MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETÁRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
UNESP - UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA JÚLIO DE MESQUITA FILHO
Vera Lúcia Messias Fialho Capellini Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues (Organizadoras) BAURU/2009
a s i v u s c l i n a s i c ó g g E s tr a t é g ia s p e d a
VOLUME 4
FORMAÇÃO DE PROFESSORES:
PRÁTICAS EM EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Alessandra Turini Bolsoni-Silva Aline Maira da Silva Dariel de Carvalho Eliana Marques Zanata Lúcia Pereira Leite Sandra Eli Sartoreto de Oliveira Martins Tânia Gracy Martins do Valle Vera Lúcia Messias Fialho Capellini Verônica Aparecida Pereira Autores
VOLUME 4
ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS
INCLUSIVAS
Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva
Vice- Presidente
José Alencar Gomes da Silva Ministro de Estado da Educação
Fernando Haddad Secretária da Educação Especial
Claudia Pereira Dutra
Reitor da Universidade Estadual Paulista
“Júlio De Mesquita Filho”
Diretor da Faculdade de Ciências Prof. Dr. Olavo Speranza de Arruda
Vice-Diretora
Profaª Adj. Dagmar Apª. Cynthia França Hunger Coordenadora do Curso: “Práticas em Educação Especial
e Inclusiva na área da Deficiência Mental”.
Vera Lúcia Messias Fialho Capellini
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO UNESP Campus de Bauru
Herman Jacobus Cornelis Voorwald
Ficha catalográfica elaborada por Maria Thereza Pillon Ribeiro – CRB/8- 3869 374.4
E84 v.4
Estratégias pedagógicas inclusivas. In: Formação de professores: práticas em educação inclusiva / Vera Lúcia Messias Fialho Capellini, Olga Maria
Piazentin Rolim Rodrigues (organizadoras). -– Bauru : UNESP/FC, 2009.
v. 4: il.
ISBN 9788599703496
Inclui bibliografia
1. Educação inclusiva. 2. Educação a distância. 3.
Formação continuada. I. Rodrigues, Olga Maria Piazentin Rolim. II. Capellini, Vera Lúcia Messias Fialho. III. Título.
Prezado cursista
Este livro é o 4º de uma coleção de 4 volumes produzida por uma equipe de especialistas em Educação Especial, para subsidiar o desenvolvimento do curso de aperfeiçoamento em “Práticas em Educação Especial e Inclusiva na área da Deficiência Mental”. Esse material objetiva a veiculação de informações sobre a educação da pessoa com deficiência mental e seus desdobramentos para a inclusão social desta população.
Os Volumes que compõem a coleção do curso são:
I - Educação a distância: explorando o ambiente TELEDUC II - Fundamentos da Educação Inclusiva
III - Avaliação e planejamento educacional IV - Estratégias pedagógicas inclusivas
No decorrer do curso, serão trabalhados temas visando a possibilitar o acesso às informações sobre as causas da deficiência mental, aspectos conceituais, históricos e legais da educação especial, além de conteúdos específicos para auxiliar a sua prática pedagógica voltada para a diversidade, para garantir o aprendizado de todos os alunos.
Esperamos que este material contribua a todos os profissionais que participam da construção de uma sociedade mais justa, mais solidária e mais igualitária para todos.
Bom trabalho!
