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Os Impostos Aduaneiros sobre os Produtos Agrícolas na União Europeia

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Academic year: 2021

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Os Impostos Aduaneiros sobre os Produtos Agrícolas na União Europeia

Henrique Jorge Carvalho Araújo

Orientador(es)

Professora Doutora Glória Maria Alves Teixeira

Dissertação apresentada ao Instituto Politécnico do Cávado e do Ave para obtenção do Grau de Mestre em Fiscalidade:

Este trabalho inclui as críticas e sugestões feitas pelo Júri.

Fevereiro, 2018

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Os Impostos Aduaneiros sobre os produtos Agrícolas na União Europeia

Henrique Jorge Carvalho Araújo

Orientador(es)

Professora Doutora Maria Glória Alves Teixeira

Dissertação apresentada ao Instituto Politécnico do Cávado e do Ave para obtenção do Grau de Mestre em Fiscalidade:

Fevereiro,2018

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Declaração

Nome: Henrique Jorge Carvalho Araújo

Endereço eletrónico: a1276@alunos.ipca.pt

Telemóvel: 96 5789998

Cartão de Cidadão: 11679409

Título da dissertação: Os Impostos Aduaneiros sobre os Produtos Agrícolas na União Europeia

Orientadora: Professora Doutora Glória Maria Alves Teixeira

Ano de conclusão: 2018

Designação do Curso de Mestrado: Mestrado em Fiscalidade

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA EFEITOS DE

INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, ___ de _________ de 2018

Assinatura: ____________________________________________

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Resumo

O presente trabalho visa abordar de uma forma estreita e atenta os impostos aduaneiros sobre os produtos agrícolas na União Europeia.

Abordar os impostos aduaneiros sobre os produtos agrícolas é abordar o mercado agrícola in- terno de uma forma protecionista e de estímulo à produção e consumo do produto europeu.

Para entender o conceito de União Aduaneira é determinante conhecer e entender as caracte- rísticas da União Europeia de hoje, as suas bases e toda a sua história. A política agrícola comum, consi- derado um dos pilares da união europeia de hoje, promove a proteção da agricultura europeia não ape- nas na vertente económica, mas também na vertente da qualidade do produto agrícola e saúde do con- sumidor.

A harmonização entre a produção capaz da União Europeia e as necessidades do consumidor europeu faz com que a política europeia na área da agricultura seja pautada pelo equilíbrio entre aquilo que o próprio mercado é capaz de produzir e de consumir. Os impostos aduaneiros, nomeadamente na importação, serão abordados neste trabalho de forma a entender as influências que o mercado da pro- cura e da oferta podem ter a nível fiscal e aduaneiro.

O Comércio Internacional, Competitividade, União Europeia, Globalização, são expressões que nos dias de hoje fazem muito eco quando se fala na sustentabilidade de determinados mercados. A relação Regimes Aduaneiros/Direitos Aduaneiros/IVA, será frequentemente abordada neste trabalho no modo em como se associam e dependem em diferentes transações comerciais.

A importância do planeamento fiscal/aduaneiro será abordada de uma forma global. A utiliza- ção dos mecanismos ao dispor dos agentes económicos, fazem com que o planeamento fiscal/aduaneiro na área dos produtos agrícolas tenha um grande peso na estratégia comercial no mercado agrícola atu- al.

Palavras-chave: União-Europeia, Politica Agrícola Comum, Direitos aduaneiros

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Abstract

The present work aims at a close and attentive approach to customs duties on agricultural products in the European Union.

Addressing customs duties on agricultural products is to address the domestic agricultural market in a protectionist manner and to stimulate the production and consumption of the European product.

To understand the concept of Customs Union, it is crucial to know and understand the characteristics of today's European Union, its foundations and its history. The common agricultural policy, which is con- sidered to be one of the pillars of today's European Union, promotes the protection of European agricul- ture not only on the economic side but also on the quality of agricultural products and consumer health.

The harmonization between the capable production of the European Union and the needs of the Euro- pean consumer means that European agricultural policy is guided by the balance between what the market itself is capable of producing and consuming. Customs duties, particularly on import, will be addressed in this paper in order to understand the influences that the demand and supply market may have on the tax and customs side.

International Trade, Competitiveness, European Union and Globalization are expressions that today are very much echoed when talking about the sustainability of certain markets. The Customs Regimes / Customs Duties / VAT relationship will often be approached in this work in the way in which they associ- ate and depend on different commercial transactions.

The importance of fiscal / customs planning will be addressed in a holistic way. The use of the mecha- nisms available to economic agents makes fiscal / customs planning in agricultural products weigh heavi- ly on the commercial strategy in the current agricultural market.

Key words: European Union, Common Agricultural Policy, Customs duties

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Agradecimentos

Na realização deste trabalho não posso deixar de agradecer as pessoas que, direta e indiretamente contribuíram para a execução do mesmo.

Agradeço,

à orientadora Professora Doutora Glória Maria Alves Teixeira pela disponibilidade, acompanhamento, rigor e supervisão ao longo da elaboração deste trabalho.

Ao IPCA pelas condições disponibilizadas para a investigação e elaboração deste trabalho.

À Cátia e à pequena Maria pela motivação consciente e inconsciente que me passaram para a execução deste projeto.

À minha família pelo exemplo dado de que o caminho se faz caminhando.

A todos estes o meu obrigado.

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LISTA DE ABREVIATURAS, ACRÓNIMOS E SIGLAS

ACL: Acordo de Comércio Livre ACP: Acordo de Parceria e Cooperação AD FM: Direito Adicional sobre a Farinha AD SZ: Direito Adicional sobre o Açucar

AETMD: Association Europeene des Transformatteurs de Maix Doux APE: Acordo de Parceria Económica

CAC: Código Aduaneiro Comunitário CAU: Código Aduaneiro da União CCA: Conselho de Cooperação Aduaneira CEE: Comunidade Económica Europeia CIF: Cost Insurance and Freight EA: Elemento Agricola

EFTA: Associação Europeia de Comércio Livre

EURATOM: Comunidade Europeia de Energia Atómica FEDER: Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional GATS: General Agreement on Trade in Services

GATT: Acordo geral sobre as pautas Aduaneiras e Comércio IVA: Imposto sobre o Valor Acrescentado

NC: Nomenclatura Combinada

NCCA: Nomenclatura do Conselho de Cooperação Aduaneira

OCM: Organização Comum de Mercado

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OMA: Organização Mundial das Alfândegas OMC: Organização Mundial do Comércio PAC: Politica Agrícola Comum

PAEU: Pauta Aduaneira dos Estados Unidos PED: Países em Desenvolvimento

PMA: Países Menos Avançados PMD: Países Menos Desenvolvidos PTU: Países ou Territórios Ultramarinos SH: Sistema Harmonizado

SPG: Sistema de Preferências Generalizadas SPG+: Sistema Especial de Incentivos TARIC: Pauta Integrada das Comunidades

TFUE: Tratado de Funcionamento da União Europeia TMA: Tudo Menos Armas

TRIPS:Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights UE: União Europeia

UNCTAD: Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento

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Índice

Introdução ... 2

Capitulo I - Enquadramento histórico e legal do procedimento aduaneiro 4 1.1 Enquadramento histórico da função aduaneira. ... 4

1.2 A evolução do controlo aduaneiro no comércio mundial. ... 5

1.3 A União Europeia e a União Aduaneira ... 7

1.3.1 Evolução da União Europeia ... 7

1.3.2 O processo de Integração europeu ... 10

1.3.3 Território Aduaneiro da União: ... 11

Tabela 1 - Diferentes estatutos dos territórios ... 12

1.4 A classificação pautal e a legislação aduaneira ... 13

1.4.1 Do Código Aduaneiro da Comunidade - CAC ao Código Aduaneiro da União – CAU ... 13

Figura 1 – Alteração aos regimes aduaneiros ... 16

1.4.2 A Classificação das mercadorias e a Pauta Aduaneira Comum ... 16

1.4.3 Sistema Harmonizado ... 17

1.4.4 A Nomenclatura Combinada ... 18

1.4.5 Pauta Integrada das Comunidades (TARIC)... 18

Capitulo II - A Politica Agrícola Comum e as imposições aduaneiras ... 20

2.1 A Politica Agrícola Comum e a Organização Comum dos Mercados 20

2.2 A crescente importância da agricultura no mercado mundial ... 25

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2.3 A Estratégia e as imposições Aduaneiras na União Europeia ... 29

