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Academic year: 2021

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(1)

Fase Processual...: Conhecimento

Data recebimento...: 17/01/2018 19:08:06

Valor da Causa...: R$ 100.000,00

Classificador...: LUCIVAL EXCLUSIVO

2. Partes Processos:

Promovente(s)

FREDERICO GONÇALVES E SOUSA

AGROPECUARIA SEMENTES TALISMÃ LTDA

MFR PARTICIPAÇÕES S.A

AGROPECUÁRIA SÃO FRANCISCO DE ASSIS LTDA

RAPHAEL GONÇALVES E SOUSA

MARCO ALEXANDRE BRONSON E SOUSA

JOÃO LENINE BONIFACIO E SOUSA

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Certifico que este documento da empresa CELG DISTRIBUIÇÃO S.A. - CELG D, Nire: 52 30000295-8 , foi deferido e arquivado na Junta Comercial do Estado

de Goiás. Para validar este documento, acesse http://www.juceg.go.gov.br/ e informe: Nº do protocolo 17/513587-8 e o código de segurança OKQ5A. Esta cópia

foi autenticada digitalmente e assinada em 22/06/2017 10:04:18 por Paula Nunes Lobo – Secretária Geral.

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Certifico que este documento da empresa CELG DISTRIBUIÇÃO S.A. - CELG D, Nire: 52 30000295-8 , foi deferido e arquivado na Junta Comercial do Estado

de Goiás. Para validar este documento, acesse http://www.juceg.go.gov.br/ e informe: Nº do protocolo 17/513587-8 e o código de segurança OKQ5A. Esta cópia

foi autenticada digitalmente e assinada em 22/06/2017 10:04:18 por Paula Nunes Lobo – Secretária Geral.

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Certifico que este documento da empresa CELG DISTRIBUIÇÃO S.A. - CELG D, Nire: 52 30000295-8 , foi deferido e arquivado na Junta Comercial do Estado

de Goiás. Para validar este documento, acesse http://www.juceg.go.gov.br/ e informe: Nº do protocolo 17/513587-8 e o código de segurança OKQ5A. Esta cópia

foi autenticada digitalmente e assinada em 22/06/2017 10:04:18 por Paula Nunes Lobo – Secretária Geral.

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Certifico que este documento da empresa CELG DISTRIBUIÇÃO S.A. - CELG D, Nire: 52 30000295-8 , foi deferido e arquivado na Junta Comercial do Estado

de Goiás. Para validar este documento, acesse http://www.juceg.go.gov.br/ e informe: Nº do protocolo 17/513587-8 e o código de segurança OKQ5A. Esta cópia

foi autenticada digitalmente e assinada em 22/06/2017 10:04:18 por Paula Nunes Lobo – Secretária Geral.

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 12ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE GOIÂNIA – GO

Processo nº 5018556.53.2018.8.09.0051

BANCO BRADESCO S.A, já qualificado, nos autos da RECUPERAÇÃO JUDICIAL proposta por MFR PARTICIPAÇÕES S.A. e OUTRAS, por seus advogados que esta subscrevem, vem, à presença de Vossa Excelência, nos termos do artigo 1.018 do Código de Processo Civil, informar a interposição de Agravo de Instrumento em 05/03/2018, em face da decisão proferida em 26/01/2018, conforme cópia da petição do recurso anexa, que contém a relação de documentos que o instruíram.

Outrossim, pugna-se pela reconsideração da r. decisão recorrida, conforme previsto no artigo 1.018 § 1º do Código de Processo Civil, pelas razões expostas na peça recursal.

Termos em que, Pede deferimento.

São Paulo, 06 de março de 2018.

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Juízo...: 5ª Câmara Cível

Prioridade...: Pedido de Liminar

Tipo Ação...: Agravo de Instrumento ( CPC )

Segredo de Justiça...: NÃO

Fase Processual...: Conhecimento

Data recebimento...: 05/03/2018 17:56:35

Valor da Causa...: R$ 100.000,00

Classificador...: AUTOS CONCLUSOS AO RELATOR

2. Partes Processos:

Promovente(s)

BANCO BRADESCO S/A

Promovida(s)

FREDERICO GONÇALVES E SOUSA

MFR PARTICIPAÇÕES S.A

AGROPECUÁRIA SÃO FRANCISCO DE ASSIS LTDA

AGROPECUARIA SEMENTES TALISMÃ LTDA

MARCO ALEXANDRE BRONSON E SOUSA

JOÃO LENINE BONIFACIO E SOUSA

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO E. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS

BANCO BRADESCO S.A, inscrito no CNPJ/MF sob o nº 60.746.948/0001-12, com sede na Cidade de Deus, Vila Yara – Osasco/SP, irresignado com a r. decisão de

deferimento do processamento da Recuperação Judicial nº

5018556.53.2018.8.09.0051, ajuizada por MRF PARTICIPAÇÕES S/A E OUTROS, em curso perante a 12ª Vara Cível da Comarca de Goiânia/GO, vem, à presença deste E. Tribunal, com fundamento no artigo 1.015 e seguintes do Código de Processo Civil, interpor o presente

AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO

pelos motivos de fato e de direito consubstanciados nas razões anexas, para que seja o presente recurso julgado, reformando-se a r. decisão proferida pelo D. Juizo “a quo”.

Outrossim, em atenção ao artigo 1.016, inciso IV, do CPC, o agravante informa o nome e endereço completo dos advogados que atuam no processo:

AGRAVANTE: BANCO BRADESCO S.A

Advogados: Bruno Delgado Chiaradia, inscrito na OAB/SP 177.650 e Milena Grossi S. Meyknecht, inscrita na OAB/SP 292.635, ambos com escritório na Rua Bela Cintra nº 1.149, 12º andar, Jardim Paulista, São Paulo-SP - CEP – 01415-001.

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AGRAVADOS: MRF PARTICIPAÇÕES S.A.; AGROPECUÁRIA SÃO FRANCISCO DE ASSIS LTDA.; AGROPECUÁRIA; SEMENTES TALISMÃ LTDA.; RAPHAEL GONÇALVES E SOUSA; MARCO ALEXANDRE BRONSON E SOUSA; JOÃO LENINE BONIFACIO E SOUSA e FREDERICO GONÇALVES E SOUSA.

Advogados: Carlos Roberto Deneszczuk, inscrito na OAB/SP 146.360 e Daniel Machado Amaral, inscrito na OAB/SP 312.193, todos com escritório na Rua Benjamim Constant, nº 77 – 6º andar - São Paulo/SP, CEP: 01005-000.

INTERESSADO - ADMINISTRADOR JUDICIAL: VALOR ADMINISTRAÇÃO JUDICIAL, representada por Victor Andrade C. Teixeira, OAB/GO 33.374, com endereço na Praça Agnelo Fleury, n.41, Setor Sul – Goiânia/GO.

PEÇAS QUE INSTRUEM O PRESENTE AGRAVO:

Informa o agravante que o presente está instruído com cópia dos autos, em que constam os documentos obrigatórios previstos no artigo 1.017, inciso I, do Código de Processo Civil, além de outras peças úteis ao recurso, conforme abaixo:

• Petição Inicial da Recuperação Judicial – DOC.01;

• Documentos de Representação das Agravadas (Procurações) – DOC.02; • Documentos de Representação das Agravadas (Atos Societários) – DOC.03; • Relação de Credores das recuperandas – DOC. 04;

• Decisão de Deferimento da Recuperação Judicial, ora agravada – DOC.05; • Termo de Compromisso do Administrador Judicial– DOC.06;

• Documentos de Representação do Agravante – DOC.07; • Certidão de intimação/comparecimento espontâneo – DOC.08; • Custas.

