• Nenhum resultado encontrado

IMPACTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA PARTICIPAÇÃO E CONSCIÊNCIA POLÍTICA DA JUVENTUDE URBANA DE SÃO PAULO DOUTORADO EM PSICOLOGIA SOCIAL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2019

Share "IMPACTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA PARTICIPAÇÃO E CONSCIÊNCIA POLÍTICA DA JUVENTUDE URBANA DE SÃO PAULO DOUTORADO EM PSICOLOGIA SOCIAL"

Copied!
151
0
0

Texto

(1)

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC

SP

MARIA ADELINA FRANÇA

IMPACTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO NA PARTICIPAÇÃO E CONSCIÊNCIA POLÍTICA DA

JUVENTUDE URBANA DE SÃO PAULO

DOUTORADO EM PSICOLOGIA SOCIAL

(2)

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC

SP

MARIA ADELINA FRANÇA

IMPACTO DAS NOVAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E

COMUNICAÇÃO NA PARTICIPAÇÃO E CONSCIÊNCIA POLÍTICA DA

JUVENTUDE URBANA DE SÃO PAULO

DOUTORADO EM PSICOLOGIA SOCIAL

Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Doutora em Psicologia Social sob a orientação do Prof. Dr. Salvador Antonio Mireles Sandoval.

(3)

Banca Examinadora

(4)
(5)

AGRADECIMENTOS

Este trabalho foi composto por muitas mãos e mentes amigas me auxiliando. A todos vocês, a minha eterna gratidão. Peço de antemão desculpas por eventuais falhas de memória.

Primeiramente, agradeço a Salvador Sandoval, meu querido orientador e amigo, que tem me acompanhado desde o mestrado – uma honra e uma alegria contar com o seu apoio, incentivo e sapiência.

Preciosas foram as contribuições dos professores de minha banca de qualificação, Paula Marcelino e Ladislau Dowbor, pelas quais agradeço.

Agradeço a CAPES pela bolsa concedida para cursar o doutorado, assim como para realizar a bolsa sanduíche na Suécia. Aproveito para estender a toda equipe do YeS os meus agradecimentos por terem me recebido tão bem e auxiliado tanto! Em especial, agradeço ao meu orientador sueco, Erik Amna, pelo apoio constante e cuidados com meu bem-estar em todos os sentidos. Obrigada, Ali Abdelzadeh, pelas trocas, aprendizado estatístico e apoio amigo. Obrigada Selma Salihovic, pelos artigos e carinho de sempre.

Foi essencial o apoio dos meus colegas do Núcleo de Psicologia Política da PUC-SP para abrir portas que me permitiram coletar os dados nas instituições. Muito obrigada, Fernando Alves e Willis Guerra, que me auxiliaram nos contatos com as universidades São Judas e Pontifícia Universidade Católica.

Agradeço também aos coordenadores e professores que me auxiliaram na coleta de dados nas instituições, em especial a: Sonia Castellar (USP/SP), Marcus Orione (USP/SP), Ana Amélia Camargos (PUC/SP), Regiane Balestra e Fernando Alves (São Judas), Margarida Ruivo e Eduardo Ruivo (Sociedade Benfeitora Jaguaré), Núbia Souza (Vivenda da Criança), Maria Clara (Instituto Dom Bosco), Stela Cury e Rosana (Carandá Viva Vida), Renata Pastore (Colégio Porto Seguro), Ana Bergamin e Laura Starobinas (Colégio Vera Cruz).

(6)

Muito obrigada pela ajuda inestimável de Luciana Akemi na revisão de texto e formatação, e também aos meus amigos Norberto Platero e Daniella Cambaúva pela leitura atenta e contribuições.

(7)

RESUMO

O presente estudo quantitativo, de abordagem psicossocial, analisa a influência das novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) na participação e consciência política de jovens da região metropolitana de São Paulo. O uso da internet foi utilizado como base para investigação das demais variáveis que impactam neste processo. A amostra total compreendeu 1.165 jovens, de diferentes estratos sociais da região metropolitana de São Paulo, com idades entre 13 a 30 anos, de escolas públicas e privadas e de organizações não governamentais. Foram investigadas duas hipóteses básicas: a primeira, H1, é que há correlação direta e positiva do uso generalizado da internet na participação e consciência política da amostra estudada; e a segunda, H2, é sobre a correlação do uso específico da internet na participação e consciência política da amostra coletada. Para tanto, a análise contemplou as variáveis demográficas – idade, gênero, etnia e renda familiar – e as competências (interesse político e interesse social, eficácia pessoal e eficácia política interna e externa, confiança nas pessoas e confiança nas instituições, sentimento de pertencimento, empatia, valores e variáveis relacionadas ao uso da internet). Os resultados finais indicaram que: (H1) embora a utilização da internet esteja relacionada à participação e consciência política dos jovens, o seu uso indiscriminado não o está. Apenas o uso específico da internet está diretamente associado à participação e consciência política dos jovens analisados (H2). A renda familiar mostrou ser a variável de maior impacto na amostra estudada.

(8)

ABSTRACT

The present study analysed the influence of new information and communication technologies – ICT in the political participation and consciousness of the youth, using a psicosocial approach. The use of internet was used as a basis for investigating the other variables impacting in this process. The sample was of 1165 respondents from different social economic status - SES, in the metropolitan area of São, ages ranging from 13 to 30 years old, from public and private schools and non-governmental organizations (NGO). Two main hypothesis were analysed: H1 – the direct and positive correlation of the generalized use of internet on the youth political participation and consciousness; and, H2 – correlation of the specific use of the internet on the youth political participation and consciousness. The demographic variables analysed were: age, sex, race, SES; and the competencies: political and social interest, personal and political efficacy, trust in people and in institutions, feelings of belonging, empathy, values, and content of the internet. The final results have shown that: (H1) the generalized use of internet is not directly linked to the youth political participation and consciousness, and it is highly influenced by SES; whereas (H2) only the specific use of internet is directly connected to the political participation and consciousness of the youth.

(9)

LISTA DE FIGURAS

(10)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: População Geral por Faixa Etária em Números Absolutos 53

Gráfico 2: Gênero e Uso da Internet 54

Gráfico 3: Utilização da Internet por Gênero e Faixa Etária 55

Gráfico 4: Cor/raça 55

Gráfico 5: Utilização da Internet e Renda Familiar 57

Gráfico 6: Confiança nas Instituições 60

Gráfico 7: Sentimento de Pertencimento e Renda Familiar 62 Gráfico 8: Interesse por Política – População Geral 64

Gráfico 9: Interesse Social 65

Gráfico 10: Interesse por Política e Faixa Etária 66

Gráfico 11: Interesse por Política e Faixa Etária 67

Gráfico 12: Participação Política e Faixa Etária 68

Gráfico 13: Participação Política e Nível de Escolaridade 69

Gráfico 14: Participação Política e Gênero 71

Gráfico 15: Interesse por Política e Cor/raça 72

Gráfico 16: Participação Política e Cor/raça 73

Gráfico 17: Interesse Político e Renda Familiar 74

Gráfico 18: Participação Política e Renda Familiar 75

Gráfico 19: Participação Política e Sentimento de Pertencimento ao Bairro 78

Gráfico 20: Sentimento de Pertencimento à Família 79

Gráfico 21: Participação Politica e Sentimento de Pertencimento à Escola 80 Gráfico 22: Participação Política e Família (População Geral) 82 Gráfico 23: Participação Política e Igualdade (População Geral) 83 Gráfico 24: Participação Política e Diversão (População Geral) 84 Gráfico 25: Participação Política e Respeito à Natureza 85

Gráfico 26: Participação Política e Ter Dinheiro 86

Gráfico 27: Participação Política e Religião 87

Gráfico 28: Eficácia Pessoal e Uso da Internet 88

Gráfico 29: Eficácia Política e Uso da Internet 90

(11)

