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MARÇO TEMA: Fundamentos e Avaliação das Funções Executivas. Psi. Josiane Fernandes

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MARÇO 2021

TEMA: Fundamentos e Avaliação

das Funções Executivas

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Fundamentos e Avaliação das Funções Executivas

CONTEÚDO:

Aula 1: Fundamentos das Funções Executivas (FE)

Os seres humanos são capazes de lidar com novas situações e se adaptar às mudanças de maneira rápida e flexível. As habilidades cognitivas que permitem ao indivíduo controlar e regular seus pensamentos e comportamentos são denominadas de diversas formas na literatura, como funções executivas (FE), funcionamento executivo, habilidade executiva, entre outros sinônimos. Embora não exista um conceito único de FE, elas geralmente são definidas como o conjunto de habilidades e capacidades que nos permitem executar as ações necessárias para atingir um objetivo (Garon, Bryson & Smith, 2008; Lezak, 1995).

Segundo Robbins (1996), as FE consistem em um conjunto de habilidades que, de maneira integrada, permitem ao indivíduo direcionar comportamentos e metas, avaliar eficiência e adequação desses comportamentos, abandonando estratégias ineficazes em prol de outras mais eficientes.

As FE são uma família de processos cognitivos de controle necessários em atividades que exigem raciocínio, concentração e controle de impulsos. Esses processos de controle são, em grande parte, mediados pela função cortical pré-frontal e são essenciais para o comportamento voltado ao cumprimento de objetivos (Diamond, 2012), tais como estudar para uma prova, escrever um artigo ou escolher dentre diversas alternativas

Diversos são os modelos teóricos das Funções Executivas, mas eles se diferem de acordo com as seguintes hipóteses:

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integrados.

b) Quais são os componentes das funções executivas

Luria (1980), (citado em Ardila, 2008) é o precursor direto do conceito de funções executivas. O neuropsicólogo russo Alexander Romanovich Luria foi o precursor nos estudos e na compreensão dos processos psíquicos. Embora falecido há mais de 30 anos, os estudos que elaborou no campo da memória, da linguagem e do desenvolvimento cognitivo continuam sendo divulgados no meio acadêmico. Suas investigações trazem contribuições significativas que ajudam a compreender a complexidade da natureza humana. O Modelo das divisões funcionais de Luria (1973) sustenta que a unidade executiva é a base das funções executivas, dividindo o cérebro em três partes.

Unidade 1: Pertinente a atenção e regulação dos estados de sono/vigília referentes ao córtex ao sistema reticular ativador.

Unidade 2: Responsável por processar a armazenar todas as informações captadas pela unidade anterior, sendo estas feitas pelos lobos occiptal, temporal e parietal.

Unidade 3: Se prontifica em regular e verificar as informações armazenadas, sendo o lobo frontal responsável por esta função.

O conceito de "função" ou "funções executivas“ define a atividade de um conjunto de processos, fatores cognitivos historicamente ligados ao funcionamento dos lobos frontais do cérebro (Luria, 1980; Burgess, 1997). Elas têm um papel importante na execução de atividades cognitivas de ordem superior, como elaboração de programas complexos de comportamento, formulação de metas ou verificação de ação em curso (Luria, 1973).

Esse conceito multidimensional deu origem a inúmeros modelos que auxiliam na compreensão do funcionamento executivo disfuncional. De certo modo, o estudo dessas funções vai além da fronteira da neuropsicologia clínica, abrangendo áreas do desenvolvimento humano e da educação.

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A partir desta introdução, é possível responder a pergunta: "o que são funções executivas?" De certa maneira, sim. Atualmente, sabe-se mais sobre seu conceito do que há algumas décadas. Partindo de um olhar amplo, todos os estudos foram bastante pertinentes, oferecendo mais especificidade ao mesmo conceito. Por outro lado, o conceito precisa ser mais refinado, pois ainda não há um consenso sobre uma definição do termo. Torna-se evidente que as FE são um domínio de grande relevância, e dentre todos os modelos elaborados por diferentes teóricos, vamos usar o estudo mais recente, de Adele Diamond.. Adele Diamond é neurocientista da Universidade Colúmbia Britânica, que sustenta 3 principais funções das FE, que depois se dividem em outras habilidades. Estas funções acontencem em locais específicos do cérebro e exercem diferentes influencias. Estas funções são: controle inibitório, flexibilidade cognitiva e memoria de trabalho (ou operacional).

