• Nenhum resultado encontrado

Robotização de uma cadeira de rodas motorizada : arquitetura, modelos, controle e aplicações

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Robotização de uma cadeira de rodas motorizada : arquitetura, modelos, controle e aplicações"

Copied!
122
0
0

Texto

(1)

Faculdade de Engenharia El´

etrica e de Computa¸c˜

ao

Amadeu do Nascimento J´

unior

Robotiza¸

ao de uma cadeira de rodas

motorizada: arquitetura, modelos, controle e

aplica¸

oes.

Campinas

2016

(2)

Faculdade de Engenharia El´

etrica e de Computa¸c˜

ao

Amadeu do Nascimento J´

unior

Robotiza¸

ao de uma cadeira de rodas motorizada:

arquitetura, modelos, controle e aplica¸

oes.

Disserta¸c˜ao apresentada `a Faculdade de En-genharia El´etrica e de Computa¸c˜ao da Uni-versidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Engenharia El´etrica, na

´

Area de Engenharia de Computa¸c˜ao.

Orientador: Prof. Dr. Eleri Cardozo

Coorientador: Prof. Dr. Rafael Santos Mendes

Este exemplar corresponde `a vers˜ao final da tese defendida pelo aluno

Amadeu do Nascimento J´unior,

e orientada pelo Prof. Dr. Eleri Cardozo

Campinas

2016

(3)

Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura

Luciana Pietrosanto Milla - CRB 8/8129

Nascimento Júnior, Amadeu,

N17r NasRobotização de uma cadeira de rodas motorizada : arquitetura, modelos,

controle e aplicações / Amadeu do Nascimento Júnior. – Campinas, SP : [s.n.], 2016.

NasOrientador: Eleri Cardozo.

NasCoorientador: Rafael Santos Mendes.

NasDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade

de Engenharia Elétrica e de Computação.

Nas1. Robótica. 2. Robótica na medicina. 3. Robôs - Dinâmica - Modelos

matemáticos. 4. Robôs - Sistema de controle. I. Cardozo, Eleri,1954-. II.

Mendes, Rafael Santos. III. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação. IV. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Powered wheelchair robotization : architecture, models, control

and applications

Palavras-chave em inglês:

Robotics

Robotics in medicine

Robots - Dynamics - Mathematical models Robots - Control system

Área de concentração: Engenharia de Computação Titulação: Mestre em Engenharia Elétrica

Banca examinadora:

Eleri Cardozo [Orientador] Caio Lúcio Nascimento Júnior Ricardo Ribeiro Gudwin

Data de defesa: 05-12-2016

Programa de Pós-Graduação: Engenharia Elétrica

(4)

MESTRADO

Canditado: Amadeu do Nascimento J´unior RA:160939

Data da defesa: 05 dezembro de 2015

T´ıtulo da disserta¸c˜ao: Robotiza¸c˜ao de uma cadeira de rodas motorizada: arquitetura, modelos, controle e aplica¸c˜oes.

Prof. Dr. Eleri Cardozo (Presidente, FEEC/UNICAMP)

Prof. Dr. Cairo L´ucio Nascimento J´unior (Divis˜ao de Eletr^onica - Instituto Tecnol´ogico de Aeron´autica)

Prof. Dr. Ricardo Ribeiro Gudwin (FEEC/UNICAMP)

A ata da defesa, com as respectivas assinaturas dos membros da Comiss˜ao Julgadora, encontra-se no processo de vida acad^emica do aluno.

(5)
(6)

Agrade¸co o enorme apoio que tive de meus amigos desde que cheguei em Campinas, em especial aos amigos Henrique Caiafa e Lais Luz que foram as primeiras pessoas a me receber em Campinas para o in´ıcio desta jornada. Tamb´em agrade¸co imensamente a Lais e sua fam´ılia pelo apoio e momentos de descontra¸c˜ao aos longo desses dois anos.

Imposs´ıvel deixar de agradecer a todos amigos do LCA por todos os momentos vividos juntos, j´a que ao longo do mestrado todos foram como uma esp´ecie de fam´ılia para mim. Muito obrigado por cada momento de conversa s´eria sobre as afli¸c˜oes do mestrado e sobre as besteiras da vida. A companhia de todos voc^es tornaram este processo muito mais f´acil.

Tamb´em gostaria de agradecer ao Professor Eleri Cardozo por ter me aceitado como seu aluno de mestrado e por todo imenso aprendizado que seu orienta¸c˜ao me pro-porcionou. Sem d´uvidas, saio destes dois anos de mestrado orgulhoso de tudo que aprendi durante sua orienta¸c˜ao. Tamb´em, agrade¸co ao Prof. Rafael Santos Mendes por ter acei-tado o convite para ser co-orienacei-tador de minha disserta¸c˜ao e por todas as conversas e discuss˜oes sobre a modelagem e controle da cadeira de rodas motorizadas. Sem d´uvida sem a ajuda de meu orientador e co-orientador o trabalho n˜ao teria sido metade do que ´

e.

Agrade¸co tamb´em aos colegas de grupo de pesquisa Ricardo Souza, Prof. Eric Rohmer, Paulo Gurgel e Fernando Pinho pelas in´umeras ajudas e conselhos que muito me ajudaram durante o mestrado.

Agrade¸co aos meus pais e irm˜as por todo amor que sempre dedicaram a mim. E pe¸co desculpa `a todos amigos, fam´ılia e namorada pelos momentos que n˜ao pude estar perto por conta do mestrado.

Por fim, agrade¸co ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), `a Funda¸c˜ao de Am-paro a Pesquisa do Estado de S˜ao Paulo, `a Faculdade de Engenharia El´etrica e Com-puta¸c˜ao, `a Universidade Estadual de Campinas pelo financiamento deste projeto.

(7)
(8)

A capacidade humana de se locomover ´e uma das mais importantes. A perda desta ca-pacidade causada por doen¸cas, acidentes ou envelhecimento causa grande impacto na qualidade de vida e autonomia das pessoas. Para diminuir estes efeitos o campo das tec-nologias assistivas, mais especificamente o da rob´otica assistiva, visa melhorar a qualidade de vida destes indiv´ıduos com a utiliza¸c˜ao de rob^os. Esta disserta¸c˜ao discute estas tecno-logias no processo de transforma¸c˜ao de uma cadeira motorizada em uma cadeira de rodas robotizada. Inicialmente, os diversos tipos de cadeira de rodas existentes no mercado e desenvolvidos na academia s˜ao analisados e, com base nesta an´alise, ´e proposta uma ar-quitetura para cadeiras rob´oticas capazes de serem controladas por uma vasta gama de interfaces assistivas. Esta arquitetura tem por meta prover um comportamento da ca-deira de rodas o mais pr´oximo poss´ıvel de rob^os m´oveis de pesquisa, possibilitando assim o emprego de algoritmos disponibilizados pela comunidade de rob´otica m´ovel. Um modelo din^amico da cadeira de rodas ´e tamb´em derivado e empregado para a sintonia de con-troladores de velocidade e simula¸c˜ao do comportamento da cadeira rob´otica. Finalmente, uma estrat´egia de controle compartilhado ´e apresentada com o objetivo de combinar coo-perativamente as capacidades humanas e do rob^o visando melhorar a execu¸c˜ao das tarefas di´arias de locomo¸c˜ao.

Palavras-chaves: Rob´otica; Rob´otica na medicina; Rob^os - Din^amica - Modelos ma-tem´aticos; Rob^os - Sistemas de controle.

(9)

Mobility is one of the most important human capabilities. The loss of mobility as caused by diseases, accidents, or aging leads to a substantial impact on the people’s quality of life and autonomy. To mitigate these effects assistive technologies, and specifically, assistive robotics aims to increase the quality of life of handicapped people by employing robots. This dissertation discusses these technologies in the process of transforming a regular powered wheelchair into a robotic wheelchair. Initially, many models of commercial and academic-developed wheelchairs are analysed and, based on this analysis, an architecture of robotic wheelchairs able to be controlled by a wide range of assistive interfaces is proposed. Moreover, this architecture must provide the wheelchair with behaviour as close as possible of those found on research-grade mobile robots, making it feasible to employ the many algorithms available from the mobile robotics community. A dynamic model of the wheelchair is also derived and used in the tuning of velocity controllers and the simulation of the robotic wheelchair’s dynamic behaviour. Finally, a shared control strategy is presented with the objective of combining in a cooperative way the human and robot’s capabilities in order to improve the realization of the daily locomotion tasks.

Keywords: Robotics; Robotics in medicine; Robots - Dynamic - Mathematical models; Robots - Control system.

(10)

Figura 1 – Exemplo de rob^os. . . 16 Figura 2 – Exemplo de rob^os. . . 17 Figura 3 – Exemplo de interfaces n˜ao convencionais para comandar uma cadeira

de rodas. . . 18 Figura 4 – Exemplos de diferentes modelos de cadeira de rodas. 4(a) Cadeira de

rodas Freedom SX (FREEDOM VEICULOS ELETRICOS, 2010) 4(b) Cadeira motoroizada Ottobock Xeno permite o usu´ario se elevar na al-tura dos olhos de pessoas n˜ao portadoras de defici^encia (OTTOBOCK, 2015). . . 20 Figura 5 – Exemplos de diferentes modelos de cadeira de rodas. 5(a) Cadeira

Fron-tier V6 (MAGIC MOBILITY, 2015). 5(b) Cadeira Track-Fab (TRAC FABRICATION LLC, 2016) . . . 21 Figura 6 – Cadeira de rodas robotizada desenvolvida nesta disserta¸c˜ao. . . 49 Figura 7 – Resumo da arquitetura da cadeira. De baixo para cima est˜ao

represen-tadas as camadas 1 (Baixo N´ıvel), 2 (N´ıvel Intermedi´ario) e 3 (Alto N´ıvel), respectivamente. . . 50 Figura 8 – Na esquerda sensor de fim de curso usado para detectar contato, no

centro sensor infra-vermelho para detectar desn´ıveis no ch˜ao e na direita um encoder. . . 52 Figura 9 – Vis˜ao de como o v´arios equipamentos est˜ao divididos em subsistemas

e como esses se relacionam. . . 57 Figura 10 – Vis˜ao de como os diferentes elementos que comp˜oe o software da cadeira

se relacionam entre si e com os diversos subsistemas que fazem parte da cadeira de rodas robtizada. . . 57 Figura 11 – Roda castor . . . 60 Figura 12 – Representa¸c˜ao do referencial R, da cadeira, em rela¸c˜ao a um referencial

