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Open Avaliação da qualidade de vida urbana dos condomínios horizontais da cidade de João Pessoa – PB

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

ANNELIESE HEYDEN CABRAL DE LIRA

Avaliação da qualidade de vida urbana dos condomínios horizontais da cidade

de João Pessoa – PB

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Arquitetura e Urbanismo, do Programa de Pós-Graduação em

Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Orientador: Prof. Dr. José Augusto Ribeiro da Silveira

(2)

Anneliese Heyden Cabral de Lira

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA URBANA DOS CONDOMÍNIOS

HORIZONTAIS DA CIDADE DE JOÃO PESSOA

-

PB

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Arquitetura e Urbanismo, do Programa de Pós-Graduação em

Arquitetura e Urbanismo (PPGAU) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Orientador: Dr. José Augusto Ribeiro da Silveira

JOÃO PESSOA

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Prof. Dr. José Augusto Ribeiro da Silveira, pelo interesse no tema, pela generosidade, paciência e por todas as contribuições acadêmicas, que começaram desde a minha graduação.

Ao professor Dr. Edson Leite Ribeiro pelos conselhos, pelo incentivo e auxilio durante minha trajetória acadêmica.

As professoras Dr.ª Luciana Andrade Passos e Dr.ª Milena Dutra pelas ricas contribuições em etapas imprescindíveis do meu trabalho.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo.

À Sinval, por sempre ajudar os mestrandos com tanta dedicação.

Aos meus amigos e colegas de trabalho Marcella Portela, Natália Sá, Anny Karinny, Ana Luzia e Júlio Cesar pelas dicas, pela cumplicidade e compreensão.

Aos meus alunos pela receptividade e por fazerem parte do meu “caminhar” acadêmico.

Ao colega Alexandre Castro pela boa vontade e preciosa ajuda na elaboração dos meus resultados.

À Walkiria, minha mãe, que me ensinou a ser forte e a aprender com as dificuldades. Sem seu apoio, sem dúvida, não teria chegado até aqui.

Ao meu marido Leonardo, meu grande amor, amigo e companheiro, pelo incentivo, pela dedicação e paciência nos momentos de angústia e ausência e pelas vezes (e foram muitas) que ele foi pai e mãe, cuidando da nossa princesa.

Ao cosmo, pela oportunidade de aperfeiçoar a minha existência.

(6)

“O que é uma cidade, se não as pessoas?”

(7)

Avaliação da qualidade de vida dos condomínios horizontais da cidade de João Pessoa - PB

RESUMO

Este estudo tem como tema a qualidade de vida urbana nos condomínios horizontais localizados na cidade de João Pessoa-PB. Essa modalidade residencial tem se proliferado e movimentado consideravelmente o mercado imobiliário local, utilizando a premissa de que a “qualidade de vida” no interior dos condomínios é superior ao padrão urbano encontrado na cidade extramuros. No entanto, não existem pesquisas locais que mensurem essa mencionada “qualidade de vida”, a partir de métodos científicos e específicos. Desse modo, com base no método “Índice da Qualidade de Vida Urbana de João Pessoa” (IQVU-JP), este estudo procura preencher a lacuna, dedicando-se a investigar a qualidade de vida destes empreendimentos. Para tanto, os objetos de estudo desta pesquisa foram delimitados a partir de critérios como densidade demográfica, dimensão espacial e localização, configurando-se em três condomínios: condomínio Cabo Branco Residence Privé, condomínio Villas do Farol e condomínio Alphaville. Os principais resultados desta pesquisa apontam para a importância da localização na determinação da qualidade de vida urbana, uma vez que os atributos locacionais traduzem as facilidades ou deficiências das oportunidades e dos acessos urbanos. Neste sentido, embora os condomínios analisados tenham apresentado alta qualidade habitacional e ambiental, apenas o condomínio Alphaville, que se localiza em um setor urbano mais conectado à malha urbana consolidada, obteve um alto índice de qualidade de vida urbana. Os condomínios Cabo Branco Residence Privé e Villas do Farol, que se situam no setor sul da faixa litorânea da cidade, apresentaram baixos índices de acessibilidade e facilidades urbanas, devido às distâncias a serem percorridas até o centro principal e secundário, além da deficiente cobertura dos serviços de transportes público, do aumento considerável do tempo médio das viagens diárias e da precariedade do provimento de comércio e de serviços locais. A investigação também demonstrou que a qualidade de vida urbana aferida não condiz com o que é propagado pela mídia e pelo mercado imobiliário local, que atribui valores às áreas consideradas distantes com baixa densidade urbana e ao isolamento físico e social.

Palavras-chave: condomínio horizontal; qualidade de vida urbana; facilidades urbanas;

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Evaluation of the quality of urban life in the horizontal condominiums in the city of João Pessoa – PB

ABSTRACT

This study is about the quality of urban life in the horizontal condominiums located in the city of João Pessoa – PB. This habitational type has been proliferating and substantially moving the

local real estate market, using the premise that the “quality of life” inside the condominiums is

supposedly higher than the urban standard found in the city outside its walls. However, there is

no local researches that measures this so called “quality of life” by using specific and scientific methods. Thereby, based on the method “Index of the Quality of Urban Life in the city of João Pessoa” (IQUL-JP), the present study aims at filling that gap, dedicating itself to investigate the quality of life of the condominiums. Thus, the study subjects in this research were delimited by the use of criteria like demographic density, spatial dimension and location, configuring into three condominiums: Cabo Branco Residence Privé, Villas do Farol, and Alphaville. The main results in this research shows how important the location is on determining the quality of urban life, since the locational atributes translate the facilities and deficiencies of oportunities and urban access. In this sense, although the condominums analyzed have presented a high habitational and environmental quality, only the condominium Alphaville, which is located on a urban sector more connected to the consolidated urban network, has obtained a high index of quality of urban life. The condominiums Cabo Branco Residence Privé and Villas do Farol, which are located on the south sector of the city coast, presents low indexes of accesibility and urban facilities, due to the distance to the main and secondary centers, besides the deficient cover of public transportation, the considerable increase of the average time on the daily trips and the low quality on the provision of commerce and local services. The investigation also demonstrates that the quality of urban life measured does not match what is propagated by the advertising and the local real estate market, which gives high value to areas considered distant, with low urban density and physically and socially isolated.

(9)

LISTA DE TABELAS

Tabela 01. Critérios para elaboração do índice de saturação por quarto - Ipqhab 70

Tabela 02. Critérios para elaboração do índice de condições estruturais habitacionais

-Icehab 70

Tabela 03. Critérios para elaboração do índice de condições infraestruturais habitacionais

- Icihab 72

Tabela 04. Critérios para elaboração do índice de abastecimento de água - Iab 72

Tabela 05. Critérios para elaboração do índice de coleta de esgoto - Ice 72

Tabela 06. Critérios para elaboração do índice de coleta de resíduos sólidos - Icr 72

Tabela 07. Critérios para elaboração dos índices de pavimentação das vias carroçáveis

-Ipav (a) e de pavimentação das calçadas - Ipav (b) 73

Tabela 08. Critérios para elaboração dos índices de presença e proximidade de equipamentos públicos - Ipep e de presença e proximidade de equipamentos segundo sua

qualidade - Ipqep 74

Tabela 09. Critérios para elaboração dos índices de acessibilidade física a áreas geradoras de oferta de emprego, possibilidades de renda, escola e bens e serviços - Iaer (A) e Iaer

(B) 75

Tabela 10. Critérios para elaboração do índice de acessibilidade ao provimento facilitado

de bens e serviços - Iabs 76

Tabela 11. Critérios para elaboração do índice de acessibilidade a áreas de lazer pública-

Ialz 76

Tabela 12. Critérios para elaboração do índice de proximidade ou presença sensível de parques, áreas verdes ou áreas de valor cênico e praias - Iapv 77

Tabela 13. Critérios para elaboração do índice de qualidade ambiental - Iqamb 77

Tabela 14. Critérios para elaboração do índice de áreas verdes tratadas por habitante

