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PROCESSO CIVIL PROF. TATIANE KIPPER

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PROCESSO CIVIL

PROF. TATIANE KIPPER

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PROCESSO CIVIL

Procedimentos Especiais

1. DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO ... 4

2. DOS EMBARGOS DE TERCEIRO ... 24

3. DA OPOSIÇÃO E DA AÇÃO MONITÓRIA ... 36

4. DA HABILITAÇÃO E DA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS ... 60

5. DA RESTAURAÇÃO DE AUTOS E NOÇÕES GERAIS DE AÇÕES POSSESSÓRIAS ... 79

Para entender o que são procedimentos especiais, necessário se faz, de início, traçar alguns conceitos sobre procedimentos.

De acordo com TARTUCE e DELLORE (2016, p. 303): “procedimento é a sequência de atos processuais que levam à decisão final, constituindo a manifestação exterior do processo; em síntese, é o modo pelo qual o processo se desenvolve”.

Ainda, segundo os autores mencionados, os procedimentos especiais foram concebidos pelo legislador em observância a peculiares situações de direito material, objetivando, assim, promover mais eficiência e racionalidade na tramitação de determinados processos. (TARTUCE; DELLORE, 2016, p. 303) Ainda, completam os autores:

Como o legislador processual entendeu que o procedimento comum não seria apto a gerar proveitosas atuações em todas as hipóteses, previu diferenciados procedimentos para contemplar sequencias variadas de atos processuais com condutas a serem observadas pelas partes e pelo juiz. (TARTUCE; DELLORE, 2016, p.

303)

Disso tudo se extrai, que, procedimentos especiais são algumas ações específicas que possuem uma sequência de atos processuais determinada e diferenciada. Dessa forma, procedimento especial seria, conforme lição de TARTUCE E DELLORE (2016, p. 304) como aquele previsto pelo legislador a fim de que o processo se movimente de modo que melhor atenda à proteção de certos interesses e direitos eleitos como dignos de alteração em certas diretrizes. Assim,

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se for procedimento especial, serão aplicadas as regras pertinentes ao procedimento especial, e de forma subsidiárias, as disposições gerais do procedimento comum.

O CPC estabelece os procedimentos especiais a partir do artigo 539 a 770 do CPC, podendo ser citados como exemplos: ação de consignação em pagamento (art. 539 a 549 do CPC); ação de exigir contas (art. 550 a 553 do CPC);

Oposição (arts. 682 a 686 do CPC); Embargos de terceiros (arts. 674 a 681 do CPC);

dentre outros.

Ainda, a partir do artigo 719, o CPC trouxe procedimentos especiais de jurisdição voluntária, como exemplo: o do Divórcio e da Separação Consensuais, da Extinção Consensual de União Estável e da Alteração do Regime de Bens do Matrimônio;

Assim, conforme ensina Medina (2016, p. 805) além do procedimento comum previsto no artigo 318 e seguintes do CPC, há uma série de procedimentos especiais (previstos a partir do artigo 539 e seguintes do CPC), bem como o processo de execução de títulos executivos extrajudiciais (arts. 771 e ss do CPC de 2015), procedimento para o caso das tutelas provisórias de urgência antecipada ou cautelar REQUERIDAS EM CARÁTER ANTECEDENTE (arts. 303 e 305 e ss do CPC/2015), etc.

Da mesma forma, existem procedimentos especiais previstos em leis extravagantes, como a Lei dos Juizados Especiais Cíveis (Lei 9099/95, por exemplo), Lei do Mandado de Segurança (Lei nº 12.016/2009). (MEDINA, 2016, p.

805)

Segundo Führer e Führer (2015, p. 151) existem diversos procedimentos especiais, que são previstos não somente no Código de Processo Civil, mas também em outras leis especiais, como ocorre com as falências, alimentos, por exemplo.

Passa-se a analisar alguns dos procedimentos especiais previstos no CPC, a iniciar pela ação de consignação em pagamento.

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1. DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO a) Previsão legal:

A previsão legal da ação de consignação em pagamento está nos art. 539 a 549 do Novo CPC e 334 a 345 do Código Civil. Verifica-se, ainda, que há previsão acerca da consignação em pagamento judicial ou extrajudicial.

Ressalta-se de início, que se for consignação de coisa somente admite-se na via judicial. A consignação de quantia em dinheiro pode ser tanto judicial quanto extrajudicial:

* Para todos verem: esquema abaixo.

Além disso, conforme ensinam (MARINONI, ARENHART E MITIDIERO, 2017, P. 139) têm-se vários mecanismos de consignação, alguns previstos no procedimento disciplinado pelos arts. 539 a 549 do CPC, outros disciplinados em leis especiais, como ocorre com a consignação de aluguéis tratada no artigo 67 da Lei 8.245/91 ou com a consignação tributária (art. 164 do CTN).

b) Finalidade da Consignação em Pagamento:

O objetivo da consignação em pagamento é justamente extinguir a obrigação, porque ocorreu, por exemplo, uma situação do artigo 335 do Código Civil, e o devedor precisa se liberar da obrigação, então, poderá consignar a coisa ou quantia devida:

Art. 335. A consignação tem lugar:

I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;

II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;

EXTRAJUDICIAL Somente em dinheiro

JUDICIAL Dinheiro ou coisa

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III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;

V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento. (BRASIL, 2002) Quanto ao cabimento da consignação em pagamento, Colombo e Silva (2017, p. 216) ensinam que o pagamento ou adimplemento, que acarreta a extinção da obrigação, normalmente ocorre com o cumprimento voluntário da obrigação pelo devedor, conforme ajustado previamente entre as partes. No entanto, “haverá situações em que o devedor não conseguirá efetuar o pagamento de forma direta. Caso em que caberá a Ação de Consignação de Pagamento. É um direito do devedor o adimplemento da obrigação, portanto, se não conseguir efetuar o pagamento da quantia devida diretamente, poderá adimplir por meio do instituto da consignação, consignando com efeito de pagamento/adimplemento a quantia ou da coisa devida”.

Segundo Medina (2016, p. 807) “a consignação em pagamento é forma de adimplemento indireto, modalidade de extinção do vínculo obrigacional que se realiza através do depósito (judicial ou extrajudicial) do bem objeto da prestação (cf. art. 334 do CC/2002). Tem por finalidade obter a liberação do devedor diante da mora do credor (mora creditoris), de dúvida sobre quem seja o credor ou de pendência de litígio sobre o objeto do pagamento (cf. art. 335 do CC/2002 (...).

Da mesma forma ensinam Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 135) que a consignação consiste no depósito judicial ou extrajudicial tendo a mesma força liberatória que o pagamento. Ainda, embora o pagamento seja a forma normal de extinção das obrigações, haverá situações em que essa solução não será possível. Dessa forma, sempre que se estiver diante de mora do credor em aceitar o cumprimento da obrigação ou então quando for impossível o pagamento por motivos não imputados ao devedor, poderá este se exonerar da obrigação por meio da consignação em pagamento.

