• Nenhum resultado encontrado

Coordenação de Pesquisa e Orientação Técnica COPEQ

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "Coordenação de Pesquisa e Orientação Técnica COPEQ"

Copied!
35
0
0

Texto

(1)

Coordenação de Pesquisa e Orientação Técnica COPEQ

TEMA

LAPSO DE TEMPO DE RESTRIÇÃO DE LIBERDADE DA VÍTIMA PARA RECONHECIMENTO DA RESPECTIVA MAJORANTE

DATA DA PESQUISA: 01/02/2016 PESQUISA NO STJ

I) PENAL E PROCESSUAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL.

VIA INADEQUADA. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. EMPREGO DE ARMA DE FOGO.

PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. RESTRIÇÃO DE LIBERDADE DAS VÍTIMAS POR TEMPO JURIDICAMENTE RELEVANTE. REEXAME.

AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA.

CONSTITUCIONALIDADE. COMPENSAÇÃO COM A ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA. POSSIBILIDADE. AUMENTO DE PENA EM FACE DAS MAJORANTES.

FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. OFENSA À SÚMULA 443 DO STJ NÃO EVIDENCIADA.

AUMENTO DE PENA EM FACE DO CONCURSO FORMAL.

PROPORCIONALIDADE COM O NÚMERO DE INFRAÇÕES. DISCUSSÃO SOBRE A VALIDADE DA INDENIZAÇÃO MÍNIMA COMINADA. QUESTÃO QUE NÃO INFIRMA O DIREITO DE LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO.

1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, acompanhando a orientação da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, firmou-se no sentido de que o habeas corpus não pode ser utilizado como substituto de recurso próprio, sob pena de desvirtuar

(2)

a finalidade dessa garantia constitucional, exceto quando a ilegalidade apontada é flagrante, hipótese em que se concede a ordem de ofício.

2. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que é prescindível a apreensão e perícia da arma de fogo para a caracterização de causa de aumento de pena quando outros elementos comprovem tal utilização.

3. A restrição de liberdade da vítima por tempo juridicamente relevante justifica a aplicação da majorante prevista no art. 157, § 2º, V, do Código Penal.

4. O Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento do RE 453.000/RS, em que foi reconhecida a repercussão geral, decidiu que a circunstância agravante da reincidência (art. 61, I, do Código Penal) não ofende os princípios constitucionais do non bis in idem e da individualização da pena.

5. A Terceira Seção desta Corte Superior, no julgamento do Recurso Especial n.

1.341.370/MT, submetido ao procedimento previsto no art.

543-C, do Código de Processo Civil, adotou o entendimento de que não há preponderância entre a agravante da reincidência e a atenuante da confissão espontânea, nos termos do art. 67 do Código Penal. Desse modo, considerou-se que as duas circunstâncias compensam-se entre si. No caso dos autos, as instâncias ordinárias atribuíram maior peso à reincidência, tendo sido configurado o constrangimento ilegal nesse ponto.

6. Para aumentar a pena, na fração de 1/2, pela presença das majorantes, o decreto condenatório avaliou o número de agentes (cinco) e a quantidade de armas empregadas (quatro), elementos concretos e idôneos, que revelam a periculosidade mais acentuada da empreitada criminosa e justificam a elevação da reprimenda em proporção maior do que o mínimo legal cominado.

7. A jurisprudência desta Corte Superior orienta que o aumento de pena em face do concurso formal, de 1/6 a 1/2, deve ser calculado em função do número de delitos praticados, que, no caso do roubo, corresponde ao número de patrimônios atingidos pela ação delituosa.

Na espécie, a elevação da pena na metade (1/2) encontra-se justificada, pois o roubo atingiu sete patrimônios distintos.

8. O habeas corpus não se presta para impugnar a validade da indenização mínima arbitrada, haja vista que esse efeito civil da sentença condenatória não infirma o direito à liberdade de locomoção. Precedentes.

9. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para compensar a agravante da reincidência com a atenuante da confissão espontânea e, por conseguinte, reduzir a pena aplicada aos pacientes.

(HC 201.568/RJ, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 08/09/2015, DJe 29/09/2015)

II) PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO DO WRIT. CRIMES DE ROUBO MAJORADO E SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO. PRIVAÇÃO DA LIBERDADE REALIZADA PARA ASSEGURAR O EXAURIMENTO DO DELITO DE ROUBO MAJORADO. ATIPICIDADE DA CONDUTA RELATIVA AO DELITO DE SEQUESTRO. INEXISTÊNCIA DE VONTADE LIVRE E CONSCIENTE DE PRIVAÇÃO DA LIBERDADE DA VÍTIMA. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.

1. Ressalvada pessoal compreensão diversa, uniformizou o Superior Tribunal de Justiça ser inadequado o writ em substituição a recursos especial e ordinário, ou de

(3)

revisão criminal, admitindo-se, de ofício, a concessão da ordem ante a constatação de ilegalidade flagrante, abuso de poder ou teratologia.

2. Praticada a privação da liberdade com o fim de assegurar a concretização ou o exaurimento do delito de roubo, e não visando deliberadamente privar a vítima de sua liberdade, não há falar em sequestro, restando configurada, nesses casos, a majorante do inciso V do § 2º do art. 157 do CP: se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. Precedentes.

3. Habeas corpus não conhecido. Concedida a ordem de ofício para, reconhecida a atipicidade material da conduta, absolver o paciente da imputação relativa ao delito de sequestro, prevista no art. 148 do CP.

(HC 35.536/MG, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 25/11/2014, DJe 16/12/2014)

III) PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. (1) IMPETRAÇÃO SUBSTITUTIVA DE RECURSO ESPECIAL. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. (2) MAJORANTES (ART. 157, § 2.°, I, II E V, DO CP).

EXASPERAÇÃO ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. 1/2 (METADE). JUSTIFICATIVA IDÔNEA. (3) WRIT NÃO CONHECIDO.

1. É imperiosa a necessidade de racionalização do emprego do habeas corpus, em prestígio ao âmbito de cognição da garantia constitucional, e, em louvor à lógica do sistema recursal. In casu, foi impetrada indevidamente a ordem como substitutiva de recurso especial.

2. Não há manifesta ilegalidade a ser reconhecida. Em se tratando de roubo circunstanciado, a majoração da pena acima do mínimo legal (um terço) requer devida fundamentação, com referência a circunstâncias concretas que justifiquem um acréscimo mais expressivo, o que se verifica no caso em apreço (o crime tentado foi praticado pelos dois réus e o menor, porquanto em concurso de pessoas, havendo os próprios réus admitido em Juízo que todos conjuntamente planejaram o roubo; as armas de fogo foram apreendidas efetivamente, conforme laudo técnico pericial acostado às fls. 64/67 do processo, dois revólveres marca "Taurus", com numeração raspada, calibre 38, acompanhadas de cartuchos íntegros, ainda que um dos revólveres estivesse em péssimo estado de conservação como atestado no laudo.

A qualificadora de restrição de liberdade das vítimas também restou comprovada, pois como afirma Renata, permaneceram em poder dos agentes forçosamente e sob grave ameaça no veículo por quase uma hora até serem detidos pela Polícia).

3. Habeas corpus não conhecido.

(HC 256.188/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 06/02/2014, DJe 01/07/2014)

IV) AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ROUBO CONSUMADO.

DESNECESSIDADE DA POSSE MANSA E TRANQÜILA DA RES FURTIVA.

PRECEDENTES DO STJ. RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DA VÍTIMA.

INEXIGÊNCIA DE LARGO LAPSO TEMPORAL. CARACTERIZAÇÃO DA CAUSA DE AUMENTO DO ART. 157, § 2o., V DO CPB. INOVAÇÃO RECURSAL.

IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

1. É firme o entendimento deste Tribunal Superior de que a consumação do delito de roubo se dá quando o agente consegue retirar o bem da esfera de disponibilidade da vítima, ainda que não haja posse tranqüila da res, ou seja, quando o ofendido não puder mais exercer os poderes inerentes à sua posse ou propriedade.