Vera Lúcia Messias Fialho Capellini
Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues
(Organizadoras)
SUMÁRIO
Unidade 1: Tecnologia Assistiva . . . 09
Primeiras palavras . . . 11
1.1 - Discutindo acessibilidade . . . 13
1.1.1 - Recomendações de acessibilidade . . . 15
1.1.1.2 - Teclado virtual . . . 16
1.2 - Tecnologia assistiva . . . 17
1.2.1 - Tecnologia assistiva aplicada a deficiência intelectual . . . 19
1.2.2 - Utilizando softwares específicos . . . 20
1.2.2.1 - Conhecendo o Hagaque . . . 20
1.2.2.2 Conhecendo o Holus . . . 26
1.3 - Tecnologia assistiva: recursos didáticos . . . 28
Referências . . . 39
Unidade 2: Manejo comportamental e comportamentos pró-sociais . . . 41
Primeiras palavras . . . 43
2.1 - Problemas de comportamento . . . 44
2.1.1 - Habilidades sociais . . . 48
2.1.2 - Habilidades sociais . . . 48
2.1.3 - Habilidades sociais infantis. . . 49
2.1.4 - Habilidades sociais educativas . . . 50
2.2 - Habilidades sociais educativas do professor:comunicação . . . 52
2.3 - Habilidades sociais educativas do professor:expressividade . . . 57
2.3.1 - Sentimentos positivos . . . 57
2.3.2 - Elogios . . . 59
2.3.3 - Opiniões . . . 59
2.4 - Habilidades sociais educativas do professor:estabelecimento de limites e consistência. . . 62
2.4.1 - Agir preventivamente . . . 62
2.4.2 - Fazer pedidos . . . 62
2.4.3 - Recusar pedido. . . 63
2.4.4 - Lidar com críticas . . . 64
2.4.5 - Crítica verdadeira . . . 65
2.4.6 - Crítica não verdadeira . . . 66
2.4.7 - Admitir erros e pedir desculpas . . . 66
2.4.8 - Estabelecer regras . . . 67
Referências . . . 77
Unidade 3: Ensino colaborativo . . . 79
Primeiras palavras . . . 81
3.1 - O que é colaboração. . . 84
3.2 - Ensino colaborativo . . . 86
3.3 - Como estabelecer parcerias colaborativas . . . 91
3.4 - Estratégias de sala de aula . . . 99
3.5 - Bom dia professor (a)! . . . 110
Referências . . . 115
Unidade 4: Flexibilização curricular . . . 117
Primeiras palavras . . . 119
Introdução . . . 120
4.1 - Educação inclusiva . . . 121
4.2 - A flexibilização curricular . . . 124
4.3 - Princípios teórico-metodológico que norteiam a flexibilização da prática pedagógica . . . 127
4.4 - A identificação das necessidades educacionais especiais dos alunos com deficiência mental . . . 134
4.5 - Estratégias didático-pedagógicas para a flexibilização curricular no atendimento ao aluno com DM. . . 137
4.6 - Considerações sobre o processo educacional do aluno com deficiência mental . . . 142
Referências . . . 150
Unidade 5: Sexualidade e deficiência mental: desafios da educação inclusiva . . . 154
Primeiras palavras . . . 156
5.1 - Reflexões históricas sobre o conceito de sexualidade . . . 158
5.2 - Sexualidade e deficiência: mitos e desafios . . . 161
5.3 - Orientação-sexual: de quem é essa responsabilidade? . . . 165
Referências . . . 176
Unidade 6: Criatividade, ludicidade e jogos. . . 178
Primeiras palavras . . . 180
6.1 - Criatividade. . . 183
6.2 - Ludicidade . . . 189
6.3 - Jogos . . . 196
6.3.1 - Como a criança vê a regra . . . 198
6.3.2 - Características do jogo . . . 200
6.3.3 - Como o professor pode trabalhar as regras dos jogos . . . 203
6.3.4 - O jogo e o desenvolvimento infantil . . . 206
Referências . . . 212
Eliana Marques Zanata Dariel de Carvalho
Autores
UNIDADE 1
Tecnologia Assistiva
Primeiras palavras
Querido professor...
Bem-vindo aos estudos sobre tecnologia assistiva. Vamos nesta etapa apresentar a você, professor, possibilidades de utilização de softwares e materiais específicos que poderão contribuir no desenvolvimento de seu aluno. Estes softwares e objetos são de fácil acesso, baixo custo e alguns objetos podem ser feitos por você mesmo. Nossas atenções estão agora centradas nas possibilidades de apoio que podemos oportunizar no trabalho pedagógico com alunos com deficiência.
Neste texto pretendemos definir conceitos sobre acessibilidade e como utilizar esses recursos. O trabalho individualizado será aqui privilegiado, em termos de oferecer ao educando mais possibilidades de acesso ao currículo e aos conteúdos escolares. Este é o objetivo de todos nós, quando nos encontramos em inúmeras reuniões pedagógicas, encontros de professores e outros eventos, nos quais, nossa maior ansiedade e expectativa são os momentos de troca de experiências e discussão de casos.