-Iavt 78

Tabela 15. Critérios para elaboração do índice de homogeneidade social indicada pelo

padrão habitacional - Ihab 78

Tabela 16. Critérios para elaboração do subíndice de critério de renda média - Icrm 79

Tabela 17. Critérios para elaboração do subíndice de critério de renda da faixa qualitativa

- Cdq 79

Tabela 18. Critérios para elaboração dos índices de baixa violência interpessoal urbana

(10)

Tabela 19. Critérios para avaliação qualitativa, por faixa de Índice de Qualidade Urbana

-IQU 81

Tabela 20. Índice IQU e índices secundários entre os bairros de alto IQU em João Pessoa

– PB 98

Tabela 21. Índice IQU e índices secundários entre os bairros de médio superior IQU em

João Pessoa – PB 100

Tabela 22. Índice IQU e índices secundários entre os bairros de médio IQU em João

Pessoa – PB 101

Tabela 23. Índice IQU e índices secundários entre os bairros de baixo IQU em João Pessoa - PB, em sua faixa superior (entre 0,300 e 0,499) 102

Tabela 24. Quadro com informações dos condomínios horizontais de João Pessoa - PB 113

Tabela 25. Densidades brutas do condomínio Cabo Branco Residence Privé em João

Pessoa-PB 124

Tabela 26. Taxas urbanísticas do condomínio Cabo Branco Residence Privé em João

Pessoa-PB 125

Tabela 27. Dimensões dos lotes dos condomínios horizontais de João Pessoa em João

Pessoa-PB 130

Tabela 28. Taxas urbanísticas internas dos condomínios horizontais em João Pessoa-PB 134

Tabela 29. Taxas urbanísticas internas do condomínio Alphaville em João Pessoa-PB 136

Tabela 30. Critérios do índice de saturação por quarto (Ipqhab) dos condomínios Cabo

Branco Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 143

Tabela 31. Critérios do índice de condições estruturais habitacionais (Icehab) dos condomínios Cabo Branco Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 144 Tabela 32. Critérios do índice de condições infraesutrurais habitacionais (Icibab) dos condomínios Cabo Branco Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 148 Tabela 33. Construção do IQHA – Indicador de Habitabilidade dos condomínios Cabo

Branco Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 149

Tabela 34. Infraestrutura e Saneamento dos condomínios Cabo Branco Residence Privé,

Villas do Farol e Alphaville 150

Tabela 35. Critérios dos índices de abastecimento de águar (Iab), de coleta de esgoto (Ice) e de coleta de resíduos sólidos (Icrs) dos condomínios Cabo Branco Residence Privé,

Villas do Farol e Alphaville 151

(11)

Tabela 37. Número de equipamentos públicos próximo aos condomínios Cabo Branco

Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 155

Tabela 38. Critérios do índice de presença e proximidade de equipamentos públicos – Ipep dos condomínios Cabo Branco Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 155 Tabela 39. Critérios do índice de presença e proximidade de equipamentos segundo sua qualidade – Ipqep dos condomínios Cabo Branco Residence Privé, Villas do Farol e

Alphaville 156

Tabela 40. Construção do IQFAC – Indicador de Facilidades Urbanas dos condomínios Cabo Branco Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 157 Tabela 41. Distância do Centro principal aos condomínios Cabo Branco Residence Privé,

Villas do Farol e Alphaville 162

Tabela 42. Atendimento das linhas de ônibus municipais aos condomínios Cabo Branco

Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 164

Tabela 43. Matriz Modal/Tempo/Condomínios-Centro Principal 164

Tabela 44. Critérios e pontuação do índice de Acessibilidade física a áreas geradoras de emprego, possibilidades de renda, escolas e bens de serviço dos condomínios Cabo

Branco Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 165

Tabela 45. Distância dos subcentros aos condomínios Cabo Branco Residence Privé,

Villas do Farol e Alphaville 168

Tabela 46. Matriz Modal/Tempo/Condomínios-Subcentros 169

Tabela 47. Critérios e pontuação do índice de Acessibilidade física a áreas geradoras de emprego, possibilidades de renda, escolas e bens de serviço dos condomínios Cabo

Branco Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 169

Tabela 48. Distância dos centros terciários aos condomínios Cabo Branco Residence

Privé, Villas do Farol e Alphaville 175

Tabela 49. Matriz Modal/Tempo/Condomínios-Centros Terciários 176

(12)

Farol e Alphaville 184 Tabela 54. Índice de Qualidade Ambiental (Iqamb) dos condomínios Cabo Branco

Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 185

Tabela 55. População, área verde e área ver por habitante dos condomínios Cabo Branco

Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 186

Tabela 56. Critérios do índice de área verde tratada por habitante (Iavt) dos condomínios Cabo Branco Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 187 Tabela 57. Índice de homogeneidade social indicada pelo padrão habitacional (Ihab) dos condomínios Cabo Branco Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 188 Tabela 58. Índice de critério de renda média (Icrm) dos condomínios Cabo Branco

Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 189

Tabela 59. Índice de distribuição de renda (Icdr) dos condomínios Cabo Branco

Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 189

Tabela 60. Índice de critério de baixa violência interpessoal (Ipaz) dos condomínios Cabo

Branco Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 191

Tabela 61. Índice de critério de baixa violência no trânsito urbano (Itran) dos condomínios Cabo Branco Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 191 Tabela 62. Construção do IAAM – Indicador de Ambiência Urbana dos condomínios Cabo Branco Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 192 Tabela 63. Valores dos indicadores, do IQU e do IQVU do condomínio Cabo Branco

Residence Privé em João Pessoa – PB 197

Tabela 64. Valores dos indicadores, do IQU e do IQVU do condomínio Villas do Farol em

João Pessoa – PB 198

Tabela 65. Valores dos indicadores, do IQU e do IQVU do condomínio Alphaville em

João Pessoa – PB 202

Tabela 66. Valores do IQU e do IQVU dos condomínios CBRP, Villas do Farol e

Alphaville 206

LISTA DE QUADROS

Quadro 01. Domínios e elementos considerados na Qualidade de Vida 35 Quadro 02. Variáveis considerados no Índice Sintético de Satisfação da Qualidade de Vida

(13)

Quadro 03. Categorias de análise e variáveis utilizadas no índice QAU 44 Quadro 04. Categorias e subcategorias dos equipamentos urbanos que constam na NBR

9284/86 47

Quando 05. Equipamentos mínimos dos diversos escalões urbanos 49

Quadro 06. Atributos do alojamento e da vizinhança 61

Quadro 07. Tipos de modalidades condominiais e suas principais características 65 Quadro 08. Roteiro de perguntas e objetivos do questionário aplicado aos moradores dos condomínios Cabo Branco Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 84

Quadro 09. Itens de segurança dos condomínios horizontais da cidade de João Pessoa 126 Quadro 10. Equipamentos coletivos dos condomínios horizontais de João Pessoa 132

LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Localização dos condomínios horizontais de alta renda da cidade de João

Pessoa e os tomados como objetos de estudo 27

Figura 02. Esquema da Qualidade de Vida Urbana, com os seus quatro domínios e várias

temáticas, segundo Santos e Martins (2002) 39

Figura 03. Escalonamento urbano 48

Figura 04. Esquema do Índice de Qualidade de Vida Urbana aplicada à cidade de João

Pessoa-PB 68

Figura 05. Índice de Qualidade de Vida Urbana aplicada à cidade de João Pessoa (IQVU

-JP) e o grupo de indicadores e índices que o compõe 86

Figura 06. Esquema estrutural urbano da cidade de João Pessoa, pelo modelo de Hoyt 94 Figura 07. Análise da evolução urbana da cidade de João Pessoa-PB, entre as décadas de

1930 e 2013, e a localização dos condomínios estudados

96 Figura 08. Evolução da produção dos condomínios horizontais de João Pessoa – PB 113 Figura 09. Localização dos setores de concentração dos condomínios horizontais 114 Figura 10. Locais com presença de condomínios horizontais e mapa de zoneamento de