(4)

2. A causa de aumento prevista no art. 157, § 2o., V do CPB demanda, tão- somente, para sua incidência, a restrição da liberdade da vítima, que, uma vez caracterizada, autoriza a exasperação da reprimenda de um terço até a metade. Não é feita qualquer menção ao lapso temporal necessário de tal restrição, bastando, para fins de subsunção ao tipo circunstanciado, a efetiva privação da liberdade, necessária à prática do delito de roubo, tal como configurada na espécie.

3. Pretende o Agravante debater questão que não foi enfrentada pelo Tribunal Estadual, sequer suscitada no Recurso Especial, o que se mostra de todo inadmissível. É assente a jurisprudência desta Corte sobre a impossibilidade de o recorrente inovar em Agravo Regimental, devendo se ater à impugnação dos fundamentos do decisum atacado.

4. Agravo regimental desprovido.

(AgRg no REsp 1020270/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 08/09/2009, DJe 13/10/2009)

SÍNTESE DA PESQUISA NO STJ:

Uma vez proposta a questão sobre o entendimento do Superior Tribunal de Justiça a respeito de “LAPSO DE TEMPO DE RESTRIÇÃO DE LIBERDADE DA VÍTIMA PARA RECONHECIMENTO DA RESPECTIVA MAJORANTE”, procedemos a presente pesquisa e encontramos as ocorrências colacionadas abaixo.

A priori, salientamos que a jurisprudência do STJ tende a seguir a orientação dada pelo artigo 157, § 2º, V do Código Penal que prevê a majorante tendo em vista a referida restrição de liberdade da vítima por tempo juridicamente relevante.

Quanto ao lapso temporal em si, observa-se não existir uma mensuração pré- definida. Conforme disposto no AgRg no REsp 1020270/RS, julgado em 08/09/2009, o Relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Quinta Turma, não é feita qualquer menção ao tempo necessário para que seja caracterizada a majorante de privação da liberdade.

Destacamos por fim, a diferença observada pelo Relator Ministro Nefi Cordeiro, Sexta Turma, em seu HC 35.536/MG, julgado em 25/11/2014, entre a majorante e o crime de seqüestro, ao dizer que “Praticada a privação da liberdade com o fim de assegurar a concretização ou o exaurimento do delito de roubo, e não visando deliberadamente privar a vítima de sua liberdade, não há falar em sequestro, restando configurada, nesses casos, a majorante do inciso V do § 2º do art. 157 do CP: se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade”.

PESQUISA DE ENTENDIMENTO DE CÂMARAS DO TJMG

SÍNTESE DA PESQUISA NO TJMG:

Uma vez proposta a questão sobre o entendimento das câmaras criminais a respeito de “LAPSO DE TEMPO DE RESTRIÇÃO DE LIBERDADE DA VÍTIMA

(5)

PARA RECONHECIMENTO DA RESPECTIVA MAJORANTE”, procedemos a presente pesquisa e encontramos as ocorrências colacionadas abaixo.

Em síntese, salientamos que a jurisprudência deste tribunal tende a seguir a orientação dada pelo artigo 157, § 2º, V do Código Penal que prevê a majorante tendo em vista a referida restrição de liberdade da vítima por tempo juridicamente relevante.

Conforme explica o Relator Des. Nelson Missias de Morais, 2ª Câmara Criminal, na Apelação Criminal 1.0621.14.000475-8/001, julgamento em 17/09/2015, “o reconhecimento da causa de aumento de restrição à liberdade da vítima somente é possível nos casos em que tal circunstância extrapolou aquela ínsita ao tipo penal, tornando-se juridicamente relevante ao aumentar o grau de reprovabilidade da conduta”. (Grifo nosso).

Para alguns, entretanto, como o Relator Des. Alberto Deodato Neto, Apelação Criminal 1.0452.13.004083-8/001, independe o tempo de restrição da liberdade para a configuração da majorante. Para outros, como a Relatora Des.(a) Kárin Emmerich, Apelação Criminal 1.0313.13.023698-4/001, a referida majorante deve ser reconhecida somente se o tempo de restrição da liberdade for maior que o necessário para a execução do crime.

Destacamos por fim, os ensinamentos de Guilherme de Souza Nucci: "e) se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo a sua liberdade (§ 2º, V):

introduzida pela Lei 9.426/96, teve o legislador por finalidade punir mais gravemente o autor do roubo que, além do mínimo indispensável para assegurar o produto da subtração, detém a vítima em seu poder. [...] se o agente segura a vítima por brevíssimo tempo, o suficiente para tomar-lhe o bem almejado (ex.: disposto a tomar o veículo da vítima, o agente ingressa no automóvel unicamente para, alguns quarteirões depois, colocá-la para fora); [...] cremos não estar configurada a causa de aumento - afinal, o tipo penal fala em 'manter', o que implica uma duração razoável; [...]" (Manual de Direito Penal: parte geral: parte especial - 3ª edição - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais , 2007, p. 706).”

POSIÇÃO DA (PRIMEIRA) CÂMARA CRIMINAL

A posição desta câmara tende a observar a ocorrência da qualificadora prevista no art.

157, §2º, V, do CP, se o agente do delito mantém a vítima cativa por tempo suficiente à execução do roubo.

Para o Relator Des. Alberto Deodato Neto, por exemplo, Apelação Criminal 1.0452.13.004083-8/001, independe o tempo de restrição da liberdade para a configuração da majorante.

Para a relatora Relatora Des.(a) Kárin Emmerich, Apelação Criminal 1.0313.13.023698-4/001, a majorante deve ser reconhecida somente se o tempo de restrição da liberdade for maior que o necessário para a execução do crime. Assim, colaciona os ensinamentos de Guilherme de Souza Nucci: . “[...] se o agente segura a vítima por brevíssimo tempo, o suficiente para tomar-lhe o bem almejado (ex.: disposto a tomar o veículo da vítima, o agente ingressa no automóvel unicamente para, alguns quarteirões depois, colocá-la para fora); [...] cremos não estar configurada a causa de

(6)

aumento [...] (Manual de Direito Penal: parte geral: parte especial - 3ª edição - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais , 2007, p. 706)”.

1 - DESEMBARGADOR Alberto Deodato Neto

Número do Processo: Apelação Criminal 1.0452.13.004083-8/001 Data do Julgamento: 28/10/2014

ENTENDIMENTO

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - CRIMES DE ROUBO MAJORADO PELO EMPREGO DE ARMA, CONCURSO DE PESSOAS E RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DAS VÍTIMAS E CORRUPÇÃO DE MENORES - MATERIALIDADE, AUTORIA E TIPICIDADE SUFICIENTEMENTE COMPROVADAS - PALAVRAS DA VÍTIMA EM CONSONÂNCIA COM OS RELATOS DOS ADOLESCENTES ENVOLVIDOS E DOS POLICIAIS RESPONSÁVEIS PELA PRISÃO DOS AGENTES, SEM PREJUÍZO DOS DEMAIS ELEMENTOS DE CONVICÇÃO - SÓLIDO CONTEXTO PROBATÓRIO - LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO - CONDENAÇÕES MANTIDAS - CORRUPAÇÃO DE MENORES - CRIME FORMAL - MAJORANTES DO CRIME DE ROUBO SOBEJAMENTE COMPROVADAS - DECOTE INCABÍVEL - CIRCUNSTÂNCIAS OBJETIVAS QUE SE COMUNICAM ENTRE OS AGENTES - QUANTUM DE AUMENTO FIXADO DE ACORDO COM AS CIRCUNSTÂNCIAS REAIS DO DELITO PRATICADO - MANUTENÇÃO - PENAS-BASE - OBSERVÂNCIA ÀS DISPOSIÇÕES DOS ARTS. 59 E 68 DO CÓDIGO PENAL - MANUTENÇÃO - RECONHECIMENTO DA ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA - IMPOSSIBILIDADE - CONFISSÃO PARCIAL - REGIME PRISIONAL - ABRANDAMENTO INCABÍVEL - NECESSIDADE DE RECONHECIMENTO DO CONCURSO FORMAL ENTRE OS CRIMES DE ROUBO E CORRUPÇÃO DE MENORES - RECURSOS PROVIDOS EM PARTE.

