• Nenhum resultado encontrado

CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS"

Copied!
63
0
0

Texto

(1)

CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS

CURSO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

Missão: “Formar Profissionais capacitados, socialmente responsáveis e aptos a

pro-moverem as transformações futuras”

GESTÃO DE RECEBIMENTO, PROCESSAMENTO E DESTINAÇÃO

DE EMBALAGENS VAZIAS DE AGROTÓXICOS,

NO OESTE PARANAENSE NO PERÍODO DE 2014 – 2018.

JAQUELINE KRACKEKER CRUZ DA SILVA

Foz do Iguaçu - PR

2019

(2)

GESTÃO DE RECEBIMENTO, PROCESSAMENTO E DESTINAÇÃO

DE EMBALAGENS VAZIAS DE AGROTÓXICOS,

NO OESTE PARANAENSE NO PERÍODO DE 2014 – 2018.

Trabalho Final de Graduação, apresentado ao corpo docente do Centro Universitário Dinâ-mica das Cataratas e banca avaliadora, como requisito de avaliação da disciplina de Traba-lho de Conclusão de Curso (TCC II), do Curso de Agronomia.

Orietnadora: Dra. Elisangela Ferruci Carolino Co-Orientador: Me. João Carlos Benatto

Foz do Iguaçu - PR

2019

(3)

S586g Silva, Jaqueline Krackeker Cruz da

Gestão de Recebimento, Processamento e Destinação de Emba-lagens Vazias de Agrotóxicos, no Oeste Paranaense no Período de

2014 – 2018. / Jaqueline Krackeker Cruz da Silva - Foz do Iguaçu: UDC / 2019

Orientador: Me. João Carlos Benatto Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) Centro Universitário Dinâmica das Cataratas

1. Agrotóxicos. 2.Contaminação Agrícola. 3.Logística Re-versa.

CDU:631

(4)

TERMO DE APROVAÇÃO

CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS

GESTÃO DE RECEBIMENTO, PROCESSAMENTO E DESTINAÇÃO DE EMBALA-GENS VAZIAS DE AGROTÓXICOS, NO OESTE PARANAENSE NO PERÍODO DE

2014 – 2018.

TRABALHO FINAL DE CONCLUSÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHA-REL EM CURSO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

_________ Nota Final

Banca Examinadora:

(5)

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus filhos Izabel e Olga, que está por vir. Pela paciência, desa-pego e compreensão. Vocês fazem de mim uma pessoa melhor.

(6)

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar à Deus, que me permitiu chegar ao final desta etapa com

alguns livramentos e sempre me conduziu no caminho da amizade, amor e

dedica-ção.

À minha família, que sempre me apoiou e buscou entendimento e incentivo

para que eu chegasse até aqui.

Aos meus amigos e colegas pela força e compreensão. Aos amigos da União

Dinâmica das Cataratas e professores, que estiveram sempre comigo nessa longa

jornada.

À ACCO – Associação dos Comerciantes de Agroquímicos da Costa Oeste,

pela oportunidade de aquisição de experiência prática.

Em especial à, Elisangela Ferruci Carolino e João Carlos Benatto;

Pela dedicação e excelente orientação.

À todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste

(7)

EPÍGRAFE

“Se seu plano é para um ano, plante arroz. Se seu plano é para dez anos, plante árvores. Se seu plano for para cem anos ou mais, edu-que as crianças”.

(8)

SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES 08

LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E SIGLAS 09

RESUMO 11 ABSTRACT 12 1 INTRODUÇÃO 13 1.1 OBJETIVOS 14 1.2.1 Objetivo Geral 14 1.2.2 Objetivos Específicos 14 2 REFERENCIAL TEÓRICO 16 2.1 O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO 16 2.2 USO DE AGROTÓXICOS 17

2.3 PROBLEMAS DE SAUDE DO TRABALHADOR RURAL E

DANO AMBIENTAL 21

2.3.1 Dano Ambiental 24

2.4 LOGÍSTICA REVERSA 26

2.5 SISTEMA CAMPO LIMPO 30

3 MATERIAL E MÉTODOS 36

3.1 CARACTERIZAÇÃO E HISTÓRICO DA EMPRESA 36

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 38

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 39

4.1 DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE 39

4.2 DEVOLUÇÕES TOTAIS E ANUAIS DE EMBALAGENS VAZIAS

REALIZADAS PELOS AGRICULTORES 43

4.3 SAZONALIDADE DA DEVOLUÇÃO DE EMBALAGENS VAZIAS 45 4.4 QUANTIDADE DEVOLVIDA DE EMBALAGENS VAZIAS CONTAMINADAS

E LAVADAS 46

4.5 MUNICÍPIOS DE MAIOR EXPRESSÃO EM DEVOLUÇÃO DE

EMBALAGENS VAZIAS DE AGROTÓXICOS 50

4.6 QUANTIDADE DE EMBALAGENS VAZIAS DE AGROTÓXICOS USADAS/ GERADAS POR HECTARE NOS MUNICÍPIOS DE ABRANGÊNCIA DA

(9)

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 54

(10)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 01: Devolução de Embalagens Vazias por Região do Brasil 33

Figura 02: Área de Devolução de Embalagens Vazias por Central no Paraná 33

Figura 03: Área Administrativa, Vestiários e Escritório 37

Figura 04: Barracões de Processamento de Embalagens, Estoque e Embalagens Contaminadas 37

Figura 05: Padrão de Classificação de Embalagens Vazias de Agrotóxicos 40

Figura 06: Estoque de Embalagens Processadas 41

Figura 07: Variação Anual da Devolução de Embalagens Vazias 44

Figura 08: Volume Mensal de Devolução de Embalagens Vazias 45

Figura 09: Média Mensal de Devolução de Embalagens Vazias 46

Figura 10: Devolução Anual por Material – Maiores Volumes 47

Figura 11: Devolução Anual por Material – Menores Volumes 48

Figura 12: Destinação das Embalagens Vazias de Agrotóxicos 49 Figura 13: Municípios de Maior Expressão em Devolução de Embalagens 50

(11)

LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACCO Associação dos Comerciantes de Agroquímicos da Costa Oeste ADAPAR Agência de Defesa Agropecuária do Paraná

ANDAV Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veteri nários

COEX Coextrusão

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente CS Concentrado Solúvel

DATASUS Departamento de Informática do SUS EC Concentrado Emulsionável

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EPI Equipamento de Proteção Individual

EW Emulsão

FAO Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz

HA Hectare

HDPE High Density Polyethylene IAP Instituto Ambiental do Paraná

IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis INPEV Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias

IPAGUAS Instituto das Águas do Paraná

IPARDES Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social Kg Kilograma

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MMA Ministério do Meio Ambiente

MS Ministério da Saude

NBR Norma Brasileira Regulamentadora PAPE Poliamida Polietileno

PE Polietileno

(12)

PIB Produto Interno Bruto

PND Plano Nacional de Desenvolvimento PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos POP Procedimento Operacional Padrão PP Polipropileno

PR Paraná

SC Suspensão Concentrada

SIC Sistema de Informações das Centrais SP Pó Solúvel

SUS Sistema Único de Saude

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

TRT 4 Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região US$ Dólares

(13)

SILVA, Jaqueline Krackeker Cruz. Gestão de Recebimento, Processamento e Des-tinação de Embalagens Vazias de Agrotóxicos, no Oeste Paranaense no Período de 2014 – 2018. Foz do Iguaçu, 2019. Trabalho Final de Graduação – Centro Univer-sitário Dinâmica das Cataratas.

