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um estudo piloto :: Brapci ::

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RECI I S – R. Elet r . de Com . I nf. I nov. Saúde. Rio de Janeir o, v.6, n.1, p. 12 - 18, Mar ., 2012 [ w w w .r eciis.icict .fiocr uz.br ] e- I SSN 1981 - 6278

* Ar t igo Or iginal

O qu e os pe squ isa dor e s pe n sa m do sist e m a de pe squ isa e m sa ú de n o Br a sil: u m e st u do pilot o

José Ca r v a lh o de N or on h a

I nst it ut o de Medicina Social- I MS, Univer sidade do Est ado do Rio de Janeir o - UERJ, Rio de Janeir o, RJ, Br asil nor onha@uer j .br

Te lm a Ru t h Silv a

Associação Br asileir a de Pós- Gr aduação em Saúde Colet iva- ABRASCO, Rio de Janeir o, RJ, Br asil t r ut h@openink.com .br

Fe r n a n do Sz k lo

Sociedade Br asileir a par a o Pr ogr esso da Ciência - SBPC, Rio de Janeir o, RJ, Br asil cienciahoj e@cienciahoj e.or g.br

Rit a Ba r r a da s Ba r a t a

Depar t am ent o de Medicina Social. Faculdade de Ciências Médicas. Sant a Casa de São Paulo, São Paulo, SP, Br asil r it a.bar r adasbar at a@gm ail.com

DOI : 10.3395/ r eciis.v6i1.478pt

Re su m o

Est e ar t igo apr esent a a per cepção de pesquisador es, for m ulador es de polít ica cient ífica e usuár ios de r esult ados de pesquisa sobr e o funcionam ent o do sist em a de pesquisa em saúde no Br asil. Foi r ealizado inquér it o ut ilizando am ost r a pr obabilíst ica de pesquisador es e int encional de for m ulador es da polít ica cient ífica e usuár ios de conhecim ent os cient íficos. Apenas 17% dos ent r evist ados consider am bom o funcionam ent o do sist em a de pesquisa em saúde no país apont ando com o com ponent es m ais r elevant es: a visão, agenda de pr ior idades e gar ant ia dos r ecur sos financeir os par a a pesquisa. Os com ponent es m enos valor izados for am : avaliação do pr ópr io sist em a, incor por ação dos r esult ados às polít icas públicas e difusão dos r esult ados par a a opinião pública. As pr incipais m et as do sist em a devem ser : m elhor ia da saúde da população, avanço do conhecim ent o e pr om oção da equidade. Os ent r evist ados apor t ar iam m aior pr opor ção de r ecur sos nas m odalidades de indução par a a pesquisa básica, epidem iológica e clínica. Eles valor izam os pr oblem as de saúde at uais, os per sist ent es e a pr evisão de pr oblem as fut ur os, o at endim ent o a gr upos vulner áveis e a est r at égias de pr evenção e cur a das doenças com o cr it ér ios de definição de pr ior idades. Todas as opiniões sofr er am algum a m odificação segundo os gr upos et ár ios, a posição do ent r evist ado( pesquisador , gest or , usuár io) e a ár ea de at uação.

Pa la v r a s- ch a v e : sist em a de pesquisa em saúde; per cepção dos pesquisador es; pesquisa em saúde; polít ica cient ífica; com ponent es do sist em a de pesquisa em saúde

I N TROD UCTI ON

As agências int er nacionais de cooper ação t êm dest acado a im por t ância do sist em a de ciência e t ecnologia em saúde par a a obt enção dos obj et ivos dos sist em as nacionais de Saúde. Segundo a per spect iva vigent e, o conhecim ent o cient ífico e t ecnológico deve ser vist o com o insum o par a as ações da polít ica nacional de Saúde. ( GLOBAL FÓRUM FOR HEALTH RESEARCH,2005; PANG; PABLOS- MENDEZ; JSSELMUI DEN, 2004) .

A OMS define o sist em a de pesquisa em saúde com o o conj unt o de " pessoas,inst it uições e at ividades cuj o pr opósit o pr im ár io é ger ar conhecim ent o de alt a qualidade que possa ser usado par a pr om over , r est aur ar ou m ant er o est ado de saúde das populações" ( PANG et al, 2003) . A abor dagem sist êm ica t ent a super ar a fr agm ent ação exist ent e nas at ividades de pesquisa e a dificuldade de com unicação usual ent r e pesquisador es e usuár ios dos pr odut os da pesquisa.

A Or ganização Mundial de Saúde pr opôs com o um a das est r at égias par a im plem ent ar at ividades r elacionadas ao for t alecim ent o da capacidade de pesquisa em saúde nos países m em br os a Análise dos Sist em as de Pesquisa em Saúde ( HRSA) , com o fer r am ent a par a ger ação de infor m ações e par a avaliação do st at us da pesquisa em saúde nos países. O Br asil foi um dos países que par t icipou do est udo pilot o par a desenvolvim ent o dos inst r um ent os.

Est e ar t igo apr esent a algum as das infor m ações obt idas no inquér it o r ealizado com um a am ost r a de pesquisador es, for m ulador es de polít ica cient ífica e usuár ios de r esult ados de pesquisa da ár ea da saúde. O inquér it o abr angeu quat r o t ópicos: car act er íst icas dos ent r evist ados, avaliação do am bient e de pesquisa no país, avaliação do sist em a de pesquisa em saúde e pr odução e ut ilização de pesquisa. Nest e ar t igo ser ão apr esent ados os r esult ados r efer ent es apenas à avaliação do sist em a de pesquisa, pois dada à quant idade de infor m ações disponíveis não é possível apr esent ar em um único ar t igo t odos os t ópicos da avaliação.