- A segura prova testemunhal, aliada ao exame detido dos demais elementos colhidos durante a instrução criminal, é o suficiente para a condenação, em conformidade com o sistema do livre convencimento motivado.

- Nos termos da Súmula nº 500 do STJ: "A configuração do crime do art. 244-B do ECA independe da prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal".

- Comprovado nos autos o concurso de duas ou mais pessoas, o emprego de arma de fogo de forma ostensiva, servindo como meio de intimidação da vítima e impedindo que ela esboçasse qualquer tipo de reação, e a restrição da liberdade do ofendido, restam caracterizadas as majorantes do art. 157, § 2º, I, II e V, do CP, não havendo que se falar em decote.

- Para a configuração da majorante do emprego de arma é irrelevante que esta seja ineficiente, pois o que deve ser considerado é a redução da capacidade de resistência da vítima e não a efetiva potencialidade lesiva do objeto empregado pelo agente.

- Independentemente do tempo de restrição da liberdade, se este foi um meio de execução do roubo - como verdadeira garantia contra a ação policial, ou mesmo dos próprios ofendidos -, sendo juridicamente relevante para sua consumação, configurada está a majorante prevista no art. 157, §2º, V, do CP.

- As circunstâncias objetivas do crime se comunicam entre todos os agentes, bastando que delas tenham ciência.

(7)

- O quantum de majoração em virtude do reconhecimento das causas de aumento de pena previstas no §2º do art. 157 do CP deve ater-se às reais circunstâncias do delito praticado, com base em dados concretos.

- Examinados com acuidade os elementos circunstanciais do delito, obedecidas as disposições dos arts. 59 e 68 do CP, não há que se falar em redução das penas-base aplicadas.

- O agente que, buscando minimizar sua responsabilidade penal, altera a realidade dos fatos, comprometendo a verdade processual, não pode reclamar a aplicação da atenuante da confissão espontânea, pois, além do requisito da espontaneidade, não se admite, para efeito de diminuição das penas, confissão pela metade.

- Na fixação do regime de cumprimento de pena, cabe ao magistrado examinar as peculiaridades de cada caso, atentando-se, sempre, para as disposições dos §§ 2º e 3º do art. 33 do CP.

- Tendo os agentes, mediante uma só ação, praticado dois ou mais crimes, idênticos ou não, necessário é o reconhecimento do concurso formal, já que preenchidos todos os contornos do art. 70, caput, do CP. (TJMG - Apelação Criminal 1.0452.13.004083- 8/001, Relator(a): Des.(a) Alberto Deodato Neto , 1ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 28/10/2014, publicação da súmula em 07/11/2014)

2 - DESEMBARGADOR Flávio Leite

Número do Processo: Apelação Criminal 1.0024.11.322490-1/001 Data do Julgamento: 10/09/2013

ENTENDIMENTO

EMENTA: APELAÇÕES CRIMINAIS - ROUBOS MAJORADOS PELO EMPREGO DE ARMA, EM CONCURSO DE PESSOAS E COM RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DAS VÍTIMAS, UM CONSUMADO E OUTRO TENTADO, E CÁRCERES PRIVADOS NA FORMA SIMPLES E QUALIFICADA - INÉPCIA DA DENÚNCIA - PRELIMINAR RECHAÇADA - NULIDADE DA SENTENÇA DECLARADA DE OFÍCIO PELO RELATOR POR OFENSA AO PRINCÍPIO DE INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA - PRELIMINAR RECHAÇADA, VENCIDO O RELATOR - MÉRITO: ABSOLVIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - AUTORIA E MATERIALIDADE DE TODOS OS DELITOS DEVIDAMENTE COMPROVADAS PARA AMBOS OS RÉUS PELO CONJUNTO PROBATÓRIO - DESCLASSIFICAÇÃO DO ROUBO TENTADO PARA CONSTRANGIMENTO ILEGAL - INVIABILIDADE - CRIME COMPLEXO - LESIVIDADE CUMULATIVA DOS BENS JURÍDICOS (PATRIMÔNIO, INTEGRIDADE FÍSICA E LIBERDADE DA PESSOA) MEDIANTE GRAVE AMEAÇA OU VIOLÊNCIA - DECOTE DA MAJORANTE DO ARTIGO 157, § 2º, V, DO CP - INVIABILIDADE - NÍTIDA RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DAS VÍTIMAS - RECONHECIMENTO DO CRIME CONTINUADO - POSSIBILIDADE APENAS PARA OS ROUBOS - REDUÇÃO DAS PENAS-BASE - NECESSIDADE, MAS NÃO AO MÍNIMO LEGAL - REDUÇÃO DAS FRAÇÕES RELATIVAS ÀS CAUSAS DE AUMENTO - INVIABILIDADE - REDUÇÃO DA FRAÇÃO RELATIVA AO CONCURSO FORMAL DE CRIMES - POSSIBILIDADE - AUMENTO DA FRAÇÃO DA TENTATIVA NO MÁXIMO - IMPOSSIBIIDADE - EXTINÇÃO OU REDUÇÃO DA

(8)

PENA DE MULTA - INVIABILIDADE - ISENÇÃO DAS CUSTAS PROCESSUAIS - MATÉRIA AFETA AO JUÍZO DA EXECUÇÃO - RECURSOS PARCIALMENTE PROVIDOS. (TJMG - Apelação Criminal 1.0024.11.322490-1/001, Relator(a):

Des.(a) Flávio Leite , 1ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 10/09/2013, publicação da súmula em 20/09/2013)

"Ocorre roubo qualificado previsto no art. 157, §2º, V, do CP, na hipótese em que o agente mantém a vítima por cerca de 15 minutos em seu poder, restringindo a sua liberdade, tempo esse mais do suficiente para a configuração da qualificadora, porquanto o verbo 'restringir', utilizado pelo legislador, é de menor intensidade que a privação referida no art. 148 do mesmo Diploma Legal, sendo certo que, se o período for prolongado, nasce um crime autônomo, de seqüestro e cárcere privado, a ser considerando em concurso material" (RJTACRIM 50/145). – Excerto do acórdão

3 – DESEMBARGADOR Wanderley Paiva Número do Processo:

Data do Julgamento:

ENTENDIMENTO

Nenhum Espelho do Acórdão foi encontrado com os critérios utilizados, nem em exercício da função de vogal ou revisor.

4 - DESEMBARGADOR Walter Luiz

Número do Processo: Apelação Criminal 1.0713.10.007718-7/001 Data do Julgamento: 02/10/2012

ENTENDIMENTO

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - 1º APELANTE - PRELIMINAR - NULIDADE PROCESSUAL FACE AUSÊNCIA DE DEFESA TÉCNICA ADEQUADA - REJEIÇÃO - NECESSIDADE - EFEITO SUSPENSIVO AO RECURSO DEFENSIVO - IMPOSSIBILIDADE DE CONCESSÃO - RÉU QUE RESPONDEU AO PROCESSO NA PRISÃO - EXISTÊNCIA DOS REQUISITOS ENSEJADORES DA MANUTENÇÃO DO CÁRCERE - POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO - ABSOLVIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - DEPOIMENTOS POLICIAIS E CIRCUNSTÂNCIAS DE APREENSÃO DA ARMA INDICATIVOS DE AUTORIA DO DELITO TIPIFICADO NO ART.12 DA LEI Nº10.826/03 - PALAVRA DOS POLICIAIS - CREDIBILIDADE - ROUBO - DELITO COMETIDO EM DESFAVOR DE 03 VÍTIMAS DA MESMA FAMÍLIA, NO MESMO MOMENTO - AFASTAMENTO DO CONCURSO FORMAL - IMPOSSIBILIDADE - PRECEDENTES STJ E STF - REDUÇÃO DO QUANTUM DE PENA PELAS CAUSAS DE AUMENTO DO ARTIGO 157 §2º INCISOS I, II E V - POSSIBILIDADE - DE OFÍCIO - REESTRUTURAÇÃO DA PENA DE MULTA

