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Tensores e o Teorema de Stokes

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Academic year: 2021

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Universidade Federal de S˜

ao Carlos

Centro de Ciˆencias Exatas e Tecnologia

Departamento de Matem´

atica

Tensores e o Teorema de Stokes

Francisco Carlos Caramello Junior

Bacharelado em Matem´

atica

Liane Bordignon

Orientadora

Trabalho de Conclus˜

ao de Curso A

Primeiro Semestre de 2011

(2)
(3)

Wer nicht von dreitausend Jahren sich weiß Rechenschaft zu geben, bleib im Dunkeln unerfahren, mag von Tag zu Tage leben. Johann Wolfgang von Goethe, West- ¨Ostlicher Diwan - Buch des Unmuts.

(4)
(5)

Resumo

No presente trabalho estudamos tensores e formas diferenciais a fim de demons-trarmos o Teorema de Stokes em variedades. Esses t´opicos foram escolhidos como tema pois, al´em de serem de grande importˆancia na forma¸c˜ao de um bacharel em Matem´atica, constituem os pr´e-requisitos para o estudo da cohomologia de De Rhan, que pretendemos abordar no Trabalho de Conclus˜ao de Curso B.

(6)
(7)

Pref´

acio

Parte da proposta deste trabalho ´e fazer um estudo aprofundado da ´algebra dos tensores, indo al´em do necess´ario para a demonstra¸c˜ao do Teorema de Stokes. O primeiro cap´ıtulo, portanto, d´a o tratamento formal da ´algebra tensorial, utilizando a defini¸c˜ao de produto tensorial via propriedade universal. Mostramos, ent˜ao, que esta abordagem ´e equivalente `aquela mais comum, via produto de fun¸c˜oes multilineares. Em seguida, ainda no primeiro cap´ıtulo, constru´ımos a teoria dos tensores alternados e fazemos uma discuss˜ao sobre determinantes.

No segundo cap´ıtulo introduzimos as variedades, fazendo primeiro uma breve apresenta¸c˜ao das variedades topol´ogicas e em seguida desenvolvendo a teoria das variedades diferenci´aveis. Apresentamos os fibrados tangente e cotangente, atrav´es dos quais definimos campos de vetores e a diferencial de uma fun¸c˜ao. Em seguida introduzimos as formas diferenciais, falamos sobre orienta¸c˜oes em variedades e sobre a orienta¸c˜ao induzida no bordo de uma variedade. Por fim, fazemos a teoria de integra¸c˜ao em variedades, cujo resultado principal ´e o Teorema de Stokes.

Elaboramos, tamb´em, um apˆendice que traz as principais defini¸c˜oes e resultados dos pr´e-requisitos necess´arios para o desenvolvimento do texto.

Tentamos, na medida do poss´ıvel, ilustrar a teoria com exemplos. A grande extens˜ao do trabalho, no entanto, dificultou tanto a inclus˜ao de exemplos mais sofisticados como, o leitor h´a de notar, de figuras no texto. E nossa inten¸c˜´ ao, por´em, aprofundar e completar esta primeira parte do trabalho enquanto estivermos desenvolvendo o projeto do Trabalho de Conclus˜ao de Curso B, que ser´a, como j´a citamos, uma sequˆencia deste.

(8)
(9)

Sum´

ario

Resumo iv

Pref´acio vi

1 Algebra Multilinear´ 1

1.1 Aplica¸c˜oes Multilineares . . . 1

1.2 Produto Tensorial . . . 2

1.3 Aplica¸c˜oes Lineares . . . 9

1.4 Produto Tensorial de p Espa¸cos Vetoriais . . . 10

1.5 Espa¸cos Duais . . . 12

1.6 Algebra Tensorial . . . 13´

1.7 Tensores Mistos . . . 16

1.8 Algebra das Fun¸c˜´ oes Multilineares . . . 18

1.9 Tensores Alternados . . . 20

1.10 Produto Exterior . . . 26

1.11 Determinantes . . . 28

2 An´alise em Variedades 31 2.1 Variedades Topol´ogicas . . . 31

2.2 Variedades Diferenci´aveis . . . 33

2.3 Fun¸c˜oes Diferenci´aveis . . . 36

2.4 Parti¸c˜oes da Unidade . . . 37

2.5 Vetores Tangentes . . . 41

2.6 Fibrado Tangente e Cotangente . . . 46

2.7 Formas Diferenciais . . . 52 2.8 Orienta¸c˜oes . . . 57 2.9 Integra¸c˜ao . . . 61 Apˆendice 69 Conjuntos . . . 69 Topologia . . . 72 ´ Algebra . . . 76 An´alise . . . 83 ´Indice Remissivo 89

(10)
(11)

Cap´ıtulo 1

´

Algebra Multilinear

Neste cap´ıtulo apresentamos os tensores. Esses objetos s˜ao uma generaliza¸c˜ao dos vetores e s˜ao o caso geral dos tensores alternados, que tamb´em introduzimos aqui. Estudamos a ´algebra tensorial, a ´algebra exterior e os determinantes. Este ´

ultimo t´opico constitui tanto uma aplica¸c˜ao dos dois primeiros como teoria tamb´em usada no decorrer do trabalho. Os tensores alternados s˜ao retomados no cap´ıtulo 2 ao definirmos as formas diferenciais.

1.1

Aplica¸

oes Multilineares

Defini¸c˜ao 1.1.1. Sejam p + 1 espa¸cos vetoriais E1, . . . , Ep e G sobre um corpo Γ.

Uma aplica¸c˜ao f : E1 × · · · × Ep → G ´e p-linear se, ∀ i, 1 ≤ i ≤ p,

f (x1, . . . , xi+ yi, . . . , xp) = f (x1, . . . , xi, . . . , xp) + f (x1, . . . , yi, . . . , xp),

para todo xi, yi ∈ Ei, e

f (x1, . . . , λxi, . . . , xp) = λf (x1, . . . , xi, . . . , xp),

para todo λ ∈ Γ

Costumamos chamar uma aplica¸c˜ao 2-linear de bilinear e, mais geralmente, uma aplica¸c˜ao p-linear de multilinear. Quando G = Γ na defini¸c˜ao acima, chamamos f de funcional p-linear.

O conjunto das aplica¸c˜oes p-lineares f : E1 × · · · × Ep → G ser´a denotado por

L(E1, . . . , Ep; G). Definimos a soma e o produto por escalar em L(E1, . . . , Ep; G)

respectivamente por

(f + g)(x1, . . . , xp) = f (x1, . . . , xp) + g(x1, . . . , xp),

(λf )(x1, . . . , xp) = λf (x1, . . . , xp).

Proposi¸c˜ao 1.1.2. O conjunto L(E1, . . . , Ep; G) munido com as opera¸c˜oes acima

(12)

1.2

Produto Tensorial

Defini¸c˜ao 1.2.1. Sejam E, F e T espa¸cos vetoriais sobre Γ e ⊗ : E × F → T uma aplica¸c˜ao bilinear. Dizemos que ⊗ tem a propriedade universal se satisfaz:

(1) Os vetores ⊗(x, y) geram T .

(2) Se ϕ ´e uma aplica¸c˜ao bilinear de E × F em qualquer espa¸co vetorial H, ent˜ao existe uma aplica¸c˜ao linear f : T → H tal que o diagrama

E × F ϕ // ⊗  H T f ;; comuta.

Daqui em diante denotaremos ⊗(x, y) por x ⊗ y.

Exemplo 1.2.2. Considere a aplica¸c˜ao bilinear Γ × F → F dada por λ ⊗ y = λy. Como 1 ⊗ y = y, essa aplica¸c˜ao satisfaz (1). Para verificar (2), seja ϕ : Γ × F → H uma aplica¸c˜ao bilinear qualquer e defina f : F → H por

f (y) = ϕ(1, y). Ent˜ao, para todo λ ∈ Γ, y ∈ F

ϕ(λ, y) = λϕ(1, y) = λf (y) = f (λy) = f (λ ⊗ y). Portanto vale (2).

Proposi¸c˜ao 1.2.3. Sejam ai ∈ E, i = 1, . . . , r, vetores linearmente independentes

e bi ∈ F , i = 1, . . . , r, vetores quaisquer. Ent˜ao a rela¸c˜ao

X

i

ai⊗ bi = 0

implica bi = 0, para todo i.

Demonstra¸c˜ao: Como ai s˜ao linearmente independentes, podemos tomar r fun¸c˜oes

lineares fi : E → Γ tais que

fi(aj) = δji =

 1 se i = j, 0 se i 6= j. Considere a fun¸c˜ao bilinear

Φ(x, y) =

r

X

i=1

fi(x)gi(y),

onde x ∈ E, y ∈ F e gi ao fun¸c˜oes lineares arbitr´arias em F . Pela condi¸c˜ao (2) da

propriedade universal, existe uma fun¸c˜ao linear h em T tal que h(x ⊗ y) =X

i

(13)

Ent˜ao h X j aj ⊗ bj ! =X i,j fi(aj)gi(bj) = X i gi(bi). ComoP jaj⊗ bj = 0, temos que P

igi(bi) = 0. Mas, como gi s˜ao arbitr´arias, segue

que bi = 0 ∀ i. 

Corol´ario 1.2.4. Se a 6= 0 e b 6= 0, ent˜ao a ⊗ b 6= 0.

Proposi¸c˜ao 1.2.5. Seja {eα}α∈A uma base de E. Ent˜ao todo vetor z ∈ T pode ser

escrito na forma

z =X

α

eα⊗ bα,

com bα ∈ F , onde apenas uma quantidade finita de bα ´e diferente de zero. Al´em

disso, os bα ficam unicamente determinados por z.

Demonstra¸c˜ao: Pela condi¸c˜ao (1) da propriedade universal, z ´e uma soma finita da forma z =X ν xν⊗ yν, com xν ∈ E, yν ∈ F . Escreva xν = P αλ α νeα, λαν ∈ Γ. Ent˜ao z =X ν,α λανeα⊗ yν = X ν,α eα⊗ λανyν = X α eα⊗ bα, onde bα = P

νλανyν. Para provar a unicidade, suponha que

X α eα⊗ bα = X α eα⊗ b0α, com bα, b0α ∈ F . Ent˜ao X α eα⊗ (bα− b0α) = 0 e, pela Proposicao 1.2.3, bα= b0α 

Proposi¸c˜ao 1.2.6. Qualquer vetor z ∈ T , z 6= 0, pode ser escrito na forma z =

r

X

i=1

xi⊗ yi,

onde xi ∈ E, yi ∈ F , {xi} ´e linearmente independente e {yi} ´e linearmente

indepen-dente.

Demonstra¸c˜ao: Escreva z = Pr

i=1xi⊗ yi de forma que r seja m´ınimo. Se r = 1,

pela bilinearidade de ⊗, x1 6= 0 e y1 6= 0. Caso r ≥ 2, se os vetores xis˜ao linearmente

dependentes, podemos assumir que xr =

r−1

X

i=1

(14)

Ent˜ao temos que z = r−1 X i=1 xi⊗ yi+ r−1 X i=1 λixi⊗ yr = r−1 X i=1 xi⊗ (yi+ λiyr) = r−1 X i=1 xi⊗ yi0,

contrariando a minimalidade de r. Portanto {xi} ´e linearmente independente.

De forma an´aloga mostramos que yi s˜ao linearmente independentes. 

A seguir mostraremos a existˆencia e a unicidade de aplica¸c˜oes bilineares com a propriedade universal.