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Declaram os advogados que esta subscrevem, nos termos do inciso II do Artigo 1017 do CPC, que não há nos autos de origem peça de “contestação”, uma vez que se trata de processo de recuperação judicial – cujo procedimento não prevê apresentação de defesa, nos moldes da Lei 11.101/2005.

Termos em que, requerendo a juntada aos autos da guia de custas de agravo de instrumento devidamente quitada, pede deferimento.

Goiânia, 05 de março de 2018

Bruno Delgado Chiaradia Milena Grossi S. Meyknecht

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RAZÕES DE AGRAVO DE INSTRUMENTO

AGRAVANTE: BANCO BRADESCO S.A

AGRAVADOS: MRF PARTICIPAÇÕES S.A.; AGROPECUÁRIA SÃO FRANCISCO DE ASSIS LTDA.; AGROPECUÁRIA; SEMENTES TALISMÃ LTDA.; RAPHAEL GONÇALVES E SOUSA; MARCO ALEXANDRE BRONSON E SOUSA; JOÃO LENINE BONIFACIO E SOUSA e FREDERICO GONÇALVES E SOUSA.

INTERESSADO - ADMINISTRADOR JUDICIAL: VALOR ADMINISTRAÇÃO JUDICIAL, representada por Victor Andrade C. Teixeira, OAB/GO 33.374.

Autos de origem: Recuperação Judicial nº

5018556.53.2018.8.09.0051, ajuizada pelos agravados, em curso perante a 12ª Vara Cível da Comarca de Goiânia/GO.

Egrégio Tribunal,

Colenda Câmara,

Ínclitos Julgadores,

I – DA TEMPESTIVIDADE DO PRESENTE RECURSO

1. Conforme se verifica das cópias anexas (DOC.07 e 08), o agravante ingressou espontaneamente nos autos nesta data, ocasião em que tomou ciência da decisão ora agravada.

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2. Resta demonstrada, assim, a tempestividade do presente Agravo de Instrumento.

II – SÍNTESE DA DEMANDA

3. Trata-se o processo de origem de recuperação judicial ajuizado pelos agravados (“Grupo Sementes Talismã”), em que o MM juízo “a quo” proferiu a decisão, ora agravada que, dentre outras medidas:

1) Deferiu o processamento da Recuperação Judicial de Raphael Gonçalves e Sousa; Marco Alexandre Bronson e Sousa; João Lenine Bonifácio e Sousa, bem como de Frederico Gonçalves e Sousa – produtores rurais;

2) Determinou a contagem do prazo de suspensão das ações previsto no artigo 6º, §4º da LRF em dias úteis.

4. Ocorre que, a decisão agravada contraria disposições legais especiais e notadamente a jurisprudência sobre os temas, motivo pelo qual merece ser reformada por este E. Tribunal, por meio do presente Agravo de Instrumento - conforme se verá a seguir.

III - DO CABIMENTO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO

5. Conforme se verifica do presente recurso, a matéria ora abordada se trata de questão incidental em processo de recuperação judicial - procedimento que não prevê o recurso de apelação.

6. Isso significa que o Agravo de Instrumento é a única forma de combater a decisão recorrida, já que não há outro recurso/momento para atacá-la, uma vez que

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não será possível aplicar o disposto no §1º do artigo 1.009 do CPC, que trata da preliminar da apelação como a via adequada para impugnar decisões interlocutórias.

7. Diante disso, o presente Agravo de Instrumento encontra amparo no § único do artigo 1015 do CPC, que dispõe justamente sobre as hipóteses de cabimento deste recurso em processos/incidentes que não preveem posterior apelação.

8. Nesse sentido, é o entendimento da doutrina:

“... o exame teleológico do parágrafo único do art. 1.015 leva a que se conclua que, na lei falimentar, os agravos continuarão a ser admitidos normalmente, como sempre foram. Este parágrafo único permite o agravo nos processos em fase de liquidação ou de cumprimento de sentença, no processo de execução, bem como nos autos de inventário, porque tais autos não sobem com apelação. Isto também é o que ocorre no processo falimentar e recuperacional. Aplicado, portanto analogicamente, este parágrafo permite e aconselha o recebimento de agravos, em ações falimentares. Aliás, pelo que se percebe do exame dos primeiros casos enfrentados pelos tribunais, a impressão que se tem é que esta possibilidade de interpor agravo é o sistema que já vem sendo adotado de forma majoritária.” (Prof. Manoel Justino Bezerra Filho – Valor Econômico

de 31/05/2016).

9. E, também, da jurisprudência, que não destoa:

“É todavia entendimento deste Relator, e ao que consta também das duas Câmaras Reservadas de Direito Empresarial deste E. Tribunal, que não há óbice à impugnabilidade das decisões em processo de recuperação por meio de agravo de instrumento, no âmbito do novo CPC, isso por força da aplicação extensiva da regra do parágrafo único do referido dispositivo legal. Os casos ali mencionados – fase de liquidação ou de cumprimento de sentença, processo de execução e processo de inventário – tratam de hipóteses em que não há a possibilidade de posterior interposição de recurso de apelação, para que a questão decidida pela decisão interlocutória possa ser suscitada em preliminar para apreciação da matéria pelo E. Tribunal (art. 1.009, §1º); e é justamente o que se verifica no tocante às decisões proferidas em processo de recuperação judicial. Perfeitamente cabível, pois, a via recursal do agravo de instrumento, considerando a lógica da ausência de veículo idôneo para a impugnabilidade diferida instituída pelo novo Código quanto às hipóteses de agravo de instrumento excluídas do alcance do art. 1.015.” (Tribunal de Justiça de São Paulo – Mandado de

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Segurança nº 2084028-08.2016.8.26.0000 – Decisão proferida em 28/04/2016).

10. Ainda a este respeito, já há enunciados das Jornadas de Direito Comercial e de Direito Processual Civil do Conselho da Justiça Federal que ratificam o cabimento do recurso de Agravo em face da decisão que defere o processamento da recuperação judicial:

• Enunciado 52 da I Jornada de Direito Comercial: A decisão que defere o processamento da recuperação judicial desafia agravo de instrumento.

• Enunciado 69 da I Jornada de Direito Processual Civil: A hipótese do art. 1.015, parágrafo único, do CPC abrange os processos concursais, de falência e recuperação.

11. Resta evidenciado, com isso, o cabimento do presente Agravo de Instrumento.

IV – INTERESSE RECURSAL

12. O presente recurso tem por objetivo a reforma dos pontos elencados no parágrafo 3º acima abordados pela decisão agravada e que atingem diretamente os interesses do agravante, na qualidade de credor dos devedores em recuperação judicial.

13. Para comprovar o que se diz, o Banco Bradesco informa que seu crédito fora relacionado pelos agravados em sua relação de credores acostada aos autos de origem, a despeito de estar vinculados aos produtores rurais, conforme contratos exemplificativos anexos (DOC.04).

14. Este ponto é trazido aos autos tão somente para demonstrar o interesse recursal, sendo que a discussão acerca da natureza, origem e valores dos créditos arrolados será feita em momento oportuno, nos termos do artigo 7º e seguintes da Lei 11.101/2005.