João Pessoa 115

Figura 11. Estoque de grandes vazios urbanos no setor sul de João Pessoa 116 Figura 12. Mapa com as zonas que permitem o uso R4, segundo o Código de Urbanismo

da cidade de João Pessoa-PB 117

Figura 13. Fachadas de fundo das residências voltadas para a fachada principal do

(14)

Figura 14. Planta baixa do condomínio Cabo Branco Residence Privé 123 Figura 15. Comparação entre as taxas mínimas impostas por órgãos competentes e as do

condomínio Cabo Branco Residence Privé 125

Figura 16. Antigo hospital do Nazareno 128

Figura 17. Revitalização do prédio para a instalação da área comercial do condomínio

Villas do Farol 128

Figura 18. Taxas de ocupação dos lotes 129

Figura 19. Planta baixa do condomínio Villas do Farol 131

Figura 20. Setor frontal do condomínio Villas do Farol 131

Figura 21. Área de lazer do Villas do Farol 131

Figura 22. Residência localizada dentro do condomínio Villas do Farol 132 Figura 23. Residência localizada dentro do condomínio Villas do Farol 132 Figura 24. Residência localizada dentro do condomínio Villas do Farol 132 Figura 25. Taxa urbanística do Condomínio Villas do Farol 133

Figura 26. Taxa urbanística do Condomínio Alphaville 137

Figura 27. Planta de implantação do condomínio Alphaville 138 Figura 28. Gráfico do número de quartos contabilizados nos questionários destinados aos moradores dos condomínios Alphaville, Cabo Branco Residence Privé e Villas do Farol 142 Figura 29. Aparência e tipologia construtiva das residências encontradas no condomínio

Vilas do Farol 144

Figura 30. Residência encontrada no condomínio Alphaville 144 Figura 31. Residência encontrada no condomínio Alphaville 144 Figura 32. Gráfico do número de banheiros contabilizados nos questionários destinados aos moradores dos condomínios Alphaville, Cabo Branco Residence Privé e Villas do

Farol 145

Figura 33. Perspectiva, Planta baixa do térreo e superior de uma residência existente no

condomínio Cabo Branco Residence Privé 146

Figura 34. Cortes e fachadas de uma residência existente no condomínio Cabo Branco

Residence Privé 147

(15)

Pessoa, destacando os que dão acesso aos condomínios analisados. 159 Figura 40. Principais vias de acesso que servem os condomínios analisados. 160

Figura 41. Brasília, a cidade “tricéfala 161

Figura 42. Raio de influência do centro principal em relação aos condomínios analisados. 166 Figura 43. Mapa da distância do centro principal aos condomínios analisados 167 Figura 44. Mapa dos subcentros da cidade de João Pessoa – PB 170 Figura 45. Mapa das distâncias do condomínio Cabo Branco Residence Privé aos centros

secundários 171

Figura 46. Mapa das distâncias do condomínio Villas do Farol aos centros secundários 172 Figura 47. Mapa das distâncias do condomínio Alphaville aos centros secundários 173 Figura 48. Mapa dos centros terciários de João Pessoa – PB 178 Figura 49. Cobertura de praças e parques aos condomínios horizontais 180 Figura 50. Vista do mirante localizado na edificação restaurada do condomínio Villas do Farol

183

Figura 51. Gradis da fachada principal (sul) do condomínio Alphaville 183 Figura 52. Muro de alvenaria e gradis da fachada principal (sul) do condomínio Cabo

Branco Residence Privé 183

Figura 53. Vista obtida pelos lotes próximos à fachada principal do condomínio CBRP,

destacando em vermelho a praia da Penha 183

Figura 54. Recortes para apreensão do entorno dos condomínios Cabo Branco Residence

Privé, Villas do Farol e Alphaville 185

Figura 55. F1 – Vazios urbanos localizados na via de acesso ao condomínio Cabo Branco

Residence Privé 185

Figura 56. F2 – Vazios urbanos localizados na via de acesso ao condomínio Cabo Branco

Residence Privé 185

Figura 57. F5 – Rua sem saída ladeada de vazios urbanos localizada na fachada oeste do

condomínio Alphaville 185

Figura 58. F3 – Terreno baldio com presença de lixo à céu aberto 185 Fig. 59. Entorno do condomínio Villas do Farol, destacando em azul lotes ocupados por

aglomerados subnormais. 188

(16)

em João Pessoa - PB 196

Figura 63. Gráfico demonstrando a pontuação do grupo de indicadores do IQU do

condomínio Villas do Farol em João Pessoa – PB 198

Figura 64. Conjunto de indicadores do IQU do condomínio Villas do Farol em João

Pessoa - PB 199

Figura 65. Gráfico demonstrando a pontuação do grupo de indicadores do IQU do

condomínio Alphaville em João Pessoa – PB 200

Figura 66. Conjunto de indicadores do IQU do condomínio Alphaville em João Pessoa –

PB 201

Figura 67. Comparativos dos subíndices que perfazem o conjunto de indicadores do IQU dos condomínios Cabo Branco Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 203 Figura 68. Comparativos dos subíndices que perfazem o conjunto de indicadores do IQU dos condomínios Cabo Branco Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 204

Figura 69. Gráfico comparativo mostrando o IDH dos bairros onde os condomínios estão

implantados. 205

Figura 70. Gráfico comparativo mostrando a pontuação do IQVU dos condomínios Cabo

Banco Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville 206

LISTA DE ABREVIATURAS

APP – Área de Preservação Permanente BCB - Zona “B” do Cabo Branco BNH - Banco Nacional de Habitação

CAGEPA - Companhia de Água e Esgotos da Paraíba. CBD - Central Business District

CBRP – Cabo Branco Residence Privé CCB –Zona “C” do Cabo Branco

CCHC – Câmara Chilena de Construção

CEMPRE – Centro de Estudos Macroecônimos e Previsão Cdq – Faixa de renda qualitativa

EMLUR - Autarquia Especial Municipal de Limpeza Urbana ENERGISA - Distribuidora de Energia S/A

(17)

Iabs – Índice de acessibilidade ao provimento facilitado de bens e serviços IACE - Indicador de Acessibilidades Urbanas

Iaer – Índice de acessibilidades físicas a áreas geradoras de oferta de emprego, possibilidades de renda, escolas e bens e serviços

Ialz - Índice de acessibilidade a áreas de lazer pública

Iapv – Índice de proximidade ou presença sensível de parques, áreas verdes ou áreas de valor cênico e praias

Iavt – Índice de áreas verdes tratadas por habitante IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBEU - Índice de Bem-Estar Urbano

Icehab – Índice de condições estruturais habitacionais Icihab – Índice de condições infra-estruturais habitacionais Icrm – Critério de renda média

Icdr – Critério de distribuição de renda

Icrs – Índice de coleta de resíduos sólidos domésticos IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IDH-E – Índice de Desenvolvimento Humano referente à Educação IDH-L- Índice de Desenvolvimento Humano referente à Longevidade IDHS – Índice de Desenvolvimento Humano Sustentável

IDU-Salvador – Índice de Desenvolvimento Urbano de Salvador IEUT – Instituto de Estudos Urbanos e Territoriais

Ihab – Índice de homogeneidade social indicada pelo padrão habitacional do bairro Ihdr – Índice de distribuição de renda média familiar

Ihso – Índice de homogeneidade social INH – Instituto Nacional de Habitação

INOCOOP – Instituto de Orientação às Cooperativas Habitacionais IPEA – Instituto de Pesquisa e Economia Aplicada

IPHAEP – Instituto do Patrimônio Histórico Artístico do Estado da Paraíba Ipav – Índice de pavimentação viária

Ipaz – Critério de paz

Ipep – Índice de presença e proximidade de equipamentos públicos IPPUC – Instituto de Pesquisa e Planjemento urbano de Curitiba Ipqhab – Índice de saturação ou de pessoas por quarto

(18)