G, global. 𝑥 e 𝑦 representam a posi¸c˜ao do referencial R em rela¸c˜ao ao referencial global e 𝜃 a orienta¸c˜ao relativa entre os referenciais. . . 61 Figura 13 – Compara¸c˜ao da influ^encia da orienta¸c˜ao inicial das rodas castor no

caminho do ve´ıculo e no modelo cinem´atico. . . 62 Figura 14 – Circuito de um motor de corrente cont´ınua. . . 63 Figura 15 – Esquema representando o ICR e o ^angulo, 𝛼𝑙, da roda castor esquerda. 65

Figura 16 – Diagrama de for¸cas na roda castor. 𝐹𝑇 ´e a for¸ca que um dos motores

exerce na roda castor, 𝜑𝑙 ´e o ^angulo entre a roda castor esquerda e o

frame da cadeira, 𝑟 ´e a dist^ancia entre o piv^o da roda castor e o ponto de contato com o solo. . . 66

(11)

Figura 18 – Caracter´ısticas da resposta em sistema de controle. . . 71 Figura 19 – Figuras representando elementos importantes dos campos vetoriais. . . 75 Figura 20 – Histogramas usados no VFH. . . 76 Figura 21 – Zonas de prote¸c˜ao da cadeira a serem testadas com a ajuda do mapa,

a linha pontilhada representa o eixo das rodas traseiras. . . 78 Figura 22 – Arranjo experimental em rampa. . . 82 Figura 23 – Experimento tens˜ao velocidade. . . 84 Figura 24 – Resposta de velocidade simulada e real (curvas tracejadas) para

dife-rentes n´ıveis de tens˜ao. . . 88 Figura 25 – Trajet´orias obtidas nos experimentos. . . 88 Figura 26 – Trajet´orias descritas pela cadeira e pelo modelo (curva azul) quando

as rodas castor estavam alinhadas a 45 ∘. . . 89 Figura 27 – Resposta de velocidade para duas repeti¸c˜oes do experimento

partindo-se do repouso, com as rodas castor alinhadas a 45 ∘ e tens˜ao aplicada de 3, 2 V. Resposta da simula¸c˜ao apresentada pela linha cont´ınua. . . . 90 Figura 28 – Torque em cada motor e comportamento do ^angulo das rodas castor

quando incialmente alinhadas a 45 ∘. . . 90 Figura 29 – Trajet´orias descritas pela cadeira f´ısica e pelo modelo (curva azul)

quando as rodas castor estavam alinhadas a −45 ∘. . . 91 Figura 30 – Resposta de velocidade quando rodas castor estavam inicialmente

ali-nhadas a −45 ∘. As linhas tracejadas representam a resposta com a cadeira motorizada e as demais a resposta do modelo. . . 92 Figura 31 – Resposta dos experimentos e simula¸c˜ao para quando as rodas castor

est˜ao orientadas inicialmente a −90 ∘ e 90 ∘. As linhas tracejadas re-presentam a resposta do sistema real. . . 93 Figura 32 – Resposta de velocidade do projeto linear do controlador. . . 94 Figura 33 – A¸c˜ao do controlador (verde) e efeito da perturba¸c˜ao na sa´ıda do sistema

(vermelho). . . 94 Figura 34 – Diferentes respostas de velocidade obtidas para diferentes par^ametros

de simula¸c˜ao. No eixo x de cada gr´afico est´a representado o tempo em segundos e no eixo y a velocidade em mm s−1. A linha vermelha representa a velocidade da roda esquerda e a azul da roda direita. . . . 96 Figura 35 – Simula¸c˜ao da resposta de velocidade no simulador com par^ametro Γ1

alterado. . . 97 Figura 36 – Caminhos obtidos com as rodas castor ajustadas na mesma posi¸c˜ao e

velocidade de refer^encia de 100 mm s−1. . . 98 Figura 37 – Resposta dos controladores mediante perturba¸c˜oes. . . 99

(12)

P3-DX. . . 100 Figura 39 – Figuras obtidas a partir da simula¸c˜ao utilizando o V-REP. . . 102 Figura 40 – Interface utilizada para operar a cadeira. C´elulas em amarelo

represen-tam obst´aculos e a cadeira ´e representada pelas linhas azuis clara. . . . 103 Figura 41 – Fotografias do ambiente utilizado para o percurso 1. . . 105 Figura 42 – Caminhos obtidos com ao utilizar-se o controle compartilhado e sem

utiliz´a-lo, para o percurso 1. Os pontos pretos representam obst´aculos, a linha azul a velocidade linear e a vermelha o caminho percorrido. . . 106 Figura 43 – Fotografias do ambiente utilizado para o percurso 2. . . 107 Figura 44 – Caminhos obtidos ao utilizar-se o controle compartilhado e sem

uti-liz´a-lo, para o percurso 2. Os pontos pretos representam obst´aculos, a linha azul a velocidade linear, a vermelha o caminho percorrido e os pentagramas colis˜oes. . . 108

(13)

Tabela 1 – Especifica¸c˜oes da cadeira Freedom SX. . . 48

Tabela 2 – Especifica¸c˜oes da Arduino Mega 2560. . . 51

Tabela 3 – Especifica¸c˜oes do Laser Range Finder TiM551 (SICK SENSOR IN-TELLIGENCE, 2013). . . 54

Tabela 4 – Especifica¸c˜oes do Raspberry Pi Model B+. . . 55

Tabela 5 – M´etodo para obter o valor de cada constante das equa¸c˜oes do modelo din^amico. . . 67

Tabela 6 – Par^ametros medidos da cadeira. . . 81

Tabela 7 – Valores de 𝐾2 em [N m V−1] . . . 82

Tabela 8 – Coeficientes das retas. . . 83

Tabela 9 – Valores dos par^ametros 𝐾1 + 𝐵 [N m rad−1s] e 𝜏𝑎𝑡𝑟 [N m] . . . 84

Tabela 10 – M´edias das constantes de tempo. . . 85

Tabela 11 – Valores das constantes de in´ercia [N m rad−1s2]. . . . 85

Tabela 12 – M´edia das constantes de tempo. . . 86

Tabela 13 – Valores de 𝛿 para as orienta¸c˜oes das rodas castor. . . 86

Tabela 14 – Valores das constantes de ajuste. . . 87

Tabela 15 – Constantes dos controladores PI. . . 94

Tabela 16 – Constantes dos controladores PI para a cadeira. . . 95

Tabela 17 – Valores das constante do campo vetorial usado para controlar a velo-cidade linear (Equa¸c˜ao (4.20)). . . 102

Tabela 18 – Valores das constante do campo vetorial usado para controlar a velo-cidade rotacional (Equa¸c˜oes (4.22) e (4.21)). . . 102

(14)

1 Introdu¸c˜ao . . . 15

2 Estado da Arte . . . 19

2.1 Cadeiras motorizadas . . . 19

2.2 Cadeiras motorizadas utilizadas em pesquisa . . . 20

2.3 Controladores de locomo¸c˜ao . . . 37

2.4 Controle compartilhado . . . 40

3 Projeto da Cadeira Robotizada . . . 46

3.1 Requisitos de projeto . . . 46

3.2 Projeto da cadeira robotizada . . . 48

3.2.1 Camada de baixo n´ıvel . . . 49

3.2.2 Camada intermedi´aria . . . 54

3.2.3 Camada de alto n´ıvel . . . 55

3.2.4 Comunica¸c˜ao . . . 56

4 M´etodos . . . 59

4.1 Modelos din^amico e cinem´atico . . . 59

4.1.1 Modelo cinem´atico . . . 60

4.1.2 Modelo din^amico . . . 62

4.2 Controlador de velocidade . . . 68

4.3 Controle compartilhado . . . 72

4.3.1 Campos vetoriais . . . 73

4.3.2 Mapa de obst´aculos . . . 77

4.3.3 Rastreamento de ^angulo . . . 79

4.3.4 Prote¸c˜ao contra colis˜oes . . . 79

4.4 Considera¸c˜oes finais . . . 80

5 Identifica¸c˜ao de par^ametros e resultados . . . 81

5.1 Par^ametros dos modelos . . . 81

5.1.1 Modelo . . . 81

5.1.2 Planta linearizada . . . 85

5.2 Simula¸c˜ao . . . 86

5.3 Controlador de velocidade . . . 92

5.4 Controle compartilhado . . . 101

5.4.1 Considera¸c˜oes finais . . . 109

Conclus˜ao . . . 111

(15)

1 Introdu¸c˜

ao

A defici^encia faz parte da condi¸c˜ao humana. Quase todos humanos ir˜ao em algum ponto da vida experimentar momentos de perda parcial ou total de suas capacidades f´ısicas, e, ainda com o envelhecimento, percebe-se a crescente dificuldade em realizar tarefas que outrora eram simples (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2015).

Atualmente, mais de um bilh˜ao de pessoas no mundo sofrem com algum tipo de defici^encia, das quais quase 200 milh˜oes apresentam dificuldades consider´aveis ao executar tarefas simples. Esses n´umeros tendem a crescer nos pr´oximos anos devido ao envelheci-mento da popula¸c˜ao e ao crescimento de casos de doen¸cas cr^onicas como diabetes, doen¸cas

cardiovasculares e c^ancer (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2015).

No Brasil a situa¸c˜ao n˜ao ´e diferente. Segundo dados doInstituto Brasileiro de Geo-grafia e Estat´ıstica (2010) 23,92% da popula¸c˜ao (aproximadamente 45milh˜oes de pessoas) vive com defici^encia visual, auditiva ou motora. Destes, aproximadamente, 30% possuem alguma defici^encia motora e acabam por ter dificuldades para realizar tarefas que para a maioria da popula¸c˜ao ´e tida como simples.

Historicamente, pessoas com defici^encia foram segregadas do conv´ıvio com o res-tante da sociedade em institui¸c˜oes e escolas especiais. Com o passar do tempo, pol´ıticas foram adotadas para incluir essas pessoas. Adicionalmente, a no¸c˜ao de que pessoas s˜ao tidas como deficientes tanto pela sua condi¸c˜ao f´ısica quanto pelo ambiente foram aceitas

(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011), ampliando o conceito de defici^encia.