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V– DAS RAZÕES PARA REFORMA DA DECISÃO AGRAVADA

V.i – PRODUTOR RURAL SEM INSCRIÇÃO NO REGISTRO PÚBLICO – IMPOSSIBILIDADE DE SE BENEFICIAR DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

➢ EXPRESSO TEXTO LEGAL

15. Primeiramente, cumpre destacar o seguinte trecho da decisão ora agravada, acerca da matéria que será enfrentada a seguir:

“Em que pese a redação do artigo 48, da Lei 11.101/05 ditar, dentre os demais requisitos cumulativos, que o empresário exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos, há sua mitigação quanto a peculiar figura do produtor rural.

A jurisprudência pátria vem entendendo que ainda que o produtor rural não esteja devidamente registrado na respectiva junta comercial, ele ainda detém legitimidade para pleitear a recuperação judicial de sua empresa.

O que se deve levar em consideração nesta situação é a comprovação de que existe um empresário que exerce uma empresa, dentro do âmbito rural.

Uma vez configurada tal situação de fato, tem-se que o empresário rural, mesmo sem registro, preenchendo os demais requisitos legais, pode pleitear a recuperação judicial.” (grifamos)

16. Como visto, reconhece o magistrado que os devedores Raphael, Marco Alexandre, João e Frederico – produtores rurais - não têm registro de atividade empresarial.

17. Ocorre que, mesmo assim, autorizou o processamento da recuperação judicial destas pessoas, em total discordância com o texto legal.

18. Isso porque, logo em seu artigo 1º, a Lei 11.101/2005 limita os destinatários do benefício da Recuperação Judicial ao empresário e à sociedade empresária:

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Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação

extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor.

19. De acordo com o Código Civil, empresário é aquele que “exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços”, sendo “obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade”, conforme disposição dos artigos 966 e 967.1

20. Note-se que, para as pessoas que exercem atividade predominantemente rural, como na hipótese destes autos, o Código Civil traz uma previsão ainda mais específica, no sentido de que não são empresários, mas podem ser a estes equiparados, desde que estejam inscritos no Registro Público de Empresas Mercantis, in verbis:

Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.

1 Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica

organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.

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21. Assim, é conclusivo pela análise dos textos legais acima que o produtor rural, como regra, não pode ser beneficiado pela recuperação judicial, uma vez que este instituto é exclusivo da figura do empresário ou da sociedade empresária.

22. Poderá, contudo, ser equiparado ao empresário se realizar o devido registro na Junta Comercial.

23. Nesse sentido, vejamos o que nos ensina o Ilustre doutrinador Fabio Ulhoa Coelho, na obra Comentários à Lei de Falências e de Recuperação de Empresas – 10ª Edição – Saraiva – 2014 - p.170:

“Note-se que esta pessoa jurídica exercente de atividade rural somente terá direito à recuperação judicial se for empresária; vale dizer, apenas terá o direito à medida de saneamento visando à preservação dos efeitos da falência se estiver exposta ao risco de falir. Para ser empresária, esta pessoa jurídica deve ter seus atos constitutivos regularmente arquivados na Junta Comercial, até mesmo em vista do regime próprio dos produtores rurais que são empresários apenas quando registrados no registro de empresas (CC, art. 971).”

24. Todavia – na hipótese dos autos – os agravados Raphael, Marco Alexandre, João e Frederico não cumprem este requisito, na medida em que não apresentam registro na Junta Comercial.

25. E mesmo que venham a providenciar o referido registro agora, ainda assim, não terão direito imediato ao benefício.

26. Isso porque, a Lei 11.101/2005 faz também uma segunda exigência, o devedor, além de ser empresário, deve exercer regularmente suas atividades por prazo superior a dois anos. Vejamos o que dispõe claramente o artigo 48:

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Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente:

27. Ora, pelo exposto acima, resta evidente que registro de Raphael, Marco Alexandre, João e Frederico não possuem os 2 anos exigidos pela Lei de exercício regular das atividades – justamente pela ausência de registro.

28. Observa-se que se trata de requisito claro e objetivo - que não pode ser flexibilizado, sob pena de se ferir a segurança jurídica, fazendo letra morta da Lei.

29. Isso sem considerar que os produtores rurais, como pessoa física, são beneficiados por uma carga tributária reduzida em comparação à pessoa jurídica e esse é o bônus da ausência do registro. Em contrapartida, uma das consequências da falta de registro, como amplamente ilustrado acima, é a impossibilidade de requerer a recuperação judicial.

30. Entretanto, o que se verifica é que os requerentes pretendem desfrutar apenas dos benefícios dos dois cenários (pagar menos tributos enquanto pessoa física e requerer a recuperação judicial enquanto pessoa jurídica) – o que não se pode admitir. 31. Desta forma, por todos os ângulos resta demonstrado que a decisão agravada contraria veementemente as disposições legais, sendo imperiosa a sua reforma.

➢ DA JURISPRUDÊNCIA SOBRE O PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL

POR PRODUTOR RURAL

32. Além de ferir as disposições legais, verifica-se que, diferentemente do que constou da decisão agravada, aquele não é o entendimento jurisprudencial que predomina nos E. Tribunal Pátrios e no Superior Tribunal de Justiça acerca da matéria.

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33. Conforme exemplos a seguir, o E. Tribunal de Justiça do Mato Grosso e de São Paulo, entre outros, já se posicionaram inúmeras vezes pela impossibilidade de deferir o processamento de recuperação judicial a produtores rurais que não possuem registro na Junta Comercial, ou que possuem registro por prazo inferior a 2 anos, em razão do descumprimento do artigo 48 da Lei 11.101/2005, conforme abaixo:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO – RECUPERAÇÃO

JUDICIAL – DEVEDORES EMPRESÁRIOS – PESSOAS

NATURAIS – REGISTRO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL PELO PRAZO MÍNIMO DE DOIS ANOS – EXIGIBILIDADE – RECURSO

CONHECIDO E PROVIDO. Embora ainda resistam algumas poucas vozes divergentes, prevalece no ordenamento jurídico pátrio o entendimento segundo o qual, a recuperação judicial não alcança a pessoa natural que, no mínimo há dois anos, não ostente a condição de empresário.

(...)

Assim, por mais relevante e habitual que seja a atividade desenvolvida, não há por onde estender a recuperação judicial aos agravados, pessoas naturais, antes de decorridos dois anos da obtenção do registro da condição de empresários. Como visto, não basta o exercício de fato da atividade empresarial. A lei apresenta

formalidades, insuscetíveis de mitigação. Aliás, a recuperação judicial não cuida apenas dos interesses do devedor, antes, procura conciliar o interesse público e mediato da preservação da empresa com o interesse patrimonial e imediato da universalidade de credores.

(AI 131421/2015, DESA. SERLY MARCONDES ALVES, SEXTA CÂMARA CÍVEL, Julgado em 11/12/2015, Publicado no DJE 17/12/2015)

EMENTA: RECUPERAÇÃO JUDICIAL – PRODUTORES RURAIS –

AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DOS ARTS. 48 E 51 DA LEI N. 11.101/2005 – INSCRIÇÃO NA JUNTA COMERCIAL POR PERÍODO INFERIOR A DOIS ANOS – AGRAVO PROVIDO.