IAAM – Indicador de Qualidade Ambiental

Iqamb – Índice de ausência ou presença de elementos nocivos à qualidade ambiental IQAU – Indicador de Qualidade Ambiental e Urbana

IQHA – Indicador de Qualidade Habitacional IQFA – Indicador de Facilidades Urbanas IQU – Índice de Qualidade Urbana

IQU-JP – Índice de Qualidade Urbana de João Pessoa IQVC – Índice de Qualidade de Vida Urbana do Chile

IQVU-BH – Índice de Qualidade de Vida Urbana de Belo Horizonte IQVU-Br – Índice de Qualidade de Vida Urbana Brasileira

IQVU-JP – Índice de Qualidade de Vida Urbana de João Pessoa Ise – Índice de coleta de esgotos

Iseg – Índice de Segurança Urbana

ISSQV – Índice Sintético de Satisfação da Qualidade de Vida Itran – Índice de Baixa Violência no Trânsito Urbano

LAURBE - Laboratório do Ambiente Urbano e Edificado LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil NEM – Núcleo de Estudos Metropolitanos

NBR – Norma Brasileira

ONU – Organização das Nações Unidas

OQOLM –Office of Quality-of-Life Measurement PIB – Produto Interno Bruto

PMJP – Prefeitura Municipal de João Pessoa

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PPGAU – Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo PUC – Pontifícia Universidade Católica

QAU - Índice de Qualidade Ambiental Urbana QC – Qualidade do Contexto da Habitação QEH – Qualidade do Espaço Habitacional QER- Qualidade do Espaço Residencial

QES – Qualidade do Espaço dos Serviços Sociais Básicos QH – Qualidade Habitacional

(19)

R4 – Uso Residencial 4 (Condomínio Horizontal) RMSP – Região Metropolitana de São Paulo SAA - Setor de Amenização Ambiental

SBAU- Sociedade Brasileira de Arborização Urbana SEMAN – Secretaria de Meio Ambiente

SEMOB - Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana SEPLAN – Secretaria de Planejamento

SEREM – JP – Secretaria da Receita Municipal de João Pessoa SFH – Sistema Financeiro de Habitação

SMQVU – Sistema de Monitoramento da Qualidade de Vida Urbana SNIS - Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento

STTRANS - Superintendência de Transportes e Trânsito de João Pessoa SUDEMA – Superintendência de Administração do Meio Ambiente SIRGAS – Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas UFPB - Universidade Federal da Paraíba

UNAMA – Universidade da Amazônia UP – Unidades de Planejamento USA – Estados Unidas da América UTM –Universal Transveral Mercator ZAP – Macrozona Adensável Prioritária ZA4 – Zona Axial 4

ZEIS – Zona Especial de Interesse Social ZEP – Zona Especial de Preservação ZEP1 – Zona Especial de Preservação 1 ZEP 2 – Zona Especial de Preservação 2 ZIS – Zona de Interesse Social

(20)

SUMÁRIO

CAPÍTULO I – Introdução, conceitos e metodologia 21

1. Introdução 22

1.1Objeto de estudo 26

1.2Estrutura do trabalho 29

1.3Conceitos 30

1.3.1 Índices e Indicadores 30

1.3.2 Qualidade de Vida 31

1.3.3 Qualidade de Vida Urbana 37

1.3.4 Facilidades Urbanas (Infraestrutura, equipamentos e serviços urbanos) 46

1.3.5 Acessibilidade urbana 52

1.3.6 Ambiência urbana 56

1.3.7 Qualidade Habitacional (Habitabilidade) 60

1.3.8 Definições, características e tipologias dos condomínios horizontais 63

1.4 Metodologia 67

1.4.1 Indicador de Qualidade Habitacional (Iqha) 69

1.4.2 Indicador de Facilidades Urbanas (Iqfac) 71

1.4.3 Indicador de Acessibilidade Física no Espaço Intraurbano (Iace) 74

1.4.4 Indicador de Qualidade de Ambiência Urbana (Iaam) 76

1.4.5 Pesquisa referencial à construção metodológica 81

1.4.6 Mapeamento e caracterização dos objetos de estudo 82

1.4.7 Obtenção de dados para a plataforma metodológica 83

1.4.8 Organização e tratamento dos dados 85

CAPÍTULO II - Contextualização e problemática 87

2.1 Contexto urbano das cidades latinoamericanas 88

2.2 Contexto urbano da cidade de João Pessoa 91

2.3 Qualidade de vida na cidade de João Pessoa 97

2.4 Condomínios horizontais: origem e contexto 103

2.4.1 Contexto mundial 103

2.4.2 Contexto brasileiro 107

2.5 Surgimento e contexto dos condomínios horizontais na cidade de João Pessoa 111 CAPÍTULO III - Objetos de estudo: Caracterização física e social 119

(21)

3.1.1 Condomínio Cabo Branco Residence Privé 120

3.1.2 Condomínio Villas do Farol 128

3.1.3 Condomínio Alphaville 135

CAPÍTULO IV – Mensuração da Qualidade Urbana dos condomínios Cabo Branco Residence Privé, Villas do Farol e Alphaville, em João Pessoa-PB 140

4.1 Indicador de Qualidade Habitacional 141

4.1.1 Salubridade e conforto dos ambientes de permanência 141

4.1.2 Condições estruturais habitacionais 143

4.1.3 Condições infraestruturais 145

4.1.4 Construção do indicador de Habitabilidade 148

4.2 Indicador de Facilidades Urbanas 149

4.2.1 Abastecimento de água, coleta de esgoto e coleta de resíduos sólidos 149

4.2.2 Pavimentação viária 151

4.2.3 Proximidade de equipamentos públicos 153

4.2.4 Construção do indicador de facilidade urbanas 156

4.3 Indicador de Acessibilidade Física no Espaço Intraurbano 158

4.3.1 Acessibilidade física a áreas geradoras de emprego, possibilidades de renda, escolas e

bens e serviços 160

4.3.2 Acessibilidade ao provimento facilitado de bens e serviço 174

4.3.3 Acessibilidade a áreas de lazer públicas 179

4.3.4 Construção do indicador de Ambiência Urbana 181

4.4 Indicador de Ambiência urbana 182

4.4.1 Proximidade de parques, áreas verdes, praias e áreas de valor cênico 182

4.4.2 Qualidade ambiental 184

4.4.3 Áreas verdes tratadas por habitante 186

4.4.4 Homogeneidade social 187

4.4.5 Segurança urbana 190

4.4.6 Construção do indicador de Ambiência Urbana 192

CAPÍTULO V: Resultados e discussões 193

5.1 Índice de Qualidade de Vida Urbana dos condomínios analisados 194

5.1.2 IQVU do condomínio Cabo Branco Residence Privé 194

5.1.3 IQVU do condomínio Villas do Farol 197

5.1.4 IQVU do condomínio Alphaville

5.1.5 Comparativo entre os Índices de Qualidade de Vida dos condomínios analisados

(22)

6. CONCLUSÃO 207 REFERÊNCIAS

(23)

21

(24)

22

1. Introdução

Desde a década de 1990, observa-se uma crescente preocupação com a qualidade de vida, originada, principalmente, devido ao crescimento acelerado e “caótico” das grandes cidades e suas consequências, como o agravamento das desigualdades sociais, da distribuição de bens e serviços, da poluição, do congestionamento e da degradação do meio ambiente (SANTOS e

MARTINS, 2002). Este quadro evidencia, conforme Nahas (2005), a atual incapacidade do modelo de desenvolvimento de gerir mais e melhor qualidade de vida.

[...] além de não se conseguir erradicar a ignorância, a violência e a pobreza, agravou-se a situação social e ambiental e consolidaram-se, especialmente nas grandes cidades, enormes disparidades sócio-espaciais em todos os aspectos. (NAHAS, 2005, p. 1)

Diante desse contexto, a sensibilidade social sobre esses temas tem aumentado, fazendo-se presente em debates sobre as políticas urbanas e administração das cidades e incorporando-se às estratégias dos demais agentes responsáveis pela produção do espaço urbano.

