Universidade de Cabo Verde
Departamento Ciˆencia & Tecnologia
Texto te´orico de An´alise Matem´atica III
Prof. Narciso Resende Gomes
⊳∗⊲
narciso.gomes@docente.unicv.edu.cv
⋆
ng.mat.unicv@gmail.com
Ano lectivo: 2012/2013
• Aten¸c˜ao: Este texto ´e apenas uma guia que poder´a ajudar o aluno nas aulas te´oricas. Para apoio complementar, o aluno tem a obriga¸c˜ao de consultar outros textos/manuais principalmente a biblio-grafia indicada pelo professor!!
2 Propriedades - diferenciabilidade . . . 4
3 Fun¸c˜oes compostas . . . 4
3.1 Limites e continuidade de fun¸c˜oes compostas . . . 5
3.2 Deriva¸c˜ao de fun¸c˜oes compostas . . . 5
3.2.1 Regra de Cadeia . . . 6
4 Derivada direccional . . . 9
5 Vector gradiente . . . 10
6 Plano tangente e recta normal . . . 11
7 Diferencial total . . . 11
8 Fun¸c˜ao Homog´enea . . . 11
9 Elementos de Campo vectorial . . . 12
9.1 Campo vectorial . . . 13
Referˆ
encias
[1] A. Breda e J. Costa,C´alculo com fun¸c˜oes de v´arias vari´aveis. McGraw Hill-Portugal, Lisboa, 1996.
[2] E. Lima, An´alise Real - Vol. 2. Rio de Janeiro, Brasil, 2004.
[3] H. Bertolossi, C´alculo diferencial a v´arias vari´aveis. Edi¸c˜oes Loyola e editora PUC-Rio, S˜ao Paulo, Brasil, 2002.
[4] S. Lang, Calculus of Several Variables. Adison-Wesley, 1973.
[5] T. Apostol, C´alculo (Vol. 2). Editora Revert´e, 1996.
1
Diferenciabilidade
Defini¸c˜ao 1: Seja f : D ⊆ Rn → R uma fun¸c˜ao definida no conjunto aberto D. Seja
x = (x1, x2, . . . , xn). Dizemos que f ´e diferenci´avel (ou deriv´avel) no ponto a ∈ D se
existirem:
• As derivadas parciais def em a, e
• O limite
x→a
f(x)−f(a)−
n
X
i=1
∂f
∂xi(a)·hi
||x−a|| = 0,
onde h=x−a ehi ´e a componente da i-´esima de h e x∈ D.
Para n= 2,a fun¸c˜ao f diz-se diferenci´avel em (a, b)∈R2 se:
• Existirem ∂f∂x(a, b) e ∂f∂y(a, b). • O limite
lim (x,y)→(a,b)
f(x, y)−f(a, b)− ∂f∂x(a,b)(x−a)− ∂f∂y(a,b)(y−b)
||(x, y)−(a, b)|| = 0. (1) Equivalentemente, a express˜ao (1) pode ser escrita seguinte forma
lim (h,k)→(0,0)
f(a+h, b+k)−f(a, b)− ∂f∂x(a,b)h− ∂f∂y(a,b)k
||(h, k)|| = 0.
Proposi¸c˜ao 1:
• Sef ∈C1 ent˜ao f ´e diferenci´avel
• Sef ´e diferenci´avel ent˜ao f ´e cont´ınua
• Existem fun¸c˜oes cont´ınuas n˜ao diferenci´aveis
• Existem fun¸c˜oes n˜ao diferenci´aveis que tˆem derivadas parciais
• Existem fun¸c˜oes diferenci´aveis que n˜ao s˜ao de classeC1.
Exemplo 1: Seja f(x, y) =
2xy
x2+y2, (x, y)6= (0,0)
0, se (x, y) = (0,0), n˜ao ´e cont´ınua na origem. No
entanto, as derivadas parciais existem em todos os pontos, inclusive no ponto (0,0) :
∂f
∂x(0,0) = 0 e ∂f
∂y(0,0) = 0.
