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Relatório estágio profissional

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Academic year: 2021

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Na verdade, nunca se viu que não morresse quem tivesse de morrer. E agora, insolitamente, um aviso assinado pela morte, de seu próprio punho e letra, um aviso em que se anunciava o irrevogável e improrrogável fim de uma pessoa, tinha sido devolvido à origem, a esta sala fria onde a autora e signatária da carta, sentada, envolta na melancólica mortalha que é seu uniforme histórico, com o capuz pela cabeça, medita no sucedido enquanto os ossos dos seus dedos, ou os seus dedos de ossos, tamborilam sobre o tampo da mesa.

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Ao meu avô, que se despediu a 6 meses de me ver terminar estes 6 anos de aventuras. Que este relatório e todo o meu percurso o encham de orgulho, onde quer que esteja agora.

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Agradecimentos

À minha mãe, por todos os sacrifícios que fizemos para terminar esta jornada.

À minha avó, pelo amor com que me acolheu nos momentos difíceis.

Ao meu avô, por ter lutado com coragem até ao fim.

À minha tia, pela generosidade de todos os dias.

Ao meu pai, por amar a medicina que pratica e me fazer querer amá-la também.

À minha grande amiga Maria, pelo apoio constante em todos os momentos e pelas lágrimas (de alegria ou tristeza) que partilhámos nesta caminhada.

Ao meu namorado Pedro, pela paciência e amor nos dias maus.

To Deema, my dear friend, and her family, for the love and friendship in these 6 years, and for the trip that changed my life.

Ao meu amigo Nuno, pela coragem de não desistir.

À minha amiga Joana, por acreditar em mim e pelos ensinamentos incessantes.

À minha amiga Beatriz, pela jovialidade e genuinidade.

A todos os que se cruzaram no meu caminho nestes 6 anos.

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Índice

1. Introdução ... 6

A. Objetivos ... 6

2. Descrição de atividades curriculares ... 6

A. Estágio de Medicina Interna | Hospital Egas Moniz ... 7

B. Estágio de Cirurgia Geral | Hospital CUF Descobertas ... 7

C. Estágio de Pediatria | Hospital Dona Estefânia ... 8

D. Estágio de Ginecologia e Obstetrícia | Hospital CUF Descobertas ... 8

E. Estágio de Saúde Mental | Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (CHPL) ... 9

F. Estágio de Medicina Geral e Familiar | USF Vale do Sorraia ... 9

G. Estágio Opcional | Maternidade Alfredo da Costa (MAC) ... 10

3. Reflexão Crítica ... 10

4. Anexos ... 14

A. Tabela de atividades ... 14

B. Certificado - Curso TEAM ... 18

C. Certificado - 10º Curso de Antibioterapia ... 19

D. Certificado - iMed Conference 10.0 2018 ... 20

E. Certificado - Direção da Revista FRONTAL ... 21

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1. Introdução

O 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina (MIM), constituído por estágios parcelares com exercício clínico tutelado nas áreas de Medicina Interna, Cirurgia Geral, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Saúde Mental e Medicina Geral e Familiar, visa a consolidação de conhecimentos adquiridos em Unidades Curriculares de anos anteriores, preparando o recém-licenciado para a atividade profissional futura. Assim sendo, justifica-se a elaboração deste relatório como sendo um elemento descritivo e refletivo do aluno quanto ao seu percurso formativo neste último ano. O relatório que se segue é, portanto, constituído pelos objetivos propostos, pela descrição dos estágios parcelares (e opcional) realizados e por uma reflexão crítica do meu desempenho neste último ano.

A. Objetivos

Considero ser possível dividir os objetivos a atingir neste ano profissionalizante em dois grupos. No primeiro, cabem o aperfeiçoamento de competências clínicas e a consolidação de conhecimentos previamente adquiridos. Pretende-se assim uma avaliação e abordagem eficaz do doente, através da entrevista clínica, exame objetivo, requisição de meios complementares de diagnóstico e prescrição de terapêutica ou referenciação especializada. A correta prática destas competências leva a um reforço da autonomia e preparação frutífera do recém-licenciado para os anos que se seguem. No segundo grupo, cabe o desenvolvimento de competências de relação interpessoal com doentes, familiares e outros profissionais que integrem a equipa de cuidados médicos. Estas competências aplicam-se não só a situações banais, tais como a relação médico-doente numa consulta ou enfermaria, mas também à transmissão de más notícias ou gestão de conflitos, por exemplo, que acabam por, inevitavelmente, fazer parte do dia-a-dia do clínico comum. Por fim, refiro ainda dois objetivos que me propus a alcançar durante este ano, decorrentes de algumas experiências que vivenciei, e que consistiram na aprendizagem da prática de uma medicina com gestão de recursos limitados, sem nunca prejudicar o doente, de forma a tornar-me numa médica completa em qualquer tipo de situação, no aperfeiçoamento da comunicação com os doentes e na prática de uma medicina humana e empática.