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Logo, a função precípua da consignação em pagamento é permitir que o devedor se libere da obrigação, evitando assim que permaneça com o encargo de responder pelos juros e pelos riscos sobre a coisa, bem como para que possa se desonerar da própria prestação devida. (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 135-136)

c) Legitimados na ação de consignação em pagamento

NO POLO ATIVO: próprio devedor e o terceiro que seja interessado no pagamento, conforme art. 304 do CC.

Colombo e Silva (2017, p. 216) também mencionam que a legitimidade ativa da consignação em pagamento pode ser constituída tanto pelo devedor, quanto pelo juridicamente interessado no pagamento da dúvida. Disso decorre, que, não somente o devedor originário, mas igualmente, terceiros podem figurar no polo ativo.

Ainda, conforme ressaltam MARINONI; ARENHART E MITIDIERO (2017, p.

140) o terceiro não interessado poderá realizar o pagamento, desde que o faça em nome e à conta do devedor, na forma do artigo 304 do CC;

NO POLO PASSIVO: CREDOR - De acordo com o artigo 335 do Código Civil.

Segundo MARINONI; ARENHART E MITIDIERO (2017, p. 140) no polo passivo da ação poderá figurar o credor conhecido, aquele que se afirma credor, ou ainda, se ele é desconhecido, o credor incerto a ser citado por edital. e, em havendo o concurso de supostos credores (art. 335, IV do CPC), todos os pretendentes deverão figurar como litisconsortes passivos necessários (art. 547 do CPC).

Sobre a legitimidade ativa e passiva na ação de consignação em pagamento ainda complementam Aguirre e Montans de Sá (2017, p. 141) no sentido de que possuem legitimidade ativa para a ação de consignação em pagamento o devedor ou o terceiro, nos termos do artigo 539 do CPC, em consonância com a legislação de direito material que permite o pagamento por terceiro interessado ou não, conforme dispõem os artigos 304 e seguintes do CC.

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Já a legitimidade passiva será do credor, mas se houver dúvida sobre quem deva legitimamente receber, deve ser realizada a consignação em pagamento nos termos do artigo 547 do CPC.

d) O Direito Material na ação de Consignação

Conforme previsão do artigo 334 do Código Civil, a consignação, que consiste no depósito judicial ou extrajudicial, possui a mesma força de liberatória que o pagamento. (MARINONI, ARENHART, MITIDIERO, 2017)

O objetivo assim da consignação em pagamento é liberar o devedor da obrigação, evitando que permaneça com o encargo de responder pelos juros e pelos riscos da coisa, bem como para que possa desonerar-se da obrigação devida. (MARINONI, ARENHART, MITIDIERO, 2017)

e) Das hipóteses legais para a consignação:

O Código de Processo Civil ao estabelecer o procedimento especial da consignação em pagamento não traz as hipóteses em que ela tem cabimento, e sim, de que pode ser consignação de coisa, quanto de quantia em dinheiro, bem como que em se tratando de quantia em dinheiro, a consignação pode ser tanto extrajudicial quanto judicial, e, consignação de coisa, somente na via judicial

As hipóteses de consignação em pagamento são previstas no Código Civil, no seu artigo 335:

Art. 335. A consignação tem lugar:

I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma;

II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;

III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;

IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;

V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento. (BRASIL, 2002)

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I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma:

Neste caso se refere à dívida portável, no caso em que oferecida a prestação, o credor não possa ou se recuse a recebê-la ou dar quitação. Dívidas portáveis são aquelas em que compete ao devedor oferecer a prestação no domicílio do credor (ou no local por este indicado). Assim sendo, em havendo essa oferta, mas não tendo o credor aceitado a prestação, ou, sem justo motivo, recusado a quitação, autoriza-se a consignação. (MARINONI, ARENHART E MITIDIERO, 2017, P. 138).

II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos: Aqui trata-se de hipótese referente às dívidas quesíveis, em que cabe ao credor buscar o pagamento da dívida no domicílio do devedor.

Assim se o credor não comparece no momento e segundo as condições estipuladas, seja pessoalmente ou por representante para receber a prestação que lhe é devida, pode o devedor liberar-se da obrigação por meio da consignação. (MARINONI, ARENHART E MITIDIERO, 2017, P. 138).

III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil: Exemplos dados por Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 139): em se tratando de credor incapaz, por exemplo, caberá ao seu curador o dever de dar quitação à prestação;

se porém, o devedor não sabe quem é o curador do credor ou desconhece sobre a existência de poderes outorgados a este para dar quitação, poderá consignar a prestação. Já quando o credor reside em local de acesso difícil ou perigoso, ou ainda incerto, e sendo a dívida portável, não se justifica imputar ao devedor a mora, já que não lhe seria razoável exigir o cumprimento da prestação no local indicado pelo credor, razão pela qual se autoriza a consignação como forma de pagamento.

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IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento:

Neste caso, há uma multiplicidade de pessoas que pretendem receber a prestação, ou, ainda há a dúvida sobre quem deve realmente receber, ou ainda, se aquele que se apresenta a receber possui poderes para tanto. Diante disso, ensinam os autores Marinoni, Arenhart e Mitidiero de que se difere tal situação da hipótese anterior (inciso III – credor desconhecido), já que naquela situação não se tem ideia sobre quem é a pessoa do credor, e não comparece ninguém para receber a prestação devida. Dessa forma, se o devedor estiver ciente do litígio, deve consignar a prestação, sob pena de, em pagando a qualquer dos pretendentes, assumir o risco pelo pagamento, conforme reza o artigo 344 do CC. Ou seja, conforme ensinam os autores, a dúvida que permite o emprego da ação de consignação em pagamento é a dúvida fundada e não resultante de culpa do devedor. (MARINONI, ARENHART E MITIDIERO, 2017, P. 139).

Art. 344. O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação, mas, se pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio, assumirá o risco do pagamento.

(BRASIL, 2002)

V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento; Quando houver litígio sobre o próprio crédito. (MARINONI, ARENHART E MITIDIERO, 2017, p. 139).

1.1. Da Consignação em Pagamento Extrajudicial

Segundo Aguirre e Montans de Sá (2017, p. 141) a consignação em pagamento pode se dar na via extrajudicial e judicial. O depósito na via extrajudicial somente é permitido quando se tratar de obrigação de pagar em dinheiro, hipótese que será feito em estabelecimento bancário oficial no local do pagamento, conforme art. 539, §1º do CPC:

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Art. 539. Nos casos previstos em lei, poderá o devedor ou terceiro requerer, com efeito de pagamento, a consignação da quantia ou da coisa devida.

§ 1º Tratando-se de obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em estabelecimento bancário, oficial onde houver, situado no lugar do pagamento, cientificando-se o credor por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa.

§ 2º Decorrido o prazo do § 1o , contado do retorno do aviso de recebimento, sem a manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada.

§ 3º Ocorrendo a recusa, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, poderá ser proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a inicial com a prova do depósito e da recusa.

§ 4º Não proposta a ação no prazo do § 3o , ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante. (BRASIL, 2015)

Da mesma forma ensinam Colombo e Silva (2017, p. 217) que a consignação em pagamento exclusivamente de obrigação em dinheiro pode ser promovida pelo devedor de forma extrajudicial, constituindo uma faculdade. Tal faculdade, alertam os autores, é somente para obrigações em dinheiro, sendo que a consignação de coisas será feita sempre de forma judicial.