(9)

QUE GUARDA DESPROPORCIONALIDADE COM A PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE - 2º APELANTE - ROUBO QUALIFICADO - ABSOLVIÇÃO - INVIABILIDADE - DECLARAÇÕES DAS VÍTIMAS - RECONHECIMENTO DO APELANTE, BEM COMO SEU COMPARSA - DIMINUIÇÃO DA PENA-BASE - NECESSIDADE - DIFERENCIAÇÃO ENTRE APLICAÇÃO DE PENA-BASE DE RÉUS QUE GUARDAM VALORAÇÃO DE MESMAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS - 1. Em se tratando de alegação de ineficiência da defesa técnica, compete ao réu comprovar o prejuízo sofrido, por se tratar de nulidade relativa. 2. Súmula 523 do STF. 3. Tendo o réu permanecido preso durante toda a instrução criminal e, quando da prolação da sentença, ainda persistirem os motivos ensejadores da medida cautelar, deverá aguardar o julgamento do recurso no cárcere. 4. Comprovadas a autoria e materialidade do delito, não há como acolher a pretendida absolvição por insuficiência comprobatória. 5. As provas amealhadas ao longo da instrução são mais do que suficientes para ensejar a condenação, ainda mais quando a negativa de autoria apresenta-se destituída de álibi comprobatório e verossimilhança. 6. "É uníssono o entendimento deste Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que o roubo perpetrado com violação de patrimônios de diferentes vítimas, ainda que num único evento, configura a literalidade do concurso formal de crimes, e não apenas de crime único. 2.

Especialmente no crime de roubo, que se caracteriza pelo emprego de violência ou grave ameaça na investida do agente contra o patrimônio alheio, tal entendimento se justifica e se evidencia, porque diversificada também é a constrição das vítimas, e não somente seu patrimônio. 3. "O fato de as vítimas pertencerem a uma mesma família não faz comuns os bens lesados." (AgRg no REsp 984.371/RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJe. 19.12.09) 4. Ordem de habeas corpus denegada. (STJ - HC 208191 / RJ). 7. A aplicação da pena de multa, cominada no preceito secundário da norma, deve guardar proporcionalidade com a pena privativa de liberdade fixada no caso concreto. 8.

Existindo três causas de aumento de pena no crime de roubo, concurso de duas pessoas, emprego de uma arma de fogo e restrição da liberdade das vítimas por tempo significativo, justifica redução do quantum das majorantes em 5/12 (cinco doze avos) considerado o aspecto qualitativo da norma sub judice. 9. A palavra da vítima, eivada de coerência e credibilidade, autoriza a condenação do acusado nos moldes da peça vestibular apresentada. 10. É possível que haja uma condenação baseada unicamente na palavra da vítima, desde que a versão apresentada mostre-se extremamente firme e coerente e nem de longe demonstre a intenção de acusar um inocente. (TJMG - Apelação Criminal 1.0713.10.007718-7/001, Relator(a): Des.(a) Walter Luiz , 1ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 02/10/2012, publicação da súmula em 05/10/2012)

5 - DESEMBARGADOR Kárin Emmerich

Número do Processo: Apelação Criminal 1.0313.13.023698-4/001 Data do Julgamento: 24/11/2015

ENTENDIMENTO

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - ROUBO MAJORADO - ART. 157, § 2º, INCISO V DO CÓDIGO PENAL - INÉPCIA DA DENÚNCIA - PRELIMINAR REJEITADA - ABSOLVIÇÃO DO FALTA DE PROVAS - IMPOSSIBILIDADE - AUTORIA E MATERIALIDADE DEVIDAMENTE COMPROVADAS - PALAVRA DA VÍTIMA - FIXAÇÃO DAS PENAS NO MÍNIMO LEGAL - INVIABILIDADE -

(10)

APLICAÇÃO DA ATENUANTE DE CONFISSÃO ESPONTÂNEA AO ACUSADO 'ALEF' NA SENTENÇA - PEDIDO PREJUDICADO - DECOTE DA CAUSA DE AUMENTO DE PENA RELATIVA AO EMPREGO DE ARMA DE FOGO - NÃO CABIMENTO - DESNECESSIDADE DE APREENSÃO DA ARMA - DECOTE DA QUALIFICADORA DE RESTRIÇÃO DE LIBERDADE - INVIABILIDADE - DIREITO DE IR E VIR DA VÍTIMA TOLHIDO/RESTRINGIDO POR TEMPO ALÉM DO NECESSÁRIO À SUBTRAÇÃO - SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVAS DE DIREITO - AUSÊNCIA DE PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS DO ART. 44, INCISO I, DO CÓDIGO PENAL - DIREITO DE APELAR EM LIBERDADE NEGADO - ISENÇÃO DE CUSTAS - JUÍZO DA EXECUÇÃO - RECURSO NÃO PROVIDO. (TJMG - Apelação Criminal 1.0313.13.023698-4/001, Relator(a): Des.(a) Kárin Emmerich , 1ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 24/11/2015, publicação da súmula em 04/12/2015)

“Sabe-se que para o reconhecimento da citada majorante é imprescindível que a restrição seja mantida por lapso temporal juridicamente relevante e que a utilização de tal meio de execução extrapole o dolo atinente à subtração patrimonial simples.

Acerca do tema, os ensinamentos de Guilherme de Souza Nucci:

"e) se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo a sua liberdade (§ 2º, V):

introduzida pela Lei 9.426/96, teve o legislador por finalidade punir mais gravemente o autor do roubo que, além do mínimo indispensável para assegurar o produto da subtração, detém a vítima em seu poder. [...] se o agente segura a vítima por brevíssimo tempo, o suficiente para tomar-lhe o bem almejado (ex.: disposto a tomar o veículo da vítima, o agente ingressa no automóvel unicamente para, alguns quarteirões depois, colocá-la para fora); [...] cremos não estar configurada a causa de aumento - afinal, o tipo penal fala em 'manter', o que implica uma duração razoável; [...]" (Manual de Direito Penal: parte geral: parte especial - 3ª edição - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais , 2007, p. 706).” Excerto do acórdão.

POSIÇÃO DA (SEGUNDA) CÂMARA CRIMINAL

A posição desta câmara tende a observar a ocorrência da qualificadora prevista no art.

157, §2º, V, do CP, se o agente do delito mantém a vítima cativa por tempo suficiente à execução do roubo.

Para os Relatores Des.(a) Beatriz Pinheiro Caires, Des. Renato Martins Jacob, Des.

Matheus Chaves Jardim e Des. Catta Preta, o tempo deve se caracterizar como

“juridicamente relevante” para o reconhecimento da majorante.

Para o Relator Des. Nelson Missias de Morais, justifica-se a majorante quando a restrição à liberdade da vítima extrapolar a ínsita à natureza do delito praticado.

(11)

1 - DESEMBARGADOR Beatriz Pinheiro Caires

Número do Processo: Apelação Criminal 1.0024.14.319414-0/001 Data do Julgamento: 05/11/2015

ENTENDIMENTO

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - ROUBO MAJORADO - AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS - MAJORANTE REFERENTE AO EMPREGO DE ARMA - MANUTENÇÃO - NÃO APREENSÃO DA ARMA - IRRELEVÂNCIA - MAJORANTE REFERENTE À RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DA VÍTIMA - CONFIRMAÇÃO - RESTRIÇÃO JURIDICAMENTE RELEVANTE - RECONHECIMENTO DA MODALIDADE TENTADA DO DELITO - IMPOSSIBILIDADE - MOMENTO CONSUMATIVO ALCANÇADO - PENA - REDUÇÃO - ADMISSIBILIDADE - AUMENTO ACIMA DO MÍNIMO NA TERCEIRA FASE DA FIXAÇÃO DA REPRIMENDA, SEM JUSTIFICATIVA - FIXAÇÃO DO REGIME PRISIONAL ABERTO - IMPOSSIBILIDADE - QUANTUM DA PENA - RECURSO PROVIDO EM PARTE.