2.3.1 Os Acordos comerciais e a cooperação estratégica ... 29

2.3.2 Imposições Aduaneiras da União Europeia ... 39

2.3.2.1 A Pauta Aduaneira ... 39

2.3.2.2 Os Direitos Aduaneiros ... 40

2.3.2.3 Os direitos Anti-dumping e os direitos compensadores ... 41

2.3.2.4 O Elemento Agrícola, os Direitos Adicionais sobre o Açúcar e a Farinha em determinados Produtos. ... 52

2.3.2.5 Direitos adicionais ... 59

Capitulo III – O valor Aduaneiro e valor Tributável ... 68

3.1 O valor aduaneiro das mercadorias ... 68

3.1 O valor tributável na importação ... 70

Conclusão ... 72

Bibliografia ... 74

Índice de Tabelas e figuras Tabela 1 - Diferentes estatutos dos territórios ... 10

Tabela 2 - Importação de milho doce proveniente da Tailândia ... 42

Tabela 3 - Produção de milho doce pela União Europeia ... 42

Tabela 4 - Mercado de milho doce detido pela União Europeia ... 43

Tabela 5 - Empresas sujeitas às medidas anti-dumping ... 45

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Tabela 6 - Fabricantes que colaboraram no inquérito com o código adicional A793 ... 45

Tabela 7 - Tabela de correspondência de acordo com o quadro Meursing ... 55

Figura 1 - Alteração aos Regimes Aduaneiros ... 13

Figura 2 - Classificação Pautal ... 17

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Introdução

A área aduaneira e a união europeia sempre foram um tema que me despertaram curiosidade.

Quer pelo fato de em determinado momento da minha voda profissional ter executado funções numa das fronteiras existentes em Portugal, quer pelo fato de a união europeia ser um projeto que me suscita interesse pelo seu modelo e pela orientação.

Sendo a união europeia a instituição mais importante e representativa de um conjunto de países representantes do território europeu, a união aduaneira e o seu mercado interno representam em ter- mos comerciais um mercado único potenciador do produto europeu e do consumidor.

O setor agrícola é hoje, quer pela questão comercial quer pela questão ambiental, um setor de enorme importância para a união europeia. A elaboração de uma política agrícola comum, que em de- terminados momentos da história europeia não foi muito feliz, constitui hoje uma importante ferramen- ta na questão agrícola da união europeia.

Na elaboração deste trabalho será tido em conta a evolução histórica das principais instituições europeias e mundiais para a criação de um mercado único, para uma política agrícola e para uma enti- dade reguladora do comércio mundial. Tendo em conta que as trocas comercias sempre foram a princi- pal fonte na criação de valor e riqueza, a sua regulação será sempre importante.

Com a criação do mercado único e a evolução dos diferentes mercados agrícolas mundiais a pro- teção do mercado interno, apesar de o comércio internacional evoluir noutro sentido, como veremos ao longo do trabalho, tornou-se uma necessidade para os produtores e consumidores europeus. Assim, com o enquadramento histórico do comércio mundial e a caracterização das principais entidades regu- ladoras do mesmo, o presente trabalho abordara a questão agrícola de forma a entender como o mer- cado único europeu regula as trocas comercias de produtos agrícolas com os países terceiros, com pre- ponderância nas importações.

O enquadramento histórico da função aduaneira, a classificação pautal, a evolução da união eu-

ropeia e união aduaneira, a política agrícola comum, a importância da agricultura no panorama mundial,

as imposições aduaneiras na importação de produtos agrícolas, a determinação do seu valor aduaneiro

e tributável serão, pela ordem descrita os temas e a explorar neste trabalho.

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Capitulo I - Enquadramento histórico e legal do procedimento aduaneiro

1.1 Enquadramento histórico da função aduaneira.

O controlo da circulação das mercadorias sempre foi uma ferramenta utilizada pelas autoridades dos diversos territórios. Ao longo dos anos a existência das fronteiras tem permitido um controlo na circula- ção de bens de modo a proteger os diversos interesses económicos e comercias dos países. Os interes- ses estratégicos, a influência de determinadas áreas de produtividade na saúde financeira de cada eco- nomia, a garantia da diferenciação qualitativa na origem de determinado bem ou mercadoria, tornou o controlo das transações comerciais uma necessidade.

Desde há longo tempo que a classificação das mercadorias suscitou interesse. Este interesse teve a sua origem no desejo, pela parte das autoridades, de aplicar impostos ou direitos sobre as mer- cadorias que circulavam no seu próprio território ou que atravessavam as suas fronteiras. Com o de- senvolvimento das sociedades industrializadas, tornou-se importante determinar a amplitude dos mo- vimentos de mercadorias, mesmo daquelas não abrangidas por algum direito ou imposto. Com a evo- lução do comércio mundial, a classificação pautal das mercadorias tornou-se uma realidade, mesmo de uma forma simples, a classificação foi-se verificando de modo a garantir o controlo aduaneiro e estatís- tico das transações comerciais. A inclusão de direitos e taxas respeitantes a determinadas mercadorias passou a ser uma garantia na defesa dos interesses económicos e comerciais dos países.

Marcadamente histórico, é referência o tratado de Methueen, denominado “tratado dos panos e vinhos”, efetuado entre Portugal e Inglaterra em 1703, que beneficiava as trocas comerciais entre os dois países, nomeadamente, tecidos vindo de Inglaterra e vinho do Porto proveniente de Portugal.

"I. Sua Majestade El-Rey de Portugal promete tanto em Seu próprio Nome, como no de Seus Su- cessores, de admitir para sempre daqui em diante no Reyno de Portugal os Panos de lã, e mais fábricas de lanifício de Inglaterra, como era costume até o tempo que foram proibidos pelas Leys, não obstante qualquer condição em contrário.

II. He estipulado que Sua Sagrada e Real Magestade Britânica, em seu próprio Nome e no de

Seus Sucessores será obrigada para sempre daqui em diante, de admitir na Grã Bretanha os Vi-

nhos do produto de Portugal, de sorte que em tempo algum (haja Paz ou Guerra entre os

Reynos de Inglaterra e de França), não se poderá exigir de Direitos de Alfândega nestes Vi-

nhos, ou debaixo de qualquer outro título, direta ou indiretamente, ou sejam transportados para Inglaterra em Pipas, Toneis ou qualquer outra vasilha que seja mais o que se costuma pe-

dir para igual quantidade, ou de medida de Vinho de França, diminuindo ou abatendo uma ter-

ça parte do Direito do costume. Porem, se em qualquer tempo esta dedução, ou abatimento de

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direitos, que será feito, como acima he declarado, for por algum modo infringido e prejudicado, Sua Sagrada Magesta de Portugueza poderá, justa e legitimamente, proibir os Panos de lã e to- das as demais fabricas de lanifícios de Inglaterra.

III. Os Exmos. Senhores Plenipotenciários prometem, e tomão sobre si, que seus Amos acima mencionados ratificarão este Tratado, e que dentro do termo de dois meses se passarão as Rati- ficações."

Fonte: Veríssimo Serrão. História de Portugal (v. V), p. 229.

A aplicação dos primeiros direitos aduaneiros leva-nos para Inglaterra, onde no século XIII já apareciam mencionados nos tratados de economia internacional, definindo-se como “impostos” es- tabelecidos pelo estado e consignados em pautas específicas para o efeito. Em 1275 surgem pela primeira vez os direitos aduaneiros aplicados somente à Lã e Peles. Nestes dois produtos os direitos incidiam sobre a exportação de modo a evitar a saída de matérias essenciais em processos de pro- dução interna.