As derivadas parciais para (x, y)6= (0,0) s˜ao:
∂f ∂x =
2y3−2x2y
(x2+y2)2 e
∂f ∂y =
2x3 −2xy2
∂f
∂x(0,0) = limh→0
f(h,0)−f(0,0)
h = limh→0 0
h = 0, ∂f
∂y(0,0) = limh→0
f(0, h)−f(0,0)
h = limh→0 0
h = 0.
Assim, existem esses limites que ´e zero.
Se calcularmos o limite ao longo da recta y=mx obtemos
lim (x,y)→(0,0)
|2xy|
(x2+y2)3/2 =(x,ylim)→(0,0)
2x2m2
x3(1 +m2)3/2 =∞. Assim, f n˜ao ´e diferenci´avel em (0,0).
Exemplo 2: Sejaf(x, y) =
(
x2
y
x2+y2, (x, y)6= (0,0)
0, se (x, y) = (0,0), f ´e cont´ınua em (0,0).
Suas derivadas parciais s˜ao:
∂f
∂x(0,0) = ∂f
∂y(0,0) = 0.
∂f
∂x =
2xy3
(x2+y2)2 e
∂f ∂y =
x2(x2−y2) (x2+y2)2 . Aplicando a diferenciabilidade para f no ponto (0,0) :
lim (x,y)→(0,0)
|f(x, y)|
||(x, y)|| =(x,ylim)→(0,0)
|x2y| (x2+y2)3/2. Considerando y=mx, m >0
lim (x,y)→(0,0)
|x2y|
(x2+y2)3/2 = limx→0
±m
(1 +m2)3/2 =
±m
(1 +m2)3/2. O limite depende de m. Logo f n˜ao ´e diferencial em (0,0).
Teorema 1.1: (Crit´erio de Diferenciabilidade) Seja f : D ⊆ Rn uma fun¸c˜ao definida no conjunto Dtal que existem todas as derivadas parciais em cada ponto de De cada uma delas ´e cont´ınua no ponto a∈ D. Ent˜aof ´e diferenci´avel em a.
Paran= 2, se as derivadas parciais ∂f∂x e ∂f∂y existem em um conjunto abertoDcontendo (a, b) e forem cont´ınuas em (a, b) ent˜ao f ser´a diferenci´avel em (a, b).
Exemplo 3: A fun¸c˜ao z = f(x, y) = cos(xy) ´e diferenci´avel, pois existem ∂f∂x(x, y) = −ysin(xy) e ∂f∂y(x, y) = −xsin(xy) e s˜ao cont´ınuas em todo ponto (x, y)∈R2.
Observa¸c˜ao 1: Nem todas as fun¸c˜oes diferenci´aveis num ponto a devem ter derivadas parciais cont´ınuas numa vizinhan¸ca de a.
Teorema 1.2: Sef for diferenci´avel ema∈ D, ent˜aof admitir´a derivadas parciais neste ponto.
Exerc´ıcio 1: Seja f(x, y) =
(
xy3
x2
+y2, (x, y)6= (0,0)
0, se (x, y) = (0,0). Verifique se f ´e diferenci´avel
em (0,0).
Exerc´ıcio 2: Seja f(x, y) =
x3
x2+y2, (x, y)6= (0,0)
0, se (x, y) = (0,0), Verifique que f ´e cont´ınua em
(0,0), contudo n˜ao diferenci´avel nesse ponto.
Exerc´ıcio 3: Verifique que a fun¸c˜ao f(x, y) = sinxy´e diferenci´avel.
Exerc´ıcio 4: Sejaf(x, y) =
(
xy3
x2+y6, (x, y)6= (0,0)
0, se (x, y) = (0,0). Conclua quef n˜ao ´e diferenci´avel
em (0,0). Justifique!
Exerc´ıcio 5: Seja f(x, y) =
xy
x2+y2, (x, y)6= (0,0)
0, se (x, y) = (0,0). Verifique que f n˜ao ´e cont´ınua
em (0,0), contudo possui derivadas parciais nesse ponto. Conclua acerca da diferencia-bilidade no mesmo ponto.