Porém, é importante o entendimento do que é “qualidade de vida”, principalmente no contexto contemporâneo onde o segmento imobiliário produzido e distribuído graças às leis de mercado, por intermédio da “utopia materialista de consumo” (BUARQUE, 1993), seduz a população com propostas que não preenchem verdadeiramente os requisitos para uma real qualidade de vida.

(25)

23 Nesse viés, surgem alternativas habitacionais, como os condomínios horizontais, que buscam distanciar-se dos problemas urbanos e suas implicações na qualidade de vida. Os condomínios horizontais caracterizam uma tipologia habitacional que vem se expandindo em todo o mundo e surgem frequentemente devido à união de vários fatores: a mencionada falta de qualidade de vida nas cidades, a insegurança, a ineficiência da gestão pública, a massificação da cultura do

medo, a atuação do mercado imobiliário, promovendo a oferta de um “novo modo de viver”, e a

procura, por grande parcela da sociedade, de espaços que transpareçam uma imagem de

“qualidade de vida”.

Essa modalidade residencial atrai seus moradores não apenas pelas suas características internas, mas pelo acesso a benefícios, tais como a privacidade e a privatização dos serviços de segurança, e a valores simbólicos, como a natureza e o status. Somam-se ainda a possibilidade de retornar a morar em casas e a paisagem predominantemente suburbana atrelada às supostas expectativas de um “modo de vida saudável”, o que acaba direcionando a implantação desses empreendimentos

para áreas da cidade consideradas mais amenas, “periféricas”1

, e com maior estoque de terrenos. Assim, tais empreendimentos apoiam-se nesses aspectos, que supostamente conferem maior

“qualidade de vida”, utilizando-os como âncora de atratividade de marketing e vendas.

No entanto, o desdobramento dessas estratégias de marketing, no espaço urbano e na sociedade, leva muitos pesquisadores da matéria urbana a criticarem a proliferação dos condomínios horizontais. Os fatores mais mencionados são a forma como redefinem os espaços públicos e privados, como restringem o seu acesso, segregando parcelas da população e como auxiliam nos processos de fragmentação e prolongamento das bordas urbanas (REIS, 2006; CALDEIRA, 2000; BALL, 2002). Ou ainda, conforme Leite e Awad (2012, p.149), ao contraporem-se à ideia de que esse modelo residencial resulte na melhoria da qualidade de vida:

[...] sob o prisma social, são mostrados como uma ilusão de vida mais natural e tranqüila, quando, na verdade, se revelam alienantes, isoladores e solitários, sem os desejáveis senso urbano de pertencimento, de qualidade de vida urbana rica em encontros, trocas, acontecimentos [...] Se a classe média brasileira viaja para o exterior para apreciar a qualidade da vida urbana de cidades que possuem ampla diversidade socioterritorial, como Barcelona, Paris, Londres, Nova York, São Francisco ou Vancouver, é dever do setor imobiliário promover o mesmo aqui: menos condomínios residenciais fechados e distantes entremeados por imensos shopping centers fechados e mais vida urbana como se tem em bairros valorizados e queridos [...]”.

(26)

24 Não obstante, na cidade de João Pessoa - PB, essa modalidade residencial tem se proliferado e movimentado o mercado imobiliário local, utilizando a premissa de que a qualidade de vida na célula interna, que é o condomínio, é bem superior ao padrão urbano encontrado na cidade extramuros.

Devido à ausência de trabalhos científicos locais que mensurem a qualidade de vida neste tipo de ocupação, esse estudo procura preencher tal lacuna, baseando-se em estudos teóricos e empíricos sobre a qualidade de vida urbana.

Diante do exposto, o objetivo central desta pesquisa é avaliar a qualidade de vida urbana dos condomínios horizontais da cidade de João Pessoa, capital do estado da Paraíba, por intermédio

do método “Índice de Qualidade de Vida Urbana de João Pessoa” (IQVU-JP), elaborado por Ribeiro (2001). Desdobra-se nos seguintes objetivos específicos: (a) mapear e caracterizar os condomínios horizontais; (b) analisar a acessibilidade urbana e o acesso aos meios de locomoção existentes, principalmente ao transporte público, e a distância entre os condomínios e os pólos geradores de renda; (c) analisar as facilidades urbanas (a infraestrutura e os equipamentos urbanos); (d) analisar a ambiência urbana (a qualidade do ambiente físico e social interna e externa – raio de 1.000 metros, distância argumentada pela metodologia adotada); e (e) analisar a habitabilidade (critérios como salubridade e estrutura da unidade habitacional).

Em todo mundo, podem-se observar inúmeras pesquisas que tratam dos condomínios horizontais, a exemplo daquelas elaboradas por Blakely e Snyder (1999), Svampa (2001), Le Goix (2003), Atkison e Flint (2004), Raposo (2008) e García-Ellín (2010). No Brasil, a produção de condomínios horizontais tem chamado a atenção de vários estudiosos, seja no campo da arquitetura, do urbanismo, da sociologia, da geografia e/ou de outros campos de conhecimento afins (CALDEIRA, 2000; SILVA, 2004; BECKER, 2005). Da mesma forma, a temática da qualidade de vida urbana também tem sido contemplada em vários estudos internacionais (SANTOS e MARTINS, 2002; ORELLANA et al., 2010; ROJAS, 2010) e nacionais (ALMEIDA, 1997; HERCULANO, 2000; RIBEIRO, 2008; RIBEIRO, 2009; LIRA, 2012). Pesquisas acadêmicas recentes estudaram condomínios horizontais na cidade de João Pessoa. Pinheiro (2011) investigou a percepção dos condôminos e a relação de uso nos espaços internos de lazer, em dois condomínios horizontais da cidade. Por sua vez, Andrade e Vidal (2012) realizaram uma pesquisa, iniciada em 2008, que analisou a evolução de condomínios fechados (horizontais e verticais) e suas implicações no desenvolvimento da cidade.

(27)

25 assentamentos espontâneos, mais especificamente no bairro São José. Já Furtado (2002) examinou os impactos da segregação residencial na qualidade de vida do bairro Jardim Cidade Universitária. Porém, nenhum dos trabalhos citados avaliou a qualidade de vida urbana dos condomínios horizontais de alta renda da cidade de João Pessoa, utilizando métodos de

mensuração específicos, como o “Índice de Qualidade de Vida Urbana de João Pessoa – IQVU –

JP”, elaborado por Ribeiro (2001).

Assim, a pesquisa propõe-se a oferecer uma resposta à seguinte indagação: condomínios

horizontais atendem, de forma satisfatória, atributos e critérios da qualidade de vida urbana, considerando os indicadores de acessibilidade, de qualidade ambiental e de facilidades urbanas?

A partir dessa inquietação, a pesquisa buscou, por intermédio de pesquisa documental e de campo, contribuir com ferramentas para a obtenção dos índices da qualidade de vida urbana dos objetos de estudo.

Esta dissertação, ao se basear na temática da qualidade de vida, se insere em uma área de estudo presente em linhas de pesquisa, internacionais e nacionais, de importantes convênios institucionais e de universidades brasileiras e estrangeiras. Entre as principais linhas de pesquisa sobre o tema, destacam-se “Qualidade de Vida Urbana da Cidade do Porto”, desenvolvida com a parceria entre a Câmara Municipal do Porto (Portugal) e o Centro de Estudos Macroeconômicos

e Previsão (CEMPRE); “Office of Quality-of-Life Measurement” (OQOLM), desenvolvida pela

Universidade da Virginia (USA); “Indicador de Calidad de Vida Urbana”, elaborado pelos órgãos Núcleo de Estudos Metropolitano (NEM), Instituto de Estudos Urbanos e Territoriais (IEUT) e Câmara Chilena da Construção (CCHC); “Qualidade Ambiental e Qualidade de Vida

Urbana”, desenvolvida pelo grupo de Planejamento Urbano e Transporte da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), “Indicadores Municipais de Qualidade de Vida Urbana”

desenvolvida por um consórcio entre a Secretaria de Planejamento de Belo Horizonte e a

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas); “Indicadores de Qualidade de

Vida Urbana da Amazônia”, desenvolvido pela Universidade da Amazônia (UNAMA),

“Indicadores Municipais de Qualidade de Vida de Curitiba”, desenvolvida pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), entre outras.

