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O Projeto Urbano Contemporâneo: competição global e coesão sócio-espacial

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Academic year: 2021

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(1)RAFAELA CAMPOS CAVALCANTI. O PROJETO URBANO CONTEMPORÂNEO COMPETIÇÃO GLOBAL E COESÃO SÓCIO-ESPACIAL. RECIFE - PE 2008.

(2) 1. RAFAELA CAMPOS CAVALCANTI. O PROJETO URBANO CONTEMPORÂNEO. COMPETIÇÃO GLOBAL E COESÃO SÓCIO-ESPACIAL. Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Urbano – MDU da Universidade Federal de Pernambuco como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Urbano.. Orientador: Prof. Dr. Zeca Brandão. RECIFE – PE 2008.

(3) Cavalcanti, Rafaela Cam pos O Projeto Urbano Contem porâneo: com petição global e coesão sócio-espacial / Rafaela Cam pos Cavalcanti. - Recife : O Autor, 2008. 188 folhas, il., m apas, tabelas, quadros e graf. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernam buco. CAC. Desenvolvimento Urbano, 2008. Inclui bibliografia e anexos em cd. 1. Renovação urbana. 2. Globalização. 3. Planejamento urbano. 4. Política urbana.. . I. . II. Título. 711.4 711.4. CDU (2.ed.) CDD (22.ed.). UFPE CAC200811.

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(5) 3. The best moments of my life have mostly been in cities. It is in cities, by and large, that I have felt my spine tingle at the sheer beauty of places, and at the variety of experiences they can offer. And it is only in cities that I have experienced those moments of being alone in a friendly crowd that offer the sense of being at once an individual and a member of the human race. As you can tell, I am a romantic so far as cities are concerned. BENTLEY (2002: 1).

(6) 4. À família e aos amigos.

(7) 5. AGRADECIMENTOS. Ao meu orientador, professor Zeca Brandão, pelas valiosas sugestões durante o desenvolvimento do trabalho, pelo estímulo e por ouvir com interesse todas as questões que surgiram ao longo do processo de reflexão. Agradeço-lhe a confiança depositada, compreensão e amizade. Aos professores e funcionários que fazem parte do MDU, em particular: ao professor Luiz Amorim, por me apresentar novas idéias e conceitos, pelas sugestões, exemplos e críticas fundamentais à efetuação da análise do espaço. Por estimular a minha pesquisa e pela oportunidade de realizar trabalhos em conjunto; aos professores Circe Monteiro e Ney Dantas por compartilharem experiências acadêmicas ao longo do curso e, especialmente, pela supervisão de ambos durante o estágio de docência. À professora Circe Monteiro, meus agradecimentos por me permitir consultar o seu precioso material bibliográfico que possibilitou um aprofundamento teórico sobre a disiciplina do Desenho Urbano; aos professores Virgínia Pontual e Fernando Diniz, por todo o conhecimento repassado durante as disciplinas. À Amélia Reynaldo pelas importantes sugestões durante a defesa da dissertação e por incentivar a realização deste trabalho. Por ter oferecido a oportunidade de trabalho profissional que gerou as inquietações presentes nesta pesquisa. A Luis Rodrigues, pelo fornecimento de todo o material relativo ao Projeto Parque das Nações. À minha família, por todo o suporte extra-acadêmico, em especial a Conceição, Yêso, Tereza e Rebeca, pela paciência e pelas orientações sobre a importância da disciplina e da perseverança em todas as realizações profissionais e acadêmicas. A Cristiano, pela companhia pessoal e profissional. Pela colaboração na realização desta pesquisa, pelas críticas, sugestões e apoio desde o início da minha vida acadêmica. Aos amigos do mestrado, em especial a Juliana Barreto, Maria Reynaldo, Lívia Melo e Rosane Piccolo por compartilharem momentos acadêmicos e, sobretudo, pela especial amizade tão importante durante esses dois anos dedicados à dissertação. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pelo financiamento desta pesquisa de Abril/2006 a Março/2008..

(8) 6. LISTA DE FIGURAS. Figura 1. Vista de South Bank, Melbourne. ................................................................................................. 38 Figura 2. Buenos Aires. Vista de Puerto Madero. ...................................................................................... 39 Figura 3. Buenos Aires. Vista de Puerto Madero. ...................................................................................... 39 Figura 4. As três dimensões de Lang para a classificação dos projetos urbanos. ............................... 60 Figura 5. Paris, Parc de La Villete. ................................................................................................................. 62 Figura 6. Paris, Parc de La Villete. ................................................................................................................. 62 Figura 7. Barcelona. Projeto para os Jogos Olímpicos de 1993. ............................................................ 63 Figura 8. Frente d’água renovada para os Jogos Olímpicos de 1992. ................................................... 63 Figura 9. Manhattan. Skyline de Battery Park City. ................................................................................... 66 Figura 10. Frente d’água de Battery Park City. ........................................................................................... 66 Figura 11. Brisbane, imagem de satélite........................................................................................................ 72 Figura 12. Projeto para South Bank, Brisbane. ........................................................................................... 72 Figura 13. South Bank, Brisbane. ................................................................................................................... 73 Figura 14. South Bank, Brisbane. Praia e Skyline da cidade visto a partir da área do projeto......... 73 Figura 15. Brisbane. North Quay, South Bank. .......................................................................................... 73 Figura 16. Brisbane. Multidão em South Bank. .......................................................................................... 73 Figura 17. South Bank, Melbourne. ............................................................................................................... 74 Figura 18. Laganside vista de Satélite. ........................................................................................................... 76.

(9) 7. Figura 19. Belfast. Represa para controle das marés do rio Lagan, Belfast. ........................................ 77 Figura 20. Vista panorâmica de Laganside, Belfast.................................................................................... 77 Figura 21. Waterfront Hall e Hilton Hotel. Lanyon Place. ........................................................................... 78 Figura 22. The Odyssey. Titanic Quarter, Laganside. ................................................................................... 78 Figura 23 Vista aérea da cidade de Cingapura............................................................................................. 81 Figura 24. Cingapura. Vista aérea de Clarke Quay..................................................................................... 82 Figura 25. Cingapura. Clarke Quay................................................................................................................ 82 Figura 26. Cingapura. Clarke Quay................................................................................................................ 83 Figura 27. Cingapura. Clarke Quay................................................................................................................ 83 Figura 28. Vista de Satélite da cidade de Kuching. .................................................................................... 86 Figura 29. Plano para a frente d’água da cidade de Kuching................................................................... 87 Figura 30. Kuching, frente d’água do rio Sarawak. ................................................................................... 88 Figura 31. Kuching, frente d’água do rio Sarawak. .................................................................................... 88 Figura 32. Rua comercial e de serviços próxima à zona de intervenção da frente d’água de Kuching. ............................................................................................................................................................... 88 Figura 33. Frente d’água de Kuching. ........................................................................................................... 88 Figura 34. Kuching. Main Bazaar.................................................................................................................... 89 Figura 35. Kuching, frente d’água do rio Sarawak. .................................................................................... 89 Figura 36. Kuching. Museu de História Chinesa (à esquerda) e zona hoteleira (ao fundo). ............ 89 Figura 37. Kuching. Praça da cidade, em frente ao palácio da justiça................................................... 89.

