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Investigação das destinações dos resíduos sólidos urbanos do município de Tubarão–sc

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ELOÍSA ANACLETO DOS SANTOS

INVESTIGAÇÃO DAS DESTINAÇÕES DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE TUBARÃO–SC

Tubarão 2018

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ELOÍSA ANACLETO DOS SANTOS

INVESTIGAÇÃO DAS DESTINAÇÕES DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE TUBARÃO–SC

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Engenheira Civil.

Orientador: Prof. Rennan Medeiros

Tubarão 2018

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AGRADECIMENTOS

À minha mãe, Marislei Anacleto dos Santos, amiga e parceira, por todo o apoio e incentivo nos momentos difíceis, sempre abdicando de algo para completar esse meu sonho. Obrigada.

À minha irmã, Elaine Anacleto dos Santos, que sempre esteve presente, preocupada e disposta a ajudar para conclusão deste curso. Obrigada.

Ao meu namorado e amigo, André Luiz Correa Goulart, por sua imensurável paciência, pelos conselhos durante o desenvolvimento deste trabalho e sua companhia no longo caminho desta graduação. Muito obrigada meu amor.

Às minhas colegas e amigas de graduação, em especial à Mônica minha grande parceira, Gislaine e Maria Neuza por todos os momentos compartilhados e pelo apoio e conselhos durante toda a jornada acadêmica.

Ao Professor Jonathan Alexsander Bork, pelas corroborações no desenvolvimento deste trabalho, principalmente na apresentação dos resultados.

Ao meu orientador e grande amigo Professor Rennan Medeiros, pelo incentivo e confiança de que eu seria a pessoa certa para realização desse trabalho, pelos conselhos e pelas valiosas orientações, meu muito obrigada.

Ao Professor Marcos Marcelino Mazzucco, por aceitar participar da banca deste trabalho.

Aos colegas que conheci e que me apoiaram durante o período da graduação, e que aqui não citarei os nomes, pois são muitos.

A todos que, embora não os tenha citado, de alguma forma contribuíram para a conclusão deste trabalho. Obrigada!

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RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi investigar as potenciais destinações dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) gerados na cidade de Tubarão - SC. Para o desenvolvimento deste trabalho foi realizada uma revisão quanto à situação legal da gestão dos RSU no Brasil. Foram destacadas, ainda, as formas de destinação ambientalmente adequadas dos RSU, que obtiveram sucesso no Brasil e no mundo. Em seguida, levantada a situação atual da gestão dos RSU em Tubarão. Para isso, foram realizadas visitas à prefeitura municipal de Tubarão, à empresa responsável pelo transporte dos RSU da cidade, e à empresa responsável pela triagem dos RSU que, posteriormente, são depositados no aterro sanitário gerenciado pela Serrana Engenharia. Somente na cidade de Tubarão são gerados, anualmente, 25,137 milhões de toneladas de RSU, sendo apenas 2,7% recolhidos por coleta seletiva. Esta passa em apenas 83% dos bairros; porém, com uma intensidade menor que a coleta comum. Alguns locais do Brasil estão aderindo aos modelos inovadores para gestão dos resíduos gerados; o hospital Sírio-libanês é um exemplo, com a instalação do sistema de lixo a vácuo. O referido hospital recebeu o prêmio

Green Building Gold, que é concedido às edificações sustentáveis. Entretanto, ainda há muito

a ser feito, pois, em um futuro próximo não haverá mais a abundância de matéria prima que há nos dias atuais. Com isso, será necessária uma nova abordagem quanto à visão que se tem com RSU. Entre eles, há materiais que podem ser reciclados várias vezes, e hoje em dia são depositados em aterros sanitários. Os diferentes tipos de plásticos podem ser utilizados de diversas formas. Na construção civil, por exemplo, já existem técnicas de válidas para produção de telhas de PET reciclado, formas modulares para concreto de polipropileno reciclado, além uma casa construída com diversos plásticos. A ideia inovadora da casa ganhou o prêmio The

Venture, destinado às empresas startups de cunho social. Desta forma, pode-se inferir que esta

pesquisa alcançou os objetivos propostos, pois foi identificada a situação da gestão dos resíduos sólidos urbanos no Brasil. A Lei nº 6.938/81 destaca a necessidade de buscar formas de os materiais, utilizados pela população, apresentarem um ciclo de vida mais amplo, abrangendo, em suas etapas, a reciclagem e a reutilização. Porém, pouco incentivo é oferecido pela gestão pública do país para isso. Com isso, pode-se concluir que há necessidade de programas de conscientização da população, uma vez que os resíduos por ela gerados, na verdade, são materiais com potencial expressivo de serem outros produtos. Entretanto, a mudança em uma cultura é um trabalho árduo, e pode levar até três gerações.

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ABSTRACT

The aim of this research was to investigate potential destination for Urban Solid Residues (USR) generated in Tubarão town - SC. To develop this work, a review was performed on the management legal situation of USR in Brazil. Environmentally appropriated destination ways for USR were still highlighted, those successfully in Brazil and around the world. Next, the current situation of the USR management was surveyed. Thereunto, visits were carried out to the Town Hall, to the enterprise responsible by the transportation of USR in town, and to the enterprise responsible by the USR screening in town that posteriorly are deposited in a landfill managed by Serrana Engenharia. Only in Tubarão, 25.137 millions of tons of USR are generated yearly, and just 2.7% are collected by selective collect. The selective collection attends only 83% of neighborhoods; however, in a very low intensity when compared to the common garbage collection. Some places in Brazil are adhering to innovative models for residue management, like the example of Hospital Sírio-libanês that installed a vacuum garbage system. The hospital mentioned received the prize Green Building Gold, granted to sustainable buildings. However, there is much to be done, because in a near future the abundance of raw material will not be the same currently. Then, a new approach to the USR will be necessary. Among them, there are materials which can be recycled several times, and nowadays they are deposited in landfills. Different type of plastic may be used in diverse ways. In building, for example, there are techniques validated to produce PET roof tiles, module formworks for concrete in recycled polypropylene, further a house built with different types of plastic. The innovative idea of the house won the prize The Venture, addressed to social aspect startups. So, it is possible infer this research reached the aims proposed, because the USR management situation in Brazil was identified. The law number 6.938/81highlights the need to search ways for materials used by the population present a longer lifecycle, covering the reuse and recycling in their stages. Nevertheless, little encouragement is offered by the public management in the country. So, it is also possible conclude there is need for population awareness programs, once the residues generated by it are, in fact, materials with great potential to be transformed in new products. However, changing a culture is a hard work, which can take until three generations to be done.

Keywords: USR management. Potential applying for USR. USR in building.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Dados dos RSU do Brasil ... 14

Figura 2 – Escada de resíduos sólidos urbanos ... 24

Figura 3 – Sistema Pneumático. a) Coletores dos RSU. b) Sistema de transporte dos RSU ... 25

Figura 4 – Cores para cada resíduo ... 28

Figura 5 – Aterro Sanitário ... 30

Figura 6 – Aterro controlado ... 31

Figura 7 – a) Ciclo do processo de Sustentabilidade por gaseificação. b) Processo da utilização dos combustíveis fósseis ... 33

Figura 8 – Simbologia de identificação ... 36

Figura 9 – Coleta seletiva no bairro de Tubarão ... 43

Figura 10 – Coleta de RSU em Tubarão no ano de 2017 ... 44

Figura 11 – Distribuição esquemática do centro de triagem ... 45

Figura 12 – Disposição dos RSU nas instalações da Lobera) Baía de recebimento dos resíduos sólidos. b) Resíduos de coleta seletiva ... 45

Figura 13 – a) Resíduos separados. b) Baias que se encontram os materiais para revenda ... 46

Figura 14 – Caminhão que encaminha os resíduos sólidos para o aterro ... 47

Figura 15 – a) Frente de serviço do aterro. b) Tratamento do Chorume ... 48

Figura 16 – Grânulos de PEAD ... 49

Figura 17 – a) Tipos de telhados. b) Abraçadeiras de Nylon ... 51

Figura 18 – (a) EPS. (b) Triturador de EPS ... 52

Figura 19 – (a) Formas metálicas. (b) Garrafas inteiras, centralizadas e tampadas (c) Encaixes laterais (macho e fêmea). (d) Bloco canaleta ... 52