2
Propriedades - diferenciabilidade
1. Se f for uma fun¸c˜ao diferenci´avel eα∈R ent˜ao αf, ´e diferenci´avel.
2. A soma de fun¸c˜oes diferenci´aveis ´e a fun¸c˜ao diferenci´avel,
D(f+g)(a) = Df(a) +Dg(a).
3. O produto de fun¸c˜oes diferenci´aveis ´e a fun¸c˜ao diferenci´avel,
D(f g)(a) = f(a)Dg(a) +g(a)Df(a).
4. O quociente de fun¸c˜oes diferenci´aveis ´e a fun¸c˜ao diferenci´avel,
D
f g
(a) = g(a)Df(a)−f(a)Dg(a)
g2(a) .
Exemplo 4: A aplica¸c˜aof(x, y) =
( xy
√
x2
+y2, (x, y)6= (0,0)
0, (x, y) = (0,0), n˜ao ´e cont´ınua na origem
e portanto, n˜ao ser´a diferenci´avel nesse ponto. Em R2 \(0,0) ´e diferenci´avel por ser o quociente de fun¸c˜oes diferenci´aveis.
3
Fun¸
c˜
oes compostas
Defini¸c˜ao 2: Sejam as aplica¸c˜oes f : D1 ⊂ Rn → Rm e g : D2 ⊂ Rm → Rp, define-se a fun¸c˜ao composta g◦f : D ⊂ Rn → Rp, que cada x ∈ D faz corresponder g ◦f(x) =
Rn Rm Rp
X f(X) g(f(X))
f g
gof
3.1
Limites e continuidade de fun¸
c˜
oes compostas
Sejam f :D1 ⊂Rn →Rm e g :D2 ⊂ Rm →Rp. Sejama e b = lim
x→af(x) pontos de
acumula¸c˜ao deD1 eD2 respectivamente. A seguinte igualdade ´e v´alida desde que exista o limite de f em atal que
lim
x→a(gof)(x) = limu→bg(u).
Exemplo 5: Determinemos o lim (x,y)→(0,0)
sin(x2+y2)
x2+y2 . Tomando a fun¸c˜ao u = f(x, y) =
x2 +y2, e g(u) = sinu
u , os dom´ınios de f, Df = R
2 e de g, D
g = R\ {0}. Assim,
lim
(x,y)→(0,0)f(x, y) = 0 e limu→0g(u) = 1.
Exerc´ıcio 6: Determine o lim
(x,y)→(1,0)f(x, y) e (x,ylim)→(0,0)g(x, y) com f(x, y) =
sin(xy)
xy e
g(x, y) = sin 2(xy)
(xy)2 .
Proposi¸c˜ao 2: Se ja f : Rn → R uma fun¸c˜ao cont´ınua em a ∈ Df e g : R → R uma
fun¸c˜ao cont´ınua emb =f(a).Ent˜ao a fun¸c˜ao composta tamb´em ´e cont´ınua no pontoa.
3.2
Deriva¸
c˜
ao de fun¸
c˜
oes compostas
Teorema 3.1: Sejam f eg nas condi¸c˜oes de Defini¸c˜ao 2. Sef ´e diferenci´avel no pontoa
e g ´e diferenci´avel no ponto f(a), ent˜ao g◦f ´e diferenci´avel no ponto a
D(g◦f)(a) =Dg(f(a))Df(a).
3.2.1 Regra de Cadeia
De uma forma muito mais simplificada, consideremos a defini¸c˜ao seguinte indepen-dente da nota¸c˜ao utilizada anteriormente:
Seja uma fun¸c˜ao real de n vari´aveis reais f(x1, x2, . . . , xn). Uma fun¸c˜ao ´e dita com-posta se as suas vari´aveis x1, x2, . . . , xn dependem ainda de outras vari´aveis, digamos
t1, t2, . . . , tr, ou seja,
h(t1, t2, . . . , tr) =f(x1(t1, t2, . . . , tr), x2(t1, t2, . . . , tr), . . . , xn(t1, t2, . . . , tr)). (2)
Utilizaremos a regra de cadeiapara derivar as fun¸c˜oes compostas. A partir de (2):
1. Se r = 1,
x1, x2, . . . , xn s˜ao fun¸c˜oes de uma s´o vari´avel t:
h(t) =f(x1(t), x2(t), . . . , xn(t)).
