Infraestrutura e Fluxos comerciais no
Brasil
Lucas Ferraz (EESP-FGV)
Equipe:
Leopoldo Gutierre (FEA-USP) Rodolfo Cabral (EESP-FGV) Carolina Lemos (EESP-FGV) Pedro Monastério (EESP-FGV)
Guilherme Duarte (EESP-FGV)
May/2014
May/2014
1. Motivação
2. A qualidade da infra-estrutura logística no Brasil
3. Sobre os custos de transação no comércio internacional;
4. Sobre a eficiência aduaneira: Custos diretos e indiretos;
5. Análise de Impacto
Sumário
Abril/2014
1. Motivação
São Paulo School of Economics – EESP/FGV May/2014 Centre for Global Trade and Investment – EESP/FGV
1. Na década de noventa, a abertura comercial no Brasil foi ainda mais
radical que a verificada na China ou India: -67% de corte tarifário para
o Brazil, -60% para a China and -59% para a India…
Abril/2014
São Paulo School of Economics – EESP/FGV May/2014 Centre for Global Trade and Investment – EESP/FGV
2. A despeito da forte abertura comercial ocorrida, a penetração
das importações no Brasil foi muito aquém dos resultados
alcançados em China e India…
Abril/2014
São Paulo School of Economics – EESP/FGV May/2014 Centre for Global Trade and Investment – EESP/FGV
2. Evolução do comércio ao longo da
última década corrobora fraco
desempenho do Brasil…
May/2014
1. Indústria brasileira mais fechada que China, India, Mexico,
USA and Germany…
May/2014
Source: WIOD
2. O mesmo para a penetração de bens intermediários,
corroborando fraca integração às cadeias globais de valor…
May/2014
Source: WIOD
3. Alto porcentual de utilização de insumos domésticos em
comparação com outros países desenvolvidos e emergentes…
May/2014
Source: WIOD
Low participation of imported intermediate inputs in domestic production suggests low levels of integration in global/regional value chains…
4. Evolução do total exportado pela indústria brasileira também
não inspira otimismo…
May/2014
Source: WIOD
5. O mesmo vale para as exportações de produtos intermediários,
sugerindo pouca participação nas cadeias globais de valor…
May/2014
Source: WIOD
2. A qualidade da infraestrutura
logística no Brasil
May/2014
Qual distante realmente estamos das melhores práticas
internacionais?
1.
Ranking the logística feito pelo Banco Mundial (2014), coloca o Brasil na 65
oposição, em uma amostra de 160 países;
2.
Brasil caiu 20 posições em relação ao ranking de 2012, ficando atrás da
Argentina e dos demais BRICS;
3.
O pior desempenho do país foi sobre a eficiência do gerenciamento
alfandegário, ficando em 94
o, perdendo para El Salvador, Paraguai e Equador…
4.
Literatura empírica aponta que uma cadeia de fornecimento pouco eficiente é
forte barreira para a integração às cadeias globais de valor (Baldwin, 2013;
Hummels, 2013, Timer, 2013);
May/2014
Centre for Global Trade and Investment (CGTI-FGV) May/2014
Necessidade de indicadores não baseados em
pesquisas de opinião....
• Analisa o desempenho comparado da infraestrutura de transportes nas cinquenta
maiores regiões metropolitanas do Brasil, segundo definição do IBGE,
compreendendo cerca de 50% da população e do PIB nacionais.
• 18 indicadores subdivididos nas categorias de oferta, qualidade dos serviços,
utilização e frete (segue metodologia desenvolvida pela US Chamber of Commmerce)
• Os indicadores foram selecionados segundo critérios de relevância e abrangem os
principais modais de transporte atualmente utilizados no Brasil: Rodovias, Ferrovias
e Hidrovias.
• Exclusão do modal Dutoviário, mas inclusão de indicadores relacionados à atividade
portuária, que é hoje reconhecida como um dos principais “gargalos” de
infraestrutura no Brasil, particularmente no que tange ao desempenho do comércio internacional.
Indicadores e fontes (mais de 10.000 informações no período 90-2010)
Indicadores e Benchmarks internacionais
• Para cada um dos dezoito indicadores, em cada ano, foi calculado um valor de benchmark, o qual correspondeu à média das melhores práticas internacionais,
relativas ao indicador em questão. O valor resultante do benchmark internacional foi
considerado como 100%.