Para que o pedido de recuperação judicial logre êxito, o autor deve comprovar, dentre outros requisitos, a sua condição jurídica

de empresário antes da propositura da ação, por meio de inscrição

na junta comercial há mais de dois anos, apresentando na oportunidade os demais documentos exigidos. Inteligência dos arts. 51, II, V, e 48, caput, da lei n. 11.101/2005.

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(AI 100924/2014, DES. CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA, QUINTA CÂMARA CÍVEL, Julgado em 17/12/2014, Publicado no DJE 23/01/2015)

EMENTA: RECUPERAÇÃO JUDICIAL – PRODUTORES RURAIS – AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DOS ARTS. 48 E 51 DA LEI N. 11.101/2005 – INSCRIÇÃO NA JUNTA COMERCIAL POR PERÍODO INFERIOR A DOIS ANOS – AGRAVO PROVIDO.

Para que o pedido de recuperação judicial logre êxito, o autor deve comprovar, dentre outros requisitos, a sua condição jurídica de empresário antes da propositura da ação, por meio de inscrição na junta comercial há mais de dois anos, apresentando na oportunidade os demais documentos exigidos.

Inteligência dos arts. 51, II, V, e 48, caput, da lei n. 11.101/2005.

(AI 100923/2014, DES. CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA, QUINTA CÂMARA CÍVEL, Julgado em 17/12/2014, Publicado no DJE 27/01/2015)

EMENTA: RECUPERAÇÃO JUDICIAL – PRODUTORES RURAIS –

AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DOS ARTS. 48 E 51 DA LEI N. 11.101/2005 – INSCRIÇÃO NA JUNTA COMERCIAL POR PERÍODO INFERIOR A DOIS ANOS – AGRAVO PROVIDO.

Para que o pedido de recuperação judicial logre êxito, o autor deve comprovar, dentre outros requisitos, a sua condição jurídica de empresário antes da propositura da ação, por meio de inscrição na junta comercial há mais de dois anos, apresentando na oportunidade os demais documentos exigidos. Inteligência dos arts. 51, II, V, e 48, caput, da lei n. 11.101/2005.

(AI 97224/2014, DES. CARLOS ALBERTO ALVES DA ROCHA, QUINTA CÂMARA CÍVEL, Julgado em 17/12/2014, Publicado no DJE 26/01/2015)

EMENTA: RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO - RECUPERAÇÃO JUDICIAL - DECISÃO QUE DEFERE O PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FAVOR DAS EMPRESAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO E DOS SÓCIOS PRODUTORES RURAIS PESSOAS FÍSICAS - PRELIMINAR DE NÃO CABIMENTO DO RECURSO SUSCITADA PELOS AGRAVADOS - REJEIÇÃO - ALEGAÇÃO DE IMPOSSIBILIDADE DE DEFERIMENTO DO PEDIDO EM FAVOR

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DOS PRODUTORES RURAIS FACE À NÃO COMPROVAÇÃO DO REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESA MERCANTIL (ART. 971 DO CC) QUANDO DO AJUIZAMENTO DO PEDIDO - CONSTATAÇÃO -

INSCRIÇÕES REALIZADAS NO REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESAS MERCANTIS (JUCEMAT) POR PARTE DOS PRODUTORES RURAIS SOMENTE APÓS O AJUIZAMENTO DA AÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DOS ARTIGOS 48 E 51 DA LEI Nº 11.101/2005 - RECURSO PROVIDO

PARA EXCLUIR OS PRODUTORES RURAIS PESSOAS FÍSICAS DO PÓLO ATIVO DO PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL.

Restando comprovado nos autos que o decisum recorrido, além de deferir o processamento do Pedido de Recuperação Judicial, também determinou providências que assegurem sua efetivação, consoante estabelece o artigo 52 da Lei nº 11.101/2005, resta patente sua natureza de decisão interlocutória, devendo, portanto, ser conhecido o agravo. Deve-se excluir do pólo ativo do Pedido de Recuperação Judicial os produtores rurais - pessoas físicas, ainda que estes tenham feito as respectivas inscrições no Registro Público de Empresas Mercantis (JUCEMAT) 55 (cinquenta e cinco) dias após o ajuizamento do Pedido, por não preencherem, desta forma, os requisitos dos artigos 48 e 51 da Lei de Recuperação Judicial e Falências - 11.101/2005.

(AI 68122/2009, DRA. MARILSEN ANDRADE ADDARIO, PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL, Julgado em 21/09/2009, Publicado no DJE 16/10/2009)

Ementa: Agravos de instrumento. Recuperação Judicial. Pedido formulado por produtor rural não inscrito na Junta Comercial. Conhecimento de agravo tirado contra decisão que defere o processamento da recuperação judicial. Decisão que reconhece que o produtor rural é empresário rural inscrito no CNPJ e tem legitimidade para requerer a recuperação. Precedente do STJ que admite a recorribilidade da decisão que examina a legitimidade ativa do requerente da recuperação judicial. Produtor rural que não se

vale da faculdade do art. 971 do Código Civil não é equiparado a empresário para os fins do art. 1o da Lei n° 11.101/2005 e não atende ao requisito do art. 48 do mesmo diploma legal. A

inscrição do produtor rural no CNPJ-Receita Federal, não o equipara a empresário para fins do direito à recuperação judicial. Agravos

conhecidos e providos para reformar a decisão que deferiu o processamento da recuperação judicial. Extinção do processo de recuperação judicial, sem resolução de mérito, com base no

art. 267, I, do CPC.

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Na linha de tal entendimento e constatando-se que o agravado não se valeu da faculdade prevista no art. 971 do Código Civil e não se inscreveu na Junta Comercial do Estado de São Paulo, como incontroverso nos autos, não pode ser equiparado ao empresário sujeito ao registro e, por isso mesmo, não está enquadrado no art. 1o , da Lei n° 11.101/2005, in verbis:

"Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária".

Em suma: produtor rural não inscrito na Junta Comercial não é equiparado ao empresário definido no art. 966 do Código Civil e, por isso, não tem legitimidade para requerer recuperação

judicial."

(TJSP; Agravo de Instrumento 9037963-74.2009.8.26.0000; Relator (a): Pereira Calças; Órgão Julgador: N/A; Foro de Palmital - 2ª. Vara Judicial; Data do Julgamento: 15/09/2009; Data de Registro: 21/09/2009)

34. A questão chegou também ao Superior Tribunal de Justiça, sendo mantido o entendimento pela Corte Superior de que não é possível a recuperação judicial de produtores rurais sem a inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis pelo prazo mínimo de dois anos:

EMENTA: RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL E RECUPERAÇÃO JUDICIAL. INTELIGÊNCIA DO ART. 48, CAPUT, DA LEI 11.101/2005. DEVEDOR. EXERCÍCIO REGULAR DAS ATIVIDADES HÁ MAIS DE DOIS ANOS. MUDANÇA DE RAMO. ILEGITIMIDADE ATIVA. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1. O exercício regular de atividade empresária reclama inscrição da pessoa física ou jurídica no Registro Público de Empresas Mercantis (Junta Comercial). Trata-se de critério de ordem formal. 2. Assim,

para fins de identificar "o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades", a que alude o caput do art. 48 da Lei 11.101/2005, basta a comprovação da inscrição no Registro de Empresas, mediante a apresentação de certidão atualizada. 3. Porém, para o processamento da recuperação judicial, a Lei, em seu art. 48, não exige somente a regularidade no exercício da atividade, mas também o exercício por mais de dois anos, devendo-se entender tratar-se da prática, no lapso temporal, da mesma atividade (ou de correlata) que se pretende recuperar. 4. Reconhecida a ilegitimidade ativa do devedor para o

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resolução de mérito, nos termos do art. 267, VI, do CPC. 5. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 1478001/ES, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 10/11/2015, DJe 19/11/2015)

35. Note-se que a ementa abaixo diz respeito justamente ao precedente citado pelos agravados em sua petição inicial e que induziu o MM. Juízo “a quo” a erro, na medida em que os devedores não destacaram que o trecho citado em sua peça dizia respeito ao VOTO VENCIDO da Ministra Nancy Andrighi – sendo certo que não foi o posicionamento que prevaleceu na Corte Superior:

EMENTA: RECUPERAÇÃO JUDICIAL. COMPROVAÇÃO DA

CONDIÇÃO DE EMPRESÁRIO POR MAIS DE 2 ANOS.