Sejamf(x1, x2, . . . , xn) uma fun¸c˜ao real denvari´aveis reais ex1(t), x2(t), . . . , xn(t) fun¸c˜oes de uma vari´avel realt, diferenci´aveis emt0 (i.e., x1(t), x2(t), . . . , xn(t) tem
derivada em t0).
Suponha ainda que f ´e diferenci´avel em x0 = (x1(t0), x2(t0), . . . , xn(t0)). Ent˜ao a fun¸c˜ao real de uma vari´avel real
h(t) = f(x1(t), x2(t), . . . , xn(t))
´e diferenci´avel em t0 e
∂h(t0)
∂t =
n
X
i=1
∂f ∂xi(x
0)dxi
dt (t0).
Exemplo 7: Seja f(x, y) = x2y + ey com x(t) = sint e y(t) = cost. A fun¸c˜ao
composta ´e dada por h(t) =f(sint,cost). Usando a regra de cadeia obt´em-se:
h′(t) = ∂f
∂x(sint,cost) dsint
dt +
∂f
∂y(sint,cost) dcost
dt
= (2 sintcost) cost+(sin2t+ecost)(−sint) = (2 sintcost) cost−(sin2t+ecost) sint.
2. Se r >1,
h(t1, t2, . . . , tr) =f(x1(t1, t2, . . . , tr), x2(t1, t2, . . . , tr), . . . , xn(t1, t2, . . . , tr)) em t0 e s˜ao dadas por
∂h(t0)
∂tj =
n
X
i=1
∂f ∂xi(x
0)∂xi
∂tj(t
0),
comt0 = (t01, t02, . . . , t0r) ex0 =
x1(t01, t02, . . . , t0r), x2(t01, t02, . . . , t0r), . . . , xn(t01, t02, . . . , t0r)
.
Exemplo 8: Sejaz =x2lny, comx= u
v ey = 3u−2v.
Pretendemos determinar ∂z
∂u(3,4) e ∂z ∂v(3,4).
Ent˜ao ∂z ∂u = ∂z ∂x ∂x ∂u + ∂z ∂y ∂y
∂u = 2xlny ∂x ∂u + x2 y ∂y ∂u.
Substituindo os respectivos valores de x e y e suas derivadas, fica:
∂z
∂u(u, v) = 2 u
v ln(3u−2v)
1
v + 3
(u v)
2
3u−2v ⇒ ∂z
∂u(u, v) = 2 u
v2 ln(3u−2v) + 3
u2 v2(3u−2v).
Assim, ∂z
∂u(3,4) =
27 16.
∂z
∂v(u, v) = ∂z ∂x ∂x ∂v + ∂z ∂y ∂y
∂v = 2xlny ∂x ∂v + x2 y ∂y ∂v.
Do mesmo modo, substituindo os valores de x ey e suas derivadas, obtemos:
= 2u
v ln(3u−2v)
−u v2 + ( u v) 2
3u−2v(−2) =−2 u2
v3 ln(3u−2v)−2
u2 v2(3u−2v).
Assim, ∂z
∂v(3,4) =−
9 8.