Inicialmente vamos conversar um pouco sobre o que é tecnologia
assistiva e acessibilidade, como ela se estabelece, o que propõe e a quem
favorece. Também discutiremos de onde vem esse termo, como e por que ele
foi acolhido no meio educacional. Tecnologia assistiva nos remete a ideia de
acolhimento, assistência, apoio, ajuda e companheirismo. É nesta linha de
raciocínio que iremos trabalhar esta questão e sua real função no ambiente
escolar, visando otimizar cada vez mais o trabalho pedagógico do professor
bem como a aprendizagem dos alunos.
Na sequência buscaremos apontar as possibilidades que você poderá desenvolver na escola onde trabalha, utilizando softwares educativos. Vale lembrar que a acessibilidade se estabelece também e, principalmente, na metodologia, nas estratégias de ensino e na forma como os recursos são disponibilizados aos alunos. Vamos apontar aqui algumas das possibilidades que o professor tem para auxiliar o processo de ensino e aprendizagem de seu aluno com deficiência. Muitas vezes nós, professores, podemos contar também com a colaboração de outros profissionais da área da saúde e de habilitação e reabilitação que também podem dispor de softwares como apoio ao processo de aprendizagem do aluno.
O capítulo seguinte, “Tecnologia Assistiva: recursos e instrumentos didáticos” tem por objetivo apresentar ao professor recursos de acessibilidade ao currículo utilizados por alunos com as mais diversas deficiências. Estes recursos, contudo, são apresentados de forma clara e objetiva, visando atender também às necessidades do aluno com déficit intelectual. Vale lembrar a você, professor, que todo trabalho pedagógico está centrado na adequação do espaço, tempo e das estratégias de ensino.
Os recursos aqui apresentados são úteis, sim, mas a sua ação é que realmente irá garantir o desenvolvimento e o acesso do aluno ao currículo.
E por fim, propomos ao final deste estudo duas atividades para reflexão. É o momento que você, professor, irá analisar sua própria prática, a prática desenvolvida na escola em que você trabalha e procurar traçar suas metas e possibilidades de conduzir o acesso do aluno ao currículo
Nas referências bibliográficas você irá encontrar os livros, artigos e páginas da internet que nos serviram de apoio para a realização deste texto.
São todos de fácil acesso e você também poderá utilizá-los na sua prática pedagógica.
Bom, esperamos que este tema seja bastante proveitoso para o seu dia-a-dia docente. Vamos ao trabalho.
Eliana e Dariel
1.1 - Discutindo Acessibilidade
Alunos com deficiência intelectual, por muitos ,anos ficaram afastados da escola. Desde a Declaração de Salamanca, no ano de 1994, são discutidas questões referentes ao processo de inclusão. A possibilidade de acesso à escola e convivência com outros alunos deficientes, em sala de aula, tornou-se um desafio para professores, coordenadores e gestores.
A sala de aula começa a ser discutida, objetivando construir um novo cenário, adaptado e acessível, respeitando as diferenças e trabalhando na diversidade.
Sabemos que para o aluno com deficiência ter acesso a diferentes recursos e usar o ambiente educacional, muitas vezes, o espaço precisa ser adaptado e preparado para receber esse aluno. Esse processo de adaptação, atualmente bastante discutido e divulgado pela mídia, está associado à acessibilidade, um conceito com o qual devemos nos preocupar. .
Esse conceito começou a ser discutido, após a aprovação da portaria de 1999, que trouxe para discussão o tema acessibilidade. A portaria número 1.679 passou a fazer parte das calorosas discussões sobre o direito de ir e vir, o que fomenta sem dúvida a inclusão social.
Para desenvolver a inclusão social dos alunos é necessário que se criem condições para que eles possam viver em sociedade. Desta forma, a escola fica sendo o ponto de partida para ações de inclusão que possam realmente incluir, equiparando todos os direitos, fornecendo acesso e oportunidade de aprender e de viver efetivamente em sociedade.
Dar acesso é excluir barreiras, que nada mais é que oportunizar acesso, permitir. Se verificarmos a definição no dicionário do conceito de acesso, veremos que ele trás o conceito de “poder chegar facilmente”, “está no alcance”.
Essas definições permitem que pensemos a acessibilidade como
uma forma de permitir o acesso, de deixar ao alcance para qualquer pessoa,
independentemente da sua limitação ou deficiência.