2. Descrição de atividades curriculares

A seguinte descrição de atividades encontra-se dividida pelos vários estágios parcelares, por ordem cronológica de frequência, com início a 10 de setembro e término a 22 de maio do presente ano letivo. Encontra-se em anexo uma tabela-resumo composta por apresentações por mim realizadas, conferências ou sessões teóricas de relevo presenciadas no âmbito dos diferentes estágios, com uma brevíssima descrição de cada um dos elementos.

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A. Estágio de Medicina Interna | Hospital Egas Moniz

Os objetivos para o meu primeiro estágio parcelar consistiam na aplicação de conhecimentos adquiridos ao longo dos anos anteriores, nomeadamente a nível do diagnóstico e tratamento das patologias mais prevalentes, da colheita da anamnese, exame objetivo, elaboração de registos clínicos e requisição de exames complementares, com vista a aquisição de autonomia crescente em contexto hospitalar. Tutelada pelo Dr. Nuno Pinheiro, as minhas atividades dividiram-se entre o internamento do serviço de Cirurgia Vascular e o Serviço de Urgência. No que toca ao internamento, tive oportunidade de presenciar uma dinâmica diferente da maioria dos serviços, dado que fui integrada na Unidade de Apoio à Cirurgia Vascular (UACV), definida como um serviço de cogestão entre a Medicina Interna e a Cirurgia Vascular, desenhado para permitir a assistência coordenada aos doentes internados no Serviço de Cirurgia Vascular com comorbilidades médicas importantes. Nesta Unidade foi-me concedido um elevado grau de autonomia - diariamente, ficava encarregue da observação e reavaliação de 1-2 doentes, com atualização do diário clínico, eventual pedido de exames complementares de diagnóstico e discussão da sua situação com a restante equipa ao final da manhã. A minha permanência semanal no Serviço de Urgência do Hospital de São Francisco Xavier consistiu igualmente na observação autónoma de alguns doentes, triados maioritariamente como verdes ou amarelos, tendo o apoio do meu tutor na sistematização do exame do doente e pedido de exames complementares. Por fim, tive ainda oportunidade de assistir a várias sessões clínicas promovidas pelo serviço de Medicina do hospital e apresentar uma exposição teórica com base num caso clínico sobre “Miocardiopatia Dilatada”.

B. Estágio de Cirurgia Geral | Hospital CUF Descobertas

A componente prática do meu estágio de cirurgia geral, tutelada pelo Dr. José Maria Correia Neves, teve início após uma semana de sessões teóricas no Hospital Beatriz Ângelo. Os objetivos deste estágio parcelar passavam pelo desempenho de técnicas cirúrgicas básicas e de pequena cirurgia, aquisição de conhecimentos básicos acerca de propostas cirúrgicas e consolidação de conhecimentos sobre as patologias mais importantes no âmbito da cirurgia geral. As minhas atividades consistiram essencialmente no acompanhamento do meu tutor em ambiente de bloco operatório ou consulta. No bloco operatório, quer central, quer na unidade de cirurgia ambulatória, fui sempre integrada na equipa cirúrgica, o que me permitiu um contacto sem precedentes com diversas técnicas, quer em laparoscopia ou laparotomia, expandido o meu conhecimento acerca das patologias abordadas e procedimentos efetuados. Na consulta de cirurgia geral, pude praticar o exame objetivo dirigido, com ênfase na patologia proctológica e abdominal, e rever a abordagem de um doente pré e pós-cirúrgico. No final do estágio, no minicongresso de cirurgia do MIM do Hospital Beatriz Ângelo, apresentei um trabalho intitulado “Prevenção de uma gravidez… Cólica?!”, relativo a uma perfuração intestinal por um dispositivo anticoncecional intrauterino, em cuja cirurgia de remoção tive oportunidade de participar.