Figura 20 – Blocos de ISOPET com as duas dimensões disponíveis aplicados na concepção de uma edificação ... 53

Figura 21 – casa de plástico conceptos ... 53

Figura 22 – (a) Plásticos Moídos. (b) Bloco plástico Conceptos ... 54

Figura 23 – (a) Seção de uma composta por: 1 – placa de forma do SF; 2 – conector simples acoplado à placa; 3 – armadura de estribo da viga; 4 – armadura longitudinal da viga; 5 cobrimentos da armadura. (b) Sequência de montagem de placas de forma para a geração de uma parede de concreto armado ... 55

Figura 24 – (a) Formas montadas para concretagem. (b) Casa concreto com sistema SF ... 56

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Figura 26 – Aplicação dos tubos de papelão com enchimento de laje nervurada ... 57

Figura 27 – Organograma da reciclagem do aço ... 58

Figura 28 – Reciclagem e fabricação de um novo produto ... 59

Figura 29 – Utilização da areia de vidro para produção de argamassa ... 60

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LISTA DE QUADROS

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LISTA DE ABRIVEATURAS E SIGLAS

ABEAÇO – Associação Brasileira de Embalagem de Aço ABAL – Associação Brasileira do Alumínio

ABNT– Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRELPE – Associação Brasileira de Empresas e Limpezas Públicas ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental

AGESAN – Agência Reguladora de Serviços de Saneamento Básico do Estado De Santa Catarina

BA – Bahia

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

DF – Distrito Federal

FATMA – Fundação do Meio Ambiente

FEAM – Fundação Estadual do Meio Ambiente

IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MG – Minas Gerais

PE – Pernambuco

PMGIRS – Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos

RSU – Resíduos Sólidos Urbanos SC – Santa Catarina

SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente

SNVS – Sistema Nacional de Vigilância Sanitária SP – São Paulo

SUASA – Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária ZWIA – Zero Waste International Alliance

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 13

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA ... 13

1.2 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA ... 15

1.3 HIPÓTESES ... 17

1.4 OBJETIVOS ... 17

1.4.1 Objetivo geral ... 17

1.4.2 Objetivos específicos ... 17

2 GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ... 18

2.1 LEGISLAÇÃO REGULAMENTADORA DA GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL ... 18

2.1.1 Perspectivas evolutivas da legislação da gestão dos resíduos no Brasil ... 19

2.2 PRINCIPAIS MÉTODOS DE GESTÃO DO RSU ... 20

2.2.1 Lixo zero ... 21

2.2.1.1 Gerenciamento em Londrina (Brasil) ... 22

2.2.1.2 Gerenciamento em Estocolmo (Suécia) ... 23

2.2.2 Lixo a vácuo ... 25

2.2.2.1 Gerenciamento em São Paulo (Brasil) ... 26

2.2.2.2 Gerenciamento em Barcelona (Espanha) ... 27

2.3 DISPOSIÇÃO FINAL E MEIOS ALTERNATIVOS PARA DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ... 27

2.3.1 Coleta seletiva ... 28 2.3.2 Aterro sanitário ... 29 2.3.3 Aterro controlado ... 30 2.3.4 Lixões ... 31 2.3.5 Incineração ... 32 2.3.6 Gaseificação ... 32 2.3.7 Reciclagem e compostagem ... 34

2.4 DESTINAÇÕES COM POTENCIAIS ECONÔMICOS ... 35

2.4.1 Plásticos ... 35

2.4.2 Metais ... 37

2.4.3 Vidros ... 37

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3 METODOLOGIA DA PESQUISA ... 40

3.1 LOCAL DE ESTUDO ... 40

3.2 DELINEAMENTO DO ESTUDO ... 41

4 ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 42

4.1 COLETA DO RSU NA CIDADE DE TUBARÃO ... 42

4.2 DESTINAÇÃO PRATICADA ... 44

4.3 ATERRO SANITÁRIO SERRANA ENGENHARIA ... 47

4.4 POTENCIAIS DE UTILIZAÇÃO DOS RSU ... 48

4.4.1 Utilização do PEAD em concreto e em argamassa ... 48

4.4.2 Utilização do PET na construção civil ... 50

4.4.2.1 Utilização do PET como blocos de vedação ... 51

4.4.3 Utilização do PP, PEAD, PET e alumínio para construção de casas... 53

4.4.3.1 Utilização do plástico PP para formas ... 55

4.4.4 Aplicação de papelão na construção civil ... 56

4.4.5 Utilização do aço na construção civil ... 57

4.4.5.1 Utilizações do alumínio na construção civil ... 59

4.4.6 Aplicação de vidros na argamassa ... 60

4.4.6.1 Aplicação do VIDRO na produção de peças de pavimentação ... 61

4.4.7 Síntese dos Resultados ... 61

5 CONCLUSÃO ... 63

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1 INTRODUÇÃO

Os grandes centros urbanos de países em desenvolvimento necessitam de atenção emergencial à gestão dos seus resíduos sólidos. Inúmeros métodos são aplicados em diversos países desenvolvidos no mundo como o lixo a vácuo e o lixo zero, comprovando, desta forma, sua eficácia.

A deposição em aterros sanitários tem sido o tratamento dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) mais abrangente no Brasil. Entretanto, ainda existe uma quantidade expressiva de aterros controlados e lixões espalhados pelo país. Os países desenvolvidos apresentaram avanços relacionados às evoluções tecnológicas voltadas as demandas energéticas, materiais mais sustentáveis, que agridam em menor escala o meio ambiente. Para isso, desenvolveram legislações claras e objetivas que foram implantadas progressivamente, por meio de sensibilização social e educação das novas gerações de suas sociedades. Desta forma, os Estados Unidos, a Europa, e o Japão desenvolveram e aperfeiçoaram tecnologias, mais nobres do que destinar para aterros e lixões, para tratamento dos seus RSU, sendo considerados os pioneiros no desenvolvimento de métodos para tratamento dos RSU (BNDES, 2013).

Outros países que se destacaram com métodos inovadores para tratamento dos RSU são: Portugal, França, Canadá, Estado Unidos e Espanha que utilizam o método à vácuo em suas principais cidades. Outro método muito difundido é o lixo zero, utilizado com êxito na Suécia, Alemanha, Japão e na Itália. Entretanto, cada região necessita de um método que melhor se adeque a suas características topográficos e geológicos, que impactam diretamente no seu funcionamento.

Desta forma existe a necessidade de estudar a essência dos métodos consagrados, em funcionamento no mundo, para desenvolvimento de um método novo ou aplicação de um método já existente nos centros urbanos de países em desenvolvimento.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA

Um dos grandes problemas socioambientais, enfrentados pelos países em desenvolvimento, diz respeito ao direcionamento correto do lixo e dos resíduos sólidos. O baixo índice de sustentabilidade ambiental aflige a humanidade, por contribuir direta ou indiretamente no aquecimento global e na mudança climática do globo. No Brasil, a destinação dos RSU, principalmente nos pequenos municípios, é um grande desafio, uma vez que há falta de recursos humanos qualificados, indisponibilidade de tecnologias e recursos financeiros escassos.

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O Brasil produz cerca de 63 milhões de toneladas de RSU anual, sendo que somente 84% recebe destinação e/ou disposição final ambientalmente, para os moldes brasileiros, adequada1 (SNIS, 2015). Desse total, presume-se que 60,9% são dispostos em aterros sanitários, 11,5% em aterros controlados, 10,1% em lixões e 2,3% encaminhados para unidades de triagem e de compostagem. O restante da parcela, de 15,4%, o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) não disponibiliza informações quanto a sua disposição e/ou destinação, estima-se que se trate dos pequenos munícipios de até 30 mil habitantes. Julga-se que ¾ dessa fração sem informação, seja encaminhada para os lixões. Pode-se dizer que apenas 66,8% da fração de RSU total coletada no país, é disposta de forma adequada, sendo o restante distribuído em lixões em aterros controlados. A figura 1 mostra os dados do Brasil.

Figura 1 – Dados dos RSU do Brasil

Fonte: autora, 2018.