Proposi¸c˜ao 1.2.7. Suponha que ⊗1 : E × F → T1 e ⊗2 : E × F → T2 s˜ao

aplica¸c˜oes bilineares com a propriedade universal. Ent˜ao existe um isomorfismo linear f : T1 → T2 tal que

f (x ⊗1y) = x ⊗2y

para todo x ∈ E, y ∈ F .

Demonstra¸c˜ao: De fato, pela condi¸c˜ao (2) da propriedade universal, temos aplica¸c˜oes lineares f : T1 → T2 e g : T2 → T1 tais que f (x ⊗1 y) = x ⊗2 y

e g(x ⊗2 y) = x ⊗1 y para todo x ∈ E, y ∈ F . Essas rela¸c˜oes implicam que

g(f (x ⊗1y)) = x ⊗1 y e que f (g(x ⊗2y)) = x ⊗2y. A condi¸c˜ao (1) da propriedade

universal garante que g ◦ f = id = f ◦ g. Logo f e g s˜ao isomorfismos lineares

inversos. 

Proposi¸c˜ao 1.2.8. Existe uma aplica¸c˜ao bilinear ⊗ : E × F → T que tem a propriedade universal.

Demonstra¸c˜ao: Considere o espa¸co vetorial livre M (E × F ) gerado por E × F e N (E, F ) o subespa¸co de M (E × F ) gerado pelos vetores

(λx1+ µx2, y) − λ(x1, y) − µ(x2, y)

e

(x, λy1+ µy2) − λ(x, y1) − µ(x, y2).

Tome T = M (E × F )/N (E, F ) e π : M (E × F ) → T a proje¸c˜ao canˆonica. Defina ⊗ : E × F → T por x ⊗ y = π(x, y). Como π(λx1+ µx2, y) = λπ(x1, y) + µπ(x2, y),

segue que

(λx1 + µx2) ⊗ y = π(λx1+ µx2, y)

= λπ(x1, y) + µπ(x2, y)

= λx1⊗ y + µx2⊗ y.

De forma an´aloga mostramos a linearidade em y. Note que todo vetor z ∈ T ´e uma soma finita z = π X i,j λij(xi, yj) ! ,

(15)

com xi ∈ E, yj ∈ F . Ent˜ao X i,j λijxi ⊗ yj = X i,j λijπ(xi, yj) = π X i,j λij(xi, yj) ! = z e, portanto, ⊗ satisfaz a condi¸c˜ao (1) da propriedade universal.

Considere agora uma aplica¸c˜ao bilinear Ψ : E × F → H, onde H ´e um espa¸co vetorial qualquer. Como {(x, y) | x ∈ E , y ∈ F } forma uma base para M (E × F ), existe uma aplica¸c˜ao linear g : M (E × F ) → H unicamente determinada tal que g(x, y) = Ψ(x, y). Da bilinearidade de Ψ segue que N (E, F ) ⊂ ker(g). De fato, se

z = (λx1+ µx2, y) − λ(x1, y) − µ(x2, y)

´e um gerador de N (E, F ), ent˜ao

g(z) = g(λx1+ µx2, y) − λg(x1, y) − µg(x2, y)

= Ψ(λx1 + µx2, y) − λΨ(x1, y) − µΨ(x2, y)

= 0.

Analogamente mostramos que g((x, λy1+ µy2) − λ(x, y1) − µ(x, y2)) = 0.

Portanto g induz uma aplica¸c˜ao linear f : M (E × F )/N (E, F ) → H tal que f ◦ π = g. Em particular,

(f ◦ ⊗)(x, y) = f (π(x, y)) = g(x, y) = Ψ(x, y)

e, ent˜ao, ⊗ satisfaz a condi¸c˜ao (2) da propriedade universal.  Defini¸c˜ao 1.2.9. O produto tensorial de dois espa¸cos vetoriais E e F ´e um par (T, ⊗) onde ⊗ : E × F → T ´e uma aplica¸c˜ao bilinear com a propriedade universal. O espa¸co T determinado por E e F ´e chamado de produto tensorial de E e F e denotado por E ⊗ F . Os elementos de E ⊗ F s˜ao chamados de tensores e os tensores da forma e ⊗ f , com e ∈ E, f ∈ F , s˜ao ditos decompon´ıveis.

Exemplo 1.2.10. O par (Mn×m, β), onde β : Γn× Γm → Mn×m ´e a aplica¸c˜ao

bilinear definida por

(ξ1, . . . , ξn) × (η1, . . . , ηm) 7→    ξ1η1 . . . ξ1ηm .. . ... ξnη1 . . . ξnηm   , ´e o produto tensorial de Γn por Γm.

Mais geralmente, temos o seguinte:

Exemplo 1.2.11. Seja Mn1×···×nk o conjunto das matrizes k-dimensionais com

en-tradas em um corpo Γ, ou seja, um elemento A de Mn1×···×nk se escreve como

(16)

onde ξi1...ik ∈ Γ, com i

j = 1, . . . , nj. Com a soma e a multiplica¸c˜ao por escalar

A + B = (ξi1...ik + ηi1...ik), λA = (λξi1...ik), Mn1×···×nk torna-se um espa¸co vetorial

sobre Γ.

O par (Mn1×···×nk×m1×···×ml, ⊗), onde

⊗ : Mn1×···×nk × Mm1×···×ml → Mn1×···×nk×m1×···×ml

´e a aplica¸c˜ao bilinear definida por

(ξi1...ik) × (ηi1...il) 7→ (ξi1...ikηi1...il),

´e o produto tensorial de Mn1×···×nk e Mm1×···×ml.

Proposi¸c˜ao 1.2.12. Sejam E, F e G espa¸cos vetoriais. Existe um isomorfismo linear

Φ : L(E ⊗ F ; G) → L(E, F ; G). Demonstra¸c˜ao: Dada f ∈ L(E ⊗ F ; G), seja

Φ(f ) = f ◦ ⊗.

A condi¸c˜ao (2) da propriedade universal implica que Φ ´e sobrejetora, uma vez que afirma que qualquer aplica¸c˜ao bilinear ψ : E × F → G pode ser fatorada sobre o produto tensorial, ou seja, pode ser escrita como ψ = f ◦ ⊗.

Suponha que f ◦ ⊗ = 0 para alguma aplica¸c˜ao linear f : E ⊗ F → G. Pela condi¸c˜ao (1) da propriedade universal, E ⊗ F ´e gerado pelos produtos x ⊗ y, e segue

que f = 0. 

Lema 1.2.13. Sejam Eα, α ∈ I e Fβ, β ∈ J duas fam´ılias de espa¸cos vetoriais sobre

Γ e seja, para cada par (α, β), (Eα⊗ Fβ, ⊗) o produto tensorial de Eα e Fβ. Sejam

e E =M α Eα, F =e M β Fβ, G =e M α,β Eα⊗ Fβ,

e seja ϕ : eE × eF → eG a aplica¸c˜ao bilinear dada por ϕ(˜x, ˜y) =X

α,β

iαβ(πα(˜x) ⊗ πβ(˜y)),

onde πα : eE → Eα e πβ : eF → Fβ s˜ao as proje¸c˜oes canˆonicas e iαβ : Eα⊗ Fβ → eG ´e

a inclus˜ao canˆonica. Ent˜ao ( eG, ϕ) ´e o produto tensorial de eE e eF .

Demonstra¸c˜ao: A condi¸c˜ao (1) da propriedade universal ´e trivialmente satisfeita, pois todo elemento de eG se escreve, por defini¸c˜ao, como soma de elementos de Eα⊗ Fβ. Para verificar a condi¸c˜ao (2), seja eΨ : eE × eF → H uma aplica¸c˜ao bilinear

qualquer. Defina Ψαβ : Eα× Fβ → H por

(17)

onde iα : Eα → eE e iβ : Fβ → eF s˜ao as inclus˜oes canˆonicas. Ent˜ao Ψαβ induz uma

aplica¸c˜ao linear fαβ : Eα⊗ Fβ → H tal que

Ψαβ(x, y) = fαβ(x ⊗ y),

onde x ∈ Eα e y ∈ Fβ. Sendo παβ : eG → Eα⊗ Fβ a proje¸c˜ao canˆonica, defina uma

aplica¸c˜ao linear f : eG → H por

f =X α,β fαβ◦ παβ. Segue que (f ◦ ϕ)(˜x, ˜y) = f X α,β iαβ(πα(˜x) ⊗ πβ(˜y)) ! = X α,β fαβ(πα(˜x) ⊗ πβ(˜y)) = X α,β Ψαβ(πα(˜x), πβ(˜y)) = Ψe X α iα(πα(˜x)), X β iβ(πβ(˜y)) ! = Ψ(˜e x, ˜y). Portanto f ◦ ϕ = eΨ. 

Lema 1.2.14. Seja (E ⊗ F, ⊗) o produto tensorial dos espa¸cos vetoriais E e F e suponha que E =L

αEα e F =

L

βFβ s˜ao decomposi¸c˜oes em soma direta. Ent˜ao

E ⊗ F = M

α,β

Eα⊗ Fβ.

Demonstra¸c˜ao: Pela condi¸c˜ao (1) da propriedade universal, E ⊗ F ´e gerado pelos produtos da forma x ⊗ y, x ∈ E, y ∈ F . Como x =P

αxα, xα ∈ Eα e y = P βyβ, yβ ∈ Fβ, segue que x ⊗ y =X α,β xα⊗ yβ.

Isso mostra que E ⊗ F ´e a soma dos subespa¸cos Eα ⊗ Fβ. Para mostrar que a

decomposi¸c˜ao ´e direta, considere as somas diretas e E =M α Eα, F =e M β Fβ, G =e M α,β Eα⊗ Fβ

e as inclus˜oes e proje¸c˜oes canˆonicas iα, iβ, iαβ, πα, πβ e παβ como no Lema 1.2.13.

Ent˜ao, se ϕ : eE × eF → eG ´e a aplica¸c˜ao bilinear dada por ϕ(˜x ⊗ ˜y) =X

α,β

(18)

o Lema 1.2.13 mostrou que o par ( eG, ϕ) ´e o produto tensorial de eE e eF .

Considere agora os isomorfismos lineares f : E → eE e g : F → eF definidos por f (x) =X α iα(xα), g(x) = X β iβ(yβ), sendo x = P αxα, xα ∈ Eα e y = P

βyβ, yβ ∈ Fβ, e defina uma aplica¸c˜ao linear

Ψ : E × F → eG por

Ψ(x, y) = ϕ(f (x), g(y)).

Pela condi¸c˜ao (2) da propriedade universal, existe uma aplica¸c˜ao linear h : E ⊗ F → e

G tal que

h(x ⊗ y) = Ψ(x, y) = ϕ(f (x), g(y)).

Se x ∈ Eλ e y ∈ Fµ para algum (λ, µ) fixo, segue das defini¸c˜oes de f , g e ϕ que

h(x ⊗ y) = ϕ(f (x), g(y)) = ϕ(iλ(x), iµ(y))

= X

α,β

iαβ(πα(iλ(x)) ⊗ πβ(iµ(y))) = iλµ(x ⊗ y),

e isso mostra que h leva cada subespa¸co Eα⊗Fβ de E ⊗F no subespa¸co iαβ(Eα⊗Fβ)

de eG. Como a decomposi¸c˜ao eG = P α,βiαβ(Eα ⊗ Fβ) ´e direta, a decomposi¸c˜ao E ⊗ F =P α,βEα⊗ Fβ tamb´em o ´e, ou seja, E ⊗ F =M α,β (Eα⊗ Fβ). 

Proposi¸c˜ao 1.2.15. Sejam (aα)α∈I e (bβ)β∈J bases, respectivamente dos espa¸cos

vetoriais E e F . Ent˜ao (aα⊗ bβ)α∈I,β∈J ´e uma base de E ⊗ F .

