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A INSTRUÇÃO NORMATIVA 51 E A QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO NORDESTE E NOS ESTADOS DO PARÁ E TOCANTINS

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A INSTRUÇÃO NORMATIVA 51 E A QUALIDADE DO LEITE NA REGIÃO NORDESTE E NOS ESTADOS DO PARÁ E TOCANTINS

Severino Benone Paes Barbosa1, Raquel Bezerra Jatobá2, Ângela Maria Vieira Batista1

1Professores Associados do Departamento de Zootecnia – UFRPE 2Zootecnista, Técnica responsável pelo PROGENE- UFRPE

R. Dom Manoel de Medeiros, S/N, Recife, PE CEP 52171-900 e-mail: sbarbosa@dz.ufrpe.br; progene@dz.ufrpe.br

Introdução

O Programa de Gerenciamento de Rebanhos Leiteiros do Nordeste – PROGENE iniciou suas atividades há cerca de dois anos, entretanto, somente em julho/07 começou oficialmente e regularmente as análises de composição do leite, contagem de células somáticas (CCS) e, mais recentemente, contagem bacteriana total (CBT), em atendimento à Instrução Normativa 51/2002 (IN-51), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

O PROGENE tem suas atividades baseadas nas análises de leite cru refrigerado de bovinos, entretanto realiza, também, análises em leite de bubalinos e de caprinos, embora em escalas bem menores.

Além das análises oficiais, o PROGENE tem sido procurado por produtores e empresas, em escala crescente, para efetivação de análises individuais para controle zootécnico do rebanho e, principalmente, controle da mastite.

O presente trabalho tem como objetivo apresentar um diagnóstico da situação da qualidade do leite na região Nordeste do Brasil e nos estados do Pará e Tocantins, após um ano de aplicação da IN-51 (julho/07 a junho/08).

Material e métodos

O PROGENE faz parte da Rede Brasileira de Qualidade do Leite (RBQL), que integra o Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite (PNQL), que tem como base promover a melhoria da qualidade do leite e derivados, garantir a saúde da população e aumentar a competitividade dos produtos lácteos em novos mercados.

No presente momento, o PROGENE conta com uma linha de cada um dos equipamentos para realização das principais análises ditadas pela IN-51. As análises são realizadas em equipamento eletrônico automatizado (Bentley Combi 2300), para determinação dos componentes do leite, por meio de espectroscopia no infravermelho médio (IDF, 1996). A CCS (IDF, 1995) e CTB são realizadas pelo método de citometria de fluxo em equipamentos automatizados (Bentley Combi 2300 e IBC Bentley). O equipamento para determinação dos componentes do leite e CCS possui capacidade de leitura de 300 análises/hora e o de CTB 150 análises/hora. A capacidade instalada no presente momento no PROGENE é de 30 mil amostras/mês, para determinação dos componentes lácteos e CCS, e 15 mil amostras/mês para CTB.

Atualmente são monitoradas no PROGENE 52 indústrias de laticínios (seis do Nordeste e duas do Norte) que possuem Serviço de Inspeção Federal (SIF) e mais três (Estado de Sergipe) estão iniciando suas atividades de análises a partir de agosto/08.

Na Tabela 1 e Figura 1 está anotado o número de indústrias de laticínios que possuem SIF e já enviam amostras de tanques ao PROGENE.

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Tabela 1. Quantidade de indústrias de laticínios cadastrados no SIF, nas regiões Norte e Nordeste, que já enviam amostras de tanques ao PROGENE

Mês de adesão Adesão mensal Adesão acumulada

Janeiro/07 1 1 Março/2007 1 2 Julho/2007 2 4 Agosto/2007 4 8 Setembro/2007 6 14 Dezembro/2007 3 17 Janeiro/2008 1 18 Fevereiro/2008 3 21 Março/2008 1 22 Abril/2008 30 52 Agosto/2008 3 55

Figura 1. Número de indústrias com SIF que aderiram ao programa de qualidade do leite, nos Estados do Nordeste, Pará e Tocantins, com envio de amostras ao PROGENE

Para o período considerado de aplicação de um ano da IN-51, para os Estados do Nordeste e Norte, foram analisadas 6436 de composição do leite, 6552 de CCS e 2948 de CBT (jan/08 a jun/08).

O desenvolvimento estatístico se resumiu a análises descritivas simples, através da média e dos desvios, para construção de tabelas e figuras de distribuição dos resultados observados.

Resultados

Na Tabela 2 encontram-se o número de amostras de tanques enviadas ao PROGENE, no período de julho/07 a junho/08, e médias observadas para composição do leite, CCS e CBT, para os Estados do Nordeste, Pará e Tocantins.

