O ESTUDO SOBRE JUVEN TUDE N O BRASI L
Alexandre Aparecido dos SANTOS1
RESUMO: A resenha apresent a a propost a m et odológica present e no livro coordenado por Marilia Pont es Sposit o, O Est ado da Art e sobre j uvent ude na pós- graduação brasileira: Educação, Ciências Sociais e Serviço Social. Est a obra t em por obj et ivo, realizar um balanço bibliográfico, a sist em at ização de um est ado da art e, no que diz respeit o à produção nacional sobre as inst ancias sociais j unt o à j uvent ude do país. Est abelece condições t eóricas para possíveis avanços j unt o a esse cam po do conhecim ent o social.
PALAVRAS- CH AVE: Est ado da art e. Balanço bibliográfico. I nt erdisciplinaridade.
ABSTRACT: The r eview present s t he m et hodology proposed in t his book
coordinat ed by Marilia Pont es Sposit o, The St at e of t he Art on yout h in post - graduat e courses: Educat ion, Social Sciences and Social Work. This w ork aim s, conduct an evaluat ion lit erat ure, t he syst em at izat ion of a st at e of t he art w it h regard t o nat ional product ion about social inst ances along t he count ry's yout h. Est ablishes condit ions for possible t heoret ical advances along t his field of social know ledge.
KEYW ORDS: St at e of t he art . Balance bibliographic. I nt erdisciplinarit y.
Encont ram os nest a obra um esforço t eórico de const rução daquilo
que Marilia Pont es Sposit o nos apresent a com o est ado da art e, que seria
um “ esforço sist em át ico de invent ariar e fazer balanço sobre aquilo que foi
produzido em det erm inado período de t em po e área de abrangência. I sso
é o que se convencionou denom inar de “ est ado do conhecim ent o” ou
“ est ado da art e” ( SPOSI TO, 2009) . Assim sendo o livro t em por
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obj et ivando proporcionar um a sit uação que possibilit e avanços t eóricos
dent ro da área que abrange os est udos sobre j uvent ude no país.
Por cont a disso encont ram os no livro “ O Est ado da Art e sobre
j uvent ude na pós- graduação brasileira: Educação, Ciências Sociais e
Serviço Social” - Volum e 1 e 2, um balanço t eórico int erdisciplinar sobre a
produção acadêm ica que diz respeit o a t em át ica do j ovem brasileiro,
buscando est abelecer um invent ario t eórico sobre a produção cient ifica
dent ro dest e cam po de saber que ent ender as diversas relações sociais
que envolvem e são desenvolvidas por nossa j uvent ude.
Para que ent endam os a im port ância da realização de um exercício
t eórico t ão com plexo, a aut ora propõe que, t enham os em vist a um a
sit uação em que:
[ ...] alguém que iniciou um a cam inhada e num cert o pont o faz um a parada, olha para t rás, t om a fôlego, reavalia os obj et ivos do cam inhar e se coloca em posição de r et om ar o percurso, podendo m esm o reorient ar o seu rum o em função da “ reflexão” e da recuperação que o at o de int errom per a m archa possa t er prom ovido ( SPOSI TO, 2009, p.7) .
Nesse sent ido t em os que é na t ent at iva de se const it uir um cam po
de problem át icas t eóricas hist oricam ent e cont ext ualizadas que perm it a a
const rução de um “ passo adiant e” em relação á at ual produção cient ifica
sobre as relações sociais da j uvent ude é que Sposit o propõe esse
“ exercício de recuperação analít ica da produção sobre os j ovens e a
j uvent ude no Brasil” ( SPOSI TO, 2009, p.7) est abelecendo por m eio dele
um “ est ado da art e” que viabilize, de um a m aneira int erdisciplinar, novos
cam inhos para o desenvolvim ent o dest e cam po t ão part icular de saber.
Sposit o ( 2009) descreve esse t rabalho com o um segundo m om ent o
no processo de est abelecim ent o de um est ado da art e sobre a nossa
j uvent ude, m om ent o esse em que encont ram os um a colet ânea que busca
operar:
Juvent ude, de 1999 at é 2006, nas áreas Educação, Ciências Sociais ( Ant ropologia, Ciência Polít ica e Sociologia) e Serviço Social, além de est abelecer, sem pre que possível, parâm et ros com parat ivos ent re a produção ant erior ( 1980/ 1998) e a at ual ( SPOSI TO, 2009, p.7) .
