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Anuário estatístico da ABRAF: ano base 2008

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1 florestas plantadas no brasil

1.1 florestas plantadas com eucalipto e pinus

Com destaque histórico, as áreas de florestas plantadas no Brasil acumularam em 2008 o total estimado de 6.126.000 ha com eucalipto e pinus. Este total representa um acréscimo de cerca de 282.000 ha plantados em relação ao total esti-mado do ano anterior (5.844.367 ha). Constata-se crescimento de 7,3% na área plantada com eucalipto e queda de 0,4% no pinus, o que resulta em aumento de 4,38% da área com florestas plantadas acumulada até 2008, em relação a 2007.

O gráfico 1.01 retrata a evolução da área com florestas plantadas no Brasil entre 2004 e 2008, por espécie, com suas respectivas taxas anuais de crescimento e no período. Observa-se que a área plantada com pinus apresenta pequena queda a partir de 2007, enquanto o eucalipto está em contínuo crescimento.

Gráfico 1.01 Evolução da área com florestas plantadas no Brasil (2004-2008)

Fonte: ABRAF e STCP, 2009.

A tabela 1.01 apresenta as áreas com florestas plantadas com eucalipto e pinus por estado no Brasil no perío-do entre 2004 e 2008, e a tabela 1.02 apresenta as áreas com florestas plantadas pertencentes às empresas associa-das e não associaassocia-das da ABRAF no mesmo período. A tabela 1.03 compara as áreas pertencentes às associaassocia-das da ABRAF com as áreas de empresas filiadas das associadas coletivas que não se sobrepõem a das empresas da ABRAF.

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17 tabela 1.01 flor estas plan tadas c om eucalipt o e pinus no br asil (2004-2008) Font e: ABRAF , A MS, I nstitut o de E conomia A gr ícola de São P aulo e ST CP , 2009. ¹ T

endo por base os dados publicados pelo I

nv entár io F lor estal de M inas G erais , além de estimativas da A MS, a ár ea com flor

esta plantada do estado de M

inas G

erais f

oi r

evista desde 2004, conf

or

me consta na tabela acima.

² A par

tir dos dados obtidos atra

vés do I nstitut o de E conomia A gr ícola de São P aulo , a ár

ea plantada com eucalipt

o e pinus nest e estado f oi r evisada a par tir de 2006. ³ Ár

ea ajustada em função das notas 1 e 2 acima.

2008 1.278.212 934.360 142.434 77.436 587.606 277.316 265.254 210.409 136. 294 11 1. 11 7 63. 309 56. 881 58. 580 59. 496 4. 258. 704 2008 145.000 207.840 714.893 551.219 35.090 173.163 18.797 3.991 11 0 1.620 15.198 7 850 1. 867. 680 eUCalipt o (ha) pinUs (ha) Estad o MG ¹ SP² PR SC BA RS MS ES PA MA AP GO MT Outr os to ta l 2004 1.040.048 747.347 111.966 60.000 481.543 152.689 98.846 179.213 100. 793 57. 852 57. 226 44 .1 14 42. 417 25. 762 3. 199. 816 2005 1.119.129 798.522 114.996 61.166 527.386 179.690 113.432 204.035 106. 033 60. 745 60. 087 47. 542 42. 417 27. 409 3. 462. 719 2006 1.181.429 915.841 121.908 70.341 540.172 184.245 119.319 207.800 11 5. 806 93. 285 58. 473 49. 637 46. 146 41. 392 3. 745. 794 2007 1.218.212 911.908 123.070 74.008 550.127 222.245 207.687 208.819 12 6. 286 106. 802 58. 874 51. 279 57. 151 53. 244 3. 969 .7 11 2004 150.000 140.655 662.552 513.398 52.122 169.766 27.871 4.554 0 0 26.516 12.692 42 3.527 1. 763. 695 2005 149.915 148.020 677.772 527.079 54.746 185.080 38.909 4.898 149 0 27.841 13.330 43 3.703 1. 831. 485 2006 146.000 214.491 686.453 530.992 54.820 181.378 28.500 4.408 149 0 20.490 14.409 7 4.189 1. 886. 286 2007 143.395 209.621 701.578 548.037 41.221 182.378 20.697 4.093 101 0 9.000 13.828 7 700 1. 874. 656 2004 1.190.048 888.002 774.518 573.398 533.665 322.455 126.717 183.767 100. 793 57. 852 83. 742 56. 806 42. 459 29. 289 4. 963 .5 11 2005 1.269.17 4 946.54 2 792.76 8 588.24 5 582.13 2 364.77 0 152.34 1 208.99 3 106. 182 60. 745 87. 928 60. 872 42. 460 31 .1 12 5. 294. 204

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18 tabela 1.02 Á rea c om flor estas plan tadas de eucalipt o e pinus no br

asil e das associadas da

abr af , por estado em 2008¹ Font e: A ssociadas da ABRAF , A GEFL OR, A MS, APRE, REFL ORE e ST CP , 2009. ¹ Os valor es apr esentados f oram or

iundos de dados compilados a par

tir de dif er ent es f ont es de inf or mação conf or me descr

ito nas Notas M

et

odológ

icas (

Capítulo 5).

² Empr

esas associadas da ABRAF e empr

esas vinculadas às A

ssociações C

oletivas da ABRAF (vide ABRAF - Estrutura e A

(19)

19 tabela 1.03 Á rea t otal c om flor estas plan tadas de eucalipt o e pinus de empr esas dir etamen te r elacionadas à abr af (empr abr af e empr

esas filiadas às associadas c

oletiv as) em 2008 1 Font e: A ssociadas da ABRAF , A GEFL OR, A MS, APRE, REFL ORE e ST CP 2009. ND – Não Disponív el 1 Os valor es apr esentados f oram or

iundos de dados compilados a par

tir de dif er ent es f ont es de inf or mação conf or me descr

ito nas Notas M

et odológ icas . ² S oment e as empr

esas associadas da ABRAF em 2008.

³ C

onf

or

me dados obtidos pelas r

espec tivas associações , a ár ea t otal plantada ( eucalipt

o e pinus) das filiadas às A

ssociações C

oletivas da ABRAF são: A

GEFL

OR (55.669 ha); A

MS (920.000 ha), APRE (484.297 ha) e REFL

4 Empr

esas vinculadas às A

ssociações C

oletivas da ABRAF que são associadas da mesma.

5 Empr

esas associadas da ABRAF e empr

esas vinculadas às A

ssociações C

oletivas da ABRAF (vide ABRAF - Estrutura e A

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20

Através do gráfico 1.02 se observa o percentual da distribuição das florestas plantadas, entre eucalipto e pinus, nos principais estados brasileiros.

Gráfico 1.02 distribuição das florestas plantadas com eucalipto e pinus no brasil por estado em 2008

Fonte: ABRAF e STCP, 2009.

Como forma ilustrativa, as figuras 1.01 e 1.02 retratam as áreas e as distribuições geográficas das florestas plantadas no Brasil em 2008, respectivamente para eucalipto e pinus. Na sequência, a figura 1.03 apresenta a área total e a distribui-ção das florestas plantadas com estas espécies no Brasil.

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21 figur a 1.01 ev olução da ár ea e distr ibuição de flor estas plan tadas c om eucalipt o no br asil (2004-2008) Font e: ABRAF e ST CP , 2009. R S M S PA M T

Eucalipto (ha) EST

ADO MG¹ SP² PR SC BA RS MS ES PA MA AP GO MT Outr os TO TA L 2004 1.040.048 747.347 111.966 60.000 481.543 152.689 98.846 179.213 100.793 57.852 57.226 44.114 42.417 25.762 3.199.816 2005 1.119.259 798.522 114.996 61.166 527.386 179.690 113.432 204.035 106.033 60.745 60.087 47.542 42.417 27.409 3.462.719 2006 1.181.429 915.841 121.908 70.341 540.172 184.245 119.319 207.800 115.806 93.285 58.473 49.637 46.146 14.392 3.745.794 2007 1.218.212 911.908 123.070 74.008 550.127 222.245 207.687 208.819 126.286 106.286 58.874 51.279 57.151 53.244 3.969.711 2008 1.278.212 934.360 142.434 77.436 587.606 277.316 265.254 210.409 136.294 111.117 63.309 56.881 58.580 59.496 4.258.704 Fo nte: ABRAF , AMS, I nstituto de Economia A gr ícola de São P aulo e ST CP , 2009 ¹ T endo por base os dados publicados pelo In ventário Fl or estal de M inas G er ai s, além de estimativas da AMS, a ár ea plantada do estado de M inas GErais fo i r evista desde 2004, conf