Gráfico 32: Sentimento de Pertencimento à Família e Uso da Internet 93 Gráfico 33: Sentimento de Pertencimento Família, PP e Uso da Internet 94 Gráfico 34: Sentimento de Pertencimento Bairro, PP e Internet 95 Gráfico 35: Dispersão Participação Política Online e Offline (População Internet) 96 Gráfico 36: Interesse e Participação Política Online e Offline 97 Gráfico 37: Participação Política Online e Offline com Renda Familiar 98 Gráfico 38: Participação Política Online e Offline com Renda Familiar 99 Gráfico 39: Eficácia Pessoal e Participação Online e Offline 100 Gráfico 40: Eficácia Política e Participação Online e Offline 101

Gráfico 41: Conteúdo Internet / Jogar 103

Gráfico 42: Conteúdo Internet / Redes Sociais 104

Gráfico 43: Conteúdo Internet / Noticiário 104

(12)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Distribuição das Variáveis Demográficas 52

Tabela 2: Locais de Acesso à Internet 56

Tabela 3: Redes Sociais (População de Usuários da Internet) 56 Tabela 4: Faixa Etária, Emprego, Usuário e Não Usuário da Internet 57 Tabela 5: Características Gerais no Uso da Internet 58

Tabela 6: Ciberativismo 58

Tabela 7: Distribuição de Afinidade Político-Partidária 59

Tabela 8: Manifestações de Junho/2013 61

(13)

LISTA DE SIGLAS

ANOVA Análise de Variância

CAPES Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior CPISP Comissão Pró-Índio de São Paulo

ECA Estatuto da Criança e da Juventude

F fator

FESPSP Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBOPE Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística ICT Information and Communication Technologies IPEA Instituto de Políticas Econômicas Aplicadas MPL Movimento Passe Livre

N Número da Amostra

NUPESAL Núcleo de Pesquisas sobre a América Latina ONG Organização Não-Governamental

ONU Organização das Nações Unidas p menor nível de significância PP Participação Política

PUC/SP Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

R correlação

SECOM Secretaria de Comunicação Social SES Social Economic Status

TIC Tecnologias de Informação e Comunicação UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância USP Universidade de São Paulo

(14)

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO 15

1.1 Estrutura do Trabalho 17

2 INTRODUÇÃO 19

2.1 As Manifestações de Junho de 2013 21

3 JUVENTUDE 25

3.1 Internet e Juventude 27

3.2 Participação e Consciência Política 29

3.3 Consciência Política e Suas Dimensões 31

3.3.1 Identidade Coletiva 32

3.3.2 Crenças, Valores e Expectativas Sociais 32

3.3.3 Interesses Coletivos e Adversários Antagônicos 32

3.3.4 Eficácia Política 33

3.3.5 Sentimentos de Justiça e Injustiça 33

3.3.6 Vontade de Agir Coletivamente 33

3.3.7 Ações e Objetivos do Movimento Social 34

3.3.8 Predisposição para Intervir 34

3.4 Tipologia de Participação Política por Amna e Ekman 34

3.4.1 Formas de Participação Antipolíticas 35

3.4.2 Formas de Participação Apolíticas 35

3.4.3 Participação Civil 36

3.4.4 Envolvimento Social 36

3.4.5 Engajamento Cívico 36

3.4.6 Participação Política Formal 36

3.4.7 Formas Legais de Participação Política Extraparlamentar 37 3.4.8 Formas Ilegais de Participação Política Extraparlamentar 37

3.5 Principais Variáveis 37

3.5.1 Interesse Político 38

3.5.2 Interesse Social 38

3.5.3 Nível Socioeconômico 38

3.5.4 Eficácia Pessoal 39

(15)

3.5.6 Sentimento de Pertencimento 40

3.5.7 Valores 40

3.5.8 Confiança 42

4 METODOLOGIA 43

4.1 Etapas da Pesquisa de Campo 43

4.1.1 Fase I - Aplicação de Questionário Piloto 43

4.1.2 Fase II - Aplicação do Questionário Validado 43

4.2 Número da Amostra 44

4.3 Instrumental 44

4.4 Questionário 44

4.4.1 Parte I 45

4.4.2 Parte II 45

4.5 Tratamento Estatístico 46

4.6 Tratamento da Amostra 47

4.7 Medidas e Perfil da Amostra 47

4.7.1 Dados Demográficos 47

4.7.1.1 Faixa Etária 48

4.7.1.2 Cor/Raça 48

4.7.1.3 Orientação Ideológica 48

4.7.1.4 Valores 48

4.7.1.5 Participação Política (PP) - Competências 49

4.7.1.6 Interesse 49

4.7.2 Eficácia Pessoal 49

4.7.3 Eficácia Política 50

4.7.4 Confiança nas Instituições 50

4.7.5 Satisfação com a Democracia 50

4.7.6 Associativismo 50

4.7.7 Sentimento de Pertencimento 50

4.7.8 Utilização da Internet 51

4.7.9 Conteúdo de Mídia 51

5 RESULTADOS 52

5.1. Perfil Geral da Amostra 52

5.1.1 Análise Demográfica 53

(16)

5.1.3 Perfil Político 59

5.1.3.1 Afinidade Político-Partidária 59

6 ANÁLISE DAS PRINCIPAIS VARIÁVEIS 63

6.1 Estrutura de Análise da Amostra 63

6.2 Interesse Político e Interesse Social 63

6.2.1 Interesse Político e Faixa Etária 66

6.2.2 Participação Política e Faixa Etária 68

6.2.3 Participação Política e Nível de Escolaridade 69

6.2.4 Interesse e Participação Política e Gênero 70

6.2.5 Interesse Político e Cor/raça 71

6.2.6 Participação Política e Cor/raça 73

6.2.7 Interesse Político e Renda Familiar 73

6.2.8 Participação Política e Renda Familiar 74

6.2.9 Sentimento de Pertencimento 76

6.2.9.1 Sentimento de Pertencimento ao País 77

6.2.9.2 Sentimento de Pertencimento ao Bairro 77

6.2.9.3 Sentimento de Pertencimento à Família 78

6.2.9.4 Sentimento de Pertencimento à Escola 79

6.2.10 Valores 80

6.2.10.1 Igualdade 82

6.2.10.2 Hedonismo 83

6.2.10.3 Benevolência 84

6.2.10.4 Universalismo 84

6.2.10.5 Poder/Realização 85

6.2.10.6 Tradição 86

7 ANÁLISE ESTATÍSTICA DA UTILIZAÇÃO DA INTERNET 88

7.1 Eficácia e Uso da Internet 88

7.1.1 Eficácia Política 89

7.1.2 Interesse 91

7.1.3 Participação Política e Internet 91

7.1.4 Participação Política, Sentimento de Pertencimento e Internet 92

7.1.5 Família 93

7.1.6 Bairro 94

(17)

7.1.7.1 Participação Online e Offline e Interesse 96

7.1.7.2 Nível Socioeconômico / Renda Familiar 98

7.1.7.3 Eficácia Pessoal 100

7.1.7.4 Eficácia Política 101

7.2 Análise de Conteúdo da Internet 102

7.2.1 Jogos e Participação Política 102

7.2.2 Participar em Redes Sociais e Participação Política 103

7.2.3 Noticiário e Participação Política 104

7.2.4 Agrupamentos de Interesse Específico 105

8 SÍNTESE DE RESULTADOS E ANÁLISES 107

8.1 Utilização da Internet 107

8.2 Participação política 107

8.3 Perfil Político 108

8.4 Redes Sociais, Jogos, Noticiários e Participação Política 109

9 CONCLUSÃO 111

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS 116

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 118

ANEXOS 122

ANEXO A - FORMAÇÃO DE CLUSTERS DOS INTERESSES DOS JOVENS 130

(18)

1 APRESENTAÇÃO

O interesse pelo tema do presente estudo foi despertado durante o desenvolvimento de grupo focal com jovens na pesquisa de mestrado desenvolvida em 2010 pela pesquisadora e por sua crença na participação política como uma via possível de transformação da realidade. Os resultados deste estudo apontaram que

a representação social de “política” estava fortemente associada à “corrupção” e

“sujeira” entre os jovens. Outro elemento motivador foi seu trabalho como consultora das Nações Unidas (ONU) por seis anos, por último junto ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), no qual atuou na coordenação de projeto baseado em competências, dentre elas a participação política.