Sobre a possibilidade de haver a consignação na via extrajudicial, Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 142) ensinam que quando se tratar de prestação em quantia em dinheiro, poderá haver a opção pelo depósito extrajudicial da importância devida, até como forma de evitar a demanda judicial (art. 539, §1º do CPC). É UMA FACULDADE dada ao interessado, e não de obrigação, de modo que, entendendo como medida inútil, inadequada ou inviável, pode o interessado optar diretamente pelo ajuizamento da ação.

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Ainda, conforme os mencionados autores, é certo que somente prestações pecuniárias podem utilizar-se da consignação extrajudicial. Ou seja, em se tratando de outra espécie de prestação, deverá ser depositada em juízo, mediante a competente ação judicial. (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 142)

Importante destacar que houve alteração no Novo CPC no que tange ao prazo para propositura da ação de consignação caso o devedor tenha optado em fazer primeiro na via extrajudicial e houve recusa por parte do credor. Para computar o depósito feito na via judicial, conforme o §3º do Artigo 539 do Novo CPC, hoje o prazo é 01 mês para ingressar com a referida ação, juntando o comprovante do depósito e da recusa.

Como ocorre o procedimento da consignação na via extrajudicial?

Conforme o §1º do artigo 539 do CPC, sendo a obrigação a ser cumprida obrigação em dinheiro, poderá o valor ser depositado em estabelecimento bancário, oficial onde houver, no local do pagamento, devendo o credor ser cientificado por carta com aviso de recebimento, assinado o prazo de 10 (dez) dias para a manifestação de recusa, caso não concorde com o depósito.

De acordo com o § 2º do artigo 539 do CPC, uma vez decorrido o prazo do

§ 1º (ou seja, 10 dias) a contar do retorno do aviso de recebimento, sem a manifestação de recusa, considerar-se-á o devedor liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia que foi depositada no estabelecimento bancário.

Porém, se o credor recusar o depósito dentro do prazo de forma expressa, ou seja, de forma escrita ao estabelecimento bancário, poderá ser proposta, dentro de 1 (um) mês, a ação de consignação, instruindo-se a petição inicial com a prova do depósito e da recusa. Agora, por mais que tenha havido a recusa do credor no procedimento extrajudicial e o devedor não ingressar com a ação no prazo de 01 mês, ficará sem efeito o depósito, podendo levantá-lo o depositante.

Isto é, passado 01 mês o devedor poderá ingressar com a ação, mas deverá requerer novo depósito.

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Sobre o procedimento da consignação extrajudicial explicam Führer e Führer (2016, p. 152-153):

Se a obrigação for em dinheiro, o devedor pode depositar o valor em estabelecimento bancário, oficial, no lugar do pagamento, cientificando o credor por carta com Aviso de Recebimento/AR para, no prazo de 10 dias, a contar do retorno do AR, apresentar sua recusa. Esgotado o prazo sem manifestação, o devedor é liberado da obrigação, ficando à disposição do credor a quantia depositada.

Ocorrendo recusa escrita apresentada no estabelecimento bancário, o devedor poderá propor a consignatória em juízo, no prazo de um mês. A perda do prazo não impede a ação, mas torna insubsistente o depósito (art. 539, §4º), devendo ser realizado outro em juízo, quando autorizado.

Da mesma forma, explicitando o procedimento da consignação extrajudicial, Aguirre e Montans de Sá (2017, p. 141) ensinam que uma vez feito o depósito extrajudicial da quantia em dinheiro, o credor deve ser cientificado por carta com aviso de recebimento, sendo assinalado o prazo de 10 dias para formalizar sua recusa. Passado o prazo de 10 dias contado do retorno do aviso de recebimento, sem a manifestação de recusa por parte do credor de forma expressa, considera-se liberado o devedor do vínculo obrigacional, ficando à disposição do credor a quantia depositada. Porém, se o credor oferecer recusa expressa, dentro do prazo de 10 dias, manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, o devedor poderá propor a ação de consignação em pagamento dentro do prazo de 01 mês. Se a ação de consignação não for proposta no prazo de 01 mês, ficará sem efeito o depósito, podendo levantar a quantia o depositante.

Também esclarece MARINONI, ARENHART E MITIDIERO (2017, p. 143) sobre as condutas do credor e suas consequências: “Compete ao credor, então, manifestar-se expressamente sua recusa em receber o valor depositado, sob pena de, diante de seu silencio, presumir-se aceita a consignação, com a consequente liberação do devedor da obrigação (art. 539, §2º, do CPC)”.

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Ainda, conforme ensinam MARINONI, ARENHART E MITIDIERO (2017, p.

143) caso o credor recuse expressamente o depósito realizado, de forma escrita, caberá àquele que efetuou o depósito apresentar dentro do prazo de 01 mês a ação judicial de consignação em pagamento, instruindo a inicial com o comprovante do depósito e da recusa (art. 539, §3º do CPC). O prazo não é peremptório, no sentido de inviabilizar a propositura da ação após seu escoamento. Ou seja, é evidente que o interessado poderá ajuizar a ação consignatória mesmo depois do prazo de 01 mês. Ocorre que, a ação ajuizada dentro do prazo de 01 mês acarreta a manutenção da situação anterior, criada com o depósito, da elisão dos efeitos da mora do devedor. Em outras palavras segundo os autores mencionados: “pode-se dizer que, efetuado o depósito extrajudicial da quantia devida, o devedor passa a não (mais) sofrer os efeitos da mora; estes efeitos voltarão a incidir depois do prazo designado, salvo se o interessado ajuizar, nesse período, a competente ação consignatória, caso em que a supressão desses efeitos restará mantida. Desse modo, o ajuizamento da medida judicial consignatória no prazo de um mês faz manter o estado impeditivo da mora que havia sido inaugurado com o depósito extrajudicial da quantia devida. Em conta disso, escoado o prazo de um mês a que se refere o dispositivo legal, o depósito realizado perde sua eficácia, de modo que pode ser livremente levantado pelo depositante, uma vez pagas as despesas pertinentes (art. 539, §4º do CPC)”.

EM RESUMO

* Para todos verem: mapa conceitual com os principais pontos sobre Procedimento de Consignação Extrajudicial.

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SAIBA MAIS!

Procedimento extrajudicial da consignação em pagamento (parte 1)

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1.2 Ação de Consignação em Pagamento na VIA JUDICIAL

De início, destaca-se o entendimento de Aguirre e Montans de Sá (2017, p.