Com o prop´osito de tornar estas pessoas aptas ao conv´ıvio, superando as dificul-dades impostas por condi¸c˜ao f´ısica e pelo ambiente, surgiu um novo campo do conhe-cimento: a Tecnologia Assistiva. A Tecnologia Assistiva, atrav´es do desenvolvimento de equipamentos e software, busca aumentar o grau de independ^encia, autonomia, qualidade de vida e inclus˜ao, al´em de diminuir custos com suporte e cuidados de pessoas com

de-fici^encia (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2011). A Rob´otica Assistiva faz parte

deste campo do conhecimento e utiliza rob^os com o objetivo de melhorar a qualidade de vida de pessoas com defici^encia.

A Rob´otica ´e o campo do conhecimento que cuida do projeto, constru¸c˜ao, opera¸c˜ao, controle e aplica¸c˜ao de rob^os atrav´es dos conhecimentos de ´areas como Engenharia Mec^anica, El´etrica e Computa¸c˜ao. Rob^os s˜ao sistemas eletromec^anicos controlados por software ca-pazes de substituir humanos para: realiza¸c˜ao de tarefas perigosas, explora¸c˜ao de ambiente in´ospitos, atividades de manufatura, al´em de aumentar a capacidade de seres humanos e auxiliar pessoas com defici^encia.

(16)

Rob^os geralmente s˜ao acionados por um sistema movido por baterias, e mesmo quando movidos por outra fonte de energia, necessitam de energia el´etrica para alimentar os circuitos respons´aveis por controlar os motores, atuadores e sensores. Tamb´em possuem sensores capazes de extrair informa¸c˜oes do ambiente e do pr´oprio rob^o. Para o rob^o possuir certa capacidade de tomar decis˜oes esses normalmente possuem um software que ´e capaz de, a partir das informa¸c˜oes dispon´ıveis ao rob^o, prover tal capacidade.

Atuadores em um rob^o geralmente s˜ao motores el´etricos, mas podem ser utiliza-dos atuadores lineares pneum´aticos ou hidr´aulicos ou ainda m´usculos artificiais. Sensores utilizados em rob´otica s˜ao de diversos tipos sendo usados para extrair informa¸c˜oes do ambiente, como sensores de dist^ancia, calor, gases, n´ıvel de radioatividade e c^ameras, ou do pr´oprio sistema como girosc´opios, aceler^ometros, encoders e b´ussolas.

O uso de rob^os atualmente ´e enorme, mas a primeira ´area onde rob^os destacaram-se foi nas linhas de montagem. Devido ao elevado potencial de automatiza¸c˜ao rob^os foram usados para auxiliar em atividades como as de soldagem e montagem. O tipo de rob^o utilizado em f´abricas geralmente s˜ao do tipo bra¸co rob´otico de base fixa (Figura 1(a)).

(a) Bra¸co Rob´otico usado para solda (FEIMAFE2017, 2016).

(b) Robˆo Quince (FURO, 2007).

Figura 1 – Exemplo de rob^os.

No dias atuais rob^os ganham mais import^ancia pois s˜ao utilizados em ambientes in´ospitos para humanos como usinas nucleares e outros planetas. Foram usados at´e o presente momento 4 rob^os para explora¸c˜ao de marte e at´e hoje os rob^os Opportunity

e Curiosity encontram-se em opera¸c˜ao (NASA - JET PROPULSION LABORATORY,

2016). Depois do desastre nuclear ocorrido em Fukushima rob^os foram enviados para o interior da usina para analisar a situa¸c˜ao p´os desastre, totalizando 9 rob^os, dentre eles o Quince (Figura 1(b)) e o Raccoon (HORNYAK, 2016).

A rob´otica, nos ´ultimos anos, se aproximou da vida comum das pessoas. O uso de rob^os dentro de casas para limpeza vem se tornando realidade e hoje existem v´arios modelos, dentro dos quais se destacam iRobot Roomba e Neato botvac (Figura 2(a)). Al´em destas aplica¸c˜oes, rob^os t^em ajudado humanos em atividades mais complexas por meio de pr´oteses, aparelhos de reabilita¸c˜ao, exoesqueletos (Figura 2(b)) e cadeira de rodas

(17)

automatizadas. Esses rob^os fazem parte da Rob´otica Assistiva pois prov^eem o aumento da autonomia e qualidade de vida de pessoas portadoras de deficiencias.

(a) Robˆo Neato botvac (NEATO, 2016).

(b) Exoesqueleto rewalk (REWALK, 2016).

Figura 2 – Exemplo de rob^os.

Essa disserta¸c˜ao vem contribuir com o desenvolvimento da Rob´otica Assistiva apresentado uma cadeira de rodas robotizada, notadamente, seu sistema de controle de locomo¸c˜ao. Esse dispositivo tem o objetivo de favorecer pessoas que n˜ao s˜ao capazes de operar uma cadeira de rodas motorizada convencional utilizando um joystick (utilizando as m˜aos ou o queixo), que ´e a interface mais comum dispon´ıvel nas cadeiras motorizadas comerciais.

Al´em da cadeira de rodas robotizada, apresenta-se uma solu¸c˜ao de controle com-partilhado que tem como objetivo auxiliar o usu´ario nos deslocamentos di´arios utilizando a cadeira robotizada. Esta solu¸c˜ao visa unir as capacidade do usu´ario de planejar rotas, com a capacidade da cadeira robotizada de perceber o ambiente e, assim, fornecer ao usu´ario uma maneira mais f´acil de conduzi-la.

Para o desenvolvimento de rob^os que ir˜ao interagir com humanos ´e de fundamental import^ancia que esses sejam extremamente confi´aveis e n˜ao coloquem em risco a seguran¸ca dos humanos com os quais est˜ao interagindo. Da mesma forma, deve-se preocupar com o conforto e facilidade proporcionados ao usar estes equipamentos no dia-a-dia.

A cadeira de rodas robotizada que ser´a apresentada nesse trabalho ´e uma solu¸c˜ao que adaptou uma cadeira de rodas motorizada convencional utilizando apenas compo-nentes prontos (off-the-shelf ) e portanto pode ser uma solu¸c˜ao replicada facilmente por empresas especializadas para atender as necessidades de pessoas com defici^encia. Tamb´em, ´

(18)

em par^ametros biom´etricos (Figura 3) como eletromiografia (EMG), eletroencefalogra-fia (EEG), sip and puff (assoprar e respirar), movimentos da cabe¸ca e express˜oes faciais.

(a) EEG (NEUROSCAN, 2010). (b) Sip and Puff (LIBELIUM COMUNICACIONES DISTRI-BUIDAS S.L., 2016).

Figura 3 – Exemplo de interfaces n˜ao convencionais para comandar uma cadeira de rodas. Este trabalho est´a organizado da seguinte forma: no Cap´ıtulo 2 ser´a apresentada um vis˜ao geral das cadeiras de rodas comerciais e das utilizadas em pesquisas, assim como sobre propostas de algoritmos de controle compartilhado. No Cap´ıtulo 3 ser˜ao abordados os requisitos para o projeto de robotiza¸c˜ao da cadeira de rodas, ser´a apresentada a arqui-tetura de software e hardware empregados no projeto e ser˜ao apresentados os sensores e atuadores instalados no sistema. No Cap´ıtulo 4 ser˜ao apresentados os m´etodos utilizados no estudo do comportamento da cadeira de rodas, o modelo e a t´ecnica utilizada para a sintonia dos controladores de velocidade e a abordagem empregada para a elabora¸c˜ao do m´odulo de controle compartilhado. No Cap´ıtulo 5 ser˜ao apresentados os resultados dos experimentos realizados para se obter os par^ametros do modelo do comportamento da cadeira, simula¸c˜oes feitas com o modelo, an´alise dos controladores e finalmente os resul-tados obtidos em uma tarefa de navega¸c˜ao utilizando o controle compartilhado. Ao final da disserta¸c˜ao ser˜ao apresentadas as conclus˜oes deste trabalho.

(19)

2 Estado da Arte

Este cap´ıtulo apresenta uma revis˜ao sobre diversos modelos de cadeiras motoriza-das, desde os modelos comercias aos modelos utilizados em laborat´orio. Tamb´em ser˜ao revisados os algoritmos utilizados para o controle e navega¸c˜ao baseados no paradigma de controle compartilhado (shared control ).

2.1

Cadeiras motorizadas

As cadeiras motorizadas encontradas atualmente no mercado s˜ao dos mais diversos tipos, por´em compartilham a mesma caracter´ıstica de serem equipadas com dois motores el´etricos e serem controladas por um joystick. Elas se diferenciam principalmente pelo modelo do chassi, capacidade de elevar o usu´ario e capacidade de trafegar por diversos tipos de terrenos.

Os chassis destas cadeiras possuem diferentes configura¸c˜oes, a come¸car pelos tipos e quantidade de rodas. Tipicamente, estas possuem duas rodas motrizes traseiras de maior raio e duas menores dianteiras, n˜ao motorizadas, do tipo castor. Esta configura¸c˜ao ´e muito semelhante `as cadeiras de rodas manuais. Varia¸c˜oes das mais diversas existem, como por exemplo: duas rodas castor adicionais localizadas na parte de tr´as da cadeira, duas rodas motrizes adicionais, duas rodas do tipo castor por´em ester¸c´aveis e presen¸ca de esteiras ao inv´es de rodas. E, dentre as diferentes configura¸c˜oes, ainda existem varia¸c˜oes dos raios das rodas, largura dos pneus e dist^ancias entre eixos.

A cadeira de rodas motorizadas modelo SX fabricada pela Freedom Ve´ıculos El´etricos (Figura: 4(a)) ´e um dos modelos que mais se assemelha a uma cadeira de rodas manual. Esse modelo possui duas rodas dianteiras passivas do tipo castor e duas rodas motrizes traseiras de maior raio. Geralmente, esse modelo possu´ı duas baterias que d˜ao ao usu´ario autonomia de at´e 30 km e dois motores de 400 W que permitem transportar um usu´ario de at´e 150 kg. Seu acionamento ´e feito atrav´es de um joystick e seus con-troladores s˜ao configurados com um perfil de acelera¸c˜ao linear (FREEDOM VEICULOS ELETRICOS, 2010).

