M E S T R A D O I N T E G R A D O E M M E D I C I N A
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO
U N I V E R S I D A D E N O V A D E L I S B O A2 0 1 4 / 2 0 1 5
V E R A L Ú C I A A L M E I D A B R A Z Ã O D E C A R V A L H O
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I. Introdução ... 4
II. Descrição das Actividades desenvolvidas ... 5
Medicina Geral e Familiar………5
Medicina……….…5
Saúde Mental………6
Ginecologia e Obstetrícia………6
Cirurgia………..….7
Pediatria……….8
PÁG I N A | 4 I. IN T RO D U Ç Ã O
O relatório final de Estágio do 6º ano consiste numa breve descrição e análise global do
trabalho clínico e de investigação realizado ao longo do 6º ano do Mestrado Integrado em
Medicina, que decorreu no período entre 18 de Agosto de 2014 a 12 de Junho de 2015.
Incentivada pela perspetiva de continuar a minha formação médica no norte do país, realizei
os estágios parcelares de Ginecologia e Obstetrícia, Cirurgia e Pediatria na Faculdade de
Medicina da Universidade do Porto (FMUP), abrangida no programa de mobilidade nacional
Almeida Garrett.
Pretende-se com a elaboração deste relatório dar conhecimento crítico das diversas
actividades presenciais frequentadas durante o período de estágio, as aprendizagens, assim
como proceder a uma avaliação do resultado pedagógico do estágio.
Os principais objectivos que defini para o Estágio Profissionalizante foram os seguintes:
Utilizar os conhecimentos teóricos obtidos durante o curso de Medicina na avaliação das situações clínicas mais comuns e, para cada uma delas, estabelecer prioridades
e criar procedimentos para a sua resolução;
Exercitar as capacidades de diagnóstico e terapêuticas em contexto de um Serviço de Urgência;
Comunicar e interagir eficazmente com os doentes e famílias, sabendo transmitir os conceitos fundamentais na promoção da saúde e prevenção da doença;
Aperfeiçoar as competências técnicas em procedimentos médicos e de enfermagem;
Familiarização com procedimentos complementares à actuação clínica, como a prescrição médica informatizada, consulta de fichas clínicas, exames
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O estágio profissionalizante encontra-se dividido num sistema rotativo de estágios parcelares,
que foram frequentados na ordem cronológica, que a seguir se apresenta.
Medicina Geral e Familiar(Regência: Professora Doutora Isabel Martins)
Este estágio decorreu durante um período de 4 semanas, entre os dias 18 de Agosto e 12 de
Setembro de 2014, tendo sido realizado na USF São Julião de Oeiras, sob orientação da
Dr.ª Vanda Proença. Este estágio foi o meu primeiro contacto mais prolongado com os
Cuidados de Saúde Primários, tendo tido a oportunidade de assistir e intervir nas diversas
valências desta especialidade - consulta do Adulto, consulta de Saúde Materna, consulta de
Saúde Infantil, consulta de Planeamento Familiar e consulta do dia. De acordo com as
orientações da disciplina efectuei um «Diário de Exercício Orientado», onde registei padrões
de morbilidade, e onde analisei duas situações clínicas, com que me deparei durante o
estágio.
Medicina (Regência: Professor Doutor Fernando Nolasco)
O estágio de Medicina Interna, com duração de 8 semanas (de 15 de Setembro a 7 de
Novembro de 2015), decorreu no Hospital São Francisco Xavier, no Serviço de Medicina IV
– Unidade de AVC, onde fui integrada na actividade da equipa médica, sob orientação da Dr.ª Ana Lourenço. A principal componente do estágio incluiu a avaliação diária dos doentes na
Unidade de AVC e o seu posterior acompanhamento na enfermaria, incluindo a redacção de
diários clínicos e de notas de alta. Para além da interpretação de exames complementares,
foram muito úteis as discussões diagnósticas e de revisão da terapêutica com a minha tutora.
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de reanimação. Para além da actividade assistencial, frequentei os seminários e aulas
teórico-práticas, que abordaram temas de grande importância na prática clínica. Aos alunos de 6º ano
foi proposta a apresentação de um seminário sobre Doenças Auto-Imunes, com foco nas mais
recentes estratégias terapêuticas. Coube-me a mim apresentar o tema “Lupus eritematoso
sistémico – estado da arte na abordagem e tratamento”.