- O circunstância de não ter sido apreendida a arma utilizada na prática criminosa não se mostra apto para afastar a incidência da causa de aumento prevista no § 2º, inciso I, do artigo 157, CP, é prescindível a apreensão e perícia da arma utilizada.

- Para a configuração da majorante prevista no inciso V do §2º do art. 157 do Código Penal, basta que a restrição à liberdade do ofendido seja juridicamente relevante, ainda que seja de curta duração.

- O roubo se consuma no instante em que o agente se torna, mesmo que por pouco tempo, possuidor da "res" subtraída mediante emprego de grave ameaça ou violência à pessoa. A rápida recuperação da coisa e a prisão do autor do delito não autorizam o reconhecimento de sua modalidade tentada.

- O aumento da reprimenda na terceira fase de sua fixação exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera presença de mais de uma majorante.

- Sendo a pena fixada em patamar superior a 4 anos, mas inferior a 8 anos, deve ser imposto o regime prisional semiaberto. Inteligência do art. 33, §2º, 'b', CP. (TJMG - Apelação Criminal 1.0024.14.319414-0/001, Relator(a): Des.(a) Beatriz Pinheiro Caires , 2ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 05/11/2015, publicação da súmula em 16/11/2015)

2 - DESEMBARGADOR Renato Martins Jacob

Número do Processo: Apelação Criminal 1.0024.14.242004-1/001 Data do Julgamento: 09/07/2015

ENTENDIMENTO

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBOS CIRCUNSTANCIADOS TENTADOS. RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DAS VÍTIMAS. DECOTE DA MAJORANTE. FRAÇÃO DE AUMENTO APLICADA NA TERCEIRA FASE DA DOSIMETRIA. ADEQUAÇÃO NECESSÁRIA. TENTATIVA. ITER CRIMINIS

(12)

PERCORRIDO EM SUA QUASE TOTALIDADE. PERCENTUAL DE REDUÇÃO MANTIDO. REESTRUTURAÇÃO DA PENA. SANÇÃO PECUNIÁRIA.

INTIMAÇÃO PARA PAGAMENTO SOMENTE APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO. ISENÇÃO DAS CUSTAS. PEDIDOS PREJUDICADOS.

- Se as vítimas não têm sua liberdade restringida por tempo juridicamente relevante, impõe-se o decote da causa de aumento de pena prevista no artigo 157, §2º, V, do Estatuto Penal.

- Não é aleatória a diminuição da pena com base no artigo 14, parágrafo único, do Código Penal, devendo observar-se o maior ou menor iter criminis percorrido, mas deve ser reduzida em seu grau mínimo quando os agentes estão próximos da consumação.

- Se o Juízo a quo determinou a intimação do réu para pagamento da multa somente após o trânsito em julgado, tal pretensão defensiva não tem razão de ser.

- Resta prejudicado o pedido de isenção das custas processuais quando ele foi integralmente acolhido em primeira instância. (TJMG - Apelação Criminal 1.0024.14.242004-1/001, Relator(a): Des.(a) Renato Martins Jacob , 2ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 09/07/2015, publicação da súmula em 20/07/2015)

3 - DESEMBARGADOR Nelson Missias de Morais

Número do Processo: Apelação Criminal 1.0621.14.000475-8/001 Data do Julgamento: 17/09/2015

ENTENDIMENTO

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - ROUBO MAJORADO - ABSOLVIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - VÍTIMAS QUE RECONHECERAM O APELANTE - PROVA TESTEMUNHAL ROBUSTA - CONDENAÇÃO MANTIDA - MAJORANTE PREVISTA NO ARTIGO 157, § 2º, INCISO V, DO CÓDIGO PENAL - DECOTE DE OFÍCIO - NECESSIDADE - RESTRIÇÃO DA LIBERDADE POR TEMPO JURIDICAMENTE IRRELEVANTE - DOSIMETRIA - PENA BASE E AUMENTO PELA REINCIDÊNCIA - REFORMA DE OFÍCIO - RECURSO DESPROVIDO E REFORMA DE OFÍCIO A SENTENÇA. - O reconhecimento da vítima e os depoimentos dos policiais sob o crivo do contraditório autorizam o juízo de certeza acerca da autoria delitiva pelo acusado, não restando margem para absolvição. - O reconhecimento da causa de aumento prevista no artigo 157, § 2º, inciso V, do Código Penal somente é possível nos casos em que a restrição à liberdade da vítima extrapolou aquela ínsita à natureza do delito de roubo praticado mediante grave ameaça. - Verificada a existência de apenas uma circunstância judicial desfavorável ao apelante, impõe-se a redução de sua pena base para patamar próximo ao mínimo legal. - O reconhecimento da reincidência impõe o aumento em 1/6 (um sexto) da pena na segunda fase da dosimetria. (TJMG - Apelação Criminal 1.0621.14.000475-8/001, Relator(a): Des.(a) Nelson Missias de Morais , 2ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 17/09/2015, publicação da súmula em 28/09/2015)

“o reconhecimento da causa de aumento de restrição à liberdade da vítima somente é possível nos casos em que tal circunstância extrapolou aquela ínsita ao tipo penal, tornando-se juridicamente relevante ao aumentar o grau de reprovabilidade da conduta”.

Excerto do acórdão.

(13)

4 - DESEMBARGADOR Matheus Chaves Jardim

Número do Processo: Apelação Criminal 1.0024.13.177196-6/001 Data do Julgamento: 22/10/2015

ENTENDIMENTO

EMENTA: ROUBO. CAUSA DE AUMENTO DE PENA. RESTRIÇÃO DE LIBERDADE POR LAPSO TEMPORAL JURIDICAMENTE RELEVANTE.

MANUTENÇÃO. MAJORANTE ATINENTE AO EMPREGO DE ARMA DE FOGO.

APREENSÃO E PERÍCIA. DESNECESSIDADE. INCIDÊNCIA DE TRÊS MAJORANTES. DADOS OBJETIVOS A JUSTIFICAREM O AUMENTO DA PENA EM 5/12.

I - Se as vítimas foram privadas de sua liberdade por período de tempo juridicamente relevante, bem superior ao necessário à subtração dos bens, tem incidência a causa de aumento de pena retratada no art. 157, § 2º, V, do CP.

II - Ainda que não apreendida arma de fogo empregada pelos recorrentes para anunciar o roubo e intimidar as vítimas, tal circunstância não constitui óbice à incidência da causa de aumento de pena prevista no art. 157, § 2º, I, do CP, se a prova testemunhal confirma o efetivo emprego do artefato.

III - Ressaindo dos autos a perpetração de conduta violenta pelos recorrentes, denotando extremada censurabilidade a violência imprimida contra as vítimas, algumas delas torturadas e covardemente agredidas, justificado se faz o aumento da reprimenda em 5/12, por força da incidência de três majorantes à espécie dos autos. (TJMG - Apelação Criminal 1.0024.13.177196-6/001, Relator(a): Des.(a) Matheus Chaves Jardim , 2ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 22/10/2015, publicação da súmula em 03/11/2015)

5 - DESEMBARGADOR Catta Preta

Número do Processo: Apelação Criminal 1.0105.14.004740-5/001 Data do Julgamento: 16/04/2015

ENTENDIMENTO

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES DE ROUBO MAJORADO E DE PORTE DE ARMA. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS.

IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO.