A cadeira motorizada IBOT produzida at´e meados de 2010 por uma joint venture das empresas Johnson and Johnson’s e DEKA possui quatro rodas motrizes localizadas na parte traseira e duas rodas dianteiras do tipo castor. Esta cadeira possui atributos como capacidade de subir e descer escadas, elevar o usu´ario, ser controlada remotamente e de manter o assento sempre nivelado independente do nivelamento do chassi. Em meados de 2009 essa cadeira era comercializados no EUA por aproximadamente US$25.000, 00

(20)

(a) (b)

Figura 4 – Exemplos de diferentes modelos de cadeira de rodas. 4(a) Cadeira de rodas Freedom SX (FREEDOM VEICULOS ELETRICOS, 2010) 4(b) Cadeira mo-toroizada Ottobock Xeno permite o usu´ario se elevar na altura dos olhos de pessoas n˜ao portadoras de defici^encia (OTTOBOCK, 2015).

(WBUR RADIO STATION, 2011).

O fabricante Magic Mobility oferece ampla op¸c˜ao de modelos de cadeiras de rodas para ambientes internos e externos. Como exemplo podemos destacar o modelo Frontier V6 que ´e dotado de duas rodas motrizes centrais, duas rodas n˜ao motorizadas do tipo castor localizadas na dianteira e outro par destas rodas localizados na parte traseira. Segundo o fabricante, essa cadeira possibilita o transporte de um usu´ario de at´e 182 kg,

autonomia de at´e 35 km e custa aproximadamente US$ 10.595, 00 (TOP MOBILITY

SCOOTERS, 2016).

O fabricante Track-Fab desenvolve modelos de cadeiras motorizadas que, ao inv´es de utilizar rodas, utiliza esteiras para a locomo¸c˜ao. Tamb´em acionado por joystick esse modelo transporta um usu´ario de at´e 175 kg e, por ser dotado de esteiras, permite que o usu´ario se locomova por praticamente qualquer tipo de terreno. Seu pre¸co inicial ´e de US$11.995, 00 (TRAC FABRICATION LLC, 2016).

Estas cadeiras comerciais por´em todas s˜ao acionadas por meio de um joystick e partem de uma ideia comum que o usu´ario ´e plenamente capaz de acionar o ve´ıculo usando as m˜aos, ainda conseguem manipular objetos usando as m˜aos. Pessoas que n˜ao est˜ao nesta classe podem ainda utilizar um joystick operado com o queixo. realizar tarefas di´arias.

2.2

Cadeiras motorizadas utilizadas em pesquisa

A fim de aumentar a autonomia de usu´arios que n˜ao conseguem controlar cadeiras motorizadas utilizando apenas as m˜aos, desde o final dos anos 70 v´arios grupos de pesquisa

(21)

(a) (b)

Figura 5 – Exemplos de diferentes modelos de cadeira de rodas. 5(a) Cadeira Frontier V6 (MAGIC MOBILITY, 2015). 5(b) Cadeira Track-Fab (TRAC FABRICATION LLC, 2016)

ao redor do mundo t^em investigado formas de dotar cadeiras motorizadas convencionais de sistemas que empregam interfaces n˜ao convencionais.

Um dos primeiros artigos a relatar o desenvolvimento de uma unidade de controle para auxiliar pessoas com les˜oes que levaram a perda de capacidade de controle de um joystick usando as m˜aos ´e o trabalho de Lozac’h et al. (1976). Neste trabalho os pesquisa-dores desenvolveram uma interface de controle para uma cadeira motorizada levando em considera¸c˜ao a dificuldade apresentada pelos usu´arios ao controlar um joystick usando o queixo. Segundo os autores, este tipo de controle utilizando o queixo ´e dificultado pelo movimento da cabe¸ca devido a terrenos irregulares e a in´ercia do movimento da cadeira. Outro fator levado em conta foi o fato deste controle n˜ao ficar preso `a cabe¸ca do usu´ario, sendo assim mais confort´avel de se operar. Com isso, os pesquisadores desenvolveram um joystick que fica preso `a cadeira, posicionado atr´as da cabe¸ca do usu´ario, que com o mo-vimento da cabe¸ca aciona a cadeira. Para o usu´ario reverter o sentido do movimento ou parar a cadeira bot˜oes devem ser acionados usando os ombros. Esse controle foi testado por 12 usu´arios quadripl´egicos e todos usu´arios ficaram satisfeitos com essa interface de controle.

Em Jaffe (1982) o autor adaptou uma cadeira motorizada convencional instalando enconders, microcomputadores, sonares e toda a eletr^onica respons´avel pelo acionamento eletromec^anico. Neste projeto o microcomputador realizava a transforma¸c˜ao do sinal de velocidade comandado pelo usu´ario em um valor cont´ınuo de tens˜ao que era ent˜ao

trans-formado em um PWM (Pulse Width Modulation) respons´avel por acionar cada um dos

motores. A interface utilizada para comandar a cadeira utilizava a posi¸c˜ao da cabe¸ca do usu´ario que era medida usando sonares, que posicionados ao redor da cabe¸ca triangulavam

(22)

a posi¸c˜ao dessa. Para utilizar esta interface ´e necess´ario um treinamento inicial para ent˜ao ter-se os valores base para comando e s´o ent˜ao o usu´ario poderia controlar a cadeira.

Esta cadeira ainda era dotada de sonares posicionados na frente da cadeira que detectavam a presen¸ca de obst´aculos. Ao detectar o obst´aculo a cadeira poderia, para um primeiro comportamento, parar ou diminuir sua velocidade, ou ainda para outro compor-tamento, poderia seguir um obst´aculo, por exemplo, uma pessoa movimentando-se len-tamente em sua frente. Sonares posicionados na lateral permitiam se deslocar guardando uma dist^ancia padr˜ao de uma parede, possibilitando opera¸c˜ao completamente aut^onoma e, se portas fossem detectadas, o sistema era capaz de ignor´a-las, por´em se uma abertura an^omala (maior que uma porta) fosse detectada o controle da cadeira retornava para o usu´ario. Para efetuar a troca entre os diversos modos uma interface de comando de voz era utilizada.

Foi reportado que ap´os um breve treinamento os usu´arios j´a eram capazes de controlar a cadeira e tamb´em que restri¸c˜oes devido a presen¸ca das rodas castor acabavam por proporcionar um sobre ester¸camento ao executar trajet´oria retil´ıneas. Esse projeto foi um dos primeiros a usar um computador para controlar uma cadeira de rodas e ainda a conseguir utilizar diferentes modos para sua opera¸c˜ao (JAFFE, 1982).

Em Madarasz et al. (1986) os autores dotaram uma cadeira motorizada de um computador port´atil, de uma c^amera com resolu¸c˜ao de 128 x 128 pixels, um dispositivo rotativo que atrav´es de um sonar faz medidas com um alcance de 260 graus em passos de 3 graus e enconders instalados nas rodas (usados para controle de velocidade). No trabalho os autores n˜ao substituem a interface de comando da cadeira e fazem com que o sistema comande-a, atrav´es do joystick, assim como um usu´ario o faria1. Para gerenciar o

fluxo de controle, a aquisi¸c˜ao dos sinais dos diversos sensores e a atua¸c˜ao na cadeira, foi implementado um software capaz de gerenciar essas leituras e individualmente, em forma de batelada, para realizar tarefas de atua¸c˜ao.

Para que a cadeira consiga se comportar de maneira aut^onoma e sem a necessidade de grandes altera¸c˜oes no ambiente ´e proposto o planejamento de trajet´orias. Para tal, um mapa topol´ogico do ambiente ´e constru´ıdo, representando-o por uma matriz tridimensional onde a primeira dimens˜ao ´e o andar do pr´edio, a segunda o n´umero da parede e a terceira `

a posi¸c˜ao absoluta da sala. Usando esta estrutura o sistema ´e capaz de tra¸car uma rota entre o ponto atual e o objetivo. Al´em de planejar rotas, a cadeira apresentada no trabalho ´

e capaz de se deslocar pela parte central de um corredor, utilizando linhas extra´ıdas da imagem da c^amera que representam os extremos laterais do corredor. Da mesma forma, o sistema ´e capaz de utilizar os dados fornecidos pelo sonar para se orientar corretamente em um corredor (situa¸c˜oes em que a cadeira encontra uma interse¸c˜ao e deve se alinhar novamente com o corredor) e desviar de obst´aculos tentando posicionar a cadeira entre o

(23)

obst´aculos e a parede (MADARASZ et al., 1986).

Nos testes realizados pelos autores a cadeira percorria apenas 15, 24 m (em virtude do sistema n˜ao estar ligado a baterias) o que impossibilita avaliar de maneira mais geral efic´acia da estrat´egia de navega¸c˜ao. Devido `a limitada capacidade computacional os au-tores relatam problemas com as taxas de amostragem das imagens e a erros associados `as medi¸c˜oes dos sonares. Apesar destas limita¸c˜oes, esse artigo representa um dos primeiros e mais importantes passos para se dotar uma cadeira convencional das habilidades hoje encontradas em rob^os m´oveis, como por exemplo, desvio de obst´aculos e planejamento de trajet´orias.

No in´ıcio dos anos 90 o trabalho de Levine et al. (1990) relata os primeiros de-senvolvimentos de um software de navega¸c˜ao para cadeira de rodas com o objetivo de complementar as habilidades do usu´ario, o NavChair. Neste trabalho os autores relatam o desenvolvimento deste software que utiliza a t´ecnica Vector Fields Histogram (VFH) (BORENSTEIN et al., 1991) para desviar de obst´aculos enquanto o usu´ario comanda o ve´ıculo, modo este chamado Tele-autonomous, pois ´e a jun¸c˜ao da tele-opera¸c˜ao (usu´ario comandando o ve´ıculo) e do comportamento aut^onomo (ve´ıculo desviando de obst´aculos). Esse paradigma de navega¸c˜ao foi chamado pelos autores de “shared control”.