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C. Estágio de Pediatria | Hospital Dona Estefânia

No estágio de pediatria acompanhei as atividades da Dra. Sara Nóbrega na Unidade de Cuidados Especiais Respiratórios e Nutricionais (UCERN), no Bloco de Técnicas e Consulta Externa do Serviço de Gastrenterologia e no Serviço de Urgência, tendo ainda frequentado o Serviço de Imunoalergologia do Hospital. Os objetivos específicos para este estágio consistiam na consolidação dos conhecimentos adquiridos em cadeiras anteriores no que toca às principais patologias da criança e adolescente, a realização correta da anamnese e exame físico tendo em conta a idade do doente (e, para tal, o aperfeiçoamento da comunicação com a criança e família), a interpretação de exames complementares e terapêutica das síndromes mais comuns e o reconhecimento de critérios de gravidade. No que toca à UCERN, as minhas atividades consistiram em acompanhar a minha tutora na observação dos doentes internados, com redação dos diários clínicos, ficando encarregue de observar 1 ou 2 doentes, verificar as ocorrências, intervenções planeadas e comunicá-las durante a reunião da equipa ao final da manhã. No Serviço de Gastrenterologia, na Consulta Externa, tive oportunidade de realizar o exame objetivo pediátrico orientado e contactar com patologia crónica na criança, adquirindo conhecimentos sobre exames complementares comuns e prescrição terapêutica nesta área. No Bloco de Técnicas, tive a oportunidade de assistir a endoscopias digestivas altas e colonoscopias quer com intuito diagnóstico e quer de controlo de patologia crónica. No Serviço de Urgência, pude rever as principais patologias pediátricas que se apresentam neste contexto, respetivos métodos de diagnóstico, sinais de alarme e terapêutica a instituir. Em todas as crianças observadas pude realizar o exame objetivo pediátrico orientado e propor exames objetivos oportunos e terapêutica. Por fim, na consulta externa do serviço de Imunoalergologia, pude contactar com a anamnese, diagnóstico e terapêutica da patologia deste foro. Destaco ainda a participação semanal nas reuniões de serviço e sessões clínicas do hospital e a apresentação de um seminário sobre “Surdez, Meningite e Implantes Cocleares”.

D. Estágio de Ginecologia e Obstetrícia | Hospital CUF Descobertas

No estágio de Ginecologia e Obstetrícia, fui tutelada pela Dra. Mariana Torgal, acompanhando diferentes médicos consoante a atividade desenvolvida. Os objetivos específicos deste estágio passaram por desenvolver autonomia e capacidade de tomar decisões clínicas básicas, quer em ginecologia, quer em obstetrícia; adquirir autonomia para realizar o exame físico ginecológico e da mulher grávida; consolidar conhecimentos relativos à vigilância da gravidez normal; reconhecer situações de risco e propor exames complementares e terapêutica das principais patologias ginecológicas, identificando aquelas que requerem seguimento diferenciado. As minhas atividades dividiram-se pelas várias valências do Hospital, definidas para cada dia da semana. Na Ginecologia, pude frequentar as consultas externas e realizar o exame ginecológico; na consulta de senologia, tive a oportunidade de aperfeiçoar a palpação mamária; nas ecografias ginecológicas, pude familiarizar-me com a técnica do exame; e nos exames especiais e bloco operatório pude assistir a colposcopias e cirurgias ginecológicas, respetivamente. Na Obstetrícia, assisti a consultas de

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vigilância da gravidez de alto e baixo risco, onde pude realizar o exame objetivo da grávida e consolidar conhecimentos sobre os vários exames complementares a requisitar; pude ainda, nas ecografias obstétricas, familiarizar-me com a técnica e, no bloco de partos, assistir e participar em inúmeros partos eutócicos e distócicos e cesarianas eletivas e de urgência. Frequentei ainda sessões clínicas semanais e apresentei, numa delas, um seminário intitulado “Antenatal and Postnatal Analgesia”, a propósito de um artigo científico homónimo.