Em forma de resumo, esquematizamos o seguinte:
1. Sendo n = 2 e z =f(x, y) uma fun¸c˜ao de classe C1, x =x(r, s) e y= y(r, s) s˜ao fun¸c˜oes tais que as suas derivadas parciais existem, ent˜ao:
∂z ∂r = ∂z ∂x ∂x ∂r + ∂z ∂y ∂y ∂r e ∂z ∂s = ∂z ∂x ∂x ∂s + ∂z ∂y ∂y ∂s. z x y
r s r s
Em particular, se x=x(t) e y=y(t) diferenci´aveis, ent˜ao
z
x y
t
2. Sendo n= 3 e w=f(x, y, z) uma fun¸c˜ao de classe C1,x=x(r, s, t),y=y(r, s, t) ez =z(r, s, t) s˜ao fun¸c˜oes tais que as suas derivadas parciais existem, ent˜ao:
∂w
∂r =
∂w ∂x
∂x ∂r +
∂w ∂y
∂y ∂r +
∂w ∂z
∂z ∂r,
∂w ∂s =
∂w ∂x
∂x ∂s +
∂w ∂y
∂y ∂s +
∂w ∂z
∂z ∂s,
∂w ∂t =
∂w ∂x
∂x ∂t +
∂w ∂y
∂y ∂t +
∂w ∂z
∂z ∂t.
w
x y z
r s t r s t r s t
Em particular, se x=x(t), y =y(t) e z =z(t) diferenci´aveis, ent˜ao
∂w ∂t =
∂w ∂x
∂x ∂t +
∂w ∂y
∂y ∂t +
∂w ∂z
∂z ∂t.
w
x y z
t
Exerc´ıcio 7: Calcule a derivada z′(t) da fun¸c˜ao seguinte, resultante da composi¸c˜ao de fun¸c˜oes indicadas:
z = x
y, x=e
Exerc´ıcio 8: Calcule as derivadas parciais ∂z
∂x e ∂z
∂y da fun¸c˜ao seguinte, resultante da
composi¸c˜ao de fun¸c˜oes indicadas:
z = arctan
u v
, u= sin(xy), v = cos(xy).
4
Derivada direccional
Defini¸c˜ao 3: Sejam D ⊂ Rn um aberto, f : D ⊂ Rn → R uma fun¸c˜ao, x ∈ D e v um vector unit´ario em Rn.
A derivada direccional de f no ponto x e na direc¸c˜ao v ´e denotada por ∂∂fv(x) (ou Dfv) e ´e definida por
∂f
∂v(x) = limt→0
f(x+tv)−f(x)
t
se o limite existir.
Se n = 2, x = (x, y) ∈ R2 e o vector unit´ario v = (v
1, v2) em R2. A derivada
direccional def no ponto (x, y) na direc¸c˜ao v= (v1, v2) ´e definida por
∂f
∂v(x, y) = limt→0
f(x+tv1, y +tv2)−f(x, y)
t
se o limite existir.
Analogamente para n= 3.
Exemplo 9: A fun¸c˜ao f(x, y) =
(
x2
y
x2+y2, (x, y)6= (0,0)
0, (x, y) = (0,0). Determinemos as derivadas
direccionais na origem e em qualquer direc¸c˜aov= (v1, v2).De facto: f((0,0)+t(v1, v2))−
f(0,0) =f(tv1, tv2) = (tv1)
2
tv2
(tv1) 2
+(tv2)2 =t
v12v2
(v1) 2
+(v2)
2. Ent˜ao,
∂f
∂v(0,0) = limt→0
f(tv1, tv2)−f(0,0)
t = limt→0
t v12v2
v12+v22
t =
v21v2
v12+v 22
.
Exemplo 10: Pretendemos calcular a derivada direccional def(x, y) = x2+y2na direc¸c˜ao
u = (1,1). O vector u n˜ao ´e unit´ario, logo v = ||(1(1,,1)1)|| = √1
2(1,1) ´e unit´ario. Assim, a
derivada direccional def no ponto (x, y) na direc¸c˜ao v = (v1, v2) = √12(1,1) ´e definida por
∂f
∂v(x, y) = limt→0
f(x+t√1
2, y+t 1 √
2)−f(x, y)
t = limt→0
(x+√t
2)
2+ (y+√t
2)
2−f(x, y)
t =
lim
t→0
(x+√t 2)
2+ (y+ t
√
22)−x 2 −y2
t = limt→0 2t
√
2(x+y) +t 2
t =
2 √
2(x+y).