1.2 A evolução do controlo aduaneiro no comércio mundial.

Com o aumento das trocas comerciais, diversificando as mercadorias em causa, tornou-se van- tajosa a criação de um sistema de classificação de mercadorias mais evoluído. Ao longo dos anos procedeu-se à elaboração de pautas aduaneiras baseadas em critérios diversos, tais como, a nature- za das mercadorias, do estatuto fiscal, passando as mercadorias a ter um tratamento diferente em matérias de impostos.

A necessidade de cobrar direitos aduaneiros ou de exercer diversos controlos obrigou a que se sistematizasse a classificação das mercadorias, processo que tem evoluído desde as primeiras listas alfabéticas de mercadorias

1

.

Países como a Bélgica e o Império Austro-Húngaro detinham já na segunda metade do século XIX, classificações pautais tendo em conta as características das mercadorias. O império Austro- Húngaro apresentava mesmo em 1892, um esquema de classificação pautal semelhante aquele que

1 Em Portugal, a Pauta Aduaneira de Passos Manuel, de 1837, constituiu o primeiro grande sistema do direito aduanei- ro Português. Era constituído por 1499 artigos, repartidos em 25 classes. Teve como principal alteração o agravamento em 30% dos direitos aduaneiros existentes anteriormente.

Fonte: Vasques, Sérgio (Almedina,2012) «Manual do Direito Fiscal»

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mais tarde daria origem à nomenclatura de estatística de Bruxelas

2

de 1913 e ao projeto de nomen- clatura aduaneira de 1931 da Sociedade das Nações.

O início do século XX trouxe um maior desenvolvimento económico, com consequências nos movimentos internacionais e outras formas de relacionamento entre países (acordos preferenciais, zonas de comércio livre, uniões aduaneiras), que impulsionavam a uma uniformização da nomencla- tura empregue para que o seu enquadramento fosse igual, facilitando assim a elaboração de acor- dos comerciais.

A “Nomenclatura de Genebra” de 1937 é apontada como um dos primeiros trabalhos mais de- talhados neste domínio onde as mercadorias eram agrupadas tendo em conta o seu grau de trans- formação.

Após a publicação da “Nomenclatura de Genebra”, um Grupo de Estudos para a União Aduanei- ra criou, em 1950, uma nomenclatura redigida em Francês e Inglês, ficando conhecida inicialmente por “Nomenclatura de Bruxelas” e posteriormente por “Nomenclatura do Conselho de Cooperação Aduaneira (NCCA). Mais de cem países utilizaram esta nomenclatura, a qual utilizava notas explica- tivas para uma melhor interpretação e aplicação dos textos da nomenclatura. A NCCA foi utilizada por diversas organizações internacionais tais como o Acordo Geral sobre as Pautas Aduaneiras e Comércio (GATT), Comunidade Económica Europeia (CEE) e Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA).

Entrando em vigor em 1959, a NCCA foi submetida a diversas alterações, tendo sido mesmo uma das bases para a criação do Sistema Harmonizado. Durante a década de 70 a dificuldade na classifi- cação das mercadorias no comércio mundial aumentou devido ao facto de os países classificarem as mercadorias de diferentes formas. A necessidade de um entendimento e harmonização na classifi- cação pautal das mercadorias tornou-se assim urgente para o comércio mundial. Com os estudos efetuados entre 1970 e 1973 por um grupo criado para o efeito, foi identificada a necessidade de criação de um sistema harmonizado de designação e codificação de mercadorias, sendo este elabo- rado a partir da NCCA e das estatísticas do comércio mundial por serem as duas nomenclaturas mais utilizadas no comércio mundial.

Os trabalhos duraram dez anos, ao cabo dos quais o CCA (Conselho de Cooperação Aduaneira) aprovou, na sessão plenária de 14 de junho de 1983, a Convenção Internacional sobre o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias, cujo anexo constitui a Nomenclatura de Sistema Harmonizado (SH).

2 Nomenclatura Estatística Internacional aprovada na 2ª Conferência Internacional sobre Estatística Comercial, realiza- da em Bruxelas em 1913.

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Em 31 de Outubro de 1986, a convenção sobre o Sistema Harmonizado (SH) tinha sido assinada por 45 países, dos quais apenas 5 assinaram sem reserva de ratificação

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. Portugal também assinou, com reserva de ratificação, juntamente com os restantes Estados Membros da Comunidade, em 10 de Junho de 1985.

A aplicação do Sistema Harmonizado na classificação das mercadorias dá-se a 1 de janeiro de 1988. Portugal como membro da Comunidade Económica e Europeia (designação à data) desde 1 de janeiro de 1986, teve obrigatoriamente que adotar a mesma nomenclatura a partir de 1 de Ja- neiro de 1988 através o Regulamento (CEE) nº2658/87.

1.3 A União Europeia e a União Aduaneira

1.3.1 Evolução da União Europeia

Com os seus 28 membros, a União Europeia define-se como sendo um espaço de liberdade pro- porcionando a 500 milhões de europeus o acesso a bens, serviços e empregos. A atual união encontra- se em contínua construção e evolução, tendo sempre como objetivo proporcionar as melhores condi- ções económicas e de vida aos seus cidadãos.

Ao longo dos anos, com o objetivo de aumentar e consolidar a união dos povos da Europa, foram dados passos seguros e de uma forma progressiva para que a União Europeia continue a ser o processo de integração politica e económica de maior sucesso no mundo. Após a segunda guerra mundial foram muitos os passos dados no sentido de tornar realidade uma união na Europa capaz de manter as suas nações unidas e reconstruir a velha Europa. Desse modo, é de realçar momentos e factos que permitem à União Europeia a evolução esperada.

Tratado de Roma de 1958 – Tratado Constitutivo da Comunidade Económica Europeia (CEE) e Tra- tado Constitutivo da Comunidade Europeia da Energia Atómica (Euratom). Assinados a 25 de março de 1957 pela França, Bélgica, Itália, Alemanha Ocidental, Países Baixos e Luxemburgo, entrando em vigor a 1 de janeiro de 1958. No processo da progressiva integração económica dos diferentes países europeus

3 Uma Parte, ao assinar ou ao ratificar o tratado, pode informar às demais partes que não se considera vincula-

da a uma ou mais disposições, e/ou considera que certas disposições lhe são aplicáveis de uma maneira específica, explicada no momento da reserva. A reserva é consequência de pequenos desacordos sobre o texto do tratado que não ameaçam o espírito deste; neste caso, por vezes, para a parte é mais vantajoso acatar o texto como está e fazer uma reserva a uma disposição que lhe desagrade do que rejeitar o tratado inteiro. Em geral, a reserva é cabível em tratados plurilaterais ou multilaterais, não bilaterais. Nos acordos bilaterais, a falta do consenso completo inviabiliza o texto.

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visando uma união politica, destacaram-se Robert Schumann

4

e Jean Monnet

5

. Com o tratado de Roma deu-se início ao mercado comum6, mercado esse estabelecido por um período transitório tendo como finalidade a abolição da totalidade das barreiras alfandegárias entre os estados membros da comunida- de. Apesar de promover o comércio intracomunitário, o conceito de mercado comum não vingou da forma tácita que se pretendia, constituindo mesmo assim uma ferramenta na evolução da ideia de uni- ão dos países europeus, principalmente nas áreas das políticas comerciais.

A Comunidade Económica Europeia (CEE) nos anos 60 – Nos anos 60 é lançada a PAC – Politica Agrícola Comum, conferindo aos estados membros o controlo comum da produção alimentar. Apesar de uma CEE auto-suficiente em termos agrícolas e alimentares, a PAC provocou sobreprodução e exceden- te levando à tomada de medidas nesse sentido. Em agosto de 1961 é construído o muro de Berlim de forma a impedir a fuga do povo para Oeste, estando a europa numa fase de integração politica e eco- nómica a presença das ideologias politicas torna-se num obstáculo à harmonização da política europeia.