orme consta na tabela acima

. ² A par tir dos dados obtidos através do Instituto de Rc on om ia A gr ícola de São Paulo , a ár ea

plantada com pinus e eucalipto neste estado

fo i r evisada a par tir de 2006. 277.316 265.254 58.580 136.294 63.309 142.434

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22 figur a 1.02 ev olução da ár ea e distr ibuição de flor estas plan tadas c om pinus no br asil (2004-2008) Font e: ABRAF e ST CP , 2009. S P R S S C P R M G B A M S A P PA E S G O M T M A Pinus (ha ) EST ADO MG¹ SP² PR SC BA RS MS ES PA MA AP GO MT Outr os TO TA L 2004 150.000 140.655 662.552 513.398 52.122 169.766 27.871 4.554 0 0 26.516 12.692 42 3.527 1.763.695 2005 149.915 148.020 677.772 527.079 54.746 185.080 38.909 4.898 149 0 27.841 13.330 43 3.703 1.831.485 2006 146.000 214.491 686.453 530.992 54.820 181.378 28.500 4.408 149 0 20.490 14.409 7 4.189 1.886.286 2007 143.395 209.621 701.578 548.037 41.221 182.378 20.697 4.093 101 0 9.000 13.828 7 700 1.874.656 2008 145.000 207.840 714.893 551.219 35.090 173.163 18.797 3.991 11 0 1.620 15.198 7 850 1.867.680 Fo nte: ABRAF , AMS, I nstituto de Economia A gr ícola de São P aulo e ST CP , 2009 ¹ T endo por base os dados publicados pelo In ventário Fl or estal de M inas G er ai s, além de estimativas da AMS, a ár ea plantada do estado de M inas GErais fo i r evista desde 2004, conf

orme consta na tabela acima

. ² A par tir dos dados obtidos através do Instituto de Rc on om ia A gr ícola de São Paulo , a ár ea

plantada com pinus e eucalipto neste estado

fo i r evisada a par tir de 2006. To tal (2008): 1.867.680 ha 173.163 551.219 714.893 207.840 18.797 7 15.198 145.000 3.991 35.090 0 11 1.620

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23 figur a 1.03 ev olução da ár ea e distr ibuição de flor estas plan tadas no br asil (2004-2008) Font e: ABRAF e ST CP , 2009. R S M S PA M T Á re a Total (ha) EST ADO MG¹ SP² PR SC BA RS MS ES PA MA AP GO MT Outr os TO TA L 2004 1.190.048 888.002 774.518 573.398 533.665 322.455 126.717 183.767 100.193 57.852 83.742 56.806 42.459 29.289 4.963.511 2005 1.269.174 946.542 792.768 588.245 582.132 364.770 152.341 208.933 106.182 60.745 87.928 60.872 42.460 31.112 5.294.204 2006 1.327.429 1.130.332 808.361 601.333 594.992 365.623 147.819 212.208 115.955 93.285 78.963 64.046 46.153 45.581 5.632.080 2007 1.361.607 1.121.529 824.648 622.045 591.348 404.623 228.384 212.912 126.387 106.802 67.874 65.107 57.158 46.186 5.836.610 2008 1.423.212 1.142.199 857.328 628.655 622.696 450.480 284.051 214.399 136.305 111.117 64.929 72.079 58.587 60.346 6.126.384 Fo nte: ABRAF , AMS, I nstituto de Economia A gr ícola de São P aulo e ST CP , 2009 ¹ T endo por base os dados publicados pelo In ventário Fl or estal de M inas G er ai s, além de estimativas da AMS, a ár ea plantada do estado de M inas GErais fo i r evista desde 2004, conf

orme consta na tabela acima

. ² A par tir dos dados obtidos através do Instituto de Rc on om ia A gr ícola de São Paulo , a ár ea

plantada com pinus e eucalipto neste estado

fo i r evisada a par tir de 2006. 450.480 857.328 284.051 85.587 136.305 64.929

(24)

24

O gráfico 1.03 ilustra a evolução da área plantada com eucalipto e pinus das empresas associadas da ABRAF, entre 2004 e 2008.

Gráfico 1.03 evolução da área com florestas plantadas de eucalipto e pinus das empresas associadas da abraf (2004-2008)

Fonte: Associadas da ABRAF (2009), adaptado por STCP.

A distribuição da área com florestas plantadas, por estado e espécie, entre as empresas associadas da ABRAF está apresentada no gráfico 1.04, com dados para o ano de 2008. Por outro lado, o gráfico 1.05 evidencia a área com florestas plantadas das associadas por segmento industrial.

Gráfico 1.04 distribuição da área com florestas plantadas de eucalipto e pinus das empresas associadas da abraf por estado em 2008

(25)

25

Fonte: Associadas da ABRAF (2009), adaptado por STCP.

1 Outros relacionados à gestão florestal.

análise e interpretação dos dados de 2008

A partir da tabela 1.01 e do gráfico 1.02, observa-se que 77% (1.439.276 ha) das áreas com florestas plantadas de pinus no Brasil concentram-se na Região Sul. A Região Sudeste, por sua vez, comporta 57% da área plantada de eucalipto no país. O estado de Minas Gerais é o maior detentor de florestas plantadas com eucalipto e pinus no Brasil em 2008, com 1.423.212 ha, seguido por São Paulo com 1.142.199 ha.

A área total com florestas plantadas (eucalipto e pinus) das associadas individuais da ABRAF aumentou em 9,8% em 2008, quando comparado com 2007, passando de 2.465.510 ha para 2.707.542 ha (tabela 1.03). Em números absolutos este aumento equivale a 242.032 ha. A área com pinus teve acréscimo de apenas 1,5% entre as associadas individuais da ABRAF, ao passar de 309.763 ha, em 2007, para 314.382 ha em 2008. Em contrapartida, o crescimento da área plantada com eucalipto foi mais expressivo (11,0%), passando de 2.155.747 ha para estimados 2.393.161 ha no mesmo período. Um dos principais fatores para tal acréscimo foi a expansão observada por parte de algumas empresas do setor de celulose e papel, principalmente nos primeiros três trimestres de 2008, além do relato de incorporação de área com florestas plantadas no estado do Pará e Maranhão por associada da ABRAF.

Em 2008, as empresas associadas da ABRAF (associadas individuais e empresas filiadas das associações coletivas) detinham 44,2% da área total de florestas plantadas com pinus e eucalipto no Brasil. Tal percentual praticamente não se alterou quando comparado com o acumulado até 2007, quando as associadas individuais da ABRAF eram responsáveis por 44,3% das áreas com florestas plantadas no país (vide tabela 1.02).

Ainda quanto à área com florestas plantadas das associadas individuais da ABRAF, os estados mais representativos com pinus são da região Sul do Brasil (88%). Em contrapartida, a região Sudeste apresenta a concentração de 58% (1.397.358 ha) da área plantada com eucalipto entre as associadas individuais da ABRAF, conforme mostra a tabela 1.02.

A taxa média de crescimento anual das florestas plantadas de pinus das associadas individuais da ABRAF diminuiu 1,5% em 2008 em relação ao ano anterior. O eucalipto apresentou taxa média de crescimento de 6,7% ao ano. Tais dados podem ser observados através do gráfico 1.03, o qual mostra a evolução destes plantios, por espécie, entre 2004 e 2008.

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26

Quanto às florestas plantadas por segmento industrial entre as empresas associadas da ABRAF, constata-se, pelo gráfico 1.05, que a maior área pertence às empresas do segmento de celulose e papel (76% de pinus e 70% de eucalipto). Com relação ao pinus, os segmentos de painéis reconstituídos e siderurgia concentram respectivamente de 15% e 9% da área com este gênero. Quanto ao eucalipto, a proporção se inverte, sendo 21% pertencente às empresas de siderurgia e 6% às de painéis entre as associadas da ABRAF.

A maior parte das empresas do setor florestal foi atingida pelos efeitos da crise econômica mundial no último trimestre de 2008. Como os investimentos neste setor dependem da recuperação da economia, os investimentos em plantios florestais para os próximos anos foram reduzidos, sendo que o ano de 2009 possivelmente será o mais atingido.

A distribuição das áreas de florestas plantadas com eucalipto e pinus das associadas individuais da ABRAF, por tipo de propriedade, está apresentada na tabela 1.04.

tabela 1.04 distribuição das áreas com florestas plantadas com eucalipto e pinus das empresas associadas da abraf por tipo de propriedade (2007 e 2008)

Fonte: Associadas da ABRAF (2009), adaptado por STCP.

NC – Não Calculado em função do aumento excessivo devido a incorporação de empresa. ¹ “Outros” compreendem os estados do Pará e Rio de Janeiro.