O descarte dos resíduos sólidos em locais inapropriados, como lixões, gera problemas de saúde à população, o que implica na proliferação de doenças e pragas. Pode-se citar o aparecimento de doenças de fatores biológicos, causados por bactérias, vírus ou parasitas, normalmente provindos da contaminação de recursos hídricos e dos solos.

No Brasil a legislação que rege a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é a Lei nº 12.305, de 2010, regulamentada por meio do decreto 7.404, de 2010 (BRASIL, 2010). Esta lei estabelece que todo o lixo gerado, necessita de sua destinação final adequada. Ou seja, o despejo em aterros sanitários que inclui, a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético. Além de outras destinações admitidas pelos órgãos

1 O termo adequado aqui empregado refere-se ao estabelecido pela Lei 12.305/2010 brasileiras. Entretanto, para

os padrões internacionais, certas disposições finais em funcionamento no Brasil, não são consideradas como adequadas.

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competentes do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) e do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA). Estes sistemas operacionais específicos são empregados de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e que possam minimizar os impactos ambientais.

É necessário ressaltar a importância do processo de tratamento do RSU, desde sua etapa de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final. Com isso é imprescindível a elaboração de um Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS), ou um plano de gerenciamento dos resíduos, exigidos pela referida lei nacional.

Nesse contexto percebe-se a necessidade de identificar as principais dificuldades referentes ao gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos na cidade de Tubarão, Santa Catarina, analisar seu PMGIRS frente ao estabelecido pelo PNRS, assim como sua sustentabilidade ambiental e sua destinação final.

1.2 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA

Os problemas ambientais estão cada vez mais evidentes, por conta das mudanças climáticas causadas por diversos fatores que vem ocorrendo no planeta. Um deles é o efeito estufa, gerado pelos gases que são liberados na atmosfera, como os provenientes da queima de combustíveis e com o desmatamento. Pode-se observar certa mudança na composição dos resíduos e sua periculosidade, além do seu expressivo crescimento na quantidade gerada, que é superior ao crescimento populacional.

Os resíduos sólidos e os lixos são geradores de doenças, vinculadas às bactérias, fungos e animais presentes. A falta de saneamento adequado para os RSU acaba se tornando um risco a saúde humana, com aparecimento de febres, doenças intestinais, leptospirose entre outras.

O principal problema que atinge a sociedade brasileira é a dificuldade encontrada para administrar os recursos financeiros de forma adequada às demandas de região do país, e submeter os munícipios a cumprirem seu papel perante as suas obrigações estabelecidas nas leis nacionais, em relação à destinação, disposição final e transbordo – tratamento. Existe a necessidade de uma atenção à existência de lixões no Brasil, uma vez que estes causam graves impactos ambientais à sociedade. Além de não serem considerados como disposição final adequada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). De acordo com a Lei 12.305/2010, no seu art. 54 a disposição final ambientalmente adequada dos resíduos, deverá ser implantada em

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até 4 (quatro) anos após a data de publicação desta Lei. Ou seja, os lixões deveriam ter sido

extintos no ano de 2014.

Entretanto, o senado, juntamente com o MMA estabeleceu novas metas a serem cumpridas que foram cristalizadas no Plano de Lei 2.289/2015.Tem-se como regulamentação de tal plano, que as capitais e regiões metropolitanas têm o prazo para a extinção até julho de 2018. Os municípios com população superior a 100 mil habitantes têm este prazo definido até julho de 2019. Os que possuem população entre 50 mil e 100 mil habitantes, até junho de 2020 e a população inferior a 50 mil habitantes, até 2021. (BRASIL, 2015)

O Decreto 6.514, decretada em 22 julho de 2008, estabelece em seu Art. 61 que causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da biodiversidade é passível de multa. Em relação a esta penalidade, caso tais regulamentações não sejam cumpridas, a multa2 pode variar entre cinco mil reais a cinquenta milhões de reais.

Investigações feitas pela Associação Brasileira de Empresas e Limpezas Públicas (ABRELPE, 2017) e resíduos Especiais, mostram os maiores lixões existentes no Brasil e que devem ser priorizados o seu fechamento, são: o Estrutural no Distrito Federal – DF, Carpina em Pernambuco – PE, Camacan na Bahia – BA, Divinópolis em Minas Gerais – MG e o Jaú em São Paulo – SP.

Os RSU são compostos de materiais que ainda podem ser reutilizados por várias vezes, ao invés de serem enterrados. Entretanto, há a necessidade de uma atenção adequada ao potencial de aplicação destes materiais, que hoje são classificados como resíduos, já que podem, em um futuro não muito distante, ser a única matéria prima disponível para a humanidade.

Com base nos motivos aqui destacados, confirma-se a necessidade de se repensar o gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos de cidades com até 100 mil habitantes, pois há a necessidade de se encontrar formas adequadas de gerenciar estes resíduos sem depositá-los em lixões, destinando-os à novas utilizações.

Por isso pergunta-se: Poderão ser determinadas destinações mais adequadas e com potencial econômico para os diferentes tipos de resíduos sólidos gerados na cidade de Tubarão?

2De acordo com o Decreto 6.514/08: Parágrafo único. As multas e demais penalidades de que trata o caput serão aplicadas após laudo técnico elaborado pelo órgão ambiental competente, identificando a dimensão do dano

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1.3 HIPÓTESES

H1- Existem destinações mais adequadas e com potencial econômico para os diferentes tipos de resíduos sólidos urbanos gerados na cidade de Tubarão.

H2- Não existem destinações mais adequadas e com potencial econômico para os diferentes tipos de resíduos sólidos gerados na cidade de Tubarão.

1.4 OBJETIVOS

Neste item são apresentados o objetivo geral e específicos desta pesquisa.

1.4.1 Objetivo geral

Investigar as potenciais destinações dos resíduos sólidos urbanos gerados na cidade de Tubarão.

1.4.2 Objetivos específicos

Para alcançar o objetivo geral desta pesquisa, identificou-se a necessidade dos seguintes objetivos específicos:

a) Avaliar as características dos resíduos urbanos coletados;

b) Caracterizar o tipo de coleta realizada na cidade de Tubarão descrevendo a forma como as coletas são feitas;

c) Caracterizar os tipos de depósitos de resíduos sólidos urbanos, existente no Brasil;

d) Identificar as normas legais sobre a destinação final dos resíduos sólidos e coleta de resíduos sólidos urbanos;

e) Investigar métodos consagrados e em funcionamento, de gestão de resíduos sólidos urbanos, em cidades de porte semelhante ao de Tubarão-SC;

f) Apontar destinações com potenciais econômicos para os diferentes tipos de resíduos sólidos urbanos gerados na cidade de Tubarão.

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2 GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Neste capítulo serão apresentados os meios de gestão, assim como das destinações3 e disposições4 adequadas dos resíduos sólidos. O tratamento do RSU pode ser compreendido por procedimentos que visam reduzir os impactos ambientais. Estes procedimentos podem ser químicos, biológicos ou físicos (BNDES, 2013).

Serão destacados certos tipos de processos e tratamentos existentes e o mais utilizado no país, de acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), sancionado pela lei 12.305/2010. Será exposto ainda, a legislação regulamentadora dos RSU no Brasil, assim como os métodos destinados aos seus tratamentos e para sua disposição existentes e utilizados mundialmente.

2.1 LEGISLAÇÃO REGULAMENTADORA DA GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL

Define-se como resíduos sólidos, todo material, substância, ou bens descartados pelas atividades humanas. A falta de gerenciamento adequado destes resíduos é um dos maiores problemas do país, e o aumento da quantidade do RSU é uma preocupação em âmbito mundial, devido aos impactos ao meio ambiente. No Brasil são conduzidas, há algumas décadas, discussões quanto aos cuidados com os RSU, o que gerou um novo posicionamento em relação ao governo, sociedade e as iniciativas privadas. Visando uma solução para este problema, o Ministério do Meio Ambiente aprovou uma política nacional através da Lei nº 12.305/2010, que incluiu os governos estaduais, municipais e a sociedade em geral, denominada Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Este plano promove o reconhecimento dos resíduos sólidos reutilizáveis como um bem econômico e de valor social, buscando a valorização da reciclagem e sendo gerador de trabalho, renda e promotor de cidadania, incluindo de pessoas de baixa renda nos munícipios como catadores.