Saúde Mental (Regência: Professor Doutor Miguel Xavier)
O estágio de Saúde Mental, com a duração de 4 semanas, decorreu no período de 8 de
Dezembro de 2014 a 16 de Janeiro de 2015. No primeiro dia de estágio assisti ao seminário
teórico-prático lecionado pelo Prof. Doutor Miguel Xavier, sobre a abordagem prática das
principais doenças mentais que recorrem ao serviço de urgência. A componente prática foi
realizada maioritariamente no Centro Comunitário de Cascais, sendo que nas duas
primeiras semanas assisti às consultas da Dr.ª Dóris Reis na área de Psiquiatria de Adultos,
e nas duas semanas finais acompanhei a Dr.ª Graciete Carvalho, em consultas de
Pedopsiquiatria. Outras valências deste estágio foram a assistência semanal às reuniões
clínicas e a assistência de consultas de Urgência na área de Psiquiatria de Adultos. Em
conjunto com o meu colega de estágio Diogo Mendonça, apresentei o trabalho de revisão
subordinado ao tema “Diagnóstico diferencial entre Doença Bipolar tipo II e Perturbação
Borderline da Personalidade – variáveis clínicas que ajudam no diagnóstico diferencial”.
Ginecologia e Obstetrícia (Regência: Professor Doutor Nuno Montenegro)
Este estágio decorreu entre os dias 19 de Janeiro e 13 de Fevereiro de 2015 no Hospital de
São João. O ensino prático foi dividido em duas partes: duas semanas iniciais de Obstetrícia
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Diagnóstico Pré-Natal e de Hematologia Obstétrica, bem como reuniões de serviço diárias.
Um dia da semana era dedicado ao Serviço de Urgência e Sala de Partos, onde pude observar
intervenções como partos eutócicos e distócicos (utilização de fórceps, ventosas e
cesarianas). Acompanhei mais de perto um caso de gravidez ectópica cornual, em que se
optou pela injecção intrasacular de metotrexato, por via laparoscópica, como medida
terapêutica. Na área da Ginecologia acompanhei o Dr. João Cavaco maioritariamente em
duas áreas: no Bloco Operatório (assisti sobretudo a anexectomias laparoscópicas e
polipectomias) e nas Histeroscopias diagnósticas e terapêuticas. Para efeitos de avaliação de
desempenho realizei 3 sessões de apresentação oral de casos clínicos, que foi objecto de
discussão pelo assistente e restantes alunos.
Cirurgia(Regência: Professor Doutor José Manuel Amarante)
O estágio de Cirurgia decorreu entre 2 de Março e 30 de Abril de 2015 no Hospital de São
João. Num período total de 8 semanas, 4 foram dedicadas à rotação semanal pelas
especialidades cirúrgicas de Cirurgia Plástica, Cirurgia Pediátrica, Cirurgia Vascular e Cirurgia
Cardio-Torácica, que serviu para ter uma perspectiva geral das diversas valências que as
constituem. No último mês, dedicado à Cirurgia Geral, acompanhei a Dr.ª Fabiana Sousa na
enfermaria de mulheres da Unidade de Cirurgia Hepato-Biliar, onde acompanhei os pré e os
pós-cirúrgicos, com observação médica e registo dos diários clínicos. No bloco operatório
destaco a oportunidade de assistir à cirurgia de HIPEC (Hyperthermic intraperitoneal
chemotherapy), no contexto de recidiva de tumor mucinoso do cólon. Nas aulas de Cirurgia
Experimental pude executar diferentes gestos cirúrgicos em modelos simulados e treinar
diferentes tipos de sutura, que foram posteriormente aplicados na enfermaria e serviço de
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discente foi entregue uma caderneta de estágio para registo de 40 notas clínicas e de 8
histórias clínicas, que eram semanalmente discutidas com o orientador.
Pediatria (Regência: Professor Doutor José Carlos Areias)
O estágio de Pediatria teve a duração de 5 semanas, de 11 de Maio a 12 de Junho de 2015 e
decorreu no Serviço de Pediatria do Hospital de São João, sob orientação da Professora Doutora Inês Azevedo. Todas as manhãs se iniciavam com Reuniões Clínicas em que eram
abordadas actualizações científicas sobre temas de relevância, a que se seguia o trabalho
clínico na enfermaria, com observação dos doentes internados, discussão de medidas
terapêuticas e registo dos diários clínicos. Incluída nos objectivos do estágio estava a
frequência de consultas externas de diferentes subespecialidades pediátricas, das quais
destaco a consulta de desenvolvimento, de nutrição e de endocrinologia. No serviço de
urgência, com frequência semanal, pude contactar com as patologias mais frequentes, com
grande predomínio da patologia infecciosa gastrointestinal e respiratória. Tive ainda a
possibilidade de frequentar o berçário, com avaliação do recém-nascido e identificação de
sinais de alarme. Em caderneta entregue para o efeito registei os actos médicos realizados e
4 resumos de histórias clínicas, assim como a história clínica completa sobre hepatite aguda
PÁG I N A | 9 III. AN Á L I S E CR Í T I C A
O 6º ano do Mestrado Integrado de Medicina foi um desafio para mim enquanto estudante e
enquanto pessoa. O ano 2015 começou com duas grandes mudanças: a mudança de cidade
– de Lisboa para o Porto – e uma ainda maior: a maternidade. Na antevisão destes dois
grandes desafios, os receios de não conseguir alcançar os objectivos enunciados no início
deste relatório eram, na minha opinião, compreensíveis e justificados. Assim, pé ante pé –
como quem diz, um estágio de cada vez – fui-me apercebendo que as mudanças podem e
devem ser encaradas como uma oportunidade de nos desafiarmos a evoluir. Efectivamente,
o contacto com duas realidades distintas e dois métodos de ensino foi uma vantagem neste
ano profissionalizante, que me valorizou enquanto futura médica.