Algumas ações estão sendo tomadas em relação a adaptações arquitetônicas, o que favorece, sem dúvida, a inclusão do aluno no ambiente escolar. Mas além desse processo, temos de pensar formas de adaptações que ampliem esse horizonte de acesso. Devemos pensar em formas que permitam acesso ao currículo, aos conteúdos, às aulas, ao uso dos recursos como o computador. Nessa fase é necessário que caminhemos, muitas vezes, para a descoberta por meio da tentativa, mas com o objetivo de realizar o melhor para nossos alunos inseridos no ambiente escolar.
Sem dúvida nenhuma, muito terá de ser feito ainda, mas podemos afirmar que as ações de cada professor, coordenador e gestor, no ambiente escolar, é que farão a diferença. A ampliação do uso dos recursos demanda, muitas vezes, o processo criativo e mais, a boa vontade dos envolvidos no processo de escolarização, para que sejam realizadas ações que beneficiem os alunos, dando-lhes condições igualitárias.
Ao analisar os documentos como Declaração Mundial de Educação (UNESCO, 1990); Declaração do Direito da Pessoa com Deficiência (ONU, 1975); Normas de Equiparação de Oportunidades para Pessoas com Deficiência (ONU, 1993); Declaração de Salamanca (UNESCO,1994);
Convenção de Guatemala (UNESCO,1999) e Carta para o Terceiro Milênio (UNESCO, 1999), Teixeira (2008) afirma que:
[...] para promover de fato a equiparação de
oportunidades, os sistemas de garantias legais e
de políticas públicas das nações devem prever
ações intersetoriais que complementem e visem
simultaneamente: a) à prevenção e ao
tratamento médico para as causas e
decorrências das deficiências; b) ao acesso a
uma formação pessoal que prepare o indivíduo
para sua sustentabilidade; c) à livre circulação e
mobilidade das pessoas com deficiência; e d) ao
seu acesso à educação (físico, linguístico e
pedagógico) (TEIXEIRA,2008,p.24).
Ao garantir esses direitos, podemos ainda pensar no processo de inclusão social de forma mais efetiva, imaginando que o aluno com deficiência poderá usufruir das oportunidades e cumprir com as obrigações da sociedade.
A oportunidade permite a conquista dos espaços ,a apropriação de informações e autonomia para viver com maior qualidade.
Em relação ao tema acessibilidade, podemos dividi-lo em alguns tipos que bastante discutidos por autores em diversas áreas do conhecimento. O assunto difundiu-se para diversas áreas que o discutem sob diferentes prismas, mas convergem para o mesmo objetivo : dar acesso e oportunizar.
Neste capítulo discutimos a acessibilidade enquanto conceito e seus desdobramentos. Desta forma, discutiremos a seguir o acesso aos recursos tecnológicos, com foco no computador e nas adaptações de hardware (equipamentos) para permitir o acesso e também a utilização de recursos de acessibilidade do Windows (sistema operacional do computador), bem como o uso de alguns softwares (programas de computadores) pelos alunos com deficiência intelectual.
1.1.1 - Recomendações de Acessibilidade
No sistema operacional Windows, podemos configurar nosso computador com recursos de acessibilidade. Desta forma, o processo de realização de tarefas pode proporcionar maior autonomia ou até permitir o uso do computador para alguns usuários com comprometimentos, principalmente, físicos e visuais.
A ferramenta que podemos configurar é o teclado virtual que pode ser utilizado com alguns alunos que apresentem, também, outra deficiência associada à intelectual . Neste caso, quando a dificuldade apresentada é motora, o teclado virtual pode favorecer o acesso e melhorar o desempenho.
Veremos agora os passos para acessar o teclado virtual em seu
sistema operacional Windows.
1.1.1.2 - Teclado Virtual
Sem sair da tela em que está, clique no botão “iniciar”, depois direcione a seta do mouse em “todos os programas”, depois em “acessórios”, na sequência “acessibilidade” e ,finalmente, vamos conhecer o “teclado virtual”, clicando nele (conforme exemplo abaixo).
Agora
Seguindo os passos teremos acesso ao recurso que poderá ser
1ºClique no botão iniciar
2º Clique em todos
os programas 3º Clique em acessórios
4º Agora em acessibilidade
5º Clique em teclado virtual