Demonstra¸c˜ao: Sejam Eα e Fβ os subespa¸cos de E e F gerados por aα e bβ

respectivamente. Ent˜ao E =L

αEα e F =

L

βFβ e segue do lema (1.2.14) que

E ⊗ F = M

α,β

Eα⊗ Fβ.

Mostramos no Corol´ario (1.2.4) que aα 6= 0 e bβ 6= 0 implica aα ⊗ bβ 6= 0. Por

outro lado, a condi¸c˜ao (1) da propriedade universal aplicada a Eα e Fβ implica que

Eα⊗ Fβ ´e gerado por um ´unico elemento aα⊗ bβ. Ent˜ao E ⊗ F ´e soma direta dos

subespa¸cos gerados pelos produtos aα⊗ bβ, e, portanto, estes formam uma base para

E ⊗ F . 

Segue tamb´em que, se E e F tˆem dimens˜ao finita, E ⊗ F tem dimens˜ao finita e dim(E ⊗ F ) = dim(E) dim(F ).

(19)

1.3

Aplica¸

oes Lineares

Dados E, E0, F , F0, espa¸cos vetoriais, considere ϕ : E → E0 e ψ : F → F0 aplica¸c˜oes lineares. Definimos uma aplica¸c˜ao bilinear E × F → E0⊗ F0 por

(x, y) → ϕ(x) ⊗ ψ(y).

Pela condi¸c˜ao (2) da propriedade universal, existe uma ´unica aplica¸c˜ao linear χ : E ⊗ F → E0⊗ F0 tal que

χ(x ⊗ y) = ϕ(x) ⊗ ψ(y). A correspondˆencia (ϕ, ψ) → χ define uma aplica¸c˜ao bilinear

β : L(E; E0) × L(F ; F0) → L(E ⊗ F ; E0⊗ F0) Proposi¸c˜ao 1.3.1. A aplica¸c˜ao linear

f : L(E; E0) ⊗ L(F ; F0) → L(E ⊗ F ; E0⊗ F0) induzida pela aplica¸c˜ao β ´e injetiva.

Demonstra¸c˜ao: Seja w tal que f (w) = 0. Se w 6= 0 podemos escrever, pela Proposi¸c˜ao 1.2.6, w = r X i=1 ϕi⊗ ψi

ϕi ∈ L(E; E0) e ψi ∈ L(F ; F0) sendo ϕi linearmente independentes e ψi linearmente

independentes. Ent˜ao f (w) =P iβ(ϕi, ψi) e, como f (w) = 0, r X i=1 ϕi(x) ⊗ ψi(y) = 0, (1.1)

para todo par x ∈ E, y ∈ F .

Tome a ∈ E tal que ϕ1(a) 6= 0 e seja p ≥ 1 o n´umero m´aximo de vetores

linear-mente independentes no conjunto {ϕ1(a), . . . , ϕr(a)}. Suponha que ϕ1(a), . . . , ϕp(a)

sejam tais vetores linearmente independentes. Temos ϕj(a) = p X i=1 λjiϕi(a), j = p + 1, . . . , r, e, por (1.1), p X i=1 ϕi(a) ⊗ ψi(y) + r X j=p+1 p X i=1 λjiϕi(a) ! ⊗ ψj(y) = 0, ou seja, p X i=1 ϕi(a) ⊗ r X j=p+1 λjiψj(y) + ψi(y) ! = 0.

(20)

Como os vetores ϕ1(a), . . . , ϕp(a) s˜ao linearmente independentes, segue que ψi(y) + r X j=p+1 λjiψj(y) = 0,

com i = 1, . . . , p, para todo y ∈ F . Isto ´e, ψi+

Pr

j=p+1λjiψj = 0, contradizendo a

hip´otese de que ϕj s˜ao linearmente independentes. Portanto, f ´e injetiva. 

Corol´ario 1.3.2. O par (im(β), β) ´e o produto tensorial de L(E; E0) e L(F ; F0). Corol´ario 1.3.3. A aplica¸c˜ao bilinear β : L(E) × L(F ) → L(E ⊗ F ) dada por

β(f, g)(x ⊗ y) = f (x)g(y) ´e tal que (im(β), β) ´e o produto tensorial de L(E) e L(F ).

Corol´ario 1.3.4. Se E e F tˆem dimens˜ao finita, os elementos β(ϕ, ψ) geram o espa¸co L(E ⊗ F ; E0⊗ F0) e ent˜ao (L(E ⊗ F ; E0⊗ F0), β) ´e o produto tensorial de

L(E; E0) e L(F ; F0).

Chamamos β(ϕ, ψ) de produto tensorial das aplica¸c˜oes lineares ϕ e ψ e denota-mos β(ϕ, ψ) = ϕ ⊗ ψ. A f´ormula χ(x ⊗ y) = ϕ(x) ⊗ ψ(y) lˆe-se, ent˜ao

(ϕ ⊗ ψ)(x ⊗ y) = ϕ(x) ⊗ ψ(y).

1.4

Produto Tensorial de p Espa¸

cos Vetoriais

Defini¸c˜ao 1.4.1. Sejam Ei, i = 1, . . . , p, p espa¸cos vetoriais e

⊗ : E1× · · · × Ep → T

uma aplica¸c˜ao p linear. Dizemos que ⊗ tem a propriedade universal se satisfaz: (1) Os vetores x1⊗ · · · ⊗ xp geram T .

(2) Toda aplica¸c˜ao p-linear ϕ : E1× · · · × Ep → H (H um espa¸co vetorial qualquer)

pode ser escrita na forma

ϕ(x1, . . . , xp) = f (x1⊗ · · · ⊗ xp),

onde f : T → H ´e linear.

A existˆencia e unicidade de aplica¸c˜oes p-lineares com a propriedade universal s˜ao demonstradas da mesma maneira como no caso p = 2.

Defini¸c˜ao 1.4.2. O produto tensorial de p espa¸cos Ei, i = 1, . . . , p, ´e um par

(T, ⊗) onde ⊗ : E1 × · · · × Ep → T ´e uma aplica¸c˜ao p-linear com a propriedade

universal. O espa¸co T ´e chamado de produto tensorial dos espa¸cos Ei e denotado

por E1 ⊗ · · · ⊗ Ep. Os elementos de E1 ⊗ · · · ⊗ Ep s˜ao chamados de tensores e os

(21)

Analogamente a Proposi¸c˜ao 1.2.12, se H ´e um espa¸co vetorial qualquer a corres-pondˆencia ϕ ↔ f expressa pelo diagrama comutativo

E × · · · × Ep ϕ // ⊗  H E1⊗ · · · ⊗ Ep f 88

determina um isomorfismo linear

Φ : L(E1⊗ · · · ⊗ Ep; H) → L(E1, . . . , Ep; H).

Proposi¸c˜ao 1.4.3. Sejam E1, E2 e E3trˆes espa¸cos vetoriais. Existe um isomorfismo

linear f : E1⊗ E2⊗ E3 → (E1⊗ E2) ⊗ E3 tal que

f (x ⊗ y ⊗ z) = (x ⊗ y) ⊗ z.

Demonstra¸c˜ao: Considere a aplica¸c˜ao 3-linear E1 × E2× E3 → (E1 ⊗ E2) ⊗ E3

dada por

(x, y, z) → (x ⊗ y) ⊗ z.

Pela condi¸c˜ao (2) da propriedade universal, existe uma aplica¸c˜ao linear induzida f : E1⊗ E2⊗ E3 → (E1⊗ E2) ⊗ E3 tal que

f (x ⊗ y ⊗ z) = (x ⊗ y) ⊗ z.

Por outro lado, para cada z ∈ E3 fixo existe uma aplica¸c˜ao bilinear βz : E1×

E2× E3 → E1⊗ E2⊗ E3 definida por

βz(x, y) = x ⊗ y ⊗ z,

que induz uma aplica¸c˜ao linear gz : E1⊗ E2 → E1⊗ E2⊗ E3 tal que

gz(x ⊗ y) = x ⊗ y ⊗ z.

Defina Ψ : (E1⊗ E2) × E3 → E1⊗ E2⊗ E3 por Ψ(u, z) = gz(u), onde u ∈ E1⊗ E2,

z ∈ E3. Ent˜ao Ψ induz uma aplica¸c˜ao linear

g : (E1⊗ E2) ⊗ E3 → E1⊗ E2⊗ E3

tal que Ψ(u, z) = g(u ⊗ z), u ∈ E1⊗ E2, z ∈ E3.

Temos ent˜ao que

g((x ⊗ y) ⊗ z) = Ψ(x ⊗ y, z) = gz(x ⊗ y) = x ⊗ y ⊗ z

e, pela defini¸c˜ao de f , f (g((x ⊗ y) ⊗ z)) = (x ⊗ y) ⊗ z, mostrando que f ´e um isomorfismo linear e g seu inverso.  Da mesma maneira construimos um isomorfismo linear h : E1 ⊗ E2 ⊗ E3 →

E1⊗ (E2⊗ E3) tal que h(x ⊗ y ⊗ z) = x ⊗ (y ⊗ z). Assim, h ◦ f−1 ´e um isomorfismo

(22)

Mais geralmente, se Ei, i = 1, . . . , p + q s˜ao p + q espa¸cos vetoriais, existe

exatamente um isomorfismo

f : (E1⊗ · · · ⊗ Ep) ⊗ (Ep+1⊗ · · · ⊗ Ep+q) → E1⊗ · · · ⊗ Ep+q

tal que

f ((x1⊗ · · · ⊗ xp) ⊗ (xp+1⊗ · · · ⊗ xp+q)) = x1⊗ · · · ⊗ xp+q,

e segue que h´a uma ´unica aplica¸c˜ao bilinear

β : (E1⊗ · · · ⊗ Ep) × (Ep+1⊗ · · · ⊗ Ep+q) → E1⊗ · · · ⊗ Ep+q

tal que

β(x1⊗ · · · ⊗ xp, xp+1⊗ · · · ⊗ xp+q) = x1⊗ · · · ⊗ xp+q,

e que o par (E1⊗· · ·⊗Ep+q, β) ´e o produto tensorial de E1⊗· · ·⊗Epe Ep+1⊗· · ·⊗Ep+q.

A teoria para o caso p = 2 se estende ao caso geral, ent˜ao, de maneira natural. Em particular, se (ai

ν) ´e uma base para Ei, i = 1, . . . , p, os produtos a1ν1 ⊗ · · · ⊗ a

p νp

formam uma base para E1⊗ · · · ⊗ Ep, e, se os espa¸cos Ei tˆem dimens˜ao finita,

dim(E1⊗ · · · ⊗ Ep) = dim(E1) . . . dim(Ep).

1.5

Espa¸

cos Duais

Proposi¸c˜ao 1.5.1. Sejam E, E0, E00 e F , F0, F00 espa¸cos vetoriais sobre Γ e ϕ : E × E0 → E00, ψ : F × F0 → F00

aplica¸c˜oes bilineares. Ent˜ao existe exatamente uma aplica¸c˜ao bilinear χ : (E ⊗ F ) × (E0 ⊗ F0) → E00× F00 tal que

χ(x ⊗ y, x0⊗ y0) = ϕ(x, x0) ⊗ ψ(y, y0),

com x ∈ E, x0 ∈ E0, y ∈ F , y0 ∈ F0.