Em Julho de 1968, são criadas pela primeira vez as condições para o comércio livre. Entre os 6 países pertencentes à CEE, são suprimidos os direitos aduaneiros, havendo livre circulação de bens entre estes.

Em relação à importação de bens provenientes dos países não pertencentes a esta comunidade, passam a ser aplicados os mesmos direitos de importação, criando forte impacto nas trocas comerciais quer dentro do espaço da CEE, quer com os restantes países.

A Comunidade Económica Europeia (CEE) nos anos 70 – No início dos anos 70, verificando-se uma significativa diferença no valor das moedas dos países da comunidade, os estados membros decidem limitar as margens de flutuação entre as suas moedas. Com este mecanismo foi dado um primeiro passo para a constituição da moeda única, o que viria a acontecer 30 anos mais tarde. Em 1 de Janeiro de 1973, dá-se o primeiro alargamento com a adesão formal de 3 novos membros, Dinamarca, Irlanda e Reino Unido. A CEE passa a ser constituída por 9 países, aumentado assim a sua influência no espaço europeu. Em 1974 é criado o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional – FEDER. Este fundo veio assegurar a transferência de recursos financeiros das regiões ricas para as regiões desfavorecidas. Este mecanismo tornou-se assim numa importante ferramenta na aproximação dos países menos desenvol-

4Nascido no Luxemburgo em 1886, foi um político democrata cristão radicado em França. Conhecido como o “Pai da Europa”, foi o primeiro presidente do Parlamento Europeu, tendo sido o grande negociador de todos os grandes trata- dos do final da segunda guerra mundial.

5Nascido em França em 1888, considerado o arquiteto da União Europeia, nunca foi eleito para cargos políticos e atuava sempre de uma forma discreta. Foi um dos principais inspiradores da Declaração Schumann, proposta que deu origem à criação daquilo que é hoje a União Europeia.

6 O conceito de mercado comum confunde-se com o de mercado único ou interno. Enquanto que o mercado comum consistiu uma ideia inicial de harmonização de politicas comuns aos países europeus, o mercado interno efetivou-se através dos pilares em que assentou a constituição da União Europeia.

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vidos aos países mais capazes. Em Junho de 1979 é eleito pela primeira vez e por sufrágio universal direto, o presidente do Parlamento Europeu, tendo sido eleita a francesa Simone Veil que presidiu ao parlamento entre 1979 e 1982. A década de 70 simboliza ainda a queda das 2 últimas ditaduras de ex- trema-direita na Europa. Com a queda do regime de Salazar e a morte do general Franco, Portugal e Espanha dão assim início à instituição de governos democráticos, o primeiro passo a caminho da ade- são à comunidade europeia.

A Comunidade Económica Europeia (CEE) nos anos 80 – No início dos anos 80 a Comunidade Euro- peia passa a ter 10 países com a adesão da Grécia. Passados 6 anos, mais concretamente a 1 de janeiro de 1986, a CEE passa a ser constituída por 12 elementos, tendo Portugal e Espanha aderido à Comuni- dade. Apesar do acordo estabelecido em 1968, que previa a supressão dos direitos aduaneiros nas tran- sações de bens entre os 6 países pertencentes à CEE, os obstáculos à liberdade comercial continuavam a existir. Em Fevereiro de 1986 é assinado o Ato Único Europeu, a primeira alteração ao tratado de Roma. O Ato Único Europeu consistiu na definição das medidas necessárias e fases de implementa- ção com o objetivo de criar o mercado interno, mercado este que impunha a eliminação das fronteiras técnicas e físicas. Em 1989 dá-se o desmoronamento do muro de Berlim. Construído em 1961, a queda do muro de Berlim significou, além do fim do comunismo na europa central, a adesão da Alemanha oriental à CEE, o que aconteceu em 1990.

A Comunidade Económica Europeia (CEE) / União Europeia (UE nos anos 90 – Na década de 90

dão-se os momentos mais importantes na consolidação do modelo de união europeia. Em Fevereiro de

1992 é assinado o tratado da União Europeia, também conhecido por tratado de Maastricht. Com a

criação da Moeda Única, com uma Politica externa e de Segurança comuns e o reforço da cooperação

em matéria de justiça e assuntos internos, dá-se inicio á União Europeia. No ano seguinte, em 1993, é

criado o mercado único da União Europeia. Assente em 4 liberdades essenciais, a livre circulação das

mercadorias, dos serviços, das pessoas e dos capitais torna-se uma realidade. Apesar do esforço contí-

nuo de harmonizar as regras respeitantes às prestações de serviços, a livre circulação de determinados

serviços ficou adiada. Em Janeiro de 1995 dá-se mais uma adesão à União Europeia, desta vez, Finlândia,

Áustria e Suécia passam a fazer parte da família europeia. Ainda no mesmo ano, entra em vigor o acordo

Schengen em 7 países, Alemanha, França, Espanha, Portugal, Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Com

este acordo passa a ser permitido aos viajantes circularem dentro destes países sem controlo de identi-

dade nas fronteiras. Em Janeiro de 1999 é adotado o euro apenas para as transações comerciais e finan-

ceiras, ficando adiada a introdução no mercado de notas e moedas. Contudo, esta adoção é apenas

efetuada por onze países, Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália,

Luxemburgo, Países Baixos e Portugal.

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A Comunidade Económica Europeia (CEE) / União Europeia (UE) nos anos 2000 - O inicio dos anos 2000 foram cruciais no processo de integração europeia, a entrada em circulação das moedas e notas de euros significou um passo enorme na evolução da União Europeia. Em Janeiro de 2002 foram colocados em circulação mais de 80 mil milhões de moedas e notas, implicando uma operação de grande enverga- dura. Em 2004 dá-se mais um processo de alargamento, o maior até à data, a adesão de 10 novos países (Chipre, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta, Polónia e República Checa).

Esta adesão significa uma maior união da velha europa, unindo países que outrora a história separou.

Em Janeiro de 2007 aderem mais dois países à União Europeia, com a adesão da Bulgária e Roménia a união passa agora a 27. Em Dezembro de 2007 é assinado o tratado de Lisboa, tratado que veio alterar os tratados anteriores. Tendo como objetivo aumentar a democracia, eficácia e transparência da União Europeia, capacitando-a para enfrentar desafios globais, tais como, as alterações climatéricas, a segu- rança e o desenvolvimento, o tratado foi ratificado por todos os países, entrando em vigor em Dezem- bro de 2009. Com a crise financeira iniciada nos Estados Unidos, 2008 significa o início do primeiro grande desafio à União Europeia, sendo colocada à prova a capacidade de cooperação entre os seus estados membros. Em Julho de 2013 adere à União europeia mais um país. Com a adesão da Croácia, os países membros passam a 28, passando também, a serem faladas 24 línguas oficiais na UE.

1.3.2 O processo de Integração europeu

No processo de integração é importante fazer a distinção entre a Comunidade Económica Euro- peia (CEE) e a União Europeia (UE), sendo a CEE a organização responsável, entre 1958 e 1993, pelo processo de integração e a UE desde de 1993. Os graus de integração têm vindo, ao longo dos anos, a efetivar uma união europeia mais consolidada. Desde a constituição da CEE, a evolução para um espaço único económico coeso tem acontecido de uma forma gradual. No processo de integração foram dados passos seguros de modo a solidificar historicamente esta estratégia e união. Neste processo progressivo iniciado em 1958 verifica-se a evolução e consolidação dos conceitos,

Zona de Comércio Livre – Livre circulação de bens.

Mercado Comum – Livre circulação de serviços, pessoas e capitais.

União Aduaneira – Pauta exterior comum.

União Económica – Politicas económicas comuns.

União Económica e Monetária – Moeda Única.

X União Politica – Autoridade supranacional.