RESUMO

O objetivo geral do presente estudo foi analisar a gestão da cadeia de logística reversa de destinação de embalagens vazias de agrotóxicos da Central Regional de Recebi-mento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos da Associação dos Comerciantes de Agroquímicos da Costa Oeste (ACCO), localizada no município de Santa Terezinha de Itaipu, no período entre 2014 a 2018. Os objetivos específicos foram analisar e discutir as devoluções totais e anuais de embalagens vazias realizadas pelos agricul-tores; verificar e interpretar a sazonalidade dessas devoluções; mensurar a quanti-dade devolvida de embalagens vazias contaminadas e lavadas; comparar os municí-pios de maior expressão na devolução e contrastar a quantidade de embalagens va-zias de agrotóxicos usadas/geradas por hectare nos municípios de abrangência da ACCO. Para atingir os objetivos propostos, os dados de devoluções anuais, a sazo-nalidade das devoluções, a quantidade de embalagens devolvidas contaminadas e lavadas, os municípios de maior expressão em devoluções e a geração de embala-gens por área de plantio na região foram obtidos a partir de informações documentais da Central Regional de Recebimento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos ACCO, sendo analisados utilizando técnicas estáticas. Constatou-se que o Paraná possui um dos índices de devolução de embalagens vazias mais elevados do país. No período de 2014 a 2018, a devolução de embalagens vazias de agrotóxicos cresceu 9,3%, constatando aproximadamente 235 toneladas de embalagens por ano. Os meses de março a junho e novembro são nos quais ocorre a maior devolução de embalagens. No Paraná, aproximadamente 98% das embalagens vazias de agrotóxicos comercia-lizadas tiveram destino final ambientalmente adequado. São Miguel do Iguaçu e Santa Helena foram os municípios com maior volume de devolução de embalagens por hec-tare, com média de 50 e 39 toneladas por ano, respectivamente. A geração de emba-lagens vazias é muito variada em toda a região, influenciada pelo fato de os municípios serem lindeiros ao Lago de Itaipu ou limitantes com o Parque Nacional do Iguaçu, ou ainda com muita ocupação indígena, o que pode restringir o uso dos agrotóxicos. Por-tanto, conclui-se que a logística reversa de embalagens vazias de agrotóxicos, que vem sendo realizada pela ACCO, é um fator muito importante para a região, pois as embalagens são destinadas adequadamente, trazendo inúmeros benefícios para o meio ambiente, bem como para a população em geral.

(14)

SILVA, Jaqueline Krackeker Cruz. Management of Receipt, Processing and Dis-posal of Empty Pesticide Packaging in the West of Paraná in the period from 2014 to 2018. Foz do Iguaçu, 2019. Graduation Final Work – Dynamic University Cen-ter of the Falls.

ABSTRACT

He general objective of the present study was to analyze the management of the re-verse logistics chain for the disposal of empty agrochemical containers of the Regional Center for Receipt of Empty Packaging of Agrochemicals of the Association of Traders of Agrochemicals of the West Coast (ACCO), located in the municipality of Santa Te-rezinha de Itaipu, between 2014 and 2018. The specific objectives were to analyze and discuss the total and annual discards of empty containers made by farmers; verify and interpret the seasonality of such discards; measure the returned quantity of con-taminated and washed empty containers; to compare the municipalities with the high-est expression in the return and to contrast the amount of empty agrochemical con-tainers used / generated per hectare in the municipalities covered by ACCO. In order to achieve the proposed objectives, the annual returns data, the seasonality of the returns, the quantity of contaminated and washed returned packages, the municipali-ties with the greatest expression in discards and the generation of packages per plant-ing area in the region were obtained from information documentaries of the Regional Center of Receipt of Empty Packages of Agrochemicals ACCO, being analyzed using static techniques. It was verified that the Paraná has one of the indices of return of empty containers higher of the country. In the period from 2014 to 2018, the return of empty containers of agrochemicals grew by 9.3%, recording approximately 235 tons of packaging per year. The months from March to June and November are in which the largest return of packaging occurs. In Paraná, approximately 98% of the empty agrochemical containers marketed had an environmentally appropriate final destina-tion. São Miguel do Iguaçu and Santa Helena were the municipalities with the highest volume of return of containers per hectare, with an average of 50 and 39 tons per year, respectively. The generation of empty containers is very varied throughout the region, influenced by the fact that the municipalities are bordering on Lake Itaipu or limiting the National Park of Iguaçu, or even with a lot of indigenous occupation, which may restrict the use of pesticides. Therefore, it is concluded that the reverse logistics of empty agrochemical packaging, which is being carried out by ACCO, is a very important factor for the region, since the packaging is destined properly, bringing numerous benefits for the environment, as well as for the population.

(15)

1 INTRODUÇÃO

Segundo Marchese (2013), o aumento da população humana é um fator que gera um consumo desenfreado das reservas naturais do planeta há décadas. Com o aumento na demanda por bens de consumo para sobrevivência, houve a aceleração do consumo das matérias primas utilizadas nos diferentes processos industriais.

Ao mesmo tempo que é necessário buscar novas tecnologias para a produção, é imprescindível que se busque alternativas para a durabilidade dos recursos naturais, fonte de matéria prima, a fim de que seja possível deixar para as gerações futuras um planeta que tenha condições de promover o suporte à vida. A produção agrícola tem um desafio muito grande que é produzir com sustentabilidade, e realizar a logística reversa das embalagens vazias, a qual pode ser considerada um ponto muito impor-tante neste processo (PELAEZ; TERRA; SILVA, 2018).

A geração de embalagens vazias de defensivos agrícolas é resultado das ativi-dades agrícolas e agropecuárias. Dentre os produtos utilizados nestas ativiativi-dades es-tão herbicidas, inseticidas, e fungicidas, entre outros de menor número expressivo no mercado (COMETTI, 2009).

Conforme Lacerda (2018), as empresas não podem mais jogar fora seus resí-duos, elas devem então encontrar uma alternativa de destinação ambientalmente cor-reta, tendo em vista que os clientes hoje valorizam as empresas que possuem res-ponsabilidade ambiental. Dessa necessidade surgiu a logística reversa.

Albuquerque (2010) ainda relata que, dentro da conjuntura econômica, ambi-ental e social, esse novo modelo vem contribuir para o reaproveitamento das embala-gens e materiais após serem utilizados, suavizando os danos causados ao meio am-biente e proporcionando valor econômico, legal, logístico, ambiental e de imagem cor-porativa às empresas.

A destinação final das embalagens vazias de agrotóxicos é um procedimento complexo que requer a participação efetiva de todos os agentes envolvidos na fabri-cação, comercialização, utilização, licenciamento, fiscalização e monitoramento das atividades relacionadas com o manuseio, transporte, armazenamento e processa-mento dessas embalagens. A logística reversa é um tema que está em pauta nas corporações, tendo em vista o fator socioambiental, que passa a ter um peso cada vez mais significativo no marketing (ANDAV, 2018).

(16)

As embalagens vazias de agrotóxicos são com certa frequência colocadas em locais impróprios, por isso, tornam-se perigosas para o homem, os animais e o meio ambiente (solo, ar e água), quando descartadas incorretamente. Elas são fontes de contaminação de nascentes, córregos, rios e mananciais de água que abastecem tanto propriedades rurais, quanto as cidades. Além disso, algumas pessoas reutilizam embalagens para armazenar alimentos e ração de animais (INPEV, 2018).

A gestão implica em um conjunto de ações coordenadas, compreendendo as-pectos estruturais, gerenciais do produto, processo e organizacional. Sendo assim ,os dados sobre o levantamento do Recebimento, processamento e destinação de Emba-lagens Vazias de Defensivos Agrícolas será realizado na Unidade Central Regional de Recebimento de Embalagens Vazias de Defensivos Agrícolas da ACCO – Associ-ação dos Comerciantes de Agroquímicos da Costa Oeste, localizada na Estrada para Escola Agrícola Meu Cantinho, s/nº, Linha Três Fazendas, Zona Rural, no município de Santa Terezinha de Itaipu – PR.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1Objetivo Geral

Analisar a gestão da cadeia de logística reversa de destinação de embalagens vazias de agrotóxicos da Central Regional de Recebimento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos do município de Santa Terezinha de Itaipu, no período entre 2014 a 2018.

1.1.2 Objetivos Específicos

• Analisar e discutir as devoluções totais e anuais de embalagens vazias realiza-das pelos agricultores.

(17)

• Mensurara quantidade devolvida de embalagens vazias contaminadas e lava-das.

• Comparar os municípios de maior expressão em devolução de Embalagens Vazias de Agrotóxicos.

• Contrastar a quantidade de embalagens vazias de agrotóxicos usadas/geradas por hectare nos municípios de abrangência da ACCO.

(18)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 O AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

O agronegócio corresponde à diversas atividades ligadas à produção agrícola. Enquanto a crise econômica atingiu muitos setores, o agronegócio continua na lide-rança de geração de riquezas para o país. Ribeiro (2019), explana que o setor agrícola corresponde à 26% do Produto Interno Bruto (PIB) e é considerado o setor mais pro-dutivo do país. Ainda segundo o autor, um estudo da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) projeta que, até o ano de 2030, as produções serão aumentadas da seguinte forma: soja em 98%; milho em 83%, carne bovina em 34%, carne de frango em 55%, carne suína em 47%, entre outras. Isso demanda maior produção e produtividade de grãos que serve de alimento para os animais e seres humanos.