Aula 2: Controle Inibitório

Uma das Funções Executivas mais usadas é o controle inibitório. Através dele se adquire a capacidade de se autorregular frente as mais diversas situações do cotidiano, sejam elas previstas ou não. A inibição está diretamente ligada à atenção, já que o controle inibitório nos mantem focado em alguma coisa, inibindo distratores, possibilitando uma atenção seletiva. “A inibição nos permite uma medida de controle sobre nossa atenção e nossas ações, ao invés de simplesmente sermos controlados por estímulos externos, por nossas emoções, ou hábitos mentais ou comportamentais enraizados.” (DIAMOND, 2013)

O controle inibitório pode ser avaliado em três níveis: motor, atencional e comportamental. Essas dificuldades, muitas vezes, estão ligadas ao TDAH (Transtorno e Déficit de Atenção e Hiperatividade), o que necessita de uma avaliação para que o sujeito receba o acompanhamento e intervenção adequados para auxiliá-lo no seu processo de aprendizagem.

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Aula 3 - Flexibilidade Cognitiva

Segundo Spiro at al.(1992), flexibilidade cognitiva significa a capacidade de os sujeitos adaptarem o conhecimento adquirido para conseguir fornecer uma resposta alternativa a uma situação não vivenciada anteriormente. A flexibilidade cognitiva refere-se à capacidade do cérebro de passar de um conceito para outro e quanto mais rápido for essa mudança maior será o nível de flexibilidade cognitiva.

Certos indivíduos encontram dificuldade para fazer a transição entre conceitos, devido ao fato de terem pouca flexibilidade cognitiva ou “rigidez” de pensamento. Esses indivíduos são mais lentos em adaptar-se à introdução de novos estímulos e mudar seu pensamento para acomodar várias mudanças.

A flexibilidade cognitiva não apenas ajuda quando confrontada com situações inesperadas, mas também ajuda a atualizar seu sistema de crenças quando exposto a melhores informações.

Existem vários graus de flexibilidade cognitiva, pois duas pessoas podem ser consideradas cognitivamente flexíveis, mas uma pode ser mais flexível que a outra. Em outras palavras, ambas podem ser capazes de mudar seu pensamento para se adaptar a novos estímulos, mas uma pode ser capaz de realizar isso de forma mais rápido.

A desfunção executiva da flexibilidade cognitiva está presente em alguns transtornos do desenvolvimento, como no Transtorno Obsessivos-compulsivos (TOC).

Aula 4: Memória de Trabalho (ou Memória Operacional)

A memória de trabalho é um componente cognitivo ligado à memória que permite o armazenamento temporário de informações com capacidade limitada.

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De acordo com Corso & Dorneles (2012), a memória operacional é composta por um conjunto de processos cognitivos elaborados, que combinam tanto o armazenamento temporário como o processamento das informações recebidas.

Todos nós utilizamos a memória de trabalho em todos os tipos de atividades. Quando calculamos uma conta, quando criamos lembretes, quando conversamos, estamos usando a nossa memória de trabalho. O resultado de todos esses processos dependerá diretamente do seu funcionamento.

A memória de trabalho, também chamada de memória operacional, é um tipo de memória de curto prazo que cuida do armazenamento e da manipulação temporária da informação. É um tipo de memória que mantém certas informações no nosso foco de atenção enquanto executa tarefas.