Apesar do sucesso da integração europeia, a União Europeia continua em fase de evolução e consolidação, havendo ainda obstáculos a contornar de modo a que a união seja completa e compacta.

A natureza fragmentada dos sistemas fiscais nacionais constitui ainda um obstáculo à eficiência do mer-

(26)

cado interno. Continuam a existir mercados nacionais separados para os sectores dos serviços da ener- gia e transportes. O desenvolvimento do comércio eletrónico segue a um ritmo lento devido às normas e práticas de cada país. O reconhecimento das qualificações dos residentes em diferentes países neces- sita de simplificação de modo a que a mobilidade profissional na União Europeia seja ainda maior. Os serviços financeiros, sendo um sector em desenvolvimento devido às crises recentes, esperam uma aceleração no processo de coesão financeira no espaço económico europeu. Apesar de haver um apa- rente sucesso nas diferentes fases de integração, existem ainda diversos aspetos a melhorar e a inte- grar. A União Politica, através de uma autoridade supranacional continua a ser um entrave á integração total, os diferentes interesses e visões dos países integrantes, a sua influência a nível financeiro e eco- nómico no mercado interno e externo, faz da união politica a barreira à integração total .

1.3.3 Território Aduaneiro da União:

Num processo de integração crescente em que se encontra a União Europeia, a questão da união territorial tornou-se, em 1 de Janeiro de 1993, uma realidade com efeitos imediatos na vida dos cidadãos europeus. Com a criação do mercado único

7

, onde a liberdade de circulação de bens e pessoas passa a ser uma realidade sem o controlo existente anteriormente, o território aduaneiro comum ganha assim um significado real de mercado único.

A definição de território da União encontra-se presente no Código Aduaneiro da União, no seu artigo nº4. Contudo, identificando o território aduaneiro da União, deve-se ter em conta o facto de o mesmo não coincidir com o território da União Europeia nem com o seu território fiscal.

Quando falamos da União Europeia e União Aduaneira, a ideia de Europa está sempre presente, contudo, o tema União Europeia gera por vezes uma interpretação confusa do seu conceito. Estando as três definições interligadas, estas não têm o mesmo significado.

A Europa é constituída por um conjunto de países territorialmente pertencentes à Europa, inde- pendentemente da sua orientação na área Politica, Financeira e Económica.

A União Europeia consiste numa instituição formada por um conjunto de países com interesses em comum e onde assentam as 4 liberdades constituintes da mesma união, a liberdade de circulação de pessoas, a liberdade de circulação de capitais, a liberdade de circulação de mercadorias e a liberdade de prestação de serviços.

7No mercado único europeu (a que, por vezes, também se chama «mercado interno»), as pessoas, os bens, os servi- ços e os capitais podem circular tão livremente como se se tratasse de um único país.

(27)

Relativamente à União Aduaneira esta caracteriza-se, de acordo com o artº28 do TFUE

8

, pela su- pressão nas relações entre os estados membros de direitos aduaneiros ou encargos de efeito equivalen- te, pela eliminação nas relações entre os estados-membros de todas as restrições quantitativas à livre- circulação das mercadorias ou medidas de efeito equivalente, pela adoção de uma pauta aduaneira comum e pela existência de legislação aduaneira comum.

Apesar das liberdades inerentes à criação do mercado único, a União Europeia e União Aduaneira não partilham a totalidade dos territórios em comum, ou seja, existem territórios da União Europeia que não pertencem à União Aduaneira, sendo para efeitos aduaneiros considerados territórios terceiros

9

, aplicando-se a legislação prevista nas trocas comercias externas.

Países como a Dinamarca e Espanha, apesar de ambos pertencerem à União Europeia, possuem territórios com diferente estatuto. No caso da Dinamarca, os territórios das Ilhas Faroé e Gronelândia apesar de pertencerem à Dinamarca são considerados terceiros para efeitos Aduaneiros e não perten- centes à União Europeia. No caso de Espanha, os territórios de Ceuta e Melilha não são considerados territórios da União Aduaneira, ficando as trocas de bens entre a União Aduaneira e esses territórios sujeitas aos procedimentos aduaneiros. Na análise dos territórios pertencentes à União Aduaneira, onde a circulação de mercadorias entre os estados membros é feita em forma de mercado único, deve-se ter em conta a definição dos territórios envolvidos nas transmissões de bens.

Tabela 1 - Diferentes estatutos dos territórios

Estado-Membro Território Eu- ropeu

Território União Euro-

peia

Território Aduaneiro

Território Fiscal Dinamarca Ilhas Faroé

Gronelândia

Não Não

Não Não

Não Não Espanha

Ilhas Canárias Ceuta Melilha

Sim Sim Sim

Sim Não Não

Não Não Não

8 Tratado Sobre o Funcionamento da União Europeia – Tratado assinado pelos estados-membros em 13 de Dezembro de 2007, na cidade de Lisboa. Destaca-se no TFUE, a junção do Tratado da União Europeia (TUE, Maastricht, 1992) e o Tratado da Comunidade Europeia (TCE, Roma,1957).

9 São considerados territórios terceiros, os territórios em que os bens originários ou procedentes desses mesmos terri- tórios estejam sujeitos a imposições aduaneiras.

(28)

Analisando os territórios a nível fiscal

10

, existem territórios que, mesmo sendo considerados ter- ritórios da União Europeia e da União Aduaneira, estão sujeitos a IVA no momento da sua introdução no consumo noutro território da União Aduaneira. Exemplificando com o território das Ilhas Canárias, os bens adquiridos nas condições normais de mercado neste território, serão sujeitos ao respetivo imposto sobre o consumo quando se verifique a sua transmissão e introdução no consumo

11

noutro estado membro da União Aduaneira.

Na definição do Território Aduaneira da União, salienta-se ainda o facto de estarem incluídas no território, as águas territoriais, as águas marítimas interiores e o espaço aéreo dos Estados-membros referidos no nº 4 do Código Aduaneiro da União.

Ideia-chave: Europa ≠ União Europeia ≠ União Aduaneira≠ Territórios Fiscais Especiais

1.4 A classificação pautal e a legislação aduaneira

1.4.1 Do Código Aduaneiro da Comunidade - CAC ao Código Aduaneiro da União – CAU

Na consolidação de parte da Europa para um mercado único em 1992, potenciando o espaço europeu para um mercado competitivo no panorama mundial, o plano normativo assumiu assim, um papel importante na harmonização do comércio interno e externo. Nesse sentido, a adoção do Código Aduaneiro Comunitário enquanto instrumento de consolidação da regulamentação aduaneira comuni- tária, aglutinando este num só ato normativo, o conjunto da regulamentação aduaneira dispersa por uma multiplicidade de textos adotados durante anos, fizeram do mesmo a lei fundamental da União Aduaneira.

Com a evolução do mercado mundial, a relação do mercado único europeu com os restantes mercados levou à necessidade de implementar um código regulador mais completo, atual, adaptado às novas tecnologias e facilitador para os diferentes utilizadores existentes. Desse modo, desde maio de 2016 que se encontra em vigor o Código Aduaneiro da União – Regulamento (UE) nº952/2013 do Parla- mento Europeu e do Conselho.

10 Com a entrada em vigor do CAU, os territórios considerados “Territórios Fiscalmente Terceiros” passam a ter a denominação de “Territórios Fiscais Especiais”.

11 Por vezes associa-se a “introdução no consumo” à “Introdução em Livre-Prática”, o que, podendo acontecer em simultâneo não tem o mesmo significado. No exemplo dado, sendo o território das Ilhas Canárias um território da União Aduaneira, os bens adquiridos nesse mesmo território são considerados adquiridos em Livre Prática, não sendo desse modo, sujeitos a direitos aduaneiros no momento da sua introdução noutro território da União Aduaneira. Por outro lado, sendo esse território considerado “Território fiscal especial”, no momento da sua introdução num território fiscal e aduaneiro, será sujeito ao Imposto relativo ao consumo nesse mesmo território.