M é t odos

A pesquisa foi r ealizada at r avés de um inquér it o ut ilizando am ost r a pr obabilíst ica de pesquisador es e int encional de for m ulador es da polít ica cient ífica e usuár ios de conhecim ent os cient íficos. Os dados for am obt idos por ent r evist a com os indivíduos r ealizadas em 2003 e a análise é explor at ór ia de t ipo descr it ivo.

O quest ionár io, desenvolvido pela equipe da OMS, foi t r aduzido par a o por t uguês e após isso subm et ido ao escr ut ínio de consult or es selecionados par a analisar as quest ões visando hom ogeneizar conceit os e cat egor ias. Os est udos de validação e confiabilidade for am r ealizados pela equipe da OMS, após m odificações suger idas pelas equipes locais. O inst r um ent o é com post o por cinco m ódulos sendo o pr im eir o dest inado às car act er íst icas sócio -dem ogr áficas dos ent r evist ados, o segundo r efer ent e à avaliação do am bient e de pesquisa, o t er ceir o à avaliação do sist em a de pesquisa em saúde, o quar t o par a a car act er ização da pr odução e ut ilização dos conhecim ent os cient íficos e o quint o volt ado par a avaliação dos inst r um ent os ut ilizados na ent r evist a.

Com o os m ódulos 2 e 3 apr esent am 5 ver sões cada ( ver sões A, B, C, D, E) , em função das vinhet as, fez- se um a dist r ibuição aleat ór ia sist em át ica das ver sões na am ost r a de r espondent es,assim cada ver são desses m ódulos foi r espondida por 1/ 5 da am ost r a.

As vinhet as er am const it uídas por pequenas afir m ações que pr et endiam calibr ar a per cepção do ent r evist ado, ist o é, t endo em vist a que a m aior par t e das quest ões cont idas nos blocos 2 e 3 r efer ent es r espect ivam ent e, ao am bient e de t r abalho em pesquisa e aos com ponent es do sist em a nacional de pesquisa em saúde, dependiam da per cepção dos ent r evist ados, as vinhet as for am int r oduzidas com o for m a de avaliar a obj et ividade dessa per cepção. Cada for m ulação pr et endia r et r at ar as difer ent es nuances par a cada um dos aspect os consider ados r elevant es no am bient e de t r abalho ou par a cada com ponent e do sist em a de pesquisa em saúde. Est a foi a par t e do quest ionár io m ais cr it icada pelos ent r evist ados que consider ar am as afir m ações m uit o sim plist as e óbvias além de cansat ivas por ser em m uit o r epet it ivas.

Dos 280 indivíduos que com puser am a am ost r a, apenas 193 r esponder am ao conj unt o com plet o de quest ionár ios ( 68,9% ) Out r os 36 indivíduos r esponder am par t e dos quest ionár ios e 51 ( 18,2% ) se r ecusar am a par t icipar alegando, pr incipalm ent e falt a de t em po. As t axas de r ecusas for am equivalent es ent r e pesquisador es, for m ulador es e usuár ios de pesquisa.

Det alhes sobr e a m et odologia podem ser obt idos em out r o ar t igo ( SI LVA et al, 2007) .

Sist e m a de pe squ isa e m sa ú de n o Br a sil

Segundo Guim ar ães ( 2006) o Br asil se encont r a no gr upo de países em desenvolvim ent o r esponsáveis pela pr odução de apr oxim adam ent e 6% da pesquisa em saúde em âm bit o m undial.

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O censo dos gr upos de pesquisa br asileir os r ealizado pelo CNPq 2006 ( CNPq 2006) r egist r a 6.825 gr upos dedicados à pesquisa em saúde hum ana, cor r espondendo a 32,46% da t ot alidade de gr upos de pesquisa. Esses gr upos r eúnem 18.838 pesquisador es ( 56,6% ) dos quais 10.653 são dout or es. A pr odução em ciência e t ecnologia desses pesquisador es cor r esponde a 14.276 ar t igos em per iódicos nacionais por ano e 11.910 em per iódicos est r angeir os. Em t er m os per capit a há 1,27 ar t igos em per iódicos nacionais por pesquisador ano e 1,06 ar t igos em per iódicos est r angeir os por pesquisador ano.

Ainda segundo Guim ar ães ( 2006) o Br asil dest ina volum e expr essivo de r ecur sos financeir os par a a pesquisa em saúde ( 1,5% dos gast os nacionais com saúde e 3,3% dos gast os públicos com saúde) . A quase t ot alidade do financiam ent o par a a pesquisa vem do set or público e apenas 3,5% dos r ecur sos são pr ovenient es de financiam ent os int er nacionais dem onst r ando a capacidade aut óct one de m anut enção do sist em a de pesquisa em saúde. A pr odução da pesquisa est á concent r ada nas univer sidades e em alguns inst it ut os de pesquisa( LETA; GLÄNZEL; THUS, 2006) .

No conj unt o das ár eas que com põem as ciências da saúde, as m edicinas r espondem pela m aior ia dos gr upos e pesquisador es ( 18,7% ) seguidos pela ár ea de Saúde Colet iva com 8,7% dos gr upos de pesquisa.

O sist em a car act er iza- se por gr ande concent r ação r egional com a m aior ia dos gr upos localizados em inst it uições das r egiões sudest e e sul, as m ais desenvolvidas do país.

Análise da pr odução acadêm ica do per íodo 1994 - 2003, r ealizada por Meneghini e Par ker , ident ificou 25 núcleos de excelência no país. Das 11 t em át icas est udadas, cinco são da ár ea de saúde: cir ur gia car diovascular , neur ociências, doenças infecciosas, genét ica hum ana e saúde r epr odut iva( MENEGHI NI ; PACKER, 2006) .

