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Jornal Oficial da União Europeia. (Informações) INFORMAÇÕES DAS INSTITUIÇÕES, ÓRGÃOS E ORGANISMOS DA UNIÃO EUROPEIA COMISSÃO EUROPEIA

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IV

(Informações)

INFORMAÇÕES DAS INSTITUIÇÕES, ÓRGÃOS E ORGANISMOS DA UNIÃO

EUROPEIA

COMISSÃO EUROPEIA

Compra social — Guia para ter em conta os aspetos sociais nos concursos públicos (2.a edição)

(2021/C 237/01)

ÍNDICE

Página

Introdução . . . 4

Capítulo 1 — Definição, objetivo e vantagens dos contratos públicos socialmente responsáveis . . . 4

1.1. Os contratos públicos socialmente responsáveis e a sua definição . . . 4

1.2. Identificar e aplicar objetivos sociais nos contratos públicos . . . 6

1.3. Finalidade e vantagens dos CPSR . . . 9

1.4. Ligações com as políticas e a legislação da UE e internacionais . . . .11

Capítulo 2 — Uma estratégia organizacional para a compra social . . . .16

2.1. Inscrever os CPSR na agenda . . . .16

2.2. Definir objetivos . . . .17

2.3. Consulta das partes interessadas . . . .17

2.4. Avaliar os riscos, hierarquizar os contratos por prioridade e definir as metas . . . .20

2.5. Integrar os CPSR nos procedimentos e políticas de contratação pública . . . .22

2.6. Acompanhar e avaliar os progressos . . . .23

Capítulo 3 — Identificar as necessidades e planear a contratação pública . . . .25

3.1. O papel da avaliação das necessidades nos CPSR . . . .25

3.2. Diálogo com o mercado . . . .27

3.3. Que tipo de contrato? . . . .31

3.4. Escolher um procedimento . . . .33

3.5. Definir e contestar as especificações . . . .35

3.6. Utilizar campos opcionais nos formulários-tipo . . . .35

Capítulo 4 — O processo de contratação pública . . . .36

4.1. Definir o objeto e identificar as regras aplicáveis . . . .36

4.2. O regime simplificado . . . .38

(2)

4.4. Especificações técnicas . . . .43

4.5. Conformidade com a legislação social e laboral e as convenções coletivas . . . .46

4.6. Critérios de exclusão e de seleção . . . .48

4.7. Critérios de adjudicação . . . .51

4.8. Avaliar as propostas e verificar os compromissos . . . .54

4.9. Propostas anormalmente baixas . . . .57

Capítulo 5 — Definição e aplicação das condições contratuais . . . .58

5.1. Transformar os compromissos de CPSR em realidade . . . .58

5.2. Condições de execução do contrato . . . .59

5.3. Contratualização de resultados sociais . . . .63

5.4. Controlar a conformidade . . . .64

5.5. Subcontratação . . . .65

5.6. Gerir os problemas . . . .67

(3)

A segunda edição do Guia foi compilada ao abrigo do Contrato n.o SI2.801176 — 728/PP/GRO/SME/18/D/021a, celebrado entre a Comissão Europeia e Governos Locais pela Sustentabilidade (ICLEI), com o apoio da consultora Public Procurement Analysis (PPA).

Nem a Comissão Europeia nem qualquer pessoa que atue em seu nome são responsáveis pelo uso que possa ser feito das informações contidas nesta publicação.

Aviso importante

O presente guia tem por finalidade ajudar os adquirentes públicos e incentivar boas práticas. Trata-se de um documento não vinculativo, que não prejudica os direitos e deveres estabelecidos na legislação da UE. Está sujeito à evolução da prática da adjudicação de contratos públicos e da jurisprudência do Tribunal de Justiça da União Europeia, que continua a ser o único órgão competente para interpretar perentoriamente o direito da União.