(10) 8. Figura 38. Vista de satélite da frente d’água de Toronto. ......................................................................... 91 Figura 39. Toronto, Harbourfront Centre. ........................................................................................................ 92 Figura 40.Mercado internacional em Harbourfront Centre. ......................................................................... 92 Figura 41. Toronto, Bathurst Quay. ................................................................................................................. 92 Figura 42. Toronto, Bathurst Quay. ................................................................................................................. 92 Figura 43. Toronto, Canadá. Harbourfront Centre. ........................................................................................ 93 Figura 44. Toronto, Harbourfront. ................................................................................................................... 93 Figura 45. Toronto. Maple Leaf Quay. ............................................................................................................ 93 Figura 46. Toronto, Harbourfront Centre. ........................................................................................................ 93 Figura 47. Ashland Avenue, Chicago. Relação entre o valor de aluguel e fluxo de pedestres. .....113 Figura 48. Paranoá Velho. Mapa de espaços convexos. .........................................................................123 Figura 49. Paranoá Velho. Mapa axial.........................................................................................................123 Figura 50. Exemplo de construção do mapa axial. ..................................................................................126 Figura 51. Mapa Axial com medida de integração Rn. ...........................................................................126 Figura 52. Mapa Axial com medida de integração R3.............................................................................126 Figura 53. Mapa Axial com medida de conectividade.............................................................................126 Figura 54. Baltimore, mapa axial. .................................................................................................................128 Figura 55. Old Nicosia, mapa axial. .............................................................................................................128 Figura 56. Veneza, mapa axial.......................................................................................................................128 Figura 57. Mapa de divisão territorial da cidade de Lisboa....................................................................133.

(11) 9. Figura 58. Mapa da cidade de Lisboa e arredores. ...................................................................................133 Figura 59. Área de intervenção do Parque das Nações. .........................................................................134 Figura 60. Área de intervenção do Parque das Nações com destaque para a divisão entre os Planos de Pormenor. .......................................................................................................................................136 Figura 61. Lisboa. Mapa de distribuição da população sem qualificações acadêmicas. ..................138 Figura 62. Lisboa. Mapa de distribuição da população com Ensino Médio ou Superior...............138 Figura 63. Lisboa. Mapa de distribuição da população ativa empregada no setor secundário......142 Figura 64. Lisboa. Mapa de distribuição da população ativa empregada no setor terciário...........142 Figura 65. Parque das Nações, Alameda dos Oceanos. ..........................................................................147 Figura 66. Parque das Nações, Alameda dos Oceanos. ..........................................................................147 Figura 67. Localização dos principais equipamentos do Parque das Nações....................................147 Figura 68. Parque das Nações. Mapa com os usos predominantes por Plano de Pormenor. .......148 Figura 69. Parque das Nações, zona habitacional Norte (PP5). ...........................................................148 Figura 70. Parque das Nações, zona habitacional Sul (PP3)..................................................................148 Figura 71. Barreira e acessos ao Parque das Nações. ..............................................................................151 Figura 72. Chegada à Estação Oriente pelo Norte. .................................................................................152 Figura 73. Separação entre a zona de intervenção e arredores pela linha férrea...............................152 Figura 74. Delimitação das quadras do Parque das Nações e núcleos vizinhos. ..............................153 Figura 75. Mapa axial do conjunto urbano analisado..............................................................................156 Figura 76. Mapa axial com medida de comprimento....................................................................................156.

(12) 10. Figura 77. Vista da área vizinha ao sul do PP3. ........................................................................................157 Figura 78. Santa Maria dos Olivais. .............................................................................................................157 Figura 79.Mapa axial com medida de integração Rn...................................................................................159 Figura 80. Mapa axial com medida de integração R3. ................................................................................159 Figura 81. Mapa axial com medida de conectividade. ..................................................................................160 Figura 82. Mapa axial com medida de escolha.............................................................................................160 Figura 83. Mapa axial com destaque para o núcleo de integração...............................................................161 Figura 84. Mapa axial com destaque para 10% das linhas mais conectadas do sistema. ................161 Figura 85. Conjunto de mapas axiais da zona de intervenção do Projeto Parque das Nações. ....164.

(13) 11. LISTA DE QUADROS. Quadro 1. Caracterização das forças econômico-global e sócio cultural. ............................................ 52 Quadro 2. Classificação de Projetos Urbanos através do cruzamento das categorias ‘ocasião’ e ‘objetivos’. ............................................................................................................................................................ 61 Quadro 3. Síntese das ocorrências nos projetos urbanos, agrupadas por variável............................. 68 Quadro 4. Classificação do projeto para o South Bank em Brisbane, Austrália................................. 74 Quadro 5. Respostas às forças global e local no projeto para South Bank.......................................... 75 Quadro 6. Classificação do projeto Laganside............................................................................................ 80 Quadro 7. Respostas às forças global e local no projeto Laganside. ..................................................... 80 Quadro 8. Classificação do projeto Clarke Quay. ...................................................................................... 84 Quadro 9. Respostas às forças global e local no projeto Clarke Quay, Cingapura ............................ 84 Quadro 10. Classificação do projeto para a frente d’água de Kuching, Malásia................................. 89 Quadro 11. Respostas às forças global e local no projeto para a frente d’água de Kuching. .......... 90 Quadro 12. Classificação do projeto Harbourfront Toronto.................................................................. 94 Quadro 13. Respostas às forças global e local no projeto Harbourfront, Toronto............................... 94 Quadro 14. A pauta programática dos projetos urbanos contemporâneos em áreas de frentes d’água. ................................................................................................................................................................... 97 Quadro 15. Críticas mais freqüentes aos projetos de renovação urbana............................................105 Quadro 16. Níveis e variáveis para análise dos projetos urbanos contemporâneos. .......................130.

(14) 12. Quadro 17. Classificação do Parque das Nações segundo as variáveis propostas por Lang (2005), Portas (1990) e Borja e Castells (2004). ......................................................................................................136 Quadro 18. Verificação dos produtos do Parque das Nações na pauta programática dos projetos urbanos contemporâneos localizados em zonas de frentes d’água......................................................150.