Nota: Adicionalmente, as florestas plantadas com outras espécies (principalmente Araucária) das Associadas da ABRAF totalizam 3.140 ha.

Quanto à distribuição das florestas plantadas por tipo de propriedade, constata-se, através da tabela 1.04, que hou-ve aumento de 7% em propriedades próprias nas áreas das empresas associadas da ABRAF entre 2007 e 2008. O fomento florestal também expandiu-se no período analisado, chegando a 443.234 ha em 2008 frente aos 380.490 ha (2007), o que representa acréscimo de 16,5%. Com maior percentual de crescimento, o arrendamento passou de 240.522 ha em 2007 para 293.452 ha em 2008, com crescimento de 22%.

Constata-se assim que as empresas associadas da ABRAF, em 2008, buscaram o aumento de oferta de madeira em tora através de programas de fomento e arrendamento florestal em proporções superiores à aquisição de terras próprias.

Em linhas gerais, o estado do Mato Grosso do Sul apresentou aumento de 83% nas áreas de arrendamento em 2008 para as empresas associadas da ABRAF. O Rio Grande do Sul, por sua vez, mostrou acréscimo nas áreas de fomento

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sociadas da ABRAF para os diferentes tipos de propriedade em 2008 foi de 72,8% em áreas próprias, 16,4% em áreas fomentadas e 10,8% em área arrendada.

Gráfico 1.06 evolução histórica da distribuição das áreas com florestas plantadas com eucalipto e pinus das empresas associadas da abraf por tipo de propriedade (2004-2008)

Fonte: Associadas da ABRAF (2009), adaptado por STCP.

Gráfico 1.07 distribuição das florestas plantadas das associadas da abraf por tipo de propriedade em 2008

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1.2 florestas plantadas com outras espécies

As áreas de florestas plantadas com eucalipto e pinus são as mais representativas no Brasil. Porém, outras espécies plantadas também merecem destaque em virtude de sua importância econômica e crescimento nos últimos anos na área com florestas plantadas.

A tabela 1.05 evidencia as áreas com florestas plantadas e os principais aspectos pertinentes às demais espécies plantadas no Brasil com representatividade numérica.

tabela 1.05 Características principais e área com florestas plantadas com outras espécies no brasil (2007 e 2008)

Fonte: Associadas da ABRAF; Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha; Centro de Pesquisa do Paricá; IBGE; diversas empresas e fontes; STCP, 2009.

¹ As áreas com florestas plantadas no Brasil com seringueira foram revisadas em função de dados publicados pelo IBGE e pela Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha. ² Áreas com florestas tais como ipê-roxo, fava-arara, jatobá, mogno, acapú, entre outras.

As espécies de acácia plantadas no Brasil (Acacia mearnsii e Acacia mangium) têm seus plantios concentrados nos estados do Rio Grande do Sul e Roraima. No Rio Grande do Sul a Acacia mearnsii é cultivada por milhares de pequenos produtores florestais, os quais suprem empresas principalmente do segmento de tanino que é extraído da casca de sua árvore. A produção desta espécie visa atender a demanda tanto do Brasil como do exterior, com consequente geração de empregos e renda. A madeira da acácia é destinada aos consumidores de lenha para energia, produção de carvão e exportação de cavacos para celulose, principalmente, para o Japão. O tanino desta espécie é destinado para o mercado interno, o qual supre os setores de curtume, adesivos, petrolífero, borrachas, entre outros. Adicionalmente, parte da pro-dução brasileira de tanino é exportada para mais de 50 países. Cabe ressaltar que os únicos produtores e exportadores de tanino são a África do Sul, Brasil, Chile e China.

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Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, que está vinculada à Secretaria da Agricultura do Estado, o estado de Minas Gerais tem as condições naturais (solo, clima, relevo e disponibilidade de água) e posição geográfica propícia para incorporar o cultivo da seringueira, em grande escala, às atividades do agronegócio. Desta forma, espera-se que os plantios desta espécie aumentem gradativamente no estado. Esta mesma vantagem competitiva já vem sendo explorada há muitos anos pelos estados de São Paulo, Mato grosso, Bahia e mais recentemente pelo Mato Grosso do Sul.

Os estudos da EPAMIG estão fundamentados na estratégia brasileira para evitar a dependência da borracha natural importada, utilizada como matéria-prima na produção de diversos artigos fundamentais para a sociedade. No entanto, a área plantada com seringueira apresentou pequeno decréscimo (-0,5%) em 2008, passando de 118.149 ha em 2007 para estimados 117.506 ha em 2008.

O paricá (Schizolobium amazonicum) tem seus plantios concentrados nos estados do Pará e Maranhão. O mesmo é espécie nativa da região amazônica brasileira e é adequado para a fabricação de laminados e compensados, forros, palitos, móveis, acabamentos em geral e molduras. Segundo dados do Centro de Pesquisas do Paricá (Dom Eliseu/PA), a área plantada com paricá no Brasil é de 80.177 ha, o que representa acréscimo de 1,3% frente ao ano anterior.

Plantios florestais com teca (Tectona grandis) no Brasil podem ser encontrados principalmente nos estados do Mato Grosso, Amazonas e Acre. É atualmente uma das madeiras mais valorizadas no mercado internacional, razão pela qual seus plantios têm sido incrementados. Seus principais usos estão direcionados à construção civil (portas, janelas, lambris, painéis, forros, etc), assoalhos e decks, mobiliário, embarcações (coberturas, pisos, forros), lâminas decorativas, decoração e adornos em geral (escultura e entalhe). A teca atingiu 2008 com 58.813 ha plantados no Brasil, enquanto em 2007 o total estimado chegou aos 48.576 ha.

As florestas plantadas com a araucária (Araucaria angustifolia) se localizam principalmente nos estados do Paraná e Santa Catarina. Os principais usos da espécie são para madeira serrada e laminada, produtos de madeira sólida como forros e molduras, estrutura de móveis, celulose de fibra longa, entre outros. Apesar de sua importância em subregiões destes estados, observou-se decréscimo de 28% na área plantada com araucária no Brasil entre 2007 e 2008, chegando em 2008 com o total estimado de 12.600 ha. Isto se deve principalmente à substituição de plantios por outras espécies de mais rápido crescimento e a restrições e normativas legais ao corte desta espécie (em regime de floresta nativa e plantada) que vêm ocorrendo nos últimos anos. Neste sentido, a Lei Federal 11.428/06 trata da utilização e proteção da vegetação nativa da Mata Atlântica, bioma este de domínio natural da araucária. Esta lei restringe o corte e a supressão de vegetação nativa primária ou nos estágios avançados e médios de regeneração. Adicionalmente, a instrução normativa 06/08 do MMA considera a araucária como espécie ameaçada de extinção, estando sujeita às restrições legais na sua colheita, para quaisquer fins, a qual deve ser efetuada apenas mediante autorização do órgão ambiental competente. Para “espécies florestais nativas plantadas” (que incluem as florestas plantadas com araucária) a instrução normativa 08/04 do MMA já

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exigia na época da colheita a apresentação de informações pelo proprietário sobre os plantios, incluindo também uma prévia vistoria de campo pelo IBAMA ou órgão estadual competente que comprove o efetivo plantio. Estas normativas têm desestimulado o plantio e manejo desta espécie, devido à burocracia requerida sem a garantia da aprovação de corte aos pro-dutores. A tendência é de que existam cada vez mais restrições aos remanescentes e espécies ameaçadas da Mata Atlântica. O populus, de nome científico Populus spp, também tem suas florestas plantadas concentradas nos estados do Paraná e Santa Catarina. Usualmente é aplicado na fabricação de palitos de fósforo, partes de móveis, portas, marcenaria interior, entre outros. Para o ano de 2008 constatou que há aproximadamente 4.022 ha de populus plantados no Brasil

As empresas associadas da ABRAF apresentaram o total de 3.140 ha de área plantada acumulada até 2008 com outras espécies, especialmente a araucária.

síntese de florestas plantadas no brasil em 2008

O Brasil conta com 6.583.074 ha de florestas plantadas, entre áreas com pinus, eucalipto e outras espécies. A tabela 1.06 apresenta resumidamente o total destas florestas para o ano de 2008, sendo possível observar que o pinus corres-ponde a 28,4% do total em 2008, eucalipto 64,7% e outras espécies 6,9%. Assim, em linhas gerais, constata-se que a área plantada com eucalipto vem crescendo ano a ano e é a mais significativa em termos de área plantada.

tabela 1.06 Áreas com florestas plantadas das principais espécies no brasil (2007 e 2008)

Fonte: Associadas da ABRAF; Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha; Centro de Pesquisa do Paricá; IBGE; diversas empresas e fontes; STCP, 2009.