NECESSIDADE DE JUNTADA DE DOCUMENTO

COMPROBATÓRIO DE REGISTRO COMERCIAL. DOCUMENTO

SUBSTANCIAL. INSUFICIÊNCIA DA INVOCAÇÃO DE EXERCÍCIO PROFISSIONAL. INSUFICIÊNCIA DE REGISTRO REALIZADO 55 DIAS APÓS O AJUIZAMENTO. POSSIBILIDADE OU NÃO DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESÁRIO RURAL NÃO ENFRENTADA NO JULGAMENTO. 1.- O deferimento da recuperação judicial pressupõe a comprovação documental da qualidade de empresário, mediante a juntada com a petição inicial, ou em prazo concedido nos termos do CPC 284, de certidão de inscrição na Junta Comercial, realizada antes do ingresso do pedido em Juízo, comprovando o exercício das atividades por mais de dois anos, inadmissível a inscrição posterior ao ajuizamento. Não enfrentada, no julgamento, questão relativa às condições de admissibilidade ou não de pedido de recuperação judicial rural. 2.- Recurso Especial improvido quanto ao pleito de recuperação.” (RECURSO ESPECIAL Nº 1.193.115 - MT (2010⁄0083724-4) RELATORA : MINISTRA NANCY ANDRIGHI R.P⁄ACÓRDÃO : MINISTRO SIDNEI BENETI – Julgado em 20/08/2013).

36. Em outra oportunidade, o Ministro Raul Araújo suspendeu a decisão da instância inferior que autorizava o prosseguimento da recuperação judicial de produtores rurais, justamente pela falta do registro público pelo prazo mínimo de dois anos:

“(...) Dito isso, extrai-se dos autos que Ana Flávia Pawlina e Fábio Ricardo Pawlina do Amaral foram inscritos no registro público de empresas em 10.06.2014 (fls.182;183 – TJ) e o pedido de recuperação judicial formulado em seguida, sendo deferido em

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28.07.2014, denotando com isso que não preencheram o prazo bienal previsto expressamente no art. 48, caput, c/c art. 51, inc.V da Lei nº11.101/2005.

(...)

De outro lado, revela-se temerária a concessão de efeito suspensivo ativo ao recurso especial dos requeridos, com a expressa determinação de que prossiga o processo de recuperação judicial, uma vez que a consequência imediata, qual seja a suspensão de todas as ações e execuções contra os requeridos, que em princípio não atenderiam as condições legais para a obtenção do benefício legal, ensejaria situação injusta e verdadeiro periculum in mora às avessas, em vista dos evidentes prejuízos aos seus credores.” (Medida Cautelar nº24.486-MT – 25/06/2015)

37. Tendo em vista que o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça, responsável pela palavra final acerca das disposições da legislação infraconstitucional, é no sentido de não ser cabível o pedido de recuperação judicial para produtores rurais não registrados na Junta Comercial e pelo prazo mínimo de 2 anos, por violação ao artigo 48 da Lei 11.101/2005, coloca-se uma pá de cal à discussão.

38. Portanto, resta demonstrado mais um motivo que justifica a reforma da decisão agravada.

➢ PERIGOSO PRECEDENTE

39. Por fim, interessante destacar a preocupação verificada nas decisões judiciais e comentários da doutrina acerca do assunto, no que tange especificamente à repercussão social envolvida.

40. Isso porque, entre os objetivos de se estipular o prazo mínimo de 2 anos de exercício da atividade regular para alcançar o benefício da recuperação judicial, está o estímulo à consciência e cultura de que os empresários devem regularizar sua situação cadastral.

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41. Em outras palavras, abrandar o rigor da Lei (como feito pela decisão agravada) teria efeito contrário, pois incentivaria o exercício irregular da atividade, assim como o comportamento oportunista. Nesse sentido, interessante o comentário de Rachel Sztajn sobre o artigo 48, na obra Comentários à Lei de Recuperação de Empresas e

Falência, de Coordenação de Francisco Satiro de Souza Junior e Antônio Sérgio A. de

Moraes Pitombo – (Editora Revista dos Tribunais – 2ª Edição – 2007 - p. 224/225):

“...abrandar-se o rigor normativo para aceitar pedidos de quem exerça a atividade irregularmente por algum período e, vendo-se diante da impossibilidade de obter a recuperação judicial por conta disso, tardiamente, se ocupe em regularizá-la, o que abre espaço para comportamentos oportunistas o que a norma não pode estimular nem consentir.”

42. Já para este E. Tribunal de Justiça, admitir recuperação judicial a devedores não inscritos na Junta Comercial por prazo de 2 anos, vai além de estimular o oportunismo, mas também seria um incentivo à quebra de confiança (boa-fé) entre o produtor rural e seus credores, que podem, de repente, ser surpreendidos com o pedido de recuperação judicial de seu devedor. Isso porque, transacionaram com o produtor rural considerando que a Recuperação Judicial seria impossível e calcularam seus riscos com base na Lei.

43. Nesse sentido, o Tribunal de Justiça do Mato Grosso, no julgamento do Agravo de Instrumento nº97224/2014, chamou a atenção para a conduta desleal que seria prestigiada:

“Vale mencionar que em um Estado eminentemente agrícola, cujas relações comerciais realizadas por ‘produtores rurais’ compõe direta ou indiretamente parte considerável de seu PIB, não há como admitir que a simples inscrição do devedor (produtor rural) no registro público de empresas, surpreenda seus credores,

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conferindo-lhe ‘do dia para a noite’ o direito de postular as benesses da Lei de Recuperação Judicial.”

44. Ora, os credores que transacionaram com os produtores rurais, principalmente bancos como o agravante, que forneceram créditos de grande monta, consideravam este ponto para o cálculo do risco, encargos, etc.

45. Corroborando o raciocínio acima, pertinente citar o Voto do Exmo. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino no julgamento do Recurso Especial nº 1.193.115 – MT retrocitado:

“A minha preocupação é com a formação de um precedente acerca dessa matéria, que inovaria substancialmente em relação ao quadro atual do Direito Brasileiro. O STJ tem como característica ser um "tribunal de precedentes". No momento em que admitíssemos a recuperação judicial de agricultores não inscritos, não registrados, abriríamos um precedente, realmente, enorme, em um País em que a agricultura tem um peso significativo na nossa economia. Deve-se estimular o registro e a regularização das empresas agrárias pelos agricultores brasileiros, como, aliás, é permitido no Código Civil de 2002, de modo, inclusive, a tornar mais profissional essa atividade fundamental para a economia brasileira. Enfim, pedindo vênia a eminente relatora, acompanho a divergência e nego provimento ao recurso especial. É o voto.