E. Estágio de Saúde Mental | Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (CHPL)

O estágio decorreu no Serviço de Psiquiatria Geriátrica do CHPL e no Serviço de Urgência do Hospital de São José, sob a orientação do Dr. Pedro Branco. Para este estágio, os objetivos delineados consistiam na identificação correta de sintomas de perturbação psiquiátrica; integrar a observação do doente com o seu contexto pessoal e avaliar as suas capacidades funcionais e identificar situações de risco ou com necessidade de referenciação. Neste serviço, pude contactar com perturbações psiquiátricas numa população de idade avançada, muitas delas sob a forma de comorbilidade de demência, consistindo as atividades diárias na observação dos doentes, ajuste da medicação (se necessário) e registo de potências ocorrências. Tive assim oportunidade de observar a dinâmica de uma equipa multidisciplinar composta por médicos psiquiatras, neurologistas, psicólogos, terapeutas ocupacionais e assistentes sociais focada nesta população específica, e assistir a reuniões semanais dos vários profissionais no que concerne à reabilitação e futuro dos doentes. Assisti ainda a algumas consultas de psiquiatria geriátrica e frequentei o serviço de urgência. Por interesse em ter contacto com uma vertente mais geral da psiquiatria, propus-me a assistir a consultas de psiquiatria geral de outro médico que estivesse disponível para me receber. Assim sendo, tive a oportunidade de acompanhar a Dra. Raquel Fernandes na consulta externa do CHPL. Neste contexto, tive também oportunidade de efetuar a entrevista clínica de forma autónoma, por forma a concretizar uma história clínica de um dos doentes observados.

F. Estágio de Medicina Geral e Familiar | USF Vale do Sorraia

O meu último estágio parcelar profissionalizante, na USF Vale do Sorraia, em Coruche, foi tutelado pela Dra. Teresa Vale e pelo Dr. Carlos Ceia e permitiu-me, ao dotar-me de um elevado grau de autonomia, pôr em prática conhecimentos e técnicas aprendidos ao longo de todo o curso. Como objetivos específicos deste estágio, defini a capacidade de considerar o doente no seu contexto social, familiar e laboral; a capacidade de racionalizar a prescrição de exames complementares de diagnóstico e de prescrever regradamente alguns dos fármacos mais comuns, ambos com base na evidência clínica mais recente disponível; a capacidade de orientar corretamente uma consulta, recorrendo a uma comunicação e anamnese eficazes e exame objetivo dirigido, sem com isso prejudicar a relação médico-doente e as expectativas e necessidades deste; e a consolidação de conhecimentos relativos aos planos de Saúde Infanto-Juvenil, Saúde Materna, Vacinação e Rastreios Oncológicos. Nas minhas atividades diárias, tive a oportunidade de contactar com as várias

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valências de uma unidade de cuidados primários e assistir a consultas de Diabetes, Saúde Materna, Planeamento Familiar, Saúde Infantil e Juvenil e Consulta Aberta. Mais ainda, esta USF, ao englobar nas suas instalações um Serviço de Atendimento Permanente, proporcionou-me um contacto único com uma grande variedade de patologia aguda, sem o acesso a vários dos meios complementares “habituais” num serviço de urgência urbano. O peso das consultas de doenças crónicas como Diabetes ou Hipertensão foi de extrema utilidade para a revisão de conhecimentos e aquisição de capacidades ao nível da interpretação, requisição de exames e prescrição de medicação crónica. O meu conhecimento sobre programas como o de Saúde Infantil, Planeamento Familiar e Saúde Materna beneficiou imensamente da observação de consultas específicas destas temáticas e pude, em cada uma delas, realizar procedimentos como citologias, auscultação de foco fetal e avaliação completa de um recém-nascido, por exemplo. Ao ter tido a possibilidade de realizar consultas em gabinete separado da minha tutora, tive necessidade de pôr à prova e aprimorar a colheita da história clínica, a realização de um exame objetivo dirigido, a interpretação de vários exames auxiliares de diagnóstico e, sobretudo, a realização de uma consulta completa, com todos estes parâmetros, em tempo regulamentado.

G. Estágio Opcional | Maternidade Alfredo da Costa (MAC)

O meu estágio opcional decorreu na Maternidade Alfredo da Costa, sob orientação da Dra. Teresinha Simões. Por possuir um interesse pessoal pela especialidade de ginecologia e obstetrícia, escolhi este local pela possibilidade de contactar com uma enorme variedade de patologia obstétrica e ginecológica. Tive a oportunidade de frequentar consultas em diversas valências, como o alto risco obstétrico, a diabetes gestacional, a gravidez gemelar, o planeamento familiar e a uroginecologia.