Posteriormente, os autores apresentam o desenvolvimento da cadeira de rodas e os testes realizados com o NavChair (SIMPSON et al., 1998). O hardware utilizado pelos autores se baseia em uma cadeira convencional dotada de um computador IBM de 33 MHz, 12 sonares montados na frente da cadeira e circuitos necess´arios para o acionamento dos motores. No sistema desenvolvido os autores mantiveram o joystick como uma interface de comando que ao inv´es de acionar diretamente os motores, enviar´a para o sistema NavChair a dire¸c˜ao desejada de movimento e o software auxiliar´a na navega¸c˜ao. Al´em desta interface, os autores tamb´em utilizaram uma solu¸c˜ao comercial de comandos de voz. O sistema de navega¸c˜ao NavChair utiliza dois m´etodos para auxiliar a navega¸c˜ao do usu´ario. O primeiro ´e o Minimun Vector Field Histogram (MVFH) uma modifica¸c˜ao

do VFH. O MVFH foi concebido para mitigar as defici^encias que o VFH apresentava

quando aplicado a um ve´ıculo como cadeira de rodas, que n˜ao ´e circular e nem pode sofrer varia¸c˜oes abruptas de velocidade. As principais diferen¸cas deste m´etodo para o original ´e que ele leva em conta uma curva que ´e adicionada ao histograma original do VFH e com a informa¸c˜ao da dire¸c˜ao comandada pelo usu´ario. Ademais, leva-se em conta a proximidade dos obst´aculos ao redor da cadeira para calcular a velocidade. O segundo m´etodo utilizado ´e o Vector Force Field (VFF) que ´e uma modifica¸c˜ao do m´etodo Potential Fields apresentado em Khatib (1985). A grande modifica¸c˜ao em rela¸c˜ao ao m´etodo original ´

e que este leva em considera¸c˜ao alguns pontos do rob^o, por causa de sua forma irregular, e n˜ao leva em conta o rob^o representado como um ponto (SIMPSON et al., 1998).

(24)

(GOA), Door Passing (DP) e Automatic Wall Following (AWF). No primeiro m´etodo ´e feita a fus˜ao do comando do usu´ario com o comportamento do MVFH e VFF que permitir´a a navega¸c˜ao sem colis˜ao. Em testes foi mostrado que usu´ario sem defici^encia apresenta um desempenho melhor quando n˜ao utiliza esse modo ao realizar 14 m de um percurso em forma de ziguezague. O segundo modo, DP, utiliza apenas o MVFH para passar por portas. Foi mostrado que quando usada uma abertura de porta menor que 1150 mm tal m´etodo ´e mais eficiente que o GOA, por´em quando a abertura ´e menor do que 840 mm o usu´ario sem aux´ılio do DP ´e mais eficiente. O terceiro e ´ultimo modo, AWF, tem como objetivo fazer com que a cadeira mantenha uma trajet´oria paralela `as paredes utilizando apenas a leitura do sonar que fica localizado lateralmente `a cadeira. Para um mesmo percurso esse modo se mostrou mais eficiente do que GOA e menos eficiente do que o usu´ario sem esse aux´ılio.

Por fim, ´e apresentada uma estrat´egia para tentar comutar entre os diferentes modos apresentados anteriormente, sem que o usu´ario precise explicitamente escolher entre algumas delas (SIMPSON et al., 1998). A t´ecnica apresentada faz a sele¸c˜ao dos modos atrav´es de uma rede Bayesiana que leva em conta uma adapta¸c˜ao baseada na informa¸c˜ao dos obst´aculos ao redor do ve´ıculo e um mapa topol´ogico local. Nos resultados esta t´ecnica se mostrou efetiva quando um usu´ario treinado est´a utilizando a cadeira.

Os resultados apresentados no trabalho de Simpson et al. (1998) s˜ao interessantes, por´em faltam resultados com percursos mais longos e com pessoas com defici^encia. Outros pontos de observa¸c˜ao levantados pelos autores s˜ao a necessidade de um modo de opera¸c˜ao que permita o usu´ario se aproximar de obst´aculos (mesa de trabalho). Apesar da maior efici^encia quando n˜ao ´e utilizado o NavChair deve-se lembrar que ele ´e projetado para pessoas que precisam dessa ajuda. Adicionalmente, a falta de resolu¸c˜ao e quantidade de sensores prejudica o comportamento da cadeira.

No trabalho de Miller e Slack (1995) os autores apresentam os desenvolvimentos de duas cadeiras para auxiliar pessoas com defici^encias que as impossibilitam ou dificultam o manuseio de uma cadeira motorizada convencional, a Tin Man I e Tin Man II. Na cadeira Tin Man I os autores dotaram uma cadeira convencional de sensores do tipo sonar, sensores infra-vermelho para detectar degraus, uma b´ussola, sensores para contato que se baseiam na altera¸c˜ao da resist^encia de uma fita mediante a deforma¸c˜ao e enconders instalados nas rodas. Tamb´em foi instalado um microprocessador capaz de processar os dados destes sensores e de enviar comandos para a cadeira. Nesta abordagem n˜ao foi utilizada uma eletr^onica respons´avel pelo acionamento direto dos motores, ao inv´es disso os autores utilizaram o pr´oprio sistema de acionamento da cadeira. Para tanto os autores instalaram uma estrutura mec^anica com dois servos e a partir dos comandos desejados esses servos posicionariam o joystick na posi¸c˜ao adequada.

(25)

auxiliam a navega¸c˜ao: navega¸c˜ao com desvio de obst´aculos, mover a frente em uma de-terminada orienta¸c˜ao e mover para um ponto. No primeiro modo a cadeira atendia os comandos enviados pelo usu´ario at´e que encontrasse obst´aculos pr´oximos ou se algum sensor de contato fosse disparado. No segundo modo a cadeira tenta manter sempre uma orienta¸c˜ao, desviando de obst´aculos e controlando seus movimentos para passar por uma porta. Neste modo, ao pressionar um bot˜ao a cadeira come¸ca a girar em torno de seu eixo at´e que o usu´ario pressione novamente o bot˜ao informando que aquela ´e a orienta¸c˜ao que ele deseja que a cadeira mantenha. Para o terceiro modo o usu´ario deve fornecer uma posi¸c˜ao (X,Y) no ambiente e ent˜ao a cadeira seguir´a para essa posi¸c˜ao desviando automaticamente de obst´aculos.

O desempenho desta cadeira ´e prejudicado pela resolu¸c˜ao e baixa taxa de aquisi¸c˜ao dos sonares, que impedem grandes velocidades durante o percurso. A resolu¸c˜ao e erros associados aos encoders tamb´em prejudica a cadeira no modo de seguir at´e uma posi¸c˜ao (X,Y). Apesar destes pontos apresentados, o desempenho geral da cadeira foi satisfat´orio e autores continuaram a pesquisa e desenvolvimento neste tema.

Por conseguinte nasce a Tin Man II, concebida para ser um pacote fechado que permitisse testes com usu´arios, n˜ao dependesse tanto dos sensores de contato para des-viar de obst´aculos e para ter maior velocidade de navega¸c˜ao. Desta forma, os autores substitu´ıram o microcontrolador da primeira cadeira por outro mais potente, os sensores de contato foram substitu´ıdos por 12 sensores infravermelho de dist^ancia com alcance de 1, 5 m. maneira que manobras para passar por portas pudessem depender deles. Sonares adicionais foram instalados em diferentes portas do microcontrolador para elevar a taxa de aquisi¸c˜ao dos sinais. Outra mudan¸ca realizada foi a instala¸c˜ao de conversores Digital-Anal´ogico e Anal´ogico-Digital para que o acionamento do motor fosse feito diretamente, sem utilizar o joystick. A ´ultima importante mudan¸ca foi colocar toda a interface dos sensores, acionamento e microcontrolador dentro de uma caixa aumentando o empacota-mento do projeto (MILLER; SLACK, 1995).

A Tin Man II foi dotada dos mesmo softwares que sua primeira vers˜ao e nos testes realizados foi reportada maior velocidade durante os caminhos percorridos, devido `

a melhor taxa de aquisi¸c˜ao dos sinais. Tamb´em notou-se que o sistema n˜ao ´e dif´ıcil de ser controlado e possibilitou diferentes pessoas com um amplo espectro de idade control´a-la. O uso de sensores infravermelho mostrou-se complicado na presen¸ca de cores escuras e douradas que fazem com esse sensor n˜ao retorne medidas coerentes. Por fim, os autores alegam que as duas cadeiras s˜ao provas de que o uso de rob^os como tecnologia assistiva pode ser de fato utilizado e n˜ao tem custo proibitivo (MILLER; SLACK, 1995).

No trabalho de Abascal et al. (1999) os autores narram o desenvolvimento do sis-tema TetraNauta. Este sissis-tema foi desenvolvido para diminuir a fadiga de usu´arios que necessitam de grande esfor¸co para controlar cadeiras motorizadas, tipicamente pessoas

(26)

quadripl´egicas. O sistema ´e concebido para funcionar usando mapas previamente carre-gados de ambientes e em ambientes instrumentados, limitando o uso a ambientes internos e previamente adaptados, mas que no entanto simplifica o hardware a ser utilizado pela cadeira (ABASCAL et al., 1999).

O hardware utilizado consiste em uma c^amera (usada para detectar linhas e landmarks posicionados no ambiente), sensores infravermelho e sonares para desvio de obst´aculo, sistema de transponder para a localiza¸c˜ao da cadeira no ambiente e um sis-tema que modifica o acionamento da cadeira sem fazer modifica¸c˜oes nos sistemas de controle2 e pot^encia da cadeira comercial, o que preserva a homologa¸c˜ao a garantia do produto (DIAZ et al., 2002).