É indispensável a presença de um Plano Municipal de Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos (PMGIRS) em todos os munícipios, para que estes estejam aptos a receberem

3 De acordo com a Lei 12.305/2010, destinação é definida como final ambientalmente adequada à destinação de

resíduos que inclui a reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações são admitidas pelos órgãos competentes do Sisnama, do SNVS e do Suasa.

4 De acordo com a Lei 12.305/2010, disposição é definida como final ambientalmente adequada à distribuição

ordenada de resíduos em aterros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, além de minimizar os impactos ambientais adversos.

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recursos da União, e assim poderem gerir os RSU adequadamente. O PMGIRS é necessário, justamente por descrever todas as ações dos resíduos urbanos, sua destinação final adequada dentro do munícipio, gerenciamento de empresas e cooperativas, redução, reciclagem e não geração.

Uma das metas da lei 12.305/2010 é a extinção dos lixões pelo país em um curto período, abrindo espaço para uma destinação e disposição adequada para os resíduos, como aterros sanitários (TONETO JÚNIOR, SAIANI, DOURADO, 2014). Assim, uma destinação final, ambientalmente adequada, inclui reciclagem, compostagem, recuperação e reaproveitamento energético dos materiais. Já a disposição final, refere-se à distribuição dos resíduos nos aterros sanitários licenciados pelos órgãos ambientais competentes, que seguem as normas específicas, minimizando os danos ao meio ambiente. As fases de coleta e transporte são de extrema importância neste processo, pois é nelas que ocorre o afastamento dos resíduos do meio gerador.

Apesar de o principal objetivo desta lei ser proteger a integridade e saúde da população, a qualidade ambiental e sustentabilidade, ela não estabelece detalhes de como buscar novas tecnologias ou avanços para soluções destes problemas, sendo mencionado somente no item III do artigo 7º que há o estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços, sem maiores especificações. Existe, claramente, a necessidade do avanço nas ações políticas e esforços científicos, apoiando ações e posturas individuais e coletivas mais eficazes, em busca de um novo padrão de pensamento para alternativas de vida no futuro.

2.1.1 Perspectivas evolutivas da legislação da gestão dos resíduos no Brasil

Espera-se no Brasil, uma introdução de diretrizes gerais aos resíduos sólidos, aplicáveis aos estados e municípios, de forma adequada para a gestão destes resíduos. Em 1988 houve uma promulgação da Constituição Federal e o município passou a ter independência administrativa legislativa e financeira e sobre assuntos locais. O que antes não era de responsabilidades do mesmo, iniciando-se a trajetória por um novo caminho (HELCIAS, 2016). Devido à ausência por vinte anos de uma política nacional, criaram-se diversos lixões e aterros sanitários controlados, e com o esgotamento dos mesmos e a falta de planejamento por conta de sua vida útil, proliferaram-se novos aterros (JACOBI; BESEN, 2011).

Em 1981, institui-se a política do meio ambiente, Lei nº 6.938, que apresenta como pressuposto, no Art. 2º, a necessidade de ações governamentais para a manutenção do equilíbrio

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ecológico, e considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser assegurado e protegido. Afirma-se que se deve ter controle e zoneamento das atividades potencial ou efetivamente poluidoras.

Observa-se que desde 1991, existia no Congresso Nacional o Projeto de Lei 203/91, e de acordo com o mesmo, abordava o acondicionamento, a coleta, o tratamento, o transporte e a destinação final dos resíduos de serviço de saúde. Desde 2004, o Ministério do Meio Ambiente - MMA surgiu com uma proposta para a elaboração de normas apropriadas aos resíduos sólidos no país, e assim estabelecer uma Política Nacional de Resíduos Sólidos (ROMANI; SEGALA, 2014).

Em 2007, com a lei de consórcio público (LCP) nº 11.107/2005, que estabelece as Diretrizes Nacionais para o Saneamento Básico (LDNSB) da Lei 11.445/2007, os resíduos sólidos urbanos passaram a fazer parte dos componentes que integram o saneamento básico. Estas duas leis, juntamente com o PNRS 12.305/2010, apontam as ações do governo federal, estadual e municipal, para possibilitar a universalização dos serviços de forma sustentável. (ROMANI; SEGALA, 2014).

A lei nº 12.305 que institui a Política Nacional dos Resíduos sólidos teve aprovação em 02 de agosto de 2010 pelo Congresso Nacional, regulamentada pelo decreto nº 7404/2010. A mesma ressalta a inclusão de novos conceitos sobre a gestão dos resíduos sólidos no Brasil, e novas ferramentas da legislação ambiental brasileira.

2.2 PRINCIPAIS MÉTODOS DE GESTÃO DO RSU

Neste item serão apresentados dois métodos de gestão dos RSU – o lixo zero e o lixo a vácuo. Ambos são utilizados em algumas cidades de dentro e fora do Brasil. Serão mostrados os principais aspectos, vantagens e desvantagens destes métodos. Será descrito como é feita a gestão e a futura implantação do lixo zero em duas cidades, Londrina – Paraná e em Estocolmo – Suécia. Estas cidades servirão para definir uma linha de abordagem coerente para aplicar o lixo zero, perante a legislação brasileira. Sobre o processo do lixo a vácuo, serão citadas as cidades de São Paulo e Barcelona – cidade pioneira da utilização.

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2.2.1 Lixo zero

Entende-se por lixo zero o gerenciamento dos produtos, de modo a evitar o aumento do seu volume e a sua toxidade. Tendo como ideia inicial os 3Rs – Reutilizar, Reduzir, e Reaproveitar (GUTBERLET; BAEDER, 2011).

Segundo o conceito estabelecido pela Zero Waste International Alliance (ZWIA) entende-se por Lixo Zero como “[...] um objetivo ético, econômico, eficiente e visionário, para orientar as pessoas a mudar seus estilos de vida e práticas para emular ciclos naturais sustentáveis, onde todos os materiais descartados são projetados para se tornarem recursos para outros [...]” (ZWIA, 2009, p.1).

Afirma-se que o aterro sanitário seria uma última instância, pois primeiramente deverá ser feito um estudo sobre cada material e sua reciclagem para assim poder reduzir os resíduos dos aterros, um tratamento tecnológico adequado para se seguir de acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Este método tem um alto índice de empregabilidade, pois engloba pessoas de baixo nível escolar, pessoas que estão reincidindo na sociedade, ou seja, pessoas com vulnerabilidade social são incluídas novamente na sociedade. Como é previsto na Lei 12.305/2010 os resíduos devem ser geração de renda, promotor de cidadania e bem econômico e de valor social.

Observa-se que o lixo zero é um planejamento e mudança das cidades como um todo, sendo uma reorganização de consumo da população, para assim atingir a produção zero de lixo urbano. Devem ser inseridas na população técnicas, com o apoio de uma legislação, para que haja redução, e ao longo dos anos, possam atingir o resultado esperado. Algumas cidades no mundo vêm adotando este método, e obtendo ótimos resultados, perante a população e ambientalmente (ZWIA, 2009).

Para implantação deste método, ressalta-se no Zero Waste Index (ZWIA, 2013), que para conseguir uma transformação da sociedade, é necessário seguir alguns parâmetros de mudanças, para que ao longo do percurso, posso ser possível obter o resultado esperado. O quadro 1 apresenta as diretrizes para transformar cidades atuais em cidades que gerem seus resíduos sólidos urbanos utilizando o método lixo zero.

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Quadro 1 – Diretrizes para transformar cidades atuais em lixo zero

Fonte: Modificado de Zero Waste (2013).

Espera-se ser possível adaptar dentro das legislações, tanto municipal quanto estadual, tais diretrizes para assim conseguir a evolução para um país sustentável. Este método resulta em reflexões importantes para a problemática dos resíduos sólidos urbanos, que se aplicado de forma correta, contribuirá para um planeta melhor ambientalmente e socialmente.

Deste modo, é necessária uma visão total para que se possam adotar as opções tecnológicas, levando em consideração os aspectos econômicos e a sustentabilidade ambiental, para que não se cometam erro, sendo planejado somente a curto prazo, sem análise ambiental, econômica e social adequada.