Apont ando com o obj et ivo um levant am ent o sobre as “ as principais
inflexões e aport es t eórico- m et odológicos observados nas áreas de
conhecim ent o analisadas e t am bém sugerindo novas vert ent es de
invest igação para problem át icas ainda pouco exploradas pelas pesquisas
de m est rado e dout orado” ( SPOSI TO, 2009, p.8) . E, no lim it e, a
finalidade:
[ ...] de subsidiar a elaboração, a im plant ação e o m onit oram ent o de polít icas públicas que at endam com qualidade o público j ovem no espaço da escola pública. E, ao m esm o t em po, fom ent ar o int ercâm bio ent re a com unidade acadêm ica e out ros at ores envolvidos nos processos de educação e de produção de conhecim ent os relacionados com os j ovens alunos do Ensino Médio ( SPOSI TO, 2009, p.8) .
Tendo em vist a que
[ ...] a pr odução de conhecim ent os e inform ações sobre j uvent ude t am bém não é privilégio do m undo universit ário. I nst it ut os privados de pesquisa, organizações não-governam ent ais e organism os públicos t êm produzido, significat ivam ent e, nos últ im os anos, sobre o t em a. A relevância e a qualidade desses est udos ainda est ão por ser aferidas, m as de algum m odo eles não só t raçam diagnóst icos ou ret rat os da j uvent ude com o, t am bém , const roem at ivam ent e um a im agem sobre os j ovens no Brasil ( SPOSI TO, 2009, p.14) .
Just am ent e por isso é que a propost a invest igat iva desse t rabalho
t em por fio condut or elencar aport es t eóricos que perpassem o que a
aut ora cham a de dom inant e social, que proporcionou um recor t e m ais
A expressão dom inant e social é aqui ut ilizada apenas para delim it ar as ár eas invest igadas no conj unt o das disciplinas das Ciências Hum anas ( Educação e Ciências Sociais) e Ciências Sociais Aplicadas ( Serviço Social) . Nest e caso, a ênfase recai sobre o que pode ser designado com o produção de conhecim ent o fundam ent ada na t eoria social, que com preende a Sociologia, a Ant ropologia, a Ciência Polít ica e os dom ínios a elas correlat os com o o Serviço Social ( SPOSI TO, 2009, p.11) .
Ut ilizando com o base de dados o Banco de t eses do port al CAPES,
t em os que o invent ário desse t rabalho realizou- se a part ir de 1427
t rabalhos cient íficos dent re dissert ações e t eses de t odo o país, fat o
relevant e para enfat izarm os o desafio t eórico present e em t al propost a,
um a vez que Sposit o ( 2009) dest aca que frent e a “ [ ...] a quant idade de
t rabalhos a serem analisados, a diversidade t em át ica, os lim it es de t em po
e o núm ero de pesquisadores envolvidos, algum as escolhas se im puseram
ao grupo, não sendo possível, at é o m om ent o, esgot ar a análise de t odo
m at erial em pírico levant ado.” ( SPOSI TO, 2009, p.13) .
Por cont a disso á colet ânea analisa os principais t em as apont ados
pelo levant am ent o bibliográfico acim a descrit o, t em as esses que seriam :
Juvent ude e escola; Jovens, sexualidade e gênero; Juvent ude e exclusão
social; Juvent ude e Trabalho; Jovens, m ídia e TI C; Os grupos j uvenis;
Jovens Negros; Juvent ude e polít ica; Est udos hist óricos sobre j uvent ude.
Assim t em os que em relação à grande est rut uração m et odológica
necessária em um a propost a de const rução de um est ado da art e, se faz
im port ant e a afirm ação Sposit o ( 2009) que, cit ando um a pesquisadora em
sociologia da infância, afirm a que “ [ ...] os balanços da produção cient ífica
são im port ant es porque, em geral, assum em um a dupla feição:
cont ribuem para a em ergência do cam po de est udos e auxiliam na sua
est rut uração” ( SPOSI TO, 2009, p.15) .