O Brasil tem sido apontado frequentemente como um dos maiores produtores de alimentos do mundo. É o país com maior capacidade de aumento de produção e produtividade, devido à sua área ainda não agricultada. Diversos fatores têm contri-buído para que o país desponte entre os mais promissores para a produção mundial de commodities, como pesquisa, extensão, diversidade de culturas, investimentos em tecnologia, clima, extensão territorial, e também a capacidade empreendedora da classe agrícola no país. Atualmente o Brasil exporta anualmente mais de 40 bilhões de dólares em produtos do agronegócio, como café, soja, suco de laranja, milho, açú-car, frango e carne (MAPA, 2019). A produção de grãos no Brasil, para a safra 2017/2018 foi estimada em 230 milhões de toneladas, com área plantada prevista em 61,38 milhões de hectares (CONAB, 2019).

A soja é o produto que alavancou o crescimento da agricultura brasileira, sendo o segundo maior produtor mundial e o maior exportador do grão e seus subprodutos. É muito utilizada em alimentação animal e na fabricação de biodiesel (LANDGRAF, 2019). No Brasil são produzidas 117 milhões de toneladas do grão, com área plantada de 35,10 milhões de hectares e com produtividade média de 3.333 Kg/ha, o que tem aumentado ano a ano pelas pesquisas e investimentos na cultura. A exportação do grão representa 68,1 milhões de toneladas e 25,7 bilhões de dólares. Com a

(19)

divulgação em 2018 de taxação da soja americana pela China, os preços nacionais estão em alta cotação e se mantido em sustentação. Isso gera uma expectativa de aumento das exportações da soja brasileira, e aumento do consumo interno devida à produção de biodiesel com o grão (EMBRAPA, 2019).

Os estudos, pesquisas e investimentos em tecnologia merecem destaque pois tornaram a cultura do milho mais tecnológica. Foi estimada a produção de 88 milhões de toneladas nas duas safras no Brasil, plantando 16,4 milhões de hectares, tendo uma redução de 7,7% de área plantada em relação à safra anterior. Mesmo tendo consumo alto e bastante exportações, esses números conseguem manter os estoques confortáveis para atendimento de demanda interna de milho (CONAB, 2019).

Contudo, a expansão e o crescimento da produtividade na agricultura estão diretamente ligados ao aumento do consumo de agrotóxicos no país, o qual é classi-ficado desde 2008 como maior consumidor de defensivos agrícolas do mundo (LA-BORSOLO, 2018).

2.2 USO DE AGROTÓXICOS

Agrotóxicos são os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, armazenamento e beneficia-mento de produtos agrícolas, pastagens, proteção de florestas, nativas ou implanta-das e outros ecossistemas, e ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos. Também podem se classificar como substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento. Além disso, podem ser componentes, como os princípios ativos, pro-dutos técnicos, suas matérias-primas, ingredientes inertes e aditivos usados na fabri-cação de agrotóxicos e afins(BRASIL, 1989).

Os agrotóxicos são moléculas sintetizadas utilizadas para afetar determinadas reações bioquímicas de insetos, micro-organismos, animais e plantas que se quer controlar ou eliminar. Agrotóxicos, como produtos formulados, são obtidos a partir de produtos técnicos ou de pré-misturas. Produtos técnicos, por sua vez, têm na sua

(20)

composição teor definido de ingredientes (ou princípios) ativos e de impurezas, po-dendo conter ainda estabilizantes e produtos relacionados (GOTTEMS, 2019).

Ribeiro (2019) descreve que há várias formulações de agrotóxicos, porá apli-cações em pequenas quantidades, para facilitar a dosagem, ou mesmo para conceder maior eficácia ao produto, sendo as mais utilizadas as seguintes:

a) Concentrado emulsionável (EC): Formulação líquida, mais comum. Quando o ingrediente ativo é dissolvido em água, forma uma emulsão espontânea, proporcionando aplicação uniforme e precisa;

b) Suspensão Concentrada (SC): Formulação líquida com o ingrediente ativo disperso em água. Possui facilidade de uso e ótima eficácia;

c) Concentrado Solúvel (CS): O ingrediente ativo é dissolvido em água; d) Pó Solúvel (SP): Formulação sólida, onde o ingrediente ativo é solúvel em

água;

e) Granulado Dispersível (WG): Formulação sólida granulada com alto teor de ingrediente ativo. Contém agentes dispersantes que garantem a dispersão no momento da aplicação do produto;

f) Emulsão (EW): Formulação líquida, é composta de duas fases, uma aquosa e outra orgânica, estabilizadas em uma única fase pela ação de agentes emulsificantes.

De acordo com a especificação de sua ação tóxica, Ribeiro (2019) cita que os agrotóxicos podem ser classificados como:

a) Inseticidas: quando combatem as pragas, matando-as por contato e inges-tão;

b) Fungicidas: quando agem sobre os fungos impedindo a germinação, colo-nização ou erradicando o patógeno dos tecidos das plantas;

c) Herbicidas: quando agem sobre as ervas daninhas seja pré-emergência como pós-emergência;

d) Acaricidas: quando eliminam os acarinos;

e) Nematicidas: quando eliminam os nematoides do solo; f) Moluscicidas: quando controlam lesmas;

g) Raticidas: quando agem sobre os ratos; h) Bactericidas: quando controlam as bactérias

De acordo com Rangel, Rosa e Sarcinelli (2011) o início do uso de agrotóxicos no Brasil se deu no período das décadas de 60 e 70 com a utilização em controle de

(21)

vetores nas áreas de saúde pública. Na agricultura passaram a cada vez mais serem utilizados à medida que se desenvolveram equipamentos e agroquímicos direciona-dos ao processo de produção, período este chamado de revolução verde. Se por um lado à utilização de agrotóxicos favoreceu a intensificação da produção de alimentos seus efeitos se fazem sentir cada vez mais na saúde humana e no meio ambiente. O uso indiscriminado que vem ocorrendo nas últimas décadas, apesar de seus efeitos benéficos em termos de ganhos produtivos tem trazido grandes prejuízos e efeitos indesejáveis à saúde humana e do meio ambiente.

Em 1975, o Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), responsável pela aber-tura do mercado brasileiro ao comércio de agrotóxicos, impôs quase como uma obri-gação ao agricultor a compra destes produtos, ao instituir uma cota para agrotóxicos nos financiamentos com recursos do crédito rural. Tal condicionamento, associado a uma forte propaganda dos fabricantes, fez com que o uso dos agrotóxicos fosse im-pulsionado, tornando o país um dos maiores consumidores do mundo. Em 2011 o consumo no Brasil atingia cerca de 853 milhões de litros/ano (FOLGADO, 2018).

O setor do agronegócio tem grande importância para a economia do Brasil. Em momentos de crise como a ocorrida no país em 2015, onde muitos setores diminuíram o ritmo de desenvolvimento, o agronegócio mostrou-se vital para a economia, alcan-çando o recorde histórico na balança comercial (REVISTA AGROBRASIL, 2016).

O setor é parte do processo de evolução e diversificação da indústria química. Trata-se de uma área expressiva no mercado, as vendas de defensivos agrícolas no país saltaram de pouco mais de US$ 2 bilhões para mais de US$ 7 bilhões entre 2001 e 2008, quando o Brasil alcança a posição de maior consumidor mundial de defensi-vos agrícolas. Foram 986,5 mil toneladas aplicados de produtos. Em 2009 o consumo ultrapassou a marca de 1 milhão de toneladas. Já em 2010 o faturamento do setor foi de: US$ 7,2 bilhões, 9% a mais que o ano anterior (LONDRES; MONTEIRO, 2011).

O mercado de produção de defensivos agrícolas no Brasil, tem características, que para o IBAMA, são de oligopólio: em 2017, de acordo com o último levantamento do histórico de comercialização de químicos e Biológicos, realizado pelo IBAMA (Ins-tituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis), as vendas no Brasil aumentaram de 362.662 toneladas de agroquímicos comercializadas em 2010 para 540.000 toneladas de agroquímicos comercializadas em 2017. Isso significa um aumento de 49% em sete anos, sendo que a região sul do Brasil comercializou 30% deste volume no ano de 2017. Aprodução nacional aumentou em média 13% ao ano,

(22)

nos últimos 20 anos de levantamento. Atualmente são 126 empresas detentoras de registros de agroquímicos no país, com produtos contendo 329 princípios ativos (IBAMA, 2019).