141) que a “opção pela via judicial não está condicionada ao prévio procedimento do depósito extrajudicial”

a) Competência: Prevista no artigo 540 do CPC/15:

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Art. 540. Requerer-se-á a consignação no lugar do pagamento, cessando para o devedor, à data do depósito, os juros e os riscos, salvo se a demanda for julgada improcedente. (BRASIL, 2015)

Ou seja, a consignação deve ser realizada no local do pagamento, repetindo o comando previsto no artigo 337 do código civil, que trata do problema de direito material, consistente no lugar em que se deva realizar o cumprimento das obrigações. (Marinoni; Arenhart, Mitidiero, 2017, p. 141):

Art. 337. O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que se efetue, para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado improcedente. (BRASIL, 2002)

b) Da inclusão das prestações Sucessivas:

Quando a obrigação envolver prestações sucessivas (há quem denomine de periódicas), ou seja, aquelas que se decompõem em mais de uma prestação, é de se observar a previsão do artigo 541 do CPC:

Art. 541. Tratando-se de prestações sucessivas, consignada uma delas, pode o devedor continuar a depositar, no mesmo processo e sem mais formalidades, as que se forem vencendo, desde que o faça em até 5 (cinco) dias contados da data do respectivo vencimento. (BRASIL, 2015)

De acordo com o artigo 541 do CPC pode o devedor consignando uma delas, continuar a depositar no mesmo processo (sem necessidade, então, de uma ação para cada prestação) as que forem vencendo, desde que deposite em até 05 dias a contar da data do vencimento de cada prestação.

Sobre tal previsão Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 145) ensinam que quando a obrigação envolver prestações sucessivas, é possível que, realizada a consignação da primeira, podem as demais serem realizadas no curso da demanda. Assim, o artigo 541 do CPC estabelece essa faculdade, sem maiores formalidades, desde que o seu depósito ocorra no prazo de 05 dias a contar do vencimento de cada parcela.

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Sobre essa faculdade, ainda explicam os autores: “A faculdade harmoniza- se claramente com a garantia de economia processual, já que não faria sentido impor-se ao devedor ajuizar tantas demandas consignatórias quantas fossem as prestações devidas em razão da obrigação. Para evitar essa situação, faculta-se ao devedor proceder aos depósitos sucessivos no mesmo processo, usando do mesmo parâmetro para a consignação inicial – ou seja, a imposição de que seja realizado no prazo de cinco dias”. (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2017, p.

145)

c) Da Petição Inicial:

Conforme Medina (2016, p. 809) na petição inicial, o autor da ação de consignação em pagamento deve requerer o depósito da quantia ou da coisa devida, bem como a citação do Réu para levantar o depósito ou oferecer contestação. Deve ser observado ainda o disposto no artigo 319 do CPC.

Em se tratando de procedimento especial, a petição inicial da ação de consignação em pagamento vai observar os requisitos do artigo 319 + 320 + devendo, ainda, conter pedido expresso para que o juiz autorize o depósito da coisa ou quantia devida + deverá conter o pedido de citação do réu para que levante o depósito ou ofereça contestação. E, caso autorizado o depósito, este deverá ser realizado no prazo de 5 dias a contar do deferimento do pedido (art.

542, I). (COLOMBO; SILVA, 2017, p. 218)

Sobre os requisitos da petição inicial Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p.

144) ensinam:

A petição inicial da ação de consignação preencherá todos os requisitos dos arts. 319 e 320 do CPC, devendo ainda o autor requerer: (a) o depósito da prestação (quantia ou coisa devidas), a ser realizado no prazo de cinco dias a contar do deferimento (...); e (b) a citação do réu para levantar o depósito ou apresentar resposta (...). Evidentemente, caso o autor tenha usado a faculdade da consignação extrajudicial, descaberá novo depósito em dinheiro, de modo que bastará ele instruir a petição inicial com o comprovante

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do depósito e da recusa (arts. 539, §3º, do CPC), no prazo de um mês (...).

* Para todos verem: tabela abaixo.

REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO AMBAS DEVEM CUMPRIR 319 + 320 DO CPC

DIRETO NA VIA JUDICIAL (OU DEPOIS DA RECUSA EXPRESSA DO CREDOR NA VIA EXTRAJUDICIAL DEVEDOR NÃO INGRESSOU COM A AÇÃO NO PRAZO DE 01 MÊS)

SE PRIMEIRO FEZ O PROCEDIMENTO EXTRAJUDICIAL → HOUVE RECUSA DO CREDOR NO PRAZO → MAS O DEVEDOR INGRESSOU COM A AÇÃO NO PRAZO DE 01 MÊS

1. Requerer o depósito da coisa ou quantia devida (art. 542, I do CPC) → deve ser realizado no prazo de 05 dias a contar do deferimento do juiz, sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito (Parágrafo único do artigo 542 do CPC);

2. Requerer a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação (art. 542, II do CPC);

1. Juntar o comprovante do depósito e da recusa (art. 542, I e 539, §3º do CPC);

2. Requerer a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação (art. 542, II do CPC);

Ainda, de acordo com o artigo 542 do CPC/15 o Autor deve realizar o depósito no prazo de 05 dias contados do deferimento, sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito:

Art. 542. Na petição inicial, o autor requererá:

I - O depósito da quantia ou da coisa devida, a ser efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do deferimento, ressalvada a hipótese do art. 539, § 3o ;

II - A citação do réu para levantar o depósito ou oferecer contestação. Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo do inciso I, o processo será extinto sem resolução do mérito.

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Parágrafo único. Não realizado o depósito no prazo do inciso I, o processo será extinto sem resolução do mérito. (BRASIL, 2015)

Cuidar que se a ação de consignação for oriunda do depósito extrajudicial não vai ser requerido o depósito, pois já foi realizado. Então, vai ser juntado com a inicial o comprovante do depósito e da recusa, conforme art. 542, II e 539, §3º do CPC, desde que o devedor ingresse com a ação no prazo de 01 mês, porque se passar o prazo, por mais que possa ingressar com a ação, o depósito feito na via extrajudicial fica sem efeito.

d) Coisa indeterminada e escolha pelo Credor: Previsão no artigo 543 do CPC/15.

Art. 543. Se o objeto da prestação for coisa indeterminada e a escolha couber ao credor, será este citado para exercer o direito dentro de 5 (cinco) dias, se outro prazo não constar de lei ou do contrato, ou para aceitar que o devedor a faça, devendo o juiz, ao despachar a petição inicial, fixar lugar, dia e hora em que se fará a entrega, sob pena de depósito. (BRASIL, 2015)

No que à previsão do artigo 543 do CPC, ou seja, consignação de coisa indeterminada e a escolha couber ao credor, Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, P. 145) ensinam que nesta situação, se a escolha coubesse ao devedor, este fará o depósito da coisa já individualizada, segundo a escolha que realizou. Agora, se a escolha couber ao credor, então, deve ser dado antes da consignação, momento para que possa realizar a eleição da coisa que prefere. Neste caso, conforme estabelece o artigo 543 do CPC, antes do depósito, deverá o credor ser citado para em 05 dias (ou em outro prazo, estipulado pelo contrato ou pela lei), realizar a escolha ou aceitar que o devedor o faça, devendo o magistrado fixar o lugar, dia e hora para a entrega da coisa, sob pena de depósito judicial. Então, nestes casos, o depósito somente ocorre após a tentativa de entrega do bem já individualizado, nas condições estabelecidas pelo magistrado.