(29)

“A Comissão pretendeu introduzir uma modificação substancial nos proce- dimentos de desalfandegamento de mercadorias, nomeadamente através da intro- dução do princípio da total desmaterialização de tais procedimentos, passando os mesmos a assentar em

transmissões eletrónica de dados12

entre os operadores económicos e as autoridades aduaneiras, e da `requalificação´ dos vários destinos aduaneiros, a que atualmente as mercadorias podem ser sujeitas, em três regimes aduaneiros, o que, na ótica da Comissão Europeia, constituiria uma simplificação da legislação”

Ricardo de Deus, p.20 «Temas de Direito Aduaneiro», Almedina 2014

Dentro das diversas alterações que se observaram com a adoção do CAU, valorizando aquelas que se relacionam com o tema em questão, destacam-se a utilização de meios eletrónicos para o trata- mento das respetivas declarações aduaneiras e a alteração aos regimes aduaneiros existentes. De sali- entar que, relativamente à utilização de meios eletrónicos estão previstas algumas derrogações. Apesar da regra geral, de acordo com o artº6 nº1 do CAU, em que todos os intercâmbios de informação entre operadores económicos e as autoridades aduaneiras terem de ser efetuadas por processo informático, existem derrogações à regra geral. Podemos classificar essas mesmas derrogações como:

Derrogações “Permanentes” – Artº6 nº 3a) do CAU Ex: Pedido de Informação Vinculativa – Artº19 do AD-CAU

Pedido de reembolso ou dispensa de pagamento – Artº92 AD-CAU.

Derrogações “Temporárias” – Artº6 nº 3b) do CAU

Ex: Situações de indisponibilidade temporária dos sistemas informáticos das autoridades aduaneiras ou dos operadores económicos.

Derrogações “Pontuais” – Artº6, nº4 do CAU

12 Até 31 de Dezembro de 2020, podem ser utilizados a titulo transitório meios de intercâmbio e armazenamento de informações diferentes das técnicas de processamento eletrónico de dados a que se refere o artigo 6 nº1 do CAU, caso ainda não estejam operacionais os sistemas eletrónicos necessários à aplicação das disposições do Código - Artigo 278 do CAU. Este período transitório advém do reconhecimento, por parte dos agentes envolvidos, dos elevados cus- tos financeiros e humanos que estas alterações implicam.

(30)

Ex: Casos excecionais em que a Comissão pode autorizar um ou mais Estados-membros a não utilizarem processos informáticos para efeitos de determinadas formalidades.

Derrogações “Transitórias” – Artº 278 do CAU

Ex: Pedido de decisão/autorização – Artº 2 ADMT-CAU

Relativamente aos Regimes Aduaneiros e comparativamente ao CAC, estes sofreram uma altera- ção na sua quantificação e qualificação. Desse modo, com a entrada em vigor do CAU, os regimes adua- neiros passaram a constituir-se por 3 principais regimes aduaneiros

13

, diferenciando-se assim dos 8+1 regimes aduaneiros existentes com o CAC. Relativamente à sua qualificação, de referir que o CAU aban- donou a classificação dicotómica dos regimes aduaneiros suspensivos / regimes aduaneiros económi- cos

14

previstos no CAC.

13 Nº16, Capitulo I das Disposições Gerais do CAU e Artº210 do CAU.

14 Na abordagem ao tema Regimes Aduaneiros no CAC, os mesmos podiam definir-se como Regimes Aduaneiros Económicos e Suspensivos. Económicos na promoção económica dos operadores da União Europeia e Suspensivos na supressão de direitos aduaneiros e nas demais imposições e formalidades. Quando é utilizada a expressão “Regi- mes Aduaneiros Económicos”, é feita a referência aos regimes, Entreposto Aduaneiro, Aperfeiçoamento Ativo, Aperfei- çoamento Passivo, Importação Temporária e Transformação Sob Controlo Aduaneiro. Eram considerados como “Re- gimes Suspensivos”, o regime de Entreposto Aduaneiro, Aperfeiçoamento Ativo (Sistema Suspensivo), Importação Temporária, Transformação sob Controlo Aduaneiro, Trânsito (Trânsito Externo). Existiam regimes aduaneiros que eram simultaneamente Económicos e Suspensivos, respetivamente, o regime de Entreposto Aduaneiro, Aperfeiçoa- mento Ativo, Importação Temporária e Transformação Sob Controlo Aduaneiro.

(31)

Figura 1 – Alteração aos regimes aduaneiros

A identificação dos regimes aduaneiros reveste capital importância na medida em que a sua utili- zação tem influência no planeamento fiscal e aduaneiro por parte dos operadores económicos. No pre- sente mercado mundial o planeamento do custo do produto de modo a obter um produto final a preços competitivos é essencial. Nas transações comerciais entre os países pertencentes à União Aduaneira e os países ou territórios terceiros, a utilização dos Regimes Aduaneiros pode amenizar ou mesmo isentar a aplicação dos direitos aduaneiros e dos impostos sobre o consumo. Estando em estudo os impostos aduaneiros, a utilização dos regimes aduaneiros torna-se assim um elemento importante a caraterizar.

No desenvolvimento deste trabalho o regime aduaneiro mencionado será a “Introdução em Livre- Prática” de determinados produtos agrícolas. De referir que, nas situações inframencionadas, a intenção de ser efetuada uma importação apenas se concretizará após a utilização do regime aduaneiro da “in- trodução em livre-prática”.

Ideia-chave: CAC → CAU= Evolução + Desmaterialização + Simplificação

1.4.2 A Classificação das mercadorias e a Pauta Aduaneira Comum

Prevista no artº56 do Código Aduaneiro da União, a Pauta Aduaneira Comum consiste na ferra-

menta essencial na classificação pautal das mercadorias que possam constituir divida aduaneira. Neces-

(32)

sária para a liquidação das imposições aduaneiras e fiscais, a classificação pautal é constituída por um conjunto de elementos fundamentais para o mais adequado posicionamento das mercadorias em causa.

Tendo em conta o facto de as trocas comerciais entre a União Aduaneira e os países e território tercei- ros terem como regulador principal o Código Aduaneiro da União, as mesmas, carecendo de uma classi- ficação pautal, a aplicação da Pauta Aduaneira Comum torna-se essencial no cumprimento. Em sequên- cia da competência exclusiva vertida no artº3 nº1 do TFUE ,

« 1. A União dispõe de competência exclusiva nos seguintes domínios:

a) União aduaneira;

b) Estabelecimento das regras de concorrência necessárias ao funcionamento do mercado interno;

c) Política monetária para os Estados-Membros cuja moeda seja o euro;

d) Conservação dos recursos biológicos do mar, no âmbito da política comum das pescas;

e) Política comercial comum»

dispõe o Art.28 nº1 do TFUE,

«1. A União compreende uma união aduaneira que abrange a totalidade do comércio de mercadorias e implica a proibição, entre os Estados-Membros, de direitos aduaneiros de importação e de exportação e de quaisquer encargos de efeito equivalente, bem como a adoção de uma pauta aduaneira comum nas suas relações com países terceiros.»

1.4.3 Sistema Harmonizado

Na classificação pautal atual, a evolução na identificação das mercadorias, a harmonização da sua classificação passou pelo sistema harmonizado que ao longo dos anos se foi aperfeiçoando no co- mércio mundial. Elaborado entre 1973 e 1983, entrando em vigor a 1 de Janeiro de 1988, o sistema harmonizado apresenta um sistema de codificação numérico composto por 6 dígitos. Consistindo numa nomenclatura de todos os objetos físicos existentes, incluindo a eletricidade, este é utilizado em mais de 200 países, abrangendo mais de 98% do comércio internacional. O sistema harmonizado consiste assim na primeira classificação e separação dos objetos pela sua tipologia para efeitos de transmissão entre territórios, tendo sido adotado pela Organização Mundial do Comércio

15

.