A par t ir de 2004, com o pleno desenvolvim ent o do Depar t am ent o de Ciência, Tecnologia e I novação do Minist ér io da Saúde e a apr ovação da polít ica nacional de Ciência, t ecnologia e inovação em saúde houve expr essiva m udança no panor am a da pesquisa em saúde no pais. Os dados dest e est udo pilot o podem ser vir com o linha de base par a fut ur as avaliações dest a polít ica, um a vez que for am obt idos em m om ent o im ediat am ent e ant er ior à sua im plem ent ação

Fu n cion a m e n t o do sist e m a

A avaliação sobr e o funcionam ent o do Sist em a de Pesquisa em Saúde no país dividiu a opinião dos ent r evist ados. Nenhum ent r evist ado consider ou que o sist em a funciona m uit o bem . Todas as out r as opções for am assinaladas por cer ca de 20% dos ent r evist ados.

Figu r a 1 : Funcionam ent o do sist em a de pesquisa em saúde no Br asil, 2003

Ent r e os ent r evist ados com at uação em pesquisa clínica, saúde colet iva e P&D pr edom inou a avaliação de funcionam ent o r egular enquant o par a os da ár ea de pesquisa básica pr edom inou a visão de funcionam ent o pr ecár io.

Par a gest or es, pr odut or es e usuár ios a avaliação do funcionam ent o foi sem elhant e pr edom inando t am bém a idéia de funcionam ent o pr ecár io ou r egular . O m esm o com por t am ent o foi ver ificado em t odos os gr upos et ár ios

D´ Souza e Sadana ( 2006) apont am com o pr incipais desafios par a o funcionam ent o adequado dos sist em as de pesquisa em saúde a falt a de coor denação ent r e as inst it uições de pesquisa, falt a de int egr ação ent r e pr odut or es e usuár ios da pesquisa cient ífica, falt a de dem anda por par t e dos for m ulador es das polít icas de saúde, e falt a de acesso a fundos de pesquisa.

A avaliação dos par t icipant es da pesquisa pr ovavelm ent e r eflet e a insat isfação decor r ent e da com par ação ent r e as condições exist ent es no país com aquela pr esent e nos países de r enda alt a. Com par at ivam ent e a países na m esm a faixa de r enda, pr ovavelm ent e a avaliação ser ia m elhor , um a vez que as lim it ações quant o à capacit ação de pesquisador es, acesso a financiam ent o int er no e ext er no, bases de dados e capacidade inst it ucional são m enor es no país ( GUI MARÃES et al, 2006) .

Com pon e n t e s do sist e m a de pe squ isa e m sa ú de

For am consider ados com o com ponent es do sist em a: a visão ou concepção ger al do sist em a, definição de pr ior idades, financiam ent o, alocação e r esponsabilidade no uso dos r ecur sos financeir os, m ér it o cient ífico, m onit or am ent o do sist em a, infr a- est r ut ur a de pesquisa, cr it ér ios ét icos, com unicação dos r esult ados de pesquisa par a a opinião pública, incor por ação dos conhecim ent os na for m ulação das polít icas e nas pr át icas de saúde.

Dent r e esses com ponent es for am consider ados m ais im por t ant es par a o sist em a de pesquisa em saúde: a concepção do sist em a ou visão ( 38,7% ) ; o est abelecim ent o de pr ior idades ( 28,7% ) ; e, a gar ant ia de r ecur sos financeir os par a a pesquisa em saúde ( 18,3% ) . Em seguida for am m encionados: a alocação de r ecur sos par a pr oj et os r elevant es e a r esponsabilidade na ut ilização dos r ecur sos, a infr a- est r ut ur a par a pesquisa e a capacidade de pr oduzir r esult ados válidos. Os com ponent es m enos valor izados pelos ent r evist ados for am o m onit or am ent o do sist em a par a apr im or á - lo, a incor por ação dos r esult ados à for m ulação de polít icas de saúde, a ut ilização dos r esult ados par a as pr át icas de saúde e a com unicação dos r esult ados de pesquisa par a a opinião pública.

Os t r ês com ponent es assinalados com o m ais im por t ant es dem onst r am a per cepção, por par t e dos ent r evist ados, em consonância com a lit er at ur a sobr e o t em a, da necessidade de for m ulação explícit a de um a polít ica de ciência e t ecnologia em saúde, da elabor ação de um a agenda de pr ior idades que or ient e as iniciat ivas nesse cam po e da gar ant ia de um fluxo adequado e cont ínuo de r ecur sos par a a m anut enção da at ividade ( THE STATE, 2008; LOPEZ, 2008) .

A apr ovação da Polít ica Nacional de CT&I em Saúde e da Agenda Nacional de Pr ior idades em Saúde dur ant e a I I Confer ência Nacional de CT&I em Saúde, r ealizada em j ulho de 2004, vier am at ender a essa r eivindicação da com unidade cient ífica br asileir a ( GUI MARÃES et al, 2006; BARRETO, 2004) .

O car át er m ar cadam ent e acadêm ico da ciência br asileir a t r anspar ece na m enor im por t ância at r ibuída pelos ent r evist ados à aplicação dos r esult ados de pesquisa e à sua divulgação j unt o ao público leigo.A pouca im por t ância concedida aos aspect os com unicacionais t êm com o cont r apar t ida o gr ande desint er esse da m ídia, im pr essa, falada e t elevisionada, pela ciência nacional.