Foi bastante oportuno que a investigação da pesquisa estivesse em curso quando ocorreram as manifestações de junho de 2013. Esses eventos trouxeram novos elementos ao cenário político nacional, e algumas questões relativas às manifestações foram acrescentadas ao questionário básico utilizado para a coleta de dados deste trabalho. O trabalho de pesquisa tornou-se um registro das percepções daquele momento histórico, e mesmo preditivo de eventos políticos que vieram a ocorrer no cenário nacional.

É quase impossível estudar atualmente fenômenos ligados à juventude sem relacioná-los à tecnologia. Os telefones celulares são hoje uma extensão da mão dos jovens. Estamos diante de uma nova concepção de tempo e realidade. Teremos todos, segundo Manuel Castells (2009, p.12), os nossos 15 megabytes de fama em algum momento nas redes sociais. O real e o virtual não são mais opostos, mas sim sinônimos intercambiáveis. Ao contrário: o que não está nas redes sociais não existe para o jovem. Para expressar esta nova concepção de tempo e realidade, Pierre Levy (2003) cunhou o termo “atual” - um tempo que é real no sentido presencial, e é virtual porque se utiliza da tecnologia para se tornar “presente”. A expressão coloquial “novos tempos” nunca foi mais oportuna.

(19)

investiga o engajamento cívico de jovens1. Esse centro de pesquisas é apoiado pelo

Riksbankens Jubileumsfond – The Swedish Foundation for Humanities and Social Sciences. Para possibilitar a comparação dos dados entre as populações do estudo realizado na cidade de São Paulo e o estudo sueco na cidade de Orebro, o número da amostra foi ampliado para 1.000 sujeitos, de 13 a 30 anos, e parte do questionário sueco traduzido e adaptado ao contexto brasileiro. Maiores detalhes serão fornecidos no capítulo metodológico.

Apoiada pela Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (CAPES), a pesquisadora obteve uma bolsa e reuniu-se por três meses com a equipe sueca, tendo como co-orientador o Prof. Dr. Erik Amna. Durante a ocasião, participou ainda de oficina sobre métodos de investigação sobre Participação Política, intitulado The Development of Political Interest and Political Participation, em dezembro de 2014, com a presença de especialistas e referências do estudo ora apresentado, os professores doutores Constance Flanagan e Michael Xenos, da Universidade de Wisconsin-Madison; Markus Prior, da Universidade de Princeton; Erik Amna, Joakim Ekman, Hakan Stattin e Mats Ekstrom da equipe do YeS. Por conta da aproximação com o estudo e pesquisadores suecos, as análises de resultados da presente pesquisa fazem referência aos resultados alcançados no estudo sueco.2

A presente pesquisa apresenta inicialmente um painel de dados que impactam na participação política dos jovens da amostra, para então investigar a influência das tecnologias de informação, mais especificamente a internet. A pesquisa foi desenvolvida na região metropolitana de São Paulo, entre os meses de abril a agosto de 2013 e a amostra composta de 1.165 sujeitos, de forma a refletir a composição e estratificação da sociedade brasileira. Para tanto, os dados foram coletados em escolas e universidades públicas e privadas, e ONG em diversos pontos da cidade. Foram elas: Universidade São Judas, Universidade de São Paulo (USP); Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP); Escola Vera Cruz, Escola Carandá Viva Vida e Colégio Porto Seguro. As ONG participantes foram:

1 Orebro é uma cidade de aproximadamente 135 mil habitantes, com médias de renda anuais

próximas às médias nacionais suecas. O estudo foi realizado com alunos de escolas de ensino médio e universidades públicas e privadas, de idades entre 13 e 30 anos. A pesquisa, de caráter longitudinal, foi iniciada em 2012 e deve continuar até 2016.

Para maiores informações, vide: http://www.oru.se/English/Research/Research-Environments/Research-environment/HS/Youth--Society-YeS/

(20)

Associação Beneficente Vivenda da Criança, Sociedade Benfeitora do Jaguaré e Instituto Dom Bosco.

Este trabalho traz um amplo painel das principais variáveis que afetam o comportamento político da amostra estudada, por meio de uma pesquisa quantitativa. Encontramos poucos trabalhos no levantamento bibliográfico, investigados da mesma forma. Ao estudar em 2011, o comportamento político de jovens universitários nas cidades do Vale do Ribeira, no estado de São Paulo, Rangel identificou forte rejeição às formas de política institucional e participação política por meio de associações em entidades de bairro. Brussino (2009, p. 283) observou também, ao investigar os diferentes modos de participação política de jovens na cidade de Córdoba, Argentina, que praticamente metade dos jovens que participavam politicamente na ocasião o faziam de formas não convencionais. Em 2008, Mische realizou importante estudo qualitativo, sobre o desenvolvimento da política estudantil no Brasil. Baquero e Baquero (2007) desenvolveram pesquisa quantitativa utilizando dados do Núcleo de Pesquisas sobre a América Latina (NUPESAL), analisando os valores que jovens de14 a 20 anos atribuíam então à democracia.

1.1 Estrutura do Trabalho

(21)

um estudo sobre os diferentes agrupamentos que se formam a partir da análise de conteúdo investigado pelos respondentes (clusters). O capítulo oito traz uma análise geral dos resultados e a conclusão consta do capítulo nove. A pesquisa bibliográfica foi fortemente apoiada pela interação com a equipe sueca de pesquisa (YeS).

(22)

2 INTRODUÇÃO

O principal objetivo deste estudo é analisar a influência das novas tecnologias de informação e comunicação (TIC), na participação e consciência política de jovens da região metropolitana de São Paulo. Utilizamos a internet como base para investigação das demais variáveis que impactam neste processo.

Por sua característica básica como instrumental de informação e comunicação, supõe-se de maneira geral, que a participação política de jovens utilizando a internet também seria ampliada. Nossa principal hipótese (H1) é de que esta relação, em termos de participação política, não é direta. Ou seja: apesar do potencial mobilizador da internet, o seu uso indiscriminado não se traduz diretamente em participação política. Nossa segunda hipótese (H2) é de que somente os que fazem uso diferenciado da internet sofreriam a influência positiva e direta dos efeitos do uso da internet em termos de participação e consciência política.

Cerca de 120 milhões de pessoas no Brasil utilizavam a internet em 2014, segundo pesquisa do Ibope. Embora a internet seja dirigida por interesses particulares e grandes poderes, ainda assim é considerada uma mídia neutra pelo senso comum. As opiniões provenientes dos amigos das redes sociais são facilmente aceitas e vistas como merecedoras de mais confiança, e os conteúdos apresentados nas redes sociais passam a caracterizar-se como “verdades” pelo

número de curtidas ou compartilhamentos. Pesquisa publicada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (SECOM, 2015) trouxe os seguintes resultados: 48% da população brasileira utiliza a internet, por pelo menos cinco horas ao dia, sendo que o uso está concentrado nos grupos com ensino superior (72%) e de renda mais alta (76%). Veremos, ao longo da apresentação dos resultados deste trabalho de pesquisa realizado com a juventude urbana de São Paulo, que os resultados são compatíveis com a pesquisa realizada a nível nacional.

(23)

organizacionais adaptáveis, difusas, soltas, diferentemente das formas tradicionais de organização política baseadas em estruturas hierárquicas, lideranças claras e representação política. Também articuladas pelas redes sociais e protagonizados pelo Movimento Passe Livre (MPL), as manifestações de junho de 2013, que levaram milhares de jovens às ruas no Brasil todo, permitiram as mais diversas e criativas formas de participação política. (IBOPE, 2013).