(19)

e) Contestação pelo réu: Previsão do artigo 544 do CPC/15:

Em se tratando de procedimento especial, deve ser seguido o procedimento específico previsto. No caso da ação de consignação em pagamento, conforme previsão do inciso II do art. 542, o réu será citado para levantar o depósito ou oferecer contestação. Portanto, diante disso, o réu poderá ter 3 condutas.

De acordo com Colombo e Silva (2017, p. 219), o autor requerer na petição inicial a citação do réu, para este levantar o depósito ou oferecer resposta (contestação). Assim sendo, uma vez citado, o réu poderá permanecer revel, aceitar a prestação ou oferecer contestação.

Com isso se extrai 03 condutas do réu:

* Para todos verem: esquema abaixo.

Segundo MARINONI, ARENHART E MITIDIERO (2017, p. 147) a defesa do réu não é o único caminho que poderá ser tomado. Ele poderá aceitar o valor depositado sem qualquer ressalva, gerando extinção do processo com resolução de mérito, por reconhecer juridicamente o pedido. Poderá se manter omisso e ser decretada revelia, gerando, provavelmente a liberação do devedor, ante a aceitação tácita da prestação. Ou, o réu poderá oferecer contestação.

Se oferecer contestação, poderá alegar, conforme o art. 544 do CPC:

Art. 544. Na contestação, o réu poderá alegar que:

I - Não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida;

II - Foi justa a recusa;

III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do pagamento;

IV - O depósito não é integral.

CITADO O RÉU

Pode oferecer

contestação Pode ser revel Pode levantar o depósito

(20)

Parágrafo único. No caso do inciso IV, a alegação somente será admissível se o réu indicar o montante que entende devido.

(BRASIL, 2015)

Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017,p. 147) mencionam em relação ao artigo 544 do CPC que o conteúdo da defesa é limitado, mas que não se cinge somente àquelas hipóteses do artigo 544, podendo o réu alegar defesas processuais (337 do CPC).

Exemplo do inciso III (no caso de contratar a entrega do vestido para uma festa que ocorreu no dia 05/09/2017 e o vestido chegar somente no dia 06/09)

f) Do depósito insuficiente: Previsão do art. 545 do CPC/15.

Caso o réu alegue em sua Contestação a hipótese do inciso IV, essa alegação somente será admitida se o réu alegar qual é o montante devido.

Além disso, conforme o artigo 545 do CPC, caso o réu alegue em sede de contestação que o depósito feito pelo autor (devedor) não é integral, será permitido a este complementar o depósito no prazo de 10 dias.

Art. 545. Alegada a insuficiência do depósito, é lícito ao autor completá-lo, em 10 (dez) dias, salvo se corresponder a prestação cujo inadimplemento acarrete a rescisão do contrato.

§ 1º No caso do caput, poderá o réu levantar, desde logo, a quantia ou a coisa depositada, com a consequente liberação parcial do autor, prosseguindo o processo quanto à parcela controvertida.

§ 2º A sentença que concluir pela insuficiência do depósito determinará, sempre que possível, o montante devido e valerá como título executivo, facultado ao credor promover-lhe o cumprimento nos mesmos autos, após liquidação, se necessária.

(BRASIL, 2015)

Assim, se o credor alegar em contestação que o depósito não foi integral deverá indicar o valor que entende devido e o devedor poderá completá-lo no prazo de dez dias.

(21)

Explicando o dispositivo Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 148) comentam: “ quando a impugnação do credor diga respeito à insuficiência do depósito realizado pelo devedor, deve o magistrado facultar ao autor a complementação do depósito no prazo de dez dias, salvo no caso em que a mora implica, de imediato, inadimplemento absoluto da prestação (art. 545, caput, do CPC). É exatamente para viabilizar essa providencia que o Código determina que, em sendo esse o fundamento da defesa, deve o réu indicar com precisão o montante que entende devido (art. 544, parágrafo único, do CPC”.

Como ensinam Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017) há situações em que essa complementação do depósito se mostra inviável, como no caso, por exemplo, que o descumprimento gera a inutilidade, de modo que não há mais interesse do credor em receber o produto. Assim, se os bens a serem depositados não possuem mais utilidade porque se passou o momento em que seriam utilizados, então descabe a complementação do depósito, porque a prestação se tornou inútil ao credor.

Ainda, importante mencionar, que realizado ou não o depósito complementar pelo autor (devedor), o credor tem a faculdade de levantar a prestação parcial consignada, com a consequente liberação parcial do devedor, conforme prevê o §1º do art. 545 do CPC. Dessa forma, o litígio continuaria para discutir apenas a diferença buscada pelo credor. (MARINONI; ARENHART;

MITIDIERO, 2017, p. 149).

Frisa-se que, caso o devedor (autor) não complemente o valor pretendido pelo credor, a demanda prosseguirá. Em tal situação, se a ação for julgada procedente (porque o juiz entende que o valor originalmente depositado pelo devedor estava correto – dará por extinta a obrigação, condenando o credor na sucumbência). Porém, se o juiz entender que era insuficiente a consignação feita pelo devedor, então o magistrado deve determinar (sempre que possível) na sentença, o montante devido, de modo que esta decisão será considerada título executivo judicial em favor do réu (credor) para buscar judicialmente a diferença que lhe toca. (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 149)

(22)

g) Do julgamento procedente: Previsão do art. 546 do CPC/15.

Conforme visto, o réu será citado na ação de consignação em pagamento para levantar o depósito ou oferecer contestação. Caso ocorra de o réu não oferecer contestação e ocorrer revelia, o juiz julgará procedente o pedido, declarando extinta a obrigação e condenará o réu nas custas e honorários.

Será procedido da mesma forma se o credor receber e der quitação.

Art. 546. Julgado procedente o pedido, o juiz declarará extinta a obrigação e condenará o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios. Parágrafo único. Proceder-se-á do mesmo modo se o credor receber e der quitação. (BRASIL, 2015)

h) Dúvida de quem deve receber o pagamento: Previsão do art. 547 do CPC/15:

Art. 547. Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos possíveis titulares do crédito para provarem o seu direito. (BRASIL, 2015)

Art. 548. No caso do art. 547:

I - Não comparecendo pretendente algum, converter-se-á o depósito em arrecadação de coisas vagas;

II - Comparecendo apenas um, o juiz decidirá de plano;

III - comparecendo mais de um, o juiz declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação, continuando o processo a correr unicamente entre os presuntivos credores, observado o procedimento comum.

(BRASIL, 2015)

De acordo com o artigo 547 do CPC, se houver dúvida sobre quem deve receber a quantia ou a coisa devida, deverá o autor requerer a citação de todos os possíveis titulares, formando-se um litisconsórcio passivo.

No que tange ao artigo 547 do CPC, Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p.

149) explicam que a ação de consignação em pagamento pode ter como fundamento a dúvida sobre quem possa legitimamente receber a prestação

(23)

devida ou dar quitação. Em tal situação, deve o autor (devedor) ajuizar a ação contra todos os possíveis titulares do crédito. Ainda:

Duas serão as situações em que isso poderá ocorrer. No primeiro dos casos, há vários pretendentes, de forma que o processo apresentará situação particular, pois o litígio possivelmente cingir-se-á à relação entre os litisconsortes. Outro caso em que isso é possível é aquele em que sequer se saiba quem é o verdadeiro credor da prestação. (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 149)

Além disso, o artigo 548 do CPC estabelece a consequência caso não compareça nenhum possível credor, compareça somente um dos credores ou compareça mais de um.