15 Constituída em 1994 em resultado da Ronda Negocial do Uruguai, veio substituir o Acordo Geral sobre Pautas Adu- aneiras e Comércio – GATT, datado de 1947, no enquadramento do comércio Internacional.

(33)

“A classificação pautal do “SH” é a base jurídica e fundadora de outras classi- ficações específicas como a Nomenclatura Combinada da UE (“NC”), pela Pauta Aduaneira dos Estados Unidos (“PAEU”) ou pela Pauta Aduaneira da Nova Zelân- dia”

Glória Teixeira, P177, Manual de Direito Fiscal, Almedina,4ªEdição,2016

1.4.4 A Nomenclatura Combinada

A Nomenclatura Combinada, designada por (NC), é a nomenclatura das mercadorias da União Aduaneira. A (NC) baseia-se na «Convenção Internacional sobre o Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias

16

» nomenclatura do Sistema Harmonizado, designado por (SH), com todas as suas posições e suposições e a correspondente codificação numérica a seis dígitos. As subdivisões complementares da comunidade foram introduzidas imediatamente depois do código a seis dígitos do (SH), com o recurso a dois outros dígitos. Assim, cada rubrica (subdivisão) da (NC) tem a sua própria codificação numérica constituída por oito dígitos, permitindo assim uma maior desagregação em função das necessidades de classificação pautal. A (NC) é constituída ainda por notas explicativas de adaptação ao (SH), de modo às mercadorias ficarem mais especificadas. De uma forma geral, a (NC) é a nomencla- tura pautal e estatística da União Europeia. Apesar de acrescentar apenas 2 dígitos ao Sistema Harmoni- zado, a Nomenclatura Combinada é constituída por um conjunto de elementos vinculativos, tais como, regras gerais para interpretação do sistema harmonizado, notas das secções e dos capítulos, números de código e designações da nomenclatura.

1.4.5 Pauta Integrada das Comunidades (TARIC)

A Pauta Integrada das Comunidades Europeias (TARIC) foi estabelecida e é regularmente atuali- zada pela Comissão Europeia, com base na Nomenclatura Combinada. Formadas a partir dos códigos numéricos da Nomenclatura Combinada (8 dígitos), as sub-posições TARIC são identificadas por um nono e um décimo algarismo. A título excecional, pode ser utilizado um código adicional TARIC de qua- tro algarismos para efeitos de aplicação das regulamentações comunitárias específicas que não estejam

16 Convenção Internacional organizada pela OMA/WCO (OMA – Organização Mundial das Alfândegas / WCO – World Customs Organization) com o objetivo de harmonizar a classificação pautal a nível mundial. A entrada em vigor desta harmonização na ordem internacional deu-se a 01/01/1988.

(34)

codificadas no décimo e décimo primeiro algarismo. De uma forma geral, a classificação TARIC permite, na importação de mercadorias, a determinação das taxas dos direitos aduaneiros consoante a origem das mercadorias e a aplicação de medidas de política comercial

17

.

Figura 2 – Classificação Pautal

A pauta de serviço permite a correta classificação das mercadorias fornecendo todas as informa- ções relativas à tributação das mercadorias importadas. Contém medidas de política comercial comum, nomeadamente restrições quantitativas, direitos aduaneiros, direitos anti-dumping, suspensões e con- tingentes pautais, bem como medidas de âmbito nacional, tais como o imposto sobre o valor acrescen- tado, os impostos especiais de consumo e informações complementares sobre as condições de desal- fandegamento das mercadorias. Mesmo não tendo força legal, os códigos da Pauta de Serviço e da TARIC têm de ser utilizados no preenchimento das declarações aduaneiras (art.º 5º do Reg. (CEE) n.º 2658/87).

17 Ver Capítulo II, ponto 2.3 - Os Instrumentos de Politica Comercial na União Aduaneira

SH NC TARIC

PAUTA DE SERVIÇO

(35)

Capitulo II - A Politica Agrícola Comum e as imposições aduaneiras

2.1 A Politica Agrícola Comum e a Organização Comum dos Mercados

Com os objetivos definidos no tratado de Roma de 1958, houve necessidade de criar mecanis- mos capazes de atingir os mesmos. Desse modo, a Conferência de Stresa em 1958, desenvolveu os prin- cípios e mecanismos que deveriam levar à realização e implementação dos 3 pilares na estratégia agrí- cola europeia.

«Princípio da preferência comunitária» - Tinha como objetivo favorecer os produtores comunitários. Foi adotado um sistema de tributação especifico e uma pauta aduaneira que garantisse que os produtos importados não eram introduzidos no consumo a preço inferior ao preço no mercado interno. Foram também concedidos subsídios à exporta- ção para que os produtos comunitários concorressem em mercados internacionais.

«Unicidade de Mercado» - Assegurar a livre-circulação dos produtos agrícolas entre os estados-membros e que a formação de preços fosse efetuada à escala comunitária através do estabelecimento de preços institucionais, regras de concorrência e elimina- ção de entraves no comércio comunitário.

«Princípio da Solidariedade Financeira» - Os gastos resultantes da PAC eram pelo orça- mento da comunidade. Para esse efeito foi criado o Fundo Europeu de Orientação e Ga- rantia Agrícola – FEOGA

18

.

Num processo de consolidação do desenvolvimento económico europeu, a Politica Agrícola Co- mum (PAC)

19

constitui um dos seus princípios. Assente nos 3 pilares já mencionados, a sua criação dá-se em 1962.Os primeiros anos da PAC foram com certeza os anos de maior sucesso.

18 O FEOGA foi criado em 1962 e separado em 2 secções em 1964. FEOGA ORIENTAÇÂO e FEOGA GARANTIA passaram a constituir as 2 secções do FEOGA. FEOGA ORIENTAÇÂO: Financiamento de programas e projetos desti- nados a melhorar as estruturas agrícolas. FEOGA GARANTIA: Financiamento das despesas de regulação dos preços dos mercados.

19 A PAC foi a primeira e, durante muitos anos, única política totalmente integrada da União Europeia. Abriria caminho ao mercado único europeu 30 anos mais tarde, em 1992. O seu sistema de preços únicos exigiu que a PAC criasse a

(36)

Os anos 60 caracterizaram-se pela fase em que os efeitos da estratégia seguida no modelo da PAC mais se fizeram sentir. Contudo, já no final da década de 60, as primeiras falhas começaram a ser identificadas e os resultados das políticas aplicadas verificavam-se nada saudáveis para a PAC. Sicco

Mansholt20

, em relatório

21

apresentado em 1968, identificava já os primeiros sinais de preocupação com as políticas agrícolas adotadas. Excedentes potenciais nos cereais e no setor lácteo, assim como o disparo dos custos orçamentais constituíam algumas das preocupações deste relatório. Uma política baseada no apoio aos preços não bastava para resolver os problemas da agricultura. O «Pai» da PAC propõe então aquele que ficou conhecido pelo Plano Mansholt.

A retirada da produção de 5 milhões de hectares de terras aráveis, que passariam a ser utiliza- das para fins florestais ou parques naturais.

Adoção de uma política sócio estrutural que encorajasse a cessação de atividade dos agriculto- res sem condições de viabilidade no mercado e que ao mesmo tempo cria-se apoios para a modernização das explorações que pudessem crescer e assegurar níveis de rendimento sufici- entes ao agregado familiar.

Uma redução significativa dos preços por forma a não estimular o recurso sistemático à inter- venção pública.

Das propostas apresentadas por Mansholt, as acima descritas destacavam-se na resolução dos problemas identificados no seu relatório. Contudo, algumas das propostas apresentadas não foram recebidas da melhor forma pelas organizações agrícolas, tendo inclusive provocado manifestações de desagrado.

