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151 VIGÉSIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL / CONSUMIDOR APELAÇÃO CÍVEL PROCESSO Nº APELANTE: NASCIMENTO TURISMO LTDA

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VIGÉSIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL / CONSUMIDOR APELAÇÃO CÍVEL

PROCESSO Nº 0032694-63.2013.8.19.0001 APELANTE: NASCIMENTO TURISMO LTDA.

APELADO: JOSÉ CARLOS VARANDA DOS SANTOS RELATOR: DES. ANA MARIA PEREIRA DE OLIVEIRA

Responsabilidade Civil. Ação de conhecimento objetivando a restituição de valor pago em cruzeiro marítimo cancelado em razão de caso fortuito e indenização por dano moral. Procedência do pedido, condenada a Ré devolver o valor de R$ 17.900,51, além de R$ 13.560,00 a título de reparação por dano moral. Apelação da Ré. Preliminar de ilegitimidade passiva corretamente rejeitada. Relação de consumo. Nulidade das cláusulas que impedem a devolução de valor pago por serviço que o consumidor não usufruiu. Inteligência do artigo 51, incisos II e IV do Código de Defesa do Consumidor. Apelante que não demonstrou que não houve embarque de outro passageiro no lugar do Apelado e nem que o mesmo tenha anuído com cláusula que previa multa de 100% do valor pago em caso de cancelamento do pacote. Falha na prestação de serviço. Dever de indenizar. Dano moral configurado. Quantum da indenização fixado em montante compatível com a repercussão dos fatos narrados nos autos. Desprovimento da apelação.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Apelação Cível PROCESSO Nº 0032694-63.2013.8.19.0001, em que é Apelante, NASCIMENTO TURISMO LTDA., e Apelada, JOSÉ CARLOS VARANDA DOS SANTOS.

ACORDAM, por unanimidade de votos, os Desembargadores

que compõem a Vigésima Sexta Câmara Cível / Consumidor do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, em negar provimento à apelação.

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Trata-se de ação de rito sumário proposta por JOSÉ CARLOS

VARANDA DOS SANTOS em face de NASCIMENTO TURISMO LTDA, alegando,

em resumo: que, por intermédio da TM Travel, em 01/08/2012, contratou com a Ré uma viagem de cruzeiro de fim de ano com início em 23/12/2012 e término em 06/01/2013, tendo reservado cabine quádrupla para que pudesse ficar junto com a sua mulher e seus dois filhos no valor total de U$ 8.034,20; que, posteriormente, sobreveio o agravamento do estado de saúde de sua mulher e o seu falecimento, e que comunicou o cancelamento da viagem à Ré, com 20 dias de antecedência, o que não foi feito, tendo se limitado a dizer que deveria ter contratado seguro para cobertura desse fato. Ao final, requereu o reembolso do valor pago num total de R$ 17.900,51 e indenização por dano moral.

A sentença (fls. 90/95) foi prolatada com o seguinte dispositivo: “Face ao exposto e ao mais contido nos autos, JULGO PROCEDENTE o pedido, para CONDENAR a parte ré à devolução, da quantia paga pelo autor pela compra do pacote de cruzeiro marítimo, qual seja o valor de R$17.900,51, com os acréscimos legais incidindo desde a data de cada desembolso e para CONDENAR a parte ré ao pagamento da quantia de R$13.560,00 (treze mil, quinhentos e sessenta reais) a título de reparação por danos morais, com os acréscimos legais a partir deste julgado, devendo ser observadas as Súmulas nos 95 e 97, do ETJ/RJ. Condeno ainda a parte ré ao pagamento de custas, despesas processuais e honorários advocatícios arbitrados em 10% sobre o valor da condenação.”

Houve apelação do Réu, às fls. 96/127, reiterando a preliminar de ilegitimidade passiva, arguida na contestação, uma vez que é a PIER1 CRUISE EXPERTS a representante nacional e realizadora do cruzeiro contratado. No mérito, disse, em resumo: que o cancelamento muito perto da data do embarque impossibilita a substituição do pacote; que a multa de 100% não consta no seu contrato, mas sim no contrato realizado com a empresa marítima, tendo o Apelado sido avisado da respectiva multa; que se o Apelado não concordasse com os valores estipulados para eventual cancelamento, tinha a opção de não assinar o contrato; que tentou de todas as formas verificar a possibilidade de ressarcimento do valor pago pelo pacote; que o falecimento da esposa do Apelado, em 21/01/2013, não foi o motivo para o cancelamento da viagem, pois o cruzeiro partiria em 23/12/2012; que, embora o Apelado tenha juntado relatório médico que atesta o agravamento da condição da saúde da esposa, os relatórios também deixam claro que a enfermidade de que ela padecia era de muita gravidade e já era de conhecimento da família, o que não se enquadra no disposto no parágrafo único do artigo 398 do Código Civil; que não é aplicado o disposto no artigo 740 do Código Civil no presente caso, pois não se trata de contrato de transporte, mas sim turístico; que é incabível aplicação do artigo 51,

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qualquer dispositivo que pretenda subtrair o direito de reembolso do Apelado; que não ficou configurado o dano moral, e que, em caso de manutenção da sentença, o quantum indenizatório deve ser minorado.