O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos, e também é o maior con-sumidor mundial de agrotóxicos. Para proteger o meio ambiente e a saúde humana desses agroquímicos, houve no Brasil a necessidade de legislação específica nesse novo contexto de produtividade (PIGNATI et al, 2013).

A Lei de Agrotóxicos e afins (Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989), define os agrotóxicos e afins e também dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a pro-paganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resí-duos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências, e ainda o decreto Nº 4.074 de 04 de janeiro de 2002 que a regulamenta (MAPA, 2019).

Neste sentido, o Decreto nº 4.074, estabelece as competências para os três órgãos envolvidos no registro de agrotóxicos: Ministério da Saúde (MS), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e Ministério do Meio Ambiente (MMA), por meio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) (MAPA, 2019).

Além da legislação federal existente referente ao tema a Lei Estadual Nº 7.827/83, que dispõe sobre a distribuição e comercialização dos agrotóxicos e outros biocidas no território do Paraná e o Decreto Estadual Nº 3.876/84 que a regulamenta, também constitui importante dispositivo legal para regular o comércio e uso dos agro-tóxicos (ADAPAR, 2019).

Conforme Leite (2010), o setor agrícola é muito visado, principalmente porque influencia nos aspectos de saúde pública e de meio ambiente, mas é o setor que salva economicamente os índices de desenvolvimento do país. Conhecer números regio-nais expõe uma ideia de como o processo está tendo o retorno esperado ou não. Leite (2010) também pondera que, atualmente é impossível ignorar o impacto da logística reversa nas operações empresariais e tratá-las com indiferença pode constituir risco à imagem e à reputação da empresa perante a sociedade. O setor escolhido para a realização da pesquisa se justifica, pois atualmente “[...] o agronegócio é o coração e, simultaneamente o pulmão da economia do Brasil [...]” (REVISTA AGROBRASIL, 2014).

(23)

Conforme Abreu e Alonzo (2016), grandes e pequenas propriedades utilizam os produtos agrotóxicos nas suas produções. Isso acontece pois não há mais como controlar tantas plantas daninhas, pragas e doenças com métodos caseiros e mecâ-nicos. A resistência obtida pelas pragas ao longo dos anos inviabiliza técnicas arcai-cas, mesmo nas pequenas propriedades.

2.3 PROBLEMAS DE SAÚDE DO TRABALHADOR RURAL E DANO AMBIENTAL

Os elevados riscos envolvidos na utilização de agrotóxicos é fato preocupante na cadeia produtiva. O próprio setor comercial dos agrotóxicos expõe muitas restri-ções desde a compra, transporte, armazenamento e manipulação dos produtos nas propriedades. Quando o agricultor compra o produto, neste momento é definida a to-xicidade do agrotóxico a ser utilizado, seguindo recomendações do Engenheiro Agrô-nomo através do Receituário Agronômico (LENCIONI, 2019). Em 2017, no estado do Paraná foram emitidas mais de 3 milhões de receitas Agronômicas (ADAPAR, 2019). Segundo Abreu e Alonzo (2016) no preparo da calda de agrotóxicos para a aplicação na lavoura, realizado na propriedade rural, acarreta a riscos elevados de exposição e intoxicação. Neste momento pode haver contato do produto com o traba-lhador e causar possíveis intoxicações agudas ou danos futuros. Neste momento são evidenciados inúmeros fatores que agravam ainda mais a ocorrência de mau uso dos produtos, como a falta de um local adequado para preparo da calda de pulverização, água de baixa qualidade, falta de uso ou uso inadequado de Equipamentos de Prote-ção Individual, aplicaProte-ção em condições climáticas inadequadas, como chuva ou vento, ou ainda a necessidade de aplicações extras, elevando o tempo de exposição do agri-cultor, ou até mesmo o não seguimento das recomendações técnicas.

Segundo o DataSus, banco de dados do Sistema Único de Saúde (SUS), mor-rem, em média, 790 pessoas por ano no Brasil intoxicadas por agrotóxicos. Entretanto, é provável que a realidade seja ainda mais grave: estima-se que, para cada caso no-tificado, 50 casos não foram informados. Muitos casos de intoxicação por agrotóxico não são notificados ou são registrados como acidentes domésticos. O câncer é a do-ença mais grave relacionada com o uso ou exposição aos agrotóxicos, além dele há registros de problemas de infertilidade, doença de Alzheimer e danos em órgãos vitais,

(24)

como fígado e nos rins. Problemas neurológicos em crianças e má formação de bebês também são detectados. Os trabalhadores expostos aos agrotóxicos também têm maior chance de morte por suicídio (TRT4, 2019).

Os agrotóxicos constituem um problema de saúde pública e ambiental que se apresenta na forma de desafio a ser superado, especialmente nos países onde seu uso é crescente, como no Brasil. O país passou a ocupar o posto de maior mercado mundial de agrotóxicos, ao ultrapassar os Estados Unidos, no ano de 2008 (FOL-GADO, 2018).

Rangel; Rosa e Sarcinelli (2011) expõem que depois da exposição ocupacional as principais fontes de exposição humana aos agrotóxicos são as ambientais, uma vez que estes produtos têm a capacidade de acumular-se no ar, água e solo, podendo, portanto, ter potencial de causar danos no decorrer do tempo. Desta forma, pessoas podem estar expostas a níveis excessivos de agrotóxicos durante o trabalho e por meio da alimentação, contato com solos, água ou ar. Além destas vias de contamina-ção, os autores ainda destacam ainda que podem ocorrer contaminação das águas subterrâneas, lagos, rios e outros corpos de água, além de peixes e outras fontes de suprimentos vitais para o bem estar humano.

O que é necessário, é o uso intensivo de tecnologias para que o agricultor não seja exposto desnecessariamente ao uso indiscriminado dos agrotóxicos. Os agricul-tores brasileiros têm diferentes níveis de conhecimento, sendo o mais baixo obser-vado em pequenas propriedades ou propriedades de agricultura familiar, mas em ne-nhum nível de conhecimento, há agricultores que se dizem confortáveis com o uso dos EPI’s, seja por calor acumulado, por restrição de movimentos ou por outros moti-vos (TRT4, 2019).

Para Pelaez; Terra e Silva (2009), o que se torna mais necessário nesse mo-mento é a conscientização do agricultor para o uso correto e ininterrupto do EPI nas aplicações agrícolas, o que pode garantir melhor qualidade de vida e evitar vários danos à saúde dos envolvidos. Uma grande preocupação constante é com a lavagem dos EPI’s utilizados pelos aplicadores. Devem ser lavados em local separado das rou-pas de uso cotidiano, com sabão neutro e secos à sombra, além disso, devem ser lavados por no máximo de 30 vezes, conforme o fabricante, para sua maior durabili-dade e proteção. Orienta-se também que após as aplicações, deve ser tomado banho frio para que os poros da pele sejam fechados e não ocorra absorção de resíduos das aplicações.

(25)

Segundo Rangel; Rosa e Sarcinelli (2011), estudos mostram que os agrotóxi-cos constituem um problema de saúde pública e ambiental que se apresenta na forma de desafio a ser superado, especialmente nos países onde seu uso é crescente, como no Brasil. As névoas de agrotóxicos chamadas de “deriva”, atingem não só o alvo que é a lavoura, mas indiretamente o ar, solo, água, os animais do entorno dessas lavou-ras e a população da região de aplicação.

Para Palma, vários estudos têm mostrado relação da exposição aos agrotóxi-cos e agravos à saúde humana. Verificou-se a presença de substâncias do grupo químico dos organoclorados em mulheres que se tratavam contra infertilidade e que espontaneamente engravidaram. Conforme o mesmo autor, esses estudos revelam dados preocupantes, visto que os pesticidas organoclorados ainda são encontrados em altos níveis nos recursos hídricos, mesmo com o seu banimento na década de oitenta, demonstrando sua elevada persistência no meio ambiente e o quanto ainda podem causar danos à saúde humana, à flora e a fauna. Os estudos apontam efeitos deletérios à saúde humana causados pelos pesticidas presentes no leite materno, en-tre eles destacam-se as alterações no desenvolvimento, como disfunções do sistema nervoso, reprodutor e endócrino (PALMA, 2011).