CONTEXTO FÁTICO DISTINTO DO CRIME DE ROUBO. NECESSIDADE DE REDUÇÃO DA PENA-BASE. PRESENÇA DAS MAJORANTES DO EMPREGO DE ARMA E DO CONCURSO DE AGENTES. AFASTADA A QUALIFICADORA DA RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DA VÍTIMA. ISENÇÃO DAS CUSTAS. - Comprovadas a materialidade e a autoria delitivas, a condenação dos réus é medida que se impõe. - Não há consunção entre o crime de roubo e o de porte ilegal de arma de fogo quando praticados em contexto fático distinto, com desígnios autônimos e sem nexo de dependência ou subordinação entre as condutas. - Decota-se a majorante da restrição da liberdade da vítima quando tal privação não perdurou por tempo juridicamente

(14)

relevante. - Se as penas não foram bem dosadas, é cabível a reparação destas. - Presentes as causas de aumento previstas no art. 157, § 2º, incisos I e II, do Código Penal, está caracterizado o delito de roubo majorado. - Cabe isentar do pagamento das custas processuais o réu assistido pela Defensoria Pública, com base no art. 10 da Lei Estadual nº 14.939/2003. (TJMG - Apelação Criminal 1.0105.14.004740-5/001, Relator(a): Des.(a) Catta Preta , 2ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 16/04/2015, publicação da súmula em 29/04/2015)

POSIÇÃO DA (TERCEIRA) CÂMARA CRIMINAL

A posição desta câmara tende a observar a ocorrência da qualificadora prevista no art.

157, §2º, V, do CP, se o agente do delito mantém a vítima cativa por tempo suficiente à execução do roubo.

Para os Relatores Des. Octavio Augusto De Nigris Boccalini e Des.(a) Maria Luíza de Marilac o tempo deve se caracterizar como “juridicamente relevante” para reconhecimento da majorante.

O Relator Des. Antônio Carlos Cruvinel caracteriza o lapso necessário ao reconhecimento da majorante como de “razoável duração”.

Para o Relator Des. Paulo Cézar Dias o lapso deve exceder a restrição comum aos crimes de roubo, a fim de que seja reconhecida a majorante.

Para o Relator Des. Fortuna Grion não se reconhece a exasperante da restrição de liberdade caso a duração do cárcere se resuma ao tempo necessário à pilhagem.

1 - DESEMBARGADOR Antônio Carlos Cruvinel

Número do Processo: Apelação Criminal 1.0301.12.012630-7/001 Data do Julgamento: 05/11/2013

ENTENDIMENTO

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - ROUBO MAJORADO - ABSOLVIÇÃO DO SEGUNDO APELANTE POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS - IMPOSSIBILIDADE - EXASPERANTES DA RESTRIÇÃO DE LIBERDADE DAS VÍTIMAS E EMPREGO DE ARMA DE FOGO - NÃO APREENSÃO E PERÍCIA DO ARTEFATO - MAJORANTES DECOTADAS - PENAS-BASE E PROVISÓRIAS ADEQUADAS - MANUTENÇÃO - PENAS REDUZIDAS NA TERCEIRA FASE DE FIXAÇÃO EM RAZÃO DO DECOTE DAS EXASPERANTES - REGIMES PRISIONAIS MANTIDOS - ISENÇÃO CUSTAS PROCESSUAIS - SOBRESTAMENTO MANTIDO.

1- Restando comprovada a efetiva participação do apelante Dênio no delito de roubo, sobretudo por ter um dos acusados o apontado como um dos envolvidos no assalto e o fato de algumas das vítimas tê-lo reconhecido, impossível acolher o pleito absolutório.

(15)

2- Consoante a melhor doutrina, para a configuração da majorante prevista no inciso V,

§ 2º do art. 157 do CPB, é necessário que o agente mantenha o ofendido em seu poder, restringindo-lhe a liberdade com duração razoável de tempo, o que in casu não ocorre.

3- Não havendo perícia da arma de fogo utilizada quando da empreitada criminosa, e não inexistindo outros meios para aferir a real potencialidade ofensiva do artefato, não há como reconhecer esta majorante em desfavor dos apelados.

4- Resultando adequadas as penas-base fixadas ao primeiro apelante, mostrando-se suficientes para a prevenção e repressão do delito perpetrado, não há como reduzi-las, ante o elevado grau de reprovabilidade da conduta dos acusados.

5- Decotadas duas das causas especiais de aumento de penas do crime de roubo, deve ser reduzido o percentual de exasperação das penas para o mínimo cominado na lei penal.

6- Mantêm-se os regimes prisionais estabelecidos na sentença aos acusados em decorrência do quantum das penas cominadas.

7- Deve prevalecer a determinação contida na sentença para que o recolhimento das custas processuais fique suspenso até a fase da execução das penas, momento em que será analisada a possibil idade ou não de isenção dos pagamentos.

8- Provimento ao terceiro recurso e parcial aos primeiro e segundo recursos são medidas que se impõem.

V.V.P.: APELAÇÃO CRIMINAL - DESNECESSIDADE DE APREENSÃO E PERÍCIA DA ARMA DE FOGO PARA CONFIGURAR A QUALIFICADORA PREVISTA NO INCISO I DO § 2º DO ART. 157 DO CP. Comprovado o emprego de arma de fogo na prática do crime através das declarações prestadas pelas vítimas, deve prevalecer a respectiva majorante, mesmo quando a arma não for apreendida ou periciada. (TJMG - Apelação Criminal 1.0301.12.012630-7/001, Relator(a): Des.(a) Antônio Carlos Cruvinel , 3ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 05/11/2013, publicação da súmula em 12/11/2013)

2 - DESEMBARGADOR Paulo Cézar Dias

Número do Processo: Apelação Criminal 1.0024.06.935728-3/001 Data do Julgamento: 28/05/2013

ENTENDIMENTO

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - ROUBO MAJORADO PELO CONCURSO DE AGENTES, EMPREGO DE ARMA E RESTRIÇÃO À LIBERDADE DA VÍTIMA - PRELIMINAR DE NULIDADE DO INQUÉRITO - AUSÊNCIA DE ADVOGADO OU DEFENSOR QUANDO DO INTERROGATÓRIO EXTRAJUDICIAL - VIOLAÇÃO A DETERMINAÇÃO CONSTITUCIONAL - INOCORRÊNCIA - PRELIINAR AFASTADA - PEDIDO DE ABSOLVIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - CONFISSÃO EXTRAJUDICIAL EM CONSONÂNCIA COM DEMAIS ELEMENTOS DE PROVA - CONDENAÇÃO MANTIDA - CONFISSÃO ESPONTÂNEA - RECONHECIMENTO DE OFÍCIO - DECOTE DAS MAJORANTES DO EMPREGO DE ARMA E RESTRIÇÃO A LIBERDADE DA VÍTIMA - IMPOSSIBILIDADE - 1. As alterações decorrentes da Lei 10.792/03 apenas impõem a presença do advogado no momento do interrogatório pelo Magistrado, pelo que não se pode estender tal exigência para a fase policial. 2. A confissão é retratável,

(16)

sendo o seu valor, no entanto, relativo, cabendo ao juiz a plena liberdade de confrontá-la com os demais elementos probatórios dos autos, a fim de verificar se ela é ou não verossímil. 3. A confissão espontânea, ainda que parcial, deve ser considerada na dosimetria da pena, pois esta foi de fundamental importância para alicerçar o decreto condenatório. 4. A ausência da prova pericial na arma empregada para o crime não implica em sua desconsideração, desde que não tenha havido sua apreensão e tenha sido confirmado o seu emprego por outras provas. 5. Se comprovado que a vítima foi mantida no interior do veículo em poder dos roubadores por aproximadamente 01 (uma) hora, lapso que excede a restrição comum aos crimes de roubo, correto o reconhecimento da majorante do art.157, §2º, V do Código Penal. (TJMG - Apelação Criminal 1.0024.06.935728-3/001, Relator(a): Des.(a) Paulo Cézar Dias , 3ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 28/05/2013, publicação da súmula em 07/06/2013)

3 - DESEMBARGADOR Fortuna Grion

Número do Processo: Apelação Criminal 1.0024.14.192386-2/001 Data do Julgamento: 01/12/2015

ENTENDIMENTO

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - ROUBO CIRCUNSTANCIADO - CHAMADA DE CORRÉU - MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS - CONDENAÇÃO MANTIDA - RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DAS VÍTIMAS - EXASPERANTE NÃO CONFIGURADA- DECOTE - NECESSIDADE. 01.