(15) 13. LISTA DE TABELAS. Tabela 1. Áreas e índices do plano de urbanização Parque das Nações. ............................................136 Tabela 2. Resumo dos dados sociais relativos à Freguesia de Santa Maria dos Olivais e ao Parque das Nações.........................................................................................................................................................142 Tabela 3. Empresas proprietárias de terras anteriores à intervenção do Parque das Nações........144 Tabela 4. Percentual e área construída por tipo de atividade na zona de intervenção do Parque das Nações.........................................................................................................................................................145 Tabela 5. Áreas brutas de construção distribuídas por Planos de Pormenor (PP). Destaque para zonas com maior concentração dos usos especificados. ........................................................................146 Tabela 6. Áreas e Perímetros médios identificados na zona de intervenção e nos núcleos vizinhos. ..............................................................................................................................................................................154 Tabela 7. Medidas geométricas e sintáticas das linhas axiais mais acessíveis do sistema................162 Tabela 8. Propriedades extraídas do mapa axial compreendendo o território do Parque das Nações e arredores. .........................................................................................................................................164.

(16) 14. LISTA DE GRÁFICOS. Gráfico 1. Faixas etárias por Planos de Pormenor (%). .........................................................................140 Gráfico 2. Nível de instrução e qualificação da população residente do Parque das Nações. ......140 Gráfico 3. Meios de transportes utilizados no deslocamento casa-trabalho......................................141 Gráfico 4. Diagrama de Dispersão correspondente à correlação entre área total de quadras e área total de vias da zona de intervenção do Parque das Nações e núcleos vizinhos. .............................155 Gráfico 5. Diagrama de Dispersão indicando o coeficiente de correlação (R²) entre as variáveis conectividade e integração Rn do sistema analisado. .......................................................................................163.

(17) 15. RESUMO. A presente pesquisa investiga a produção do espaço urbano contemporâneo, com foco nos Projetos de Renovação Urbana. O trabalho possui dois objetivos centrais: a. caracterizar as influências das forças econômico-global e sócio-cultural nos produtos dos atuais Projetos de Renovação Urbana; e b. estabelecer uma análise do potencial desses projetos em promover a integração sócio-espacial entre suas zonas de intervenção e núcleos urbanos vizinhos. A pesquisa surgiu a partir do entendimento que as cidades hoje devem manter o compromisso com a coesão social e espacial local ao mesmo tempo em que devem cumprir exigências econômicas globais para o seu desenvolvimento econômico. Para o alcance dos objetivos, o trabalho buscou, primeiramente, uma abordagem teórica que possibilitou a caracterização das forças econômico-global e sóciocultural, reconhecendo seus objetivos e suas solicitações às cidades. A identificação da influência dessas duas forças em projetos urbanos recentes foi possível através da comparação dos produtos de cinco projetos urbanos implementados nas últimas décadas em áreas de frente d’água. Mesmo em contextos urbanos diversos, foi possível perceber que as soluções apresentadas tendem a dar respostas similares às exigências da força de ordem global e respostas particulares às necessidades da sociedade e da cultura local. As principais críticas aos projetos urbanos implementados nas últimas décadas, voltadas para a falta de integração social e espacial desses projetos com o contexto local, levaram à formulação de um método analítico com vistas na avaliação do potencial de um projeto urbano em promover a coesão sócio-espacial entre a sua zona de intervenção e áreas vizinhas. O método é baseado em estudos relacionados à disciplina do Desenho Urbano e à Teoria da Lógica Social do Espaço (ou Sintaxe Espacial), e é constituído por três níveis de análise (vida social; aspectos programáticos; padrões espaciais) estabelecidos a partir de uma prévia definição dos elementos da esfera física pública. O Projeto Urbano Parque das Nações – implementado para abrigar a Exposição Mundial de Lisboa em 1998 – foi escolhido como o estudo de caso do trabalho. Além da identificação das influências das forças global e local nos produtos do Parque das Nações, a aplicação do método analítico elaborado permitiu desenvolver algumas considerações a respeito da coesão sócio-espacial entre a zona de intervenção do projeto e os seus núcleos urbanos vizinhos. As evidências empíricas ao longo da pesquisa demonstram a necessidade de um equilíbrio na incorporação das exigências das forças global e local nos projetos que buscam o restabelecimento físico, social e econômico de todo um conjunto urbano. A pesquisa ressalta que não há uma contradição insuperável entre o global e o local. Quando a articulação entre essas duas forças é estabelecida, os efeitos sociais e espaciais são bastante positivos. O trabalho conta com figuras, tabelas, quadros e gráficos ilustrativos do conteúdo abordado. Palavras-chaves: projetos de renovação urbana, globalização, coesão sócio-espacial, desenho urbano, sintaxe espacial..

(18) 16. ABSTRACT. This study investigates the production of contemporary urban space, with the focus on Urban Regeneration Projects. The research has two main objectives: a. to characterize the influences of the global economy and socio-cultural forces on the products generated by current Urban Regeneration Projects; and b. to analyze the potential of urban projects to promote socio-spatial integration between their intervention zones and their districts. The research sets out from the understanding that contemporary cities should be concerned with local social and spatial cohesion and, at the same time, should respond to the demands of the global economy for their economic development. In order to reach these objectives, the study established a theoretical background that made it possible to characterize global economic and socio-cultural forces, thus recognizing their objectives and their demands on cities. The influences of these forces in recent urban projects were identified by comparing five urban projects implemented during the last twenty years in waterfront zones. Even in different contexts, it was possible to note that such projects tend to provide similar responses to the demands of global forces and particular solutions to local social and cultural needs. One of the main criticisms raised against contemporary urban projects, namely the lack of social and spatial integration between such projects and their local contexts, led us to formulate an analytical method that tackles evaluating the potential of urban projects to promote socio-spatial cohesion between their intervention zones and their districts. The method is based on studies related to Urban Design as a discipline and to The Social Logic of Space (or Space Syntax), and it consists of three analytical levels (social life; programmatic aspects; space patterns), which were established using a previous definition of the elements of the public physical domain. The Parque das Nações Urban Project – implemented for The World Exhibition of Lisbon, in 1998 – was chosen as the case study for this research. Besides identifying the influences of the global economic and socio-cultural forces on the Parque das Nações, the application of the analytic method allowed us to form some considerations on the socio-spatial cohesion between the intervention zone of the project and its surrounding area. The empirical evidence of the research demonstrated the need for a balanced incorporation of both global and local demands on urban projects that look forward to the physical, social and economic re-establishment of an urban fabric. This study points out that there is not an insuperable contradiction between the global and the local. When integration between these two forces is established, the social and spatial effects are very positive. The research is supported by photos, tables, charts and graphs. Keywords: urban regeneration projects, globalization, socio-spatial cohesion, urban design and space syntax..