Alguns Indicadores de Oferta para 2010...
Centre for Global Trade and Investment (CGTI-FGV) May/2014
Km de Rodovias/10.000 hab. 2010
International Benchmark 4,78 Km/10.000 hab
BRAZIL 2,53Km/10.000 hab
Km de Ferrovias/10.000 hab. 2010
International Benchmark 3,67 Km/10.000 hab
BRAZIL 0,61 Km/10.000 hab
Km de Hidrovias/10.000 hab. 2010
International Benchmark 1,91 Km/10.000 hab
São Paulo School of Economics – EESP/FGV
Road Freight (US$/1000.ton.Km)
2010
International Benchmark
US$ 14.00
BRAZIL
US$ 51.75
Railroad Freight (US$/1000.TKU)
2010
International Benchmark
US$ 4,76
BRAZIL
US$ 74,67
% Paved Roads
2010
International Benchmark
100%
BRAZIL
19%
Alguns indicadores de Qualidade e Custo…
Centre for Global Trade and Investment (CGTI-FGV) May/2014
São Paulo School of Economics – EESP/FGV
Cust to export a 20 feet container (US$) 2010
International Benchmark US$ 621
BRAZIL US$1,790
Customs clearance time in airports 2010
International Benchmark 5,4 hours
BRAZIL 2,6 days
Containerization
2010
International Benchmark
100%
Brazil
70%
Centre for Global Trade and Investment (CGTI-FGV) May/2014
São Paulo School of Economics – EESP/FGV
Para
2010,
a
defasagem
da
infraestrutura logística brasileira é,
em média, de cerca de 70% em
relação
às
melhores
práticas
internacionais…
São Paulo School of Economics – EESP/FGV
SOBRE OS CUSTOS DE TRANSAÇÃO
DO COMÉRCIO INTERNACIONAL…
May/2014
1. Desde a criação do GATT (1947) as tarifas de importação mundial caíram
fortemente, principalmente nos países mais desenvolvidos (Kee et al, 2009).
May/2014 Centre for Global Trade and Investment – EESP/FGV
2. Contudo, a evidência empírica aponta que são os países ricos, hoje, os que mais
impõem barreiras NÃO tarifárias ao comércio, como quotas, subsídios, TBTs e SPSs...
3. Não surpreende, pois, que a negociação da Transatlantic Trade and
Investment Partnership (TTIP), seja concentrada na eliminação de
barreiras não-tarifárias entre os EUA e Europa...
May/2014 Centre for Global Trade and Investment – EESP/FGV
4. Simulações como modelos EGC sugerem que, quando Barreiras não
tarifárias são consideradas, os impactos sobre o Mercosul podem ser
significativos..
May/2014 Centre for Global Trade and Investment – EESP/FGV
Source: GTAP 8 GDP GROWTH (%) -0,12% -1,05% -2,22% -0,11% -0,93% -2,00% -003% -002% -002% -001% -001% 000%
TTIP TTIP + NTB(50%) TTIP + NTB(100%)
5. CGE simulations suggest that, when NTBs are taken into
consideration, the TTIP can be harmful for total Exports in Brazil and
Argentina…
May/2014 Centre for Global Trade and Investment – EESP/FGV
Source: GTAP 8 EXPORTS (%) -0,17% -1,61% -3,35% -0,12% -0,97% -2,06% -004% -003% -003% -002% -002% -001% -001% 000%
TTIP TTIP + NTB(50%) TTIP + NTB(100%)
São Paulo School of Economics – EESP/FGV
SOBRE A EFICIÊNCIA PORTUÁRIA…
São Paulo School of Economics – EESP/FGV
Centre for Global Trade and Investment (CGTI-FGV) May/2014
1. Países mais ricos têm aduanas com menores custos diretos
(menores taxas portuárias, procedimentos mais simplificados e
automatizados, além de menos corrupção)...
Índice de qualidade da Aduana, em função do PIB per capta (102 países)
São Paulo School of Economics – EESP/FGV
Centre for Global Trade and Investment (CGTI-FGV) May/2014
Segundo OECD, baseado em uma compilação de estudos
sobre o tema, os Custos Diretos em aduanas variam entre
2% a 15%, em termos de equivalente tarifário...