Demonstra¸c˜ao: Como E ⊗ F e E0⊗ F0 ao gerados pelos produtos x ⊗ y e x0⊗ y0

respectivamente, fica claro que se χ existe ela ´e unicamente determinada por ϕ e ψ. Para mostrar a existˆencia de χ, considere as aplica¸c˜oes lineares

f : E ⊗ E0 → E00, g : F ⊗ F0 → F00

induzidas, respectivamente, por ϕ e ψ. Ent˜ao f ⊗ g : (E ⊗ E0) ⊗ (F ⊗ F0) → E00⊗ F00

´e linear. Tome S : (E ⊗ F ) ⊗ (E0⊗ F0) → (E ⊗ E0) ⊗ (F ⊗ F0) o isomorfismo linear

definido por

S(x ⊗ y) ⊗ (x0⊗ y0)= (x ⊗ x0) ⊗ (y ⊗ y0)

e defina χ(u, v) = (f ⊗ g)S(u ⊗ v) onde u ∈ E ⊗ F , v ∈ E0⊗ F0. Segue que

χ(x ⊗ y, x0⊗ y0) = (f ⊗ g)((x ⊗ x0) ⊗ (y ⊗ y0)) = f (x ⊗ x0) ⊗ g(y ⊗ y0) = ϕ(x, x0)ψ(y, y0).

(23)

Isso termina a demonstra¸c˜ao.  Denotaremos χ por ϕ ⊗ ψ. Em particular, todo par de fun¸c˜oes bilineares

Φ : E × E0 → Γ, Ψ : F × F0 → Γ

induz uma fun¸c˜ao bilinear Φ ⊗ Ψ : (E ⊗ F ) × (E0⊗ F0) → Γ tal que

(Φ ⊗ Ψ)(x ⊗ y, x0⊗ y0) = Φ(x, x0)Ψ(y, y0).

Suponha, agora, que E∗ e F∗ s˜ao os duais de E e F e sejam ambos os produtos escalares denotados por h·, ·i. O resultado acima mostra que existe exatamente uma fun¸c˜ao bilinear h·, ·i : (E∗⊗ F∗) × (E ⊗ F ) → Γ tal que

hx∗⊗ y∗, x ⊗ yi = hx∗, xihy∗, yi.

Em outras palavras, se E∗ e F∗ s˜ao os duais de E e F , a dualidade entre E∗⊗ F∗

e E ⊗ F ´e induzida.

Sejam Ei∗, Ei, i = 1, . . . , p, pares de duais onde todos os produtos escalares s˜ao

denotados por h·, ·i. Como no caso p = 2, um produto escalar entre E1∗⊗ · · · ⊗ E∗ n e E1⊗ · · · ⊗ En tal que hx1⊗ · · · ⊗ xn, x1⊗ · · · ⊗ xni = hx1, x1i . . . hxn, xni, onde xi ∈ E∗ i e xi ∈ Ei, ´e induzido.

1.6

Algebra Tensorial

´

Defini¸c˜ao 1.6.1. Seja E um espa¸co vetorial e p ≥ 2. O par (N

p(E), ⊗ p), onde O p p(E) = E ⊗ · · · ⊗ E | {z } p

´e chamado de p-´esima potˆencia tensorial de E e os elementos de N

p(E) s˜ao ditos

tensores de grau p ou p-tensores.

Estendemos a defini¸c˜ao para os casos p = 0 e p = 1 colocando N

0(E) = Γ e

N

1(E) = E.

Tensores da forma x1⊗ · · · ⊗ xp, p ≥ 1, e tensores de grau zero s˜ao chamados de

decompon´ıveis.

Para todo p e q h´a uma ´unica aplica¸c˜ao bilinear β :O p (E) ×O q (E) →O p+q (E) tal que β(x1⊗ · · · ⊗ xp, xp+1⊗ · · · ⊗ xp+q) = x1⊗ · · · ⊗ xp+q

(24)

e, al´em disso, o par (N

p+q(E), β) ´e o produto tensorial de

N

p(E) e

N

q(E), como

mostramos na Se¸c˜ao 1.4. Escreveremos, portanto, u ⊗ v ao inv´es de β(u, v). Assim, temos

(x1⊗ · · · ⊗ xp) ⊗ (xp+1⊗ · · · ⊗ xp+q) = x1⊗ · · · ⊗ xp+q. (1.2)

O tensor u ⊗ v ´e chamado de produto dos tensores u e v. O produto (1.2) ´e associativo, como segue de sua defini¸c˜ao, mas n˜ao ´e comutativo (exceto para o caso dim E = 1). De fato, se x, y ∈ E s˜ao linearmente independentes, os produtos x ⊗ y e y ⊗ x tamb´em o s˜ao, e logo, x ⊗ y 6= y ⊗ x.

Note que o produto λ ⊗ x, onde λ ∈ N

0(E) = Γ e x ∈

N

p(E), ´e o vetor

λx ∈N

p(E) obtido pela multiplica¸c˜ao de x pelo escalar λ.

Segue tamb´em do que consideramos na Se¸c˜ao 1.4 que, se (eν)ν∈N ´e uma base

de E, os produtos eν1 ⊗ · · · ⊗ eνp formam uma base de

N

p(E). Em particular, se

dim E = n < ∞, e (ei) ´e uma base de E, os produtos ei1 ⊗ · · · ⊗ eip formam uma

base deN p(E) e dim  N p(E) 

= np. Nesse caso, todo tensor x ∈N

p(E) pode ser

escrito unicamente como

x = X

i1,...,ip

λi1...ipe

i1 ⊗ · · · ⊗ eip,

onde ij = 1, . . . , n para todo j = 1, . . . , p.

Os coeficientes λi1...ip ao chamados de componentes de x em rela¸c˜ao `a base (e

i).

Defini¸c˜ao 1.6.2. Seja (A, +, ·, Γ) um espa¸co vetorial e : A × A → A. Dizemos que (A, +, , ·, Γ) ´e uma ´algebra sobre Γ se satisfaz, para todo x, y, z ∈ E e para todo λ, µ ∈ Γ,

(1) (x + y) z = x z + y z. (2) x (y + z) = x y + x z. (3) (λ · x) (µ · y) = (λµ) · (x y).

Quando ´e associativa, dizemos que a ´algebra A ´e uma ´algebra associativa sobre Γ.

Defini¸c˜ao 1.6.3. Uma ´algebra graduada ´e uma ´algebra sobre um corpo (A, +, , ·, Γ) que admite uma decomposi¸c˜ao em soma direta

A =M

k

Ak

tal que o produto satisfaz {xk xl | xk∈ Ak, xl ∈ Al} ⊂ Ak+l.

Defini¸c˜ao 1.6.4. Sejam (A1, +1, 1, ·1, Γ) e (A2, +2, 2, ·2, Γ) ´algebras sobre Γ e

ϕ : A1 → A2 uma bije¸c˜ao. Dizemos que ϕ ´e um isomorfismo entre as ´algebras A1 e

A2 se ϕ satisfaz

(1) ϕ(λ ·1a) = λ ·2ϕ(a).

(25)

(3) ϕ(a 1b) = ϕ(a) 2ϕ(b).

para todo a, b ∈ A1, λ ∈ Γ.

Seja (N

p(E), ⊗

p) a p-´esima potˆencia tensorial de E, e considere a soma direta

O (E) = ∞ M p=0 O p (E) ! .

Os elementos deN(E) s˜ao as sequˆencias do tipo (u0, u1, . . . ) com up ∈Np(E) onde

apenas um n´umero finito de up s˜ao n˜ao nulos. Definindo uma aplica¸c˜ao bilinear

:N(E) × N(E) → N(E) por

u v =X

p,q

up⊗ vq,

onde u, v ∈ N(E), u = Ppup, v =

P

qvq, temos que (N(E), +, , ·, Γ) ´e uma

´

algebra graduada associativa.

A qu´ıntupla (N(E), +, , ·, Γ) ´e chamada de ´algebra tensorial sobre o espa¸co vetorial E.

Suponha que E e E∗ s˜ao duais com rela¸c˜ao ao produto escalar h·, ·i e considere N(E) e N(E∗) as ´algebras tensoriais sobre E e E. De acordo com a Se¸c˜ao 1.5,

´e induzido entre N

p(E) e

N

p(E

), para cada p ≥ 1, um ´unico produto escalar tal

que hx1⊗ · · · ⊗ xp, x 1⊗ · · · ⊗ xpi = hx1, x1i . . . hxp, xpi, com xi ∈N i(E ∗), x i ∈ N

i(E). Estendemos a defini¸c˜ao para p = 0 colocando

hλ, µi = λµ, com λ, µ ∈N

0(E) = Γ.

Os produtos escalares entre N

p(E

) e N

p(E) assim definidos podem ser

es-tendidos de maneira ´unica a um produto escalar h·, ·i entre N(E∗) e N(E), dado

por hu∗, vi =X p hup, vpi, onde u∗ =P pup e v = P pvp.

Se E tem dimens˜ao finita e (ei), (ei) s˜ao bases para E e E∗respectivamente, ent˜ao

o produto escalar entre os vetores das bases induzidas ei1 ⊗ · · · ⊗ eip e e

j1 ⊗ · · · ⊗ ejp ´e dado por hej1 ⊗ · · · ⊗ ejp, e i1 ⊗ · · · ⊗ eipi = δ j1 i1 . . . δ jp ip

Essa f´ormula mostra que as bases (ei1⊗ · · · ⊗ eip) e (e

j1⊗ · · · ⊗ ejp) s˜ao duais e que

o produto escalar entre dois tensores u = X i1,...,ip λi1...ipe i1 ⊗ · · · ⊗ eip, u ∗ = X j1,...,jp µj1...jpe j1 ⊗ · · · ⊗ ejp

(26)

´e dado por

hu∗, ui = X

i1,...,ip

λi1...ipµ

i1...ip.

Caso E seja um espa¸co vetorial e E∗ o seu dual, denotaremos a partir de agora, por simplicidade, as k-´esimas potˆencias tensoriais de E e E∗ respectivamente por N

k(E) e

Nk

(E). Os tensores em N

k(E) s˜ao chamados de tensores contravariantes

de grau k sobre E e aqueles emNk

(E) de tensores covariantes de grau k sobre E.

1.7

Tensores Mistos

Defini¸c˜ao 1.7.1. Seja E um espa¸co vetorial e E∗ o seu dual. Para cada par (p, q), p ≥ 1, q ≥ 1, definimos p O q (E) = p O (E) ! ⊗ O q (E) ! . Estendemos a defini¸c˜ao para os casos p = 0 e q = 0 colocando

p O 0 (E) = p O (E), 0 O q (E) =O q (E). Os elementos de Np

q(E) s˜ao chamados tensores mistos sobre o E e s˜ao ditos

ho-mogˆeneos de bigrau (p, q). O n´umero p + q ´e chamado de grau total. Um tensor ω ∈Np

q(E) da forma

ω = x1⊗ · · · ⊗ xp⊗ x1⊗ · · · ⊗ xq,

onde xi ∈ Ee x

i ∈ E, ´e chamado de decompon´ıvel.

Pelo que vimos na Se¸c˜ao 1.5, o produto escalar entre E∗ e E induz um produto escalar entre Np

q(E) e

Nq

p(E) determinado por

hu∗⊗ v, v∗⊗ ui = hu∗, uihv∗, vi. Portanto, quaisquer dois espa¸cos Np

q(E) e

Nq

p(E) s˜ao duais.

A seguir faremos a constru¸c˜ao do produto tensorial de ´algebras para, em seguida definirmos a ´algebra tensorial mista.

Defini¸c˜ao 1.7.2. Seja A uma ´algebra. O produto : A × A → A determina uma aplica¸c˜ao linear µA: A ⊗ A → A tal que

µA(x ⊗ y) = x y,

(27)

Reciprocamente, se A ´e um espa¸co vetorial e µA : A ⊗ A → A ´e uma aplica¸c˜ao

linear, uma multiplica¸c˜ao em A ´e induzida por x y = µA(x ⊗ y)

e, ent˜ao, A se torna uma ´algebra. Isso mostra que h´a uma bije¸c˜ao entre os produtos de A e as aplica¸c˜oes lineares µA : A ⊗ A → A.