Os conceitos, ideias e soluções apresentados no presente documento não prejudicam a aplicação das legislações nacionais, podendo ter de ser adaptados para atender ao quadro jurídico nacional.

Embora a informação contida no presente guia tenha sido cuidadosamente verificada, a Comissão Europeia não aceita qualquer responsabilidade relativamente aos processos específicos nela mencionados.

(4)

INTRODUÇÃO

Os contratos públicos socialmente responsáveis (CPSR) visam alcançar resultados sociais positivos em matéria de adjudicações públicas. Os contratos públicos afetam um grande número de pessoas: utentes de serviços públicos, pessoas envolvidas na produção e na entrega, ou pessoal das organizações adquirentes. Além dos diretamente afetados, os CPSR são passíveis de influenciar o mercado mais amplo, tanto do lado da procura como do lado da oferta.

Ao efetuar as suas aquisições de forma sensata, os adquirentes públicos podem promover oportunidades de emprego, a melhoria de competências e a requalificação da mão de obra, o trabalho digno, a inclusão social, a igualdade de género e a não discriminação, a acessibilidade, a conceção para todos, o comércio ético, bem como procurar alcançar uma maior conformidade com as normas sociais. No que toca a certos produtos, obras e serviços, o impacto pode ser particularmente significativo, uma vez que os adquirentes públicos controlam uma grande parte do mercado em setores como a engenharia civil, a saúde e os transportes.

A fim de resolver os desafios societais, as autoridades públicas devem intensificar os seus esforços para alcançar a sustentabilidade em todos os seus aspetos (sociais/éticos, ambientais e económicos). Na Europa, os adquirentes públicos são grandes investidores, gastando atualmente mais de 14% do produto interno bruto da UE. Ao utilizarem o seu poder de compra na escolha de bens e serviços que produzam resultados sociais positivos, os adquirentes públicos podem contribuir significativamente para o desenvolvimento sustentável. O presente guia visa ajudá-los a abranger a dimensão social dos contratos públicos sustentáveis.

A atual pandemia de COVID-19 deverá provavelmente afetar o emprego, aumentar as desigualdades, agravar a precariedade e as condições de trabalho dos trabalhadores à escala mundial, aumentar a pressão exercida sobre a prestação de determinados serviços à pessoa e ter impacto nas empresas mais pequenas. Nas suas estratégias de recuperação, os Estados-Membros da UE terão de melhorar a inclusão social e a equidade, através da educação e das competências, do emprego e da coesão social e territorial, bem como assegurar que as transições ecológica e digital criam postos de trabalho, crescimento sustentável e resiliência socioeconómica. No quadro da instrumentária à disposição das administrações nacionais da UE, as práticas de aquisição socialmente responsáveis são um instrumento poderoso para atingir estes objetivos.

O presente documento tem por objetivo sensibilizar os adquirentes públicos para as vantagens potenciais dos CPSR e explicar, de forma prática, as oportunidades oferecidas pelo quadro jurídico da UE. Ao elaborar o presente guia, a Comissão procedeu a uma consulta exaustiva junto de adquirentes públicos, a fim de identificar boas práticas e exemplos das possíveis realizações. Esses exemplos são apresentados ao longo do texto.

O presente guia foi produzido para os adquirentes públicos, mas também na esperança de inspirar os participantes na contratação pública, sejam eles fornecedores ou prestadores de serviços, adquirentes privados, agentes da economia social, nomeadamente empresas sociais, ou ONG.

Os capítulos do presente guia abordam todos os aspetos do processo de contratação pública, não se limitando ao próprio processo de concurso. Descrevem de forma pormenorizada o modo como os aspetos sociais podem ser introduzidos ao longo do processo e fornecem vários exemplos de práticas reais seguidas por adquirentes públicos de toda a UE. Nos capítulos 2 a 5, a maioria das secções é seguida de uma lista de «boas práticas», as quais visam tornar o texto mais percetível, ao resumir em termos concretos os pontos essenciais analisados em cada secção e as medidas práticas que os adquirentes públicos podem aplicar, caso pretendam adotar uma abordagem socialmente responsável do processo de contratação pública.