A avaliação, segundo os ent r evist ados, foi sat isfat ór ia apenas em r elação aos cr it ér ios ét icos. Cer t am ent e est a per cepção par t e da valor ização do t r abalho desem penhado pela Com issão Nacional de Ét ica em Pesquisa do Conselho Nacional de Saúde e a cr iação dos Com it ês de Ét ica em Pesquisa nas inst it uições par t icipant es do sist em a.

M issã o e m e t a s do sist e m a de pe squ isa e m sa ú de

For am apr esent adas com o m e t a s bá sica s do Sist em a Nacional de Pesquisa em Saúde o avanço do conhecim ent o cient ífico, a ut ilização de conhecim ent os par a m elhor ar a saúde da população e o uso dos avanços cient íficos par a pr om over a equidade em saúde. O avanço do conhecim ent o foi consider ado m uit o im por t ant e por 91.3% dos ent r evist ados e o uso de conhecim ent os par a a m elhor ia da saúde, por 95,6% . Já a pr om oção da eqüidade só foi consider ada m uit o im por t ant e por 89,1% . ( p= 0,026)

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ent r evist ados com at uação na ár ea de P&D valor izar am m enos o avanço do conhecim ent o com o m et a par a o sist em a.

Os gest or es, pr odut or es e usuár ios valor izar am as t r ês m et as apr esent adas sendo que gest or es e pr odut or es valor izar am m ais o uso de conhecim ent o par a a m elhor ia da saúde, enquant o os usuár ios valor izar am m ais o avanço do conhecim ent o. O gr upo que m ais valor izou a pr om oção da eqüidade foi o dos gest or es.

Os m enor es de 60 anos valor izar am m ais o avanço do conhecim ent o do que a pr om oção da eqüidade, enquant o os m ais velhos valor izar am igualm ent e am bas as m et as.

Na apr esent ação das vinhet as, em r elação à v isã o, m issã o e m e t a s do sist em a for am consider adas adequadas as alt er nat ivas em que esses aspect os er am definidos em conj unt o por pesquisador es, associações de pr est ador es de ser viço, conselho nacional de pesquisa e m inist ér io da saúde ficando est e últ im o encar r egado da im plem ent ação. For am consider adas inadequadas as sit uações em que não houve nenhum a definição da visão, m issão e m et as par a o sist em a, ou est a discussão foi feit a de m aneir a independent e pelo m inist ér io da saúde, pelo conselho nacional de pesquisa ou pelos pesquisador es.

A ut ilização do conhecim ent o cient ífico par a a m elhor ia das condições de saúde da população apont ada com o a pr incipal m issão do sist em a de pesquisa em saúde r eflet e o et hos da com unidade cient ífica da ár ea e t am bém o valor at r ibuído à saúde no país. Fr eqüent em ent e os cient ist as consider am que a m issão do sist em a de pesquisa é ger ar novos conhecim ent os est ando a pr eocupação com os usos e aplicações em segundo plano ( PÉREZ - TAMAYO, 2001) .

Os gest or es são peças fundam ent ais na decisão sobr e em que gr au os r esult ados de pesquisa cient íficas ou t ecnológicas ser ão incor por ados à polít ica de saúde ( CHOI et al, 2005) . A int er ação dir et a ent r e cient ist as e gest or es t em sido apont ada em diver sos est udos com o o facilit ador m ais influent e par a a gar ant ia da aplicação( HAI NES; KURUVI LLA; BORCHET, 2004; PI TTMAN; ALMEI DA, 2006; SOUZA; CONTRANDI OPOULOS, 2004) .

Alguns aut or es apont am que a pr odução de conhecim ent os pode apr esent ar desdobr am ent os pr át icos que incluem além da m elhor ia do est ado de saúde, dest acado ant er ior m ent e, a r edução dos cust os do sist em a de saúde at r avés da inovação e da r egulação( BARRETO, 2004; BUXTON; HANNEY; JONES, 2004) .

Em bor a, as desigualdades sociais em saúde sej am acent uadas no país, par t e dos ent r evist ados não consider ou que a eqüidade deva ser um a das m et as do sist em a de pesquisa. Est e posicionam ent o pode ser decor r ent e de dificuldade em consider ar o papel da ciência na r edução das desigualdades.

Sander s e colabor ador es ( 2004) consider am que um im per at ivo da pesquisa em saúde deve ser o foco na cr escent e dívida em saúde e r iqueza exist ent e ent r e o m undo r ico e o pobr e e na br echa exist ent e ent r e a disponibilidade do conhecim ent o cient ífico e sua efet iva aplicação par a solucionar os pr oblem as especialm ent e nos países pobr es. No Br asil, país de r enda m édia, m as com im por t ant e gr au de desigualdade social, o sist em a de pesquisa em saúde obr igat or iam ent e t er á que consider ar a busca da equidade com o um a de suas pr incipais m issões.

For m a s e cr it é r ios pa r a a a loca çã o de r e cu r sos

Os ent r evist ados indicar am o per cent ual dos r ecur sos que alocar iam par a indução à pesquisa e par a o at endim ent o à dem anda espont ânea. Em t er m os m edianos a dist r ibuição apont ada pelos ent r evist ados foi 60% par a a indução e 40% par a a dem anda espont ânea. De m odo ger al, os pesquisador es da ár ea de P&D, os r epr esent ant es dos usuár ios e os indivíduos com m enos de 40 e m ais de 60 anos aum ent ar iam a alocação par a a indução, pr opondo valor es ent r e 60 e 70% ( Figur a 2) .