Por fim, observar ainda os artigos 338 e 339 do CC:

Art. 338. Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas despesas, e subsistindo a obrigação para todas as consequências de direito. (BRASIL, 2002)

Art. 339. Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, embora o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores. (BRASIL, 2002)

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Procedimento extrajudicial da consignação em pagamento (parte 2)

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EM RESUMO

* Para todos verem: resumo abaixo.

(24)

2. DOS EMBARGOS DE TERCEIRO a) Previsão legal: Arts. 674 a 681 do CPC;

b) Conceito:

Os embargos de terceiro são utilizados pelo terceiro (quem não é parte no processo) no caso de haver constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo. Logo, por meio desse procedimento especial, o terceiro poderá requerer o desfazimento ou a inibição dessa constrição.

Nesse sentido conceituam Führer e Führer (2016, p. 160-161): “é o remédio jurídico próprio para quem, não sendo parte no processo (terceiro), sofrer injusta constrição judicial ou ameaça de constrição judicial sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo (art. 674)”.

c) Cabimento dos embargos de terceiro:

(25)

Sobre o cabimento dos embargos de terceiro Chacon (2020, p. 154) ensina que “este procedimento tem a finalidade de proteger a posse e/ou a propriedade de bens ou direitos de quem verifica que seu bem foi indevidamente apreendido por ato originário de processo do qual não fez ou faz parte; geralmente o bem é apreendido por penhora, depósito, arresto, etc., causando verdadeiro esbulho ou turbação (...)”.

O artigo 674 do CPC deixa claro que o terceiro deve ser entendido amplamente como aquele que não é parte do processo. (CHACON, 2020, p. 154) Previsão do artigo 674 do Novo CPC:

Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou sua inibição por meio de embargos de terceiro. (BRASIL, 2015)

Os embargos de terceiro podem ter natureza repressiva ou preventiva voltada contra a constrição ou ameaça de constrição decorrente de ato judicial sobre o patrimônio do lesado ou ameaçado de lesão. (MEDINA, 2016, p. 860)

No que tange à natureza jurídica dos embargos de terceiro, Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 230) mencionam que possuem natureza jurídica de AÇÃO PRÓPRIA, mesmo quando se ligam ao processo de execução. Os embargos de terceiro são, segundo os autores referidos, AÇÃO E PROCESSOS AUTÔNOMOS. Complementam ainda: “Essa forma de proteção dos interesses do terceiro constitui processo de conhecimento, com predominante função mandamental – já que sua finalidade é fazer cessar a eficácia do outro mandado judicial, que gerou a constrição indevida. Possui nítido caráter acessório: os embargos de terceiro só existem e se justificam diante de uma outra demanda anterior, de onde tenha sido emitida ordem de apreensão do patrimônio do terceiro”.

(26)

Quanto ao cabimento dos embargos de terceiro Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 230) ensinam que

a ação de embargos de terceiro é admitida sempre que alguém sofrer ameaça ou efetiva constrição sobre bem que possua ou sobre os quais ostente direito incompatível com o ato de constrição (art.

674, caput, do CPC). Em que pese a omissão, no texto legal, à

‘constrição judicial’ é certo que somente ela – e não a administrativa ou a privada – subsidiam os embargos de terceiros. Para os demais casos, socorrem o interessado as vias tradicionais de proteção da posse ou da propriedade”.

Continuam ainda os autores:

Em princípio, a proteção se dá sobre a posse do bem, mas pode ser postulada por quem seja possuidor (apenas) ou também pelo proprietário-possuidor. A isso contribui a constatação de que também pode valer-se dos embargos de terceiro quem tenha

‘direito incompatível’ com o ato judicial de constrição”. (MARINONI;

ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 230-231)

Os embargos de terceiro no Novo CPC, possuem a mesma natureza jurídica do CPC de 1973, ou seja, procedimento especial de jurisdição contenciosa;

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Cabimento dos embargos de terceiro

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d) Partes na ação de embargos de terceiro:

→ Chama-se de Embargante: quem promove a ação;

(27)

→ Chama-se de Embargado: quem sofre a ação;

Chama-se embargos de terceiro, porque justamente são opostos por quem não faz parte do processo principal no qual há a ameaça ou há a constrição indevida do bem.

Sobre a legitimidade Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 231) mencionam que “os embargos de terceiro podem ser ajuizados, em princípio, por qualquer pessoa que ostente a condição de terceiro em relação à demanda de onde provém a decisão judicial que ordena a constrição do bem. Esse terceiro, porque teve seu patrimônio atingido pela decisão judicial, está sempre habilitado a insurgir-se contra a indevida apreensão do bem por meio dos embargos de terceiro”.

O §1º do art. 674 do Novo CPC elenca quem são os legitimados: § 1º. “Os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor”.

(BRASIL, 2015)

No entanto, apesar de não ser parte no processo, o terceiro deve ter algum vínculo com a coisa que foi objeto ou será de constrição judicial. Deve ser:

• Proprietário, incluindo o credor fiduciário;

• Possuidor;

Segundo Medina (2016, p. 861) “pode-se opor embargos fundados em posse ou em propriedade, ainda que se trate de propriedade fiduciária. (...) A posse pode decorrer de contrato de compromisso de compra e venda (cf. Súmula 84 do STJ)”.

Nesse sentido, Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 232) colocam que “a condição de terceiro possuir do bem, para ser aferida, evidentemente dispensa a formalização de eventual transferência do bem, no caso de alienação. Assim, pouco importa se o compromisso de comprova e venda encontra-se devidamente registrado, para configurar (para o promissário-comprador) a condição de terceiro com legitimidade para opor os embargos de terceiro”. Vide sumula 84 do STJ.

No que tange à legitimidade ativa para ajuizamento dos embargos de terceiro é de se observar, ainda, a previsão do §2º do art. 674 do CPC:

(28)

§ 2º “Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos:

- o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843;

- o adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à execução;

– quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte;

- o credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos”.

(BRASIL, 2015)

Hipótese do Inciso I:

- o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843;

Art. 843. “Tratando-se de penhora de bem indivisível, o equivalente à quota-parte do coproprietário ou do cônjuge alheio à execução recairá sobre o produto da alienação do bem”.

O CÔNJUGE OU COMPANHEIRO terão legitimidade para opor os embargos para defender a posse de bens próprios ou apenas a meação. No entanto, é de se observar a ressalva contida no final do inciso I referente à previsão do artigo 843 do CPC. Com isso, quando se tratar de bem indivisível, os embargos opostos pelo cônjuge ou companheiro não desconstituirão a penhora e nem a alienação do bem → O bem será alienado, sendo reservado do valor arrecadado a parte do cônjuge que não é o devedor;

Ainda, o juiz verificando que há algum terceiro que tenha condição de embargar alguma constrição efetuada deverá providenciar sua intimação pessoal, conforme previsão do parágrafo único do artigo 675 do CPC, a fim de que o terceiro possa, caso entender adequado, ajuizar os embargos de terceiro.

(MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 232)

No que tange à legitimidade passiva nos embargos de terceiro Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 233) mencionam que embora o ato objeto da

(29)

demanda seja judicial, nos embargos de terceiro deve assumir a condição de réu A PARTE BENEFICIÁRIA da decisão judicial guerreada. OU SEJA, EM REGRA, SERÁ RÉU NOS EMBARGOS DE TERCEIRO O AUTOR DA AÇÃO EM QUE TENHA SIDO PROFERIDA A DECISÃO QUE DETERMINOU A CONSTRIÇÃO JUDICIAL.

O polo passivo nos embargos de terceiro é composto pelo exequente, mesmo quando não tenha dado diretamente causa à apreensão. (CHACON, 2020, p. 155)

Ainda, sobre o réu nos embargos de terceiro, complementam os referidos autores:

Se, porém, a apreensão dos bens se deu por iniciativa do requerido de algum processo (por exemplo, no caso em que o devedor nomeia bens à penhora) então os embargos de terceiro deverão conter litisconsórcio passivo necessário entre autor e réu (da demanda primeira), já que de ambos resulta o ato inquinado e a ambos prejudica a decisão dos embargos de terceiro. Por isso também, sempre que o provimento dos embargos de terceiro puder afetar o exequente e o executado, deve haver a formação de litisconsórcio passivo necessário. Nesse sentido, estabelece o art.

677, §4º do CPC, que se consideram legitimados passivos para os embargos de terceiro aquela a quem o ato de constrição aproveita e ainda o seu adversário no processo, sempre que tiver sido sua a iniciativa de indicação do bem para constrição. (MARINONI;

ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 233)

Quanto ao legitimado passivo, ensina Medina (2016, p. 863) que “o pedido deverá ser dirigido contra quem deu causa à constrição, que, normalmente, é aquele a quem o ato constritivo aproveita, ainda que indiretamente (cf. §4º do art.

677 do CPC/2015). O §4º do art. 677 do CPC dispõe que será citado também o

‘adversário no processo principal (àquele a quem aproveita o ato constritivo) quando for sua a indicação do bem para a constrição judicial”.

e) Prazo:

Precisão do artigo 675 do CPC:

Art. 675. “Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a

(30)

sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.

Parágrafo único. Caso identifique a existência de terceiro titular de interesse em embargar o ato, o juiz mandará intimá-lo pessoalmente”. (BRASIL, 2015)

Verifica-se não o termo inicial, mas até quando podem ser opostos os embargos de terceiro, a depender se é processo de conhecimento ou execução ou fase de cumprimento de sentença:

Até o trânsito em julgado da sentença → QUANDO O PROCESSO FOR DE CONHECIMENTO;

No cumprimento de sentença ou no processo de execução → até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta;

Ainda no que tange ao prazo, Medina (2016, p. 862) ensina que “Em observância ao dever de prevenção, deve o juiz intimar terceiro que, potencialmente, tenha interesse em opor embargos (cf. parágrafo único do art.

675 do CPC/2015), contando-se de tal intimação o prazo, caso o terceiro não tivesse, antes, conhecimento do ato constritivo”.

Explicando sobre o prazo dos embargos de terceiro, Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 233) esclarecem que a lei brasileira prevê prazo preclusivo para os embargos de terceiro, sendo que de acordo com o artigo 675 do CPC, os embargos de terceiro podem ser opostos a qualquer tempo enquanto não transitar em julgado o processo em que ocorra a constrição judicial, ou, em processo de execução, até 05 dias depois da adjudicação, alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes que se conclua a assinatura da respectiva carta.

Justamente por isso haveria duas formas distintas para se contar o prazo para oferecimento dos embargos de terceiro, a considerar se tratar de processo de conhecimento ou execução/cumprimento de sentença:

(31)

Há, portanto, duas formas distintas de contar o prazo para a oposição dos embargos de terceiro. No processo de conhecimento – antes de iniciada a fase de cumprimento da sentença, se houver – a medida pode ser ajuizada a qualquer momento ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO. Já em se tratando de ato constritivo originário de processo de execução – ou da fase de cumprimento de sentença – então o prazo para a oposição dos embargos de terceiro será de até cinco dias depois da arrematação, da adjudicação ou da remição dos bens, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta, O Código, porém, curiosa e assistematicamente, prevê, no art. 792, §4º, que ‘antes de declarar a fraude à execução, o juiz deverá intimar o terceiro adquirente, que, se quiser, poderá opor embargos de terceiro, no prazo de 15 (quinze) dias’”. (MARINONI; ARENHART;

MITIDIERO, 2017, p. 233)

f) Competência:

Conforme Aguirre e Montans de Sá (2017, p. 158) os embargos serão distribuídos por DEPENDÊNCIA ao juízo que ordenou a constrição e AUTUADOS em apartado, conforme previsão do artigo 676, caput do CPC.

Porém, nos casos de ato de constrição realizado por carta, os embargos de terceiro devem ser oferecidos no JUÍZO DEPRECADO → Salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito, ou se já devolvida a carta → previsão do artigo 676, parágrafo único do CPC.

Art. 676. “Os embargos serão distribuídos por dependência ao juízo que ordenou a constrição e autuados em apartado.

Parágrafo único. Nos casos de ato de constrição realizado por carta, os embargos serão oferecidos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo deprecante o bem constrito ou se já devolvida a carta”. (BRASIL, 2015)

Explicando a competência dos embargos de terceiro Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 235) ensinam:

A ação de embargos de terceiro será ajuizada por dependência, perante o mesmo juízo que ordenou a apreensão do bem (art. 676 do CPC). Caso o processo

(32)

original – de onde originou o ato inquinado – tenha tramitação perante vários juízos, como ocorre, por exemplo, na execução por carta, será competente para examinar os embargos o juízo de onde provém a ordem de apreensão atacada.

Assim, se a apreensão foi ordenada pelo juízo deprecado – por sua iniciativa – perante ele devem processar-se os embargos de terceiro. Se, ao contrário, a ordem de apreensão teve origem no juízo deprecante – ou no juízo deprecado, mas por decisão do juízo deprecante – então este será o juízo competente para processar os embargos de terceiro (art. 674, parágrafo único, do CPC).

g) Da petição Inicial:

Quanto à petição inicial, observa-se o artigo 677 do Novo CPC:

Art. 677. “Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas.

§ 1o É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz.

§ 2o O possuidor direto pode alegar, além da sua posse, o domínio alheio.

§ 3o A citação será pessoal, se o embargado não tiver procurador constituído nos autos da ação principal.

§ 4o Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição aproveita, assim como o será seu adversário no processo principal quando for sua a indicação do bem para a constrição judicial”. (BRASIL, 2015)

Sobre o procedimento dos embargos de terceiro, consoante ensinam Marionini, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 235), os embargos de terceiro por constituírem processo autônomo, possuem início por meio de petição escrita, dirigida ao juiz competente, devendo ser observados os requisitos dos artigos 319 e 320 do CPC. Ainda, o requerente deve fazer prova sumária de sua posse ou do domínio e a condição de terceiro, apresentando desde logo a prova documental que tenha e trazendo rol de testemunhas, conforme art. 677, caput do CPC.