¹ As áreas com florestas plantadas no Brasil com seringueira foram revisadas em função de dados publicados pelo IBGE e pela Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha. ² Áreas com florestas tais como ipê-roxo, fava-arara, jatobá, mogno, acapú, entre outras.

1.3 florestas plantadas x florestas nativas

Em 2008, as empresas associadas da ABRAF preservaram aproximadamente 1,67 milhão de hectares de florestas nativas, representando crescimento de 14,4% sobre a área declarada em 2007 (1,46 milhão ha). Este percentual justifica-se principalmente pela aquisição e incorporação de novas áreas bem como pela atualização no georreferenciamento de áreas com florestas nativas.

A tabela 1.07 apresenta a distribuição das áreas das empresas associadas da ABRAF entre florestas plantadas e na-tivas (por estado em 2007 e 2008). Destaque especial para o crescimento na área com floresta nativa nos estados do Pará e Maranhão, em função principalmente da incorporação de terras, ampliando áreas próprias em estados localizados na Amazônia Legal, onde os dispositivos legais determinam a manutenção de 80% da propriedade com Reserva Legal (RL).

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Fonte: Associadas da ABRAF (2009), adaptado por STCP.

¹ A atualização e consolidação da área de preservação relativa à 2007 fez-se necessária em função da correção destes dados por parte das empresas associadas à ABRAF. ² Inclui RPPN, Área de Preservação Permanente, Reserva Legal e Outras.

³ “Outros” inclui áreas do estado do Pará e Rio de Janeiro.

Em 2008, dentre os estados com maior área preservada pelas associadas da ABRAF estão Minas Gerais, Bahia e São Paulo, conforme se observa no gráfico 1.08.

Gráfico 1.08 Área de florestas plantadas e nativas preservadas pelas empresas associadas da abraf por estado em 2008

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2 Silvicultura de FloreStaS PlantadaS

2.1 destaques da Silvicultura em 2008

O Setor de Florestas Plantadas viveu bons e maus momentos durante o ano de 2008: iniciativas e circunstâncias favoráveis possibilitaram crescimento do setor e propiciaram anúncios de grandes investimentos durante o primeiro semestre de 2008. Todavia, o surgimento de dificuldades e ameaças trazidas pela crise financeira internacional para os segmentos industriais integrados ao cultivo de eucalipto e pinus, trouxe novos desafios ao setor no 4º trimestre de 2008.

Os destaques são evidenciados a seguir:

i. A crise econômica mundial e sua repercussão no setor florestal brasileiro;

ii. A situação favorável do Brasil no IAIF Brasil e a atração para novos investimentos em florestas plantadas; iii. Criação de novos fundos de investimentos para florestas plantadas;

iv. Abertura de novas fronteiras florestais;

v. Incremento do potencial dos biocombustíveis de origem florestal;

vi. Ampliação do mercado de carbono e maior atenção às mudanças climáticas; vii. Câmara setorial de silvicultura no MAPA; e,

viii. Ampliação das áreas de sistemas agrossilvipastoris: Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).

2.1.1 a crise econômica mundial e sua repercussão no setor florestal brasileiro

Após um período de grande crescimento nos últimos anos, a economia mundial e consequentemente a economia brasileira, entraram nos últimos meses de 2008 em um período de desaceleração brusca. Entre 2005-2008 o crescimento expressivo dos setores industriais, do agronegócio e de serviços no Brasil, foi impulsionado pelo aumento da demanda interna e externa e pela elevação dos preços das principais commodities.

Até o início do último trimestre de 2008 os indicadores nacionais refletiram um crescimento vigoroso da economia sustentado pela expansão do crédito interno, que atingiu o nível recorde de 37% do PIB. O financiamento, em condições favoráveis, impulsionou a venda de diversos bens de consumo, sobretudo os duráveis. Neste mesmo período as expor-tações das principais commodities, com preços em elevação, alavancaram a balança comercial, com superávits cada vez maiores. O gusa, o aço e a celulose, assim como os móveis e os painéis reconstituídos, que são a principal matéria-prima da indústria moveleira, destacaram-se no conjunto dos produtos voltados para o consumo interno e exportação.

No último trimestre de 2008, no entanto, o cenário mudou com a crise financeira iniciada nos Estados Unidos e na Europa, afetando, sobretudo, as economias desenvolvidas e com reflexos negativos nas economias emergentes. O desa-quecimento das principais economias globais motivado por esta crise, e a consequente redução de crédito no mercado mundial diminuiu a demanda por commodities agrícolas e industriais de diversas regiões produtoras, inclusive do Brasil. Entre elas citam-se o ferro gusa, aço, celulose, papéis de imprimir e escrever e embalagens, painéis de madeira e móveis.

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Os elevados estoques e a redução de consumo, em especial no mercado externo, obrigaram os produtores nacio-nais a se adequarem à nova realidade global. Tal fato fez com que se reduzisse a produção de celulose e especialmente de gusa e aços, afetando sobremaneira o desempenho e resultados destes setores, pois a valorização do dólar não compen-sou a queda dos volumes exportados.

Os reflexos desta redução no nível de investimentos e o valor das exportações no quarto trimestre provocaram, dentre outras consequências, o forte desaquecimento de importantes setores com repercussões negativas nos níveis de emprego, renda e arrecadação de tributos.

A crise de liquidez, decorrente da crise de confiança, restringiu o crédito. Como exemplo, até setembro de 2008, 70% das solicitações de crédito das pessoas físicas era atendida. Esse número caiu para apenas 45% no mês seguinte. O crédito escasso e mais caro afetou o mercado doméstico de automóveis, o agronegócio e a construção civil. Além disso, provocou a queda de postos de trabalho e o adiamento ou cancelamento de investimentos da ordem de R$ 65 bilhões nas áreas de celulose, siderurgia, mineração, construção civil e açúcar e álcool, os mais atingidos. Tais ações tiveram uma influência direta na redução de investimentos sobre as atividades florestais e industriais. Em alguns setores da economia os reflexos da crise mostraram-se mais intensos. Empresas brasileiras, incluindo algumas do setor de florestas plantadas, apostaram na desvalorização do dólar no mercado futuro, realizando operações com derivativos e incorreram em grandes perdas trazidas pela valorização da moeda americana, agravadas pela queda dos preços das principais commodities expor-tadas pelas mesmas.

O governo brasileiro, por sua vez, adotou medidas visando minimizar os efeitos da crise, e contribuir para a reto-mada do crescimento da economia brasileira em um cenário internacional nem sempre favorável. Dentre as medidas adotadas pelo governo para reverter este quadro, estão a redução dos empréstimos compulsórios para os bancos e a liberação de linhas especiais de crédito pelo BNDES, em uma tentativa de aumentar a oferta de crédito na economia, além da isenção de alguns impostos para setores considerados prioritários pela geração de emprego, que foram afetados pela crise e pela queda do consumo.

Para parte dos analistas, as economias emergentes, que incluem o Brasil, responsáveis por 2/3 do incremento econômico mundial, continuarão a crescer embora em ritmo mais lento. Estima-se que entre 600 e 700 milhões de chi-neses e indianos migrarão do campo para as cidades nos próximos anos, criando demanda nas áreas de infra-estrutura e habitação, e ampliando as oportunidades para as empresas exportadoras brasileiras produtoras de commodities e bens industriais. O setor florestal poderá ser ainda mais beneficiado por apresentar menor custo de produção nas atividades de florestas plantadas, com menor ciclo e maior produtividade, com ativos menos sujeitos às oscilações do mercado financeiro, aspectos extremamente valorizados em épocas de crise financeira.

• Celulose e papel

A crise financeira internacional afetou a demanda e os preços da celulose e em consequência o respectivo setor produtivo. A celulose que era comercializada em agosto de 2008 por US$ 810,00/t caiu para US$ 530,00/t no 4º trimestre, acompanhando a queda dos preços das principais commodities exportadas pelo Brasil. A redução foi causada por desequi-líbrios no mercado, com elevações dos estoques decorrentes da redução do consumo.

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prejuízos contábeis de empresas do setor. No entanto, estima-se que o novo cenário que irá emergir, após a superação da crise, deverá fortalecer ainda mais o Brasil no cenário internacional devido à competitividade do setor, com baixo custo por tonelada produzida e à elevada qualidade em relação aos principais concorrentes internacionais. Apesar dos percalços espera-se, a partir do segundo semestre de 2009, o início de recuperação do setor.