A horizontalidade nas relações interpessoais proporcionada pela internet parece também refletir-se em outras formas de organização de movimentos predominantemente jovens, que rejeitam os modos tradicionais de participação política partidária e caracterizam-se pela liderança compartilhada. O movimento

“Ocupa Sampa” apresentou essas mesmas características e também a rede hackerativista autodenominada “Anonymous Brasil” apresenta proposta semelhante, se definindo da seguinte forma: “Nós não somos uma organização e não temos

líderes. Somos uma ideia de revolução”.

A forma de organização autonomista e horizontal nas manifestações também foi observada no Movimento Europeu “15-M”. Os jovens do movimento, que lutam por uma mudança global, se pautam pela horizontalidade nas relações do grupo, sem chefes, nem programa de ação, onde cada participante tem liberdade de ação no grupo. As posições são críticas e antipolíticas. Ou seja: embora os jovens estejam agindo politicamente, não querem ser identificados com a política partidária e formas tradicionais de participação política (INGLEHART, 1997; NORRIS, 2002). Alguns autores questionam inclusive, se as mudanças são apenas qualitativamente diferentes de gerações anteriores, ou se existe apenas um desinteresse nas questões cívicas (YATE; YOUNISS, 1998).

Ao possibilitar o acesso às redes sociais, a internet tem se tornado um dos mais promissores instrumentos para estimular a participação política especialmente entre os jovens (DELLI CARPINI, 2000; DI GENARO; DUTTON, 2006; QUINTELLIER; VISSER, 2008).

(24)

a temática do estudo envolve diferentes e complementares áreas de saber, serão utilizados referenciais teóricos das áreas da Psicologia, Sociologia, das Ciências Sociais e Políticas, e da Comunicação.

2.1 As Manifestações de Junho de 2013

A coleta de dados desta pesquisa foi realizada entre abril e agosto de 2013, coincidindo com as manifestações de junho desse ano. Consideramos, portanto, importante contextualizar o momento histórico para podermos avaliar adequadamente os dados resultantes também à luz destes importantes eventos na história política do país, com forte presença da juventude e a utilização das redes sociais para mobilização.

O Brasil viveu, entre o início de junho e a primeira quinzena de julho de 2013, o mais expressivo período de manifestações de contestação desde as inquietações sociais que culminaram com o impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em outubro de 1992.

Os protestos começaram com um número relativamente pequeno de pessoas, diante do anunciado aumento das passagens de ônibus, metrô e trem, no final de maio, em São Paulo e no Rio de Janeiro. No começo do ano, Porto Alegre e Salvador haviam sido palco de atividades coletivas pelo mesmo motivo. Em poucos dias, as insatisfações ganharam corpo e se espalharam pelo país, em um clima de revolta generalizada, envolvendo mais de 400 cidades de 27 estados brasileiros em 2013.

(25)

Apesar da redução de R$ 0,20 estar no cerne das demandas, tudo parecia indicar que tal reivindicação, na verdade, representava uma síntese de descontentamentos variados: insatisfação com transportes, ruas perigosas, serviços precários e fatores correlatos.

Parecia emergir a partir da pesada repressão policial paulistana, um movimento nacional, sem direção clara, que colhia reverberações até em colônias de brasileiros no exterior. A essa altura, já passava da centena o número de municípios que se tornaram palco de atividades públicas.

A maior mobilização ocorreu dia 17, em São Paulo, no Largo da Batata, zona oeste da cidade, quando cerca de 100 mil pessoas foram às ruas. A partir daí, os governos recuaram. Em 19 de junho, as tarifas de transporte foram revogadas em São Paulo e no Rio de Janeiro. A vitória impulsionou os protestos pelo país, ao mesmo tempo em que a violência policial aumentou. Belo Horizonte foi palco de forte repressão contra 30 mil manifestantes. Em Brasília, milhares de pessoas tomaram a Esplanada dos Ministérios.

Havia uma disputa grande pelo sentido do que ocorria nas ruas. Nos primeiros dias, as manifestações tiveram um cunho aparentemente progressista. O que havia de objetivo eram reivindicações pela redução dos preços dos transportes. Existiam também difusas exigências pela ampliação de direitos e por uma vida melhor. Apesar da maioria dos manifestantes apresentar um comportamento pacífico, a forte e violenta repressão policial ensejou cenas de enfrentamento.

(26)

virtual descontrole da situação, o governo municipal e estadual cederem, em 19 de junho, e as tarifas baixaram.

Quem eram os manifestantes? O cientista político André Singer, em entrevista à revista Época, manifestou a seguinte opinião.

Minha hipótese é que as manifestações estão compostas por duas camadas sociais. Uma são os filhos da classe média tradicional, estabelecida assim há mais de uma geração, que possivelmente puxaram as manifestações. Elas ganharam adesão do que chamo de novo proletariado. Não é uma nova classe média. São jovens que não pertencem a famílias nitidamente de classe média, mas passaram a ter emprego por causa do lulismo. Mas têm empregos precários, com alta rotatividade, más condições de trabalho e baixa remuneração. Ao longo das manifestações, a participação desse segundo grupo foi aumentando. Isso talvez explique por que, na segunda etapa, elas se expandiram pela Grande São Paulo, pelo Grande Rio e pelas cidades em torno das capitais. A segunda camada é muito mais extensa do que a primeira e mostra o potencial do movimento3.

Marilena Chauí, em longa análise publicada à época, fez a seguinte afirmação:

Parte dos manifestantes está adotando a posição ideológica típica da classe média, que aspira por governos sem mediações institucionais e, portanto, ditatoriais. Eis porque surge a afirmação de muitos manifestantes, enrolados na bandeira nacional, de que “meu partido é meu país”, ignorando, talvez, que essa foi uma das afirmações fundamentais do nazismo contra os partidos políticos"4

As manifestações de junho de 2013 certamente embutiam variadas tendências e tensões em disputa na sociedade brasileira. Elas se cruzaram e entrecruzaram no espaço público e ali se enfrentaram. Foram impactadas pelo agravamento da situação econômica. O caldo de cultura de insatisfação que se consolidou mais tarde aponta que a insatisfação nem sempre caminhou no sentido da democracia ou da reivindicação por direitos coletivos. Por estarmos diante de

3 Revista Época, 26.jun.2013

(http://revistaepoca.globo.com//tempo/noticia/2013/06/andre-singer-energia-social-nao-voltara-atras.html). Acesso em 28.ago.2015

4

(27)
(28)

3 JUVENTUDE

A juventude como universo de estudo pode ser definida de acordo com a abordagem e necessidade de cada pesquisa. Podem ser considerados aspectos biológicos, etários, sociais e econômicos. Por conta disso, a maioria dos autores prefere utilizar o termo no plural. Mais ainda, quando falamos das diferenças regionais brasileiras e daquelas existentes mesmo dentro de um só município. De maneira geral, podemos definir juventude como um período de transição entre a infância e a vida adulta, caracterizada por aspectos fisiológicos e psicológicos, atitudes e diferentes papéis sociais desempenhados. Novaes (2006, p. 3) define juventude como um conjunto de fatores, que por suas múltiplas identidades, permitem em determinado momento do ciclo da vida, a inserção no corpo da sociedade.

No Brasil, segundo o Estatuto da Criança e da Juventude (ECA), são considerados jovens os indivíduos com idades entre 15 e 29 anos. Segundo a classificação geral das Nações Unidas (ONU), a faixa etária considerada jovem é de 15 a 24 anos.

Em relação à faixa etária, pesquisas (HASTE; TORNEY-Purta, 1992) apontam a etapa compreendida entre a adolescência e a idade adulta como ideal para estudar as questões sociais, uma vez que os jovens ainda não estão completamente integrados aos papéis e responsabilidades sociais. O período compreendido entre 14 e 25 anos, mostrou ser o período ideal para estudos sobre participação política com jovens, por ser um período de grande flexibilidade e abertura, e quando os valores políticos são formados. Neste estudo, adotamos a faixa de 13 a 30 anos, para incluir também a faixa etária adolescente, e utilizar o mesmo recorte etário da pesquisa sueca, com a qual fazemos referência aos resultados ao longo de todo o trabalho.