2.2.1.1 Gerenciamento em Londrina (Brasil)

No Brasil, a cidade que caminha rumo às diretrizes do lixo zero é Londrina, na região norte do estado Paraná, com aproximadamente 558.000 habitantes (IBGE, 2017), com a “[...] geração total de RSU é de aproximadamente 143.892 t/ano, sendo que, desse total, 131.304 t/ano são aterradas e 12.588 t/ano são recicladas [...]” (SOUZA et al., 2016 p.383).

A logística reversa, abordada pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), tem como objeto a conscientização da população e das empresas quanto a importância da reciclagem e sua responsabilidade sobre os produtos pós-consumo, no qual se espera a introdução em Londrina. Com este propósito, “[...] um modelo sustentável de rotas tecnológicas não deve ser baseado unicamente na proporção de resíduos que deixaram de ser depositados em aterros sanitários, mas àquele que retome características locais e traga o máximo de

Programas Lixo Zero; Educação transformadora; Pesquisas Lixo Zero; Novas Infraestruturas; Novas tecnologias; Governança Lixo Zero Redução;

Reparo e Reuso;

Reciclagem e Recuperação; Consumo colaborativo; Mudança de Comportamento; Estilo de vida sustentável;

Design Cradle to Cradle (do nascimento ao berço); Produção Limpa;

Responsabilidade do gerador;

Legislações Zero para aterros sanitários; Legislações Zero para Incineradores; Incentivos; Design Industrial Transformado Legislação e políticas de empobrecimento Zero

CIDADES LIXO ZERO Consciência, Educação e Pesquisa. Novas Infraestruturas e Sistemas de Pensamento. 100% de Reciclagem e recuperação. Consumo e Comportamento Sustentável.

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benefícios sociais, ambientais e econômicos [...]” (SOUZA et al., 2016 p.403). O objetivo da Política de resíduos sólidos no Estado do Paraná é a mudança de hábitos de consumo, as atitudes diferenciadas da população sobre o desperdício e a minimização dos resíduos, com incentivo de reutilização e reaproveitamento dos materiais.

Diante de tais aspectos, a prefeitura de Londrina está com um projeto que visa o aproveitamento dos seus resíduos em 100%, tendo início na sua coleta, compostagem e reciclagem, com o objetivo de uma nova educação ambiental. De acordo com a Folha de Londrina (2017), a cidade tem como novo projeto a inserção de pelo menos, quinze mil contêineres para que a população possa destinar seus resíduos produzidos. Uma empresa será responsável por fazer a coleta e a separação de forma adequada, reaproveitando, reciclando e reutilizando. Espera-se alcançar a redução da destinação em aterros sanitários, e a viabilização dos 3Rs, com o lixo zero na cidade.

2.2.1.2 Gerenciamento em Estocolmo (Suécia)

A legislação internacional apresenta diferenças em relação a legislação brasileira, uma vez que cada país tem sua gestão específica. Cada um tem seus próprios princípios para os planos de ações e seus critérios de como será atingida cada meta. Em Estocolmo capital da Suécia, estima-se que a população é de aproximadamente 872 mil habitantes, e seja gerado em torno de 4 milhões de toneladas de RSU/ano (STOCKHOLM, 2017).

Estocolmo tem como principal seguimento, a iniciativa de que todos os cidadãos tenham sua responsabilidade pelo descarte e uso dos resíduos gerados. A cidade apresenta o menor índice de disposição dos resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários do país, pois se predomina a reciclagem e reutilização. Em um relatório para o Ministério do Meio Ambiente da Suécia, no ano de 1990, o pesquisador Thomas Lindhqvist, definiu a responsabilidade do produtor, sobre o conjunto do ciclo de vida do produto, “[...] como uma estratégia de proteção ambiental que visa alcançar o objetivo de reduzir o impacto ambiental de um produto. Desta forma, o produtor é responsável, especialmente, pela coleta, pela reciclagem e pela disposição final de cada produto [...]” (ABRAMOVAY, 2013, p. 1).

A Suécia investe em tecnologias avançadas de incineração para destinação dos RSU que não há programas de reciclagem e/ou reutilização, promovendo, desta forma, destinação adequada ambientalmente. Büchel e Åkerlund (2015) comenta que com a utilização destas tecnologias obtêm-se produção de energia elétrica e gás, estas abastecem um total de 130 mil residências.

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Para um melhor controle dos RSU a União Europeia estabeleceu uma escada, a ser seguida para sua gestão, apresentada na figura 2.

Figura 2 – Escada de resíduos sólidos urbanos

Fonte: Adaptado de Stockholm (2015, p.1).

De acordo com a escada de resíduos, elaborada pela União Europeia (EU), e com base nos dados da organização Stockholm Vatten och Avfall (2015), o primeiro degrau representa a vertente, pois são os resíduos que não podem ser reciclados ou reutilizados. O

segundo degrau apresenta a recuperação energética, que se define pelos resíduos combustíveis

que são reciclados através da combustão e tornam-se energia elétrica. O terceiro degrau demonstra a reciclagem de materiais utilizados em embalagens têxteis, de papelão e outros, que pode facilmente se tornar novos produtos. O quarto degrau é a reutilização, os produtos geralmente podem ser reparados ou substituídos pelos proprietários em vez de serem descartados. E o quinto degrau, o que se define como a meta, é a prevenção, ou seja, o consumo consciente que tende a reduzir a quantidade de resíduos.

Mudanças foram constatadas em relação à coleta doméstica dos resíduos, a partir de 1º de outubro de 2017. Este processo teve início com a pretensão de reduzir o efeito estufa e a diminuição de CO2 com os veículos utilizados para o recolhimento. Os RSU serão coletados com mais frequência por empreendedores em algumas áreas das cidades, tendo sido separados pelos moradores, e deixados em alguns pontos que se encontram os containers que são os pontos de coleta. Isto facilita a alcance do objetivo de aumenta a reciclagem, pois os RSU já estarão inicialmente separados pelos próprios habitantes da cidade que o geraram. (Stockholm, 2017).

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2.2.2 Lixo a vácuo

Em busca de melhorias na saúde e aspectos ambientais, foi desenvolvido na Europa e passou a ser utilizado por vários países deste continente, em meados do século XX, o sistema pneumático, conhecido também por sistema a vácuo. Esse sistema funciona da seguinte maneira, os moradores encaminham seus lixos produzidos por tubos coletores instalados em alguns pontos das cidades ou edifícios. Quando os coletores estão cheios os RSU são aspirados por tubulações subterrâneas atingindo uma velocidade entre 60 km/h a 80 km/h, informado por um sensor e encaminhado para a central dos resíduos, e depois separados e compactados em contêineres para a destinação final (EVANC, 2017). A figura 3 apresenta os tubos coletores empregados no sistema a vácuo para receber a deposição dos resíduos sólidos (a) e o sistema pneumático empregado no lixo a vácuo (b).

Figura 3 – Sistema Pneumático. a) Coletores dos RSU. b) Sistema de transporte dos RSU

Fonte: EVANC (2017, p. 1).

A empresa responsável pela coleta e cuidados com o sistema é a EVANC. Quando os contêineres atingem a sua carga máxima, são esvaziados por caminhões que encaminham o RSU para a sua destinação final, como reciclagem, compostagem, recuperação energética como incineração e os resíduos para aterros sanitários. Estes sistemas necessitam de manutenções frequentes, sendo realizadas manutenções preventivas, preditiva e corretiva caso necessário.

De acordo com a Infraestrutura Urbana (2011), as vantagens do sistema estão na coleta e transporte automatizados do RSU, com eliminação do trabalho de coleta manual de lixo. Descarte do uso de caminhões para coleta, reduzindo o uso de combustível e as emissões atmosféricas, favorecendo a mobilidade urbana. Este sistema promove ainda, melhorias estéticas e higiênicas do ambiente urbano por meio da eliminação do mau cheiro resultante da

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exposição de sacos de lixo em espaços públicos, além do conforto aos usuários pela possibilidade de disposição de lixo 24 horas por dia. Incentivando a reciclagem e organização da infraestrutura para a devida destinação final.