A diferença entre a população rural mais exposta a agrotóxicos que a urbana, é evidenciada no estudo de Cremonese et al. (2012) que verificou taxas de mortali-dade infantil por malformação do sistema nervoso central e malformação congênita. Este estudo foi realizado com dados secundários de populações exposta a agrotóxi-cos nas regiões sul e sudeste do Brasil. Os resultados das correlações foram positivos entre o consumo per capita de agrotóxicos e as taxas de mortalidade com os dois tipos de malformações. Esses resultados ainda mostram que essa taxa foi observada em regiões rurais e não urbanas.

Oliveira (2008) realizou uma revisão sistemática para verificar se a exposição aos agrotóxicos eleva o risco de distúrbios psiquiátricos e comportamento suicida em trabalhadores rurais que residem nessas áreas. Os resultados mostraram que risco de depressão e outros distúrbios psiquiátricos aumentaram, quando associados a in-toxicação por agrotóxicos. As taxas de suicídios, também aumentaram em áreas com intenso uso de agrotóxicos. O trabalho na agricultura também está associado com aumento do risco de suicídios quando comparado com outras ocupações.

As áreas indígenas, mesmo quando não são atingidas dentro de seus limites, o seu entorno é fragilizado por empreendimentos públicos, privados e pela expansão

(26)

urbana. Essas modificações impactam tanto quanto a pressão direta, comprometendo rios e nascentes, vegetação e a dinâmica da fauna (impactando na fonte de alimenta-ção por caça e causando altos índices de desnutrialimenta-ção humana) (OLIVEIRA, 2008).

Para os piretróides, sua ação é no Sistema Nervoso Central e periférico. A ab-sorção por via oral é rápida, por inalação pode causar irritação de vias aéreas e rea-ções de hipersensibilidade. A exposição a essa substância pode ocasionar irritação nos olhos e na pele, além de ter atividade potencialmente carcinogênica, neurotóxica, agir como disruptor endócrino, e causar efeitos de reprodução e desenvolvimento. Em mamíferos sua metabolização é rápida, não acumulando em tecidos e sua eliminação é pela urina. No ambiente tem moderada persistência no solo. Em animais é toxico em insetos aquáticos e extremamente tóxico para abelhas (CREMONESE et al. 2012).

2.3.1 Dano Ambiental

Vem sendo cada vez mais discutidos assuntos relacionados ao meio ambiente e um deles é a poluição, que tem seus níveis de crescimento visíveis em estragos causados de forma fragmentada quanto ao meio receptor, derivando em uma divisão de meio ambiente em ar, água e solo, ou atmosfera, hidrosfera e litosfera, não exis-tindo limites para sua expansão. Devido a isso, diversos artifícios estão sendo aper-feiçoados para a redução e o tratamento desses poluentes, bem como para o uso mais racional dos recursos ambientais (ALBUQUERQUE, 2010).

Para Lopes e Albuquerque (2018), há muitas publicações acerca do dano am-biental do uso dos agrotóxicos, causando prejuízos para ecossistemas, água, solo e peixes, alterando seu habitat natural. A contaminação da água pode afetar a flora e fauna aquática. Além disso, alguns peixes que tiveram contato com os agrotóxicos carregam a contaminação até a mesa das pessoas. As abelhas sofrem bastante com os produtos agrotóxicos, pois interferem em suas habilidades de voo, além de que a população pode ser reduzida. Conforme os mesmos autores, as frutas e verduras também são alvo de estudos de concentração de agrotóxicos, sendo bem comum es-tudos que encontram quantidade acima do permitido ou então produtos agrotóxicos não autorizados de uso para determinada cultura. Enfim, os impactos vão desde a alteração da composição do solo, água e ar, podendo ter interferência nos organismos

(27)

desses habitats, podendo alterar suas morfologias e funções dentro do seu ecossis-tema, o que pode interferir muito negativamente na saúde humana (LOPES; ALBU-QUERQUE, 2018).

Conforme Abreu e Alonzo (2016), a legislação que se refere ao meio ambiente evidencia o impacto criado pela imensa quantidade de geração de resíduos sólidos contra a natureza, este flagelo é causado pela crescente dificuldade de destinação adequada de resíduos, desde sua origem até o seu acondicionamento final. Para que esse impacto negativo seja amenizado, vários países têm elaborado leis rigorosas e trabalhado na sua difusão e principalmente na sua efetiva aplicação, visando minimi-zar o desequilíbrio ambiental através de alterações nas condições da oferta de reci-clados como matéria prima, produtos de mercado e sua destinação última adequada, quando não é possível seu reuso.

Segundo Lencioni (2019), o ganho atingido pelas ações ambientais alcançadas pela estruturação e prática da logística reversa resulta num valor ainda maior para a empresa, ou seja, a empresa é recompensada pela melhoria de sua imagem corpora-tiva, pois suas práticas apresentam que a corporação contribuiu para com a conser-vação do meio ambiente. Mas do contrário, a imagem das organizações também é muito prejudicada. Quando uma empresa comete algum dano ambiental, sua imagem é muito desgastada, e isso pode causar grandes perdas de mercado.

Um estudo da FIOCRUZ, demonstra que a fabricação e utilização de agrotóxi-cos legais e ilegais segue um índice crescente desde os últimos anos. Estima-se que 20% do mercado nacional de agrotóxicos é advindo de contrabando, sendo o Paraguai o país que mais envia agrotóxicos ilegais ao Brasil. Mas o uso dos agrotóxicos falsifi-cados também tem índices preocupantes, pois com o aumento da fiscalização nas fronteiras, as quadrilhas que antes contrabandeavam o agrotóxico ilegal, hoje o falsi-ficam, e ainda garantem mais lucratividade nessa atividade. Sem contar que os agro-tóxicos ilegais não têm a destinação de suas embalagens adequada, por serem pro-dutos advindos de crime (PORTELA; TOURINHO, 2019).

(28)

2.4 LOGÍSTICA REVERSA

“Logística reversa é um conceito que diz que as empresas responsáveis por colocar um produto no mercado também devem se responsabilizar pela forma como esse produto é descartado” (INPEV, 2018).

O conceito de logística reversa tem sofrido uma grande evolução nas últimas décadas, isso demonstra que sua abrangência também está mais ampla (ALBU-QUERQUE, 2010).

Área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as infor-mações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e pós- con-sumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, ou seja, é um agente ativo no pro-cesso de reciclagem dos produtos, além disso, agrega valores de recursos de reputa-ção como: econômico e ecológico (LEITE, 2010).

De acordo com Campos (2008), muitos gestores somente se preocupam com a logística reversa a partir do momento em que os resíduos são gerados e necessitam ser encaminhados para a reciclagem ou disposição final ambientalmente correta, con-tudo é uma estratégia para o desenvolvimento sustentável.

A responsabilização ambiental pós-consumo diz respeito à extensão do âmbito da responsabilidade civil ambiental, visando à prevenção e reparação de danos am-bientais causados pelos resultados de um dado processo produtivo que já tenha dei-xado à esfera do produtor ou fabricante por sua assimilação como produtos pelo mer-cado de consumo – e subsequente descarte pelo consumidor (BALASSIANO, 2018).

Para salientar, Hass e Monteiro (2010), mencionam que um bom Sistema de Gestão Ambiental necessita efetivamente das práticas fundamentais da logística re-versa. É essencial a minimização dos custos nas fontes, reciclagem de materiais e a destinação de resíduos, estas práticas são imperativas para que o desenvolvimento sustentável seja alcançado. Ainda a logística reversa em um Sistema de Gestão Am-biental deve auxiliar a empresa no aperfeiçoamento e superação, visando atuar dentro das exigências legais.

No ano de 2000, após grande apelo da sociedade, foi criada a Lei Federal nº 9974/2000, que determinou as responsabilidades entre todos os elos da cadeia agrí-cola quanto à logística reversa e o destino das embalagens vazias de agrotóxicos. Os elos da cadeia são: (INPEV, 2018)

(29)

a) Os agricultores, que devem utilizar o agrotóxico e fazer a tríplice lavagem ou lavagem sob pressão nas embalagens;

b) As empresas comerciantes, que devem disponibilizar local correto para a devolução das embalagens;

c) A indústria fabricante, que deve destinar as embalagens adequadamente; d) E o Poder Público, que deve ajudar na conscientização, educação e

fiscalização de todas as etapas dos processos preconizados na legislação. Em corroboração, Nagata eVieira, et al (2010), escrevem que o processo lo-gístico das embalagens, segue um cronograma básico, conforme abaixo:

Aos usuários dos agrotóxicos – agricultores:

• preparar as embalagens vazias para devolvê-las nas unidades de recebimento (embalagens rígidas laváveis: efetuar a lavagem das embalagens – tríplice lavagem ou lavagem sob pressão; embalagens rígidas não laváveis: mantê-las intactas, adequadamente tampadas e sem vazamento; embalagens flexíveis contaminadas: acondicioná-las em sacos plásticos padronizados);

• inutilizar a embalagem evitando seu reaproveitamento;

• armazenar, temporariamente, as embalagens vazias na propriedade em local adequado;

• transportar e devolver as embalagens vazias, com suas respectivas tampas, no estabelecimento onde foi adquirido o produto ou na unidade de recebimento indicada na nota fiscal, no prazo de até um ano contado da data de sua compra;

• manter em seu poder os comprovantes de entrega das embalagens e a nota fiscal de compra do produto por um ano.