(29)

e formar ideias sobre como as instituições sociais e políticas operam. É também um período de diferenciação, quando interesses mudam por influência da vida familiar, escola, amigos das redes sociais e uso da mídia (FLANAGAN, 2013; MC LEOD, 2000).

Na introdução de seu livro Teenage Citizens sobre socialização política dos jovens, Constance Flanagan (2013, p. 2) traça um paralelo entre a Ciência Política e a Psicologia do Desenvolvimento, mostrando que entre os primeiros e últimos anos da adolescência, os jovens estão formando conceitos sobre tópicos tais como: democracia, autoridade, autodeterminação, leis, liberdade, lealdade, ação coletiva, confiança social e bem comum que são altamente relevantes à política. Durante este período, estão sendo estruturadas suas identidades, disposições e valores que serão consistentes com suas teorias políticas. Política aqui entendida como algo mais amplo do que afiliação partidária ou eleições. Política como um sentimento de pertencimento à comunidades, processos e práticas para construção do corpo social.

Para os adolescentes, a política faz parte de suas experiências associativas, do exercício de prerrogativas e de assumir obrigações. Estas experiências são desenvolvidas por instituições mediadoras, tais como escolas, organizações comunitárias, igrejas e outras formas de associações, que oferecem a cultura de fomento para construção de suas identidades como cidadãos de uma política mais ampla. A construção da identidade política é parte integral do processo de formação identitária dos anos da juventude. É durante as primeiras e últimas fases da adolescência que os jovens compreendem e constroem o seu entendimento da ordem social na qual estão inseridos.

(30)

3.1 Internet e Juventude

A internet tem se tornado inseparável da vida dos jovens de maneira geral, que são os mais ávidos usuários das novas tecnologias (EKSTRÖM; OLSSON; SHEHATA, 2014; QUINTELLIER; VISSER, 2008). A facilidade de acesso via smartphones, tablets e outros instrumentais, tornou o uso da internet universal e massivo em escala, mesmo em contextos com diferenças socioeconômicas, como demonstrou estudo realizado na União Europeia (EUROSTAT, 2008-2013).

Vários aspectos da vida dos jovens estão sendo influenciados pela presença constante e importância crescente da internet na vida dos jovens, mais notadamente

dos chamados “Nativos Digitais” (PRENSKY, 2001), expostos ao ambiente virtual antes dos seus anos formativos (KENNEDY et al, 2007). A internet é o espaço onde estudam, namoram, conversam, pesquisam, onde se divertem e passam a maior parte do seu tempo livre.

As implicações dos efeitos desta utilização intensa vão além do escopo deste estudo, mas indicam o grau de importância e influência desta via de informação e comunicação na vida dos jovens.

Diferentemente de Castells (2007, p. 12), que considera a internet um fluxo, concordamos com outros autores que a concebem como um espaço, um produto social, feito por e para a prática social (Lefebvre, 1991,1974). Espaços são percebidos de maneira a corresponder à utilização específica dos mesmos. Na

tentativa de definir o que realmente significa “utilizar a internet”, Pasek (2009) argumentou sobre a necessidade de refinar as categorias de sua utilização. Ekström et al, baseados nesta argumentação, criaram quatro fatores para análise dos espaços na internet: (1) uso dirigido para obtenção de notícias e informações; (2) práticas relacionas à interação social; (3) jogos, e (4) práticas criativas.

Em relação aos espaços online5 de notícias, estudos demonstram haver uma correlação positiva entre o consumo de notícias e orientação pública. Pessoas que utilizam a internet em busca de informações, também são as que mais participam de associações offline e demostram altos níveis de conhecimento político (PASEK et al, 2009; ZÚÑIGA et al, 2009).

5 Muitas vezes nesse trabalho serão usados os termos online e offline. Online tem relação com as

atividades realizadas diretamente no mundo virtual, na internet. Já offline são as ações que são feitas

(31)

O espaço para interação social é visto como detentor de potencial para estimular a participação, tanto online quanto offline (JENKINS, 2006). Segundo Vygotsky (1998), ideias e perspectivas políticas são produzidas por meio das relações sociais e atividades nas quais os jovens se engajam no curso do seu desenvolvimento. No caso dos jovens, embora os contatos nas mídias sociais sejam com frequência estabelecidos com os próprios pares, este recurso também permite uma ampliação das suas redes e círculos sociais, aumentando assim as chances de entrarem em contato com pessoas de diferentes origens e formações, reconhecidas como importantes na sua socialização política (FLANAGAN, 2013).

É importante ressaltar, porém, que tanto o espaço para buscar informações quanto o espaço interativo social podem conduzir a comportamentos participativos; diferentemente da utilização para o lazer que, segundo apontam alguns estudos, parece provocar o efeito oposto (VALENZUELA et al, 2012). Em relação à utilização da internet para a prática de jogos, os resultados mostram, de maneira geral, que a prática não está relacionada ao envolvimento político, com exceção aos jogos construídos com este fim específico (KAHNE; MIDDAUGH; EVANS, 2009).

Os espaços criativos na internet caracterizados como: divulgar ideias próprias, textos, vídeos e imagens; ou seja, espaços que encorajam a criatividade e expressão pública, estão relacionados a um impacto positivo na participação cívica, segundo Ekström e Östman (2013). Outros autores, no entanto, indicam que as mídias sociais, e os espaços interacionais e criativos, são utilizados por adolescentes basicamente para manter e desenvolver amizades, ou relacionamentos românticos e trocar informações sobre si mesmos (MESCH, 2012).

A internet oferece fácil acesso à informação política, possibilitando todos os tipos de oportunidades para que os jovens possam participar politicamente. Mas, existem divergências sobre o seu impacto no envolvimento político das pessoas. Os estudos realizados não abordam especificamente a população jovem, mas nos dão referências para investigar a amostra proposta neste estudo. A literatura aponta duas visões distintas com respeito à influência da internet em relação ao engajamento político. As visões otimistas (TEDESCO, 2007; WANG, 2007) apresentam-na com potencial para ampliar a participação política, por conta da possibilidade do acesso fácil à informação e de custo acessível, mecanismo este

(32)

já são interessadas pelo tema. Este fenômeno é conhecido pelo nome de “tese de reforço” (NORRIS, 2001; BOULIANNE, 2009, 2011).

Para que possamos investigar o impacto da utilização da internet na vida política dos jovens, se faz necessário analisarmos antes os conceitos de participação e consciência política, o que faremos na sequência.

3.2 Participação e Consciência Política

A participação política dos jovens tem sido tema de pesquisas acadêmicas, nacional e internacionalmente, especialmente após a Primavera Árabe. Amna e Ekman (2012), ao avaliarem o contexto global, atribuem o interesse acadêmico pelo tema ao declínio do engajamento cívico dos jovens e à crescente desconfiança pública nas instituições democráticas, políticos e política partidária.

As definições, mais ou menos abrangentes, contemplam o acesso e a capacidade das pessoas de afetar de alguma forma as esferas públicas, estar envolvido, tomar parte ou influenciar nos processos, nas decisões e nas atividades

num contexto ou campo de ação em particular. O’Donoghue (2003, p. 2) classifica o

conceito em etapas gradativas de atividade: (1) acesso às esferas sociais, políticas e econômicas; (2) capacidade decisória no contexto das organizações que influenciam a vida dos sujeitos; e, (3) planejamento e envolvimento em ações públicas.