Esse é o único sistema que leva até a porta do usuário a coleta seletiva onde é necessário fazer somente a separação correta dos resíduos sólidos e, posteriormente, depositar nos tubos coletores. Este sistema proporciona solução para os problemas que são identificados pela coleta tradicional, como a praticada em Tubarão, Santa Catarina.

2.2.2.1 Gerenciamento em São Paulo (Brasil)

Pioneiro no Brasil, o sistema a vácuo foi introduzido no ano de 2017 em um grande estabelecimento, o Hospital Sírio-Libanês localizado em São Paulo. O hospital é o primeiro da América Latina com o sistema aplicado, possui 20 andares e 790 metros lineares de tubo (HOSPITAL SÍRIO-LIBANÊS, 2017).

Esta tecnologia dentro do hospital possui dois dutos, um que encaminha as roupas hospitalares e outro os resíduos sólidos. O primeiro conduz por esteiras as roupas até os cestos, para depois serem desinfetadas nas lavanderias. Através do segundo duto, os resíduos são levados automaticamente até as centrais de coleta, e depositados em contêineres para, posteriormente, serem destinados para o aterro sanitário.

De acordo com o CEO5 do Hospital Sírio-Libanês, Dr. Paulo Chapchap, um sistema de coleta pneumático está em comum acordo com as políticas do Hospital Sírio-Libanês relacionadas a qualidade da segurança, sustentabilidade e assistência para os pacientes. A instalação deste sistema foi feita na expansão da estrutura do hospital, sendo um dos fatores para a obtenção da certificação Green Building Gold6, obtida para as duas torres construídas na expansão. Esta é uma grande inovação na área hospitalar no Brasil, que proporciona expressivos benefícios para pleno funcionamento sustentável do hospital (HOSPITAL SÍRIO-LIBANÊS, 2017). Para o hospital, esse sistema a vácuo é de grande validade, pois reduz o tempo gasto com carrinhos pelos corredores, proporcionando um ambiente mais limpo e agradável. São coletados diariamente 7 toneladas de roupas (lavanderia) e 8 toneladas de resíduos sólidos, nos 112 pontos de descarte.

5 Chief Executive Officer - Chefe Executivo de Ofício.

6 O World Green Building Council, WGBC, é a maior organização mundial que direciona o mercado da construção

civil em prol da sustentabilidade. Para fomentar o mercado de green buildings o WGBC auxilia, direciona, conecta e integra os esforços de seus Membros: os mais de 100 GBCs pelo mundo.

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2.2.2.2 Gerenciamento em Barcelona (Espanha)

A inserção deste método no mercado foi iniciada na Europa, com a realização dos jogos Olímpicos na cidade de Barcelona, em 1992. De acordo com o site Infraestrutura Urbana (2011) a cidade tem pretensão de atingir 70 km de tubulação subterrânea. A rede a vácuo suga todo o RSU gerado pela população, e o encaminha para a central de armazenamento, que quando atinge seu limite, é esvaziada por caminhões.

“Hoje a cidade tem 30% do lixo coletado em oito pontos. Cada uma dessas malhas subterrâneas é independente, conectada por dutos a uma central específica [...]” (ESTADÃO, 2010, p.1). Esse sistema passa por algumas dificuldades em relação a sua instalação em certos bairros da cidade de Barcelona. A cidade apresenta algumas dificuldades em sua topografia, interferindo negativamente na implantação do sistema em bairros muito antigos, como no Central Raval.

A cidade está mais bonita e limpa, sem odores provenientes dos resíduos sólidos urbanos, e com diminuição expressiva na poluição. A população tem mais conscientização sobre a importância da sua dedicação para a separação dos materiais de forma correta, e tem informação de para onde os resíduos estão indo e como é feito seu tratamento, proporcionando satisfação aos habitantes (ESTADÃO, 2010).

2.3 DISPOSIÇÃO FINAL E MEIOS ALTERNATIVOS PARA DESTINAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Um dos meios mais utilizados, atualmente, para o tratamento e disposição final, ambientalmente adequada, dos resíduos sólidos urbanos são os aterros sanitários. Existe também, como disposição final, a deposição em locais inadequados como os lixões e aterros controlados. Entretanto, o Governo Federal tem como meta, estratificada no Plano de Lei 2.289/2015, a eliminação total destes locais até 2021. O meio alternativo de reaproveitamento dos resíduos, é sua destinação para reciclagem, compostagem, incineração e gaseificação que necessitam, preponderantemente, de um sistema de coleta seletiva e/ou triagem, além de uma conscientização da população. A implantação de um sistema que atendem esta necessidade pode ter com fundamento os métodos apresentados nos itens 2.2.1 e 2.2.2

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2.3.1 Coleta seletiva

É um processo de captação dos resíduos que tem o intuito de manter a separação já feita pelo gerador do RSU. No entanto, os indicadores de coleta seletiva no Brasil estão baixos em relação à quantidade de resíduos que são coletadas anualmente. Municípios pequenos não buscam conscientizar a população quanto a importância da coleta, abstém-se do controle necessário e da qualidade do serviço. Há também a questão orçamentária, comparada com a coleta convencional, a seletiva possui um alto valor unitário. Entretanto, levando-se em consideração os resultados obtidos por estes dois métodos de coleta o comum e o seletivo, pode-se inferir que estes não são passíveis deste tipo de comparação.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2008) coleta seletiva é o recolhimento específico e diferenciado de RSU reaproveitáveis como: resíduos orgânicos, metais, plásticos, vidros, metais e papéis, com separação prévia nas próprias fontes geradoras. Este tipo de coleta pode ser feito com pontos de entrega voluntária, onde os cidadãos os acumulam, em recipientes separados para cada tipo de resíduo ou misturados entre si, ou em sistema porta a porta, como o feito para a coleta comum. Cada uma das etapas do processo de coleta seletiva pode ser feita por diferentes empresas, como a própria coleta, triagem, acondicionamento, estocagem e comercialização dos RSU.

A Resolução nº 275 Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 2001), de 25/4/2001, estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores. Este padrão de cores é apresentado na figura 4.

Figura 4 – Cores para cada resíduo

Fonte: Autora (2017).

Durante um longo período, o Brasil passou pela ausência de uma política nacional de gestão dos RSU, o que gerou grande ociosidade em relação ao controle ambiental, com o aparecimento de lixões e aterros controlados. Pode-se observar que a demanda do RSU é crescente, entretanto as contribuições e melhorias para a coleta seletiva encontram-se estagnadas. “Atualmente, o desafio é inverter a lógica prevalecente e investir cada vez mais na redução da produção excessiva e no desperdício, assim como na coleta seletiva e na compostagem, e cada vez menos na destinação final [...]” (JACOBI; BESEN, 2011, p.20).

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2.3.2 Aterro sanitário

A destinação final adequada dos resíduos sólidos e o seu controle é de grande importância para a população, já que os problemas ambientais e de saúde podem ser motivados pelo seu manejo inadequado.

O IBGE (2008, p.185) define como aterros sanitários aquelas instalações de destinação final dos RSU através de sua adequada disposição no solo, que possuem permanente controle técnico e operacional, garantindo que os RSU e seus efluentes causem danos ao meio ambiente e a saúde pública. Para isto, estas instalações devem ser localizadas, projetadas, operadas e monitoradas de acordo com o estabelecido na legislação ambiental vigente. Para o Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM) aterro sanitário é um método para disposição final dos RSU através do seu confinamento em câmaras cobertas com material inerte, geralmente solo sobre terreno natural (BRASIL IBAM, 2001).