Figu r a 2 : Dist r ibuição acum ulada de per cent uais de alocação de r ecur sos segundo t ipo, Br asil, 2003

Segundo os ent r evist ados, a m enor pr opor ção dos r ecur sos ser ia alocada par a pesquisas em sist em as de saúde e pesquisas sobr e o pr ópr io sist em a de C&T. Am bas r eceber iam em m édia 17% dos r ecur sos com m ediana de 15% . A pesquisa básica e a pesquisa epidem iológica r eceber iam cada um a cer ca de 20% dos r ecur sos. A pesquisa clínica ser ia a m elhor aquinhoada r ecebendo em m édia 26% dos r ecur sos.

A m enor valor ização da aplicação dos r esult ados apar ece t am bém na m enor pr opor ção de r ecur sos que ser iam dest inados às pesquisas em sist em as e ser viços de saúde. Est a posição é at é cer t o pont o cont r adit ór ia com a escolha da m et a de m elhor ia da saúde da população com o a pr incipal a ser buscada pelo sist em a de pesquisa em saúde.

Apar ent em ent e, os ent r evist ados acr edit am na pot ência da ciência em si par a a solução dos pr oblem as de saúde sem valor izar adequadam ent e a m ediação exer cida pelas or ganizações par a fazer face aos pr oblem as. As pesquisas r elacionadas com as for m as or ganizat ivas e os m odelos de int er venção não são vist as com o necessár ias.

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esper ados desse t ipo de pesquisa par a a m elhor ia da saúde no âm bit o populacional.

Cr it é r ios de ide n t ifica çã o de pr ior ida de s

Um a agenda de pr ior idades de pesquisa em saúde é um inst r um ent o im por t ant e par a or ient ar o financiam ent o da pesquisa, r ealizar escolhas infor m adas ent r e opções de pesquisa e par a induzir a pesquisa consider ada est r at égica par a o int er esse nacional( LENAWAY et al, 2006) .

Par a 17% dos ent r evist ados não há nenhum cr it ér io r acional de ident ificação de pr ior idades par a a pesquisa em saúde no país. Menos de 1% consider a que não é necessár io haver qualquer cr it ér io de ident ificação de pr ior idades.

Com o cr it ér ios ideais par a ident ificação de pr ior idades os ent r evist ados indicar am : os pr oblem as at uais de saúde ( 50% ) , os pr oblem as de saúde per sist ent es ( 47,8% ) , pr oblem as de saúde fut ur os, ist o é, pr evist os ( 34% ) , polít icas dir igidas par a o at endim ent o a populações vulner áveis ( 22% ) , polít icas par a im plem ent ação em lar ga escala de est r at égias de pr evenção, cont r ole e t r at am ent o ( 18% ) e novos conhecim ent os básicos ( 17% )

Os cr it ér ios consider ados ideais pelos ent r evist ados m ost r am que eles valor izam m ais a dim ensão das necessidades em cont r aposição às influências polít icas. De algum a m aneir a est e posicionam ent o coincide com a m enor im por t ância dada à divulgação dos r esult ados das pesquisas par a a população em ger al ( I HE, 2008) . Os ent r evist ados par ecem consider ar que a at ividade cient ífica é exclusivam ent e do âm bit o t écnico não devendo ser influenciada pelo âm bit o polít ico da vida social. Nest e aspect o, m esm o os ent r evist ados com at uação na ár ea de saúde colet iva, habit ualm ent e um cam po at r avessado por quest ões polít icas, der am pr ecedência aos cr it ér ios das necessidades. Sander s e colabor ador es ( 2004) consider am que as pr ior idades de pesquisa em saúde devem incluir os det er m inant es de saúde, a im plem ent ação do sist em a de saúde e as est r at égias de m udança social par a m odificação da dist r ibuição dos det er m inant es sociais.

A quase t ot alidade dos ent r evist ados consider ou im por t ant e a exist ência de um a agenda de pr ior idades explícit a. Est a post ur a coincide com a valor ização da indução assinalada ant er ior m ent e. Ent r et ant o, quase 20% achavam que não havia nenhum cr it ér io r acional em uso par a a ident ificação das pr ior idades de pesquisa no país. Out r os ent r evist ados acr edit am que as pr ior idades são est abelecidas a par t ir do per fil epidem iológico exist ent e; da pr essão de gr upos de int er esse da sociedade civil r epr esent ados, no caso do Br asil, pela at uação das associações de por t ador es de pat ologias, pelas or ganizações não gover nam ent ais, pelos m ovim ent os sociais; pela pr essão de gr upos polít icos e pela pr essão de gr upos int er nacionais. Est a list a de cr it ér ios m ost r a que os ent r evist ados acr edit am que o pr ocesso de definição das pr ior idades é m ais influenciado pelos aspect os polít icos do que pelas necessidades de saúde.

O pr ocesso de est abelecim ent o da agenda de pr ior idades de pesquisa em saúde com andado pelo m inist ér io da Saúde t eve início em m eados de 2003, m om ent o que coincidiu com a r ealização da pesquisa, e foi com plet am ent e concluído em m eados de 2004 ( GUI MARÃES et al, 2006) . Assim , ao r esponder ao quest ionár io os ent r evist ados ainda não t inham conhecim ent o sobr e o pr ocesso que ser ia adot ado no país.

Par a a de fin içã o de pr ior ida de s em pesquisa foi consider ada excelent e a sit uação na qual a for m ulação da agenda é feit a conj unt am ent e pelo m inist ér io da saúde, conselho nacional de pesquisa, pesquisador es, associações pr ofissionais, r epr esent ant es do set or pr odut ivo e sociedade civil t endo em cont a pr oblem as de saúde at uais e fut ur os. A sit uação m uit o r uim foi r et r at ada pela ausência de definição de pr ior idades ou pela definição de pr ior idades feit a apenas pelo m inist ér io da saúde ou de m aneir a independent e pelos difer ent es at or es ( Figur a 3) .