O termo “participação política” é vinculado normalmente à conquista de

direitos de cidadania, em particular à extensão de direitos políticos (SANI, 2002). Verba et al (1978) entendem participação política como atos legais praticados por cidadãos individuais com a intenção de influenciar aqueles que estão no poder. Sani (2004, em BOBBIO) define três níveis de participação: (1) presença – participação menos intensa, incluindo os comportamentos passivos; (2) ativação – atividades voluntárias desenvolvidas; e, (3) decisão – participantes contribuem direta ou indiretamente para a decisão política, elegendo delegados, ou se candidatando.

(33)

eleitorais; (2) contatos com representantes oficiais do governo; e, (3) atividades cooperativas ou comunitárias. Teorell (2007) acrescenta ainda: (1) participação eleitoral, (2) participação do consumidor - incluindo doações de dinheiro para organizações filantrópicas, boicote de produtos e consumo político, assim como também assinar petições; atividades (3) atividades ligadas a partidos: ser membro, atuar, fazer trabalho voluntário ou doar dinheiro para algum partido político; (4) atividades de protesto tais como: participar de passeatas, greves e outras atividades de protesto político. E, finalmente, (5) atividades de contato: fazer contato com organizações, políticos ou funcionários públicos.

A questão central nas diferentes tipologias está em considerar atividades não ligadas ao engajamento cívico, tais como manifestações individuais ou coletivas de qualquer natureza, como participação política. Uma diferenciação observada pelos autores diz respeito aos estágios de pré-participação política, ou formas latentes de participação, tais como a definição de Predisposição para Agir de Salvador Sandoval (1994), e Stand-by Citizen por Ekman e Amna (2012), consideradas classicamente como formas passivas ou de monitoramento da política (NORRIS, 2011). As duas definições nos falam de sujeitos sensibilizados politicamente e de formas latentes de engajamento político.

Amna e Ekman criaram o conceito de Standby Citizen para definir o estado caracterizado por Sandoval como Predisposição para Intervir. O conceito de Standby Citizens refere-se a indivíduos que demonstram alto interesse, mas um comportamento político pouco expressivo (AMNA, 2010). Essa orientação política foi evidenciada em jovens e em adultos (AMNA; EKMAN, 2013). Indivíduos Standby demonstram níveis de competência política semelhantes aos dos indivíduos ativos politicamente e apresentam comportamento participativo.

A participação política na vida adulta pode ser analisada retrospectivamente pelas experiências grupais de associação e comprometimentos na adolescência (VERBA et al, 1995; YOUNISS; MCLENNAN; YATES, 1997).

(34)

Dahlgren (2004) ressaltou a importância da mídia, especialmente via internet, e sua onipresença na socialização dos jovens, ao mesmo tempo que o impacto das instituições tradicionais, tais como família, escola, igreja e vizinhança estão diminuindo. Assim também como, à medida que os horizontes sociais tendem mais a enfatizar a vida pessoal, o individualismo se faz mais pronunciado. Melucci (1994). O autor, porém, ressaltou o importante papel do indivíduo na construção da sua própria forma de agir e pensar, contrário à concepção de que somos apenas um produto da estrutura social. Em relação ao uso da internet, consideramos que os jovens não são apenas receptores passivos de conteúdo, mas também atores na formação do seu próprio processo de socialização política.

Veremos na sequência o modelo de consciência política, proposto por Salvador Sandoval (2014).

3.3 Consciência Política e Suas Dimensões

Segundo Sandoval (2014), a consciência política é formada por aspectos identitários, pela cultura por meio da interação social, pelo conjunto de crenças internalizadas pelo indivíduo e pela percepção politizada do contexto social onde o sujeito está inserido. O autor nos apresenta o conceito de consciência como um construto social: um processo que transforma o pensar e promove reflexão e transformação do indivíduo a partir de suas experiências e vivências, passivas ou ativas, na interação social.

O caráter não determinista do conceito em relação à mobilização e participação política é ressaltado, uma vez que indivíduos podem também se sentir desmobilizados a atuar politicamente diante do contexto vivido. Ou seja: um estado em que os indivíduos têm consciência, mas escolhem agir ou não.

(35)

3.3.1 Identidade Coletiva

Trata-se da forma como indivíduos estabelecem uma identificação psicológica de interesses e sentimentos de solidariedade e pertença a um ator coletivo. Essa dimensão consiste no sentimento de identificação e pertinência a um grupo social. O elemento de identificação baseia-se na representação coletiva e na imagem pública demonstrada pelos líderes grupais. Ou seja, na maneira que os indivíduos identificam-se com interesses coletivos e fazem aflorar sentimentos de solidariedade e pertinência a grupos identitários.

3.3.2 Crenças, Valores e Expectativas Sociais

São representações sociais sobre a natureza, a estrutura, as práticas e finalidades das relações sociais, que constituem a sociedade e expressão da ideologia política dos indivíduos. São o conjunto de crenças, valores e expectativas sociais dos indivíduos, formados também pela interação social. São, portanto, reflexos da ideologia política dos indivíduos. São representações sociais da natureza, da estrutura, das práticas e finalidade das próprias relações sociais dos indivíduos. São individuais, mas compostas por meio das interações aos vários grupos sociais dos quais o indivíduo participe, ou não participe, constituindo assim o seu sentimento de pertencimento ou não pertencimento a este ou aquele grupo.

3.3.3 Interesses Coletivos e Adversários Antagônicos

(36)

3.3.4 Eficácia Política

Definida como sentimento pessoal da capacidade de intervir em uma situação política. Essa dimensão é entendida como o sentimento do indivíduo sobre sua capacidade de intervir em uma situação ou contexto político. Indivíduos com sentimento de eficácia baixo normalmente atribuem a três fatores a causa dos acontecimentos: (1) forças transcendentais, desastres naturais ou intervenção divina, que provocam consequentemente reações de submissão e conformismo às situações de conflito social; (2) auto-atribuição: busca de soluções isoladas e autoculpabilização pelas questões sociais, e, (3) atribuição da causa à ação individual ou de grupos específicos. Sandoval, baseado na teoria de atribuição de Hewstone (1989), ressalta que o terceiro fator contribui para sensibilizar as pessoas a se tornarem atores políticos, responsáveis pela transformação social.

3.3.5 Sentimentos de Justiça e Injustiça

Nível de reciprocidade social entre atores considerados justos pelo indivíduo. Esta dimensão refere-se à forma que o indivíduo percebe sua condição dentro do arranjo social e da reciprocidade social entre os atores sociais, das obrigações e recompensas, percebidas como justas ou injustas. Sempre que os indivíduos acreditam que o equilíbrio nas relações se voltou contra eles, eles compreendem esta ruptura na reciprocidade como injustiça.

3.3.6 Vontade de Agir Coletivamente

(37)

refere à Teoria da Escolha Racional dos Movimentos Sociais proposta por Olson (1965), e acrescenta que a escolha de participar ou não baseia no significado individual das informações, permeadas pela análise dos próprios sentimentos de eficácia política, interesses próprios, avaliação dos adversários e sentimentos de justiça e injustiça.

3.3.7 Ações e Objetivos do Movimento Social

Esta dimensão refere-se a quanto o indivíduo sente que os objetivos e propostas do movimento social e de sua liderança estão de acordo com seus próprios interesses simbólicos, como dirigem suas demandas por justiça contra o adversário identificado e à percepção de que as ações coletivas propostas estão dentro do escopo dos seus próprios sentimentos de eficácia política em um dado período de tempo. Trata-se de uma avaliação global da correspondência entre os objetivos da ação coletiva, e os objetivos e percepções individuais e todos os demais fatores envolvidos. São avaliados: a ação coletiva, as estratégias propostas em relação aos seus próprios sentimentos de justiça e injustiça, interesses e percepção da eficácia política. A possibilidade de atuar politicamente é acrescentada por Salvador, ao incluir uma nova e oitava dimensão à sua conceituação:

3.3.8 Predisposição para Intervir

Segundo o autor, esta dimensão, somada às demais dimensões expostas anteriormente nos darão um perfil das características da ação coletiva e sua capacidade de promover a predisposição psicopolítica dos seus participantes e integrantes para promover a ação coletiva proposta.