O estágio de Medicina Geral e Familiar foi o primeiro do ano e foi aquele que mais me senti
evoluir. Na USF de São Julião de Oeiras melhorei a minha aptidão diagnóstica já que
acompanhei inúmeras consultas onde participava activamente na realização do exame
objectivo e mesmo na realização de parte da entrevista clínica. Contrariamente ao meu
preconceito – o de que o trabalho médico nos Centros de Saúde seria um trabalho mais
isolado – verifiquei que esta Unidade de Saúde funcionava como uma equipa multiprofissional
coesa e dinâmica, com realização de reuniões regulares e discussão de casos clínicos e
formação em serviço, com vista ao benefício do utente. Posto isto, e tendo em conta o número
de vagas crescente desta especialidade, é urgente que se reforce e antecipe o ensino da
Medicina Geral e Familiar no decorrer do curso. Enquanto isto não se verifica seria proveitoso
alargar este período de estágio para 8 semanas, 4 em ambiente rural e 4 em ambiente urbano.
O estágio clínico de Medicina assume-se como elemento fulcral na preparação para a prática
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formação e desempenho futuro. Relativamente aos anteriores estágios clínicos nesta
especialidade, destaco como principal diferença e vantagem a aquisição progressiva de
autonomia, cumprindo assim um dos objectivos por mim traçados. A minha estadia na
Unidade de AVC foi muito positiva e senti uma evolução significativa na capacidade de
abordar um doente com patologia neurológica.
Na área de Saúde Mental, para a qual não me sinto particularmente vocacionada, as duas
semanas de estágio nas consultas de Pedopsiquiatria foram muito enriquecedoras para a
minha formação. À problemática de lidar com doenças do foro mental e das alterações do
desenvolvimento, acrescenta-se o facto de estarmos a lidar com crianças, de diferentes
estadios de maturidade e por isso mesmo com capacidades distintas de transmitir os seus
sentimentos e preocupações. Pude ainda avaliar a importância da intervenção multidisciplinar,
nomeadamente o trabalho de proximidade com escolas e assistentes sociais.
A impossibilidade de ter realizado a unidade Opcional, foi eventualmente colmatada no
estágio de Ginecologia, uma vez que o Dr. João Cavaco (interno do 4º ano da especialidade)
esteve durante essas duas semanas a realizar formação intensiva na unidade de
histeroscopias, tendo observado e participado em mais de 40 destes procedimentos, incluindo
as possíveis dificuldades e complicações referentes a esta técnica.
Do estágio de Cirurgia tenho a destacar a forte componente prática, com possibilidade de
realização de inúmeros procedimentos, como punções venosas, gasimetrias, suturas,
realização de pensos, enemas, colocação de cateter venoso periférico e algaliação – mais um
dos objectivos assumidos no início deste relatório. Não posso deixar de referir que o estágio
de Cirurgia está muito bem organizado, com objectivos claros definidos logo no início da
formação. As 40 notas clínicas e as 8 histórias clínicas que eram semanalmente discutidas
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Uma crítica comum feita pelos alunos de 6º ano é a falta de uniformização na atribuição das
notas nos diferentes estágios profissionalizantes. A minha experiência no Hospital de São
João veio demonstrar que é possível contornar esta questão. Na FMUP em todos os estágios
é exigido que o aluno demonstre o seu conhecimento e trabalho efectuado, quer em provas
orais - como aconteceu no estágio de Pediatria – quer em reuniões pedagógicas. Para além
de permitir menor disparidade na avaliação, é-nos útil o intercâmbio de informação que se
gera entre os alunos que estão nos diferentes hospitais filiados ao Hospital de São João.
Em conclusão, e de acordo com o enunciado no documento O Licenciado Médico em Portugal,
é fundamental que após seis anos de formação os alunos tenham uma noção clara do que
implica a profissão de médico – os conhecimentos, atitudes e comportamentos, aptidões
clínicas, procedimentos práticos e aptidões de comunicação. Ao longo deste ano
verdadeiramente profissionalizante, penso ter atingido os objectivos a que me propus.
Por último gostaria de aproveitar esta oportunidade para agradecer a todos os profissionais
de saúde com quem me cruzei ao longo deste ano, pela forma como me acolheram e
integraram nas diferentes equipas, dirigindo um especial agradecimento aos meus tutores,
pelo acompanhamento, experiência e conhecimentos partilhados, dignos de um ensino