3. Reflexão Crítica

Termino este 6º ano do MIM com o sentimento de dever cumprido e uma visão mais clara do futuro que almejo enquanto médica. Considero que os objetivos para os estágios parcelares foram globalmente alcançados, com pontuais exceções. Começando pelo estágio de Medicina, o nível de autonomia que me foi proporcionado no internamento permitiu-me desenvolver competências clínicas fundamentais e, pela primeira vez, sentir-me integrada na rotina diária de um serviço. Os doentes observados constituíam indivíduos mais idosos com extensos antecedentes pessoais, propensos a descompensação frequente de patologia de base. A gestão destes doentes e a sua discussão em grupo permitiu-me ter contacto com várias apresentações diferentes de patologia comum e a sua abordagem multidisciplinar permitiu-me ganhar uma nova perspetiva acerca da boa prática clínica no cuidado do doente idoso, polimedicado, com patologia de base múltipla, sujeito a uma cirurgia extensa. No entanto, e dado tratar-se de uma Unidade cuja atuação se limita a determinadas patologias, o contacto que tive com doentes de outras faixas etárias e patologias

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diferentes acabou por se revelar menor e limitado às minhas horas no serviço de urgência – assim, considero que a aquisição de conhecimentos referentes a patologias fora do âmbito da minha unidade ficou aquém do meu desejo. Em Cirurgia, destaco a integração na equipa cirúrgica em todas as cirurgias realizadas, o que me permitiu um contacto sem precedentes com inúmeras técnicas, patologias e com a dinâmica de um bloco operatório. Por fazer parte da equipa e por participar ativamente na grande maioria das tarefas que o meu tutor desempenhava, pude conhecer de perto o dia-a-dia de um cirurgião geral – o que, embora extremamente satisfatório em termos académicos, confesso ter-me feito recuar na ideia de seguir esta especialidade. Destaco, pela negativa, a impossibilidade de ter contacto com o serviço de urgência (por se tratar de um hospital privado) e de, assim, praticar técnicas de pequena cirurgia e cumprir este objetivo. No estágio de Pediatria, e tendo em conta a complexidade das patologias observadas no serviço onde estagiei, que implicavam invariavelmente um internamento prolongado (existindo inclusive alguns casos a aguardar resolução social e outros em regime paliativo), a diversidade de casos e doentes com que contactei foi parca, pecando assim na concretização de um dos objetivos propostos e relegando estas tarefas para o meu tempo no SU. Mesmo reconhecendo isto, não posso deixar de confessar que o meu estágio na UCERN foi um dos que mais me marcou este ano, por inúmeros motivos. Tive, pela primeira vez, contacto com a criança e adolescente com patologia crónica ou terminal, o que permitiu aquisição de novos conhecimentos e contactar com doentes (e, especialmente, famílias) marcados por esta realidade e com diferentes formas de lidar com ela, desenvolvendo, assim, competências relacionais. Nesse contexto, também a forma de lidar com as espectativas familiares foi reforçada, bem como a atenção ao desgaste do cuidador. Por se tratar de um serviço com patologia tão complexa manifestada em crianças muito pequenas, tinha consciência de que poderia vir a lidar com o falecimento de algum dos doentes. Mas foi apenas com a morte de uma bebé de oito meses, cuja vida inteira tinha sido passada naquele serviço, que abarquei na totalidade o verdadeiro papel do médico nestas circunstâncias, e foi com profunda admiração que observei a Dra. Sara Nóbrega, e toda a equipa de profissionais daquele serviço, que tanto tinham dado àquela menina, recompor-se após o óbito, transmitir à notícia à família, consolar os pais, auxilia-los no processo de luto, e mais admirável ainda, encontrar forças para continuar a cuidar de todos os outros doentes que ali continuavam. Por esta razão, e embora, como referi, o estágio na UCERN me tenha limitado em termos de horas de contacto com patologia mais variada (que apenas encontrei no SU), a humanidade que encontrei na UCERN foi sem dúvida uma dádiva de grande valor que espero guardar e dividir por todos os doentes que tratar. Passando à Ginecologia, considero a maioria dos objetivos atingidos, e destaco a participação ativa nas tarefas do serviço (consultas, bloco operatório e, em especial, no bloco de partos), bem como a rotação do aluno por múltiplas valências da especialidade, como condições necessárias ao sucesso deste estágio e à prática de capacidades fundamentais como o exame ginecológico, a palpação bimanual ou o exame da mulher grávida (com auscultação de foco fetal). Apenas a ausência de atividades no internamento (quer de ginecologia, quer de