(28)

26 oferecerá subsídios para trabalhos da área de Planejamento Urbano2 que almejem investigar a qualidade de vida urbana, os seus indicadores constituintes e as interfaces físicas e sociais relacionadas.

1.1Objetos de estudo

Atualmente, na cidade de João Pessoa, existem 11 condomínios horizontais de alta renda. O surgimento desses empreendimentos, apesar de ter sido iniciado na década de 1980, se firmou com maior intensidade a partir do ano de 2002, movimentando consideravelmente o mercado imobiliário local.

Os condomínios horizontais pessoenses tendem a se concentrar na porção sul da faixa litorânea, em setores deslocados da malha urbana consolidada (Altiplano, Portal do Sol e Ponta do Seixas), mas considerados privilegiados do ponto de vista das amenidades, da atratividade ao uso residencial e de uma expectativa de valorização futura. Por outro lado, esses setores destacam-se pela precariedade do provimento de comércio e serviços locais, pela segregação social envolvendo classes mais ricas e pelas limitações de acessibilidade, pois são espaços pouco integrados, segundo medidas sintáticas capturadas (LAURBE, 2011), e devido às restrições geográficas da área e ao modelo de ocupação. Além disso, apesar da maioria desses empreendimentos serem de grande porte, são condomínios quase que exclusivamente residenciais, não apresentando significativo atendimento comercial ou de prestação de serviço.

Os objetos de estudo desta pesquisa correspondem aos condomínios horizontais de alta renda localizados, mais especificamente nos bairros Portal do Sol e Bairro dos Estados, na cidade de João Pessoa. Dentre os condomínios existentes, os objetos de estudo empírico se limitarão a três empreendimentos para representar o panorama local desta modalidade residencial: Condomínio Cabo Branco Residence Privé, Condomínio Villas do Farol e o Condomínio Alphaville Fazenda Boi Só (ver figura 01). Tal seleção foi fundamentada a partir de critérios de localização, dimensão e densidade populacional, optando, portanto, pelos condomínios mais representativos nesses aspectos.

(29)

27

(30)

28 Em termos de ocupação, os condomínios Cabo Branco Residence Privé e Villas do Farol estão entre os que apresentam maior número de lotes ocupados, com 80% e 65%, respectivamente. Além disso, esses condomínios apresentam as maiores previsões de densidade demográfica, 49,3 hab./ha e 51,0 hab./ha, respectivamente. Entre os condomínios encontrados no setor de maior concentração (setor sudeste), optou-se por escolher os condomínios localizados nas vias de maior importância deste setor3

. O condomínio Cabo Branco Residence Privé localiza-se em uma via coletora (Av. Hilton Solto Maior), que dá acesso a BR 230 e a dois importantes corredores da cidade, Dois de Fevereiro e Dom Pedro II; e o condomínio Villas do Farol localiza-se em outra via coletora (Av. João Cyrillo) que se prolonga na PB-008, interligando-se aos municípios vizinhos do litoral Sul.

O condomínio Alphaville foi selecionado por ser o único exemplar dessa modalidade na cidade localizado em um setor distinto ao de maior concentração destes empreendimentos. Além disso, o bairro (Bairro dos Estados), onde está localizado, apresenta características socioespaciais diferentes dos demais bairros do setor sudeste, o que se torna um aspecto interessante na avaliação. Apesar de ter apenas cerca de 20% dos seus lotes ocupados, é um condomínio bastante representativo, por pertencer ao grupo nacional com maior número de empreendimentos deste tipo no país.

O critério “alta renda” foi incluído nos objetos de estudo por ser um aspecto que agrega ao condomínio horizontal feições físicas e sociais mais representativas do processo de condominização mundialmente observado, firmado no tripé de marketing “segurança/verde/estratégias de distinção”. É na versão luxuosa dessa modalidade, que os veículos midiáticos e o setor imobiliário exploram intensamente a imagem de qualidade de vida, representada a partir da variedade de itens de lazer e do abuso dos signos arquitetônicos e socioculturais. Tais signos acabam por imprimir uma imagem de proteção, de proximidade da

natureza e de “status”, conformando um mundo dos “iguais”, livre das mazelas do mundo lá fora (cidade).

As versões dessa modalidade voltadas para classe média e média baixa surgiram para alargar as possibilidades de lucro do mercado imobiliário. São pastiches dos condomínios de luxo, reguladas ao poder de compra da classe menos abastada, assim, apresentam versões menos

(31)

29 sofisticadas - número reduzido de itens de lazer, partido arquitetônico simplificado e localizações menos valorizadas.

1.2. Estrutura do trabalho

Os resultados da pesquisa que foram desenvolvidos nesta dissertação foram apresentados em cinco capítulos. O primeiro capítulo apresenta a introdução, a discussão conceitual e as estratégias metodológicas que serão utilizadas no trabalho. Na discussão conceitual são apresentados todos os conceitos necessários para análise do objeto empírico de estudo e para aplicação da metodologia utilizada. Assim, são discutidos conceitos e elementos como a qualidade de vida, qualidade de vida urbana e seus indicadores constituintes, além de definições, características gerais e tipologias construtivas existentes – prevalecendo em destaque os condomínios residenciais horizontais.

O segundo capítulo tem como objetivo apresentar a contextualização e a problemática da pesquisa. Este capítulo foi desenvolvido em cinco seções distintas que tratarão: (a) do processo de urbanização de países latino americanos; (b) da história do município de João Pessoa e algumas características de sua formação urbana; (c) do panorama da qualidade de vida na cidade referida; (d) do surgimento da modalidade residencial reconhecida como condomínio horizontal e como se expandiram em vários locais do mundo; (e) e por fim, do surgimento e caracterização dos condomínios horizontais na cidade de João Pessoa.

No terceiro capítulo são apresentados o recorte espacial e a caracterização detalhada dos objetos de estudo, segundo critérios físicos e sociais.

O quarto capítulo corresponde à aplicação da metodologia IQVU-JP nos condomínios analisados - construção dos indicadores que constituem o Índice de Qualidade de Vida Urbana. Dessa forma, foi avaliado cada elemento considerado para formação dos indicadores de habitabilidade, de facilidades urbanas, de acessibilidade urbana e de ambiência urbana, respectivamente.

(32)

30 1.3. Conceitos

A pesquisa teve como base teórica os estudos da Qualidade de Vida (HORNQÜIST, 1990; NUVOLATTI, 1998; HERCULANO, 2000), sobretudo, da Qualidade de Vida Urbana e seus

indicadores (RIBEIRO, 2009; RIBEIRO, 2008; SANTOS e MARTINS, 2002; ORELLANA et al., 2010; FERRARI, 1991), além de estudos mais específicos do surgimento e da constituição do condomínio fechado (LE GOIX, 2003; BECKER, 2005; RAPOSO, 2008; SILVA, 2004). A pesquisa foi também apoiada nas teorias sobre a dinâmica intraurbana e, particularmente, as teorias que analisam a cidade e as localizações residenciais no contexto contemporâneo, tais como a de Villaça (2000).

1.3.1 Indicadores e Índices

De acordo com Ribeiro (2005, apud RODRIGUES, p. 34, 2012) os sistemas de indicadores são instrumentos de medida que tem sido utilizado em diferentes países com objetivo de observar as realidades complexas e específicas do meio urbano, sistematizando um processo de avaliação para as condições de vida, condições sociais, ambientais, econômicas, de salubridade, entre outros.