Aula 5: Avaliação Neuropsicologica das FE

As funções executivas permitem realizar várias tarefas cotidianas de forma eficiente, e por isso avaliar as FE pode ajudar a melhorar a vida diária em várias áreas. Uma avaliação neuropsicológica avalia comportamentos automáticos em detrimentoAs demandas por avaliação das FE podem ser diversas: podem vir de um médico geriatra que está acompanhando um paciente idoso, com sinais de demência, pode vir de uma escola que precisa ajudar um estudante que apresenta dificuldade para controlar a sua conduta na sala de aula, ou que pode ter dificuldade em organizar as informações aprendidas, pode vir de uma empresa que precisa avaliar se um funcionário será capaz de resolver problemas e tomar decisões quando for necessário, pode vir de um psicanalista que precisa verificar se o paciente pode ter problemas para adaptar impulsos e estados emocionais a uma situação específica, enfim são númeras as situações.

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visita a escola (se for essa a demanda), entrevista com familiares etc...Cada profissional decide o que é melhor, essa é uma escolha pessoal do terapeuta, que pode optar por fazer o teste logo na primeira sessão ou esperar para conhecer melhor o paciente. Pode-se também pedir um relatório de outros profissionais, e dependendo da idade do paciente pode-se fazer uma devolução. Com a avaliação concluida podemos pensar em estratégias e intervenções para melhorar as FE. As vezes É importante fazer um acompanhamento e refazer a avaliação depois de um tempo. Avaliação neuropsicologica é feita exclusivamente por psicólogos.

Os seguintes testes são muito utilizados para avaliar as FE: Teste de aprendizagem auditivo-verbal de Rey (RAVLT):

Apesar de ser um teste que avalia curva de aprendizagem ao evocar uma lista de palavras por várias vezes, no registro das palavras evocadas, pode-se enumerar a ordem que o paciente vai falando as palavras. Isso pode auxiliar o avaliador a encontrar um padrão de evocação das palavras o que aponta uma estratégia de memorização.

Figura complexa de Rey:

É um teste que consiste em copiar uma figura complexa mantendo as proporções e sem esquecer dos detalhas. Na primeira etapa o paciente copia a figura com a folha de estimulo sendo exibida. Na segunda etapa depois de 20 minutos o paciente deve refazer a figura, mas evocando o que se lembra da figura anteriormente copiada. Com relação as FEs avaliam-se as capacidades de planejamento ao copiar a figura, pois observa-se o tipo de estratégia utilizada para isso.

Torre de Hanói e torre de Londres:

São testes que avaliam a capacidade de planejamento do paciente frente a resolução de problemas. O objetivo do Teste das Torres de Hanói é mover a torre de disco ao longo de três hastes que estão à frente da pessoa, da configuração inicial para a configuração final indicada pelo

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avaliador. Essa torre é dividida em blocos ou discos, que o paciente deve mover para restaurar a torre de volta à sua posição final . O teste da torre de Londres, baseado no de Hanói consiste em três bolas inseridas em três pinos com uma posição inicial. O teste consiste em colocar as bolas em posições representadas por cartões de estimulo, sendo que há um número limitado de movimentos para isso.

Fluência verbal fonêmica e semântica:

São testes no qual é avaliada a capacidade de categorização do paciente. No teste de fluência verbal fonêmica o paciente deve falar palavras que comecem com as letras FA-S, sendo que não pode ter nomes próprios ou derivações. No teste de fluência verbal semântica o paciente deve falar todos os animais, frutas ou roupas que ele souber dentro de um tempo limite. Além da categorização esses testes permitem avaliar a linguagem e possíveis estratégias de organização e evocação das palavras, além do controle de intrusões e perseverações.

Cubos de Corsi:

É um teste que avalia a capacidade de span visual, semelhante ao teste de dígitos na ordem direta e inversa. Porém neste teste o paciente tem uma pista visual que consiste em cubos espalhados e numerados. Ele deve repetir a mesma sequencia de números aplicada pelo avaliador, sendo esta direta ou inversa.