Figu r a 3 : Colabor ação ent r e os pr incipais agent es do sist em a de pesquisa no Br asil, 2003

Av a lia çã o dos ou t r os com pon e n t e s do sist e m a de pe squ isa e m sa ú de

Os dem ais com ponent es do sist em a for am avaliados at r avés das vinhet as. Quant o às dir e t r iz e s é t ica s a m elhor sit uação foi car act er izada com o aquela na qual exist em dir et r izes ét icas nacionais, leis e r egulam ent ações; e, t odas as inst it uições exigem análise ét ica dos pr oj et os envolvendo ser es hum anos. Além disso, pelo m enos 95% dos pr oj et os são efet ivam ent e analisados e pelo m enos 90% dos indivíduos pesquisados assinar am o consent im ent o infor m ado. Foi consider ada m uit o r uim a sit uação de inexist ência de dir et r izes ét icas, bem com a exist ência de dir et r izes não r egulam ent adas.

No quesit o a v a lia çã o do sist e m a foi consider ada adequada a exist ência de um ór gão encar r egado de m onit or ar e avaliar as condições de pr odução de pesquisa, as dem andas e os r esult ados r eunindo infor m ações sobr e a pr odução e a ut ilização dos r esult ados. A sit uação m uit o r uim foi r et r at ada pela inexist ência de qualquer avaliação bem com o pela exist ência apenas da avaliação da pr odução sem levar em cont a a ut ilização.

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consider ada m uit o r uim por 83% dos ent r evist ados foi a inexist ência de cr it ér ios explícit os par a o financiam ent o e a ausência de pr est ação de cont as.

Os valor es expr essos pelos ent r evist ados na análise das vinhet as r elat ivas aos com ponent es do sist em a m ost r am com pr om et im ent o com pr incípios dem ocr át icos de par t icipação am pliada, r espeit o às dir et r izes ét icas, r esponsabilidade no uso dos r ecur sos financeir os, defesa do m ér it o e da com pet ição clar a e t r anspar ent e na disput a por financiam ent o e per cepção da im por t ância do acom panham ent o e avaliação do desem penho.

Tópicos de pe squ isa n e glige n cia dos

Em t or no de 75% dos ent r evist ados consider ar am que exist em t ópicos de pesquisa negligenciados no país. Par a 18% deles doenças específicas com o aids, doença de Chagas, leishm anioses, doenças do envelhecim ent o, doenças ost eoar t icular es, doenças genét icas, e out r as for am cit adas com o negligenciadas. Em segundo lugar apar ecer am t em as r elacionados com polít icas, pr ogr am as e ações de saúde ( 11% ) Em seguida for am m encionados: a pesquisa aplicada, o desenvolvim ent o de t ecnologias e a pesquisa clínica.

A indicação dos t ópicos de pesquisa negligenciados r ecaiu na ident ificação de escassez de pesquisas em cer t as doenças consider adas im por t ant es no quadr o sanit ár io nacional. O desenvolvim ent o t ecnológico só foi apont ado pelos ent r evist ados com at uação na ár ea de P&D , pelos gest or es e pelos indivíduos com 60 anos ou m ais. A pesquisa em saúde colet iva foi apont ada pelos indivíduos com at uação em saúde colet iva e na ár ea de pesquisa clínica e pelos usuár ios. Pr at icam ent e t odos os gr upos apont ar am a escassez de pesquisas em polít icas, pr át icas e ações de saúde. Est e posicionam ent o é cont r adit ór io com a indicação de m enos r ecur sos financeir os exat am ent e par a est e t ópico, vist o ant er ior m ent e.

Cola bor a çã o com ou t r os a ge n t e s do sist e m a de pe squ isa e m sa ú de

As colabor ações m ais fr eqüent es, cit adas pelos ent r evist ados, for am com os inst it ut os acadêm icos ou de pesquisa, agências nacionais r egulador as, m inist ér io da saúde e out r os m inist ér ios, gest or es do sist em a de saúde e m eios de com unicação de m assa.

A colabor ação com esses agent es se deu at r avés de par t icipação em pr oj et os, assessor ias, par t icipação em com it ês t écnicos ou com it ês assessor es e at ividades acadêm icas.

A colabor ação dos pesquisador es da ár ea de pesquisa básica foi m ais fr eqüent e com inst it uições acadêm icas ou inst it ut os de pesquisa, agências r egulador as e out r os m inist ér ios. Os pesquisador es da ár ea de pesquisa clínica apr esent ar am colabor ação bast ant e diver sificada incluindo pr incipalm ent e inst it uições acadêm icas e inst it ut os de pesquisa, agências r egulador as, m eios de com unicação de m assa, or ganizações pr ofissionais, gr upos de pacient es ou consum idor es, conselhos pr ofissionais, gest or es do sist em a de saúde, m inist ér io da saúde, out r os m inist ér ios e pr ofissionais de saúde. Par a os pesquisador es da ár ea de saúde colet iva as colabor ações ficar am concent r adas em inst it uições acadêm icas e inst it ut os de pesquisa, gest or es do sist em a de saúde, agências r egulador as, m inist ér io da saúde e out r os m inist ér ios. Finalm ent e, os pesquisador es da ár ea de desenvolvim ent o t ecnológico colabor ar am pr incipalm ent e com inst it uições acadêm icas e inst it ut os de pesquisa, agências r egulador as, em pr esas indust r iais, m inist ér io da saúde, out r os m inist ér ios, m eios de com unicação em m assa e or ganizações não gover nam ent ais.