O software idealizado pelos autores para navega¸c˜ao e desvio de obst´aculos, baseia-se na t´ecnica Virtual Potencial Fields (VPF) (KHATIB, 1985). O sistema usa o VPF para seguir linhas que foram previamente colocadas no ch˜ao e juntamente com o transponder, que localiza a cadeira no ambiente, permite que a cadeira possua um comportamento totalmente aut^onomo levando o usu´ario at´e um ponto que ele determinou no mapa (DIAZ et al., 2002). Durante o percurso o sistema utiliza os sonares e sensores de dist^ancia infravermelho como seguran¸ca extra e qualquer obst´aculo encontrado por esses sensores

causa o recalculo da rota (ABASCAL et al., 1999). Al´em deste modo completamente

aut^onomo, o TetraNauta possui ainda os modos rail submode e learning submode. No primeiro, ap´os a cadeira estar percorrendo uma rota sobre uma das linhas do ambiente, entra neste modo e ent˜ao passa a funcionar como se estivesse sobre um trilho, assim o usu´ario n˜ao pode alterar a dire¸c˜ao para onde a cadeira vai (a n˜ao ser quando se depara com uma bifurca¸c˜ao), podendo somente controlar a velocidade com que trafega sobre este trilho. No segundo modo o usu´ario ainda possui controle sobre a cadeira, por´em linhas de diferentes cores produzem efeitos diferentes sobre o comportamento da cadeira. Algumas linhas funcionar˜ao como obst´aculos que ir˜ao repelir a cadeira (atrav´es do VPF), outras linhas ser˜ao obst´aculos intranspon´ıveis, outras ir˜ao atrair a cadeira e por fim outras ir˜ao funcionar como um trilho. Este ´ultimo modo ´e utilizado durante o treinamento de usu´arios, quando a cadeira se encontra em ambientes estreitos ou ao passar por uma porta (DIAZ et al., 2002).

A abordagem que utiliza o VPF tanto para o comportamento aut^onomo, quanto para um comportamento de controle compartilhado mostra-se efetiva segundo Diaz et al. (2002). Entretanto, ao se instrumentalizar o ambiente com linhas no ch˜ao limita-se o fun-cionamento da proposta, dado que somente em certos ambientes a cadeira seria capaz de ser utilizada. Ademais, os autores n˜ao tratam situa¸c˜oes de m´ınimos locais, fato conhecido quando se utiliza VPF (KHATIB, 1985). Uma ideia interessante que foi apresentada ´e o uso de transponder para localizar a cadeira, j´a que outros trabalhos relatam a dificuldade

(27)

de se localizar, de forma efetiva, a cadeira em um ambiente quando os ´unicos sensores dispon´ıveis para tal s˜ao os encoders.

No trabalho de Bourhis e Agostini (1998b) os autores detalham os objetivos e avan¸cos feitos no desenvolvimento do sistema para pessoas com defici^encia chamado VAHM (do franc^es, ve´ıculo aut^onomo para pessoas com defici^encias), que foi iniciado em 1989. Neste trabalho, o VAHM era composto de uma cadeira convencional montada em cima de um rob^o m´ovel chamado Robouter dotado de 14 sonares e um computador PC486.

Os objetivos propostos pelos autores para a concep¸c˜ao do ve´ıculo se dividem em 3 principais categorias: t´ecnicos, psicol´ogicos e econ^omicos. Do ponto de vista t´ecnico o VAHM deveria ser vers´atil para acomodar pessoas com diferentes n´ıveis de defici^encia e diferentes requisitos de HMI (do ingl^es, interfaces homem-m´aquina). Do ponto de vista psicol´ogico, o usu´ario deve sentir-se confort´avel ao usar o ve´ıculo, portanto o VAHM deve se comportar de maneira suave, sensores n˜ao devem interferir na apar^encia do usu´ario, as interfaces devem ser simples (pois o usu´ario n˜ao tem familiaridade com esse tipo de tecnologia) e os comandos aut^onomos da cadeira n˜ao podem fazer com o que o usu´ario sinta-se apenas um passageiro. Por fim, o projeto deve ser compat´ıvel economicamente com o publico para o qual ir´a servir. Deste modo s˜ao preferidas solu¸c˜oes dispon´ıveis comercialmente, evitando-se solu¸c˜oes personalizadas que podem tornar o custo do VAHM proibitivo.

Mais tarde em Bourhis et al. (2001) os autores j´a apresentam uma nova vers˜ao do VAHM em que foi deixado de lado o rob^o m´ovel e foi adaptada uma cadeira de rodas motorizada atrav´es da instala¸c˜ao de 16 sonares, sensores de dist^ancia infravermelho, um processador PC486, uma tela de LCD (Liquid Crystal Display) e enconders montados nas rodas motrizes. Neste trabalho os autores apresentam o software desenvolvido para o ve´ıculo e mostram que o foco n˜ao ´e substituir por completo o usu´ario e sim facilitar o manuseio do ve´ıculo, resultando em menos esfor¸co fisico e mental para o usu´ario (carga de trabalho).

O controle de movimento do VAHM ´e feito atrav´es do ajuste da velocidade linear e angular. A velocidade linear ´e ajustada a partir de uma velocidade m´axima e do obst´aculo mais pr´oximo `a cadeira. A velocidade angular depende de uma linha reta3 tra¸cada a partir do centro do ve´ıculo e, atrav´es de um conjunto de regras fuzzy para o ve´ıculo seguir essa linha, a velocidade angular ser´a ajustada (BOURHIS et al., 2001).

Para o desvio de obst´aculos os autores desenvolveram uma t´ecnica que leva em conta a dire¸c˜ao de uma linha reta que ´e obtida em rela¸c˜ao aos obst´aculos encontrados por cada sensor e o ^angulo do rob^o em rela¸c˜ao a esses obst´aculos. Com esse primeiro passo o

(28)

sistema verifica se o ^angulo calculado um limiar para ent˜ao reavaliar o ^angulo de desvio de obst´aculos (BOURHIS et al., 2001). Esta t´ecnica de desvio de obst´aculo mostrou-se eficaz ao conseguir cruzar portas que possu´ıam abertura 15 cm maior do que a cadeira, ainda que o erro adicionado pelos sonares seja grande. Adicionalmente, os autores ainda incorporaram ao sistema algoritmos para a busca de ´areas livres, seguir uma dada dire¸c˜ao e seguir uma parede (Wall Following).

Outra t´ecnica utilizada foi o planejamento de trajet´oria. Ap´os o usu´ario indicar um lugar de destino o sistema ´e capaz de calcular a rota at´e o ponto desejado. Para tanto, al´em do ponto de destino indicado pelo usu´ario, o sistema deve ter um mapa do local e ainda ser capaz de se localizar neste mapa conforme se desloca. De posse de todos esses dados o VAHM ´e ent˜ao capaz de tra¸car a trajet´oria at´e o destino levando em conta suas restri¸c˜oes de movimento (BOURHIS et al., 2001).

Para se localizar o sistema possui duas t´ecnicas, uma quando o rob^o est´a parado (localiza¸c˜ao est´atica) e outra para quando esse se encontra em movimento (localiza¸c˜ao din^amica). A localiza¸c˜ao est´atica funciona baseada em um ponto topol´ogico inicial dado pelo usu´ario (por exemplo: perto da cama) e nas leituras dos sensores. De posse desses, um algoritmo ´e executado para tentar localizar o ve´ıculo fazendo uma compara¸c˜ao das leituras dos sensores reais com as leituras virtuais dos sensores nos locais do mapa topol´ogico pr´oximo ao indicado pelo usu´ario. Em testes essa t´ecnica mostrou-se eficaz em 99% das vezes quando testada em ambiente simulados com 10 cm de erro nas leituras dos sensores. Todavia, ao ser testada com o rob^o real esta t´ecnica mostrou-se imposs´ıvel de ser usada devido a reflex˜oes an^omalas do sonar (BOURHIS et al., 2001). Na localiza¸c˜ao din^amica as informa¸c˜oes dos encoders fornecem a posi¸c˜ao atual do rob^o, por´em esses dados possuem erros. Para minimizar esses erros s˜ao levadas em conta as medidas retornadas pelos sonares e as medidas que sonares virtuais obtiveram no mapa. Esses valores s˜ao ent˜ao usados para resolver um problema de m´ınimos quadrados que ir´a minimizar as diferen¸cas entre as medidas virtuais e reais. A corre¸c˜ao retornada pelo m´etodo dos m´ınimos quadrados ´

e adicionada `a pose4 retornada pelos enconders, por´em isto ser´a feito se a corre¸c˜ao for

menor que 10 cm. Caso contr´ario, o rob^o para e tenta executar a localiza¸c˜ao est´atica. Apesar das limita¸c˜oes que o ve´ıculo possui, muito por causa dos sonares, esse trabalho demonstra avan¸cos importantes sendo um dos primeiros da literatura a tentar incorporar solu¸c˜oes de localiza¸c˜ao para auxiliar o planejamento de trajet´orias. Esse ve´ıculo tamb´em se destaca por usar m´etricas online de carga de trabalho dos usu´arios para avaliar a efic´acia dos algoritmos (BOURHIS et al., 2001). De modo geral, pode-se perceber que a tarefa de navega¸c˜ao completamente aut^onoma funciona mais como um conceito do que como um atributo de fato do sistema, posto que n˜ao ´e mostrado nenhum caso do rob^o se deslocando por uma grande dist^ancia realizando uma miss˜ao desse tipo.

(29)

No artigo de R¨ofer e Lankenau (2000) s˜ao relatados os primeiros desenvolvimentos da cadeira Roland II. Esta cadeira foi equipada com sensores do tipo sonar, um compu-tador e um joystick para controle. Mais tarde com o avan¸co na tecnologia de sensores a cadeira passa a usar um sensor do tipo Laser Range FInder para detectar obst´aculos. O acionamento ´e feito atrav´es de um computador conectado ao sistema de comunica¸c˜ao nativo da cadeira.

Atrav´es dos anos o grupo de pesquisa envolvido com o desenvolvimento das vers˜oes da Rolland desenvolveu v´arias t´ecnicas de navega¸c˜ao, localiza¸c˜ao e controle comparti-lhado. Um dos trabalhos desenvolvidos foi um sistema para localiza¸c˜ao ao longo de rotas que tinha como objetivo a navega¸c˜ao aut^onoma do rob^o em ambientes como casas e es-crit´orios. Essa estrat´egia se baseava na descri¸c˜ao de rotas de maneira semelhante a que humanos fazem, utilizando comandos como: “v´a at´e os elevadores”, “continue em frente”, “vire a direita”(R ¨OFER; M ¨ULLER, 1998).

Outro trabalho desenvolvido almejou a localiza¸c˜ao ao longo de rotas descritas por grafos. Inicialmente os autores desenvolveram um procedimento para criar um grafo do ambiente (casas ou escrit´orios) baseado numa descri¸c˜ao do ambiente em corredores e jun¸c˜oes desses. De posse do grafo que modela o ambiente os autores desenvolveram uma t´ecnica para localizar a cadeira fazendo a correspond^encia da rota trafegada pela cadeira com o grafo do ambiente (LANKENAU; R ¨OFER, 2003), conseguindo localizar a cadeira da seguinte forma: “O rob^o est´a no corredor indo de A para B, a 10 m de A”(ROGER et al., 2009).