Aos canais de distribuição, ou revendedores de agrotóxicos:

• dispor de local adequado para o recebimento e armazenamento temporário das embalagens vazias dos agricultores ou ser credenciado a uma unidade de recebimento;

• no ato da venda do produto, informar aos agricultores sobre os procedimentos de lavagem, acondicionamento, armazenamento, transporte e devolução das embalagens vazias;

• informar o endereço da unidade de recebimento de embalagens vazias para o usuário, desde que as condições de acesso não prejudiquem a devolução pelo agricultor;

(30)

• fazer constar, nos receituários que emitirem, as informações sobre destino final das embalagens;

• implementar, em colaboração com o poder público, programas educativos e mecanismos de controle e estímulo à lavagem das embalagens vazias de agrotóxicos e à devolução das mesmas;

• estabelecer parcerias entre si, ou com outras entidades, para a implantação e o gerenciamento das unidades de recebimento das embalagens vazias.

Aos fabricantes de agrotóxicos:

• providenciar o recolhimento, transporte e destinação final ambientalmente adequada das embalagens vazias, devolvidas pelos usuários aos estabelecimentos comerciais ou unidades de recebimento, no prazo de um ano a contar da data de devolução pelos agricultores;

• implementar, em colaboração com o poder público, programas educativos e mecanismos de controle e estímulo à lavagem e à devolução das embalagens vazias por parte dos usuários;

• alterar os modelos de rótulos e bulas para que constem neles informações sobre os procedimentos de lavagem, armazenamento, transporte, devolução e destinação final das embalagens vazias.

Ao poder público:

• fiscalizar o funcionamento do sistema de destinação final;

• emitir as licenças de funcionamento para as revendas e unidades de recebimento de acordo com os órgãos competentes de cada estado;

• apoiar os esforços de educação e conscientização do agricultor quanto às suas responsabilidades dentro do processo.

Segundo a referida legislação, Lei Federal nº 9974/2000, o agricultor tem até um ano, a partir da data da compra do defensivo agrícola para devolver sua embala-gem, que devem estar furadas, visando a inutilização, destampadas e acompanhadas de embalagens secundárias, se houver. Caso a devolução não ocorra no prazo, o produtor poderá sofrer sanções e penalidades legais dos órgãos fiscalizadores, que no Paraná são ADAPAR, IAP e IPAGUAS. A legislação não preconiza embalagens de produtos fertilizantes e adubos, bem como sacarias de sementes e embalagens de produtos de uso veterinário ou domissanitários.

Além dos autores acima citados, Albuquerque (2010) ainda menciona que a sociedade como um todo deve participar efetivamente em se tratando dos cuidados

(31)

com o nosso planeta, as embalagens de agroquímicos representam uma ameaça quando descartadas de forma incorreta. Portanto, se faz urgente que novas pesquisas e experiências sejam desenvolvidas e que se transformem em fonte de informação para a população que só poderá fiscalizar, consumir corretamente, protestar quando necessário, se possuir argumentos relevantes.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS (Lei nº 12.305/2010) tem como propósito contribuir de forma significativa para o gerenciamento eficaz de resíduos, introduzindo novos conceitos, sendo um deles a logística reversa. Destaca as diretri-zes relacionadas com a gestão integrada e quanto ao gerenciamento dos resíduos sólidos. Esta legislação vem ordenando a destinação de embalagens vazias de de-fensivos agrícolas sempre trouxe o conceito de responsabilidade compartilhada. O objetivo da responsabilidade compartilhada é reduzir a produção de resíduos sólidos e do desperdício de material, além da redução da poluição e danos ambientais. Visa também o estímulo do desenvolvimento de mercados, produção e consumo de pro-dutos derivados de materiais reciclados e recicláveis (MMA, 2019).

Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos é conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuido-res e comerciantes, dos consumidodistribuido-res e dos tituladistribuido-res dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sóli-dos e rejeitos gerasóli-dos, bem como para reduzir os impactos causasóli-dos à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos (MMA, 2019).

A PNRS surge para tentar minimizar o problema dos resíduos, uma vez que agora não apenas o governo, mas os produtores e até os consumidores são respon-sáveis pela destinação e tratamento correto do seu material obsoleto, através do pro-cesso de logística reversa. Entretanto, reconhece-se que muito ainda precisa ser feito para um adequado gerenciamento integrado de resíduos, o qual depende, dentre ou-tros fatores, da vontade política dos municípios, do aporte de recursos humanos e financeiros, da construção de instalações e aplicação de técnicas inovadoras e, so-bretudo, da participação cidadã e solidária e do controle social (SILVA; FAY, 2010).

Em seu artigo 33, a PNRS determina que os setores que precisam implementar e estruturar sistemas de logística reversa são os de agrotóxicos, seus resíduos e em-balagens, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes seus resíduos e emem-balagens, lâmpadas fluorescentes, de sódio, mercúrio e mistas, e produtos e componentes

(32)

eletrônicos. Os comerciantes devem ter sistema de coleta desses materiais e destinar aos fabricantes para destinação adequada (MMA, 2019).

No caso dos defensivos agrícolas, embora a PNRS contemple também o setor, uma legislação anterior – a Lei 9.974, do ano 2000 – já havia regulamentado a desti-nação das embalagens vazias, impulsionando a criação do INPEV. Por isso, o instituto teve grande importância nas discussões que levaram à sistematização da PNRS, sendo que o Sistema Campo Limpo serviu de exemplo de logística reversa que tem na base a responsabilidade compartilhada entre todos os envolvidos (INPEV, 2019).

Leite (2010), verificou que a Logística Reversa é uma oportunidade de transfor-mação de uma fonte importante de despesa em uma fonte de faturamento com a reciclagem das embalagens ou, pelo menos, de redução das despesas de incineração e disposição final, uma vez que, os custos de transporte são integrados entre os ca-minhões que distribuem o produto para os comerciantes e retorna com as embalagens vazias.

Para gerir todo esse processo no Brasil, foi criado o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (INPEV), instituição sem fins lucrativos que tem a finalidade de gestão autossustentável das embalagens vazias, integrando os elos da cadeia e representando a indústria fabricante quanto à destinação ambientalmente adequada (INPEV, 2018).

2.5 SISTEMA CAMPO LIMPO

O Sistema Campo Limpo, foi implantado no ano de 2000 no Brasil, em cumprimento à Lei Federal nº 9974/2000, tendo sido criado de forma pró-ativa em parceria entre o Governo Federal do Brasil e as indústrias fabricantes de defensivos agrícolas que atuavam no país. Os Ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente se empenharam conjuntamente na criação da referida Lei, que com seu posterior Decreto Federal nº 4074/2002 regulamentou a criação do Sistema, atendendo uma expectativa e necessidade da sociedade por providências para minimizar os impactos ambientais e riscos à saúde humana e animal. Na época há relatos de pressão por parte dos produtores junto às revendas e cooperativas, para dar destinação adequada às

(33)

embalagens, já que estes seriam os responsáveis pelo armazenamento intermediário deste material (INPEV, 2018).

No ano de 2018, o Sistema Campo Limpo destinou adequadamente 44.700 toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos. Deste total, 91% são recicladas e 9 % são incineradas. São 111 centrais de recebimento de embalagens no Brasil, que atendem mais de 300 pontos de recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos espalhados pelos mais longínquos municípios do país (INPEV, 2018).

O Brasil é líder mundial na destinação adequada de embalagens vazias de agrotóxicos. Os dados observados na Tabela 01 mostram o percentual de embalagens vazias de agrotóxicos destinadas adequadamente em alguns países. Este cálculo é realizado dividindo-se a massa total de embalagens destinada pelo Sistema Campo Limpo pela massa total de embalagens colocadas no mercado pelos fabricantes (INPEV, 2019).