(19) 17. SUMÁRIO. INTRODUÇÃO................................................................................. 20 1. GLOBALIZAÇÃO, IDENTIDADE E O NOVO PAPEL DAS CIDADES .................... 27 1.1. REESTRUTURAÇÃO ECONÔMICA E OS CENTROS URBANOS ................................ 27 1.1.1. Uma questão recente: a competição intra-urbana .................................. 30 1.1.2. Mudança de paradigma: do plano diretor aos projetos estratégicos.............. 31 1.1.3. O espaço urbano para as atividades econômicas globais: atração, acumulação e reprodução do capital. ........................................................................... 35 1.2. A QUESTÃO DA IDENTIDADE: UMA RESISTÊNCIA À GLOBALIZAÇÃO. ..................... 39 1.2.1. A questão da identidade e as mudanças no contexto econômico e cultural .... 40 1.2.2. Atenção às especificidades locais: a identidade como um trunfo no mundo global ................................................................................................ 47 1.3. O ESPAÇO URBANO CONTEMPORÂNEO: INFLUÊNCIAS DAS FORÇAS ECONÔMICOGLOBAL E SÓCIO-CULTURAL ........................................................................ 48 1.3.1. O novo papel das cidades ................................................................ 53. 2. TENDÊNCIAS NO PROJETO URBANO CONTEMPORÂNEO ........................... 56 2.1. POR UMA CLASSIFICAÇÃO DOS PROJETOS URBANOS ....................................... 58 2.1.1 Uma síntese das ocorrências.............................................................. 67 2.2. INFLUÊNCIAS GLOBAIS E LOCAIS NOS PROJETOS URBANOS DE FRENTES D’ÁGUA ..... 68 2.2.1. O ressurgimento das frentes d’água urbanas ......................................... 69 2.2.2. Projetos urbanos em áreas de frentes d’água: casos ilustrativos ................. 71.

(20) 18. South Bank. Brisbane, Austrália. ............................................................. 71 Laganside. Belfast, Irlanda.................................................................... 75 Clarke Quay. Cidade de Cingapura, Cingapura. ........................................... 81 Kuching Waterfront. Sarawak, Malásia...................................................... 85 Harbourfront. Toronto, Canadá .............................................................. 90 2.3. A PAUTA PROGRAMÁTICA ...................................................................... 95 2.3.1 Um novo padrão espacial?................................................................. 97. 3. RENOVAÇÃO URBANA E COESÃO SÓCIO-ESPACIAL ............................... 100 3.1. CRÍTICA AOS PROJETOS DE RENOVAÇÃO URBANA CONTEMPORÂNEOS ............... 100 3.1.1. Exclusão e polarização: a cidade com remendos .................................. 100 3.1.2. Atenção ao contexto .................................................................... 103 3.1.3. Um desafio aos Projetos de Renovação Urbana .................................... 106 3.2. O PAPEL DO DESENHO URBANO NA COESÃO SÓCIO-ESPACIAL.......................... 107 3.2.1. O determinismo arquitetônico ou o espaço como criador de vida .............. 110 3.2.2. Espaço e movimento natural .......................................................... 112 3.3. COESÃO OU EXCLUSÃO SÓCIO-ESPACIAL? FORMULAÇÃO DE UM MÉTODO ANALÍTICO ......................................................................................................... 116 3.3.1. Os componentes da esfera física pública ............................................ 117 3.3.2. Níveis e variáveis para análise ........................................................ 118 3.3.3. Sobre a delimitação do estudo de caso .............................................. 130. 4. O PROJETO PARQUE DAS NAÇÕES, UM ESPAÇO PARA A ECONOMIA GLOBAL 132.

(21) 19. 4.1. O PARQUE DAS NAÇÕES E A ZONA ORIENTAL: TRÊS NÍVEIS DE ANÁLISE .............. 132 4.1.1. Aspectos Gerais .......................................................................... 132 4.1.2. Nível A: Vida social ...................................................................... 137 4.1.3. Nível B. Aspectos Programáticos ...................................................... 143 4.1.4. Nível C. Padrões Espaciais ............................................................. 150 4.2. UM QUADRO ANALÍTICO ...................................................................... 165. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................... 171 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 182.

(22) Introdução. 20. INTRODUÇÃO. Durante as últimas décadas do século XX, novos fluxos de capital gerados pela reestruturação econômica do modo de produção capitalista levaram ao surgimento de uma nova situação mundial baseada na crescente globalização da economia, cultura, informação, política, representações artísticas e no próprio urbanismo. A crise financeira e a crise econômica dos setores públicos municipais, do funcionamento das cidades e da gestão política acompanharam a crise geral do próprio capitalismo durante a década de 1970 (BOTELHO, 2004) e favoreceram o surgimento de novas formas de gestão e planejamento urbano a partir desse período. O processo generalizado de globalização da produção e do consumo fez com que a cidade assumisse um novo papel na economia global, transformando-se em um dos principais atores do desenvolvimento urbano. Ante as mudanças econômicas, o planejamento urbano passou de mero regulador da expansão do setor privado para a administração da cidade visando sua adequação às oportunidades oferecidas pela nova dinâmica econômica internacional. Frente a internacionalização da economia e aos avanços da tecnologia, o paradigma do Planejamento Urbano até meados dos anos 1980 pareceu defasado diante das exigências provenientes dos novos processos de acumulação do capital. É nesse período que surge um novo tipo de planejamento chamado ‘Estratégico’, uma alternativa às tradicionais indicações do Plano Diretor e como uma nova estratégia de desenvolvimento e articulação do tecido urbano. Aproveitando-se de oportunidades de renovação de áreas degradadas para a implementação de projetos voltados para a atração de investidores e para o desenvolvimento econômico das cidades, o Planejamento Estratégico aparece com uma nova visão da cidade à procura de uma resposta mais adequada à nova fase econômica global. A cidade competitiva e atrativa para investimentos e turistas foi o tema para a maioria dos planos estratégicos dos últimos anos. As cidades entenderam que sua posição diante do novo cenário mundial dependeria do oferecimento de plataformas favoráveis ao desenvolvimento de atividades afinadas à tendência econômica recente, centrada no setor terciário. Embora haja tendências de dispersão espacial das atividades mais ligadas aos processos econômicos globais, há uma demanda crescente pela centralização espacial da gestão e controle.