Demonstrada a autoria do crime através das declarações do corréu, as quais têm valia probatória quando confessa estar envolvidos no crime, bem como através das demais provas orais constantes dos autos, a condenação, à falta de causas excludentes de ilicitude ou de culpabilidade, é medida que se impõe. 02. Para a caracterização da causa especial de aumento de pena insculpida no art. 157, § 2º, V, do Código Penal, necessário que o agente restrinja a liberdade da vítima de molde a extrapolar a grave ameaça caracterizadora do roubo. 03. Se o ofendido foi mantido preso apenas durante o espaço de tempo necessário à pilhagem da res, não se reconhece a exasperante da restrição da liberdade da vítima. (TJMG - Apelação Criminal 1.0024.14.192386- 2/001, Relator(a): Des.(a) Fortuna Grion , 3ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 01/12/2015, publicação da súmula em 18/12/2015)

4 - DESEMBARGADOR Maria Luíza de Marilac

Número do Processo: Apelação Criminal 1.0024.14.331885-5/001 Data do Julgamento: 17/11/2015

ENTENDIMENTO

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - ROUBOS MAJORADOS PELO EMPREGO DE ARMA, CONCURSO DE AGENTES E RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DAS VÍTIMAS - PRELIMINAR DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO QUANTO AO RECONHECIMENTO DE UMA DAS MAJORANTES - REJEIÇÃO -

(17)

AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS - ABSOLVIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - CRIME ÚNICO - NÃO CONFIGURAÇÃO - MAJORANTE DA RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DAS VÍTIMAS - DECOTE - NECESSIDADE - CORRUPÇÃO DE MENOR - ABSOLVIÇÃO - IMPOSSIBILIDADE. Nada obsta que o juiz dê ao fato definição jurídica diversa da que constar da queixa ou da denúncia, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave. Inteligência do art. 383 do Código de Processo Penal. Comprovadas a materialidade e a autoria que recai sobre o apelante, bem como o elemento subjetivo do injusto penal, não há como se acolher o pleito de absolvição por insuficiência de provas. Quando o agente, mediante uma só ação, viola o patrimônio de várias vítimas, correto o reconhecimento do concurso formal, não havendo que se falar em crime único. A majorante prevista no artigo 157, § 2º, V, somente deve ser reconhecida quando a restrição da liberdade da vítima ocorrer por tempo juridicamente relevante, excedendo à restrição necessária para a prática do roubo. A prova da efetiva corrupção do menor é prescindível à configuração do delito tipificado no artigo 244-B da Lei 8.069/90, bastando evidências da participação do inimputável na empreitada criminosa. Inteligência da Súmula nº 500, do STJ. Existindo nos autos documento hábil, dotado de fé pública, capaz de comprovar a menoridade do adolescente, não há que se falar em ausência de prova da menoridade. (TJMG - Apelação Criminal 1.0024.14.331885-5/001, Relator(a): Des.(a) Maria Luíza de Marilac , 3ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 17/11/2015, publicação da súmula em 27/11/2015)

5 - DESEMBARGADOR Octavio Augusto De Nigris Boccalini Número do Processo: Apelação Criminal 1.0005.07.021706-1/001 Data do Julgamento: 12/05/2015

ENTENDIMENTO

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL - ROUBO TRIPLAMENTE MAJORADO - MINISTÉRIO PÚBLICO CONTRA ABSOLVIÇÃO DO SEGUNDO APELADO - INSUFICIÊNCIA DE PROVAS DA AUTORIA DELITIVA - MANUTENÇÃO DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA - RECURSO DO SEGUNDO APELANTE - ABSOLVIÇÃO E AFASTAMENTO DO CONCURSO FORMAL - IMPOSSIBILIDADE - PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA - NÃO OCORRÊNCIA - DECOTE DAS MAJORANTES RELATIVAS AO EMPREGO DE ARMA DE FOGO E RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DAS VÍTIMAS - INVIABILIDADE - PENA - FIXAÇÃO ACIMA DO MÍNIMO DEVIDAMENTE JUSTIFICADA PELAS CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS - ABRANDAMENTO DE REGIME - IMPOSSIBILIDADE. - O roubo triplamente majorado é delito grave, punido severamente em nosso ordenamento jurídico, assim, para se proferir um decreto condenatório por este crime são necessárias provas robustas e não apenas suposições em desfavor do réu. - Restando comprovado que o segundo recorrente contribuiu efetivamente para a prática dos roubos em desfavor de todas as vítimas, não há que prosperar o pleito absolutório, o afastamento do concurso formal de crimes, tampouco participação de menor importância. - Para a configuração da majorante relativa ao emprego de arma de fogo prescindível a sua apreensão e perícia, se seu emprego restou comprovado por outros meios de prova. - A majorante prevista no artigo 157, § 2º, V, se configura quando a restrição da liberdade da vítima ocorrer por tempo juridicamente relevante, excedendo à restrição necessária para a prática do roubo, como ocorreu in

(18)

casu. - Restando a reprimenda concretiza em patamar acima de 08 (oito) anos de reclusão, não é possível o abrandamento para o regime semiaberto a teor do que dispõe o art. 33, §2º, 'a', do CP. (TJMG - Apelação Criminal 1.0005.07.021706-1/001, Relator(a): Des.(a) Octavio Augusto De Nigris Boccalini , 3ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 12/05/2015, publicação da súmula em 22/05/2015)

POSIÇÃO DA (QUARTA) CÂMARA CRIMINAL

A posição desta câmara tende a observar a ocorrência da qualificadora prevista no art.

157, §2º, V, do CP, se o agente do delito mantém a vítima cativa por tempo suficiente à execução do roubo.

Para o Relator Des. Eduardo Brum a configuração da majorante dá-se somente se o tempo de ofensa à liberdade da vítima exceder o da consumação do crime. Assim, se a liberdade desta for tolhida unicamente enquanto durar a ameaça para a entrega da res furtiva, a exasperante prevista no CP deve ser decotada.

O Relator Des. Júlio Cezar Guttierrez ressalta que o tempo a configurar a majorante deva se caracterizar como o mínimo indispensável para assegurar a subtração do bem, mas também ser inferior ao caracterizador do crime de roubo seguido de seqüestro.

Para o Relatore Des. Doorgal Andrada o lapso temporal deve ser reconhecido como juridicamente relevante, assim também como para o Relator Des. Corrêa Camargo que destaca ainda que a restrição da liberdade da vítima deva extrapolar o dolo atinente à subtração patrimonial simples.

Para o Relator Des. Amauri Pinto Ferreira (JD CONVOCADO) o lapso temporal também deve ser reconhecido como juridicamente relevante. Ressalva, contudo que se houver dúvidas quanto o período em que a vítima tenha estado em poder dos assaltantes, é prudente que a respectiva causa de aumento de pena seja decotada.

1 - DESEMBARGADOR Eduardo Brum

Número do Processo: Apelação Criminal 1.0209.14.003497-3/001 Data do Julgamento: 10/06/2015

ENTENDIMENTO

EMENTA: APELAÇÕES CRIMINAIS - ROUBO DUPLAMENTE MAJORADO E SEQUESTRO QUALIFICADO - AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS E SEQUER QUESTIONADAS QUANTO AO PRIMEIRO CRIME - DESCLASSIFICAÇÃO DO SEGUNDO DELITO PARA O DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL - INVIABILIDADE - NECESSIDADE, CONTUDO, EX OFFICIO, DE DESCLASSIFICAR TAL CONDUTA PARA A PREVISTA NO ART. 132 DO CP - DOSIMETRIA - APLICAÇÃO DAS PENAS- BASE NOS MENORES PATAMARES - IMPOSSIBILIDADE - ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA - RECONHECIMENTO - IMPERATIVIDADE -

(19)

COMPENSAÇÃO COM A AGRAVANTE DA RECIDIVA - POSSIBILIDADE - DECOTE DA CAUSA ESPECIAL DE AUMENTO DE PENA DA RESTRIÇÃO DE LIBERDADE DA VÍTIMA - NECESSIDADE - PRESENÇA DE UMA ÚNICA MAJORANTE - AUSÊNCIA DE RAZÕES A JUSTIFICAR A EXASPERAÇÃO EMPREENDIDA NA ORIGEM - MITIGAÇÃO DAS REPRIMENDAS - IMPERATIVIDADE - PRIMEIRO APELO PARCIALMENTE PROVIDO - SEGUNDO INTEGRALMENTE PROVIDO. 1. A ausência de dolo de cercear a liberdade de locomoção da vítima, somada à brevidade temporal da coação, enseja a desclassificação da conduta delitiva, mas não para o delito e constrangimento ilegal, e, sim, para o de perigo para a vida ou saúde de outrem. 2. Se a análise das circunstâncias judiciais do art. 59 do CP que culminou com a aplicação das penas-base acima dos mínimos legais encontra respaldo nos autos, não há motivo para reparar tal apreciação.

