R E L A Ç Õ E S D O T R A B A L H O Órgão
Ministério do Trabalho (MT) Representação Efetiva
Conselho Nacional de Imigração (CNIg) Representantes
Titular
Marjolaine Bernadette Julliard Tavares do Canto
Chefe
Assessoria junto ao Poder Executivo da CNC
(Compareceu) Suplente
Roberto Luis Lopes Nogueira
Advogado
Divisão Sindical da CNC
Ações
Reunião Ordinária realizada no dia 10 de maio de 2016
A IV Reunião Ordinária do CNIg de 2016 foi conduzida pelo presidente do Conselho, Paulo Sérgio de Almeida, que iniciou a reunião comunicando a possibilidade de já não estar mais à frente do CNIg na próxima reunião. Ele agradeceu aos conselheiros pela honra de presidir por vários anos um Conselho do mais alto nível, caráter e relevância no governo e comunicou que a reunião era somente para aprofundar alguns debates, e não decisória.
Logo após a aprovação da agenda provisória, o representante do Ministério da Justiça (MJ) solicitou que se incluísse na agenda a discussão sobre o Decreto proposto pelo Ministério, que institui a Política Nacional de Migrações, Refúgio e Apatridia e suas instâncias de governança.
O Decreto foi analisado com a argumentação do representante do MJ, tendo como objetivo unificar as políticas migratórias, juntamente com uma Agenda de Coordenação Federativa para alinhar e multiplicar as possibilidades de contar com os atores da área migratória, e também para que seja uma instância de discussão contínua com o objetivo de atualização constante do tema.
Em seguida, a representante da CNC, Marjolaine Tavares do Canto, defendeu que um Decreto dessa natureza deveria ser amplamente discutido, pois qualquer aprovação açodada poderia ser prejudicial a seu próprio objetivo. Observou ainda que o Decreto, no Art. 7º, parágrafo 1º, inciso 2º, em que estão previstas as 5 representações de titulares e suplentes de organizações da sociedade civil, deveria contemplar expressamente as confederações patronais e de trabalhadores, à semelhança do Conselho Nacional de Imigração. Ela argumentou ainda que essas representações garantem a legitimidade das decisões, o que não poderia ser diferente, pois a questão imigratória tem um componente sociolaboral em sua própria natureza.
Passou-se a seguir para os relatos dos Grupos de Trabalhos:
Organização do Fórum de Participação Social (FPS)
O Fórum teve inúmeros avanços, criando algumas plataformas para disseminar informação (exemplos: Facebook e Google). No Facebook, o Fórum de Participação Social foi vinculado à criação de um evento. As inscrições para o FPS foram até 9 de maio. O objetivo dessas plataformas é recolher contribuições e não criar debates, salientando-se que a etapa presencial, que virá a seguir, terá um colaborador executivo, ainda não determinado.
A representante da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Thaís Fortuna, enfatizou que o FPS tem como objetivos:
Oportunizar um espaço para a discussão dos temas relativos à imigração e trabalho e a formulação de demandas e propostas de políticas públicas visando à incorporação destas na agenda do CNIg;
Favorecer a participação de migrantes e entidades na elaboração de ações e políticas públicas voltadas a este público;
Avançar no diálogo entre atores governamentais e não governamentais envolvidos na temática migratória.
Em seguida, ela mostrou como está sendo apresentado o evento permanente criado no Facebook, no qual serão realizadas as comunicações e divulgações, bem como recebidos os feedbacks.
Na sequência, foi apresentado o fluxograma referente às etapas do FPS.
Até o momento, o Fórum de Participação Social conta com 240 inscritos.
A representante da CNC foi convidada a participar como moderadora da Etapa Virtual do Fórum, processo de discussão em que serão debatidas as principais dificuldades e propostas para a população migrante, a partir dos temas dos eixos pré-estabelecidos pelo CNIg:
Eixo 1 - Processo contínuo de construção da política migratória: diálogos entre o CNIg e sociedade civil; Eixo 2 - Atualização da política nacional de migração e proteção dos trabalhadores/as migrantes;
Eixo 3 - Direitos dos/as trabalhadores/as migrantes; Eixo 4 - Recepção e Informação do/a trabalhador/a migrante;
Eixo 5 - Integração Sociolaboral - Qualificação profissional, Acesso a mercado de trabalho e Documentação;
Eixo 6 - Diversidade e gênero na política de imigração laboral; e
Eixo 7 - Emigração e trabalhadores/as retornados/as. Análise do ingresso dos haitianos no Brasil
Já se percebe um aumento da imigração por via terrestre, principalmente pelo Estado do Acre. Deduz-se que a criDeduz-se vivenciada pelo país atingiu os estrangeiros (os haitianos, em particular).