São Paulo School of Economics – EESP/FGV
Centre for Global Trade and Investment (CGTI-FGV) May/2014
2. Quanto mais rico o país, menor o tempo de desembaraço da
mercadoria em dias (Custo Indireto)...
Tempo médio de desembaraço (dias), em função do PIB per capta (102 países)
São Paulo School of Economics – EESP/FGV
Centre for Global Trade and Investment (CGTI-FGV) May/2014
Segundo OECD, baseado em uma compilação de estudos
sobre o tema, os Custos Indiretos (atrasos) em aduanas
variam entre 1,0% a 30%, em termos de equivalente
tarifário...
Fonte: OECD (2014)
Maior parte destes custos está relacionada à depreciação econômica dos produtos e oportunidades de negócios perdidas em função de atrasos...
São Paulo School of Economics – EESP/FGV
Centre for Global Trade and Investment (CGTI-FGV) May/2014
O Custo do Atraso Portuário…
• Mais de 90% do comércio internacional Brasileiro é feito via Portos…
• Entre 1965 e 2004, o comércio global por via aérea cresceu 2,6 mais
rápido que por via marítima, corroborando a importância de entregas
“just in time” para as cadeias de suprimentos internacionais…
• Segundo Hummels (2013), cada dia em trânsito custa entre 0,6% e 2,1%
do valor da carga comercializada. Além disso, a sensibilidade do comércio
de partes e componentes ao tempo é cerca de 60% maior, quando
comparada ao comércio de bens finais…
Tempo médio total gasto com procedimentos de
importação e exportação em portos brasileiros
May/2014
Nota: Clearence time and time spent to dock and unload Source: World Bank
Como estimar o custo de um dia de atraso para o
comércio internacional? (Hummels, 2013, AER)
• CES
• Soma entre localidades (j) e entre firmas (z) • σ é a elasticidade de substituição entre os bens
• 𝜆𝑗𝑧 é um componente preço-equivalente que depende: da firma z, da qualidade específica da localidade j (𝑣𝑗𝑧), e do termo que captura a desutilidade do consumidor de uma entrega demorada
SÍNTESE DA ANÁLISE DE IMPACTO…
May/2014
May/2014 Centre for Global Trade and Investment – EESP/FGV
• Data base: GTAP – 8 (Last one available);
• Model accomodates the 134 economies and 57 sectors; • Market Structure: Perfect Competition;
• GTAP Import Tariffs were compared to the values reported on WITS (World Integrated Trade System) ;
• Closure: Free mobility of factors of production except natural resources; Investment is fixed;
• Equivalente tarifário de um dia de atraso em Hummels (2013) e tempo médio de desembaraço (Banco Mundial);
Atrasos portuários no Brasil prejudicam as exportações
domésticas, principalmente em manufaturas…
May/2014
São Paulo School of Economics – EESP/FGV Source: Hummels, 2013; GTAP 8
Note: 6,58% is a higher trade barrier then the ones Brazilian manufactured exports face in European and American markets (around 2,5%)…
Atrasos portuários no Brasil também atuam como
barreiras protecionistas adicionais…
May/2014
São Paulo School of Economics – EESP/FGV Source: Hummels, 2013; GTAP 8
Note: Port inefficiency works as a significant trade barrier to imports, specially for manufactured products and agribusiness;
May/2014
Exercício de Simulação: Redução de 50% no tempo
médio de desembaraço no Brasil…
São Paulo School of Economics – EESP/FGV
50% reduction in total customs clearance time
Real GDP
0,21%
Terms of trade
0,53%
Export volume
2,27%
Import volume
2,79%
Real salary
0,27%
Returns on capital
0,29%
Returns on land
-1,46%
Significant effects over trade flows and GDP (over 5 billions in exports and imports, 2013) More beneficial to capital intensive sectors
May/2014
Resultados Setoriais...
São Paulo School of Economics – EESP/FGV Trade facilitation is more beneficial to manufacturing activity.
Obrigado!
Lucas.ferraz@fgv.br
May/2014
São Paulo School of Economics – EESP/FGV