Par a a ár ea de pesquisa básica, clínica e de desenvolvim ent o t ecnológico a colabor ação se deu sob a for m a de par t icipação em pr oj et os, assessor ias ou par t icipação em com it ês t écnicos ou com it ês assessor es. Na ár ea de saúde colet iva além da par t icipação em pr oj et os e assessor ias for am fr eqüent es as at ividades com unit ár ias.

A ext ensa colabor ação dos ent r evist ados com diver sos dos agent es que com põem o sist em a de pesquisa em saúde r esult a em par t e do viés int r oduzido na seleção da am ost r a e, em par t e a um a t r adição peculiar ao país. Mesm o a pesquisa acadêm ica apr esent a um gr au r elat ivam ent e alt o de ar t iculação com os ór gãos gover nam ent ais set or iais. O cam po da pesquisa em saúde por ser um cam po em inent em ent e de pesquisa est r at égica t em est a car act er íst ica de for t e ar t iculação ent r e for m ulador es de polít icas, pr est ador es de ser viços e pr odut or es de conhecim ent o. Por out r o lado, o fat o do financiam ent o à pesquisa ser pr edom inant em ent e público favor ece o est abelecim ent o dessas r elações de dependência.

I de n t ifica çã o de e x pe r iê n cia s e x it osa s

As exper iências exit osas cit adas com m aior fr eqüência r efer iam - se aos com ponent es: cr it ér ios ét icos ( 17,4% ) , desenvolvim ent o t ecnológico ( 13,9% ) , fundos ( 9,1% ) e for m ação de r ecur sos hum anos ( 9,1% )

Em r elação aos cr it ér ios ét icos for am cit ados com o exit osos a cr iação dos com it ês de ét ica em pesquisa, a for m ulação de nor m as e a m elhor ia em ger al do padr ão ét ico das pesquisas nacionais. Quant o ao desenvolvim ent o t ecnológico for am cit adas polít icas nacionais com for t e com ponent e t ecnológico ou cient ífico, o desenvolvim ent o de im unobiológicos e o aum ent o da ação r egulat ór ia do est ado.

For am t am bém ident ificados aspect os posit ivos r elacionados com a polít ica de ciência e t ecnologia em saúde, dest acando- se a r ealização das confer ências nacionais, o apoio a pr oj et os específicos, a cr iação do Depar t am ent o de Ciência e Tecnologia ( DECI T) do Minist ér io da Saúde, a elabor ação da agenda de pr ior idades em pesquisa e o dir et ór io de gr upos de pesquisa do CNPq ( Conselho Nacional de Pesquisa) .

Com r elação aos fundos par a a pesquisa for am m encionados: a cr iação dos fundos set or iais, o aum ent o dos r ecur sos financeir os par a pesquisa em saúde e o apoio a pr oj et os específicos. A for m ação de pesquisador es t am bém m er eceu dest aque pr incipalm ent e em r elação à avaliação dos cur sos de pós - gr aduação pela CAPES, o cr escim ent o da capacidade de for m ação e a cr escent e capacit ação de pr ofissionais.

Com m enor fr eqüência, t am bém for am cit adas exper iências r elacionadas com acesso à infor m ação cient ífica ( BI REME, Por t al CAPES) , par cer ia univer sidade- em pr esa e cooper ação ent r e inst it uições acadêm icas, infr a- est r ut ur a par a pesquisa, qualidade das publicações cient íficas, m aior divulgação dos r esult ados par a o público em ger al, incent ivo à for m ação de r edes.

I de n t ifica çã o de e x pe r iê n cia s n e ga t iv a s

For am m encionadas vár ias exper iências negat ivas sendo que as cit adas com m aior fr eqüência er am r efer ent es a deficiências de financiam ent o. Com m enor núm er o de m enções apar ecer am pr oblem as de funcionam ent o do sist em a, dificuldades na ut ilização dos r esult ados, ausência ou pr oblem as na definição de pr ior idades, dificuldades na avaliação de pr oj et os e de pesquisador es, deficiências de r ecur sos hum anos, a falt a de invest im ent os nas univer sidades públicas, as dificuldades polít icas, pr oblem as na avaliação dos pr oj et os pelos com it ês de ét ica em pesquisa, escasso desenvolvim ent o t ecnológico, dificuldades par a subm issão de pr oj et os, dificuldades na for m ação de r edes e na divulgação dos r esult ados par a o público.

Em bor a 13% dos ent r evist ados consider em que essas exper iências negat ivas não levar am a nenhum apr endizado, os dem ais acham que elas per m it ir am o apr endizado de algum as lições dent r e as quais se dest acam a adoção de for m as m ais t r anspar ent es e j ust as de financiam ent o, m aior com pr om isso com a pesquisa, im por t ância das par cer ias e da cooper ação, necessidade da definição de pr ior idades, for m as m ais eficient es de divulgação dos conhecim ent os, r esponsabilidade ét ica na condução das pesquisas, avaliação dos pr ej uízos pr oduzidos pela descont inuidade, im por t ância da avaliação, necessidade de ut ilizar os avanços t ecnológicos, im por t ância da fixação de pesquisador es e necessidade de apr im or ar a difusão dos conhecim ent os. Dent r e as exper iências int er nacionais consider adas int er essant es dest acar am - se, pela fr eqüência com que for am r efer idas, algum as iniciat ivas visando à m elhor ia na pr odução de conhecim ent os; for m as de gar ant ir cont inuidade no financiam ent o e aum ent ar os r ecur sos par a pesquisa; apoio a pesquisas m elhor aj ust adas às necessidades do país volt adas par a r eduzir a car ga da doença sobr e a população; for m as m ais eficient es de or ganização da pesquisa visando am pliar os r esult ados.