Exerc´ıcio 9: Determine a derivada direccional de f(x, y, z) = xyz na direc¸c˜ao u = (1,0,1) e na direc¸c˜ao v= (0,0,1).
Exerc´ıcio 10: Considere a fun¸c˜aof(x, y) =|x2−y2|1
2. Determine a derivada direccional,
5
Vector gradiente
Defini¸c˜ao 4: Sejaf :D ⊂Rn→Ruma fun¸c˜ao com derivadas parciais ema. Ogradiente
def(grad f ou ∇f) no ponto a∈ D ⊂Rn ao vector
∇f(a) =
∂f ∂x1
(a), ∂f ∂x2
(a),· · · , ∂f ∂xn
(a)
.
Equivalentemente,
∇f(a) = ∂f
∂x1(a)e1+ ∂f
∂x2(a)e2+· · ·+
∂f
∂xn(a)en,
com (e1,e2, . . . ,en) a base can´onica deRn.
Em R2, fica
∇f(a, b) =
∂f ∂x(a, b),
∂f ∂y(a, b)
.
Analogamente emR3.
Exemplo 11: O gradiente da fun¸c˜ao f(x, y) = x2+y2 ´e∇f = ∂f∂x,∂f∂y
= (2x,2y).
Propriedades 1: Seja o vector gradiente no ponto a diferente de vector nulo:
• O vector gradiente aponta para uma direc¸c˜ao segundo a qual a fun¸c˜ao ´e crescente.
• De entre todas as direc¸c˜oes ao longo das quaisf´e crescente, a direc¸c˜ao do gradiente ´e a de crescimento mais r´apido.
• O gradiente de f no pontoa´e perpendicular `a curva (ou superf´ıcie) de n´ıvel de f
que passa por esse ponto.
Exemplo 12: Verifique as propriedades do vector gradiente da fun¸c˜ao f(x, y) = 2x+ 3y.
−3 −2 −1 1 2 3 4 5 6 7 8 9
−2 −1 1 2 3 4 5
0
∇f = (2,3).
Nk = 2x+ 3y=k, k∈R.
6
Plano tangente e recta normal
Defini¸c˜ao 5: Seja f :D ⊂ R2 →Ruma fun¸c˜ao diferenci´avel em (a, b). O plano
z =f(a, b) + ∂f
∂x(a, b)(x−a) + ∂f
∂y(a, b)(y−b)
denomina-se plano tangente ao gr´afico def no ponto (a, b, f(a, b)).
Defini¸c˜ao 6: Denomina-serecta normalao gr´afico def no ponto (a, b, f(a, b)) e denota-se
(x, y, z) = (a, b, f(a, b)) +λ
∂f ∂x(a, b),
∂f
∂y(a, b),−1
, λ ∈R.
Exerc´ıcio 11: Seja f(x, y) = 3x2y − x. Pretendemos determinar a equa¸c˜ao da plano
tangentee da recta normal do ponto (1,2, f(1,2)). Assim, a equa¸c˜ao do plano tangente ´e z = 5 + 11(x− 1) + 3(y −2). E a equa¸c˜ao da recta normal (x, y, z) = (1,2,5) +
λ(11,3,−1), λ∈R.
7
Diferencial total
Sejaf :D ⊂Rn→Ruma fun¸c˜ao diferenci´avel. Define-se diferencial totalda fun¸c˜ao
f no ponto apor
df(a) =
n
X
i=1
∂f
∂xi(a)dxi.
Em R2, a diferencial total da fun¸c˜ao f no ponto (a, b)∈R2,por
df(a, b) = ∂f
∂x(a, b)dx+ ∂f
∂y(a, b)dy.
Analogamente em R3.
Exemplo 13: Considere a fun¸c˜ao f(x, y) = exy. A diferencial total de f num ponto
arbitr´ario (x, y)∈R2 ser´a
df =yexydx+xexydy.
8
Fun¸
c˜
ao Homog´
enea
A fun¸c˜ao f : D ⊂ Rn → R diz-se homog´enea de grau α se f(λx) = λαf(x) com
x = (x1, x2, . . . , xn) ∈ D, λ ∈ R+ e α ∈ Q. A α chama-se grau de homogeneidade da fun¸c˜ao.