(23) Introdução. 21. das operações financeiras nos centros urbanos. Segundo Peter Hall (2002), a economia global está montada sobre a base de centros capazes de coordenar, gerir e inovar a capacidade das empresas estruturadas em redes de intercâmbio interurbano. Uma vez que, para serem competitivas nos mercados internacionais, as empresas necessitam de uma infra-estrutura tecnológica adequada e de um sistema de comunicação que permitam a mobilidade dos fluxos globais de pessoas, informações e mercadorias, as cidades hoje estão se preocupando em desenvolver uma série de projetos urbanos voltados para a construção de novos centros de negócios, serviços e turismo, para o desenvolvimento dos transportes em massas e oferecimento de zonas de atividades logísticas (ARANTES, 2000). Argumenta-se que na medida em que os processos da economia global solicitam às cidades meios favoráveis ao seu desenvolvimento, a constituição da lógica de funcionamento das novas atividades econômicas tem levado à produção de lugares semelhantes nos mais diferentes contextos devido ao fato das cidades estarem sob as mesmas pressões competitivas em torno do mesmo capital. De uma maneira geral, entendeu-se que a venda da cidade é, necessariamente, a venda dos insumos valorizados pelo capital internacional: áreas destinadas a convenções e feiras, parques industriais e tecnológicos, oficinas de informação e assessoramento a investidores e empresários, etc. Embora o aumento da competição interurbana tenha exigido das cidades respostas positivas às pressões do sistema econômico vigente, tem também provocado os investidores a darem cada vez mais atenção às especificidades locais, uma vez que a diminuição das barreiras espaciais provocadas pela globalização tem permitido que pequenas diferenciações locais sejam exploradas. O respeito à memória coletiva e ao contexto local vêm sendo considerados requisitos indispensáveis para o sucesso de uma cidade frente a um mundo em crescente homogeneização. Ao lado dos avanços da tecnologia e das pressões econômicas globais, expressões de identidade coletiva desafiam a globalização em função da singularidade cultural. Embora a globalização tenha provocado a interconexão entre distintos contextos culturais e econômicos, há uma busca crescente pela diferença e pela valorização das identidades locais. Sob o ponto de vista econômico, admite-se que o contexto urbano e o contexto social local são elementos decisivos na geração de competitividade das cidades em uma economia globalizada. Embora o desenvolvimento das cidades dependa de sua eficiência como fontes de atração e.

(24) Introdução. 22. retenção do capital, torna-se necessário que elas hoje estabeleçam vículos entre a nova economia e a tradicional e que considerem a habitação, a educação, a saúde e a segurança como direitos inalienáveis dos cidadãos. De uma maneira geral, mesmo que os objetivos das intervenções urbanas estratégicas estejam relacionados à integração com o entorno imediato, ao equilíbrio entre mudanças de atividades, usos e residentes e à manutenção de tecido sociais tradicionais da zona de intervenção, o processo de implementação dos projetos urbanos contemporâneos não está sendo realizado sem censuras. As principais críticas aos atuais projetos de renovação urbana estão relacionadas à desigualdade social e à segregação entre zonas de atividades econômicas. Enquanto grandes atuações infra-estruturais são realizadas em função da competitividade internacional, zonas inteiras das cidades e uma boa parte da população ficam fora das comunicações globais e das funções competitivas. Experiências urbanísticas em várias partes do mundo têm provocado a retirada de uma população local tradicional para dar lugar a projetos de intervenção com um maior direcionamento para as elites metropolitanas. Enquanto a população pobre tradicional é deslocada para fora das áreas de intervenção, há um apelo crescente para a atração de grupos de alta renda que promovam o aumento na arrecadação da cidade. Algumas pesquisas como o projeto ‘Urban Restructuring and Social Polarisation in the City’1 – URSPIC (200_), coordenado pelo IFRESI, da Universidade de Lille I, vêm promovendo estudos sobre as relações entre mecanismos globais de reestruturação e os processos de integração e exclusão sócio-espacial entre grandes projetos urbanos implementados na Europa e suas áreas vizinhas. Ao constatarem que, nas últimas décadas, tentativas de fortalecer uma posição em um ambiente globalmente competitivo intensificaram o processo de exclusão social e territorial das cidades, os pesquisadores do IFRESI julgam urgente o estabelecimento de análises sobre a relação entre reestruturação urbana e os processos de exclusão e integração social e territorial das zonas vizinhas às intervenções. Considerando que as cidades hoje necessitam cumprir exigências da competitividade global ao mesmo tempo em que devem fornecer meios de amenização das carências sociais locais, a presente pesquisa sugere que o espaço urbano contemporâneo está sendo configurado por. 1. Tradução livre da autora: ‘Reestruturação Urbana e Polarização Social na Cidade’.

(25) Introdução. 23. decisões em torno de duas forças: uma de ordem global e a outra de ordem local. A força de ordem global, denominada para a pesquisa de econômico-global, estaria associada às pressões do sistema econômico vigente: criação de centros de serviços especializados para garantir o gerenciamento e o controle do capital, sistemas de mobilidade, plataformas de apoio logístico, etc. A força de ordem local, denominada de sócio-cultural estaria associada às pressões particulares do lugar: o apelo às tradições, a identidade, as expectativas da sociedade e cultura local, etc. Ao admitir que o espaço urbano passou a ter uma maior importância para o sistema econômico contemporâneo e que há uma relação direta entre a configuração espacial urbana e a reprodução do capital e dos valores sociais locais, a pesquisa levanta a necessidade da verificação do rebatimento das forças econômico-global e sócio-cultural nos produtos dos projetos urbanos contemporâneos afinados com os processos de atração do capital internacional. Afinada com a idéia de que os desenhistas urbanos devem fazer um esforço para trabalhar com as implicações de seus ideais sociais e políticos no território (BENTLEY et al, 2003) e compreendendo que os impactos resultantes das forças globais e locais devem manter o compromisso com a competitividade, a coesão social e o desenvolvimento de todo o conjunto urbano, a presente pesquisa defende a sugestão do projeto URSPIC e levanta a necessidade de uma análise das soluções de desenho dos projetos urbanos contemporâneos – influenciadas pelas forças global e local – tendo em vista a coesão social e espacial entre as zonas de intervenção desses projetos e seus núcleos urbanos vizinhos. Tendo em vista as considerações abordadas, definiu-se dois objetivos centrais para esta pesquisa: caracterizar o rebatimento das forças econômico-global e sócio-cultural nas soluções de desenho de projetos urbanos afinados com os processos de atração do capital internacional e estabelecer uma análise do potencial dos projetos urbanos em promover a integração sócio-espacial entre a suas zonas de intervenção e áreas vizinhas. Uma vez que o desenvolvimento e a qualificação das cidades para uma economia global pressupõe que elas possuam a capacidade de enfrentar os desafios da globalização ao mesmo tempo em que devem oferecer condições de integração de todo o seu conjunto urbano e social local, a pesquisa verificará como alguns projetos de renovação urbana se comportam frente às pressões econômicas internacionais e às necessidades de superar carências provenientes da sociedade local..