Foram apresentadas contrarrazões (fls. 130/139), prestigiando a sentença recorrida.

É o relatório.

Insurge-se a Apelante contra a sentença que a condenou a devolver o valor de R$ 17.900,51, pago pelo Apelado pela compra do pacote de cruzeiro marítimo cancelado, além de R$ 13.560,00 a título de reparação por dano moral.

De início cumpre assinalar que a preliminar de ilegitimidade passiva, reeditada pela Apelante nas razões do recurso, foi rejeitada na decisão de fl. 81, e contra ela não foi interposto qualquer recurso.

Todavia, ainda que se considere que tal questão não foi atingida pela preclusão, não assiste razão à Apelante, pois tendo celebrado o contrato, mesmo que como intermediária da Cia Marítima, integrou a cadeia de consumo, respondendo solidariamente pelo vício do serviço.

Em outras palavras, é cediço que operadoras de viagens conjugam esforços com as agências, companhias aéreas, terrestres e marítimas para a colocação no mercado de seus pacotes a fim de facilitarem a efetivação da prestação de seus serviços, não podendo ser acolhida a arguição de ilegitimidade passiva.

A relação jurídica existente entre as partes é de consumo, e, por isso, a Apelante, fornecedor de serviços, responde objetivamente pelos danos sofridos pelo consumidor, somente se eximindo de tal responsabilidade se comprovada uma das excludentes previstas no artigo 14, § 3º da Lei 8.078/90, quais sejam, inexistência do defeito ou a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Cinge-se a controvérsia em saber se é ilícita a negativa da Apelante em restituir os valores pagos por pacote turístico cancelado com vinte dias de antecedência e se, tal conduta, ensejaria dano moral.

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No caso destes autos, o Apelado demonstrou que, em 01/08/2012, adquiriu pacote turístico para viajar com sua família em um cruzeiro (fls. 10/20), tendo efetuado o pagamento integral do mesmo (fls. 21/26), mas em razão do estado de saúde da sua esposa ter piorado culminando com o seu falecimento (fls. 27/30), cancelou a viagem (fls. 31/36).

Como já assinalado, a relação jurídica existente entre as partes é de consumo, sendo cabível no caso dos autos a aplicação do artigo 51, incisos II e IV do Código de Defesa do Consumidor, devendo ser consideradas nulas as cláusulas que impedem a devolução de valor pago por serviço que o consumidor não usufruiu, porque além de prejudicá-lo, configura enriquecimento ilícito.

Além disso, a Apelante não demonstrou que não houve embarque de outro passageiro no lugar do Apelado e nem que o mesmo tenha anuído com cláusula que previa multa de 100% do valor pago em caso de cancelamento do pacote, não sendo o item 1 do documento de fl. 22, claro nesse sentido, pois apenas diz que,

“Questionamentos ou cancelamentos dos serviços adquiridos devem ser resolvidos entre as partes, de acordo com as Condições Gerais do contrato entre Estabelecimento e Cliente.”

Dessa forma, correta a r. sentença ao determinar a devolução do valor integral pago pelo Apelado por serviço que não usufruiu em razão de caso fortuito, sendo notória a falha na prestação do serviço da Apelante.

O dano moral ficou configurado, pois os fatos, por certo, causaram ao Apelado aborrecimentos que superam os do cotidiano, ante a frustração de suas expectativas com a conduta abusiva da Apelante, sendo, por isso, passíveis de reparação.

A indenização por dano moral deve ser fixada com moderação para que seu valor não seja tão elevado a ponto de ensejar enriquecimento sem causa para a vítima do dano, nem tão reduzido que não se revista de caráter preventivo e pedagógico para o seu causador.

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O montante de R$ 13.560,00 (treze mil quinhentos e sessenta reais), arbitrado na sentença, com moderação, deve ser mantido, pois é compatível com critérios de razoabilidade e de proporcionalidade e com a repercussão dos fatos narrados nestes autos, tanto mais se considerado que o Apelado teve que se valer da via judicial para obter o ressarcimento do valor do pacote, após reiteradas tentativas em sede administrativa.

Diante do exposto, nega-se provimento à apelação. Rio de Janeiro, 07 de novembro de 2013.

DES. ANA MARIA PEREIRA DE OLIVEIRA Relatora

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