Mueller et al. (1997) conceitua indicador como um dado individual ou um agregado de informações, devendo conter três atribuições básicas: expressão clara de sua função, quantificação estatística e lógica coerente e explicação eficaz do estado do fenômeno observado.

Siche et. al., 2007 explicam que o indicador, além de ser desenvolvido para um fim específico, possui significado sintético, o que auxilia na redução do número de medidas e parâmetros necessários para descrever determinada situação.

Para Nahas (2005) um indicador é “[...] um dado, uma informação, valor ou descrição, que retrata uma situação, um estado de coisas. Portanto, é conceito vinculado à função, ao papel

daquele dado, informação, valor ou descrição”. Destarte, o indicador deve informar além daquilo que expressa diretamente. Por exemplo, o indicador “Taxa de pavimentação de vias” pode divulgar além do percentual de pavimentação, a oferta dos serviços de infraestrutura básica da amostra-objeto.

(33)

31 social), utilizando, em seu cálculo, bases científicas e métodos adequados (SICHE et. al, 2007). Ainda segundo os autores, o índice pode servir como um instrumento de tomada de decisão e previsão, e é considerado um nível superior da junção de um jogo de indicadores ou variáveis.

Nahas (2005) conceitua índice como sendo um valor que expressa a agregação matemática de informações numéricas, sendo, portanto, um conceito vinculado à estrutura formal de cálculo.

Decerto, um índice pode se referir a um único ou a vários tópicos, podendo estar composto pela associação de dados simples ou compostos (de indicadores ou outros índices). O índice de qualidade de vida, por exemplo, pode ser a agregação de um sistema complexo, como outros índices relativos aos temas que determinam esta qualidade. Outro tipo de índice é o de habitação, que é um dos aspectos que determinam a qualidade de vida, mas pode ser construído pela

agregação de dados simples como “padrão de construção” ou “área construída/hab.”.

Em síntese, o índice é o valor agregado final de todo um procedimento de cálculo, que se utiliza, inclusive, de indicadores e variáveis.

1.3.2 Qualidade de Vida

Há décadas se buscam meios precisos para conceituar indicadores que possibilitem avaliar as condições de vida, condições sociais e ambientais, entre outros condicionantes relacionados à qualidade de vida. A partir dos anos 1970, as pesquisas evoluíram na intenção de encontrar indicadores que explorassem melhor os aspectos da satisfação das necessidades e da felicidade humana de uma determinada região, substituindo as variáveis de natureza quantitativa, que se norteavam apenas por indicadores econômicos, como Produto Nacional Bruto (PNB), Produto Interno Bruto (PIB) ou ainda pela Renda per Capita.

(34)

32 segurança urbana, à qualidade ambiental e, sobretudo, ao desenvolvimento urbano sustentável, como cita Leite e Awad (2012):

Novos indicadores tem sido buscados visando mapear o mundo e suas sociedades de maneira menos econômica e financeira, incorporando parâmetros que reflitam qualidade de vida real e não apenas a riqueza financeira: o índice de desenvolvimento humano (IDH), índice de progresso genuíno (IPG), a pegada ecológica, indicadores de desenvolvimento sustentável (IDS) desenvolvidos pelo (IBGE) e a matriz territorial de sustentabilidade (CEPAL/ILPES)”. (LEITE e AWAD, 2012, p. 42).

A literatura que contempla a temática Qualidade de Vida aponta dificuldades em estabelecer uma definição concisa e critérios de avaliação, sobretudo, por ser um tema abstrato e subjetivo. No entanto, observam-se esforços para estabelecer critérios para uma avaliação mais objetiva. Independente da linha conceitual, a maioria das pesquisas procura mensurar a qualidade de vida, considerando as necessárias adequações às aspirações e à cultura da população local.

[...] Não se trata, de todo modo, de uma construção apriorística de indicadores pretensamente universais; [...] a construção de indicadores deverá, bem ao contrário, se dar tão próxima quanto possível da realidade dos contextos valorativos dos grupos sociais específicos envolvidos”. (SOUZA, 2002, p.82).

Os conceitos desenvolvidos por Wilheim e Deak (1976) definem que a qualidade de vida é “o grau de satisfação e sensação do bem estar do individuo” e que depende basicamente de dois conjuntos de fatores: os fatores objetivos e externos e os fatores subjetivos e internos.

Os fatores objetivos e externos podem ser entendidos como necessidades fundamentais e essenciais, que apesar de considerar os direitos básicos, também apreciam alguns aspectos socioculturais e o estágio de desenvolvimento da sociedade, como: a)Direito à alimentação; b) Direito à saúde; c) Direito à educação básica, onde é avaliado o ensino necessário à vida social e a sobrevivência dentro da divisão social do trabalho, peculiar a cada época ou região geográfica, tendo como limite mínimo a alfabetização funcional; d) Direito à obtenção de renda e a meios de subsistência; e) Direito à segurança, tanto física, econômica, material como social; f) Direito às liberdades individuais mínimas, considerando a autonomia de manifestar opiniões, expressar-se, criar, e utilizar-se do direito livre de “ir e vir”.

Entretanto, estes itens têm sidos julgados com certa fugacidade por nossa sociedade, uma vez que uma grande parcela da mesma vive marginalizada no que concerne ao atendimento desses direitos, que são mínimos e fundamentais. Esse fato acaba interferindo na sanidade social,

(35)

33 Herculano (2000) cita alguns questionamentos que permeiam o conceito de qualidade de vida. Entre eles, destacam-se o conflito entre o que é julgado como necessidade mínima e digna de sobrevivência e como podem ser ponderados aspectos abstratos e subjetivos da ampliação dessas necessidades:

Seria um luxo (como o faz supor a publicidade em geral, sempre a vincular qualidade de vida a requinte e sofisticação, ao "detalhe que faz a diferença"), e, portanto, algo supérfluo diante de questões mais substantivas, como garantir um "patamar mínimo de dignidade e de condição humana?(HERCULANO, p.4, 2000).

No entanto, é importante confrontar aqui as definições divergentes entre “qualidade de vida” e

“padrão de vida”. O ponto que distancia estes dois conceitos é, principalmente, a harmonia social. Enquanto que na “qualidade de vida” interessa pensar de forma mais universalizada,

abrangendo a população geral, em busca da qualidade de vida em seu nível mais coletivo; o

conceito “padrão de vida” opera de forma mais individualista e até mesmo excludente. Toma-se como exemplo, o citado por Ribeiro (2009, p.6):

“uma melhoria das condições de acessibilidade e do transporte coletivo urbano, beneficia a qualidade de vida. A busca de soluções individuais como o uso do automóvel, aumenta o padrão de vida, mas não necessariamente significaria um aumento da qualidade de vida. Se todas as pessoas da cidade tivessem e usassem seus automóveis, a cidade se tornaria, inevitavelmente um caos, portanto este padrão até distanciaria da qualidade de vida e do bem

estar.”

Retomando às divisões indicadas por Wilheim e Deak (1976), os fatores subjetivos e internos são entendidos como a ampliação dos anseios fundamentais. Tais fatores constituem a evolução qualitativa do conceito de qualidade de vida e correspondem à ampliação da região de oportunidades de cada individuo. Conforme os autores, a “região de oportunidades” pode ser determinada por um conjunto de demandas variáveis, de acordo com a posição econômica e social do indivíduo.

No entanto, é desejável que as regiões de oportunidades máximas de indivíduos limitem-se às fronteiras da região de oportunidades mínimas do resto da população. O atendimento da

“qualidade de vida total” ocorrerá quando for atingido um equilíbrio entre as aspirações individuais e as aspirações do conjunto da sociedade.