(26) Introdução. 24. A partir dos objetivos centrais foram elencados outros mais específicos que serviram como guias no decorrer do trabalho: (i) Caracterização das forças global e local, em termos de objetivos e demandas; (ii) Verificação de tendências para a elaboração, desenvolvimento e implementação de projetos urbanos contemporâneos nos mais variados contextos; (iii) identificação do rebatimento das forças econômico-global e sócio-cultural nos produtos dos projetos urbanos contemporâneos; (iv) elaboração de um método de análise para a verificação do potencial dos projetos de renovação urbana – influenciados por essas duas forças – em promover a coesão sócio-espacial entre suas zonas de intervenção e áreas vizinhas; (v) aplicação do método em um projeto urbano, tendo em vista a avaliação do seu potencial para a promoção da coesão sócio-espacial de todo o território envolvido. Pela fundamentação teórica, a pesquisa pôde formular respostas preliminares quanto ao rebatimento das forças econômico-global e sócio-cultural nas soluções de desenho dos atuais projetos de renovação urbana e quanto à influência dessas forças na coesão sócio-espacial desses projetos com todo o conjunto urbano envolvido. A primeira hipótese de pesquisa discute que os padrões de desenho comuns aos projetos urbanos contemporâneos são resultantes de uma resposta à força econômico-global que atua como promotora da competição entre as cidades para atração de mercados internacionais. Isso significa que tal força estaria forçando as cidades a responderem com as mesmas estratégias urbanas às pressões econômicas contemporâneas em detrimento da atenção ao caráter peculiar do território onde esses projetos são implementados. A segunda hipótese sugere que as variações espaciais encontradas nos projetos constituem o rebatimento das influências da força sócio-cultural que age como mecanismo de diferenciação dentro de um mundo global. Contrariando a tendência da força econômico-global, a sóciocultural, ao trabalhar localmente, responde às necessidades de escala local. A força sócio-cultural estaria associada às respostas peculiares no desenho dos projetos e à promoção da coesão social e espacial entre as suas zonas de intervenção e todo o conjunto urbano adjacente a eles. Diante dos objetivos mencionados, a organização proposta para o desenvolvimento da pesquisa está dividida em quatro capítulos, cujos conteúdos são expostos a seguir: O primeiro capítulo procura identificar quais as pressões que as forças econômico-global e sóciocultural fazem às cidades. Discute-se que enquanto as cidades passaram a promover seus.

(27) Introdução. 25. territórios em função da reprodução e do consumo do capital, elas também compreenderam a necessidade de estarem atentas às particularidades do lugar. As pressões provenientes da força sócio-cultural podem ser limitadas à afirmação através da identidade urbana. Com o objetivo de responder às demandas locais, as cidades hoje devem promover um sentimento de singularidade, auto-estima e continuidade nos usuários (moradores e visitantes) das cidades. Com a crise dos modelos urbanos na década de 1980 surgiram várias formas de promoção urbana e de renovação da imagem das cidades coerentes com os novos processos econômicos centrados no setor terciário. Não podemos negar que grandes projetos de renovação urbana constituem hoje uma das estratégias mais utilizadas para a promoção das cidades no panorama internacional. Paradigmas dessa nova postura estão espalhados pelo mundo, mas a variedade de temas, procedimentos, produtos e localizações dos projetos urbanos dificultam a percepção de suas características mais significativas e a compreensão da sua influência no local onde é implementado. É no sentido de promover uma possibilidade de identificação de tendências nos projetos urbanos contemporâneos que o segundo capítulo é desenvolvido. A partir dos estudos de Lang (2005) e Portas (1990) foi possível estabelecer um quadro com as principais tendências relativas à elaboração, desenvolvimento e implementação de projetos urbanos contemporâneos. Cada uma das tendências encontradas foi distribuída em seis categorias: Programa Dominante, Ocasião, Contexto Territorial, Procedimentos de Implementação, Produtos e Escala de Intervenção. É também no segundo capítulo que procuramos identificar o rebatimento da influência das forças global e local nos produtos dos projetos urbanos contemporâneos. Restringimos o nosso universo empírico para cinco projetos em áreas de frentes d’água localizados em contextos completamente diversos de maneira a evitar algum tipo de influência direta entre eles. São eles: South Bank na Austrália; Laganside na Irlanda; Clarke Quay em Cingapura; Kuching Waterfront na Malásia; Harbourfront Toronto no Canadá. Após a comparação dos produtos entre os projetos urbanos selecionados, arriscamos a definição de uma Pauta Programática comum aos projeto urbanos em áreas de frente d’água. Cada componente da pauta é classificado como uma resposta às pressões das forças global ou local. O terceiro capítulo chama a atenção para um problema recorrente dos projetos de renovação urbana relacionado à falta de coesão sócio-espacial entre as zonas de intervenção desses projetos e seus núcleos urbanos vizinhos. Apresenta-se as principais críticas aos projetos de renovação urbana, discute-se o papel do desenho urbano para a promoção de tal coesão e é sugerido um.

(28) Introdução. 26. método analítico cujo objetivo é avaliar o potencial que uma intervenção urbana possui em promover a coesão social e espacial entre a sua zona de intervenção e áreas vizinhas. O referencial metodológico para a análise dos projetos é fundamentado em estudos relacionados à disciplina do Desenho Urbano e à Teoria da Lógica Social do Espaço, ou Sintaxe Espacial. O método é composto por três níveis de análise (a. Padrões Espaciais; b. Vida Social; c. Aspectos Programáticos) baseados em uma pré-definição dos componentes da esfera física pública. O quarto capítulo é dedicado à aplicação do método citado em um projeto de renovação urbana selecionado. A delimitação do estudo de caso se deu no Projeto Parque das Nações, implementado para abrigar a Exposição Mundial de Lisboa em 1998 e para reabilitar a antiga zona portuária da cidade. Para além de ser classificado como um projeto de renovação urbana de uma parte de cidade cujo objetivo foi o seu renascimento econômico, a escolha do projeto também se deve ao material disponível para análise oferecer dados suficientes para a coleta das informações segundo cada um dos níveis propostos pelo método. Uma vez que a globalização exige das cidades territórios favoráveis ao desenvolvimento das atividades econômicas contemporâneas e que a exploração de especificidades locais para a reprodução do capital também passou a ser realçada, elaborar uma pesquisa cujo foco recai sobre a caracterização das forças econômico-global e sócio-cultural nas soluções de desenho urbano de projetos de intervenção afinados com essa nova postura permite que se identifique uma lógica na produção urbana contemporânea. Elaborar uma análise sobre as influências das forças global e local nas soluções de projetos que visam reerguer as cidades frente a uma política de competitividade permite o desenvolvimento de reflexões acerca de como as cidades devem se posicionar perante as pressões do sistema econômico global e as necessidades de ordem local..