Além destes fatores destaca-se, no cenário internacional, a ação do governo russo que estabeleceu tarifas de ex-portação de madeiras, o que elevou os custos e reduziu os embarques para a Europa em 44% e para a Ásia 15% em 2008. Está prevista ainda, para o início de 2009, uma tarifa de 80% sobre o valor exportado o que poderá reduzir ainda mais o suprimento de madeira russa para os principais concorrentes do Brasil.

• Siderurgia a carvão vegetal

O setor siderúrgico foi um dos mais afetados. As exportações de gusa caíram drasticamente no 4º trimestre de 2008, provocando uma das mais intensas crises no setor nacional com graves repercussões nos preços do produto e do carvão vegetal. Durante o primeiro semestre de 2008, os produtores nacionais, animados com os preços cada vez maiores do ferro gusa, matéria-prima para a fabricação do aço, no mercado internacional, passaram a investir em aumento de produção e a ampliar a contratação de mão-de-obra, inclusive colocando em operação fornos que estavam desativados. Em julho, o preço da tonelada do produto atingiu o valor recorde de US$ 850,00. A crise econômica global que eclodiria dois meses depois, no entanto, alterou completamente a perspectiva dessas empresas com o preço da tonelada atingindo US$ 350,00. No início de 2009 a tonelada havia caído a US$ 260,00, menos de 1/3 do preço praticado seis meses antes e com volume reduzido de negócios.

Consequentemente, o consumo e os preços do carvão vegetal também sofreram o impacto da crise. Os preços, que em julho atingiram o recorde dos US$ 114,50 / mdc, despencaram para US$ 34,17 / mdc em dezembro, decorrente da redução brusca do consumo, conforme ilustrado no Gráfico 2.01.

Gráfico 2.01 Evolução mensal do preço médio do carvão vegetal em 2008 (US$ e R$ / MDC)

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Nos últimos meses de 2008 foram abafados 100 fornos, ou seja, 65% dos 154 existentes no país demonstrando a gravidade da crise que afetou o segmento siderúrgico. Foram demitidos cerca de 4.000 trabalhadores do setor guseiro e decretadas férias coletivas sob risco de novas demissões. Em Minas Gerais, responsável pela produção de 70% do ferro gusa nacional, a crise atingiu o setor siderúrgico a carvão vegetal de forma intensa. De um total de 108 fornos apenas 20% estavam funcionando, em escala reduzida ao final do ano de 2008, algo sem precedentes, de acordo com o Sindicato da Indústria do Ferro em Minas Gerais (SINDIFER). A situação também se tornou grave nos demais estados produtores como Pará, Maranhão, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul.

De acordo com a Associação das Siderúrgicas de Ferro-gusa do Brasil (ASIBRAS) - que representa empresas e sin-dicatos de diferentes estados - o Brasil é o único país a produzir ferro gusa a partir do carvão vegetal, e mesmo com o agravamento da crise, não deve abrir mão deste processo de fabricação. Segundo essa entidade, a meta de suas associadas é que as mesmas deixem de consumir madeira originária de florestas nativas dentro de um prazo máximo de 10 anos.

As empresas e a Associação Mineira de Silvicultura (AMS) em conjunto com o Ministério Público Estadual e o Tribunal de Justiça de Minas Gerais criaram o “Pacto de Sustentabilidade” que propõe, dentre outras medidas, a utilização de carvão vegetal apenas de florestas plantadas no prazo de 10 anos. O “Pacto de Sustentabilidade” serviu de base para a elaboração de um projeto de Lei Estadual, em tramitação na Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

• Painéis de madeira e produtos de madeira sólida

No segmento de painéis de madeira reconstituída, que tem como maior cliente a indústria moveleira, a demanda esteve aquecida até setembro de 2008. Apesar da crise global, os níveis de produção permaneceram altos também no último trimestre de 2008, tendo em vista as vendas de painéis para entrega no 4º trimestre, período de alta demanda de móveis no período final do ano.

Como os demais segmentos da economia, a indústria moveleira experimentou grande demanda de móveis até o 3º trimestre de 2008, tanto para o mercado interno quanto para a exportação, ocorrendo a queda em ambos os mercados no 4º trimestre de 2008.

Em consequência, no último trimestre de 2008, a indústria de painéis de madeira teve grande redução de pedidos para entrega em início de 2009, quando as fábricas de móveis fazem a reposição de estoques, tendo em vista a queda nas exportações de móveis e a expectativa de vendas reduzidas no mercado interno e externo no início de 2009.

O setor de construção civil apresentou, no fechamento de 2008, crescimento superior a 10% em relação ao ano anterior. As expectativas para 2009 foram retomadas com o recente anúncio, e iniciativa do Governo, do programa de construção de 1 milhão de casas populares já a partir de 2009. Desta forma, acredita-se que haja aquecimento na demanda por painéis reconstituídos principalmente para a fabricação de móveis populares.

Por outro lado, os produtos de madeira sólida e os de maior valor agregado (PMVA), os quais participam da produção nacional destinada ao mercado externo, sentiram os efeitos da crise em função da queda expressiva na demanda internacional por estes produtos. Como alternativa, as empresas deste setor têm buscado se adaptar e suprir a demanda por produtos de madeira do mercado interno da construção civil, apesar deste representar um nicho de produtos específicos. Segundo a ABIMCI, ainda assim o crescimento acelerado observado nos últimos dois anos por este segmento é a válvula de escape para o setor de madeira sólida, o qual já sofreu perdas significativas devido à valorização do real ante o dólar até o início da crise financeira.

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2.1.2 a situação favorável do Brasil no iaiF Brasil e a atração de novos investimentos em florestas

plantadas

• Liderança do Brasil no IAIF

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) desenvolveu nos últimos anos o chamado Índice de Atração ao Investimento Florestal (IAIF), que tem por objetivo avaliar a atratividade do setor florestal dos países latino-americanos aos investimentos diretos, e assim orientar investidores sobre os países com maior potencial de êxito nos investimentos aplica-dos no setor florestal. O índice varia em uma escala entre 0 a 100, na qual quanto maior a pontuação, maior a atratividade de um país aos investimentos florestais.

A metodologia de construção e atualização do IAIF tem por base três sub-índices: SUPRA, INTER e INTRA Setorial. O sub-índice SUPRA Setorial calcula o impacto macro-econômico e outros fatores que afetam a rentabilidade dos negócios em todos os setores produtivos de um país. Por sua vez, o sub-índice INTER Setorial mede os fatores que são gerados em outros setores econômicos, mas que afetam o desempenho dos investimentos diretos no setor florestal, enquanto o Sub-índice INTRA Setorial avalia os fatores intrínsecos ao setor florestal que afetam a rentabilidade dos negócios florestais. A primeira classificação do IAIF ocorreu em 2005 (com dados base de 2004), quando o Brasil se posicionou como o líder para receber investimentos no setor na América Latina. Em 2008, o BID publicou uma revisão do índice (com base em dados base de 2006) e novamente o Brasil se manteve na liderança, mostrando seu alto potencial para receber investimentos florestais.

A tabela 2.01 apresenta a classificação dos 10 países latino-americanos com melhor desempenho no IAIF nos anos 2004 e 2006. Outros países do Cone Sul como o Chile, Argentina e Uruguai estão entre os principais na classificação do IAIF, em ambas as avaliações, embora com pontuação significativamente menor que o Brasil.

Os resultados do desempenho do Brasil para cada fator (sub-índice) do IAIF em 2004 e 2006 podem ser observados na tabela 2.02. A mesma também evidencia a máxima classificação possível e o crescimento potencial para o país em cada sub-índice.

O Brasil tem integrado suas vantagens competitivas no setor florestal através das condições naturais favoráveis, conhecimentos científicos e capacidade empreendedora, o que resulta em um potencial altamente competitivo de cres-cimento. Apesar do país ser uma das melhores opções para investimentos em ativos florestais, há fatores que necessitam ser melhorados para aumentar o potencial de receber investimentos.

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tabela 2.01 Principais países no ranking do iaiF 2004 e 2006

Fonte: BID (2008), adaptado por STCP.

Em linhas gerais, o Brasil apresentou melhoria de 47% e 20%, respectivamente, na média dos fatores dos sub-índices SUPRA e INTER-setoriais entre 2004 e 2006. Os fatores do IAIF que mais favoreceram o desempenho favorável do país em 2006 foram o seu mercado de capitais, infra-estrutura econômica e social, apoio aos negócios florestais e industriais, tamanho do mer-cado doméstico e a disponibilidade de terras de vocação florestal. Dentre os maiores crescimentos dos fatores INTER-Setoriais, evidencia-se a melhoria das políticas agrícolas, cuja pontuação cresceu 307% entre 2004 e 2006 e a redução nas restrições de plantio e colheita (melhoria de 225%). Em menor grandeza, mas não menos importante, está a taxa de câmbio (melhoria de 186% na pontuação), neste caso atingindo em 2006 a máxima pontuação possível. Por outro lado, alguns fatores sofreram perdas, entre eles alguns dos sub-índices INTRA-Setorial, tomando por base a deterioração da percepção de players do setor florestal na redução de apoio às empresas florestais.