O t rabalho em quest ão t raz consolida- se a part ir de um a analise
hist órica sobre as t em át icas t eóricas relacionadas aos j ovens brasileiros.
poder ser ent endida com o a gênese de um a reflexão sobre a j uvent ude
brasileira, t em át ica essa que se refere aos est udos que propunham um a
analise sobre nossa j uvent ude e suas relações polít icas. Segundo a
aut ora:
O balanço dos est udos que relacionam os j ovens com algum aspect o da prát ica polít ica const it ui um desafio im port ant e para o cam po de pesquisa, um a vez que essa ót ica m arcou os est udos pioneiros sobre j uvent ude no Brasil, no início dos anos 1960. Nesse período, as pesquisas desenvolvidas por Marialice Foracchi ( 1972, 1977, 1982) , sobre a part icipação polít ica de j ovens universit ários nos m ovim ent os est udant is, m arcaram o início consist ent e de um a reflexão sobre a j uvent ude no Brasil ( SPOSI TO, 2009, p.175) .
Est udos esses que apresent avam com o desafio a problem at ização
do “ conj unt o de relações m ant idas pelos j ovens não só com seus iguais
( os pares) , m as, t am bém , com o m undo adult o, sit uando- se, assim , no
âm bit o int ergeracional no int erior da esfera pública” ( SPOSI TO, 2009,
p.175) , encarando e ent endendo a polít ica com o prat ica de int eração
social no cam po universit ário do país.
O est abelecim ent o do est ado da art e sobre a j uvent ude brasileira
possibilit a dizer que, esse cam po do saber, const it uído pelos est udos
sobre os j ovens e as relações polít icas, que fora iniciado por invest igações
que privilegiavam a sociabilidade dos j ovens universit ários, hoj e, frent e às
im port ant es t ransform ações da sociedade e na sociabilidade brasileira,
volt a- se para a problem at ização das novas prát icas polít icas que t em
m obilizado e que são m obilizadas pela j uvent ude nacional, onde as:
Principalm ent e a part ir do processo de redem ocrat ização nacional e
seus im pact os geracionais que segundo a Sposit o ( 2009) , possibilit aram a
invest igação de t em át icas ant es não discut idas com o, por exem plo, “ [ ...]
com port am ent o polít ico, cult ura polít ica, socialização polít ica e valores
polít icos, t endo os j ovens com o grupo a ser perscrut ado quant o aos seus
int eresses, at it udes e form as de ação” ( SPOSI TO, 2009, p.176) .
A const at ação dessa am pliação nas áreas de conhecim ent o m ost
ra-se, de inicio, com o um a im port ant e result ant e desse segundo m om ent o
dent ro do processo de est abelecim ent o do est ado da art e sobre a
j uvent ude do país. Um a vez que para Sposit o ( 2009) a
int erdisciplinaridade nele sugerida e obj et ivada t rouxe a luz quest ões
im port ant es e não present es no prim eiro levant am ent o, em que, grande
part e dessa am pliação no horizont e desse cam po de saber cient ífico
decorre da significant e produção no cam po das ciências sociais onde,
segundo Sposit o ( 2009) , se evidencia que:
O t em a não at raiu a at enção dos ant ropólogos, em bora est es t enham um a presença significat iva no conj unt o dos est udos sobre j uvent ude ( apenas um , dos 118 t rabalhos de Ant ropologia sobre j ovens, t rat a da relação desses segm ent os com a polít ica) . O t em a at raiu, de form a m ais int ensa, os sociólogos, e é dom inant e ent re os cient ist as polít icos que t êm com o universo de pesquisa a j uvent ude. Nest a últ im a subárea, em um conj unt o de apenas 13 t rabalhos sobre j ovens, 8 t rat aram de aspect os da relação desses segm ent os com a polít ica ( SPOSI TO, 2009, p.177) .
Am pliação de produção essa que possibilit a t rabalhos que
problem at izam as novas form as de m obilizações e organizações j uvenis e
t razem para discussão quest ões sobre “ [ ...] Qual a cult ura polít ica dos
j ovens no cont ext o at ual e qual o papel das inst it uições socializadoras
( escola, fam ília, religião e m eios de com unicação) na form ação dest a
cult ura, e no desenvolvim ent o do capit al social dos j ovens” ( SPOSI TO,
à cult ura polít ica, ao capit al social, à socialização polít ica, à part icipação, à
dem ocracia e à cidadania são recorrent es nos quadros t eóricos dessas
pesquisas” ( SPOSI TO, 2009, p.188) .