“Além disso a compreensão de como certas ações individuais ou coletivas ocorrem ou deixam de ocorrer não é apenas uma questão de circunstância histórica, ou da percepção do indivíduo e de sua realidade social, mas também do repertório disponível de ações possíveis e da legitimidade atribuída às mesmas por seus atores. É nessa terceira acepção que sentimos a necessidade de agregar a “predisposição para intervir” às outras dimensões da consciência política”. (SANDOVAL, 1994, p. 58).

(38)

Amna e Ekman (2012) definem engajamento cívico como a maneira que o mundo é visto pelas pessoas, baseadas no sentimento de reciprocidade. Podemos dizer que o engajamento cívico está relacionado a valores, crenças, atitudes, sentimentos, conhecimento, habilidades e comportamentos relacionados às condições fora do círculo íntimo de amigos e família. Este comportamento pode ser expresso por atitudes na esfera pública, civil, pessoal, e também nas esferas integradas da vida e da política, a nível micro e macro: nas formas de comer, vestir, ler e socializar-se. Essas esferas refletem os novos modos dos movimentos sociais de questionar e transformar as formas da política e da participação política.

A tipologia apresentada pelos autores estabelece uma diferença entre a não-participação (seja ela nas formas ativas e antipolíticas, ou passivas e apolíticas); e a participação em termos de envolvimento social (atenção) e engajamento cívico (ação) e participação política. A tipologia contempla as formas de participação política formais legais e ilegais.

3.4.1 Formas de Participação Antipolíticas

Começaremos por definir as formas de não participação política, que podem ser passivas ou ativas, individuais ou coletivas. São consideradas pelos autores como formas ativas individuais e antipolíticas de participação, as ações de: não votar, evitar ler ou assistir noticiários relacionados a temas políticos, evitar falar sobre política, considerar a política como algo nojento, ter raiva de política. As formas coletivas compreendem: escolher estilos de vida não políticos, por exemplo: o hedonismo e o consumismo. Em casos extremos, atos não políticos de violência que refletem frustação, alienação ou exclusão social.

3.4.2 Formas de Participação Apolíticas

(39)

3.4.3 Participação Civil

Apresentado como participação civil, política latente, mas ainda não manifesta, estão: o envolvimento, ou atenção social e o engajamento cívico envolvendo ações políticas.

3.4.4 Envolvimento Social

Considera-se envolvimento social individual: interessar-se por política e por questões sociais, perceber a política como importante. As formas coletivas de envolvimento social são: pertencer a um grupo com foco nas questões sociais, identificar-se com alguma ideologia ou partido, estilos de vida relacionados com identidade grupal, roupas, músicas, e outros temas, como por exemplo, veganismo, skinheads ou punks.

3.4.5 Engajamento Cívico

O engajamento cívico individual envolve a ação, e é definido como: escrever para um editor, doar dinheiro para caridade, discutir política e questões sociais com amigos pessoalmente, ou pela internet, ler jornais e assistir TV quando o tema é política, ou fazer reciclagem. O engajamento cívico coletivo é entendido como voluntariado no trabalho social. Por exemplo: apoiar abrigos, praticar atos de caridade ou religiosos com base no trabalho comunitário e atividades em organizações comunitárias.

3.4.6 Participação Política Formal

(40)

Entre as formas de participação política formal coletiva estão: ser membro de um partido político, organização ou sindicado, atividades em partidos, organização ou sindicado (trabalho voluntário ou participar de reuniões).

3.4.7 Formas Legais de Participação Política Extraparlamentar

Entre as formas legais de participação política extraparlamentares individuais estão: boicotes, inclusive de consumo, assinar petições e panfletar. As formas coletivas são: envolvimento em novos movimentos sociais ou fóruns, manifestações, participação em greves, protestos e outras ações (festas de rua com agenda política clara).

3.4.8 Formas Ilegais de Participação Política Extraparlamentar

Em relação às formas ilegais de participação política extraparlamentares individuais estão: desobediência civil, ataques à propriedade privada ou pública. As formas coletivas, segundo a tipologia proposta pelos autores, são: ações de desobediência civil, sabotagem ou obstrução de vias de transporte, ocupações de prédios ou residências, participação em demonstrações violentas, confrontos com oponentes políticos ou com a polícia.

A tipologia proposta pelos autores vem de encontro a uma necessidade de nomear e legitimar novas formas de protesto praticadas pelos jovens, mas não exclusivamente, como participação política, e não apenas como vandalismo, barbárie e sinônimos utilizados para desqualificar ações de descontentamento popular.

Apresentaremos a seguir, a conceituação básica das principais variáveis que serão utilizadas na análise dos dados.

3.5 Principais Variáveis

(41)

correlações importantes entre elas, já apontadas na bibliografia estudada. Serão apresentadas as variáveis: interesse político e social, nível socioeconômico, eficácia pessoal, eficácia política, confiança nas pessoas, confiança nas instituições, sentimento de pertencimento e valores.

3.5.1 Interesse Político

O interesse político é um importante fator preditivo do comportamento político, por ser uma variável que tende a se manter estável com o passar do tempo (Prior, 2010). O interesse político parece ser um elemento desencadeador dos processos de engajamento político (AMNA; EKMAN, 2012) e promoção da consciência política (SANDOVAL, 1994), embora a própria participação também possa despertar o interesse político. Nas pesquisas sobre processos de socialização política, o

conceito “interesse político” é uma dimensão bastante utilizada e um poderoso indicador de participação política, por representar o foco de atenção das pessoas e uma curiosidade positiva em relação às questões políticas (AMNA; EKMAN, 2012; PRIOR, 2010; VAN DETH, 2000). A atenção à temática política nos noticiários foi indicada como fator associado ao interesse político por Strömbäck e Shehata (2010).

3.5.2 Interesse Social

Esta variável foi criada com o objetivo de captar outras formas de interesse que estimulam a participação política, mas que não são identificadas como

“Interesse Político” pelos respondentes da amostra, por conta da associação da palavra a aspectos negativos, tais como corrupção.

3.5.3 Nível Socioeconômico

(42)

socioeconômicos estabelecem as bases para o desenvolvimento de recursos que têm um impacto direto na vida política das pessoas, tais como o conhecimento político, habilidades e acesso às situações e contextos que despertem o interesse político. O sentimento de eficácia política é apontado como um elemento que pode alterar a condição de desigualdade política para os menos privilegiados socioeconomicamente (VERBA et al, 2012, 1995).

3.5.4 Eficácia Pessoal

A qualidade da eficácia pessoal é considerada a capacidade do indivíduo de executar tarefas e atingir resultados, auxiliando as pessoas a lidarem com diferentes situações na vida. Pessoas com alto sentimento de eficácia desempenham melhor, realizam mais e são mais equilibradas psicologicamente. Também são mais persistentes e menos propensas a desistir em momentos de estresse ou dificuldades (BANDURA, 1982, 1997).

O sentimento de eficácia pessoal faz com que a pessoa sinta-se confiante e pronta para agir e atuar no que considera inadequado. Pessoas com níveis mais altos de confiança na sua competência ou capacidade de agir mostram uma pré-disposição maior para a ação política. Quanto mais alto o grau de eficácia política, mais alto será o nível geral de participação em assuntos políticos. Estudos apontam correlação entre sentimentos de eficácia política, relacionados ao conhecimento político, interesse, confiança, sentimentos de pertencimento, dentre outras variáveis presentes nos estudos de participação política (SCHOLZMAN; BRADY 1995; ALMOND; VERBA, 1963).

3.5.5 Eficácia Política

(43)

controle sobre a agenda política, segundo Dahl (1989, 2000). A eficácia política refere-se à responsividade do sistema às demandas dos cidadãos.