A NBR 8419 (ABNT, 1992) estabelece as condições mínimas exigíveis para a apresentação de projetos de aterros sanitários de RSU. Onde devem ser considerados os seguintes aspectos para a escolha do local a que se destina o aterro sanitário: zoneamento ambiental, zoneamento urbano, acessos, vizinhança, economia de transporte, titulação da área escolhida, economia operacional do aterro sanitário, infraestrutura urbana, bacia e sub-bacia hidrográfica onde o aterro sanitário se localizará. Já os aterros sanitários de pequeno porte, segundo a NBR 15849 (ABNT, 2010), são aqueles concebidos para recebimento de até 20 toneladas por dia de resíduos sólidos urbanos. Devendo ser considerados os aspectos físicos locais, para que a concepção do sistema possa ser simplificada, sem prejuízo da minimização dos impactos ao meio ambiente e à saúde pública. Abaixo a figura 5 de como funciona um aterro sanitário:

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Figura 5 – Aterro Sanitário

Fonte: Frank e Sustentabilidade, 2014

2.3.3 Aterro controlado

O Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS, 2015), estima que no Brasil 11,5% dos resíduos sólidos sejam encaminhados para aterro controlado. Segundo o IBAM “aterro controlado também é uma forma de se confinar tecnicamente o lixo coletado sem poluir o ambiente externo, porém, sem promover a coleta e o tratamento do chorume e a coleta e a queima do biogás” (BRASIL IBAM, 2001, p.150),

O aterro controlado apresenta qualidade inferior ao sanitário, principalmente por não possuir proteção na base, comprometendo o solo e as águas subterrâneas com a presença do chorume. Observa-se o desencadeamento de poluição localizada, juntamente com os possíveis problemas de saúde que podem se proliferar na população, pela falta do emprego da técnica adequada para gestão destes RSU (BRASIL IBAM, 2001).

Segundo a NBR 8849, a técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, minimizando os impactos ambientais, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança é denominada aterro controlado. Esse método utiliza os mesmos princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos que os aterros sanitários, porém, não faz proteção quanto à potencial poluição de água subterrâneas por seus efluentes (ABNT, 1985).

Esta classe de destinação é considerada uma fase intermediária entre o lixão e o aterro sanitário. Portando, os aterros controlados não são considerados uma disposição ambientalmente correta, pois, o requisito mínimo é o aterro sanitário. Abaixo a figura 6 de como funciona o aterro controlado:

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Figura 6 – Aterro controlado

Fonte: Frank e Sustentabilidade, 2014

2.3.4 Lixões

A gestão inadequada, que se refere à disposição em lixões, causa impactos socioambientais, como a degradação do solo, comprometimento dos corpos da água, poluição do ar, proliferação de doenças entre outros. O chorume – líquido escuro de mau odor – é produzido pela decomposição da matéria orgânica, sendo o principal fator poluidor dos solos, além de ser uma fonte de exposição de várias substâncias tóxicas para o ser humano. Os lixões são “[... ] uma forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, caracterizada pela sua descarga sobre o solo, sem critérios técnicos e medidas de proteção ambiental ou à saúde pública. É o mesmo que descarga a céu aberto [...]” (FEAM, 2006, p.8).

Mesmo após a sua desativação, os danos à saúde humana podem ser amplos, pois seus produtos orgânicos continuam a se degradar, até mesmo em áreas próximas a aterros há presença de composto orgânico e metais pesados (MESQUITA JÚNIOR, 2007). Por estes fatores, espera-se a extinção dos mesmos até 2021.

Nos países em desenvolvimento, observa-se ainda a existência de lixões como disposições dos resíduos sólidos urbanos. No Brasil é possível ver os resquícios deste meio utilizado, como o aumento da poluição do ar, do solo e das águas, contribuindo com a mudança climática, efeito estufa e com a presença de alguns fenômenos naturais, como furacões, enchentes e terremotos. Assim, o fechamento dos lixões é necessário para as adequações da saúde pública e do meio ambiente.

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2.3.5 Incineração

É um método de tratamento dos resíduos sólidos, considerado térmicos, que não substitui a sua destinação final em aterros. Este processo é caracterizado como complexo e de alta tecnologia, consiste na queima controlada dos resíduos à base de carbono, e são decompostos na presença de excesso de oxigênio, produzindo energia elétrica, energia térmica e cinzas. Se caracterizando como uma das formas do tratamento dos resíduos sólidos. Normalmente, o excesso de oxigênio empregado na incineração é de 10 a 25% acima das necessidades de queima dos resíduos (BRASIL IBAM, 2001).

Tem-se como vantagem a introdução deste tratamento de forma mais gradativa no Brasil, para a diminuição do volume e da periculosidade dos resíduos, tornando o resíduo absolutamente inerte em pouco tempo, desde que realizado da forma correta. A estrutura necessária para este processo tem instalação onerosa, pois necessita de filtros e componentes de alta tecnologia para evitar a poluição do ar por meio dos gases gerados no processo de queima. As emissões dos gases atmosféricos são apontadas como as principais desvantagens deste sistema. Este processo tem como resultado o aproveitamento dos RSU para geração de energia, para determinadas empresas e cooperativas (BRASIL IBAM, 2001, p.130).

Esta prática no país ainda é iniciante por conta dos investimentos onerosos necessários. Foi introduzido no Rio de Janeiro, Brasil, o tratamento de resíduos sólidos com essa alternativa de incineração, em meados do século XX (EL-DEIR, 2014).

Na região sul não há sistemas de incineração de RSU instalados. De acordo o BNDES (2013), tramita nas Assembleias Legislativas de Santa Catarina e do Paraná projetos de lei que proíbem a implantação deste tipo de sistema em seus estados.

2.3.6 Gaseificação

Os resíduos sólidos urbanos e os orgânicos são uma fonte de biomassa, que representam uma grande fonte de energia renovável e podem ser convertidos em combustíveis gasosos rico em carbono e hidrogênio. Estes podem ser potenciais substitutos dos combustíveis fósseis, para a produção de energia de forma sustentável. A Gaseificação é o processo térmico que transforma os resíduos sólidos que contém carbono na sua matéria prima, em energia sem queimá-los (CHAVES, 2007; KERESTER, 2014).

A gaseificação pode ser definida basicamente como a combustão do material orgânico, contido nos resíduos sólidos urbanos. A Energia renovável é o início de

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desenvolvimento e de prosperidade para a sociedade, no âmbito da economia, infraestrutura e qualidade de vida. A gaseificação enquadra-se como uma opção viável para a conversão de resíduos sólidos, pode alterar a situação atual das emissões existentes dos resíduos, reduzindo drasticamente a opção de descarte em aterros (ARENA, 2011).

A figura 7 a) mostra a sustentabilidade do processo de geração de energia de gaseificação, e a figura 7 b) apresenta o processo de geração de energia com a queima de combustíveis fósseis. O ciclo do processo de utilização dos combustíveis fósseis, como fonte de energia, gera poluição ambiental e sua extração em larga escala, como praticada nas últimas décadas, é um forte indício de sua extinção.

Figura 7 – a) Ciclo do processo de Sustentabilidade por gaseificação. b) Processo da utilização dos combustíveis fósseis

Fonte: Autora (2018).

Entre os processos de tratamento dos resíduos, a gaseificação é considerada uma das mais complexas, pois inclui várias interações físicas e químicas que ocorrem em temperaturas superiores a 600ºC. Nesse processo, deve-se levar em consideração a temperatura mais adequada, para o tipo de reator que deve ser pensado para cada tipo de resíduo. Tomando como base este princípio, pode-se realizar a gaseificação pelos processos de “[...] oxidação parcial com ar, ar enriquecido com oxigênio puro, por gaseificação a vapor ou por plasma [...]” (ARENA, 2011, p. 2).

Alguns tipos de matérias podem sofrer o processo de gaseificação, como a matéria sólida, líquida e gasosa. Enquadram-se como matéria sólida, os materiais como carvão, resíduos sólidos, agrícolas, domésticos e coque de petróleo e biomassa (KERESTER, 2014). Dentro de cada gaseificador existem quatro etapas que são organizadas em zonas, a de secagem, pirólise, redução ou oxidação da combustão da biomassa. A oxidação é onde o oxigênio queima o material, liberando a energia térmica (SALES; ANDRADE; LORA, 2006; CHAVES, 2007).

Percebe-se que a gaseificação é de grande importância para o aproveitamento da biomassa nos resíduos sólidos urbanos. Em um país onde a maior parte de fonte de energia são

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as usinas hidrelétricas, é necessário visar às mudanças climáticas e os efeitos que o planeta vem passando. Deve-se ter consciência dos benefícios de uma produção de energia renovável, advindos dos resíduos gerados pela própria população, que podem ser apontados como uma alternativa promissora, que marca um grande avanço para humanidade.