Sejam A e B ´algebras com aplica¸c˜oes estruturais µAe µBrespectivamente, e seja

S : (A ⊗ B) ⊗ (A ⊗ B) → (A ⊗ A) ⊗ (B ⊗ B) o operador definido por S(x1⊗ y1 ⊗ x2 ⊗ y2) = x1⊗ x2⊗ y1⊗ y2.

Ent˜ao uma aplica¸c˜ao linear µA⊗B : (A ⊗ B) ⊗ (A ⊗ B) → A ⊗ B dada por

µA⊗B = (µA⊗ µB) ◦ S

determina uma estrutura de ´algebra em A ⊗ B.

Defini¸c˜ao 1.7.3. A ´algebra A ⊗ B como constru´ımos acima ´e chamada de produto tensorial canˆonico das ´algebras A e B.

Perceba que o produto em A ⊗ B satisfaz

(x1⊗ y1) (x2⊗ y2) = µA⊗B(x1⊗ y1 ⊗ x2 ⊗ y2)

= µA⊗ µB(S(x1⊗ y1 ⊗ x2 ⊗ y2))

= µA⊗ µB(x1⊗ x2⊗ y1⊗ y2)

= µA(x1⊗ x2) ⊗ µB(y1⊗ y2)

= x1 x2⊗ y1 y2.

Assim, o produto tensorial canˆonico de duas ´algebras associativas ´e associativo e, se os elementos unidade de A e B s˜ao, respectivamente IA e IB, o elemento unidade

de A ⊗ B ´e IA⊗ IB.

Defini¸c˜ao 1.7.4. A ´algebra tensorial mista sobre o par de espa¸cos vetoriais E∗ e E ´e o produto tensorial canˆonico entre as ´algebras N(E∗) e N(E) e ser´a denotada

porN(E∗, E). Ou seja,

O (E∗, E) =O(E∗) ⊗O(E). Tome ip : p O (E) →O(E∗), iq : O q (E) →O(E), ipq : p O q (E) →O(E∗, E) as inclus˜oes canˆonicas e identifique os espa¸cos Np

(E), N

q(E) e

Np

q(E) com suas

respectivas imagens por essas inclus˜oes. Temos ent˜ao a decomposi¸c˜ao O (E∗, E) =M p,q p O (E) ⊗O q (E) ! .

(28)

Se E tem dimens˜ao finita n e (ei), (e

j), com i, j = 1, . . . , n, s˜ao bases de E∗ e E

respectivamente, ent˜ao os produtos ei1...ip

j1...jq = e

i1 ⊗ · · · ⊗ eip ⊗ e

j1 ⊗ · · · ⊗ ejq

formam uma base deNp

q(E), logo, todo tensor w ∈

Np

q(E) pode ser escrito como

w = X i1,...,ip,j1,...,jq λj1...jq i1...ipe i1...ip j1...jq.

Considere agora p ≥ 1, q ≥ 1, (k, l) um par fixo com 1 ≤ k ≤ p, 1 ≤ l ≤ q, e a aplica¸c˜ao (p + q)-linear Φkl : E∗× · · · × E∗ | {z } p × E × · · · × E | {z } q → p−1 O q−1 (E) dada por Φkl(x1, . . . , xp, x1, . . . , xq) = hxi, xjix1⊗ · · · ⊗ bxk⊗ · · · ⊗ xp⊗ x1⊗ · · · ⊗xbl⊗ · · · ⊗ xq, onde bxk, b xl indicam a omiss˜ao de xk, xl.

Defini¸c˜ao 1.7.5. Pela propriedade universal, Φk

l determina uma ´unica aplica¸c˜ao

linear Clk : p O q (E) → p−1 O q−1 (E).

chamada de operador contra¸c˜ao com respeito a (k, l). O tensor Φk

l(w) ´e chamado de

contra¸c˜ao de w com respeito a (k, l).

Note que, em particular, C11(x∗⊗ x) = hx∗, xi.

1.8

Algebra das Fun¸

´

oes Multilineares

Defini¸c˜ao 1.8.1. Seja (E, +, ·, Γ) um espa¸co vetorial, com dim(E) = n < ∞. Para cada p ≥ 1, denotamos por Tp(E) o espa¸co das fun¸c˜oes p-lineares

f : E × · · · × E → Γ. Estendemos a defini¸c˜ao para p = 0 colocando T0(E) = Γ.

Defini¸c˜ao 1.8.2. O produto de uma fun¸c˜ao p-linear f ∈ Tp(E) por uma fun¸c˜ao q-linear g ∈ Tq(E) ´e a fun¸c˜ao p + q-linear dada por

(29)

O conjunto T•(E) = ∞ M p=0 Tp(E)

munido da multiplica¸c˜ao acima definida torna-se uma ´algebra graduada associativa, como segue da proposi¸c˜ao seguinte:

Proposi¸c˜ao 1.8.3. Os espa¸cos Tp(E) e Np

(E) s˜ao isomorfos. Demonstra¸c˜ao: Considere a aplica¸c˜ao p-linear

ϕ : E∗× · · · × E∗ | {z } p → Tp(E) dada por ϕ(f1, . . . , fp) = f1 · · · fp,

onde fi ∈ E∗. Mostremos que ϕ tem a propriedade universal.

Fixe (e1, . . . , en) uma base de E e seja (e1, . . . , en) a base dual. Ent˜ao os produtos

da forma ei1...ip = ei1 · · · eip, onde i

j = 1, . . . , n, formam uma base para Tp(E). De

fato, Se f ∈ Tp(E), como todo vetor x ∈ E pode ser escrito na forma x =P

ie i(x)e i, temos que f (x1, . . . , xp) = f X i ei(x1)ei, . . . , X i ei(xp)ei ! = X i1,...,ip ei1(x 1) . . . eip(xp)f (ei1, . . . , eip),

que nos d´a a equa¸c˜ao

f = X

i1,...,ip

f (ei1, . . . , eip)e

i1 · · · eip

e, portanto, os produtos ei1 · · · eip geram Tp(E). Se

X i1,...,ip λi1...ipe i1 · · · eip = 0, ent˜ao X i1,...,ip λi1...iphe i1, x 1i . . . heip, xpi = 0

para todo xi ∈ E. Fixando (j1, . . . , jp) e colocando xi = eji, a rela¸c˜ao acima implica

λj1...jp = 0. Logo os produtos e

i1 · · · eip formam uma base para Tp(E), e

dim(Tp(E)) = np. Pela generaliza¸c˜ao do Corol´ario 1.3.4 para o produto tensorial de p espa¸cos vetoriais, segue que ϕ tem a propriedade universal.

Considere, ent˜ao, a aplica¸c˜ao linear α :Np

(E) → Tp(E) induzida por ϕ. Temos

(30)

E∗× · · · × E∗ ϕ // ⊗p  Tp(E) Np (E) α 77

Em particular, α(ei1 ⊗ · · · ⊗ eip) = ei1 · · · eip. Como os produtos ei1 · · · eip

formam uma base de Tp(E), segue que α ´e um isomorfismo. Por fim, note que

α(u∗⊗ v∗) = α(u∗) α(v∗),

portanto α ´e um isomorfismo de ´algebras.  Considerando Tp(E) p ≥ 1 o espa¸co das fun¸c˜oes p-lineares f : E∗× · · · × E∗ → Γ,

considerando T0(E) = Γ, e aplicando os resultados acima, obtemos uma

multi-plica¸c˜ao entre os espa¸cos Tp(E), que faz de

T•(E) = ∞

M

p=0

Tp(E)

uma ´algebra associativa. Os espa¸cos Tp(E) e T

p(E) s˜ao duais com rela¸c˜ao ao produto

hf, gi = X

i1,...,ip

f (ei1, . . . , eip)g(e

i1, . . . , eip)

pois este ´e preservado via os isomorfismos Np

(E) → Tp(E) e N

p(E) → Tp(E).

Esses isomorfismos nos fornecem uma maneira um pouco mais concreta de en-carar o produto tensorial. Essencialmente isto se d´a pois as opera¸c˜oes num espa¸co vetorial abstrato E s˜ao adimitidas axiomaticamente, enquanto conseguimos expli-citar as opera¸c˜oes em E∗. Por esse motivo, mais o fato de que as constru¸c˜oes envolvendo E∗ nos ser˜ao mais necess´arias nos pr´oximos cap´ıtulos do que as cons-tru¸c˜oes envolvendo E, a partir daqui, trabalharemos comNp

(E) via o isomorfismo Np

(E) ' Tp(E) e com a identifica¸c˜ao ⊗ ≡ . Ou seja, definindo, para f ∈ Tp(E),

g ∈ Tq(E),

f ⊗ g(x1, . . . , xp+q) = f (x1, . . . , xp)g(xp+1, . . . , xp+q).

1.9

Tensores Alternados

Esta se¸c˜ao introduz os tensores alternados. Estes nos permitem definir as formas diferenciais, que ser˜ao os integrandos no Teorema de Stokes.

Defini¸c˜ao 1.9.1. Seja E um espa¸co vetorial sobre Γ e f ∈ Nk

(E). O tensor f ´e dito alternado se

f (x1, . . . , xk) = 0

(31)

Defini¸c˜ao 1.9.2. Seja E um espa¸co vetorial e f ∈ Nk

(E). O tensor f ´e dito anti-sim´etrico se

f (x1, . . . , xi, . . . , xj, . . . , xk) = −f (x1, . . . , xj, . . . , xi, . . . , xk),

para quaisquer x1, . . . , xk ∈ E.

Proposi¸c˜ao 1.9.3. Um tensor f ∈ Nk

(E) ´e alternado se, e somente se, ´e anti-sim´etrico.

Demonstra¸c˜ao: Escrevamos, por simplicidade,

f (x1, . . . , xi, . . . , xj, . . . , xk) = ϕ(xi, xj).

Ent˜ao, se f ´e alternado,

0 = ϕ(xi+ xj, xi+ xj) = ϕ(xi, xi) + ϕ(xi, xj) + ϕ(xj, xi) + ϕ(xj, xj)

= ϕ(xi, xj) + ϕ(xj, xi)

e, ent˜ao f ´e anti-sim´etrico. Reciprocamente, se f ´e anti-sim´etrico, ϕ(xi, xi) =

−ϕ(xi, xi), que implica 2ϕ(xi, xi) = 0, e f ´e alternado. 

Indicaremos o subespa¸co deNk

(E) dos tensores k-lineares alternados porVk (E). Proposi¸c˜ao 1.9.4. Seja f ∈ Vk

(E). Se x1, . . . , xk ∈ E s˜ao linearmente

dependen-tes, ent˜ao f (x1, . . . , xk) = 0.

Demonstra¸c˜ao: Como x1, . . . , xk ∈ E s˜ao linearmente dependentes, ao menos um

deles, xi, se escreve como combina¸c˜ao linear dos anteriores. Ou seja

xi = X j<i λjxj. Segue que f (x1, . . . , xk) = f x1, . . . , X j<i λjxj, . . . , xk ! = X j<i λjf (x1, . . . , xj, . . . , xj, . . . , xk) = 0, e terminamos. 

Corol´ario 1.9.5. Se dim(E) < k, ent˜aoVk

(E) = {0}.

Defini¸c˜ao 1.9.6. Seja A um conjunto. Uma permuta¸c˜ao de A ´e uma bije¸c˜ao σ : A → A.