A t em át ica da int eração ent re os j ovens aparece com o um a das m ais
recent es prát icas polít icas abordadas pelo at ual levant am ent o
bibliográfico. “ [ ...] Trat a- se de est udos recent es que buscam com preender
as int erações ent re os j ovens – isoladam ent e ou com o at ores colet ivos – e
as ações públicas volt adas para esses set ores, sobret udo a part ir dos
últ im os dez anos” ( SPOSI TO, 2009, p.197) . Dent re dessa t em át ica:
[ ...] est ão agrupados os t rabalhos que t rat am das m obilizações e organizações j uvenis, que buscaram enxergar os j ovens em out ros espaços de m obilização, diferent es dos clássicos est udos sobre os m ovim ent os est udant is. Tais pesquisas part em da percepção de que novos espaços de m obilização foram const ruídos por j ovens e t am bém que há novas for m as de pr oduzir a ação colet iva, com o verem os a seguir. Em relação à dist r ibuição dos t rabalhos pelas áreas do conhecim ent o, percebem os a predom inância dos t rabalhos da Sociologia ( SPOSI TO, 2009, p.184) .
Com o por exem plo, a dissert ação de m est rado em sociologia de
Mirlene Severo ( 2006) orient ada pelo Professor Dout or August o
Caccia-Bava Jr., sociólogo apont ado com o o principal orient ador nacional na área,
que t em por t em át ica, problem át icas que abordam os novos espaços de
m obilização j uvenis j unt am ent e com as novas form as de se produzir ações
colet ivas ent re os j ovens brasileiros. Nesse sent ido o t rabalho de Severo
( 2006) ganha im port ância um a vez que, segundo Sposit o ( 2009) , os
est udos sobre os processos de consolidação da dem ocracia aparecem
com o nort eadores no levant am ent o bibliográfico realizado nest e est ado da
art e.
Para Sposit o ( 2009) , o t rabalho de Severo ( 2006) t em grande
[ ...] exam ina a conj unt ura recent e, a part ir de 2003, quando inst âncias federais, inicialm ent e o Poder Legislat ivo e depois o Execut ivo, t om aram para si a t arefa de exam inar os t em as que dizem respeit o às dem andas dos j ovens. Não só é foco da análise a iniciat iva dos poderes públicos, m as a própria int erlocução que é realizada com os segm ent os j uvenis organizados, sendo privilegiada a ação federal. Para a aut ora, a part icipação dos m ovim ent os j uvenis foi reduzida, m as a recent e discussão na esfera pública brasileira t rouxe novas visibilidades para a condição j uvenil no país ( SPOSI TO, 2009, p.197) .
Podem os dizer que em relação á t em át ica que problem at iza a
relação ent re o j ovem e polít ica, o est ado da art e sobre a j uvent ude
nacional est abelecido sobre a coordenação de Sposit o ( 2009, p.198) ,
conclui que:
Um a m aior int erlocução ent re as áreas poderia cont ribuir no aprofundam ent o e enriquecim ent o dos est udos, ainda que se preservem suas especificidades t eóricas e m et odológicas. Os est udos sobre capit al social e cult ural, por exem plo, nas áreas de Ciência Polít ica, Sociologia e Educação podem ser com plem ent ares, se forem olhados pelas diferent es áreas.
Conclusão essa que pode ser ext rapolado para as dem ais t em át icas
present es no referido est udo, que m et odologicam ent e propõe que um
“ [ ...] fort e diálogo ent re os procedim ent os qualit at ivos e quant it at ivos
propiciaria um acúm ulo de conhecim ent os que result aria em novos
problem as de pesquisa” ( SPOSI TO, 2009, p.199) result aria em avanços
t eóricos dent ro dest e cam po im port ant e de saber.
Apresent ando com o ult im a afirm ação a idéia de que esses possíveis
avanços t eóricos, proporcionados pelo balanço das corrent es t eóricas em
relacionadas a um conj unt o de prát icas sociais em ergent es que dizem
respeit o à at ual j uvent ude do país, poderiam alargar as concepções,
j unt am ent e com as polít icas publicas, at é agora afirm adas em relação a
REFERÊN CI AS
SPOSI TO, M. P. ( Coord.) . O est ado da art e sobre j uvent ude na