Os anos 70 e 80 da PAC ficaram marcados pelo surgimento dos primeiros mecanismos de con- trolo de despesa, da produção e uma crescente preocupação com apoios estruturais. Os incentivos à cessação de atividade agrícola e a qualificação dos agricultores passaram a ser uma realidade, tendo como finalidade estabelecer um equilíbrio entre a necessária melhoria da competitividade no mercado

sua moeda própria, a «unidade de conta europeia» (ECU), um precursor distante do euro. Aquando da sua introdução em 1962, um ECU valia um dólar norte-americano.

Fonte: «Gabinete de Planeamento, Politicas e Administração Geral» http://www.gpp.pt

20 Agricultor e politico holandês considerado o pai da PAC. Foi também o comissário responsável pela agricultura entre 1958 e 1972.

21 Partes do relatório apresentado por Mansholt identificavam e solucionavam os problemas da PAC: “A diminuição rápida da população agrícola constitui um dos factos característicos do nosso tempo. Se se quiser numa dezena de anos recuperar o atraso da agricultura, é necessário que se acentue a diminuição da população ativa…”, “Os preços agrícolas deveriam encontrar o seu verdadeiro significado económico que é o de orientar a produção para um melhor equilíbrio de mercado. Reduzir os apoios às explorações mais competitivas permitirá à sociedade financiar paralelamente um esforço de modernização das explorações poten- cialmente competitivas, assim como um esforço orientado para a redução do número de explorações marginais…”

(37)

agrícola europeu, a capacidade de produção do mercado, a proteção do ambiente e o desenvolvimento de regiões menos desenvolvidas.

Nos anos 90 a PAC passa de um apoio ao mercado para um apoio ao produtor, estimulando e sensibilizando para um produto com mais qualidade e mais amigo do ambiente. Com a entrada nos anos 2000, a PAC, reformulando-se e evoluindo, tornou-se no maior importador de produtos oriundos de países em vias de desenvolvimento ao abrigo do acordo «Tudo exceto armas

22

». Com o alargamento da União Europeia a produção agrícola duplicou, potenciando assim o seu mercado e produção. A PAC continua a sua evolução, promovendo a inovação, combatendo as alterações climatéricas, combatendo o emprego e potenciando o crescimento das zonas rurais.

Os objetivos da PAC, originalmente refletidos no texto do tratado de Roma, continuam ainda ho- je, conforme o art.º 39 do TFUE, a manter o teor original.

Dispõe o art.º 39 do TFUE,

«1. A política agrícola comum tem como objetivos:

a). Incrementar a produtividade da agricultura, fomentando o progresso técnico, assegurando o desenvolvimento racional da produção agrícola e a utilização ótima dos fatores de produção, designa- damente da mão-de-obra;

b). Assegurar, deste modo, um nível de vida equitativo à população agrícola, designadamente pe- lo aumento do rendimento individual dos que trabalham na agricultura;

c). Estabilizar os mercados;

d). Garantir a segurança dos abastecimentos;

e). Assegurar preços razoáveis nos fornecimentos aos consumidores.

2. Na elaboração da política agrícola comum e dos métodos especiais que ela possa implicar, to- mar-se-á em consideração:

a) A natureza particular da atividade agrícola decorrente da estrutura social da agricultura e das disparidades estruturais e naturais entre as diversas regiões agrícolas;

b) A necessidade de efetuar gradualmente as adaptações adequadas;

22 Acordo que garante um acesso à União Europeia isento de direitos aduaneiros e de contingentes a todos os produ- tos, exceto armas e munições, de países menos desenvolvidos.

(38)

c) O facto de a agricultura constituir, nos Estados-Membros, um setor intimamente ligado ao con- junto da economia.»

. Com a implementação da PAC a harmonização do mercado agrícola começou a verificar-se. Essa harmonização levou à criação de Organizações Comuns de Mercado, designadas por OCM, para cada produto abrangido pela politica agrícola comum. Dentro das especificidades de cada OCM, estas vieram estabelecer determinados mecanismos, nomeadamente,

- Um sistema de preços: pretendia assegurar um nível de preços de mercado no setor agrícola de forma a estabilizar os rendimentos do agricultor. Em vez de funcionar a lei da procura e oferta, que ditaria o preço de mercado, foram estabelecidos preços indicativos e de referência.

- Um sistema de intervenção: assegurava um valor mínimo de produto. Quando um produto des- cia para valores inferiores ao preço base, a comunidade comprometia-se a comprar essa produção aos agricultores, intervindo assim como elemento estabilizador dos mercados agrícolas. Assegurava também possíveis perdas decorrentes de doenças e pragas que pudessem influenciar as produções.

- Um sistema de ajudas: assegurava um valor mínimo do produto ou um rendimento mínimo nas relações de mercado. Exemplificando, nas relações comerciais com o mercado internacional, o sistema de ajudas compensava as possíveis perdas neste mercado.

- Um regime aplicável nas trocas com países terceiros: assegurava, com a aplicação de direitos aduaneiros, a receita relativa à importação, valorizando ao mesmo tempo o produto agrícola de produ- ção interna. Adoção dos direitos niveladores agrícolas para que os produtos importados tivessem o mesmo valor de mercado que os produtos do mercado comunitário. Pagamento de restituições à expor- tação com o objetivo de compensar os produtores exportadores pela diferença no valor de mercado dos produtos agrícolas no mercado internacional, geralmente mais baixo.

Num processo gradual, as OCM foram chegando a todos os produtos, obrigando à definição de estratégias para atingir os objetivos definidos e à harmonização de políticas nacionais já existentes nos diferentes países .

Dispõe o art.º 40 do TFUE,

(39)

«1. A fim de atingir os objetivos definidos no artigo 39 do TFUE, é criada uma organização comum dos mercados agrícolas.

Segundo os produtos, esta organização assumirá uma das formas seguintes:

a) Regras comuns em matéria de concorrência;

b) Uma coordenação obrigatória das diversas organizações nacionais de mercado;

c) Uma organização europeia de mercado. 2. A organização comum, sob uma das formas previs- tas no n. o 1, pode abranger todas as medidas necessárias para atingir os objetivos definidos no artigo 39, designadamente: regulamentações dos preços; subvenções tanto à produção como à comercializa- ção dos diversos produtos; medidas de armazenamento e de reporte; e mecanismos comuns de estabili- zação das importações ou das exportações. A organização comum deve limitar-se a prosseguir os objeti- vos definidos no artigo 39. o e deve excluir toda e qualquer discriminação entre produtores ou consumi- dores da União.

Uma eventual política comum de preços deve assentar em critérios comuns e em métodos de cál- culo uniformes.

3. A fim de permitir que a organização comum referida no n. o 1 atinja os seus objetivos, podem ser criados um ou mais fundos agrícolas de orientação e garantia.»

Em 2007, com o intuito de simplificar a sua aplicação, foi estabelecida uma única OCM median- te a aprovação do regulamento (CE) nº1234/2007 do Conselho de 22 de Outubro, designada por «OCM ÚNICA». Apesar da denominação, esta não abrangeu todas a OCM já existentes em virtude de algumas reformas se verificarem em alguns setores, tais como, setor das frutas, produtos hortícolas e produtos transformados à base destes. Em 2013 é publicado o regulamento (UE) nº1308/2013 do Parlamento Europeu e do Conselho de 17 de Dezembro de 2013.Tendo como horizonte a reformulação da PAC, a sua entrada em vigor a 1 de Janeiro de 2014 veio acelerar e reformular os principais instrumentos da PAC, sendo de salientar a revogação do Regulamento (CE) nº1234/2007 do conselho, que até então organizava e regulava o mercado comum dos produtos agrícolas.

O presente da Politica Agrícola Comum (PAC) continua a ser a perspetiva de evolução. Apesar

do sucesso histórico desta política agrícola, em que os consumidores têm beneficiado de alimentos mais

seguros a preços cada vez mais baratos, questões como a biodiversidade, ambiente, paisagens, zonas

rurais, tornam-se cada vez mais importantes. A PAC pós-2020 é hoje o maior desafio da política agrícola

da União Europeia. Tendo como objetivo promover a melhor reforma agrícola da história da União Eu-

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