46. No estado de Goiás, onde existem incontáveis produtores rurais, seriam abertas as portas para uma verdadeira indústria da Recuperação Judicial. E isso, surpreendendo todos os credores que consideraram a situação registral de cada um de seus devedores para o financiamento ou fornecimento, nos termos da Lei.

47. Portanto, além de ferir as disposições legais e contrariar as decisões das instâncias superiores acerca da matéria, verifica-se que a decisão agravada prejudica,

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ainda, a atividade rural – de suma importância para o país – pois acaba por estimular o seu exercício irregular, bem como o prejuízo inesperado e generalizado aos credores, sendo esta mais uma razão para sua reforma.

V.ii – IMPOSSIBILIDADE DE CONTAGEM DO PRAZO DE SUSPENSÃO DAS AÇÕES EM DIAS ÚTEIS

➢ NATUREZA DO PRAZO – PRODUÇÃO DE EFEITOS FORA DO ÂMBITO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL

48. Por fim, o presente recurso tem por objetivo reformar a parte da decisão agravada que dispõe que a contagem do prazo previsto no artigo 6º, §4º da Lei 11.101/2005, deverá ser realizada em dias úteis, à luz do artigo 219 do CPC:

“Nesse sentido, tendo em vista a teoria da superação do dualismo pendular, a circunstância de que o prazo do automatic stay é composto pela soma de prazos processuais e a necessidade de preservação da unidade lógica da recuperação judicial, conclui-se que também esse prazo de 180 dias deve ser contado em dias úteis.”

49. Ocorre que, o artigo 219 do Novo CPC, em seu parágrafo único, é expresso ao mencionar que esta forma de contagem (em dias úteis) é específica e exclusiva para PRAZOS PROCESSUAIS:

“Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, computar-se-ão somente os dias úteis.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se somente aos prazos processuais.” (destacamos)

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50. Todavia, o prazo de 180 dias previsto no artigo 6º, §4º da Lei 11.101/2005 não possui natureza de prazo processual - de modo que a nova regra de contagem de prazos em dias úteis do CPC de 2015 não poderia ser a ele aplicada.

51. Note-se que o próprio juízo “a quo” reconhece isso na decisão ora agravada. Pede-se vênia para copiar trecho a este respeito:

“O prazo de 180 dias de suspensão das ações e execuções movidas contra a recuperanda (automatic stay), previsto no art. 6º, §4º e no art. 53, III, ambos da LRF, deve ser considerado, tecnicamente, como prazo material. Isso porque, esses dispositivos não determinam tempo para a prática de ato processual. Assim, em tese, tal prazo não seria atingido pela nova regra do art. 219 do NCPC.”

52. De acordo com a doutrina especializada em Processo Civil, os prazos se dividem em processuais (ou endoprocessuais) e extraprocessuais.

53. Os endoprocessuais, como o nome indica, são aqueles que produzem efeitos dentro do processo, já os prazos extraprocessuais, apesar de estarem relacionados de alguma forma a algum tipo de processo, fluem fora deste. Nesse sentido, vejamos os ensinamentos de Cândido Rangel Dinamarco:

“Na grande maioria, os prazos que a lei processual estabelece são endoprocessuais, ou seja, referem-se a fatos componentes de um só e mesmo processo e ditam distâncias temporais entre atos de um só procedimento (prazo para contestar, para arrolar testemunhas, para recorrer, etc.). Mas há também

prazos que, embora digam respeito ao sistema processual e estejam disciplinados na lei do processo, fluem fora deste e às vezes até antes que algum processo se instaure.” 2

54. Assim, é evidente que o prazo de suspensão previsto no artigo 6º, §4º da Lei 11.101/2005 é extraprocessual. Pelo menos com relação à recuperação judicial, pois

2 Dinamarco, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil. v.2, 5 ed., São Paulo:

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seus efeitos se projetam para fora do seu âmbito, atingindo a esfera das ações/execuções que se suspenderão pelo referido período de 180 dias – restringindo o direito do credor.

55. Nesse sentido, importante citar trechos do posicionamento da 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial de São Paulo, no julgamento do Agravo de Instrumento nº 2236772-85.2016.8.26.0000, em que se conclui pela impossibilidade da contagem deste prazo em dias úteis, como feito pela decisão ora agravada:

“Volta-se o parágrafo único aos prazos que, conquanto surgidos a partir de um processo ou relativos a atos que nele devam ser praticados, digam respeito a atos sem natureza tipicamente processual, ou então a efeitos que se projetem para além do próprio processo de que originado o ato; a preocupação portanto é com atos processuais ou materiais no próprio processo.

(...)

E, especificamente no tocante ao stay period, também não há como escapar à constatação de que se trate de prazo material. Por um lado, a suspensão do curso dos prazos prescricionais, prevista no art. 6º, caput, atinge um instituto, a prescrição, inserido inequivocamente no direito material; de outra parte, a suspensão de toda e qualquer ação e execução já em curso contra a devedora é efeito que não se restringe ao processo de que emanado, incidindo como limitador do exercício de direitos pelos credores fora daquele, daí não se podendo falar em eficácia meramente processual ou interna ao próprio processo de recuperação. Por decorrência, o prazo máximo de cento e oitenta dias em relação a que tolerada a produção desses efeitos materiais também é material, não tipicamente processual.”

56. Dessa forma, se o prazo produz efeitos tão somente fora da recuperação judicial e não atinge os andamentos deste processo, NÃO pode ser considerado

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processual, aplicando-se a contagem em dias corridos, nos termos do artigo 219, § único do CPC.

➢ DA CELERIDADE NECESSÁRIA À RECUPERAÇÃO JUDICIAL E DA

SEGURANÇA JURÍDICA

57. Como o devido acatamento, não há como prevalecer o argumento suscitado na r. decisão agravada no sentido de que a contagem no prazo em discussão em dias úteis é necessária à viabilidade do processo de recuperação judicial.

58. Isso porque, ao prever o prazo de 180 dias, a lógica da Lei foi implantar um tempo razoável para que o devedor pudesse ganhar fôlego, elaborar um Plano de Recuperação viável e apresentá-lo aos seus credores, com a segurança de que seu patrimônio não fosse executado – justamente de forma a manter o equilíbrio entre o direito do devedor e do credor.

59. A entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil em nada modifica o propósito da Lei nº 11.101/05. A lógica e conteúdo não processual do prazo de 180 dias continuam os mesmos, na forma em que foram concebidos na norma específica.

60. Inclusive, foi justamente este o motivo pelo qual a Lei 11.101/2005 tratou o referido prazo como improrrogável. Lembre-se o que dispõe o texto legal:

§ 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata o caput deste

artigo em hipótese nenhuma excederá o prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado do deferimento do processamento da recuperação, restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, independentemente de pronunciamento judicial.

61. A intenção do legislador era delimitar o tempo para definição do processo de recuperação judicial – beneficiando a todos os envolvidos, inclusive às próprias recuperandas, a obter, de forma célere, a homologação de seu plano de recuperação judicial.

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62. Isto é: o objetivo da Lei era fixar um prazo único, garantindo a conduta diligente da recuperanda, para preservar a credibilidade do processo de recuperação judicial, de forma a limitar o risco na avaliação das empresas – beneficiando, por consequência, o ambiente econômico como um todo.