O Brasil ainda enfrenta obstáculos para melhorar sua posição em importantes indicadores, tais como ações adversas (ex: subsídios à agricultura, restrições ao manejo de algumas espécies, ampliação de restrições para a reserva legal e áreas de preservação permanente, entre outros) e recurso florestal (área disponível para plantio florestal em um país). Assim, para o país melhorar seu desempenho e efetivamente atrair mais e maiores investimentos florestais, o setor de florestas plantadas deverá receber mais atenção do Governo através de políticas voltadas especificamente ao seu desenvolvimento.

O potencial de crescimento do IAIF brasileiro é de 65%, apontando a lacuna que se tem para implementar políticas para melhorar ainda mais a capacidade de atração de investimento florestal (tabela 2.02).

Cabe ressaltar que sobre a base da estrutura do IAIF se desenvolve uma metodologia para a implantação do chama-do Processo de Melhoria chama-do Clima de Negócios para Investimentos no Setor Florestal (PROMECIF). O PROMECIF incorpora os fatores e indicadores que integram o IAIF, a fim de orientar as autoridades governamentais a diagnosticar o ambiente doméstico para investimento e desenvolver medidas para ajustar esses fatores, tornando seu país mais atrativo aos inves-timentos diretos no setor florestal.

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tabela 2.02 resultados do iaiF no Brasil por sub-índice em 2004 e 2006

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• Atração de novos investimentos em florestas plantadas no Brasil

Na análise e seleção de um ou mais países para investimento, cada vez mais investidores internacionais levam em conta, principalmente, as características econômicas dos mesmos. Para auxiliar estes investidores em suas decisões, algumas agências de classificação de riscos possuem índices de riscos (ratings) que representam a probabilidade de inadimplência de um país. Este índice subdivide os países entre aqueles com grau de investimento (Investiment Grade) que indica probabilidade baixa ou moderada de inadimplência e aqueles com grau especulativo (Speculative Grade) com alta probabilidade de inadimplência, ou onde esta já acontece.

Em 2008, o Brasil passou de grau especulativo para grau de investimento no índice de credit ratings da agência Standard & Poors, permitindo ao país captar recursos externos a juros menores (menor prêmio de risco em títulos de dívida).

O Brasil apresenta vários fatores atrativos aos investidores estrangeiros, dentre eles a possibilidade de acesso a um mercado interno consumidor amplo e crescente e uma maior estabilidade política. Em tempos de crise econômica internacional, de escassez de oferta de crédito externo e de um menor patamar de investimentos, o Brasil se tornou uma alternativa viável aos grupos empresariais que ainda dispõem de maior liquidez e estão dispostos a investir. As vantagens competitivas e comparativas do país no setor florestal, principalmente em florestas plantadas de rápido crescimento, per-mitem maior garantia de elevado retorno econômico a estes investidores.

No Brasil, o setor florestal tem se desenvolvido principalmente com base em investimentos diretos de origem doméstica. No entanto, os investimentos de origem estrangeira também têm crescido. Para investimentos no curto prazo, espera-se que a crise financeira mundial apenas atrase os investimentos previamente anunciados no setor florestal. Já para investimentos no médio e longo prazos, há a expectativa de implementação de mega-investimentos na silvicultura de florestas plantadas e na indústria de base florestal nacional. Esta perspectiva promete elevar os níveis de produção, tanto nas florestas quanto nas transformações industriais, para patamares nunca antes observados.

2.1.3 criação de novos fundos de investimentos para florestas plantadas

A floresta é reconhecida como um ativo atrativo para investimentos de longo prazo pelo fato do desempenho financeiro do investimento florestal ser estável, e apresentar uma correlação negativa com a volatilidade dos mercados de capitais. Desde a última década, tem sido observado um aumento expressivo no número e montante de investimentos no país, por parte de investidores nacionais e internacionais, não necessariamente integrados com o setor florestal. Estes procuram formar e adquirir ativos florestais no Brasil, indicando que a silvicultura brasileira caminha para um novo patamar de crescimento.

Nos últimos anos, diversos instrumentos financeiros têm sido desenvolvidos para direcionar e facilitar os investimen-tos em florestas e na indústria de base florestal, em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Tais instrumeninvestimen-tos incluem os fundos de investimento em ativos florestais, securitização florestal, corporate bonds, créditos de carbono e outros.

Os instrumentos que têm apresentado maior crescimento no país são os fundos de investimentos em ativos flo-restais, oriundos de fundos de pensão e fundos florestais especificamente constituídos para este fim. Tais fundos têm diferentes origens, entre capital estrangeiro e nacional, muitos ainda em processo de desenvolvimento e consolidação, e estão voltados principalmente para a formação de ativos florestais de rápido crescimento (florestas plantadas) não ne-cessariamente associados a projetos industriais. Estes projetos têm se concentrado em regiões onde os mercados já estão

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mais desenvolvidos tais como nas regiões Sul e Sudeste (principalmente Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais) apesar de alguns deles estarem investindo em novas fronteiras florestais nos estados do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Bahia.

Os fundos de investimento podem ou não ser geridos pelas chamadas TIMOs (Timberland Investment Management Organizations) ou por empresas especializadas em gestão florestal. As TIMOs têm sido uma forma de organização de investidores de êxito no Brasil, principalmente na Região Sul do país, com ativos compostos por florestas plantadas de pinus. Em alguns casos elas mesmas podem dispor de fundos próprios de investimento em florestas.

A despeito da crise atual, existe a perspectiva de que a atuação destas organizações no Brasil aumente nos próxi-mos anos.

As negociações para compra de ativos florestais no mundo e no Brasil para fundos de investimentos concentram-se, em sua maioria, na aquisição de maciços florestais já formados, geralmente em idade adulta, com formas diversificadas de negociação, podendo incluir aspectos relativos à reposição florestal, garantia de recompra da madeira, estabelecimento de preço, dentre outros. No entanto, variações do perfil e tipo de investimento podem ocorrer.

No Brasil, em função das limitações na oferta de ativos florestais prontamente disponíveis dentro das caracterís-ticas tidas como prioritárias (aquisição somente da madeira), os fundos de investimento têm aceitado diversificar suas operações, e considerar, como parte de seu portfólio os investimentos em florestas plantadas (ex: eucalipto, pinus e teca), novas fronteiras, aquisição de ativos terra e florestas, e foco em nichos de mercado com menos agregação de valor como a celulose e o carvão.

Estima-se que os fundos de investimentos deverão aumentar sua participação no cenário florestal nacional nos próximos anos, em função da atratividade do país e do negócio florestal como um todo.

2.1.4 abertura de novas fronteiras florestais

As florestas plantadas se concentraram nos últimos 40 anos principalmente nas regiões Sul e Sudeste do país e mais recentemente têm se expandido para outras regiões, como o Nordeste, Norte e o Centro-Oeste. Os plantios florestais, via de regra, são impulsionados por empresas consumidoras da madeira. Nesse sentido, e em busca de novas fronteiras, algumas empresas, com o apoio dos governos estaduais, estão investindo em estados até então considerados não tradicionais na cultura florestal. Dentre eles, destacam-se o Piauí e o Maranhão, regiões não tradicionais da Bahia, os estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, na região Centro Oeste, e ainda as expansões de florestas plantadas, em menor escala, no estado do Pará (Norte). Ocorrem também expansões em estados tradicionalmente voltados para a silvicultura.

O Programa de Desenvolvimento Florestal do Vale do Parnaíba, desenvolvido pela CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) e Governos do Estado do Piauí e Maranhão, que visa a implementação de ações para o desenvolvimento do setor florestal na bacia do Parnaíba, já tem apresentado resultados positivos quanto a novos investimentos na silvicultura de florestas plantadas em larga escala. Estes trazem a perspectiva de utilização sustentável de recursos florestais plantados e a geração de emprego e renda.

O Programa Florestal destes estados prevê a geração de condições que possam conduzir à implementação de um modelo sustentado de desenvolvimento setorial, tendo como base todo o potencial a partir de florestas plantadas,

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além da capacidade de transformação desse potencial em bens e serviços. O resultado esperado é o de alavancar o crescimento sob os princípios da sustentabilidade, atendendo critérios sócio-ambientais.