3.5.6 Sentimento de Pertencimento

Trata-se de um aspecto da identidade grupal, um sentimento de identificação e pertinência a um corpo social, a algo que é comum a este grupo e corresponde à identificação subjetiva de integração com um coletivo, representado por imagens, percepções formadas a partir da geografia, da língua, das relações sociais, dos valores e normas, do espaço físico e social. O sentimento de pertencimento motiva o pertencimento a um todo, um grupo social representado pela família, bairro, país, dentre outros, que diferencia quem dele participa daqueles que não participam dos grupos aos quais se sente pertencer. Esta variável é identificada no modelo de consciência política de Salvador Sandoval (1994) como identidade coletiva, e está também relacionado às crenças e valores individuais.

3.5.7 Valores

A escala de valores Schwartz (2005) foi utilizada para compor as perguntas do questionário. As perguntas abrangeram os seguintes valores: Universalismo (Compreensão e proteção do bem-estar de todos e da natureza), Benevolência (preocupação com o bem-estar de pessoas próximas), Conformidade (restrição de ações e impulsos que podem magoar aos outros ou violar as expectativas e normas sociais), Tradição (respeito, compromisso e aceitação dos costumes e ideias de uma cultura ou religião), Segurança (segurança, harmonia e estabilidade da sociedade, dos relacionamentos e da própria pessoa), Poder (preservação de uma posição social dentro de um sistema social), Realização (procura do sucesso pessoal por meio de demonstração de competência de acordo com as regras sociais), Hedonismo (prazer e gratificação para si mesmo) e Estimulação (novidade e estimulação na vida).

(44)

tradição/conformismo e segurança; valores de auto-promoção: poder, realização e hedonismo; e o eixo de valores de abertura à mudança, representados pela estimulação e autocentração.

Figura 1: Modelo de Valores Humanos Fonte: Granjo (2013)

Estudo avaliando política e traços de personalidade, utilizando a escala de valores Schwartz, identificou que em relação a valores, votantes de centro esquerda pontuaram mais alto do que votantes de centro-direita nos valores: universalismo, benevolência, e autocentração e mais baixos em segurança, poder, sucesso, conformidade e tradição. (CAPRARA et al, 2006)

(45)

religiosos e apoiadores de direita expressavam mais confiança nas instituições do que indivíduos não religiosos e apoiadores de esquerda.

3.5.8 Confiança

(46)

4 METODOLOGIA

Pesquisa quantitativa, de abordagem psicossocial (N = 1.165), que teve como objetivo avaliar o impacto das tecnologias de informação e comunicação por meio do uso da internet, na participação e consciência política de jovens da região metropolitana de São Paulo. A amostra foi composta por adolescentes e jovens adultos, estudantes de escolas públicas e privadas, da região das regiões norte, sul, oeste e centro, de 13 a 30 anos, de distintos estratos sociais segundo critério de classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi utilizado um questionário auto-aplicável.

4.1 Etapas da Pesquisa de Campo

4.1.1 Fase I - Aplicação de Questionário Piloto

O piloto foi desenvolvido com a presença de 10 jovens, sendo seis deles do sexo masculino e quatro do sexo feminino, de idades entre 14 e 18 anos, em sala fechada, na ONG Benfeitora do Jaguaré. Após a apresentação inicial da pesquisadora, dos objetivos da pesquisa e esclarecimentos sobre a forma de preenchimento, os formulários foram preenchidos, tendo como tempo máximo de preenchimento 45 minutos. O questionário foi então discutido com os jovens para que pudessem fazer as suas críticas. Foram observadas as dificuldades no preenchimento e consideradas as opções para aprimoramento do instrumento de coleta.

4.1.2 Fase II - Aplicação do Questionário Validado

(47)

participantes e bairros: Universidade São Judas (Campus Mooca, curso de Administração), USP-SP (Direito e Educação, Campus Butantã); PUC-SP (Direito, Perdizes); Escola Vera Cruz (Alto da Lapa), Escola Carandá Viva Vida (Vila Mariana) e Colégio Porto Seguro (Morumbi). ONG participantes e bairros: Associação Beneficente Vivenda da Criança (Parelheiros), Instituto Dom Bosco (Bom Retiro), Sociedade Benfeitora do Jaguaré (Jaguaré).

A escolha das instituições e cursos buscou compor uma amostra que fosse a mais próxima possível da estratificação socioeconômica brasileira e ainda incluir diferentes áreas geográficas da cidade.

4.2 Número da Amostra

A população de jovens entre 14 e 25 anos na região metropolitana de São Paulo em 2010 era de 3.312.127 habitantes (IBGE, 2010). O número de 1.000 sujeitos foi estabelecido para garantir um intervalo de confiança de 95%.

4.3 Instrumental

Foi elaborado e utilizado um questionário com perguntas fechadas e abertas, dividido em duas partes, sendo a primeira referente às questões elaboradas pela pesquisadora; e a segunda parte, uma adaptação de parte do questionário sueco ao contexto brasileiro.

4.4 Questionário

(48)

4.4.1 Parte I

Questões 1 - 13: Perfil socioeconômico Questões 14 - 20: Perfil de acesso à internet Questões 21 - 23: Comportamento na rede

Questões 24 - 26: Conteúdo da rede e discussões Questões 27 - 28: Ciberativismo

Questões 29 – 34: Mobilização pelas redes/Manifestações/2013 Questão 35: Orientação ideológica

Questões 36 – 41: Participação política usando internet (passado) Questão 42 – Orientação ideológica (PT. PSDB, nenhum)

4.4.2 Parte II

Questão 1: Eficácia política

Questão 2: Predisposição para participar Questões 3 e 4: Interesse em política

Questões 5 e 6: Motivação interna e externa Questão 7: Participação política

Questão 8: Percepção de engajamento cívico Questão 9: Predisposição para intervir

Questão 10: Confiança nas instituições

Questão 11: Confiança nas pessoas, valores em relação à democracia Questão 12: Satisfação com a democracia brasileira

Questões 13, 14, 15: Consumo de mídia Questões 16, 17: Interesse na mídia Questões 18, 19: Uso da internet Questão 20: Valores

Questão 21: Sentimento sobre política Questão 22: Eficácia política

Questão 23: Associativismo Questão 26: Liderança

Imagem

Gráfico 3: Utilização da Internet por Gênero e Faixa Etária    Fonte: Autora (2015)
Tabela 5: Características Gerais no Uso da Internet  Fonte: Autora (2015)
Tabela 7: Distribuição de Afinidade Político-Partidária  Fonte: Autora (2015)
Gráfico 8: Interesse por Política  –  População Geral  Fonte: Autora (2015)
+7

Referências

Documentos relacionados

de calendário (Gonçalves, 2003: 46-47); estas datas, obtidas a partir de ossos humanos na Anta 3 de Santa Margarida, não deixam de ser um tanto desconcertantes, uma vez

O artigo O professor coordenador pedagógico nas escolas estaduais paulistas: da articulação pedagógica ao gerenciamento das reformas educacionais, também foi produzido

* Professor/a que na data da promulgação da emenda já tenha 50 anos se homem e 45 anos se mulher tanto rede pública quanto no setor privado, aplica-se a regra

Segundo a pediatra Talita Rizzini, que também é coor- denadora do pronto-socorro infantil e unidade de inter- nação do Grupo Leforte, em São Paulo, 2020 ficará mar- cado como o

MELO NETO e FROES (1999, p.81) transcreveram a opinião de um empresário sobre responsabilidade social: “Há algumas décadas, na Europa, expandiu-se seu uso para fins.. sociais,

Crisóstomo (2001) apresenta elementos que devem ser considerados em relação a esta decisão. Ao adquirir soluções externas, usualmente, a equipe da empresa ainda tem um árduo

Os gerentes precisam decidir se atribuirão apenas os custos privados, ou se todos os custos sejam atribuídos (custo total). Depois, precisam decidir usar uma abordagem por função

Ainda nos Estados Unidos, Robinson e colaboradores (2012) reportaram melhoras nas habilidades de locomoção e controle de objeto após um programa de intervenção baseado no clima de