Ap´os criar este grafo de rotas os autores utilizaram uma t´ecnica que automatica-mente adquire imagens de trechos das rotas. Baseado nas imagens o sistema era capaz de extrair caracter´ısticas do ambiente e junt´a-las com as restri¸c˜oes cinem´atica da cadeira, for-necendo o conhecimento necess´ario para a cadeira se orientar nesse trecho da rota, desde que ele n˜ao tenha sido modificado desde a ´ultima vez quando o sistema extraiu as ca-racter´ısticas. Em um outro procedimento os autores associaram `as rotas comportamentos b´asicos como “siga a parede”, “centralize com a parade”e “entre por essa porta”(ROGER et al., 2009).

Em R¨ofer (2001) o autor detalha o desenvolvimento de um m´etodo de mapeamento baseado na correspond^encia de leitura dos lasers. Este m´etodo, uma evolu¸c˜ao do m´etodo proposto em Weiss et al. (1994), ´e capaz de corrigir o mapeamento de ´areas previamente visitadas e localizar o rob^o no mapa que est´a sendo obtido, sendo assim um m´etodo de SLAM (Simultaneous Localization and Mapping).

De posse do mapa e com um meio de se localizar neste mapa, alguns m´etodos de navega¸c˜ao foram propostos pelos autores. O primeiro deles, o Nearness Diagram Naviga-tion (NDN), ´e um m´etodo que atrav´es dos obst´aculos encontrados na leitura dos sensores e mapeados ao longo da rota, escolhe-se uma manobra pr´e-carregada para o rob^o. Ao

(30)

escolher essa manobra s˜ao determinadas quais ser˜ao as velocidades linear e angular do ve´ıculo.

Outro m´etodo desenvolvido divide a tarefa de navega¸c˜ao em duas partes: uma respons´avel por calcular deslocamentos que levem a cadeira at´e o objetivo, levando em conta o mapa, e outra ´e respons´avel por ao longo da trajet´oria ir desviando de obst´aculos que n˜ao est˜ao presentes no mapa.

Mais um m´etodo desenvolvido para a navega¸c˜ao com mapas precisos do ambiente ´e o m´etodo de planejamento geom´etrico, (Geometric Path Planning) (ROGER et al., 2009). Neste m´etodo tenta-se encontrar uma rota ao tra¸car uma s´erie de curvas (Segmentos de arcos, clot´oides e curvas de Bezier) at´e o objetivo e escolhe-se a s´erie de curvas que retornar o melhor caminho (o caminho mais curto).

Por fim, outro m´etodo utilizado foi o A* (l^e-se “A estrela”) que calcula a rota at´e o ponto objetivo ap´os ter sido feita uma transforma¸c˜ao do mapa m´etrico em um mapa de c´elulas (Occupancy Grid, (ELFES, 1989)). Segundo Roger et al. (2009) o A* mostrou-se mais eficiente pois pode se levar em conta a orienta¸c˜ao desejada no ponto objetivo e n˜ao ´

e t˜ao custoso computacionalmente quanto o m´etodo geom´etrico.

Em Lankenau e R¨ofer (2000) s˜ao relatados os desenvolvimentos em t´ecnicas de con-trole compartilhado para auxiliar os usu´arios a comandar a Rolland usando as diferentes t´ecnicas: tele-opera¸c˜ao, desvio de obst´aculos e parada de emerg^encia. No trabalho os au-tores buscam aux´ılio de t´ecnicas empregadas no controle compartilhado entre pilotos de aeronaves e os diversos sistemas auxiliares. Deste modo, os autores analisam duas t´ecnicas para evitar que o usu´ario tenha dificuldades em pilotar a cadeira devido `a confus˜ao de modos, isto ´e, o usu´ario acha que est´a com todo o controle da cadeira (tele-opera¸c˜ao), mas na verdade a cadeira est´a no modo desvio de obst´aculos.

O primeiro m´etodo estudado pelos autores parte de uma an´alise dos erros tipi-camente cometidos por humanos ao utilizar o sistema, seguido de uma an´alise de onde est˜ao as etapas mais suscet´ıveis a erros, culminando na corre¸c˜ao dos erros. O segundo m´etodo estudado se baseia no princ´ıpio que o ser humano ´e capaz de rastrear mental-mente em quais modos o sistema se encontra. Assim, os autores fazem uma modelagem em m´aquina de estados finitos tanto do comportamento do ser humano quanto para o sistema computacional e, desta maneira, identificam as ´areas que precisam de melhorias. Ainda em Lankenau e R¨ofer (2000), a cadeira est´a utilizando quatro modos dis-tintos de funcionamento: tele-opera¸c˜ao, desvio de obst´aculos, parada de emerg^encia e comportamentos b´asicos. O usu´ario somente pode decidir utilizar dois dos quatro mo-dos, por exemplo: os de tele-opera¸c˜ao e comportamentos b´asicos (seguir parede ou passar por porta). Uma vez que a cadeira se encontra no modo de tele-opera¸c˜ao o sistema co-muta automaticamente entre os modos tele-opera¸c˜ao, desvio de obst´aculos e parada de

(31)

emerg^encia, de acordo com a configura¸c˜ao dos obst´aculos ao seu redor. Ap´os uma an´alise sobre o comportamento da comuta¸c˜ao de modos, descobriu-se que os erros mais comuns ocorriam quando o usu´ario confundia se a cadeira estava no modo desvio de obst´aculos ou de tele-opera¸c˜ao. Para corrigir tal comportamento adotou-se a seguinte estrat´egia: se o usu´ario enviar um comando diferente da trajet´oria calculada pelo desvio de obst´aculos (maior que um limiar) a cadeira n˜ao executa o desvio de obst´aculos e continua na dire¸c˜ao indicada pelo usu´ario. Com essa altera¸c˜ao os erros ao utilizar o sistema diminu´ıram e, tamb´em, possibilitou aos usu´ario se aproximarem de obst´aculos quando desejado.

De posse das t´ecnicas descritas at´e aqui, a cadeira Rolland foi dotada de v´arios modos de funcionamento: Safety Assistant, Driving Assistant, Route Assistant e Navia-gation Assistant. O modo de Safety Assistant previne que a cadeira colida com algum obst´aculo. Essa verifica¸c˜ao ´e baseada na velocidade da cadeira, na forma da cadeira e na dist^ancia que a cadeira se encontra de obst´aculos. Com essas informa¸c˜oes o sistema avalia se acontecer´a uma colis˜ao no pr´oximo ciclo e ent˜ao para a cadeira imediatamente. O modo Driving Assistant ´e um modo capaz de fazer a cadeira desviar de obst´aculos e depois continuar na rota desejada. O modo Route Assistant ´e usado para usu´arios que possuem dificuldade de planejar rotas (pacientes com amn´esia). Neste modo, ap´os algumas rotas terem sido ensinadas para a cadeira, ´e poss´ıvel que o usu´ario escolha um lugar onde deseja ir e ao longo do trajeto o sistema dar´a instru¸c˜oes de como chegar at´e o objetivo. Por fim, o modo Navigation Assistant ´e o que permite a cadeira ter o maior comporta-mento aut^onomo, pois neste modo o usu´ario apenas precisa escolher o ponto objetivo e a cadeira automaticamente calcula a rota, desvia de obst´aculos e conduz o usu´ario at´e o lugar desejado.

No artigo Thomas et al. (2009) os autores mostram os ´ultimos desenvolvimentos realizados na cadeira agora em sua quarta gera¸c˜ao, a Rolland IV. As principais altera¸c˜oes nesta gera¸c˜ao foi o uso de uma cadeira de rodas com as duas rodas dianteiras ester¸c´aveis, dois Laser Range Finders (um traseiro e um dianteiro) e um notebook para controle de alto n´ıvel. Esta gera¸c˜ao da cadeira ´e dotada de sistema de desvio de obst´aculos e pode ser controlada por diferentes interfaces, no caso deste artigo ´e controlada atrav´es de mo-vimentos com a cabe¸ca. A escolha de uma cadeira com rodas dianteiras ester¸c´aveis deu-se por conta das restri¸c˜oes que as rodas dianteiras, do tipo castor, imp˜oem ao movimento da cadeira exigindo maior for¸ca das rodas motrizes (GERSDORF; SHI, 2010). Os resultados obtidos com diferentes usu´arios, todos eles saud´aveis, foram satisfat´orios necessitando de apenas alguns poucos minutos de treinamento antes do uso da cadeira.

No fim dos anos 2000 o grupo da Universidade Zaragoza, Espanha, apresenta no trabalho Montesano et al. (2010) os desenvolvimentos feitos na adapta¸c˜ao de uma cadeira de rodas motorizada. O objetivo do projeto desenvolvido pela equipe ´e auxiliar pessoas com defici^encias cognitivas e f´ısicas, especialmente portadores de paralisia cerebral.

(32)

A cadeira de rodas adaptada pelo grupo ´e composta de dois computadores Intel 800 MHz. Um desses possui um sistema operacional de tempo real e ´e respons´avel pelo controle das duas rodas motrizes, o outro ´e respons´avel pelos algoritmos de navega¸c˜ao e ainda prov^e a interface com usu´ario atrav´es uma tela sens´ıvel ao tato. Os computadores ainda possuem interfaces RS-232 (serial) e Ethernet. Al´em disso a cadeira possui um Laser Range Finder, dois enconders instalados nas rodas e um ponto de acesso WiFi.

Para auxiliar o usu´ario durante a navega¸c˜ao os pesquisadores optam por imple-mentar uma interface de comando para o usu´ario com feedback visual do ambiente. Este feedback ´e um modelo em tr^es dimens˜oes do ambiente ao redor da cadeira, onde em ´areas n˜ao poss´ıveis de serem navegadas s˜ao erguidas paredes virtuais. Nesta mesma imagem s˜ao ainda projetados pontos para o usu´ario poder escolher seu destino e caso deseje-se dirigir-se para um ponto foi da vis˜ao do modelo 3D existe um bot˜ao dispon´ıvel na interface para a cadeira rotacionar 180 graus (MONTESANO et al., 2010). Para interagir com a interface o usu´ario pode tanto usar as m˜aos (MONTESANO et al., 2010) ou usar uma interface BCI baseada no paradigma P300 (ITURRATE et al., 2009). Para deslocar-se at´e o ponto escolhido na interface a cadeira faz uso de um m´odulo de navega¸c˜ao.

