t o s das c a l l a n i d a d e s que f r a -g e l l a o p e r i o d i c a n e n t e ( . . . ) " .

14E s t e t i p o de a r g u n e n t o aparece con f o r t e dose de e f e i t o n o -r a l , quando na -r o a l i d a d e , nao o e -r a . A p-reocupagao en se s o c o -r -r e -r os a t i n g i d o s p e l a seca, a n t e s de c o n s t i t u i r una j u s t i f i c a t i v a n o -r a l , e -r a n a i s e c o n o n i c a , na n e d i d a e-ri que, nenos b -r a g o s n a a g -r i c u l t u r a s i g n i f i c a v a , c o n s e q t l e n t e n e n t e , nenos n i l r e i s no,s e x p o r t a

-~ 15 r

goes, p r i n c i p a l f o n t e de r e n d a da e c o n o n i a c e a r e n s e . A p r o p r i a h i s t o r i o g r a f i a o f i c i a l " e s q u e c e " que se nao e x i s t i s s e n no Ceara, a t i v i d a d e s e c o n o n i c a s capazes de j u s t i f i c a r a i n p l a n t a g a o das v i a s f e r r e a s , e s t a s nao t e r i a n se i n s t a l a d o a i , n e s t e n o n e n t o . E r a p r e c i s o que a P r o v i n c i a f o s s e e c o n o n i c a n e n t e v i a v e l . En o u t r a s p a l a -v r a s , qtie e l a e x p o r t a s s e o s u f i c i e n t e p a r a p o d e r p a g a r os j u r o s das g a r a n t i a s e as a n o r t i z a g o e s . dos e n p r e s t i n o s . So dessa f o r n a se i n p l a t a r i a n f e r r o v i a s n e s t a e e n q u a l q u e r o u t r a p a r t e do B r a s i l .

Neste n o n e n t o , no Ceara, o p r o d u t o de n a i o r peso p a r a . a eco-n o eco-n i a da P r o v i eco-n c i a , s e eco-n d u v i d a , e r a o ALGODAO. P o d e r i a - s e d i z e r , que o A l g o d a o , e n grande p a r t e , e o e l e n e n t o j t i s t i f i c a d o r da i n -p l a n t a g a o das f e r r o v i a s n e s t e t e r r i t o r i o .

2.2.2. FEBROVIAS NO CEAPai - VEEM PAPA CONQTJISTAR NOVOS 3SPA-COS ECONOMI3SPA-COS

As f e r r o v i a s no Ceara, v e e n p a r a c o n q u i s t a r novos espagos. E l a s chegan a e s t a r e g i a o c o n o o b - j e t i v o p r i n c i p a l de t o r n a r r e a l i dade - e n t e r n o s de produgao de a l g o d a o - u n espago que dada as suas c a r a c t e r i s t i c a s f i s i c a s e p o t e n c i a l m e n t e p r o d u t o r do " o u r o b r a n c o " em quase t o d a sua e x t e n s a o t e r r i t o r i a l .

(33)

-10 s i d a d e s de s e u parque i n d u s t r i a l e do d e s e j o de se l i b e r t a r do j u go quase e x c l u s i v o do n e r c a d o n o r t e - a n e r i c a n o ( . . . ) , de o r g a n i z a r una p o l i t i c a p a r a d e s e n v o l v e r a c u l t u r a a l g o d o e i r a en o u t r a s p a r -t e s do nundo"."^ E r a e v i d e n -t e , que e s -t a p o l i -t i c a de i n c e n -t i v e a c u l t u r a a l g o d o e i r a nao' t e r i a p l e n o e x i t o se nao f o s s e aconpanhada p o r una p o l i t i c a de n e l b o r i a dos t r a n s p o r t e s nas a r e a s p r o d u t o -r a s ou p o t e n c i a l n e n t e p -r o d u t o -r a s , h a j a v i s t o que, a d i f i c u l d a d e de t r a n s p o r t a r o a l g o d a o do s e r t a o ao. l i t o r a l i n p l i c a v a en que o n e s -no nao f o s s e p r o d u z i d o en n a i o r v o l u n e e consequentenente nao se

o b t i v e s s e una n a i o r e x p o r t a c a o . Desta n e c e s s i d a d e de se t e r ao s e u f a c i l a l c a n c e a r e a s p r o d u t o r a s de a l g o d a o , d e c o r r e o grande i n t e -r e s s e da I n g l a t e -r -r a de c o n s t m i -r , f i n a n c i a -r , v e n d e -r m a t e -r i a l f e -r -r o v i a r i o ou a d n i n i s t r a r f e r r o v i a s n e s t a s a r e a s .