Teste Stroop:

Consiste em um teste de velocidade de processamento e controle inibitório no qual o indivíduo deve inibir respostas prepotentes. Na primeira etapa do teste o paciente lê um cartão com retângulos coloridos. No segundo, palavras comuns com as mesmas cores exibidas anteriormente, sendo que ele deve ler a cor da palavra e não a palavra impressa. Na ultima etapa é medido o

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efeito Stroop no qual os nomes das cores vistas anteriormente aparecem, mas de cores diferentes, por exemplo, palavra vermelho com tinta azul ou palavra amarelo com tinta verde. O paciente neste caso deve ler a cor da palavra e não a cor escrita. O efeito Stroop aparece com a lentificação da leitura como um meio de inibir as respostas prepotentes e reduzir erros.

Teste de trilhas:

Teste no qual o paciente deve ligar pontos o mais rápido possível, sendo este dividido em duas etapas. Na etapa A que avalia atenção concentrada e velocidade de processamento o paciente deve ligar pontos seguindo números e em ordem crescente. Na etapa B é avaliada a flexibilidade cognitiva, memória operacional e atenção alternada. É semelhante a etapa anterior sendo que os pontos devem ser ligados de forma pareada, números em ordem crescente com letras em ordem alfabética.

Span de dígitos (ordem inversa) e sequencia de letras e números:

No span de dígitos o avaliador dita uma sequencia de números no qual o paciente deve repetir, mas na ordem contrária. Ex: Se dito: 2-7-5-8, deve-se repetir 8-5-7-2. Na sequencia de letras e números o avaliador dita um grupo de letras misturada a números e o paciente deve repeti-los, sendo que ele deve falar as letras em ordem alfabética seguido dos números em ordem crescente.

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REFERÊNCIAS

ANDRADE, V. M.; SANTOS, F. H.; BUENO, O. F. A. Neuropsicologia Hoje. São Paulo: Artes Médicas, 2004

ARDILA, A. (2008). On the evolutionary origins of executive functions. Brain and Cognition, 68, 92-99.

BURGESS, P. W., Veitch, E., de Lacy Costello, A., & Shallice, T. (2000). The cognitive and neuroanatomical correlates of multitasking. Neuropsychologia, 38(6), 848-863.CORSO LV,

Dorneles BV. Qual o Papel que a Memória de Trabalho Exerce na Aprendizagem da Matemática? Bolema. 2012; 26(42B): 627-47.

DIAMOND, A. (1985). Development of the ability to use recall to guide action, as indicated by infants' performance on AB. Child Development, 56, 868-883.

GARON, N., BRYSON, S. E., & SMITH, I. M. (2008). Executive function in preschoolers: A review using an integrative framework. Psychological Bulletin, 134(1), 31-60.

FUENTES, D.; MALLOY-DINIZ, L. F.; CAMARGO, C. H. P. (Orgs.) Neuropsicologia: Teoria e Prática. Porto Alegre: Artmed, 2008

GAZZANIGA, M. S.; HEATHERTON, T. F. Ciência Psicológica: Mente, Cérebro e Comportamento. Porto Alegre: Artmed, 2005

KANDEL, E. R.; SCHWARTZ, J. H.; JESSEL, T. M. Fundamentos da Neurociência do Comportamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997

LENT, R. Cem Bilhões de Neurônios: Conceitos Fundamentais de Neurociência. São Paulo: Atheneu, 2001

LEZAK, M. D. (1995).Neuropsychological assessment (3rd ed.). New York: Oxford University Press. LURIA, A. R. Fundamentos de Neuropsicologia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e

Científicos; São Paulo: EDUSP, 1981

ROBINS, T. W., JAMES, M., OWEN, A. M., SAHAKIAN, B. J., LAWRENCE, A. D., MCLNNES, L., & RABBITT, P. (1996). Methodologies and models in the study of executive function. In P. Rabbitt (Ed.), Methodology of frontal and executive function(pp. 1-38). East Sussex, UK: Psychology Press Publishers.

SPIRO, R.J. (1992). Cognitive Flexibility, Construtivism and Hypertext: Random Access Instruction for Advanced Knowledge Acquisition in Ill-Structured Domains. In T. M. Duffy e D. H. Jonassen, Constructivism and the Techonology of Instruction: A Conversation, (57-75). Hillsdale, NJ: Lawrence Erilbaum

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