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Tabela 2. Número total de amostras de tanques no período de julho/07 a junho/08 e médias observadas para composição do leite, contagem de células somáticas (CCS) e contagem bacteriana total (CBT), para estados do Nordeste, Pará e Tocantins

Parâmetro Período Nº amostras Média DP Média

geométrica % nc

Gordura (%) Jul/07-jun/08 6.436 3,70 0,60 8

Proteína (%) Jul/07-jun/08 6.436 3,15 0,24 11

ESD (%) Jul/07-jun/08 6.436 8,43 0,35 44

CCS

(mil cel/mL) Jul/07-jun/08 6.552 481,209 627,208 423,589 9 CBT

(mil ufc/mL) Jan/08-jun/08 2.948 1446,79 1493,95 - 46 % nc – porcentagem em não conformidade com a IN-51

Observa-se na Tabela 2 que o número de amostras enviadas até o presente momento ainda está muito aquém do que seja possível para as regiões Norte e Nordeste, entretanto, constata-se na Tabela 1 que há uma adesão paulatina das indústrias ao PNQL. Com relação aos valores das características, já se observa diferenças importantes quando comparados aos valores apresentados por Barbosa et al. (2006).

A média de 3,70% ± 0,60 da gordura do leite (Tabela 2) é semelhante aos resultados obtidos por Mesquita et al. (2006), Fonseca et al (2006), Souza et al. (2006) e Machado et al. (2006), que mostraram variação de 3,17 a 3,83%, entretanto, os valores de 3,15 e 8,43% de proteína e ESD, respectivamente, aqui obtidos estão abaixo dos valores médios observados para essas mesmas características, para esses mesmos autores, nas diferentes regiões do País, o que compromete sobremaneira o rendimento do leite. Com isso, se observou alta porcentagem (44%) de ESD em não conformidade com a IN-51.

Outra constatação preocupante que se observa na Tabela 2 é a alta incidência (46%) de leite fora dos padrões aceitáveis de higiene, bem acima dos valores observados por Mesquita et al. (2006), Fonseca et al. (2006), Souza et al. (2006) e Machado et al. (2006).

Na Tabela 3 e Figura 2 estão descritos os números de amostras mensais de tanques, de leite cru refrigerado, de julho/07 a junho/08, para composição do leite (teores de gordura, proteína e extrato seco desengordurado), CCS e CBT, nos Estados do Nordeste, Pará e Tocantins enviadas pelas indústrias ao PROGENE.

Tabela 3. Número de amostras para componentes do leite, contagem de células somáticas (CCS) e contagem bacteriana total (CBT), para estados do Nordeste, Pará e Tocantins

Variáveis Ano2007 2008

Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Composição 96 448 526 161 256 465 395 206 693 1147 743 1300 CCS 96 447 634 161 256 445 395 206 628 1111 817 1356

CBT - - - 156 49 290 637 650 1166

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Figura 2. Número de amostras mensais, de julho/07 a junho/08, para composição do leite, contagem de células somáticas e contagem bacteriana total, nos Estados do Nordeste, Pará e Tocantins

Observa-se nos primeiros seis meses (Figura 2) que as alternâncias no número de amostras enviadas ao laboratório reflete, provavelmente, certo grau de desconfiança das indústrias no processo e, também, pela informação recebida de que possíveis sanções só existiriam a partir de 2008. Com isso, somente em janeiro/2008 há um crescimento significativo no incremento de amostras enviadas ao laboratório. Observa-se, também, que apenas a partir de janeiro/2008 as indústrias passaram a enviar amostras para CBT.

Nas Figuras 3 e 4 são mostradas as médias mensais de composição do leite para teores de gordura, proteína e extrato seco desengordurado, de leite cru refrigerado obtido de tanques das indútrias de laticínios da região Nordeste e dos Estados do Pará e Tocantins.

Figura 3. Teores médios de gordura e proteína, de acordo com o mês de coleta das amostras, para os Estados do Nordeste, Pará e Tocantins

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Figura 4. Teor médio de extrato seco desengordurado, de acordo com o mês de coleta das amostras, para os Estados do Nordeste, Pará e Tocantins

A gordura apresentou um teor médio de 3,70 ± 0,60, com variação entre 2,0 e 7,91%. As médias apresentadas na Figura 3 mostram que há uma tendência de se observar menores teores de gordura nos meses de julho a janeiro, enquanto os meses de fevereiro a junho mostram uma tendência de alta.

Com relação a proteína, o teor médio observado foi de 3,15 ± 0,24, com valores extremos de 2,28 e 5,09%. Na Figura 3 observa-se pequena variação mostrada pelo teor de proteína, ao longo dos meses, mas com tendência similar ao que aconteceu com resultados relatados para o teor de gordura.