Em 2008, uma das maiores empresas produtoras de celulose e papel do país, anunciou a instalação de duas novas fábricas, sendo uma no estado do Piauí e a outra no Maranhão. A empresa prevê aplicar aproximadamente US$ 1,8 bilhão em cada projeto até 2015. A base florestal da empresa no Piauí deverá ser 70% constituída a partir de plantios próprios e 30% a partir de produtores locais.

Outro estado que está expandindo rapidamente o cultivo de florestas plantadas é o Mato Grosso do Sul, que entre 2004 a 2008 aumentou sua área plantada de 126.717 ha para 284.051 ha (eucalipto e pinus). Segundo estimativas, os investimentos no estado até 2010 podem atingir R$ 4 bilhões, em reforma e expansão florestais, associados também a novas plantas industriais.

Essa retomada da vocação florestal sul mato-grossense está relacionada com o (i) elevado potencial do estado para a silvicultura; (ii) disponibilidade de áreas a preços mais competitivos do que em outras regiões, além das (iii) propriedades no estado possuírem um melhor aproveitamento, já que as áreas disponíveis são maiores e com baixa declividade do terreno, com ganhos de escala de 10-15% para plantio florestal.

Nos últimos anos foram anunciados novos investimentos de grandes empresas de celulose e papel para o Mato Grosso do Sul, bem como estudos em andamento para projetos de indústrias de outros segmentos da cadeia produtiva da madeira. De acordo com estudo recente, contratado pelo governo do estado, o potencial sul mato-grossense para florestas plantadas é de pelo menos 1 milhão de hectares.

Os investimentos em florestas plantadas nos estados tradicionais e nas novas fronteiras florestais marcam uma nova etapa de crescimento do setor, trazendo benefícios na geração de empregos, renda, diversificação de produtos, inclusão social, e geração de divisas para os estados beneficiados com a silvicultura em larga escala.

2.1.5 Incremento do potencial dos biocombustíveis de origem florestal

Entre os biocombustíveis sólidos de origem florestal destacam-se a biomassa florestal e o carvão vegetal, os quais apresentam elevado potencial energético para o país. A biomassa florestal é aquela oriunda de lenha ou resíduos flo-restais/industriais (na forma de cavacos). Existe um alto potencial de geração desta biomassa no país, tanto a partir de florestas plantadas quanto de nativas, com o aproveitamento de resíduos florestais, industriais e aqueles gerados em centros urbanos (construção civil, arborização, outros). Algumas empresas do setor de florestas plantadas têm direcionado esforços para aumentar este aproveitamento, gerando cavacos para fins energéticos a partir do material lenhoso da co-lheita florestal ou da compra no mercado de resíduos de reprocessamento da indústria florestal (por exemplo, dos resíduos gerados nas indústrias de processamento de madeira sólida).

No âmbito federal, a EMBRAPA Floresta (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Floresta), juntamente com outras instituições (EMBRAPA Agroindústria de Alimentos, EMBRAPA Meio Ambiente, ESALQ/USP – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiróz/Universidade de São Paulo e MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), preocupadas com a questão de disponibilidade de biomassa florestal e do uso de tecnologias apropriadas para geração energética, está coordenando o Projeto Florestas Energéticas. O Projeto tem por objetivo desenvolver, otimizar e viabili-zar alternativas ao uso de fontes energéticas tradicionais não renováveis, por meio da biomassa de florestas plantadas,

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contribuindo para a ampliação da matriz energética nacional de forma sustentável. O mesmo é composto por cinco projetos-componentes, sendo um de gestão e quatro de pesquisa científica, estruturados em uma plataforma em rede, com vista à promoção de sinergias, fluxos de recursos e de informações.

Além disso, o MMA/PNUD – Ministério do Meio Ambiente / Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, também interessado na temática do aproveitamento de resíduos de madeira para fins energéticos, está conduzindo es-tudos que permitam diagnosticar a situação atual do uso destes tipos de resíduos no país e propor políticas públicas, inseridas no contexto das políticas do MME – Ministério das Minas e Energia, que fomentem a utilização destes resíduos para propósitos energéticos.

Em Minas Gerais, o Governo do Estado em parceria com outras instituições, vem atuando, na promoção de estudos e programas voltados para o setor florestal, tendo recentemente criado o Centro de Inteligência de Florestas - CIF (www. ciflorestas.com.br), no âmbito do Pólo de Excelência em Florestas patrocinado pelo Estado, com a finalidade de fomentar estudos e pesquisas na área florestal. O Pólo de Excelência em Florestas é uma plataforma de projetos e iniciativas de base científica e tecnológica, alinhados para a organização e o fortalecimento das estruturas de geração e difusão de conhecimento. Os resultados esperados são competitividade, inovação, geração de novos produtos e negócios, desenvol-vimento e otimização de tecnologias, formação de capacitação de recursos humanos e inovação na prestação de serviços. A implantação do Pólo de Excelência em Florestas tem como premissas para seu desempenho a sustentabilidade, os padrões de classe mundial, o compromisso com a geração e difusão de conhecimentos, a valorização do capital humano e o trabalho em harmonia com os valores culturais e éticos.

Dentre os estudos em desenvolvimento no âmbito do Pólo de Excelência em Florestas destaca-se um sobre a cadeia dos biocombustíveis sólidos, ou seja, a lenha e o carvão, dois produtos de grande relevância na matriz energética do estado. O estudo também abrangerá a madeira destinada a outros fins e está sendo realizado com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa de MG (FAPEMIG) - sob a coordenação da EPAMIG e parceria da FJP, UFV, SEAPA e SECTES. Sua ne-cessidade se dá em função da importância que o CAIFP (Complexo Agroindustrial de Florestas Plantadas de Minas Gerais) tem para o Estado, a sociedade e o meio ambiente. Nesse sentido, há necessidade de estudos atuais, sistematizados e completos sobre os ambientes organizacional e institucional onde estão inseridas as cadeias ligadas à produção florestal. O conjunto dessas informações poderá auxiliar tanto na formulação de políticas públicas como para o direcionamento do investimento privado em Minas Gerais.

2.1.6 ampliação do mercado de carbono e maior atenção às mudanças climáticas

A temática sobre mudança global do clima ganha a cada dia maior relevância na agenda de governos, empresas e da sociedade como um todo. Embora ainda seja marcado por alguma controvérsia sobre a real extensão do problema, o aquecimento do planeta causado pela atividade humana é, hoje, reconhecido pela comunidade científica internacional, e demanda grande disposição política para sua mitigação e reversão.

A mudança do clima resulta de um processo de acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera, que está em curso desde a revolução industrial. A constatação de mudanças no clima do planeta nas últimas décadas direcionou os esforços da comunidade internacional para criar mecanismos globais que possam reverter este quadro. Assim, se estabeleceu em 1992 a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (United Nations Framework Convention on Climate Change – UNFCCC), a qual tem por objetivo estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera, em um

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nível que reduza a interferência antrópica prejudicial ao equilíbrio climático do planeta.

A 3ª Conferência da Partes (COP-3), realizada pelos países membros da Convenção do Clima, em 1997 na cidade de Quioto (Japão), destacou-se pela proposição do Protocolo de Quioto. Através deste acordo, os países industrializados (indicados no Anexo I do mesmo) concordaram, no horizonte entre 2005 a 2008 (Fase I) e 2008 a 2012 (Fase II), a reduzir suas emissões dos três mais importantes gases causadores do efeito estufa (CO2, CH4 e N2O, respectivamente dióxido de

carbono, metano e óxido nitroso) em 5,2%, tomando como base os níveis observados em 1990.

Para facilitar o cumprimento das metas estabelecidas e assim evitar impactos econômicos negativos da redução direta de emissões nesses países, o Protocolo de Quioto estabeleceu três mecanismos de flexibilização que podem ser considerados na contabilidade de emissões de cada país: (i) Comércio de Emissões, (ii) Implementação Conjunta e (iii) Mecanismo de Desenvolvimento Limpo – MDL (Clean Development Mechanism).

A proposta de MDL consiste na implantação de um projeto em um país em desenvolvimento (Não-Anexo I) com o objetivo de reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEE) e contribuir para o desenvolvimento sustentável local. Cada tonelada de CO2 equivalente deixada de ser emitida ou retirada da atmosfera através de projetos de MDL se transforma em uma unidade de crédito de carbono, chamada Redução Certificada de Emissão (RCE), que poderá ser negociada no mercado mundial. Estes podem ser utilizados no cumprimento de parte dos compromissos de redução de emissões dos países industrializados.

