A U L A 2 N U T R I Ç Ã O
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O que será tratado
nesta aula
Nesta aula, trataremos das vitaminas D e B12: o que são, onde e como agem, modos de avaliação de deficiência e reposição.
Vitamina D
A
vitamina D, que também é discutida como hormônio na endocrinologia, é produzida pelo corpo a partir da exposição adequada ao sol. É mais comum que selembre de sua ação no metabolismo ósseo.
Entretanto, hoje se sabe que a vitamina D tem várias funções no organismo, sendo importante em quadros de transtorno de humor, como a depressão.
Ela atua em diversas estruturas do sistema nervoso central, como na neuroplasticidade e neuroinflamação, além de agir no
aumento de expressão gênica de alguns componentes necessários para a produção de neurotransmissores. Sua deficiência pode ser um fator que predispõe o
indivíduo à depressão, ao passo que a reposição pode melhorar o tratamento.
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Deficiência e reposição
S
e um paciente tem um quadro dedepressão diagnosticado ou apresenta cansaço ou sintomas de tristeza, é bom
pedir-lhe exames de sangue com a dosagem de 25-hidroxi-vitamina D, a nomenclatura bioquímica da vitamina D circulante no organismo.
O valor de referência é uma faixa bastante extensa, que varia entre 20 a 100. A sugestão é considerar que se o paciente estiver
abaixo de 20, trata-se de uma deficiência de vitamina D; se estiver entre 20 e 40, considerar valores inadequados e buscar melhorá-los; se estiver acima de 40, 60, considerar um bom índice; e se estiver
acima de 100, tomar cuidado, pois pode haver toxicidade.
Conforme a Associação Brasileira de
Endocrinologia, qualquer valor abaixo de 20 é uma deficiência clara e a reposição deve ser feita obrigatoriamente via
suplementação. Nesse caso, somente a prescrição de tomar sol não resolve. Para produção de vitamina D, é necessária uma exposição adequada ao sol, entre 10h e 14h, e existem desvantagens dermatológicas
nessa indicação. A prescrição de x unidades de vitaminas D, 1000 UI ou 2000 UI,
também é inadequada.
O paciente deve tomar no mínimo 50000 UI semanal, em pulsos de vitamina D ou
dividido em 7000 UI diária. Para as grávidas, a Sociedade Brasileira de Endocrinologia
recomenda que não se façam pulsos, mas reposição fracionada. Para os demais, é
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uma questão de escolha.
A vitamina D é lipossolúvel, deve ser diluída em gordura para que ocorra a absorção
adequada. Se consumida em comprimidos, precisa de uma alimentação rica em
gordura para garantir a absorção.
Prescrita a dose padrão para quem está com deficiência, em dois ou três meses deve-se refazer o exame para garantir que a deficiência foi sanada. Em seguida, é
necessário descobrir a dose de manutenção adequada para o paciente. Esta não é
padronizada, precisa de testes, ou seja,
prescrever uma quantidade para dois meses e refazer os exames.
A
função mais comentada davitamina B12 é o favorecimento do processo de hematopoiese, ou seja, o processo de formação das hemácias.
Mas seu efeito não se limita a isso,
pode até haver deficiência de B12 onde não há alteração nenhuma de células sanguíneas.
Se o paciente tem um quadro de
depressão, apresenta cansaço, fadiga, principalmente mental, é importante dosar a vitamina B12. O valor de
referência é de 190 a 900, mas sua avaliação é mais trabalhosa.
Grupos de risco
Há grupos de risco para os quais a deficiência da vitamina B12 é mais
Vitamina B12
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comum. Pessoas que não consomem alimentos de origem animal (em geral, a vitamina B12 está presente nesses
alimentos) muito provavelmente precisam de reposição. Além disso, quem tem gastrite e faz uso de citoprotetores gástricos (como o Omeprazol) podem ter a absorção de
vitamina B12 prejudicada, pois não produz a acidez estomacal necessária para que o organismo a absorva.
Outro grupo é o dos diabéticos que fazem uso da metformina (Glifage), fármaco
que interfere na absorção intestinal.
Anticoncepcionais orais também diminuem níveis de B12 e de B6 no
organismo. Por fim, os bariátricos, tanto sleeve quanto bypass, podem apresentar deficiência. Nesse último caso, o paciente terá baixa absorção crônica de B12.
Avaliação e reposição
Para avaliar se o paciente está com
deficiência, não basta olhar o valor de
referência. A quantidade de B12 no sangue não é uma medição padrão ouro para
identificar o status nutricional, pois a principal função da vitamina B12 se dá no ambiente intracelular. Portanto, é importante observar os sintomas.
Há cansaço? Há fadiga mental? Se o valor estiver abaixo de 500, vale a
pena suplementar. A suplementação de vitamina B12 é muito segura. Seu principal efeito adverso é a acne.
Pode-se confirmar de modo laboratorial, dosando a homocisteína, que é um
marcador inespecífico. Se estiver acima de 8, mas houver sintomas e concentração menor que 500, é necessário suplementar.
O marcador específico da vitamina B12 é o ácido metilmalônico. Seu aumento é sinal
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inequívoco de deficiência, mas a dosagem é difícil de ser feita em clínica.
A reposição pode ser intramuscular (prescrita somente por médicos) ou oral. Sugere-se começar com 1000 µg na forma ativa de vitamina B12, que é a metilcobalamina; também se pode usar o citoneurin, com até 5000 µg por dia.
A vitamina B12 também tem impacto na memória. Idosos com quadro aparente de demência podem, na verdade, estar com deficiência de vitamina B12.
Em resumo, devem-se incluir as vitaminas D e B12 nos exames de rotina, repeti-los
com certa frequência e fazer a reposição de acordo com os resultados.