Para o extrato seco desengordurado, a teor médio observado foi de 8,43 ± 0,35, com valores extremos de 6,25 e 10,59%. A Figura 4 mostra que menores teores de ESD podem ser observados nos meses de julho a janeiro, enquanto valores mais altos são anotados nos meses de fevereiro a junho, semelhante ao que ocorreu com a gordura e a proteína, o que era de se esperar como conseqüência da alta associação entre esses componentes do leite.

Na Figura 5 estão apresentados os valores para CCS e CBT, de acordo com o mês de coleta, de leite cru refrigerado, obtido das indústrias de laticínios da região Nordeste e Estados do Pará e Tocantins. Para CBT, apenas a partir de janeiro/08 foram iniciadas as análises.

O valor médio de CCS observado foi de 481,209 (x1000 cel/mL) ± 627,208, com valores extremos de 13,00 e 9868,00. A princípio, esses valores estão dentro de uma expectativa inicial para controle das células somáticas, quando comparados aos valores obtidos por Mesquita et al. (2006), Souza et al. (2006) e Machado et al. (2006). É possível observar na Figura 5 que não há uma tendência clara de distribuição de CCS ao longo dos meses. De acordo com a Tabela 2, cerca de 9% da CCS está em não conformidade com a IN-51, o que concorda com Mesquita et al. (2006), Fonseca et al (2006), Souza et al. (2006) e Machado et al. (2006).

Com relação à CBT, o valor médio observado foi de 1446,79 (x1000 ufc/mL) ± 1493,95, com valores extremos variando de 2,00 até 7669,00. Esses valores estão muito acima dos observados por Mesquita et al. (2006), Fonseca et al (2006) e Machado et al. (2006), mas semelhante ao relatado por Souza et al. (2006). Há de se observar na Figura 5 que as médias obtidas em todos os meses foram acima de 1.000,00 (x1000

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ufc/mL). De acordo com a Tabela 2, 46% das amostras estariam em não conformidade com a IN-51.

Figura 5. Contagem de células somáticas e contagem bacteriana total, de acordo com o mês de coleta das amostras, para os Estados do Nordeste, Pará e Tocantins

Considerações finais

O desafio está posto e as Regiões Nordeste e Norte correm contra o tempo, a fim de se adequarem a essa nova realidade da pecuária leiteira nacional, com a IN-51.

Os resultados obtidos no primeiro ano de adoção da IN-51 mostra a necessidade de mudanças de atitudes urgentes, que envolvem toda a matriz leiteira, desde o produtor, passando pela indústria, até o consumidor final. Considerando a IN-51, nesse momento as maiores preocupações recaem sobre o ESD e CBT, que apresentaram valores muito altos em não conformidade.

Há de se adotar medidas urgentes uma vez que a partir de julho/09 novos valores de CCS e CBT entrarão em vigor para essas regiões.

A expectativa é de que esses resultados possam ser adotados e possibilitem definições de políticas públicas que venham ao encontro de todos os atores que fazem a pecuária leiteira das Regiões Nordeste e Norte do País.

Referências bibliográficas

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região Centro-Oeste. In: Perspectivas e avanços da qualidade do leite no Brasil.

Organizado por Mesquita, A.J., Dürr, J.W., Coelho, K.O. Goiânia: Talento. 352p. Fonseca, L.M., Rodrigues, R., Cerqueira, M.M.O.P. et al. (2006). Situação da

qualidade do leite cru em Minas Gerais. In: Perspectivas e avanços da qualidade do leite no Brasil. Organizado por Mesquita, A.J., Dürr, J.W., Coelho, K.O. Goiânia:

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Souza, G.N., Brito, J.R.F., Faria, C.G. (2006). Qualidade do leite de rebanhos

bovinos localizados na região Sudeste: Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, julho/2005 a junho/2006. In: Perspectivas e avanços da qualidade do leite no Brasil. Organizado por Mesquita, A.J., Dürr, J.W., Coelho, K.O. Goiânia: Talento,

2006. 352p.

Machado, P.F., Cassoli, L.D. (2006). Diagnóstico da qualidade do leite na Região

Sudeste. In: Perspectivas e avanços da qualidade do leite no Brasil. Organizado por

Mesquita, A.J., Dürr, J.W., Coelho, K.O. Goiânia: Talento, 2006. 352p.

Barbosa, S.B.P., Jatobá, R.B., Batista, A.M.V.B. (2006). A qualidade do leite na

região Nordeste do Brasil. In: Perspectivas e avanços da qualidade do leite no Brasil. Organizado por Mesquita, A.J., Dürr, J.W., Coelho, K.O. Goiânia: Talento,

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