O QUE É TAYLORISMO
RAGO, Luzia Margareth; MOREIRA, Eduardo F. P. O que é Taylorismo. Editora Brasiliense, 1993.103 p.
Característica dos primeiros parágrafos da introdução enfoca como se apresentam contrapostos dois tipos possíveis de relacionamento com o tempo: o da sociedade atual, que o teria transformado em “mercadoria”, e o das chamadas sociedades primitivas, aqui denominadas “naturais”. O tempo “rentável”, portanto, os autores o denominam “taylorizado”.
Taylorismo seria para os autores este instrumento que através da racionalização do processo produtivo e conseqüente aumento da produtividade, assegura à classe dominante, e o faz no que diz respeito ao tempo, o exercício de um controle, cada vez mais vasto, sobre os trabalhadores.
Frederick Winslow Taylor (1856-1915). Engenheiro americano,homem a quem se atribui um método de organização do trabalho capaz de transformar tempo em dinheiro,Taylor deixa de lado qualquer interesse de ordem financeira para perseguir um objetivo de criar um método dito “cientifico” de organização e direção do trabalho.Sua ilusão consistia em acreditar q uma maior produtividade do trabalho iria trazer ganhos maiores tanto para os patrões quanto para os operários ,para os quais ganhos seriam representados nos salários maiores e nos prêmios de produção.O método de Taylor ,entretanto teria que superar dois obstáculos:a lentidão proposital,por parte dos operários e anarquia generalizada dos processos de produção.
Para chegar aos resultados Taylor procurou um operário tipo bovino, ou seja, que use apenas a força física e não a inteligência, ao qual fez uma oferta superior de salário em troca da realização de seu programa de trabalho.
Taylor cria princípios amplamente difundidos nos ramos industriais e desde os anos 1960 estendendo-se para os setores terciários da economia tais como:
Desenvolver para cada elemento do trabalho individual uma ciência que substitua os métodos empíricos do trabalho;
Selecionar cientificamente, depois treinar, ensinar, e aperfeiçoar o trabalhador, que no passado escolhia seu próprio trabalho e treinava-se a si mesmo como podia.
Cooperar cordialmente com os trabalhadores para articular todo trabalha com os princípios da ciência que foi desenvolvida
Manter a divisão equitativa do trabalho e das responsabilidades entre a direção e o operário.
Taylor acredita poder assegurar com esta nova divisão do trabalho a supressão das lutas operárias, sobretudo da greve, na medida em que possibilita uma colaboração íntima e pessoal entre as duas partes em que se divide o trabalho
No segundo capitulo, o modelo argumentativo fixado pelos autores adquire contornos ainda mais nítidos. As afirmações se multiplicam,o conteúdo se radicaliza,a preocupação de propagar a verdade,que julgam possuir,substitui gradativamente as de mantê-la coerente e de fundamentá-la.
O Taylorismo é essencialmente uma técnica de dominação social. A classe dominante faz valer seu controle e poder sobre os trabalhadores para sujeitá-los de maneira mais eficaz e menos custosa à sua exploração econômica.
O sistema Taylor apresenta-se neste contexto como, uma estratégia adequada à dominação burguesa que visa construir o trabalhador dócil politicamente e rentável economicamente. Seu como objetivo é muito mais amplo do que fazer com que o trabalhador economize tempo, cumprindo à risca os regulamentos internos e as instruções burocráticas, já que objetiva construir a própria identidade da figura do trabalhador um soldado do trabalho.
O terceiro Capítulo se limita à realização de um balanço histórico de caráter acentuadamente informativo da expansão do taylorismo,assim como a resistência operária a ele,nos Estados Unidos e na França, desde os fins do século passado.
Os autores não seguem,no entanto, não expõem de maneira clara, os objetivos do capítulo.São fornecidas informações relativas às posições em conflito,bem como os resultados parciais,que favorecem uns:os patrões,em detrimento de outros:os trabalhadores;
Na Itália, o taylorismo é introduzido e se estabelece com a implantação do regime fascista. Existe uma coincidência estrita de objetivos,que os autores julgam verificar entre a ideologia fascista e o taylorismo.A instituição fascista, de inspiração supostamente “taylorista”, de círculos recreativos para os operários,conhecidos sob dominação geral:”dopolavoro”, é apresentada através da descrição de três exemplos famosos.Destes, em destaque,por parte dos autores,o da empresa Fiat.A função destes círculos seria substituir as tradicionais organizações trabalhistas e solidificar os laços entre o operário e a fábrica.
No quinto capítulo descreve as atividades desenvolvidas pelo Departamento da Beleza do Trabalho, experimento mais vasto, mais organizado e de conseqüências mais acentuadas, que o correspondente italiano. A ação do Departamento se estendeu a todo país com o objetivo de melhorar as condições gerais no ambiente de trabalho desde aspectos físicos como higiene,conforto,beleza até os sociais e políticos .Para os nazistas,contudo o Departamento foi um poderoso instrumento de influência sobre os empresários e sobretudo, de controle da classe trabalhadora,ambos necessários à preparação da guerra,que viria.
A nova imagem da fábrica e o embelezamento do espaço da produção não são vitoriosos na luta pela agregação dos trabalhadores alemães subjugados por uma excessiva carga de trabalho e humilhados pela negação de suas potencialidades.
No último capítulo, os autores se ocupam em mostrar o inicio histórico dos fatos, que em sua opinião aproximam, em importantes aspectos, a situação real dos trabalhadores socialistas daquela de seus colegas de profissão no capitalismo.
Os autores afirmam que: “Na realidade, a introdução do taylorismo na Rússia foi uma conseqüência da direção que o Partido Bolchevique imprimiu ao processo revolucionário. O taylorismo estava subordinado a uma idéia mais ampla que tomou conta do desenrolar deste movimento histórico: o principio da autoridade e da centralização” (p86-7).
Mostra um retrospecto rápido do desenvolvimento do comunismo na União Soviética, da opinião dos seus principais líderes, relativamente às formas de organização do trabalho mais adequadas à construção do socialismo.
No capítulo intitulado “Concluindo...”, os autores mostram os princípios metodológicos de Taylor em atividades tais como: o trabalho doméstico e o exercício da profissão médica.
A utopia taylorista de construção de fábrica racional e de um mundo de colaboração entre as classes sociais não conseguiu tornar-se uma realidade definitiva.
A intervenção imediata e criativa do produtor direto a fim de resolver questões colocadas no cotidiano da fábrica impossibilita que concretize a representação taylorista do homem-boi.
Os autores expressam que multiplicaram se movimentos de frente contestatórios que buscam uma redefinição do conteúdo das relações sociais e uma nova forma, descentralizada e autônoma, de gestão do trabalho e batem de encontro com o taylorismo.
REFERÊNCIA
RAGO, Luzia Margareth; MOREIRA, Eduardo F. P. Introdução. Ln.:RAGO,Luzia Margareth.;MOREIRA,Eduardo F. P.;O que é Taylorismo.Editora Brasiliense,1993.103 p.
RAGO, Luzia Margareth; MOREIRA, Eduardo F. P. O que é Taylorismo. 7ª Edição.São Vicente-SP: Editora Brasiliense,1993.103