(29) 1. Globalização, Identidade e o novo papel das cidades. 27. 1. GLOBALIZAÇÃO, IDENTIDADE E O NOVO PAPEL DAS CIDADES. 1.1. REESTRUTURAÇÃO ECONÔMICA E OS CENTROS URBANOS O processo de reestruturação econômica experimentado pelo modo de produção capitalista nas últimas décadas do século XX gerou uma nova situação no mundo baseada em novos equilíbrios e fluxos do capital. A partir da década de 1980, o mundo passava a desenvolver novas estratégias de produção e reprodução do valor nas escalas econômica e cultural. A nova infra-estrutura tecnológica converteu o espaço mundial em um espaço de relação único, com destaque para a globalização da economia, cultura, informação, moda, política e hábitos de comportamento. A globalização, termo freqüentemente utilizado, mas nem sempre bem definido, aparece como uma extensão da universalização das atividades econômicas. Surge como o ápice da internacionalização do mundo capitalista, podendo ser resumida numa série de processos, como a integração espacial de atividades econômicas, os movimentos do capital, as migrações sociais e as mudanças de valores e normas que se espalham por todo mundo. Baseados na nova infraestrutura tecnológica, a comunicação e o processo de globalização da economia mudaram as nossas formas de pensar, produzir e gerir, influenciando também as representações artísticas, as políticas urbanas e o próprio urbanismo. Embora a globalização não seja um fenômeno recente, é a primeira vez que um conjunto de técnicas envolve o planeta como um todo e faz sentir instantaneamente sua presença em todos os lugares (SANTOS, 2003). Para Marcuse e Kempen (2000), a globalização não é um estado, mas um processo. Um processo que atinge todas as cidades do mundo (mesmo que em vários graus e em diferentes maneiras) e que, na sua presente conformação, surge como o resultado da combinação de novas tecnologias com um radical incremento da mobilidade do capital e da integração internacional da produção e controle econômico facilitados pelas vantagens da comunicação e transporte de tecnologias. As novas tecnologias de informação têm permitido a articulação de processos sociais à distância, sejam em áreas metropolitanas, entre regiões ou nações. O desenvolvimento tecnológico provocou a mudança das indústrias para fora dos limites das cidades, a expansão das redes globais de filiais e subsidiárias, o deslocamento das sucursais para os subúrbios e levou à.

(30) 1. Globalização, Identidade e o novo papel das cidades. 28. construção da idéia de que as cidades poderiam se tornar obsoletas nesse novo contexto econômico e tecnológico. Entretanto, uma vez que os fluxos de capital e da informação têm uma origem e um destino, é fácil entender que os processos de globalização não se produzem às margens das cidades, principais nós de relação, produção e intercâmbio. Mesmo com a dispersão provocada pela tecnologia da informação, os centros urbanos atualmente concentram os principais mercados onde as empresas e os governos podem comprar instrumentos financeiros e serviços especializados (SASSEN, 1998b). As formas espaciais e organizacionais assumidas pela globalização e o atual trabalho de operações transnacionais fizeram das cidades um tipo de lugar estratégico. A intersecção entre o grande crescimento da globalização da atividade econômica e o crescimento da intensidade dos serviços de organização da economia resultaram na ampliação das cidades na economia mundial. Os processos chaves, na verdade, estão relacionados à crescente necessidade de serviços por parte das empresas de todos os ramos e a constituição da cidade como centro da produção desses serviços, seja a nível global, nacional ou regional. As operações rotineiras podem, facilmente, dispersar-se das cidades, mas pelo tempo ser um fator essencial para a produção do capital, o benefício da aglomeração ainda é extremamente relevante. As sedes empresariais podem até se localizar fora das cidades, mas necessitam de um complexo de serviços ao produtor em alguma parte dentro dela para comprar ou contratar serviços especializados e financeiros mais facilmente. Os escritórios centrais das empresas que possuem atividades internacionais tendem a se localizar em grandes cidades. As empresas em linhas de atividade fortemente orientadas para o mercado mundial assumem o benefício de uma localização central nos principais centros internacionais de negócios. Contrariando os deterministas tecnológicos, a era das telecomunicações não dilui os centros urbanos, pelo contrário, ao permitir a gestão e a comunicação entre os sistemas urbanos, tende a concentrar a população em aglomerações urbanas de gigantescas dimensões e de características sócio-espaciais historicamente novas (BORJA e CASTELLS, 2004). Para Sassen (1998a), as tecnologias da informação, na verdade, contribuem para a concentração espacial. Elas tornam possível a dispersão geográfica e a interação simultânea de muitas atividades, no entanto, as condições determinantes que possibilitam tais recursos provocaram o agrupamento de usuários nos centros de telecomunicações mais avançados..

(31) 1. Globalização, Identidade e o novo papel das cidades. 29. A combinação entre dispersão espacial e integração global criou um novo papel estratégico para as cidades. Estas, que historicamente funcionavam como centros de comércio e finanças internacionais, agora trabalham de quatro novas maneiras: como pontos direcionais da organização da economia mundial; como locais chaves para finanças e firmas de serviços especializados; como lugares de produção, incluindo a produção de inovação nos setores avançados; e como mercados para esses produtos de inovação (BOTELHO, 2004). Harvey (2005) argumenta que todos os processos decorrentes das transformações recentes do capitalismo estão diretamente associados às pressões da acumulação do capital e redução do tempo de giro do mesmo. Uma importante razão para esperar mudanças espaciais dentro das cidades está na alteração da natureza das atividades econômicas e nas novas formas de acumulação do capital a partir de 1980. Segundo Sassen (1998a), as mudanças profundas na composição, geografia e quadro institucional da economia global têm apresentado grandes implicações para as cidades. Os empreendedores ao perceberem as limitações relativas à acumulação e ao giro de bens físicos compreenderam o grande retorno financeiro que teriam com o fornecimento de serviços bastante efêmeros em termos de consumo. Nas últimas décadas, a grande novidade foi a acumulação de capital a partir do fornecimento de serviços efêmeros como concertos, cinema, teatros, museus, uma vez que o tempo de vida desses serviços (visitar museu, ir ao cinema, assistir a um concerto, etc) é muito mais curto do que qualquer outro bem material, ou seja, o capital gira muito mais rápido (HARVEY, 2005). O privilégio pelas atividades econômicas relacionadas ao setor terciário, especialmente as administrativas, financeiras, técnicas de entretenimento e de consumo, passou a constituir uma das características mais marcantes das atividades capitalistas contemporâneas. Se a crescente globalização incorpora novos territórios aos sistemas econômicos e políticos consolidados, argumenta-se que ela tenha gerado também novos desequilíbrios entre as diversas partes do território. Ao retirar o foco dos antigos complexos industriais, privilegiando as atividades econômicas relacionadas ao setor de serviços, o estágio atual da economia global tem gerado o esvaziamento de tradicionais centros urbanos em todo o mundo. Enormes extensões de terras desocupadas, ruínas de fábricas e armazéns abandonados decorrentes desse processo estão à espera de uma reurbanização (HALL, P., 2002)..