(32)

Em vista da defini¸c˜ao acima, cada permuta¸c˜ao σ admite uma inversa σ−1 dada por

σ−1(y) = x ⇔ σ(x) = y, e temos σ−1◦ σ = σ ◦ σ−1 = id.

Como ◦ ´e associativa, segue que o conjunto das permuta¸c˜oes de um conjunto A com a opera¸c˜ao ◦ constitui um grupo, que indicaremos por S(A). Em especial, denotaremos S({1, . . . , k}) por Sk. Adotaremos tamb´em o costume de denotar a

opera¸c˜ao ◦ por justaposi¸c˜ao.

Defini¸c˜ao 1.9.7. Uma permuta¸c˜ao τ ∈ Sk chama-se uma transposi¸c˜ao quando

existem a, b ∈ N, a, b ≤ k, tais que τ (a) = b, τ (b) = a e τ (i) = i para todo i ∈ {1, . . . , k} \ {a, b}.

Claramente, se τ ´e transposi¸c˜ao, τ2 = id.

Lema 1.9.8. Toda permuta¸c˜ao σ ∈ Sk pode ser escrita como um produto τ1. . . τl

de transposi¸c˜oes com a paridade de l ´unica.

Como a paridade de l em σ = τ1. . . τl ´e ´unica, fazemos a seguinte defini¸c˜ao:

Defini¸c˜ao 1.9.9. Seja σ ∈ Sk. Dizemos que σ ´e par se esta se escreve como um

produto de um n´umero par de transposi¸c˜oes. Caso contr´ario, dizemos que σ ´e ´ımpar. Definimos ainda

sig(σ) = 

1 se σ ´e par, −1 se σ ´e ´ımpar. Uma permuta¸c˜ao σ ∈ Sk induz um homomorfismo

σ : k O (E) → k O (E) definido por (σf )(x1, . . . , xk) = f (xσ(1), . . . , xσ(k)). ´

E imediato verificar que σf ´e, de fato, k-linear, e que o operador σ ´e linear. Proposi¸c˜ao 1.9.10. Sejam σ, ρ ∈ Sk e seja f ∈Nk(E). Ent˜ao

σ(ρf ) = (σρ)f.

Demonstra¸c˜ao: Dados x1, . . . , xk ∈ E, escrevamos wi = xσ(i), i = 1, . . . , k. Ent˜ao

wρ(i) = xσρ(i) e temos

σ(ρf )(x1, . . . , xk) = (ρf )(w1, . . . , wk)

= f (wρ(1), . . . , wρ(k))

= f (xσρ(1), . . . , xσρ(k))

= ((σρ)f )(x1, . . . , xk),

(33)

Em particular, para quaisquer σ ∈ Sk, f ∈

Nk

(E), temos σ−1(σf ) = (σ−1σ)f = f . O homomorfismo σ :Nk

(E) →Nk

(E) ´e, portanto, invert´ıvel, sendo seu inverso induzido por σ−1.

Como vimos no Lema 1.9.8, toda permuta¸c˜ao se escreve como um produto de transposi¸c˜oes. Sendo assim, f ∈ Nk

(E) ´e alternado se, e somente se, para toda permuta¸c˜ao σ ∈ Sk vale

f (xσ(1), . . . , xσ(k)) = sig(σ)f (x1, . . . , xk).

Em outras palavras, f ∈Vk

(E) se, e somente se, f ´e k-linear e f = sig(σ)σf para toda σ ∈ Sk.

De fato, se f ´e alternado e τ ∈ Sk ´e uma transposi¸c˜ao, temos τ f = −f , ou seja,

f = sig(τ )τ f . Como toda permuta¸c˜ao ´e um produto de transposi¸c˜oes, temos σf = (τ1. . . τn)f = τ1(. . . (τnf )) = (−1)nf = sig(σ)f.

Reciprocamente, se f = sig(σ)σf para toda σ ∈ Sk, em particular τ f = −f para

toda transposi¸c˜ao τ , e portanto f ´e alternado. Defini¸c˜ao 1.9.11. Definimos a proje¸c˜ao alt :Nk

(E) →Vk (E) por alt(f ) = 1 k! X σ∈Sk sig(σ)σf.

Usaremos no decorrer dessa se¸c˜ao o fato que, fixada ρ ∈ Sk, a aplica¸c˜ao σ → ρσ

´e uma bije¸c˜ao em Sk, ou seja, vale

X σ∈Sk sig(σ)σf = X σ∈Sk sig(σρ)σρf = k! alt(f ). Lema 1.9.12. Seja f ∈Nk (E). Ent˜ao (1) alt(f ) ´e alternado.

(2) f ´e alternado se, e somente se, alt(f ) = f .

(3) se existe uma permuta¸c˜ao ´ımpar ρ ∈ Sk tal que ρf = f , ent˜ao alt(f ) = 0.

Demonstra¸c˜ao: Para qualquer permuta¸c˜ao ρ ∈ Sk temos

ρ(alt(f )) = ρ 1 k! X σ∈Sk sig(σ)σf ! = 1 k! X σ∈Sk sig(σ)ρσf = sig(ρ)1 k! X σ∈Sk sig(ρσ)ρσf = sig(ρ) alt(f )

(34)

e, portanto alt(f ) ´e alternado.

Para demonstrar (2) note que, se f ∈ Vk

(E) ent˜ao sig(σ)f = σf para toda σ ∈ Sk, de modo que alt(f ) = f . Reciprocamente, se alt(f ) = f ent˜ao f ´e alternado,

pela parte (1).

Por fim, se tivermos ρf = f com sig(ρ) = −1, ent˜ao alt(f ) = X σ∈Sk sig(σ)σρf = −X σ∈Sk sig(σρ)σρf = − alt(f ) e, portanto, alt(f ) = 0. 

Proposi¸c˜ao 1.9.13. Seja E um espa¸co vetorial sobre Γ, f1, . . . , fk ∈ E∗ e σ ∈ S k.

Vale

σ−1(f1⊗ · · · ⊗ fk) = fσ(1)⊗ · · · ⊗ fσ(k).

Demonstra¸c˜ao: Dados v1, . . . , vk ∈ E, por defini¸c˜ao temos

σ−1(f1⊗ · · · ⊗ fk)(v

1, . . . , vk) = f1⊗ · · · ⊗ fk(vσ−1(1), . . . , vσ−1(k))

= f1(vσ−1(1)) . . . fk(vσ−1(k)).

Nesse ´ultimo produto, o fator que possui ´ındice superior σ(i) ´e fσ(i)(v

i). Alterando

a ordem dos produtos,

σ−1(f1⊗ · · · ⊗ fk)(v

1, . . . , vk) = fσ(1)(v1) ⊗ · · · ⊗ fσ(k)(vk)

= fσ(1)⊗ · · · ⊗ fσ(k)(v

1, . . . , vk).

Isso termina a demonstra¸c˜ao.  Defini¸c˜ao 1.9.14. Seja k ∈ N. Uma k-upla I = (i1, . . . , ik), onde ij ∈ N, ´e chamada

de ´ındice m´ultiplo de comprimento k. Caso i1 < · · · < ik, I ´e um ´ındice m´ultiplo

crescente de comprimento k. Dada uma permuta¸c˜ao σ ∈ Sk, definimos

Iσ = (iσ(1), . . . , iσ(k)).

Os ´ındices m´ultiplos nos permitem uma maior simplicidade na nota¸c˜ao. Sendo E um espa¸co vetorial de dimens˜ao n sobre Γ, (ei) uma base ordenada de Ee

I = (i1, . . . , ik) um ´ındice m´ultiplo de comprimento k, definimos eI ∈

Vk

(E) por eI = k! alt(ei1 ⊗ · · · ⊗ eik). (1.3)

O coeficiente k! ´e utilizado apenas para anular o coeficiente na defini¸c˜ao de alt : Nk

(E) → Vk

(E). Coeficiente este que, a menos desse caso, simplifica nossa nota¸c˜ao.

Se I e J s˜ao ´ındices m´ultiplos, generalizamos a nota¸c˜ao δji para ´ındices m´ultiplos colocando δIJ =           

sig(σ) se I e J n˜ao tˆem entradas repetidas e J = Iσ, para alguma σ ∈ Sk,

0 se I ou J tˆem entradas repetidas ou se J n˜ao ´e permuta¸c˜ao de I.

(35)

Lema 1.9.15. Seja E um espa¸co vetorial de dimens˜ao n, (ei) uma base de E e (ei)

a base dual a (ei).

(1) Se I tem um ´ındice repetido, ent˜ao eI = 0.

(2) Se J = Iσ para alguma σ ∈ Sk, ent˜ao eI = sig(σ)eJ.

(3) eI(ej1, . . . , ejk) = e

I(e

J) = δJI.

Teorema 1.9.16. Seja E um espa¸co vetorial de dimens˜ao n < ∞ sobre Γ, (ei) uma base de E∗ e

ϕ = alt ◦ ⊗ : E∗ × · · · × E∗ k

^ (E).

Ent˜ao ϕ ´e alternada e os tensores da forma eJ = k!ϕ(ej1, . . . , ejk), onde J =

(j1, . . . , jk) ´e um ´ındice m´ultiplo crescente com ji ∈ {1, . . . , n}, formam uma base

deVk (E). Em particular, dim k ^ (E) ! =n k  = n! k!(n − k)!.

Demonstra¸c˜ao: Tome f1, . . . , fk ∈ Ecom fi = fj para algum i 6= j.

Conside-rando a transposi¸c˜ao τ ∈ Sk tal que τ (i) = j, temos, pela f´ormula 1.3, que

τ (f1⊗ · · · ⊗ fk) = f1⊗ · · · ⊗ fk.

Como sig(τ ) = −1, segue pelo Lema 1.9.12, que ϕ(f1, . . . , fk) = alt(f1⊗ · · · ⊗ fk) =

0. Logo ϕ ´e k-linear alternada.

Para demonstrar a segunda parte, recordemos que os produtos ei1 ⊗ · · · ⊗ eik,

ij = 1, . . . , n, formam uma base de Nk(E). Como a imagem de alt : Nk(E) →

Vk

(E) ´e todo o Vk

(E), segue que os tensores k!ϕ(ei1, . . . , eik) geramVk(E). Al´em

disso, como ϕ ´e alternada, se a sequˆencia i1, . . . , ik possui elementos repetidos,

ϕ(ei1, . . . , eik) = alt(ei1 ⊗ · · · ⊗ eik) = 0.

Como ϕ(v1, . . . , vk) no m´aximo muda de sinal quando alteramos a ordem de suas

vari´aveis, conclu´ımos que os tensores da forma eJ = k!ϕ(ej1, . . . , ejk), onde J =

(j1, . . . , jk) ´e um ´ındice m´ultiplo crescente com ji ∈ {1, . . . , n}, s˜ao suficientes para

gerarVk

(E). Resta mostrar que estes s˜ao linearmente independentes. Ora, temos que

eJ = k! alt(ej1 ⊗ · · · ⊗ ejk) = X

σ∈Sk

sig(σ)ejσ(1) ⊗ · · · ⊗ ejσ(k).

Da´ı vemos que, se denotarmos |I| = {i1, . . . , ik},

eJ = X

|I|=|J|

±ei1 ⊗ · · · ⊗ eik,

onde a soma se estende para todas os ´ındices m´ultiplos (i1, . . . , ik) que diferem de

(j1, . . . , jk) apenas pela ordem dos elementos. Para cada um desses ´ındices temos

(i1, . . . , ik) = (jσ(1), . . . , jσ(k)), e o sinal da parcela ei1 ⊗ · · · ⊗ eik fica determinado

por sig(σ). Segue da igualdade acima e do fato de que {ei1⊗ · · · ⊗ eik} ´e linearmente

independente, que os tensores eJ ao linearmente independentes. 