Este modo de navega¸c˜ao parte do principio de que o n˜ao existe nenhum conhe-cimento a priori do ambiente e o ambiente n˜ao ´e instrumentado. Para navegar em tal ambiente a cadeira precisa elaborar um modelo desse e tamb´em se localizar. Para mo-delar a parte est´atica o sistema representa o ambiente na forma de um Occupancy Grid, os obst´aculos din^amicos s˜ao rastreados usando EKF (Extended Kalman Filter ) (MON-TESANO et al., 2010) e representados em outro mapa com sua localiza¸c˜ao e velocidade (MONTESANO et al., 2006). Para localizar-se em um ambiente onde sem o conheci-mento pr´evio, a cadeira utiliza uma t´ecnica chamada mICP (Metric Iterative Closest Point ) (MONTESANO et al., 2006).

De posse da localiza¸c˜ao da cadeira, o sistema precisa tra¸car a rota at´e o ponto desejado. Para tanto, o sistema baseia-se em dois modos: um t´atico e outro reativo. O modo t´atico leva em conta apenas os obst´aculos est´aticos encontrados no ambiente e utilizando um planejador D* tra¸ca a rota at´e o ponto objetivo. O modo reativo baseia-se na t´ecnica Nearess Diagram desenvolvida em Minguez e Montano (2004) e que leva em conta as caracter´ısticas din^amicas e cinem´aticas do rob^o para executar o desvio de obst´aculos (MONTESANO et al., 2006).

Testes foram conduzidos com crian¸cas portadoras de paralisia cerebral que, mesmo apresentando dificuldades, eram capazes de manipular a tela utilizando as m˜aos. Os re-sultados evidenciaram que o sistema de navega¸c˜ao e a interface elaborada pelos autores ´e boa o suficiente para permitir aos usu´arios, mesmo com pouco treino, utilizar o ve´ıculo. Durante os testes o sistema de navega¸c˜ao mostrou-se robusto ao navegar por um escola em hor´ario normal de funcionamento, tendo colidido apenas sete vezes com obst´aculos

(33)

n˜ao vis´ıveis aos sensores. A interface, apesar de ser de uso bastante instintivo, demostrou que ainda ´e pass´ıvel de melhorias, uma vez que alguns usu´arios enviavam mais comandos do que o necess´ario (MONTESANO et al., 2010).

Em outro trabalho o sistema foi testado por usu´arios saud´aveis utilizando uma interface BCI baseada no paradigma P300. Durante os testes o sistema de navega¸c˜ao comportou-se bem tanto em ambientes livres, quanto em ambientes com mais obst´aculos. Inclusive, n˜ao demostrou dificuldade de passar por portas mesmo restando apenas 10 cm m de espa¸co livre entre a cadeira e a porta. A interface gr´afica usada com o P300 tamb´em mostrou-se bastante efetiva j´a que todos os usu´ario foram capazes de completar as tarefas com facilidade, por´em como os usu´arios s´o podiam escolher um novo destino ap´os chegar no previamente escolhido e devido `as fases de escolha e valida¸c˜ao demandadas pela interface, o usu´ario passou mais tempo parado do que em movimento. (ITURRATE et al., 2009).

O CNBI (Defitech Chair in Brain-Machine Interface) ´e um grupo de pesquisa da Swiss Federal Institute of Technology (EPFL) que trabalha principalmente com interfaces BCI para controlar aparelhos e interagir com o ambiente. Em Carlson e Millan (2013) os autores descrevem a implementa¸c˜ao de uma interface c´erebro computador baseado em imagina¸c˜ao de movimentos. Os pesquisadores defendem que este tipo de BCI alivia a carga de trabalho do usu´ario pois ao imaginar um movimento que ele n˜ao ´e capaz de fazer para acionar o dispositivo, ele est´a usando uma parte do c´erebro que n˜ao ´e mais usada devido `

a sua defici^encia motora. Desta maneira, no artigo supra citado os autores descrevem esta interface, a cadeira de rodas adaptada e apresentam os resultados de testes em sujeitos sem defici^encia.

Os pesquisadores ao definirem a interface BCI tentam processar tr^es tipos diferen-tes de movimentos imaginados: movimento com a m˜ao esquerda, movimento com a m˜ao direita e movimento com os p´es. Destes tr^es tipos os autores selecionam os dois movimen-tos que mais se diferenciam no processamento e ent˜ao os definem como comandos para rotacionar no sentido hor´ario e anti-hor´ario. Quando nenhum dos dois movimentos esco-lhidos ´e imaginado a cadeira ir´a se deslocar em linha reta e os algoritmos de navega¸c˜ao ir˜ao gerenciar o movimento. Consequentemente, n˜ao existe o comando de parar a cadeira (CARLSON; MILLAN, 2013).

A cadeira comercial adaptada pelo grupo possui tra¸c˜ao nas rodas centrais e possui duas rodas castor dianteiras e duas traseiras. Ao escolher os sensores o grupo privilegiou a escolha de sensores mais baratos e instalou duas c^ameras (web-cam) voltadas para a frente da cadeira e dez sonares distribu´ıdos na frente, laterais e traseira. Ainda foram instalados enconders nas rodas com o prop´osito de localizar a cadeira em deslocamentos curtos. A estrat´egia adotada pelo grupo ´e utilizar apenas mapas locais e fazer com que os algoritmos de navega¸c˜ao da cadeira apenas reajam aos obst´aculos que est˜ao ao redor da

(34)

cadeira, ficando o usu´ario respons´avel pela tarefa de planejamento. O sinal extra´ıdo pelo EEG, c^ameras e sonares ´e processado por um computador port´atil (laptop) instalado na cadeira que ´e tamb´em respons´avel por enviar comandos para o sistema CAN BUS nativo da cadeira.

Baseado na percep¸c˜ao dos arredores da cadeira e no comando enviado pelo usu´ario o sistema de controle compartilhado deve determinar como ser´a o movimento da cadeira. Como os comandos enviados pelo usu´ario s˜ao rotacionar a esquerda, rotacionar a direita e seguir em frente, o sistema deve ser ent˜ao capaz de perceber o ambiente. Para tanto o sistema possui duas c^ameras que s˜ao usadas individualmente para detectar obst´aculos. A imagem de cada c^amera ´e processada em uma taxa de 10 Hz e o sistema tenta identificar o ch˜ao. O que n˜ao for identificado como ch˜ao ´e marcado como obst´aculo e atrav´es da posi¸c˜ao relativa da c^amera na cadeira e a matriz de distor¸c˜ao das lentes da c^amera o sistema identifica a posi¸c˜ao dos obst´aculos. Obst´aculos encontrados pelas c^ameras e pelos sonares alimentam um occupancy grid de 6 × 6 m onde as c´elulas novas t^em valor 0, 5 e as c´elulas ocupadas e livres t^em seus valores incrementados e decrementados de acordo com a confian¸ca de cada sensor.

A partir do occupancy grid o sistema ´e ent˜ao capaz de planejar o movimento. Para tanto o sistema faz uso de uma estrat´egia em que o valor das c´elulas em determinadas zonas ao redor da cadeira ir˜ao influenciar nas velocidades rotacional e linear. Quando um comando para esquerda ou direita ´e enviado o sistema posiciona uma c´elula atrativa na dire¸c˜ao do movimento desejado (1 m, 45∘). Essa c´elula atrativa em conjunto com o valor de repuls˜ao das zonas ir´a influenciar somente a velocidade rotacional da cadeira. A velocidade linear ´e sempre calculada de acordo com o peso do campo repulsivo calculado nas zonas de prote¸c˜ao da cadeira. Por fim, ao determinar um limiar para o valor das c´elulas nas zonas imediatamente frontais `a cadeira o sistema torna-se capaz de aproximar-se de

obst´aculos (CARLSON; MILLAN, 2013).

Ainda neste trabalho os autores mostram resultados de testes utilizando o BCI para quatro usu´arios saud´aveis. Nos testes um percurso de aproximadamente 44 m foi percorrido e os participantes deveriam estacionar a cadeira em duas mesas diferentes. Primeiro foi feita uma etapa de controle quando a cadeira foi controlada por bot˜ao e depois uma etapa controlada por BCI. Ap´os os testes todos os usu´arios conseguiram completar o percurso sem maiores problemas. Um importante resultado relatado pelos autores ´e o pouco tempo que a cadeira ficou parada, que contribui para diminuir o tempo necess´ario para percorrer o trajeto. Apesar desta abordagem de BCI necessitar de um treinamento pr´evio, levando assim a um maior tempo de adapta¸c˜ao, usu´arios experientes ou n˜ao s˜ao capazes de controlar a cadeira com sucesso atrav´es da ajuda do sistema de controle.

Referências

Documentos relacionados

Tensão Máxima Tensão suportável de impulso atmosférico Tensão suportável à freqüência industrial 34 kV durante 1 min Freqüência Nominal 60 Hz Instalação Cubículos

2016: SEMINÁRIO EM ANTA GORDA: INÍCIO DO PLEITO PARA CÂMARA SETORIAL E PROGRAMA Seminário e reuniões na SEAPI para construção.. do

◦ Os filtros FIR implementados através de estruturas não recursivas têm menor propagação de erros. ◦ Ruído de quantificação inerente a

Desta maneira, observando a figura 2A e 2C para os genótipos 6 e 8, nota-se que os valores de captura da energia luminosa (TRo/RC) são maiores que o de absorção (ABS/RC) e

A presente pesquisa tem potencial para ampliar os estudos sobre Literatura Brasileira na região Sul da Bahia, além de inovar o ensino da Literatura na Educação Básica, ao

Seguro: O Contrato determina que a contratada deverá manter seguros obrigatórios que garantam e amparem os riscos inerentes aos serviços previstos no contrato,

• Os municípios provavelmente não utilizam a análise dos dados para orientar o planejamento de suas ações;. • Há grande potencialidade na análise dos micro dados do Sisvan

Técnicas de Esboço, Modelação 2D e 3D foram fundamentais na realização do estágio assim como noções de Ergonomia, noções de Projeto de Ambientes e