Propriedades 2:
• Se f ´e homog´enea de grau α ent˜ao todas as suas derivadas parciais de primeira ordem s˜ao homog´eneas de grau α−1.
• Qualquer fun¸c˜ao homog´enea de grau α verifica a identidade de Euler:
n
X
i=1
xi∂f
EmR2, a identidade de Euler fica:
x∂f
∂x(x, y) +y ∂f
∂y(x, y) =αf(x, y).
Analogamente emR3.
Exemplo 14: Considere f(x, y) = y2(lnx− lny). Averigue se f ´e homog´enea e caso afirmativo verifique a igualdade de Euler.
Exerc´ıcio 12: Verifique se a fun¸c˜aof(x, y) =xy+yz+z2´e homog´enea. Caso afirmativo, determine o grau de homogeneidade e verifique a identidade de Euler.
9
Elementos de Campo vectorial
A aplica¸c˜ao
F :D ⊂Rn→Rm, x7→(f1, f2,· · ·, fm) (3)
designa-se fun¸c˜ao vectorial. Cada componente f1, f2, . . . , fm, definidas em D
designam-se fun¸c˜oes componentesda fun¸c˜ao vectorial de F.
1. O dom´ınio de uma fun¸c˜ao vectorial ´e a intersec¸c˜ao dos dom´ınios das respectivas fun¸c˜oes componentes, ou seja,
DF =Df1 ∩ Df2 ∩ · · · ∩ Dfm.
2. O limite de uma fun¸c˜ao vectorial num dado ponto existe se e s´o se existir o limite de cada uma das fun¸c˜oes componentes nesse ponto. No caso de existir, o limite da fun¸c˜ao vectorial ´e o vector cujas coordenadas s˜ao limites de cada uma das fun¸c˜oes componentes.
3. Uma fun¸c˜ao vectorial ´e cont´ınua num ponto do seu dom´ınio se e s´o se cada uma das respectivas fun¸c˜oes componentes forcont´ınua nesse mesmo ponto.
4. Uma fun¸c˜ao vectorial ´e diferenci´avel num ponto interior se e s´o se cada umas das respesctivas fun¸c˜oes componentes for diferenci´avel nesse mesmo ponto.
Exemplo 15: Seja F :D ⊂ R2 →R3, com
F(x, y) =
xy2 x2+y2,
2yx2 x2+y2,
√xy
.
Pretende-se determinar o dom´ınio D. Assim,
O dominio de f1(x, y) = xy 2
x2+y2, Df1 =R
2
\ {(0,0)}.
O dominio de f2(x, y) = yx 2
x2+y2, Df2 =R
2
\ {(0,0)}.
O dominio de f3(x, y) =√xy, Df3 ={(x, y)∈R
A fun¸c˜ao vectorialf tem dom´ınioD=Df1∩Df2∩Df3 ={(x, y)∈R
2 :xy≥0}\{(0,0)}. Podemos ainda verificar que:
1. O limite da fun¸c˜ao vectorial ´e (0,0,0).
2. A fun¸c˜ao F ´e cont´ınua no seu dom´ınio D, com f1, f2 e f3 fun¸c˜oes cont´ınuas no dom´ınio D.
3. A fun¸c˜aoF ´e diferenci´avel por f1, f2 e f3 todos serem de classeC1 e cont´ınuas.
Exerc´ıcio 13: Verifique que a fun¸c˜ao F(x, y, z) = sinx, x2+y2, exyz ´e cont´ınua no seu dom´ınio.
9.1
Campo vectorial
A fun¸c˜ao vectorial nas condi¸c˜oes de (3), quando n = m, designamos de Campo Vectorial, ou seja, F :D ⊂Rn →Rn, x7→(f1, f2,· · · , fn).
Exemplo 16: Sejam F :R2 →R2 e G:R2 →R2 com
F(x, y) = (x, y) e G(x, y) = (−y, x).