Em corroboração ao exposto na lei 12.305 (BRASIL, 2010) do PNGRS estabelece, em seu artigo 9, que podem ser empregadas tecnologias que visem a recuperação energética dos RSU. Porém, devem ter sua viabilidade técnica e ambiental comprovada, além da aprovação, pelo órgão ambiental, de sistemas de monitoramento de emissão de gases tóxicos. O aproveitamento energético dos gases gerados nas unidades de disposição final dos RSU é uma das metas do PNGRS.

2.3.7 Reciclagem e compostagem

Destaca-se a importância e valorização dos métodos de compostagem e reciclagem, pois são geradores de emprego nas cidades do país. Estes são focados na economia de energia, pois para a produção de novos produtos há a necessidade da transformação da matéria-prima natural, processo responsável por grande parte do consumo de energia na indústria. Além de contribuir com o meio ambiente e a saúde humana e do planeta, pode-se reduzir consideravelmente a quantidade de resíduos sólidos sendo depositados nos aterros sanitários (ROMANI; SEGALA, 2014). Potencializando os pontos positivos aqui destacados, logo, há a necessidade de um melhor entendimento destes processos.

Conceitualmente “[...] reciclagem é um processo de transformação dos resíduos com o objetivo de inseri-los novamente como matéria-prima na cadeia produtiva [...]” (ZANTA; FERREIRA, 2003, p.13). Estima-se que a população tenha conscientização sobre a separação correta dos materiais recicláveis, pois se deve ter um aproveitamento adequado dos RSU, uma vez que se torna oneroso para as indústrias e empresas a utilização de materiais sujos de terras, gorduras entre outros contaminantes.

Tanto o processo de compostagem como de reciclagem, nada mais são do que tratamentos adequados para os materiais e lixos, os quais feitos de forma correta, contribuem expressivamente com a diminuição da quantidade de resíduos sólidos depositados nos aterros. A compostagem não necessita de equipamentos tecnológicos ou grandes exigências para a realização do processo com segurança e eficácia. “Associando a compostagem com a jardinagem e a agricultura urbana, transforma-se um potencial problema ambiental em fonte de

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saúde coletiva, promove-se a reconexão com a terra e aprofundam-se os laços sociais [...]” (BRASIL MMA, 2017, p.9).

Grandes dificuldades da parte dos municípios brasileiros em incorporar o sistema de compostagem podem ser observadas, pois deve ser levado em consideração para a elaboração de um sistema de compostagem, seu corpo técnico, gerencial e administrativo. “De acordo com o ministério do meio ambiente grande parte dos município que praticam compostagem no país são restringidas a pátios centralizados, destinados a receber resíduos de coleta mista ou de apenas alguns grandes geradores de resíduos orgânicos” (BRASIL MMA, 2017, p.5).

No entanto, podem-se observar grandes projetos brasileiros e mundiais que obtiveram sucesso de forma inovadora com a gestão dos resíduos orgânicos. Nestes projetos foram reveladas formas de aproveitar seu potencial, determinando os benefícios econômicos, sociais e ambientais. Estes indicadores podem ser comparados com o modelo atual do Brasil, que se trata da maioria do aterramento dos resíduos orgânicos.

2.4 DESTINAÇÕES COM POTENCIAIS ECONÔMICOS

Vários materiais, que compõem os resíduos sólidos urbanos, possuem potencial de aplicação em destinações muito mais adequadas do que a deposição em aterros sanitários. Por este motivo, neste item serão apontadas algumas destas destinações para certos materiais que compõem os RSU, que serão discutidos no capítulo 4.

2.4.1 Plásticos

Os plásticos fazem parte do dia a dia dos cidadãos, encontra-se nos utensílios domésticos, de higiene e objetos de trabalho. Em sua maioria, eles reúnem propriedades ímpares, como alta capacidade de isolação térmica, baixa condutibilidade, resistência ao calor, baixa densidade, resistência mecânica apreciáveis para certas aplicações e grande flexibilidade, sendo também 100% recicláveis (SILVA, 2010).

Para cada determinado material deve-se utilizar um tipo específico de plástico (polímero) e a indústria deve identificar de uma forma clara e coerente, de acordo com a NBR 13230 (ABNT, 2008).

Consoante a norma NBR 13230 (ABNT, 2008), cada embalagem plástica possui uma resina termoplástica, e cada produto que se fabrica com tal resina, recebe um símbolo de

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identificação, um número de 1 a 7 dentro de um triangulo de três setas (figura 8), para que posteriormente sua reciclagem possa ser realizada de acordo com sua composição. Cada dimensão e orientação para a identificação dos produtos, deve seguir o estabelecido na NBR 13230.

Esse sistema é utilizado para a identificação de embalagens plásticas, porém não é empregado em alguns produtos plásticos, por exemplo em materiais como canetas, bandejas, pastas, envelopes, cadeiras, entre outro. Isto acaba impedindo o funcionamento da logística reversa de tais produtos, sendo de suma importância a matéria prima retornar às empresas que aderem à ação, e assim esse ciclo auxiliar na reciclagem (COLTRO; GASPARINO; QUEIROZ, 2008).

Figura 8 – Simbologia de identificação

Fonte: Coltro, Gasparino, Queiroz (2008, p. 119).

Os principais polímeros que se encontram nos resíduos sólidos urbanos são o polietileno de alta e baixa densidade (PEAD e PEBD), o Politereftalato de Etileno (PET), o Policloreto de vinila (PVC) e o Polipropileno (PP). Dependendo da região e das condições dos materiais, se sujo ou limpo, sua origem, se provém de catadores ou unidades de triagem, os preços destes produtos pós consumo variam para a reciclagem (SPINACÉ; PAOLI, 2004).

Dentro das categorias utilizadas para realização da reciclagem, conta-se com a reciclagem primária, terciária, secundária e quaternária. A reciclagem primária, consiste em produtos que são introduzidos novamente no mercado com características equivalentes àquelas dos produtos originais produzidos. A reciclagem secundária se dá pela conversão dos resíduos poliméricos, produtos que não exijam o polímero virgem, como por exemplo a obtenção de sacos de lixo. Reciclagem terciária é a produção de insumos químicos ou combustíveis a partir

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de resíduos poliméricos. Reciclagem quaternária é a produção de energia de resíduos poliméricos por incineração (SPINACÉ; PAOLI, 2004).

Para melhor utilização e visando que a falta de gerenciamento dos polímeros os tornam os grandes vilões, no qual interferem de forma negativa ambientalmente, principalmente pela demora de sua degradação e que fazem parte dos aterros sanitários brasileiros, destaca-se a importância de sua utilização em aplicações de longa vida útil, como pavimentação, madeira plástica, construção civil, eletroeletrônica entre outros.

2.4.2 Metais

Os metais têm muita importância no cotidiano, se fazem presente em muitos instrumentos que utilizamos. Consideram-se elementos de grande durabilidade, e 100% reciclável. Se descartados na natureza de forma incorreta, seu tempo de decomposição pode durar séculos.

O metal pode ser caracterizado pelo brilho, opacidade, condutibilidade térmica e elétrica, dureza entre outros, além de suas características químicas. Encontram-se na natureza em estado livre ou como compostos, muitas vezes concentram-se em jazidas (BAUER, 1994).

São compostos por um ou mais elementos metálicos e podem também conter elementos não metálicos. Os metálicos são o aço, cobre, alumínio, níquel e titânio. Os não metálicos apresentam-se como nitrogênio, oxigênio e carbono, porém podem estar presentes em materiais metálicos (UNICAMP, 2018).

Dentro da construção civil, utiliza-se alguns tipos de metais, principalmente por ser um material reciclável e de grande abundância como matéria prima. Assim, metais como o aço e alumínio são muito presentes nessa área. Mesmo reciclado, não perde suas propriedades, como dureza, ductibilidade e versatilidade. Por isso sua reciclagem é de grande importância para os setores industriais.

2.4.3 Vidros

O vidro caracteriza-se como um material versátil, que pode ser obtido de diversas formas, tamanhos e cores. “O vidro é um material classificado como cerâmico, constituído basicamente de sílica, resistindo bem à ruptura e à deformação elástica [...]” (OLIVEIRA et al., 2012 p.1). Este material possui três importantes qualidades que se diferenciam dos demais materiais, sendo 100% reciclável, retornável e reutilizável, além de resistir às temperaturas

Referências

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