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obstetrícia) limitou a aquisição de conhecimentos no que toca ao puerpério e patologia cirúrgica ginecológica, e a variedade de patologias observadas no SU terá sido consideravelmente menor à observável num hospital público, por exemplo. No que toca à Psiquiatria, foi crucial a observação da dinâmica da equipa e da interação entre médicos e familiares. Destaco ainda, e talvez por ter vivido pessoalmente o peso de cuidar de um familiar com demência, a importância dada pelos profissionais do serviço ao bem-estar do cuidador, e o esforço constante em tratar os doentes, especialmente os que sofrem de demência avançada, da forma mais humana e menos paternalista possível, tentando adaptar todo o ambiente em volta de forma a proporcionar uma vida com o máximo de qualidade e independência possível no pós-alta. Considero que os objetivos relacionados com a observação e avaliação funcional do doente e reconhecimento de sinais de alarme terão sido cumpridos; no entanto, os restantes objetivos ficaram aquém das minhas expectativas, maioritariamente pela limitação de patologias e população-alvo do serviço onde estagiei. Apercebendo-me disso, tentei colmatar essa falha e assistir a consultas de psiquiatria geral, mas tal revelou-se difícil por constrangimentos relacionados com o número de alunos já presentes no gabinete ou mesmo a disponibilidade do médico. Por essa razão, apenas num dia me foi possível fazê-lo, e muito agradeço à Dra. Raquel Fernandes a oportunidade de presenciar as suas consultas; nelas, foi-me reforçada a ideia de que a confiança no médico é crucial para se obter uma boa anamnese e garantir um coping terapêutico adequado. Também aqui a revisão terapêutica do doente e uma revisão cuidadosa dos seus antecedentes se mostraram cruciais para a vigilância de certas patologias e para o seu correto seguimento. Por fim, quanto ao estágio de Medicina Geral e Familiar, este constituiu um alicerce fundamental para a minha prática clínica futura e considero todos os objetivos propostos para este estágio atingidos de forma satisfatória; mais ainda, tive a oportunidade de solidificar a minha vontade de seguir esta especialidade no futuro, ao ter contacto com o seu quotidiano e ao apreender a importância de analisar o doente no seu contexto pessoal e de investir na prevenção da saúde. Há um marcado contraste da população-alvo do meu estágio no 5º ano, em Oeiras, com a população-alvo deste estágio, e foi extremamente benéfico experienciá-lo, tendo em conta que a disponibilidade de recursos e facilidade de acesso a cuidados de saúde hospitalares são diferentes; tive assim oportunidade de experienciar uma prática de medicina adaptada a estas contingências.

Durante os meus 6 anos de formação, tive interesse em aliar-me a diversas atividades que, na minha opinião, desenvolveriam as minhas capacidades em diversas vertentes úteis para um médico competente. Muitas delas constituíam objetivos de inúmeras cadeiras ao longo do curso, como o trabalho em equipa e liderança da mesma ou a busca por informação atualizada e rigorosa. Capacitei-me para o cumprimento destes objetivos ao participar no associativismo, nomeadamente como diretora da Revista FRONTAL (2016/17) e membro da comissão organizadora da iMed Conference 8.0 (2015/16). Na FRONTAL, pude desenvolver métodos de pesquisa de informação e familiarizar-me com o espírito de atualização constante, bem como liderar uma equipa de colegas, ao redigir inúmeros artigos de informação e política médica e

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preparar eventos de lançamento, debates e edições impressas da revista. Na iMed Conference 8.0, pude conviver com inúmeros cientistas e clínicos na vanguarda das ciências médicas e abrir os meus horizontes no que toca às várias vertentes da medicina. Assim, embora nenhuma destas atividades tenha decorrido no meu sexto ano (com exceção da iMed Conference 10.0, na qual fiz parte da cobertura jornalística por parte da FRONTAL), considero-as alicerces de muitas das capacidades que desenvolvi ao longo deste e, como tal, não poderias deixar de as referir.