Canabrava, descrevendo a d i f u s a o de d e t e r n i n a d a s e s p e c i e s de a l g o d a o no B r a s i l , a f i r n a que "as novas p l a n t a s , conhecidas pe-l a designagao g e r a pe-l de a pe-l g o d a o h e r b a c e o , c o n s t i t u i a n - s e de a pe-l g u n a s v a r i e d a d e s dos U p l a n d de f i b r a c u r t a , que p r o c e d i a n dos E s t a d o s U r i i dos. Sua l a r g a d i s s e n i n a g a o na decada de s e s s e n t a , r e s u l t o u en grande p a r t e da a t i v i d a d e das a d n i n i s t r a g o e s • I n p e r i a l e I r o v i n c i a l e DO CONCTJItSO DOS INTEEESSES LIGADOS A HTDUSTEIA TEXTI1 IRG-LESA , coco aconteceu* em o u t r a s p a r t e s do-nundo, tendo en n i r a s u p r i r as n e c e s s i d a d e s do s e u parque i n d u s t r i a l , a b e i r a do c o l a p s o desde que

19 s e h a v i a n i n t e r r o n p i d o as r e n e s s a s do a l g o d a o n o r t e - a n e r i c a n o " . Es t e i n t e r e s s e i n g l e s de i n c e n t i v a r . a c u l t u r a a l g o d b e i r a no B r a s i l e de t e c t a d o y - i n e l u s i v e , no N o r t e s t e .• :

Mesno que o a l g o d a o p l a n t a d o ou que pudesse s e r . p l a n t a d o nao f o s s e e x p o r t a d o ou t i v e s s e suas e x p o r t a g o e s r e t r a i d a s p a r a a I n g l a

20 •

t e r r a , i s t o pouco i n p o r t a v a . 0 i n p o r t a n t e p a r a os i n g l e s e s , e r a t e r e n ao s e u f a c i l a l c a n c e a r e a s p r o d u t o r a s ou p o t e n c i a l n e n t e p r o -d u t o r a s -de a l g o -d a o , -das q u a i s pu-desse a q u a l q u e r n o n e n t o - - dependendo do d e s e n r o l a r dos a c o n t e c i n e n t o s se v a l e r p a r a f a z e r f r e n -t e a una p o s s i v e l escassez do p r o d u -t o no n e r c a d o i n -t e r n a c i o n a l .

: Sabenos que a c o n q u i s t a d e s t e s espagos, no n o n e n t o , nao pode

s e r e x p l i c a d a senao d e n t r o do c o n t e x t o das r e l a g o e s c a p i t a l i s t a s . Desta f o r n a , a expansao f e r r o v i a r i a v i s a v a c o l o c a r sob a o r b i t a de

(34)

I 1 1 dominacao do CAPITAL, a r e a s a n t e s nao dominadas p e l o mesmo, i m p l i

cando na adogao, i n c l u s i v e , p o r p a r t e s d e s t a s a r e a s de v a l o r e s , p r o d u t o s , costumes e t c de uma "nova ordem".

Em suma, e s t a expansSo ao c o n q u i s t a r novos espagos no p a i s -l e v a n d o o B r a s i -l a uma m a i o r i n s e r g a o no ' ' t u r b i -l h a o - da economia i n t e r n a c i o n a l " v i s a v a com o " a c e l e r a m e n t o das comunicagoes, a t r a -ves de c o n s t r u g a o das e s t r a d a s de f e r r o p e r m i t i r p e n e t r a g o e s mais p r o f u n d a s e mais r a p i d a s nas a r e a s p r o d u t o r a s , ao mesmo tempo em

21 que a m p l i a o mercado i n t e r n o " .

2.2.3- 0 PAPEL EXERCILO PELAS FERROVIAS - NA PENETRAQlO CAPI TALISIA - NO CEARA: I M ESTUDO CCT/IPARATIVO

24 2 . 3 * 1 . L i g e i r a s Consideragoes sobre o papel e x e r c i d o pelas EEEROVTAS no d e a r a e as consequencias provocadas pe_ l a s mesmas, n e s t e espago.

Foxam, na r e a l i d a d e , as c r e s c e n t e s n e c e s s i d a d e s de que tern 0 CAPITAL de se r e p r o d u z i r e acumularse que implementaram t r a n s f o r -magoes s u b s t a n c i a i s na economia cearense.

Urn dos i n s t r u m e n t o s r e s p o n s a v e i s p e l a e f e t i v a g a o d e s t a s mu-dangas, f o r a m as f e r r o v i a s .