3. Tendo os réus confessado espontaneamente o crime patrimonial, deve ser reconhecida a atenuante prevista no art. 65, III, "d", do CP, sendo perfeitamente viável, outrossim, a compensação de tal circunstância com a agravante da reincidência, conforme jurisprudência consolidada do STJ. 4. Demonstrado nos autos que um dos ofendidos teve tolhida a sua liberdade tão somente durante a consumação do crime patrimonial (ou seja, enquanto era ameaçado para entregar a res furtiva), imperioso o decote da majorante prevista no art. 157, §2º, V, do CP. 5. Não havendo motivo para se sustentar a exasperação superior à f ração mínima de 1/3 (um terço), devem ser as penas relativas ao crime patrimonial mitigadas. 6. Primeiro recurso provido em parte e integralmente provido o segundo. (TJMG - Apelação Criminal 1.0209.14.003497- 3/001, Relator(a): Des.(a) Eduardo Brum , 4ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 10/06/2015, publicação da súmula em 16/06/2015)

2 - DESEMBARGADOR Júlio Cezar Guttierrez

Número do Processo: Apelação Criminal 1.0245.13.021439-9/001 Data do Julgamento: 10/02/2015

ENTENDIMENTO

EMENTA: PENAL - ROUBO MAJORADO - ABSOLVIÇÃO - FRAGILIDADE PROBATÓRIA - INOCORRÊNCIA - PROVAS DA AUTORIA E DA MATERIALIDADE DELITIVAS - ROUBO TENTADO - IMPOSSIBILIDADE - CONSUMAÇÃO - DECOTE DAS MAJORANTES DO EMPREGO DE ARMA, CONCURSO DE AGENTES E RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DAS VÍTIMAS - IMPOSSIBILIDADE - REDUÇÃO DO QUANTUM DAS MAJORANTES - IMPOSIÇÃO.

- Comprovadas a autoria e a materialidade delitivas pela prova testemunhal produzida e diante da dinâmica fática, mantém-se a condenação, afastando-se o pleito absolutório.

- O delito de roubo consuma-se no momento em que, cessada a violência e a grave ameaça, o agente se torna possuidor da res furtiva, ainda que por breve espaço de tempo.

- Mantém-se o reconhecimento da causa especial de aumento de pena prevista no artigo 157, §2º, I, do CP, se as vítimas são enfáticas em confirmarem o uso de arma pelos agentes, na prática delitiva.

- Incide a causa de aumento de pena do concurso de agentes, se incontroverso nos autos que o roubo foi cometido por duas ou mais pessoas.

(20)

- A majorante insculpida no inciso V, do § 2º, do art. 157, do Código Penal, exige que as vítimas sejam mantidas em poder do agente por tempo superior ao mínimo indispensável para assegurar o sucesso da subtração, mas inferior ao tempo caracterizador do crime de roubo seguido de seqüestro, em concurso.

- Considerando a existência de três majorantes no delito de roubo consistentes em emprego de uma arma de fogo, concurso de agentes e restrição da liberdade das vítimas, mister a redução do quantum de aumento de pena para 5/12 (cinco doze avos). (TJMG - Apelação Criminal 1.0245.13.021439-9/001, Relator(a): Des.(a) Júlio Cezar Guttierrez , 4ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 10/02/2015, publicação da súmula em 25/02/2015)

3 - DESEMBARGADOR Doorgal Andrada

Número do Processo: Apelação Criminal 1.0349.12.002119-2/001 Data do Julgamento: 16/12/2015

ENTENDIMENTO

EMENTA: APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO PELA RESTRIÇÃO DA LIBERDADE DA VÍTIMA. INÉPCIA DA DENÚNCIA.

INOCORRÊNCIA. PRELIMINAR REJEITADA. ABSOLVIÇÃO.

IMPOSSIBILIDADE. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. PROVA OBTIDA NA FASE POLICIAL E JUDICIAL EM HARMONIA COM O CONTEXTO FÁTICO. DELITO CONFIGURADO. DECOTE DA MAJORANTE.

IMPOSSIBILIDADE. REDUÇÃO DA PENA-BASE. IMPOSSIBILIDADE. PENA DEVIDAMENTE SOPESADA. FIXAÇÃO DE REGIME SEMIABERTO.

POSSIBILIDADE. PRELIMINAR REJEITADA E RECURSO PROVIDO EM PARTE.

- Não há que falar em prejuízo para a defesa se a denúncia preenche todos os requisitos do artigo 41 do CPP e descreve detalhadamente a conduta do réu e as coisas subtraídas.

- Havendo nos autos prova capaz de imputar ao recorrente a autoria do delito, a sua negativa é ineficaz devendo a ele ser atribuída a responsabilidade pelo crime.

- Não se deve decotar a causa de aumento prevista no art. 157, § 2º, V, do CP, uma vez que ela não faz parte da elementar do tipo de roubo. Na verdade, trata-se de uma conduta a mais que justifica a sua inclusão. Se o agente, para consumar o crime ou garantir o sucesso da subtração, manteve a vítima presa, restringindo a sua liberdade de locomoção, deve ser aplicada a majorante.

- A fixação da pena segue a regra do livre convencimento motivado do Juiz, que no caso em tela foi usado de forma consentânea com o crime praticado pelo agente que será punido de acordo com a gravidade de sua conduta. Na aplicação da pena o juiz deve nortear-se pelos fins a ela atribuídos (retribuição, prevenção geral e prevenção especial).

- Em razão do quantum da pena, bem como pela primariedade do agente, se mostra possível a fixação do regime semiaberto.

- Preliminar rejeitada e Recurso provido em parte. (TJMG - Apelação Criminal 1.0349.12.002119-2/001, Relator(a): Des.(a) Doorgal Andrada , 4ª CÂMARA CRIMINAL, julgamento em 16/12/2015, publicação da súmula em 22/01/2016)

Referências

Documentos relacionados

Segundo entendimento dessa Corte, embora o legislador não tenha previsto percentuais mínimo e máximo de redução ou aumento de pena em virtude da incidência de atenuantes

- A despeito do abrandamento das penas pelo crime de posse de droga para consumo pessoal (art.. CRIME DE CORRUPÇÃO DE MENORES. EXISTÊNCIA DE DOCUMENTO FORMAL APTO A

- O pagamento de 75% (setenta e cinco por cento) do valor do contrato não caracteriza quitação representativa do débito, de modo a retirar do credor o direito a ele garantido,

IV - Restando mais de 30% (trinta por cento) do valor para a quitação integral do contrato de financiamento com garantia de alienação fiduciária, não pode

Entendo, do mesmo que o magistrado primevo, no lide em comento, deve se aplicar a teoria do adimplemento substancial isso porque não é razoável pedir a resolução do

- O cumprimento substancial do contrato de alienação fiduciária, com o pagamento de 28 (vinte oito) parcelas das 36 (trinta e seis) parcelas totais, sujeita- se a

O inadimplemento de apenas duas das oitenta parcelas do financiamento de veículo, com alienação fiduciária, evidencia a quitação de 97,5% (noventa e sete e meio por cento) do

Se há indícios da inadimplência do comprador, estando comprovados os requisitos para a ação da busca e apreensão, que é uma ação própria para os casos de contrato