Como referi na introdução deste relatório, tinha como objetivos pessoais para este ano a aprendizagem da prática de uma medicina com gestão de recursos limitados, o aperfeiçoamento da comunicação com os doentes e a prática de uma medicina humana. Considero que todas as experiências que um médico vive são capazes de influenciar a sua prática clínica, e a minha será indubitavelmente influenciada por uma viagem que realizei no Verão anterior a este 6º ano, à Palestina, no Médio-Oriente. Pude concluir que um médico, despido de todos os recursos tecnológicos e científicos que o mundo moderno lhe pode oferecer, continua a ser um médico, e que a profissão que seguirei vai além dos diagnósticos, algoritmos ou normas. Foi por também por essa razão que escolhi estagiar em Coruche, porque sabia que este estágio me proporcionaria a oportunidade de contactar com uma disponibilidade de recursos muito diferente da que observei ao longo de todo o meu percurso. Quanto ao aperfeiçoamento da comunicação, também a mesma viagem me fez compreender, ao comunicar diariamente em inglês com pessoas menos fluentes nesta língua, que a comunicação de um médico vai muito além das palavras. Assim, em todos os estágios em que participei, procurei desenvolver capacidades de linguagem não-verbal e pedir conselho, neste sentido, aos meus tutores e colegas, que invariavelmente me ensinaram pequenos gestos ou posturas adequadas a diferentes situações. Por fim, procurei sempre guardar os momentos em que a humanidade dos profissionais de saúde em meu redor sobressaía; na minha viagem, e por conta da conjuntura política da região, a todo o momento chegavam pessoas de raças e credos diferentes, que obrigavam constantemente os profissionais a afastar preconceitos e tratar a pessoa à sua frente sem qualquer diferença em relação a outra pessoa com quem mais simpatizassem. Voltei convicta de que a humanidade de um médico se expressava fortemente nestas situações mas, ao longo do meu sexto ano, descobri que não é necessário estar num cenário problemático para tal. E quem mo mostrou foram todos os doentes com quem contactei que, em todos os momentos das nossas interações, me davam a oportunidade de pôr o melhor de mim na nossa relação. Assim, por estes seis anos de aprendizagem que me concederam, é a todos eles que dirijo a minha mais profunda gratidão.

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4. Anexos

A. Tabela de atividades

Tabela 1. – A seguinte tabela é uma compilação de apresentações, congressos, cursos, entre outros momentos expositivos decorridos ao longo do 6º ano. Os momentos avaliativos foram por mim apresentados (individualmente ou em grupo), enquanto que os momentos de aprendizagem foram apresentados por profissionais de saúde (médicos, professores, enfermeiros, etc…), com exceção do projeto Voz do Sorraia, cujos segmentos foram da minha autoria. H.E.M. – Hospital de Egas Moniz; F.C.M – Faculdade de Ciências Médicas; H.B.A – Hospital Beatriz Ângelo; H.Luz – Hospital da Luz; H.D.E – Hospital Dona Estefânia; H.C.D – Hospital CUF Descobertas; C.H.P.P – Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa; S.P. – Serviço de Psicogeriatria * - certificado disponível em anexo

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Estágio Finalidade Tipo de sessão Local Título Descrição Medicina Avaliativa Apresentação de Trabalho H.E.M Miocardiopatia Dilatada

Exposição teórica com base num caso clínico de doente com Miocardiopatia dilatada.

Aprendizagem Congresso Hotel Vila Galé Ópera

Jornadas de Cardiologia de Lisboa Ocidental

Foram apresentados vários temas acerca da abordagem e terapêutica de patologia cardiovascular baseados na evidência e com relevância para a prática clínica, inclusive um caso clínico apresentado pelo meu tutor, ilustrativo do sucesso da cooperação entre a UACV e o Serviço de Cirurgia Vascular.

Aprendizagem Sessões Clínicas H.E.M. MedTalks Semanalmente, tinha lugar no serviço de Medicina uma breve sessão teórica apresentada por internos, sobre temas relevantes para a prática clínica transversais a várias especialidades, como antibioterapia empírica ou cuidados paliativos, por exemplo.

Cirurgia

Aprendizagem Aulas Teóricas H.B.A - As sessões teóricas da primeira semana de estágio focaram-se quer em temas cirúrgicos quer noutros igualmente importantes como a liderança e trabalho em equipa, introdução a princípios de gestão em cuidados de saúde, técnicas de comunicação e prevenção de burnout.

Aprendizagem Curso H.B.A/

F.C.M.