0 s e t o r a g r i c o l a , p o r exemplo, com as f e r r o v i a s - que n e s t e momento, no Ceara, e o caminho de d i f u s a o dos v a l o r e s , dos p r e c e i

t o s e dos p r o d u t o s do C a p i t a l i s m o em expansao a d o t a novas t e c n i -cas de produgao, i m p l i c a n d o , i n c l u s i v e , n u n m a i o r consumo de bens-como maquinas, adubos e t c - p r o d u z i d o s nas r e g i o e s begemonicas.

~£ e v i d e n t e , que as t r a n s f ormagoes que ocorrera,. p a u l a t i n a m e n -t e , n a zona r u r a l c e a r e n s e , sao d e c o r r e n c i a d i r e -t a "da subordinagao c r e s c e n t e das a t i v i d a d e s a g r i c o l a s as e x i g e n c i a s da reprodugao e

23

acumulagao de C a p i t a l na economia m u n d i a l . Segundo P a u l o R. Bes-kow e s t a acentuada p e n e t r a g a o do C a p i t a l no canpo " m a n i f e s t a - s e de duas f o r m a s : m o d i f i c a g a o das r e l a g o e s t e c n i c a s de produgao na a g r i _ c u l t u r a v i a i n t e n s i f i c a g a o de uso de maquinas, implementos e i n s u -mos de o r i g e m i n d u s t r i a l e aprofundamento das r e l a g o e s de produgao

(35)

12 C a p i t a l i s t a s no carapo, v i a aumento da i m p o r t a n c i a do t r a b a l l i o assa l a r i a d o t e m p o r a r i o " . ^

A p r i m e i r a r o a n i f e s t a g a o d e s t a p e n e t r a g a o c a p i t a l i s t a e detec, t a d a no Ceara, j a , no p e r x o d o a b r a n g i d o p o r nosso t r a b a l l i o .

As e s t r a d a s de f e r r o fazem, tanbem, " r a o r r e r " ou d i m i n u i r o movimento de c i d a d e s . Segundo Baimundo G i r a o

" ( . . . ) com a p e n e t r a g a o l e n t a das e s t r a d a s de f e r r o , a l gumas aglomeracoes-bumanas se formando e o u t r a s tomando a l e n t o c i v i l i z a d o r , p a r a se c o n s t i t u i r e m d e p o i s mais f o r t e s emp£ r i o s de d i s t r i b u i c a o , n u c l e a n d o zona de i n f L u e n c i a comereial,' p o l i t i c a , s o c i a l e e s p i r i t u a l . A r a c a t i e I c o a g o r a d e s p i d a s do e s p l e n d o r de ontem, So-b r a l , C r a t o , B a t u r i t e , G r a n j a , QuixaramoSo-bim eram os f o c o s de m a i o r movimentagao ( . . . ) " . ^ 5

C o n s t a t a - s e que os caminhos de f e r r o provocam p o r onde e s t e n dem seus t e n t a c u l o s o aumento da p o p u l a c a o ; a v a l o r i z a g a o das t e r r a s , a adogao mais a c e n t u a d a do t r a b a l b o a s s a l a r i a d o , o aumento de despesas com adubos, i n s t r u m e n t o s e maquinas a g r i c o l a s , aumento da produgao, d e s t r u i g a o mais a c e l e r a d a das n a t a s e uma Consequente u t i l i z a g a o das t e r r a s p a r a a g r i c u l t u r a , m a i o r u t i l i z a g a o media das t e r r a s p a r a o p l a n t i o , n i v e l mais acentuado de c o n c e n t r a g a o da prp_ p r i e d a d e , a l e n , e c l a r o , da d i f u s a o n a i s i n t e n s a dos p r e c e i t o s e v a l o r e s de uma "nova ordem".

A c o n s t a t a g a o d e s t e s dados, c o n s t i t u i o o b j e t i v o m a i o r de nosso t r a b a l h o . E l e tomara p o r b a s e , p a r a e v i d e n c i a r a f o r g a do que f o i argumentado a c i m a , o e s t u d o c o m p a r a t i v o e n t r e c i d a d e s p o r onde as f e r r o v i a s passaram e c i d a d e s p o r onde e l a s nao p e n e t r a r a n .