Embora criado em 1997, o Protocolo de Quioto só passou a vigorar a partir de fevereiro de 2005. A demora exces-siva para a entrada em vigor do Protocolo levou ao estabelecimento de mercados de créditos de carbono voluntários (os chamados Não-Quioto), como a Bolsa do Clima de Chicago (Chicago Climate Exchange – CCX) e sua empresa-irmã européia, a Bolsa Européia do Clima (European Climate Exchange – ECX), e outros incluídos na figura 2.01, regidas por regras próprias, à parte do Protocolo de Quioto e da Convenção do Clima. Os acordos que delineiam as regras desses mercados são estabelecidos entre empresas privadas, sem interferência de Governos, ao contrário do Protocolo de Quioto, que é um acordo estabelecido entre países, onde o mecanismo de avaliação e aprovação de projetos conta necessariamente com a participação dos governos do país sede e do país comprador dos créditos de carbono.

Conforme se observa, o mercado atual de carbono pode ser dividido entre aquele relacionado ao Protocolo de Quioto, no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e aqueles Não-Quioto. Estes úl-timos se relacionam com a Redução Certificada de Emissão (RCE) e a Redução de Emissão (RE). O mercado de carbono “Não-Quioto” conta ainda com outras iniciativas voluntárias, como o mercado de neutralização de emissões de empre-endimentos industriais/comerciais, neutralização de eventos e outros, através do sequestro de carbono feito por árvores plantadas. Estes projetos voluntários de neutralização de carbono não são regulamentados por um mercado e, portanto, possuem condições peculiares que devem ser cuidadosamente avaliadas pelas empresas interessadas.

As florestas desempenham um papel fundamental na mitigação dos efeitos das mudanças climáticas sequestrando CO2 da atmosfera por meio da fotossíntese. Devido ao fato do Brasil possuir excelentes condições de solo e clima, o potencial para implementação de projetos florestais no âmbito do MDL, ou de outros mercados Não-Quioto, é grande e pode ser explorado pelo país. Com foco nas florestas de produção, o Brasil possui grandes vantagens competitivas em comparação a outros países, como por exemplo, a alta produtividade de espécies como o eucalipto (média de 35 m³ de madeira/ha.ano) e seu curto período de maturação para o primeiro corte (6-7 anos). Apesar do volume de CO2 sequestrado

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por uma floresta depender da espécie plantada, tipo de clone, condições de solo e clima, tipo de manejo, entre outros, estima-se que uma floresta de eucalipto com tal produtividade média contribua com o sequestro de aproximadamente 200 toneladas de CO2e por hectare/ano. No entanto, tem se observado grande variação no preço da tonelada de CO2e (RCE) 1 negociada no mercado Europeu nos últimos meses, principalmente devido aos reflexos da crise financeira mundial,

atingindo níveis entre 9 e 11 Euros2 .

A figura 2.01 abaixo sintetiza o perfil atual do mercado de carbono, bem como as possibilidades para o setor de florestas plantadas.

Figura 2.01 Mercado de carbono e as possibilidades para o setor de florestas plantadas

Fonte: STCP (2009).

Atualmente, dos mais de 4.200 projetos de MDL em processo de avaliação pelo Comitê Executivo do MDL na ONU, 1.423 estão registrados e 59 solicitaram o registro3 . Dos já registrados, somente dois são projetos florestais, o que

mostra o fraco desempenho do setor. Limitações na regulamentação de projetos florestais, mensuração dos créditos de carbono temporários, entre outros fatores, contribuíram para este desempenho. No entanto, existem 10 metodologias de projetos de grande escala aprovadas pela ONU para projetos de florestamento e reflorestamento no âmbito do MDL. Entre elas destaca-se a AR-AM0005 que trata do plantio de florestas para uso industrial e/ou comercial. Esta metodologia foi desenvolvida por uma empresa brasileira, associada da ABRAF, com base em uma experiência nacional e com potencial

1 C02e - Toneladas de C0

2 equivalente aos gases causadores de efeito estufa como o próprio CO2, CH4 e N2O.

RCE – Redução Certificada de Emissão.

2 Carbon Newsletter – Crédito de Carbono, Ano 2009, nº3 - Santander Global Banking & Markets.

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para replicar projetos florestais para todo o setor siderúrgico brasileiro. A figura 2.02 compara a emissão de CO2 no processo de produção de ferro e aço através da utilização do carvão mineral e o carvão vegetal renovável (biocombustível sólido). Apesar de ambos emitirem CO2 na atmosfera, no processo do carvão vegetal também ocorre a remoção deste gás, geran-do assim maior benefício climático.

Figura 2.02 Carvão vegetal renovável para produção de ferro e aço / Emissões de CO2 no processo

termo-redutor

Fonte: Sampaio et al, 1999. Adaptado por STCP.

* No caso de carvão vegetal não-renovável, as emissões são ainda maiores, aproximadamente 5t CO2.

Como alternativa ao cenário estabelecido pelo MDL, empresas florestais brasileiras, algumas associadas da ABRAF, direcionaram seus esforços na área climática para a Bolsa de Clima de Chicago, onde regras mais flexíveis possibilitaram a geração e comercialização de créditos de carbono para projetos florestais não elegíveis sob as atuais regras do MDL.

A COP14/MOP4 realizada em Poznan, na Polônia, foi marcada por avanços modestos, já que os governos encon-tram-se em fase de preparação para a COP15/MOP5 que se realizará em Copenhague, Dinamarca. Segundo o Plano de Ação adotado na Conferência de Bali, em 2007, os países deverão chegar a um acordo até a COP15 sobre o período que sucederá o primeiro compromisso do Protocolo de Quioto, que termina em 2012, criando grandes expectativas para a Conferência de Copenhague.

Embora a COP14 tenha sido marcada por avanços modestos, um assunto de grande interesse para o setor florestal brasileiro evoluiu de forma significativa e sem precedentes. A delegação brasileira apresentou proposta para tornar áreas

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com florestas plantadas em exaustão elegíveis no âmbito do MDL. Como resultado, a Conferência solicitou que o Conselho Executivo do MDL faça uma análise aprofundada do assunto e que recomende uma posição às partes signatárias do Protocolo até a COP15 na Dinamarca. Conforme as regras atuais, somente áreas que não continham florestas em 31 de Dezembro de 1989 são elegíveis para o MDL. No contexto das florestas plantadas, essa regulamentação representa uma falha, pois veda a possibilidade de se utilizarem áreas que estavam estocadas em 1989, mas que se encontram exauridas atualmente. Isso gera uma contradição com o princípio de reutilização de terras já convertidas para plantio. Portanto, caso a proposta brasileira seja aprovada, empresas brasileiras terão a possibilidade de desenvolver projetos de MDL que contemplem o estabelecimento de novos plantios em áreas de reforma florestal, contanto que as demais regras do meca-nismo, sobretudo o critério de adicionalidade, sejam observadas.

2.1.7 Câmara Setorial de Silvicultura no MAPA

Atendendo a um antigo pleito da ABRAF, a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Silvicultura, órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), foi instalada pelo Ministério em 18 de junho de 2009, no auditório da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) - Sede, Brasília, DF, com a missão de “atuar como foco consultivo na identificação de oportunidades ao desenvolvimento das cadeias produtivas da silvicultura, articulando agentes públi-cos e privados, mediante ações prioritárias de interesse comum, com vista à atuação sistêmica e integrada dos diferentes segmentos produtivos”.

Juntamente com as demais Câmaras Setoriais, a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Silvicultura integra a estru-tura funcional do Conselho do Agronegócio (CONSAGRO/MAPA). Participam da mesma, representantes do governo como o próprio MAPA, instituições como o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o Ministério do Meio Ambiente (MMA), órgãos do governo como a EMBRAPA, o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), entidades de classe do setor como a ABRAF e suas associadas coletivas, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Associação Brasileira de Celulose e Papel (BRACELPA), a Associação Brasileira das Indústrias de Painéis de Madeira (ABIPA), o Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal (FNABF), e outras, além da Sociedade de Investigações Florestais (SIF).

Em sua última reunião, realizada em novembro de 2008, em Curitiba/PR, a Câmara deliberou pela elaboração de uma Agenda Estratégica do Setor de Florestas Plantadas, que a partir de cenários de curto, médio e longo prazos, irá identificar oportunidades e obstáculos ao desenvolvimento dessa atividade no país, e propor ações para cada situação.

A criação da Câmara Setorial da Silvicultura no MAPA é um reconhecimento da importância da atividade de sil-vicultura como agricultura de árvores, destinada à produção de madeira para as cadeias produtivas de celulose e papel, siderurgia a carvão vegetal, painéis de madeira reconstituída, produtos de madeira sólida e energia, sendo, portanto uma atividade integrante do agronegócio, que necessita do apoio e incentivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

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