Ainda, caso o requerente não tenha como demonstrar de forma documental a sua posse, poderá fazer por meio de audiência preliminar,

(33)

designada pelo juiz, conforme artigo 677, §1º do CPC. A participação do requerido na audiência preliminar “limita-se a acompanhar a produção da prova sumária pelo autor, podendo contraditar testemunhas ou oferecer reperguntas”.

(MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2017, p. 236)

Assim, já na petição inicial dos embargos de terceiro, o Embargante deve trazer todos os documentos para comprovar a sua legitimidade; E, caso não tenha consigo comprovar por meio de documentos, o possuidor pode, conforme a previsão do §1º requerer a designação de audiência preliminar, ou seja, de justificação a fim de demonstrar o seu direito caso não tenha conseguido por meio dos documentos;

Consoante o §2º do art. 677 do CPC, “ O possuidor direto pode alegar, além da sua posse, o domínio alheio”. (BRASIL, 2015).

h) Liminar:

No que tange à liminar nos embargos de terceiro, Medina (2016, p. 863) refere que caso o juiz não se convença sobre a existência da posse e de sua turbação ou esbulho, deverá designar audiência de justificação, conforme previsão do §1º do art. 677 do CPC.

E, ainda, conforme a previsão do art. 678 do CPC, “a concessão de liminar depende da demonstração suficiente da posse pelo embargante, e pode ser condicionada à prestação de caução”. (MEDINA, 2016, p. 863)

Sobre a liminar nos embargos de terceiro, estabelece o artigo 678 do CPC:

Art. 678. “A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o embargante a houver requerido.

Parágrafo único. O juiz poderá condicionar a ordem de manutenção ou de reintegração provisória de posse à prestação de caução pelo requerente, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente”. (BRASIL, 2015)

(34)

i) Citação do Embargado

De início é de se verificar se o embargado possui ou não procurador constituído nos autos.

Isso porque, conforme o art. 677, §3º do CPC, a citação será pessoal se o embargado NÃO tiver procurador constituído nos autos da ação principal.

(MEDINA, 2016, p. 863)

j) Contestação:

Precisão do artigo 679 do CPC:

Art. 679. Os embargos poderão ser contestados no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual se seguirá o procedimento comum.

(BRASIL, 2015)

Uma vez que houve contestação → segue o procedimento comum;

Conforme Medina (2016, p. 864) de acordo com o contexto do CPC de 2015, deve-se observar, após a resposta, o procedimento comum, consoante previsão do art. 679 do CPC.

Nesse sentido, mencionam Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 237) que

“terminada a fase postulatória – com ou sem a apresentação de resposta pelo réu o processo seguirá, como dito, o rito comum, de modo que admitirá o julgamento antecipado da lide ou a designação de audiência de conciliação e, posteriormente, de instrução e julgamento, quando haja prova oral a ser produzida”.

O artigo 680 do CPC, trata por sua vez, da contestação no caso dos embargos do credor com garantia real:

Art. 680. “Contra os embargos do credor com garantia real, o embargado somente poderá alegar que:

- o devedor comum é insolvente;

- o título é nulo ou não obriga a terceiro; III - outra é a coisa dada em garantia”. (BRASIL, 2015)

O artigo 680 trata da defesa no caso dos Embargos opostos pelo credor com garantia real;

(35)

No que tange ao aludido dispositivo ensinam Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 238):

Quando os embargos de terceiro tiverem por fundamento o direito real de garantia de credor, a resposta do embargado está limitada às alegações enumeradas no art. 680 do CPC, ou seja, (a) o devedor comum é insolvente; (b) o título é nulo ou não obriga a terceiro; (c) outra é a coisa dada em garantia. A existência de garantia real sobre certo bem sujeita-o a regime especial, que confere ao credor prioridade na satisfação de seu crédito. Ademais, por se tratar de direito real de garantia, o bem é gravado com o ônus, independentemente de quem esteja na posse ou na propriedade.

Por isso, justifica-se a limitação dos emas que podem ser deduzidos.

k) Do julgamento dos embargos de terceiro:

Art. 681. “Acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida será cancelado, com o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou da reintegração definitiva do bem ou do direito ao embargante”. (BRASIL, 2015)

Se os Embargos forem julgados procedentes a constrição judicial estará cancelada, com o consequente reconhecimento do domínio, manutenção da posse ou reintegração definitiva do bem ao embargante;

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Cabimento dos embargos de terceiro

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EM RESUMO

* Para todos verem: esquema resumo abaixo.

(36)

3. DA OPOSIÇÃO E DA AÇÃO MONITÓRIA 3.1. DA OPOSIÇÃO

a) Previsão legal: Arts. 682 a 686 do CPC;

b) Conceito:

Hoje, pelo Novo CPC, a oposição não é mais forma de intervenção de terceiros, mas, sim, procedimento especial.

A oposição no antigo CPC (CPC de 1973) era tratada como forma de intervenção de terceiros, explicando Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 241) que a inclusão como forma de intervenção de terceiros antigamente era amplamente criticada pela doutrina. Segundo os autores “de fato, a oposição jamais poderia ser qualificada como uma intervenção de terceiro – realizada no processo – na medida em que o opoente, quando participa do processo, fórmula ação própria, tendente a excluir a pretensão dos sujeitos iniciais sobre o objeto

(37)

litigioso do processo. Ora, quem fórmula ação no processo jamais pode ser considerado como terceiro, exercendo o opoente, portando, nítido papel de parte”.

Portanto, o Novo CPC restaurou o regime adequado, considerando a oposição como uma AÇÃO AUTÔNOMA, ainda que veiculada a outra causa.

“Haverá, entre a ação original e a oposição, uma relação de subordinação legal, em que a lei estabelece uma relação de prejudicialidade entre a oposição e a ação ‘principal’ (art. 686 do CPC)”. (MARINONI; ARENHART; MITIDIERO, 2017, p.

241)

São formas de intervenção de terceiros pelo Novo CPC: a assistência, a denunciação à lide, o chamamento ao processo, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica e o amicus curiae.

Segundo Medina (2016, p. 866) “não se confunde a oposição com as formas de intervenção de terceiros, tendo o CPC/2015, acertadamente, tratado tal figura entre os procedimentos especiais”.

c) Cabimento:

Através do procedimento especial da oposição, o terceiro ajuíza ação contra os litigantes (autor e réu) da ação originária, com o objetivo de haver para si a coisa ou o direito sobre que estes controvertem. (MEDINA, 2016, p. 865)

Sobre a oposição, ensinam Führer e Führer (2016, p. 161): “trata-se de ação autônoma distribuída por dependência. É própria para quem pretende para si, no todo ou em parte, a coisa ou o direito controvertido debatido na ação principal (art. 682)”.

Da mesma forma, Marinoni, Arenhart e Mitidiero (2017, p. 241) mencionam que a função da ação de oposição vem estabelecida no artigo 682 do CPC,

“servindo para veicular o pedido daquele que pretende, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu”. Complementam ainda os autores:

Referências

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