(36)

34 a) Sentimento de realização pessoal e social, considerando a autoestima perante a sociedade (realização no trabalho; reconhecimento por parte da sociedade; realização nos relacionamentos e livre expressão e criação);

b) Sentimento de saúde e vitalidade, que é basicamente a possibilidade de descanso e recuperação física, além da possibilidade de recuperação intrapsíquica e recreação;

c) Sentimento de prazer, que inclui entretenimento, sensação de satisfação sensorial e nos relacionamentos humanos, bem como realização intelectual e profissional.

d) Sentimento de conforto e bem-estar, que contempla a higiene, limpeza e tranquilidade do local onde se vive; o atendimento adequado de equipamento habitacional (imóvel e ferramentas ou equipamentos domésticos) e de equipamentos coletivos (equipamentos comunitários e públicos, infraestrutura e serviços urbanos); a disponibilidade de espaços livres públicos e privados em medida adequada; a garantia de privacidade e de possibilidades de encontro social; além do acesso a orientação moral, ética e religiosa.

e) Sentimento de segurança, que inclui as garantias de integridade física e reprodução, da posse de bens e da possibilidade de mantê-los e o sentimento de orientação e localização espacial, etc.

f) Sentimento de liberdade, que considera uma série de garantias como liberdade de expressão e criação; livre iniciativa de trabalho ou empreendimento; liberdade de locomoção (considerando as diversas possibilidades de utilização de meios de locomoção); liberdade de comunicação e ainda liberdade de opções de bens e serviços.

Certamente, pode-se observar que muitos fatores considerados na região de oportunidades estão correlacionados ao nível socioeconômico. Segundo Ribeiro (2009), isso ocorre por que esses modelos de mensuração foram pensados também para avaliar o nível de desenvolvimento econômico de uma região, baseando-se em ideias econômicas liberais.

Em função disso, percebe-se que muitos dos direitos da região de oportunidades encontram possibilidade de ser ampliados dentro de melhores condições econômicas. Inclusive, muitos fatores de natureza intrapsíquica também são afetados pelo “status” econômico do indivíduo. Isso por que, o atual estágio da sociedade capitalista acaba conferindo maior possibilidade de sentimento de auto-realização aos mais abastados e realizados materialmente (RIBEIRO, 2009).

(37)

35 Outros estudos associam a noção de Qualidade de Vida ao modelo de vida de uma determinada sociedade, oposto à privação de acesso a elementos considerados por esta mesma comunidade. Para o economista Amartya Sen (2000), a qualidade de vida pode ser entendida como as condições necessárias para a efetivação, desenvolvimento e externalização das potencialidades do indivíduo. Esta noção de qualidade de vida é uma forma semelhante de expressar o que frequentemente é denominado de condições de privação: melhor qualidade de vida significa menos privação; pior qualidade de vida significa mais privação (ALMEIDA, 1997).

No quadro 01, são apresentadas tentativas de simplificação ou adoção de indicadores de pesquisadores que almejaram um conceito mais integrado.

Quadro 01. Domínios e elementos considerados na Qualidade de Vida

(continua)

Autores Variáveis Elementos

Hornqüist (1990)

Orgânicos saúde, alimentação e estado funcional

Psicológicos identidade, bem-estar, autoestima, aprendizado

Sociais relacionamento social, privacidade, afetividade

Comportamentais cultura, vida profissional, hábitos e lazer

Materiais economia, propriedade privada, renda, habitação

Estruturais posição social, significado da própria vida

Nuvolatti (1998)

Aspectos materiais e coletivos

provimentos gerais básicos (alimento, água, energia, educação, saúde, acessibilidades, etc.)

Aspectos materiais individuais

demanda por elementos materiais, em função de sua condição financeira

Aspectos não materiais coletivos

paisagem, bem-estar coletivo, patrimônio cultural imaterial, cidadania, solidariedade e sociabilização

Aspectos não materiais individuais

realização pessoal ou profissional, “status” social, expansão dos níveis de participação cívica e política, etc.

Contextualização geral qualidade ambiental, a qualidade paisagística, a harmonia e igualdade social, o clima, etc.

Santos e Martins (2002)

Necessidades materiais habitação, alimentação, água, energia, vestimentas, etc.

Necessidades imateriais

(38)

36

Quadro 01. Domínios e elementos considerados na Qualidade de Vida

(continuação)

Autores Variáveis Elementos

Santos e Martins (2002)

Necessidades individuais

necessidades fundamentais como as demandadas para a realização pessoal e familiar

Necessidades coletivas serviços públicos, a defesa e proteção do patrimônio coletivo, a garantia das condições sociais, etc.

Necessidades objetivas acesso à saúde, à educação, à habitação, à renda, etc.

Necessidades subjetivas

a afetividade, o bem-estar, a realização pessoal e social

Fonte: Elaboração com base na leitura realizada pela autora, 2013.

Herculano (2000) propõe que a qualidade de vida seja definida como:

"a soma das condições econômicas, ambientais, científico-culturais e políticas coletivamente construídas e postas à disposição dos indivíduos para que estes possam realizar suas potencialidades: inclui a acessibilidade à produção e ao consumo, aos meios para produzir cultura, ciência e arte, bem como pressupõe a existência de mecanismos de comunicação, de informação, de participação e de influência nos destinos coletivos, através da gestão territorial que assegure água e ar limpos, higidez ambiental, equipamentos coletivos urbanos, alimentos saudáveis e a disponibilidade de espaços naturais amenos urbanos, bem como

da preservação de ecossistemas naturais”. (HERCULANO, p.22, 2000)

Assim, para mensurar a qualidade de vida, Herculano (2000) indica uma série de critérios a serem observados que implicam em:

a) níveis de conhecimento e tecnologia já desenvolvidos e os mecanismos para o seu fomento;

b) canais institucionais para participação e geração de decisões coletivas e para resolução de dissensos;

c) mecanismos de acesso à produção (financiamentos);

d) mecanismos de acessibilidade ao consumo (distribuição de renda, de alimentos e acesso aos equipamentos coletivos - água, luz, saneamento, etc.);

e) canais democratizados de comunicação e de informação;

(39)

37 g) organismos governamentais e não governamentais voltados para a implementação da qualidade de vida (volume de recursos financeiros e de pessoal alocados para as políticas socioambientais).

Como observado, a qualidade de vida, embora aparente ser um conceito intuitivo, é uma temática complexa, pelas várias diferenças de leituras, de percepções e pela sua própria subjetividade e relatividade. Existe uma vasta literatura e uma multiplicidade de conceitos, que buscam de forma objetiva reunir um conjunto de indicadores que sintetizem qualitativamente a satisfação de indivíduos no contexto onde vivem. Por isso mesmo, as pesquisas tem avançado no sentido de considerar os aspectos sociais, ambientais, políticos, econômicos e culturais particulares a cada região/amostra.

Neste sentido, ressalta-se a importância da compreensão sistêmica da qualidade de vida, sem estar pautada em análises puramente econômicas. Setién (1993 apud RIBEIRO, 2006) destaca também a necessidade da avaliação das mudanças de condições sociais e das mudanças no rumo do desenvolvimento. Para o autor, este tipo de monitoramento é necessário, pois além de permitir uma constante atualização dos indicadores, atua como assistência na condução mais eficaz das políticas públicas.

1.3.3. Qualidade de vida urbana

Se existe uma considerável dificuldade em definir indicadores consensuais claros e completos para a Qualidade de Vida, para a Qualidade de Vida Urbana esboça-se maior dificuldade ainda para delineação concisa de definições e indicadores. Como visto no tópico anterior, o conceito de qualidade de vida começou a ser utilizado a partir de meados da década de 1970, como medida de ponderação econômica e de desenvolvimento em alguns países. Nas décadas seguintes, devido à influência das transformações sociais da época, o conceito passa a abranger questões além da esfera econômica, sobretudo, questões ambientais.

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Fig.  06:  Esquema  estrutural  urbano  da  cidade  de  João  Pessoa,  pelo  modelo  de  Hoyt
Tabela 20. Índice IQU e índices secundários entre os bairros de Alto IQU em João Pessoa -  PB
Tabela 21.  Índice IQU e índices secundários entre os bairros de Médio Superior IQU em  João Pessoa - PB
Tabela 22.  Índice IQU e índices secundários entre os bairros de Médio IQU em João  Pessoa - PB
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