63. Para evidenciar o escopo do legislador, importante transcrever trecho do parecer apresentado pelo Senador Ramez Tebet, Relator do projeto no Senado, (disponível em https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/63304):

“Modificamos, ainda, a redação do § 5º do art. 7º do PLC nº 71, de 2003, não só para torná-lo mais objetivo, mas também e principalmente para dar-lhe redação que deixe claro que o prazo de 180 dias de suspensão das ações e execuções na recuperação judicial é absolutamente improrrogável, mesmo que o atraso na aprovação do plano não se dê por responsabilidade do devedor. A suspensão das ações é medida gravíssima em relação aos direitos dos credores, que só se justifica excepcionalmente, pela necessidade de se conceder ao devedor alguma tranqüilidade para negociar sua recuperação. Abrir a mínima possibilidade de que uma decisão judicial, dessintonizada dos objetivos de eficiência econômica da lei, prorrogue a suspensão – em um processo que seja – significa prejudicar a credibilidade e a avaliação do risco de todas as empresas brasileiras, pois jamais se saberia com certeza por quanto tempo essa suspensão de cunho legal poderia arrastar-se. A melhor solução é o estabelecimento de um prazo único, de 180 dias contados do deferimento do processamento da recuperação judicial, findo o qual as ações e execuções voltam a correr normalmente, independentemente de pronunciamento judicial. Dessa maneira, a lei estimula a conduta diligente do devedor, que deverá apresentar a seus credores um plano viável e envidar seus melhores esforços para que seja aprovado em 180 dias, já que, se não o for, as ações e execuções iniciarão ou continuarão seu curso,

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reabrindo-se a possibilidade de decretação da falência por inadimplemento de obrigações anteriores ao pedido de recuperação.

64. Em sintonia com a lógica legislativa, portanto, está a segurança jurídica.

65. E, na mesma linha do parecer do Senador, em outro Agravo de Instrumento acerca desta mesma matéria, de nº 2136791-83.2016.8.26.0000 – também do TJ/SP– o N. Relator fez importante reflexão sobre as consequências de se flexibilizar o texto legal em prol do devedor, diante do risco de se validar recuperações “fracassadas” – já que a empresa que realmente tem capacidade de se soerguer deve preocupar-se em apresentar e aprovar um plano satisfatório o quanto antes – justamente para cumprir sua função social – e não em retardar o processo.

66. Vejamos a ementa do mencionado julgado:

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. Recuperação Judicial.

Decisão singular que defere a contagem do prazo previsto no § 4º do artigo 6º da Lei n. 11.101/2005 em dias úteis. Descabimento. No entendimento do Relator, o prazo de 180 dias contado do deferimento do processamento da recuperação é improrrogável e a contagem em dias úteis configura injustificada prorrogação contra legem. Stay period configura-se prazo de natureza material, de modo que a sua contagem deve se dar em dias corridos. Inaplicabilidade da forma de contagem em

dias úteis instituída no art. 219 do CPC/15. Decisão reformada. Agravo Provido. Dispositivo: Deram provimento ao recurso para declarar a contagem do prazo de suspensão das ações em dias corridos.

67. E as reflexões expostas na decisão:

“A eficácia do instituto da recuperação judicial depende da segurança jurídica e, para tanto, observa-se a necessidade de cautela na

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flexibilização de dispositivos legais concedida no Juízo Recuperacional ou no uso de interpretações próprias do processo civil que não se dialogam com a recuperação judicial. Permitir a inobservância dos dispositivos legais significa validar recuperações fracassadas. Atrasos e pretensões instrumentais contra legem demonstram uma face insegura e desorganizada do devedor, e sua não disposição em dar prosseguimento a um plano recuperatório capaz de atendera seus interesses de soerguimento empresarial e de cumprimento dos objetivos legais de promover “sua função social e o estímulo à atividade econômica”(LREF, art. 47, final)

também erro em dar interpretação pró-devedor ou manifestamente pró-credor à disciplina recuperatória em juízo porque, de um lado, se manifestará, em breve prazo, a descrença no sistema judicial, como ocorreu com as leis falimentares que precederam à Lei n. 11.101/2005 e, de,outro, a inviabilização do instituto e à atividade econômica como um todo

Isso reflete a importância de se ter bem definido o dia em que cessa o período de suspensão, seja para nortear o devedor quanto ao exato cumprimento das exigências a que voluntariamente se submeteu, seja para definir o período de limitação de direito dos credores, seja para dar segurança à atividade econômica quanto à certeza de que o devedor dispõe de organização administrativa e contábil que lhe permite pleitear a recuperação, apresentando a seus credores plano factível e aceitável de reorganização, em certo prazo definido pelo legislador pátrio.”

68. O que se verifica é que a contagem do prazo de suspensão das ações em dias corridos não prejudica em absolutamente nada a recuperação judicial da empresa que, proativa e diligentemente, impulsionar o seu processo. Ao passo que, a

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contagem, em dias úteis, beneficiará à recuperanda que pretende tão somente utilizar-se da recuperação judicial como um escudo para utilizar-se esquivar de suas obrigações.

69. A despeito da previsão legal, não se ignora que este prazo, às vezes, é dilatado por ordens judiciais, em alguns processos de recuperação judicial, a depender do cenário fático, o que, como visto, afronta a previsão de que é “improrrogável”.

70. Ocorre que, se além dessa prática, contrária ao texto da lei, de se prorrogar o prazo em algumas situações, ainda forem considerados apenas os dias úteis no seu cômputo, estará se pulverizando de vez o escopo imprimido pela nº Lei 11.101/05 – ferindo toda a sistemática acima exposta.

71. Portanto, não se mostra razoável a contagem do prazo previsto no artigo 6, §4º da Lei 11.101/2005 em dias úteis, também pela patente violação ao referido texto de Lei.

➢ DA REGRA DE HERMENÊUTICA

72. Por fim, não se pode olvidar que o Novo Código de Processo Civil é norma geral, que não revoga Lei Especial (Lei 11.101/05), concebida com a contagem do prazo em questão de 180 dias corridos (art. 2º Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro).

73. O Código de Processo Civil possui aplicação subsidiária à Lei n. 11.101/2005, conforme previsão expressa em seu art. 189 – hipótese em que as disposições de regra geral claramente não prevalecem sobre a Lei especial.

74. Nesse sentido, é o posicionamento da doutrina do Prof. Fabio Ulhoa Coelho:

“Claro está que, em prevendo a Lei de Falências uma determinada disciplina para certa matéria, o socorro ao processo geral é incabível: deve-se aplicar o que a legislação falimentar preceitua, ainda que diferente da norma do Código de Processo Civil ou do Código de

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Processo Penal” (Comentários à Lei de falências e de recuperação de empresas. São Paulo: RT, 10ª ed., p. 530).

75. Portanto, este é mais um motivo que justifica a reforma da decisão ora agravada.

VI - DO EFEITO SUSPENSIVO

76. Resta evidenciada acima a presença do fumus boni iuris (relevante

fundamentação) ao caso, diante da: i) impossibilidade de deferimento da recuperação judicial de produtores rurais e; ii) impossibilidade de contar o prazo do artigo 6º, §4º da Lei 11.101/2005 em dias úteis.