(32) 1. Globalização, Identidade e o novo papel das cidades. 30. 1.1.1. Uma questão recente: a competição intra-urbana A globalização econômica faz as cidades, empresas e indivíduos dependerem, em grande parte, dos movimentos do capital. Não há como negar que as transformações econômicas das últimas décadas repercutiram nas aglomerações urbanas em toda parte. O processo generalizado de internacionalização da produção e do consumo fez com que a cidade assumisse um novo papel no avanço global, convertendo-se em um dos atores primordiais do desenvolvimento do território. As cidades foram claramente afetadas pela globalização, mas também passaram a participar ativamente desse fenômeno, criando novas formas de gestão e planejamento urbano a partir de 1980. As administrações urbanas passaram a prestar mais atenção ao clima de negócios, qualidades de infra-estrutura, controle de mão-de-obra local, impostos e descontos. A produção e o consumo do espaço urbano e o processo de urbanização estão intrinsecamente ligados aos sistemas econômicos globais, passando a ser conduzidos quase exclusivamente pela propriedade privada e regulados a partir das necessidades do capital. As cidades passaram a compreender que em um mundo de economia global, as posições adquiridas no passado, o capital acumulado, as riquezas naturais ou a situação geográfica não mais determinam o seu êxito ou fracasso no âmbito internacional, mas a velocidade de informações sobre os mercados internacionais, a adaptação aos mesmos e a flexibilidade das suas estruturas produtivas (BOTELHO, 2004). A atual tarefa da gestão urbana consiste em situar cada cidade em condições de afrontar a competição global e de atrair uma produção altamente flexível e os fluxos financeiros e de consumo. A cidade saiu da forma passiva de objeto e assumiu a forma ativa de sujeito. Na Europa, a recessão econômica dos anos 1970 provocou uma reação dos governos locais e dos principais atores econômicos e sociais urbanos. Os primeiros, buscaram atrair investidores, gerar empregos e renovar a base produtiva da cidade. Em algumas cidades houve uma reação conjunta do governo local e dos principais agentes econômicos para realizar uma transformação da infraestrutura urbana que facilitaria a mudança do modelo industrial tradicional ao terciário qualificado, como Birmingham. Outras cidades promoveram mudanças de infra-estrutura e imagem para se adequarem aos novos requerimentos da economia global e da competitividade internacional, como Amsterdã e Lyon (BORJA e CASTELLS, 2004).

(33) 1. Globalização, Identidade e o novo papel das cidades. 31. O planejamento urbano passou de regulador da expansão do setor privado, para a administração da cidade visando o aproveitamento das oportunidades oferecidas pela nova dinâmica da acumulação do capital. Se durante largo período o debate acerca da questão urbana se dava em razão de temas como o crescimento urbano desordenado, equipamentos coletivos, movimentos sociais urbanos, distribuição do uso do solo, etc, a questão urbana atual tem como eixo central a competitividade da cidade. As cidades hoje competem entre si para atrair investimentos e tecnologia (VAINER, 2000). As cidades têm se baseado na combinação entre a qualidade dos recursos humanos e a capacidade de inovação, a dotação infra-estrutural (acessibilidade, comunicações, etc), a qualidade ambiental e estabilidade social (localização, moradia, clima social) para se destacarem frente a um mundo competitivo. As tomadas de decisões públicas são agora muito mais seletivas e interativas. A atual intenção das cidades é alcançar determinados efeitos, especialmente qualitativos (PORTAS, 1990). Acredita-se que a competitividade do território dependerá, sobretudo, de um funcionamento eficiente dos sistemas urbano – especialmente em termos de mobilidade e serviços básicos –, inserção dos sistemas de comunicação de caráter global, boa informação dos agentes econômicos e sociais dos processos mundiais, qualificação dos recursos humanos, apoio público dos agentes econômicos e sociais, instituições políticas representativas e a definição de um projeto de cidade (BORJA e CASTELLS, 2004).. 1.1.2. Mudança de paradigma: do plano diretor aos projetos estratégicos As políticas urbanas praticadas até a década de 1980 pareciam defasadas ante os desafios da globalização da economia e da tecnologia. “Inspiradas nas empresas privadas dos anos 60, cidades e regiões passaram a declarar que a máquina de morar-trabalhar moderna não mais atendia às exigências de uma nova fase de reestruturação do capitalismo, […] inventando máquinas urbanas de produzir renda” (ARANTES, 2000: 52). Os governos locais mais inovadores tentaram, durante as últimas décadas, exercer suas próprias funções de planejamento territorial e de desenvolvimento urbano segundo um regime dualista, ou seja, segundo uma articulação entre decisões passivas (autorização de iniciativas de terceiros) e.

(34) 1. Globalização, Identidade e o novo papel das cidades. 32. ativas (determinadas pelo aproveitamento de ocasiões imprevistas) (PORTAS, 1990). O esgotamento do planejamento urbano tradicional forçou a proposição de um outro que procurasse se adequar ao novo cenário econômico mundial. É nesse período que surge um novo tipo de planejamento chamado ‘Estratégico’, que aparece como uma alternativa às tradicionais orientações do Plano Diretor e como uma nova estratégia de desenvolvimento e articulação do tecido urbano. Voltando-se para uma visão global da cidade à procura de uma melhor resposta à nova fase econômica, o Planejamento Estratégico salientou a chance de aproveitar as oportunidades para a implementação de projetos que atraíssem investidores, alta visibilidade e atividades afinadas com a tendência econômica recente, centrada no setor terciário, particularmente, nos serviços especializados. Diferente do Plano Diretor, o Planejamento Estratégico é um plano de ações que prioriza os projetos urbanos, utiliza análise qualitativa e fatores críticos (BORJA e CASTELLS, 2004). Suas principais características são ações a curto prazo e a colaboração entre setores públicos e privados. Baseando-se em negociações e articulações entre os diversos agentes urbanos, inclusive investidores privados, o Planejamento Estratégico se propõe como um plano de ações que visa solucionar os problemas locais e aproveitar (ou até criar) oportunidades para o desenvolvimento da cidade (BRANDÃO, Z., 2002). Os grandes projetos terão valor estratégico segundo seja sua capacidade de promover transformações urbanas que aumentem sua atratividade e sua coesão social local. Há uma convergência entre governantes, burocratas e urbanistas para a idéia de que as cidades só são capazes de gerar respostas competitivas aos desafios da globalização se forem dotadas de um plano estratégico, uma vez que agora elas também estariam submetidas às mesmas condições de uma empresa privada (VAINER, 2000). Os atores urbanos ao encararem a cidade como uma empresa, atuam não somente no sentido de facilitar a entrada de investimentos privados, mas também buscam uma maior competitividade internacional através da exploração das vantagens locais, reforçando o grau de atração da cidade e a elevação da qualidade de vida. Não é a primeira vez que a cidade toma emprestado o modelo empresarial para efeito de seu planejamento, mas enquanto os planejadores modernistas foram seduzidos pela unidade de produção empresarial, transportando para o plano urbano os princípios de organização da produção, hoje as empresas vem sendo tomadas como exemplos de unidades de gestão de negócios. Ver a cidade como empresa significa que é no mercado onde ela encontra o modelo do.

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