Corol´ario 1.9.17. Se dim(E) = n, ent˜ao dim (Vn

(36)

1.10

Produto Exterior

Defini¸c˜ao 1.10.1. Seja f ∈ Vk

(E) e g ∈ Vl

(E). Definimos f ∧ g ∈ Vk+l (E), o produto exterior de f e g, por

f ∧ g = (k + l)!

k!l! alt(f ⊗ g).

O coeficiente acima ´e motivado pela simplicidade na f´ormula seguinte.

Lema 1.10.2. Seja E um espa¸co vetorial de dimens˜ao n < ∞ sobre Γ e (ei) uma base de E∗. Para quaisquer ´ındices m´ultiplos I = (i1, . . . , ik) e J = (j1, . . . , jl) com

entradas em {1, . . . , n}, temos

eI∧ eJ = eIJ,

onde IJ = (i1, . . . , ik, j1, . . . , jl).

Demonstra¸c˜ao: Por multilinearidade ´e suficiente mostrar que eI ∧ eJ(e

p1, . . . , epk+l) = e

IJ(e

p1, . . . , epk+l) (1.4)

para qualquer sequˆencia (ep1, . . . , epk+l) de vetores da base de E dual a (e

i).

Caso P = (p1, . . . , pk+l) tenha alguma entrada repetida, ou P tenha alguma

entrada que n˜ao aparece nem em I nem em J , (1.4) nos d´a 0 = 0. Caso P = IJ , e P n˜ao tenha entradas repetidas, temos eI ∧ eJ(e

p1, . . . , epk+l) =

1. Precisamos mostrar que, neste caso, o lado direito de (1.4) tamb´em ´e 1. Por defini¸c˜ao, sendo eI∧ eJ(e

p1, . . . , epk+l) = H, temos H = (k + l)! k!l! alt(e I⊗ eJ)(e p1, . . . , epk+l) = 1 k!l! X σ∈Sk+l sig(σ)eI(epσ(1), . . . , epσ(k))e J(e pσ(k+1), . . . , epσ(k+l)).

Note que as ´unicas parcelas n˜ao nulas da soma acima s˜ao aquelas nas quais σ permuta as primeiras k e as ´ultimas l entradas de P separadamente. Ou seja, σ deve se escrever como σ = µν, onde µ ∈ Sk e ν ∈ Sl, sendo que µ age sobre {1, . . . , k} e ν

age sobre {k + 1, . . . , k + l}. Como sig(µν) = sig(µ) sig(ν), temos H = 1 k!l! X µ∈Sk ν∈Sl sig(µν)eI(epµ(1), . . . , epµ(k))e J (epν(k+1), . . . , epν(k+l)) = 1 k! X µ∈Sk sig(µ)eI(epµ(1), . . . , epµ(k)) ! 1 l! X ν∈Sl sig(ν)eJ(epν(k+1), . . . , epν(k+l)) ! = alt(eI)(ep1, . . . , epk) alt(e

J )(epk+1, . . . , epk+l) = (eI)(ep1, . . . , epk)(e J)(e pk+1, . . . , epk+l) = 1.

Por fim, caso P = σ(IJ ) para alguma σ ∈ Sk+l, e P n˜ao tenha entradas repetidas,

aplicar σ−1 a P nos leva ao caso anterior. Como o efeito de aplicar tal permuta¸c˜ao ´e multiplicar ambos os lados de (1.4) pelo sinal sig(σ), o resultado ainda vale. 

(37)

Proposi¸c˜ao 1.10.3. Sejam f ∈Vk (E), g ∈Vl (E), h ∈Vm (E) e α, β ∈ Γ, ent˜ao (1) (αf + βg) ∧ h = α(f ∧ h) + β(g ∧ h), h ∧ (αf + βg) = α(h ∧ f ) + β(h ∧ g). (2) f ∧ (g ∧ h) = (f ∧ g) ∧ h. (3) f ∧ g = (−1)klg ∧ f . (4) Se (e1, . . . , en) ´e uma base de Ee I = (i

1, . . . , ik) ´e um ´ındice m´ultiplo qualquer,

ent˜ao ei1 ∧ · · · ∧ eik = eI.

Demonstra¸c˜ao: O ´ıtem (1) segue diretamente da defini¸c˜ao, pois ⊗ ´e multilinear e alt ´e linear.

Temos, pelo Lema 1.10.2,

(eI∧ eJ) ∧ eK = eIJ ∧ eK = eIJ K = eI∧ eJ K = eI∧ (eJ∧ eK).

O ´ıtem (2) segue da observa¸c˜ao acima e da bilinearidade (´ıtem (1)). Para mostrar o ´ıtem (3), temos que, tamb´em pelo Lema 1.10.2,

eI∧ eJ = eIJ = sig(σ)eJ I = sig(σ)eJ ∧ eI,

onde σ ´e a permuta¸c˜ao que leva IJ em J I. Note que, σ pode ser escrita como um produto τ1. . . τkl de transposi¸c˜oes (transpondo cada entrada de I atrav´es das

entradas de J ). Pelo Lema 1.9.8, a paridade de kl ´e ´unica. O caso geral segue da bilinearidade.

Por fim, (4) segue por indu¸c˜ao no resultado do Lema 1.10.2.  A propriedade em (3) ´e chamada de anticomutatividade. Em vista do ´ıtem (4), temos que, se (ei) ´e base de um espa¸co vetorial E de dimens˜ao n, os tensores da forma ei1 ∧ · · · ∧ eik, com i

1 < ... < ik, ij ∈ {1, . . . , n} formam uma base de

Vk

(E). Defini¸c˜ao 1.10.4. Seja E um espa¸co vetorial de dimens˜ao n < ∞ sobre Γ. Defini-mos o espa¸co vetorialV(E) por

^ (E) = n M k=0 k ^ (E). Segue do Teorema 1.9.16 que

dim^(E)= n X k=0 n k  = 2n.

Pela Proposi¸c˜ao 1.10.3, (V(E), +, ∧, ·, Γ) ´e uma ´algebra graduada associativa anti-comutativa, que chamamos de ´algebra exterior sobre o espa¸co vetorial E.

A constru¸c˜ao do produto exterior pode ser feita, de forma similar `a constru¸c˜ao do produto tensorial, via propriedade universal. Mostra-se que o espa¸co obtido desta forma ´e isomorfo ao que constru´ımos aqui.

(38)

1.11

Determinantes

Como aplica¸c˜ao do Corol´ario 1.9.17, daremos uma defini¸c˜ao intr´ınseca do deter-minante de um operador linear T : E → E.

Sejam E e F espa¸cos vetoriais de dimens˜ao finita sobre Γ. Uma aplica¸c˜ao linear T : E → F induz, para cada k > 0, uma nova aplica¸c˜ao linear T#:Vk

(F ) →Vk (E) definida por

(T#f )(v1, . . . , vk) = f (T v1, . . . , T vk),

onde f ∈Vk

(F ) e v1, . . . , vk ∈ E s˜ao arbitr´arios. Verifica-se que,

(1) Se T = id : E → E, ent˜ao T#= id :Vk (E) →Vk (E). (2) Se S : E → F e T : F → G s˜ao lineares, (T ◦ S)#= S#◦ T#: k ^ (G) → k ^ (E). Em particular, se S : E → F ´e um isomorfismo, (S−1)#◦ S#= (S ◦ S−1 )# = (id)# = id : k ^ (F ) → k ^ (F ). Analogamente, S#◦ (S−1)#= id :Vk (E) →Vk (E). Portanto, se S : E → F ´e um isomorfismo, S#:Vk (F ) →Vk (E) tamb´em o ´e, e (S#)−1 = (S−1)#.

Considere agora T : E → E, sendo dim(E) = n. Como dim (Vn

(E)) = 1, segue que T#:Vn

(E) →Vn

(E) ´e meramente uma multiplica¸c˜ao por um escalar, ou seja, existe λ tal que T#f = λf para todo f ∈Vn

(E).

Defini¸c˜ao 1.11.1. Seja E um espa¸co vetorial sobre Γ, com dim(E) = n, e T : E → E linear. Definimos det(T ) o determinante de T por

det(T ) = λ, onde λ ´e tal que T#f = λf , T#:Vn

(E) →Vn (E).

Proposi¸c˜ao 1.11.2. Seja E um espa¸co vetorial sobre Γ, com dim(E) = n, e S, T : E → E lineares. O determinante det(T ) satisfaz:

(1) Se T = id : E → E, ent˜ao det(T ) = 1. (2) det(S ◦ T ) = det(S) det(T ).

(3) det(T ) 6= 0 se, e somente se, T ´e invert´ıvel.

Demonstra¸c˜ao: O item (1) segue pois (id)# = id. Para mostrar (2), seja f ∈

Vn

(E). Temos

(S ◦ T )#f = T#◦ (S#f ) = T#(det(S)f ) = det(T ) det(S)f,

logo det(S ◦ T ) = det(S) det(T ). Da´ı segue que, se T ´e invert´ıvel, 1 = det(id) = det(T ◦ T−1) = det(T ) det(T−1),

(39)

que implica det(T ) 6= 0 e que det(T−1) = det(T )−1. Reciprocamente, se det(T ) 6= 0, tomando (e1, . . . , en) uma base ordenada de E e f = eJ ∈

Vn

(E), com J = (1, . . . , n), temos f (e1, . . . , en) = 1. Por defini¸c˜ao,

f (T e1, . . . , T en) = det(T ).

Como det(T ) 6= 0, pela Proposi¸c˜ao 1.9.4, T e1, . . . , T en s˜ao linearmente

independen-tes e, portanto, constituem uma base de E. Assim T leva base de E em base de E

e ´e, ent˜ao, invert´ıvel. 

Defini¸c˜ao 1.11.3. Seja α = (αi

j), i, j = 1, . . . , n, αij ∈ Γ uma matriz quadrada.

Definiremos o determinante de α por

det(α) = det( ˜α), onde ˜ αej = n X i=1 αijei, com j = 1, . . . , n.

Ou seja, det(α) ´e o determinante da transforma¸c˜ao linear ˜α : Γn → Γn cuja

matriz em rela¸c˜ao `a base canˆonica (e1, . . . , en) de Γn ´e α.

Proposi¸c˜ao 1.11.4. Seja Mn×n = Γn× · · · × Γno espa¸co vetorial das matrizes n × n

com entradas em Γ. O determinante ´e o ´unico n-tensor alternado det : Mn×n → Γ

dos vetores coluna de uma matriz que assume o valor 1 na matriz identidade. Demonstra¸c˜ao: Seja f0 ∈Vn(Γn) o ´unico n-tensor alternado tal que

f0(e1, . . . , en) = 1,

sendo (e1, . . . , en) a base canˆonica de Γn. Ent˜ao, dada qualquer matriz α = (αji) ∈

Mn×n, cujos vetores coluna s˜ao α1, . . . , αn, onde cada αj = (αj1, . . . , αnj). Temos

α1 = ˜αe1, . . . , αn = ˜αen, e, ent˜ao

det(α) = det( ˜α) = det( ˜α)f0(e1, . . . , en) = f0( ˜αe1, . . . , ˜αen) = f0(α1, . . . , αn).

Temos ent˜ao que det(α) ´e uma aplica¸c˜ao n-linear alternada das colunas de α, que assume o valor 1 na matriz cujas colunas s˜ao e1, . . . , en, ou seja, na matriz

identidade. A unicidade segue da unicidade de f0. 