TEAM* Componente teórica: “Princípios de

abordagem do doente

Politraumatizado Grave” + Caso clínico interativo - “Abordagem Primária do Politraumatizado”.

Componente prática: rotação de pequenos grupos de alunos por várias estações (I- Via Aérea, II- Choque, III- Trauma Vertebro-Medular e IV- RX em Trauma)

Aprendizagem Curso H.Luz 10ª Edição do Curso de Antibioterapia*

Curso com palestras focadas em temas como Noções básicas de microbiologia; O papel do laboratório de microbiologia; Princípios gerais de terapêutica antifúngica; Estratégias para a redução das resistências antimicrobianas; Antibiotic stewardship; Antibioterapia em pediatria; Profilaxia e terapêutica antibiótica no doente neutropénico, entre outros temas dentro deste

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Avaliativa Apresentação de Trabalho

H.B.A. Prevenção de uma gravidez… Cólica?!

Apresentação de um caso clínico acerca de uma perfuração intestinal por um dispositivo intrauterino e respetivo procedimento cirúrgico de remoção.

Pediatria

Aprendizagem Workshop H.D.E. Workshop de

Urgências Pediátricas

Este workshop decorreu no centro de simulações, com recurso a uma manequim pediátrico, com capacidade de mimetizar diversos sinais e sintomas, e com recurso também a diversos outros materiais médicos. Formámos equipas com o objetivo de estabilizar o doente, estando este inserido num caso clínico que nos era fornecido.

Aprendizagem Reunião Hospitalar H.D.E. - Reunião diária de discussão de doentes complexos ou que deram entrada nos vários serviços do HDE

Avaliativa Apresentação de Trabalho

H.D.E Surdez, Meningite e Implantes

Cocleares

Trabalho com base num caso clínico de uma criança que, na sequência de uma meningite bacteriana, desenvolveu uma surdez bilateral com necessidade de implantes cocleares, com exposição teórica sobre a epidemiologia da meningite bacteriana, sequelas e base teórica dos implantes cocleares.

Ginecologia e Obstetrícia

Aprendizagem Sessões Clínicas H.C.D. - Assisti a dois temas: Dermatologia na gravidez e Esclerose múltipla na gravidez

Aprendizagem Reuniões

Multidisciplinares

H.C.D. - Reuniões multidisciplinares de Alto Risco Obstétrico e Patologia Mamária, com discussão dos casos mais complexos dos respetivos serviços. Avaliativa Apresentação de Trabalho H.C.D. Antenatal and Postnatal Analgesia (Fev2018)

Apresentação de um artigo de revisão científica dedicado aos atuais consensos no que concerne à analgesia da grávida durante a gravidez e depois do parto.

Saúde Mental

Aprendizagem Aulas Teóricas F.C.M - Estas sessões fomentaram a

participação dos estudantes através de casos clínicos interativos, em que foram abordadas várias patologias psiquiátricas.

Aprendizagem Sessões de Internos C.H.P.L - Psiquiatria no IPO - Psicodrama - A internet e o suicídio

Sessões dedicadas aos internos de psiquiatria do CHPL, dedicadas aos temas supracitados. Aprendizagem Sessões Psicopedagógicas S.P. -CHPL - O regime do maior acompanhado

Sessões destinadas a cuidadores de pessoa com demência, com o objetivo de clarificar algumas temáticas e

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-Saber lidar e cuidar na demência -Alterações da mobilidade

apresentar soluções para problemas frequentes desta patologia.

Medicina Geral e Familiar

Aprendizagem Programa de Rádio Coruche Minuto da Saúde Gravação de pequenos segmentos de rádio, a serem transmitidos

semanalmente, cujo intuito geral é a educação para a saúde dos residentes de área no que concerne aos mais variados temas. Os temas que me foram propostos foram os seguintes: “Cuidados Alimentares na Doença Renal”, “Varizes”, “Dia mundial da HTA”, “Dia mundial do MGF”, “Cataratas” e “Rinite Alérgica”.

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5. Bibliografia

I. SARAMAGO, J. (2005). As Intermitências da Morte. 5ª Edição, Porto Editora. Lisboa.

II. VICTORINO, R.M., Jolie, C e McKimm, J. (2005) O licenciado médico em Portugal - Core Graduates Learning Outcomes Project. 1ª Edição, Faculdade de Medicina de Lisboa. Lisboa.

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Referências

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