Tabela 01: Percentual de Destinação Adequada de Embalagens Vazias de Agrotóxicos.

País Destinação Brasil 94% Alemanha 76% Canadá 73% França 66% Japão 50% Estados Unidos 30% Fonte: INPEV, 2019.

O setor de defensivos agrícolas é um exemplo a ser seguido perante as leis que visam à proteção ambiental estabelecidas pelo governo (PIVETTA, 2013). O setor possui um conjunto específico de leis que direcionam os esforços no que diz respeito ao fluxo direto na cadeia de suprimentos e destinação final das embalagens vazias após o consumo do produto (MENDES et al., 2012).

O INPEV, como representante dos fabricantes, tem a responsabilidade de transportar e dar um destino ambientalmente correto as embalagens vazias de defen-sivos agrícolas (SOUZA; LOPES, 2008). O Instituto é o núcleo de inteligência que coordena, gerencia a parte operacional, quantifica e divulga todas as informações so-bre o sistema de logística reversa das embalagens vazias, além disso, é responsável

(34)

por criar e coordenar campanhas educativas para conscientização de toda a cadeia sobre a correta destinação desse resíduo (INPEV, 2018).

Em 2003, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), criou a Resolução 334, posteriormente melhorada e substituída pela Resolução 465/2014, que normatiza aspectos técnicos e operacionais do funcionamento de centrais e postos de recebimento de embalagens vazias de defensivos agrícolas.

A classe ambiental também colaborou muito para a criação deste formato da logística reversa das embalagens e defensivos agrícolas, pois viam a contaminação iminente no meio ambiente e a sociedade refém de altas dosagens de contaminantes que chegavam aos cursos d’água, lençóis freáticos, reservas naturais, solo e até mesmo em áreas habitadas, já que grande parte do armazenamento era realizado nas propriedades, próximos das residências e/ou juntamente com outros produtos, como defensivos ainda não utilizados, ração animal, maquinários e implementos agrícolas.

Com demanda de destinação de embalagens vazias de agrotóxicos em todos os estados brasileiros, uma legislação nacional e várias centrais de recebimento de embalagens em diversos municípios, o Sistema Campo Limpo conta com a devolução em todas as regiões do país (Figura 01).

Paralelamente à criação do INPEV, as empresas comerciantes se uniram regionalmente e criaram as Associações Regionais, que coordenam as Centrais de Recebimento, todas ambientalmente licenciadas, as quais trabalham com recebimento e coletas itinerantes nos municípios de atuação de cada uma, e todas são co-gerenciadas pelo INPEV (INPEV, 2018). No Paraná, existe a divisão das Centrais de Recebimento de Embalagens Vazias de Agrotóxicos, conforme demostrada na Figura 2.

(35)

Figura 01: Devolução de Embalagens Vazias por Região do Brasil.

Fonte: INPEV, 2019.

Figura 02: Área de Devolução de Embalagens Vazias por Central no Paraná.

Fonte: ACCO, 2018

O INPEV foi criado em 2001, com trabalhos em todos os estados, com o intuito de que a tríplice lavagem e a destinação final das embalagens fossem amplamente disseminadas no meio rural, já que estava sendo alvo de grande atenção no país.

41%

26% 19%

11% 3%

(36)

Logo, colocou-se em funcionamento 74 postos e 80 centrais de recebimento, espalhadas pelos estados brasileiros. Em 2003 o Brasil já despontava como líder mundial em devolução de embalagens vazias de defensivos, e já contava com 230 unidades de recebimento no país. Este título de líder mundial é mantido até hoje. Então, uma parceria com empresas recicladoras foi criada para transformar o material reciclável em novos produtos diversos. Desde barricas de papelão, tubos de esgoto, conduíte corrugado, caixa de baterias, frascos para óleo lubrificante, entre outros, que podem ser demonstrados no Quadro 1 (INPEV, 2018).

Quadro 01: Artefatos Reciclados.

ARTEFATOS RECICLADOS

Barrica de Papelão Barrica Plástica para Incineração

Caixa de Bateria Automotiva Caixa de Passagem de Fios e Cabos Elétricos

Caixa para Descarga Caixa para Massa de Cimento

Caçamba Plástica para Carriola Conduíte Corrugado

Cruzeta de Poste Duto Corrugado

Ecoplástica Triex (Nova Embalagem) Embalagem para Óleo Lubrificante

Recipallet Roda Plástica ara Carriola

Suporte para Sinalização Rodoviária Tampa Ecocap Tubo para Esgoto

Fonte: INPEV, 2018.

Conforme INPEV (2018), as embalagens recebem um conjunto de símbolos que indicam o material que é utilizado na sua fabricação e quais os produtos podem ser obtidos na sua reciclagem. Baseando-se nisso, as embalagens de agrotóxicos laváveis como são classificadas como: PEAD Mono (Polietileno de Alta Densidade), cuja resina apresenta alta resistência a impactos e agentes químicos, sendo identificada pela sigla HDPE (High Density Polyethylene, PE (Polietileno), ou PEAD (que tem o número 2) sendo esta última, a mais reciclada no mundo todo. Outro tipo de resina é o COEX ou Coextrusão e identificado pelas siglas COEX ou PAPE (Poliamida Polietileno) e seu número de identificação é o 7. O COEX tem um diferencial na embalagem devido à receber internamente uma camada de vinil, que confere maior resistência ao material, porém, na hora da reciclagem, deve ser usado um produto químico a mais para soltar este vinil, o que encarece o processo. O

(37)

Polipropileno tem a sigla PP e o número 5 estampado no fundo das embalagens. Ainda, há as embalagens laváveis que são fabricadas de aço (INPEV, 2018).

Um fator a ser evidenciado, é que 91% das embalagens vazias de defensivos agrícolas são do tipo lavável e podem ser recicladas, desde que corretamente limpas no momento do uso no campo. Os outros 9% restantes, são representados pelas em-balagens não laváveis, que são incineradas, juntamente com as emem-balagens conta-minadas, por não terem sido lavadas corretamente. Para que a destinação das emba-lagens vazias possa ser realizada com segurança, é preciso que, ainda no campo, o produtor inicie o processo com a correta manipulação e lavagem da embalagem (IN-PEV, 2018).

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), dispôs de uma norma específica para a padronização da operação de lavagem de embalagens vazias, é a NBR 13.968. A operação da tríplice lavagem consiste em enxaguar três vezes a em-balagem vazia, com aproximadamente 25% do seu volume de água limpa, recolo-cando a tampa, fechando e agitando o recipiente por 30 segundos em cada vez. A água do enxague deve ser colocada no pulverizador para ser aplicada na lavoura. Já na operação a lavagem sob pressão, os pulverizadores que contém esse sistema dis-põem de tanque e jato específico para este fim, no qual o aplicador coloca a embala-gem vazia de cabeça para baixo no jato de lavaembala-gem e o próprio equipamento gera pressão na água que irá lavar a embalagem. O aplicador deve manusear a embala-gem para todos os lados, para que a água tire o produto totalmente do interior da embalagem. Esta água também vai para o pulverizador para ser aplicada na lavoura. Em ambos os casos, as embalagens devem ser perfuradas após a lavagem, garan-tindo que não sejam reutilizadas e não guardem água e resíduos da lavagem em seu interior. Devem ser armazenadas em locar coberto até o momento da entrega na cen-tral (ABNT, 2018).

Além da contribuição ambiental, e para saúde humana e animal, a criação das Centrais de Recebimento de Embalagens Vazias trouxe um grande benefício social, que foi a geração de muitos empregos diretos e indiretos. Outro aspecto positivo e relevante, foi a qualificação dos profissionais para a realização desses trabalhos, já que é necessário mão-de-obra qualificada e especializada para classificar as embalagens e também para operar os equipamentos de processamento destas (INPEV, 2018).

(38)

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 CARACTERIZAÇÃO E HISTÓRICO DA EMPRESA

A Associação dos Comerciantes de Agroquímicos da Costa Oeste - ACCO, é uma entidade de direitos privados e sem fins lucrativos, que foi criada em 2001 e representa os canais de distribuição, revendas e cooperativas da região. Está situada no município de Santa Terezinha de Itaipu, estado do Paraná e faz parte do Sistema Campo Limpo e atua regionalmente no recebimento de embalagens vazias de defen-sivos agrícolas. A Associação tem por objetivo disponibilizar a central de recebimento, ambientalmente licenciada, regularmente cadastrada nos órgãos competentes, para que os agricultores devolvam as embalagens tríplice lavadas, adquiridas nas empre-sas associadas ou credenciadas. No oeste paranaense, área de estudo, a caracterís-tica das propriedades regionais é de que sua grande maioria tem até 25 hectares, sendo consideradas pequenas.