Lema 1.11.5. Seja E uma espa¸co vetorial de dimens˜ao finita e T : E → E linear. Para qualquer matriz α que represente T relativamente a uma base qualquer de E, vale det(T ) = det(α)

Corol´ario 1.11.6. Seja dim(E) = n. Dados f ∈ Vn

(E), α = (αi

j) ∈ Mn×n e

(e1, . . . , en) uma base de E. Tem-se

f n X i=1 αi1ei, . . . , n X i=1 αinen ! = det(α)f (e1, . . . , en).

(40)

Demonstra¸c˜ao: De fato, α ´e a matriz, relativa `a base (e1, . . . , en), de T : E → E

tal que T ej =

P

iα i

jei, j = 1, . . . , n. Logo det(α) = det(T ). 

Defini¸c˜ao 1.11.7. Seja E um espa¸co vetorial com dim(E) = n e (e1, . . . , en) uma

base de E. Dados u1, . . . , un∈ E definimos o determinante de u1, . . . , un em rela¸c˜ao

a (e1, . . . , en) como o determinante da matriz α = (αij) das coordenadas de u1, . . . , un

na base (e1, . . . , en) (ou seja, uj =P αijei), denotado por

det

(e1,...,en)

[u1, . . . , un].

Se E = Γn e a base (e1, . . . , en) ´e a base canˆonica, denotamos simplesmente

det[u1, . . . , un], que se torna o determinante da matriz cujos vetores coluna s˜ao

u1, . . . , un∈ Γn.

Pelo Corol´ario 1.11.6 acima, dada (e1, . . . , en) base de E e u1, . . . , un∈ E, sendo

J = (1, . . . , n), temos

det

(e1,...,en)

[u1, . . . , un] = eJ(u1, . . . , un)

(eJ como em 1.3).

Sejam, agora, α1, . . . , αn os vetores coluna de α = (αij) ∈ Mn×n. Temos

α1 = (α11, . . . , α n

1), . . . , αn= (α1n, . . . , α n n).

Seja f0 ∈ Vn(Γn) o ´unico n-tensor alternado tal que f0(e1, . . . , en) = 1, sendo

(e1, . . . , en) a base canˆonica de Γn. Vimos que

det(α) = f0(α1, . . . , αn).

Temos tamb´em que f0 = k! alt(e1, . . . , en). Portanto,

f0 =

X

σ∈Sk

sig(σ)eσ(1)⊗ · · · ⊗ eσ(n).

Segue, ent˜ao, que

det(α) = X

σ∈Sk

sig(σ)ασ(1)1 . . . ασ(n)n

que ´e uma das express˜oes geralmente usadas como defini¸c˜ao do determinante de uma matriz.

(41)

Cap´ıtulo 2

An´

alise em Variedades

Neste cap´ıtulo introduzimos as variedades, que s˜ao uma generaliza¸c˜ao das su-perf´ıcies. Damos uma breve introdu¸c˜ao `as variedades topol´ogicas e depois focamos nas variedades suaves. No decorrer do cap´ıtulo fazemos um breve estudo sobre a diferenciabilidade de fun¸c˜oes entre variedades suaves e apresentamos o ferramental da teoria, como vetores tangentes, parti¸c˜oes da unidade e orienta¸c˜oes. Mais `a frente ´e feita a introdu¸c˜ao das formas diferenciais e, por fim, a teoria de integra¸c˜ao em variedades. O Teorema de Stokes fecha o cap´ıtulo.

2.1

Variedades Topol´

ogicas

Aqui definiremos a no¸c˜ao de variedade topol´ogica, caso geral do objeto que ser´a nosso ambiente nas pr´oximas se¸c˜oes, as variedades diferenci´aveis.

Defini¸c˜ao 2.1.1. Uma variedade parametrizada de dimens˜ao n sem bordo ´e uma tri-pla (M, τ, ϕ) onde (M, τ ) ´e um espa¸co topol´ogico e ϕ : M → eU um homeomorfismo, denominado parametriza¸c˜ao de M , entre M e um aberto eU ⊂ Rn.

Defini¸c˜ao 2.1.2. Seja (M, τ ) um espa¸co topol´ogico. Um atlas de dimens˜ao n sobre M ´e uma fam´ılia A de homeomorfismos (denominados parametriza¸c˜oes) ϕλ : Uλ ∈

τ → eUλ ⊂ Rn, λ ∈ Γ, eUλ abertos, onde

M = [

λ∈Γ

Uλ.

Dizemos que o atlas A ´e compat´ıvel se, ∀ λ, µ ∈ Γ verificando Uλµ = Uλ∩ Uµ6= ∅,

a fun¸c˜ao (denominada mudan¸ca de carta)

ϕλµ = ϕµ◦ ϕ−1λ : ϕλ(Uλµ) → ϕµ(Uλµ)

for um homeomorfismo.

Defini¸c˜ao 2.1.3. Uma variedade topol´ogica de dimens˜ao n sem bordo ´e uma tripla (M, τ, A) onde (M, τ ) ´e um espa¸co topol´ogico de Hausdorff com base enumer´avel e A ´e um atlas compat´ıvel de dimens˜ao n sobre M .

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Quando n˜ao houver ambiguidade, escreveremos apenas “M uma variedade to-pol´ogica de dimens˜ao n” para denotar uma variedade topol´ogica, ao inv´es de (M, τ, A).

Dada uma variedade topol´ogica (M, τ, A) de dimens˜ao n, uma dupla (U, ϕ), onde U ´e um aberto de M e ϕ : U → eU ´e um homeomorfismo de A, ´e chamada de carta de coordenadas (ou simplesmente carta). Chamamos, ainda, ϕ de fun¸c˜ao de coordenadas. Pela defini¸c˜ao de variedade, todo ponto p de uma variedade topol´ogica M de dimens˜ao n est´a contido no dom´ınio de alguma carta (U, ϕ) do atlas A de M . Quando ϕ(p) = 0 dizemos que ϕ ´e centrada em p.

Exemplo 2.1.4. O espa¸co Rn com a topologia induzida pela m´etrica euclideana ´e

uma variedade de dimens˜ao n pois, de fato, ´e um espa¸co topol´ogico de Hausdorff, por ser um espa¸co m´etrico, e o conjunto de todas as bolas abertas de centro e raio racionais constituem uma base enumer´avel.

Exemplo 2.1.5. Seja U ⊂ Rn aberto e F : U → Rk uma fun¸c˜ao cont´ınua.

Consi-deremos o gr´afico de F , o subconjunto de Rn× Rk

graf(F ) = {(x, y) ∈ Rn× Rk | x ∈ U e y = F (x)}

com a topologia induzida. Seja π1 : Rn× Rk → Rn, π(x, y) = x e φF : graf(F ) → U

a restri¸c˜ao de π1 a graf(F ).

Como φF ´e a restri¸c˜ao de uma fun¸c˜ao cont´ınua, φF ´e cont´ınua. Al´em disso φF ´e

um homeomorfismo pois possui inversa cont´ınua φ−1F (x) = (x, F (x)).

Portanto graf(F ) ´e uma variedade topol´ogica de dimens˜ao n. Exemplo 2.1.6. Seja

Sn = {x ∈ Rn+1 | kxk = 1}

a n-esfera munida com a topologia induzida de Rn+1 (portanto Hausdorff e de base enumer´avel). Sejam

Ui+ = {(x1, . . . , xn+1) ∈ Sn | xi > 0},

Ui− = {(x1, . . . , xn+1) ∈ Sn | xi < 0},

onde i = 1, . . . , n + 1. Tome Bn(0, 1) a bola aberta de centro 0 e raio 1 em Rn e f : Bn(0, 1) → R a fun¸c˜ao

f (u) =p1 − kuk2.

Ent˜ao, para cada i, Ui+∩ Sn ´e o gr´afico da fun¸c˜ao xi = f (x1, . . . ,xbi, . . . , xn+1),

onde xbi indica que xi ´e omitido. Analogamente, Ui−∩ Sn ´e o gr´afico da fun¸c˜ao

xi = −f (x1, . . . ,xbi, . . . , xn+1). Logo, sendo φ±i : Ui±∩ Sn→ Bn(0, 1) dada por

φ±i (x1, . . . , xn+1) = (x1, . . . ,xbi, . . . , xn+1), temos que cada (Ui±∩ Sn, φ

i) ´e uma carta de coordenadas de Sn. Como cada ponto

de Sn est´a no dom´ınio de pelo menos uma dessas 2n + 2 cartas, Sn´e uma variedade

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Exemplo 2.1.7. Sejam M1, . . . , Mk variedades topol´ogicas de dimens˜ao

n1, . . . , nkrespectivamente. O produto M1× · · · × Mk ´e um espa¸co de Hausdorff e de

base enumer´avel (lema 3.2.10). Dado qualquer ponto (p1, . . . , pk) ∈ M1× · · · × Mk

podemos escolher uma carta (Ui, ϕi) para cada Mi com pi ∈ Ui. A fun¸c˜ao

ϕ1× · · · × ϕk: U1× · · · × Uk → Rn1+···+nk

´e um homeomorfismo sobre o aberto im(ϕ1× · · · × ϕk) ⊂ Rn1+···+nk. Assim, M1×

· · · × Mk´e uma variedade topol´ogica de dimens˜ao n1+ · · · + nk com cartas da forma

(U1× · · · × Uk, ϕ1× · · · × ϕk).

Exemplo 2.1.8. Para qualquer n ∈ N, n 6= 0, o n-torus ´e o espa¸co produto Tn =

S1× · · · × S1. Pelo exemplo acima, Tn ´e uma variedade topol´ogica de dimens˜ao n.

2.2

Variedades Diferenci´

aveis

Defini¸c˜ao 2.2.1. Seja (M, τ ) um espa¸co topol´ogico. Um atlas diferenci´avel (de classe Ck ou de classe C) de dimens˜ao n sobre M ´e uma fam´ılia A de

homeomor-fismos (denominados parametriza¸c˜oes) ϕλ : Uλ ∈ τ → eUλ ⊂ Rn, λ ∈ Γ, eUλ abertos,

onde

(1) M =S

λ∈ΓUλ.

(2) ∀ λ, µ ∈ Γ verificando Uλµ = Uλ ∩ Uµ 6= ∅ a fun¸c˜ao (denominada mudan¸ca de

carta)

ϕλµ = ϕµ◦ ϕ−1λ : ϕλ(Uλµ) → ϕµ(Uλµ)

´e um difeomorfismo (de classe Ck ou de classe C). Neste caso dizemos que as

cartas (Uλ, ϕλ) e (Uµ, ϕµ) s˜ao compat´ıveis.

Um atlas diferenci´avel A em uma variedade M ´e maximal quando toda carta (U, ϕ) compat´ıvel com todas as cartas pertencentes a A tamb´em pertence a A.

Quando um atlas diferenci´avel A sobre M ´e de classe C∞, chamamos A de atlas suave.

Defini¸c˜ao 2.2.2. Uma variedade diferenci´avel (de classe Ck ou de classe C∞) de dimens˜ao n sem bordo ´e uma tripla (M, τ, A), onde (M, τ ) ´e um espa¸co topol´ogico de Hausdorff com base enumer´avel e A ´e um atlas diferenci´avel (de classe Ck ou de

classe C∞) maximal de dimens˜ao n sobre M .

Chamaremos uma variedade sem bordo M munida com um atlas suave A, de variedade suave. Um atlas suave maximal em uma variedade topol´ogica M de dimens˜ao n ´e tamb´em chamado de estrutura suave em M .

Proposi¸c˜ao 2.2.3. Seja (M, τ ) uma variedade topol´ogica. Ent˜ao todo atlas suave sobre M est´a contido em um ´unico atlas suave maximal.

Referências

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