Até o momento, conta-se a saída de aproximadamente 3.000 haitianos, mais especificamente pelas fronteiras do Acre, na sua maioria em busca de países da América Latina e dos Estados Unidos.
Os dados sobre empregos são baseados no cruzamento das carteiras de trabalho e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), porém, ainda há carteiras de trabalho sendo emitidas manualmente no Brasil, inclusive no Estado de São Paulo, o que ocasiona certa discrepância de dados no cenário atual e nas tendências sobre admissões e demissões.
O representante do Ministério das Relações Exteriores (MRE), embaixador Rubens Gama, comunicou que a emissão de vistos no Haiti continua constante, com cerca de 500 vistos emitidos por semana e a meta da emissão de 2.000 vistos mensais.
Rubens Gama solicitou ainda que o CNIg analisasse novamente a RN 97/2012, que dispõe sobre a concessão do visto permanente previsto no Art. 16 da Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980, a nacionais do Haiti, com validade até outubro, devendo-se decidir, portanto, pela conveniência de sua reedição.
Ele observou ainda que o Brasil transforma-se pouco a pouco em um país de trânsito.
Implementação dos resultados da pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV)
O assunto foi retirado da pauta.
Revisão da Resolução Normativa nº 93/2010
Assunto retirado da pauta, por solicitação da Advocacia Geral da União (AGU).
Assuntos Diversos
Apresentação dos resultados da pesquisa MT Brasil
A apresentação realizada pelo professor Duval sobre a MT Brasil (Migrações Transfronteiriças - Fortalecendo a capacidade do governo federal para gerenciar novos fluxos migratórios) é fruto de uma discussão dos resultados da pesquisa de inserção laboral e da integração social dos imigrantes.
O professor discorreu sobre as necessidades e obstáculos para a inserção laboral e a integração social dos imigrantes, apresentando estudo de casos em cidades do Rio Grande do Sul e Santa Catarina e no município de São Paulo.
Seguem dados da pesquisa: a) Metodologia
Levantamento de informações (rodas de conversa e entrevistas estruturadas) junto a diversos atores que participam direta e indiretamente do processo migratório nas regiões escolhidas. Nesse conjunto, foram ouvidos imigrantes de diversas nacionalidades, autoridades públicas e representantes da sociedade civil.
Na Região Sul: 46 imigrantes originários de Togo, África do Sul, Gana, Haiti e Senegal. Em São Paulo: 30 imigrantes originários de Haiti, Mali, República Democrática do Congo, Angola, Palestina, Síria, Columbia, Nigéria e Nepal.
b) Trajetos
Não há um trajeto único que possa ser indicado como o mais utilizado pelos imigrantes. Cada nacionalidade utiliza os recursos que são oferecidos: hatianos - Panamá, Equador, Peru e Brasil; senegaleses - Espanha, Equador, Peru e Brasil.
Avaliação do projeto migratório - Depoimento de imigrante
"... Valeu a pena. Esse é o nosso momento humano. Sobre o dinheiro, a gente chega aqui com diploma, como eu, era professor de idioma no Senegal, ainda não consegui dar aula aqui. Fui em várias universidades conversar que eu fui professor, os diplomas estão aqui: inglês, francês, russo. Ainda tem aqueles que dizem: ah, muito bom! Pega meu celular e fica de ligar depois. Ninguém. E isso você sabe que é racismo, é difícil, mas vale a pena, porque a gente ganha muitas coisas. Ganha conhecimento, relacionamentos" (Imigrante senegalês - Chapecó, SC).
Inserção Laboral - Depoimento de imigrante
"... aqui eu sou contratado como um iletrado, pois não consigo falar português. Tenho um certificado de técnico em eletricidade e trabalhei 7 anos no meu país. Aqui vou ter de passar por um centro de capacitação para ter um certificado em uma atividade
na qual trabalhei "tous travaux" por 7 anos" (Imigrante do Mali - São Paulo, SP).
Processos a serem relatados
O processo no 46094.000031/2016-35, a cargo da representante da CNC, foi deferido e aprovado pelo CNIg.