2.2.3.2. DESCPJgAO DOS CRITl^BIOS UTILIZADOS NO ESTUDO

Levaran-se en c o n s i d e r a g a o , os s e g u i n t e s c r i t e r i o s , p a r a a e f e t i v a g a o do e s t u d o :

1 . Para que o u n i v e r s o f o s s e o mais r e p r e s e n t a t i v e p o s s i v e l , o e s t u d o a b r a n g e u as nove zonas do Ceara, de a c o r d o com o censo de 1950;

(36)

; 13

ragao - en tare os n u n i c i p i o s p o r onde passavan ou nao as f e r r o v i a s - capazes de p o s s i b i l i t a r una n a i o r seguranga na comprovagao das h i p o t e s e s . Na p r i m e i r a f o m a , u t i l i z a r a n - s e n u n i c i p i o s de o i t o

26

das nove zonas do Ceara. De cada zona, e s c o l h e r a n s e d o i s m u n i -' 27

c i p i o s - u n onde as f e r r o v i a s passavan e o u t r o onde e l a s nao passavan l e v a n d o en c o n s i d e r a g a o , apenas, a e x t e n s a o t e r r i t o r i -a l dos nesnos, ou s e j -a , que e l e s t i v e s s e n un-a -a r e -a s t e r r i t o r i -a l

28

n a i s ou nenos i g u a l . Na segunda f o m a de conparagao, a e s c o l h a c a i u s o b r e n u n i c i p i o s de zonas d i f e i e n t e s . l e v o u - s e , tanbem, en c o n s i d e r a g a o , n e s t a f a s e , a r e l a t i v a i g u a l d a d e na e x t e n s a o t e r r i -t o r i a l dos n u n i c i p i o s *

2.2.3.3* ANitLISE DOS DADOS

1 . ANAllSE P i TABELA 2

H T P O T E S E :

a. 0 v a l o r dos e s t a b e l e c i n e n t o s r u r a i s nos n u n i c i p i o s onde as f e r r o v i a s p e n e t r a r a n sao, en n e d i a , s u p e r i o r e s aos dos n u n i c i

-p i o s onde e l a s nao -p e n e t r a r a n .

b . "As n o d i f i c a g o e s das r e l a g o e s t e c n i c a s de produgao na a g r i c u l t u r a , v i a i n t e n s i f i c a g a o de uso de maquinas,' implementos e i n sumos de o r i g e m i n d u s t r i a l " sao mais a c e n t u a d a s , em media, n a

-q u e l e s m u n i c i p i o s onde as f e r r o v i a s se i n t e r n a r a m .

A T a b e l a 2 m o s t r a o v a l o r dos- e s t a b e l e c i n e n t o s r u r a i s p a r a os anos de 1920, 1940 e 1950. No v a l o r t o t a l dos b e n s , e s t a conpu t a d o a sona de todos os conponentes dos e s t a b e l e c i n e n t o s . Para a a n a l i s e dos i t e n s , deu-se p r e f e r e n c i a a t e r r a s , maquinas e i n s t r u mentos a g r a r i o s , p o i s e s t e s , mais do que, p o r exemplo, p r e d i o s ,

c o n s t r u g o e s e a n i n a i s , d e n o n s t r a n a i n f l u e n c i a das f e r r o v i a s — l e i a : p e n e t r a g a o c a p i t a l i s t a na v a l o r i z a g a o dos e s t a b e l e c i n e n t o s r u -r a i s .

Os dados c o n t i d o s na TABELA 2, e v i d e n c i a m a f o r g a de nossas h i p o t e s e s . No que d i z r e s p e i t o ao v a l o r dos e s t a b e l e c i m e n t o s , na

Referências

Documentos relacionados

Como proposta desta monografia tem-se a utilização do tema “A Química Medicinal no contexto do ensino superior: “Proposta de investigação da atividade

Todos os professores do Ensino Médio e do Ensino Superior participantes da pesquisa também mencionaram o fato de terem grande dificuldade de corrigir questões teóricas abertas

Por meio de questionários aplicados a estudantes participantes e não participantes do Programa e também aos demais tutores de Química Analítica Aplicada, foi possível identificar

Após essas filmagens que contou com duas câmeras dispostas na sala, uma focando o professor e outra focando as duas estudantes surdas e o intérprete, foi feita a transcrição

Denilson Mendes de Oliveira, sob a orientação do professor Vinícius Catão de Assis Souza. Sabemos que a questão do interesse dos estudantes em sala de aula é muitas vezes

GERAL: Desenvolver atividades experimentais com materiais didáticos alternativos de baixo custo que colaborem para o Ensino de Química abordando, principalmente, o

A experiência de utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação em aulas de laboratório de química analítica instrumental ao longo do último ano, para alunos

Contudo, o uso do Chromecast via celular é uma excelente ideia para se usar como ferramenta no Ensino de Química, já que hoje em dia os estudantes estão