A Associação possui atualmente 7 funcionários, sendo 1 zeladora, 1 gerente e 5 operadores para recebimento das embalagens vazias de agrotóxicos de 15 municí-pios localizados no extremo oeste paranaense, que são: Céu Azul, Diamante D’Oeste, Entre Rios D’Oeste, Foz do Iguaçu, Itaipulândia, Matelândia, Medianeira, Missal, Pato Bragado, Ramilândia, Santa Helena, Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Serranópolis do Iguaçu e Vera Cruz do Oeste.

A central de recebimento de embalagens vazias se localiza na Estrada para Escola Agrícola Meu Cantinho, s/nº, Linha Três Fazendas, Zona Rural do município de Santa Terezinha de Itaipu – PR, em um terreno de 24.200 m2, cedido pela Prefei-tura Municipal de Santa Terezinha de Itaipu – PR. Tem área construída de 990 m2, contando com área administrativa, cozinha e refeitório, vestiários, almoxarifado, bar-racão de processamento de embalagens, barbar-racão de estoque e barbar-racão de emba-lagens contaminadas, conforme demonstrado nas Figuras 03 e 04.

(39)

Figura 03: Área Administrativa, Vestiários e Refeitório.

Fonte: Autor, 2018.

Figura 04: Barracões de Processamento de Embalagens, Estoque e Embalagens Contaminadas.

(40)

3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A construção desta pesquisa foi efetuada por meio de pesquisas bibliográficas, baseada em teses, dissertações, artigos e outros, e também uma pesquisa documen-tal e descritiva.

Foram coletados dados e informações documentais da ACCO (Associação dos Comerciantes de Agroquímicos da Costa Oeste) a partir dos arquivos e do Sistema de Informação de Centrais (SIC) referentes a logística reversa da Unidade Central de Recebimento de Embalagens Vazias de Agroquímicos de Santa Terezinha de Itaipu – PR, dos anos de 2014 a 2018, dados estes intrínsecos a microrregião de Foz do Iguaçu.

Os indicadores analisados nesse estudo foram: tipo de embalagem, volume de entregas, período de entrega, embalagens lavadas e contaminadas, municípios de recebimento, entre outros. Os dados foram organizados de forma tabular e quando necessário, os mesmos foram reorganizados e agrupados para que fosse possível uma melhor avaliação;

Para analisar e interpretar os resultados desta pesquisa, os mesmos foram ava-liados e utilizados para análises estatísticas descritivas e fatorial, singular ou combi-nada, baseadas em valores absolutos e percentuais, onde foram geradas tabelas e/ou gráficos para melhor know-how explicativa dos indicadores.

(41)

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE

Após o uso, as embalagens vazias devem ser armazenadas temporariamente, em local destinado para essa finalidade e com algumas observações. As tampas de-vem estar separadas em embalagens de resgate, pois as embalagens tampadas se-guram muito o odor do produto, e é muito ruim trabalhar com o odor concentrado. As caixas de papelão são devolvidas junto com as embalagens vazias, de preferência desmontadas para reduzir volume no transporte.

Os lacres e anéis de vedação, juntamente com bulas que venham a se des-prender e embalagens flexíveis e/ou contaminadas, como as de produtos para Trata-mento de Sementes, estas sem lavagem e perfuração, devem ser entregues dentro de embalagens de resgate, lacrados e identificados, para não contaminar as embala-gens lavadas. Embalaembala-gens de resgate são plásticas, transparentes, encontradas nos tamanhos de 50 e 100 litros, que possuem corda para fechamento e etiqueta de iden-tificação.

Caso haja sobras de produtos nas embalagens, a devolução é um pouco dife-renciada, mas deve acontecer em até seis meses após o vencimento do prazo regular, que consiste em um ano após a data da compra.

O armazenamento intermediário de embalagens vazias não pode ser feito em locais conjuntos com alimentação animal e equipamentos agrícolas. Ainda há alguns poucos casos que armazenam em local aberto, embaixo de árvores, sem proteção para água de chuvas ou acesso de animais e pessoas não autorizadas. A reutilização das embalagens para fins diversos, seja para manipulação de outros produtos, feitos de pá, recipiente para alimentação de animais e os mais diversos fins é expressa-mente proibida pela legislação vigente.

As embalagens que são recebidas, chegam através dos agricultores já tríplice lavadas. As embalagens vazias de agrotóxicos são classificadas em dois grandes gru-pos: embalagens laváveis e não laváveis. Dentro destes grupos existem outras sub-classificações, conforme tipo de plástico, tamanho e cor da embalagem, além de pa-pelão, alumínio e metal. As não recicláveis, que são as contaminadas, são separadas

(42)

em rígidas e flexíveis. Na Figura 05, é possível observar o gabarito de classificação de embalagens vazias que os funcionários da ACCO utilizam.

Figura 05: Padrão de Classificação de Embalagens Vazias de Agrotóxicos.

Fonte: Autor, 2018.

Após a separação por tipo de material na central, estas embalagens ficam acondicionadas em células metálicas, separadas por material até serem prensadas. Os trabalhos com a Prensa Hidráulica Vertical são realizados por profissionais capa-citados através de treinamento e supervisão periódica, seguindo Procedimento Ope-racional Padrão – POP.

Seguindo o procedimento, após a prensagem, os fardos são acondicionados no barracão de estoque até que atinja volume de uma carga para ser retirado e envi-ado à reciclenvi-adora ou para incineração, sob responsabilidade da ACCO e com

(43)

supervisão e fiscalização do INPEV. O acondicionamento dos fardos no barracão de estoque, é demonstrado na Figura 06.

Figura 06: Estoque de Embalagens Processadas.

Fonte: Autor, 2019.

A ACCO disponibiliza treinamentos periódicos de diversos níveis e assuntos aos seus funcionários. Amparando-se nas leis trabalhistas, em diferentes momentos no decorrer do ano, os cursos são realizados por meio de empresas e profissionais qualificados e habilitados para cada tipo de atividade tratada. Os treinamentos envol-vem temas relacionados diretamente com as atividades inerentes às funções diárias e com temas relacionados à melhoria da segurança no trabalho e relações interpes-soais.

Os treinamentos realizados são:

a) Primeiros Socorros: Noções básicas de atendimento imediato a situações que envolvam desmaios, ferimentos, fraturas, hemorragias, desobstrução de vias aéreas, remoção de vítimas.

b) Segurança no trabalho: respeitar a ergonomia, utilizar corretamente o Equi-pamento de Proteção Individual (EPI) e outros equiEqui-pamentos, estar em con-dição física e mental para a realização de atividades, obedecer aos Proce-dimentos Operacionais Padrão.

Referências

Documentos relacionados

Essa diferença nos resultados pode ter sido infl uenciada pelos seguintes motivos: (a) o Shalstab utiliza dados pré-estabelecidos em outras áreas para a geração

No contexto atual, tendo em vista que os cursos de graduação infelizmente ainda formam, em sua grande mai- oria, pesquisadores ao invés de formar também professo- res, ter

O amido que não pôde ser digerido na boca é levado até o intestino delgado, onde sofre a ação da amilase pancreática, a qual quebra o amido em uma molécula menor denominada

A apreciação global de aroma e sabor, indica que existem diferenças significativas entre as aguardentes, destacando-se novamente a aguardente A das restantes, a qual

Ainda assim, vale notar: olhando para a frente, o management deve prosseguir com a estratégia de garantir eficiência operacional e maior geração de caixa operacional.. Algo que

As vendas do varejo do Paraná em junho não atingiram o mesmo desempenho de maio: houve queda de 1,04%. A data comemorativa dia dos namorados não ajudou na comparação de junho com

• Não há uma recomendação diferenciada para a limpeza e desinfecção de superfícies em casos suspeitos ou confirmados pelo novo coronavírus (2019-nCoV). A rotina adotada será a

As empresas multinacionais de tabaco se posicionaram como vítimas do comércio ilícito e firmaram, com êxito, uma parceria com órgãos governamentais de aplicação da lei