Con clu sõe s

Os ent r evist ados dividir am - se quant o ao funcionam ent o do sist em a de pesquisa em saúde no país, m as 83% o consider ar am r egular ou r uim dem onst r ando post ur a hiper cr ít ica um a vez que as condições da pesquisa em saúde no Br asil são r elat ivam ent e boas se com par adas com países de r enda e desenvolvim ent o equivalent e. São os pesquisador es da ár ea básica os que apr esent am m aior descont ent am ent o.

Há um a sér ie de post ur as cont r adit ór ias na per cepção dos ent r evist ados. Ao m esm o t em po em que confer em m enor im por t ância à difusão dos r esult ados da pesquisa par a a sociedade em ger al e à incor por ação dos r esult ados em polít icas e pr ogr am as de saúde, os ent r evist ados apont am com o a pr incipal m issão do sist em a de pesquisa em saúde, a m elhor ia da saúde da população.

A pouca im por t ância at r ibuída a esses aspect os suger e post ur a elit ist a e acadêm ica da m aior par t e dos ent r evist ados t endo com o cont r apar t ida o desint er esse dos m eios de com unicação de m assa pela pr odução cient ífica nacional e gr ande debilidade polít ica na negociação de or çam ent os par a a pesquisa e o desenvolvim ent o t ecnológico nas inst âncias do poder legislat ivo.

Apenas os pesquisador es do cam po da saúde colet iva dão im por t ância equivalent e à r edução das desigualdades, m elhor ia da saúde da população e avanço do conhecim ent o com o m et as do sist em a.

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ent r e indução e dem anda espont ânea e m aior volum e de r ecur sos par a a pesquisa clínica, básica e epidem iológica com m enor volum e par a o desenvolvim ent o t ecnológico e o invest im ent o em pesquisas sobr e o sist em a de saúde

Os ent r evist ados consider am a necessidade de cont ar com um a polít ica de ciência e t ecnologia em saúde, um a agenda de pr ior idades e gar ant ia de financiam ent o r egular e em volum e suficient e par a o bom funcionam ent o do sist em a.

Com r elação ao est abelecim ent o de pr ior idades defendem pr ocessos dem ocr át icos e par t icipat ór ios de definição, m as apont am com o cr it ér ios ideais aqueles baseados na avaliação das necessidades de saúde negando legit im idade às pr essões polít icas em anadas de difer ent es gr upos sociais.

At r avés do uso das vinhet as foi possível ident ificar a valor ização dos aspect os ét icos, a apr ovação de sist em as de avaliação e acom panham ent o da at ividade de pesquisa pelos ór gãos r esponsáveis, t r anspar ência no financiam ent o, m ér it o acadêm ico na seleção dos pr oj et os e com pr om isso com a pr est ação de cont as em r elação aos r ecur sos financeir os r ecebidos.

Dent e os t ópicos consider ados com o negligenciados pela pesquisa em saúde no Br asil dest acam - se algum as doenças, as pesquisas sobr e o sist em a de saúde, desenvolvim ent o t ecnológico e a pesquisa clínica.

Os r esult ados dem onst r am a colabor ação am pla e diver sificada dos pesquisador es, for m ulador es e usuár ios com difer ent es agências e inst it uições t ant o do sist em a de ciência e t ecnologia quant o do sist em a de saúde além de colabor ação com ent idades da sociedade civil.

No âm bit o nacional for am consider adas exit osas as exper iências r elacionadas com a inst it ucionalização do sist em a de cont r ole dos aspect os ét icos na pesquisa em saúde, algum as iniciat ivas gover nam ent ais de fom ent o ao desenvolvim ent o t ecnológico, a cr iação dos fundos set or iais par a o financiam ent o à pesquisa e a qualidade do sist em a de pós - gr aduação par a a for m ação de pesquisador es

Com o exper iências negat ivas for am m encionados vár ios pr oblem as r elat ivos ao financiam ent o da pesquisa t ant o em r elação com o volum e de r ecur sos quant o com descont inuidade e ir r egular idade na liber ação.

De m odo ger al, os ent r evist ados se m ost r ar am bast ant e cr ít icos quant o ao funcionam ent o dos difer ent es com ponent es do sist em a apont ando por ém , a clar a necessidade de or ganização e im plem ent ação de m edidas que efet ivam ent e gar ant am a exist ência de um a sist em a de pesquisa em saúde no pais

Con flit o de in t e r e sse s

Os aut or es declar am que não t em conflit os de int er esse.

Con t r ibu icã o dos a u t or e s

JCN fez cont r ibuicões subst anciais à concepção e ao desenho; TRS e FZ fizer am cont r ibuições subst anciais à concepção, colet a de dados e r evisão cr ít ica do m anuscr it o; RBB fez cont r ibuições subst anciais par a análise e int er pr et ação dos dados e r edação do m anuscr it o. Todos os aut or es der am apr ovacão final à ver sao subm et ida.

Agr a de cim e n t os

Rit u Sadana e colabor ador es que coor denar am a iniciat iva na OMS dando o supor t e necessár io par a t odas as et apas de desenvolvim ent os dos inst r um ent os. À OMS, DECI T/ MS e CNPq pelo apoio financeir o no desenvolvim ent o do est udo pilot o.

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Figu r a  1 :  Funcionam ent o  do sist em a de pesquisa em  saúde no Br asil,  2003
Figu r a  2 :  Dist r ibuição  acum ulada de per cent uais de alocação de r ecur sos  segundo t ipo,  Br asil,  2003
Figu r a  3 : Colabor ação ent r e os pr incipais agent es do sist em a de pesquisa no Br asil,  2003

Referências

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