77. Há, ainda, a presença do “periculum in mora” – risco de lesão grave e irreparável.

78. Isso porque, no que tange ao deferimento da Recuperação Judicial de devedores não legitimados (produtores rurais), o agravante e demais credores ficam privados de seu direito de cobrança, sendo que a demora na satisfação de seus créditos – por si só – já representa lesão grave e de difícil reparação ao Bradesco, diante da situação financeira pela qual passam os devedores.

79. Note-se que o Superior Tribunal de Justiça na Medida Cautelar que tratava de situação semelhante já reconheceu o periculum in mora aos credores:

De outro lado, revela-se temerária a concessão de efeito suspensivo ativo ao recurso especial dos requeridos, com a expressa determinação de que prossiga o processo de recuperação judicial, uma vez que a consequência imediata, qual seja a suspensão de todas as ações e execuções contra os requeridos, que em princípio não atenderiam as condições legais para a obtenção do benefício legal, ensejaria situação injusta e verdadeiro periculum in mora às avessas, em vista dos evidentes prejuízos aos seus credores.” (MC

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80. O que se diz é que, não há certeza sobre a suficiência de bens para saldar a dívida bilionária, que cresce a cada dia em razão dos encargos naturais da mora.

81. Desse modo, aguardar-se a decisão de mérito deste recurso para autorizar o direito de cobrança do Bradesco, de uma dívida não submetida a uma recuperação judicial – poderá ser fatal para o sucesso da execução.

82. É evidente que, no estado em que se encontram os devedores, aguardar o período para o julgamento regular deste Agravo de Instrumento poderá ser irreversível a este credor, pois não se sabe como se comportará a saúde financeira dos agravados.

83. O que se diz é que o cenário é demasiadamente incerto, com possibilidade real de graves danos, relacionados à supressão de acesso destes credores aos mecanismos judiciais para recebimento de seus créditos.

84. Pelo mesmo motivo (privação indevida do direito do credor), é que se justifica a liminar para suspender os efeitos da parte da decisão que determina a contagem do prazo de suspensão das ações e execuções movidas em dias úteis.

85. Isso sem considerar a quantidade de atos inócuos que poderão ser praticados no âmbito da recuperação judicial e de despesas processuais que serão arcadas indevidamente pelas partes enquanto o recurso não é julgado, caso a decisão agravada seja reformada apenas quando do julgamento de mérito deste Agravo.

86. Assim, necessária a concessão de liminar para suspender, de imediato, os efeitos da decisão agravada.

VII - DO PEDIDO

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a) A concessão de liminar para suspender os efeitos da decisão agravada em razão da:

i. impossibilidade de deferimento da recuperação judicial de produtores rurais;

ii. impossibilidade de contar o prazo do artigo 6º, §4º da Lei 11.101/2005 em dias úteis.

b) Ao final, seja dado provimento ao presente para reformar a decisão agravada no que tange aos dois pedidos indicados na letra “a” acima.

Requer, por fim, que as publicações e intimações deste recurso sejam feitas exclusivamente em nome de Bruno Delgado Chiaradia, inscrito na OAB/SP 177.650, com escritório na Rua Bela Cintra nº 1.149, 12º andar, Jardim Paulista, São Paulo-SP - CEP – 01415-001, sob pena de nulidade.

Goiânia, 05 de março de 2018

Bruno Delgado Chiaradia Milena Grossi S. Meyknecht

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Ellen Carolina da Silva Priscila Telio Bonilha João Batista da Silva Parreira Cristian Barichello

Lílian dos Santos Michele Lenharo Decina Priscila Arone Coutinho Juliana de Almeida Fernandes Roberta Borges Cerqueira Cinthia Inoue

Roberta Gama Meira Dickel Francisco de Toledo Iglesias Leandro Carotenuto Renato Luís Comparotto Luciana Cavalcanti Bucharelli Leonardo Barbosa Silva

Frederico Penna de Almeida Moura Adalberto Diorgem Alcantara Lima Juliana Neves Crisostomo 544.29956

José Roberto Camasmie Assad Rebeca Scattone Ramos Eliana F. Camilo Cavalcante de Moura

Anny Pires Bueno Carla Emanuele Salido Vanessa de Brito Rego Aline de Oliveira Teles

Vinícius Barbato Valeska Fernandes Lucchi Henrique Manuel Lopes Gonçalves

André Fernando Cega Ana Paula Vicente Machado Deisy Vanessa Novais Granado Thiago Janavicius Romero Cordeiro

Jefferson Weiss Camila Feltrim dos Santos Lucas Rozemberg Santana Campos

Rafael Sales Ribeiro Santos Stéfani Grando Guedes

Daniel Cunha Hakim Laira Caroline Matos Anitelli Marcela Alves Scalco Steffani Itria Halbroth Ana Carolina Barreto Biasi Alice Lopes Lima M. de Almeida Daniel Henrique Fabrini Debonis Marcela Carvalho Pedrosa Jacqueline Cristina Bencsik Carolina C. Alvares Lopes Maria Carolina Silva Amarante Vinícius Emídio Cezar Mayara Salvador da Paz Vicente Tito da Silva Neto Irlana Cristina Mendes Torres Porto Patricia Fumagalli Danielle Santos Almeida Fernanda Garcia Luiz Trajano Caroline Vallerio Oliveira

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 12ª VARA CÍVEL DO FORO DA CAPITAL DO ESTADO DE GOIÁS.

Processo no 5018556.53.2018.8.09.0051

SYNGENTA PROTEÇÃO DE CULTIVOS LTDA, pessoa jurídica com sede na Avenida das Nações Unidas, 18.001, 2º andar, CEP 04795-900, São Paulo, Estado de São Paulo, inscrita no CNPJ/MF sob nº 60.744.463/0001-90, por seus advogados (Docs. 01/03), nos autos da Recuperação Judicial movida por AGROPECUÁRIA SEMENTES TALISMÃ LTDA. e OUTROS, vem, respeitosamente,

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01. O recurso interposto (n. 5092236.30.2018.8.09.0000) foi distribuído por prevenção ao E. Relator Desembargador Alan Sebastião de Sena Conceição da 5ª Câmara Cível do E. Tribunal de Justiça de Goiás, acompanhado das seguintes peças:

 declaração de ausência de contestação;

 petição inicial, motivadora da decisão agravada e documentos;  r. decisão agravada;

 procuração e substabelecimento outorgados aos advogados dos Agravados;

 procuração e substabelecimento outorgados aos advogados da Agravante;

 procuração e substabelecimento outorgados aos advogados de todos os interessados, até então no processo.

 cópia da inicial e documentos da ação Monitória que a Agravante move contra o Agravado, RAPHAEL GONÇALVES SOUSA.

 Guia de custas de interposição do recurso e comprovante de quitação

02. Requer, outrossim, que todas as intimações sejam realizadas EXCLUSIVAMENTE em nome do patrono Dr. Celso Umberto Luchesi, inscrito na OAB/SP sob o nº 76.458 e OAB/GO nº 23.694, com endereço físico e eletrônico conforme o timbre desta petição, nos termos do parágrafo 5º do artigo 272 do NCPC.

Termos em que, pede deferimento.

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Número Processo 5092236.30.2018.8.09.0000

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Advogado CELSO UMBERTO LUCHESI OAB/Matrícula 23694

Juízo 6ª Câmara Cível

Classe Agravo de Instrumento ( CPC ) Assunto(s) Convolação de recuperação judicial em falência

Valor da Causa 100.000,00 Data Distribuição 02/03/2018

Prioridade Normal Segredo de Justiça NÃO

PROMOVENTE(S)

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