CAPÍTULO 1

Definição, objetivo e vantagens dos contratos públicos socialmente responsáveis

1.1. Os contratos públicos socialmente responsáveis e a sua definição

Os contratos públicos socialmente responsáveis (CPSR) visam dar resposta ao impacto na sociedade dos bens, serviços e obras adquiridos pelo setor público. Os CPSR reconhecem que os adquirentes públicos não pretendem apenas comprar ao preço mais baixo ou com a melhor relação qualidade/preço, mas almejam também assegurar que a contratação pública obtenha vantagens sociais (1) e evite ou atenue os impactos sociais negativos durante a execução do contrato. Enquanto adquirente público, pode ter

(1) Nomeadamente, dar cumprimento às obrigações e aos princípios previstos no Tratado e na Carta dos Direitos Fundamentais da União

(5)

em consideração objetivos sociais em todo o processo de contratação pública, desde que não sejam discriminatórios e estejam ligados ao objeto do contrato (2). Na União Europeia, os CPSR devem ser executados em conformidade com as diretivas relativas aos contratos públicos de 2014 (3) e com os princípios consagrados no TFUE (4) e na Carta dos Direitos Fundamentais da UE, bem como os acordos internacionais, entre os quais o Acordo sobre Contratos Públicos (ACP) da OMC e os acordos bilaterais de comércio livre que incluam capítulos sobre contratos públicos (5), e ainda a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CNUDPD) (6).

Os CPSR podem ser uma ferramenta poderosa tanto para fazer avançar o desenvolvimento sustentável como para atingir os objetivos sociais a nível internacional, nacional, regional ou local. O seu conceito entende a contratação pública como um instrumento estratégico para uma aplicação eficiente e sustentável dos dinheiros públicos. Os aspetos sociais podem ser combinados com critérios ecológicos (7) e circulares (8) e com a adjudicação de contratos públicos de inovação (9), em prol de uma abordagem mais abrangente da sustentabilidade na contratação pública (10). O reforço da profissionalização e o apoio aos adquirentes públicos podem facilitar em larga medida uma utilização bem-sucedida dos aspetos sociais e a sua integração com outros aspetos relativos à sustentabilidade e à qualidade (11).

Os contratos públicos socialmente responsáveis ajudam as autoridades públicas a fornecer serviços e produtos de qualidade às respetivas comunidades, no sentido de proporcionar vantagens sociais e éticas adicionais, mesmo quando os orçamentos são limitados, podendo assim contribuir para contrariar o impacto negativo da crise da COVID-19. A recuperação da pandemia exigirá que as autoridades públicas da UE utilizem todos os instrumentos e ferramentas disponíveis para enfrentar os efeitos socioeconómicos negativos. Os recursos financeiros sem precedentes que estarão disponíveis no âmbito do Mecanismo de Recuperação e Resiliência serão, em muitos casos, aplicados através de contratos públicos. É, portanto, fundamental que os adquirentes públicos possam explorar na íntegra a flexibilidade das regras da contratação pública, por forma a garantir que utilização destes recursos produza um impacto social e económico positivo tão elevado quanto possível nas respetivas comunidades. O abandono de uma lógica de preço mais baixo e a introdução de aspetos relacionados com a integração social, a igualdade ou o emprego justo e inclusivo e de fornecimentos éticos são passos essenciais para maximizar o efeito de recuperação destes recursos.

(2) Este requisito fundamental para os CPSR é explicado na secção 4.1, com exemplos específicos ao longo do Guia.

(3) Diretiva 2014/23/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de fevereiro de 2014, relativa à adjudicação de contratos de

concessão (JO L 94 de 28.3.2014, p. 1); Diretiva 2014/24/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de fevereiro de 2014, relativa aos contratos públicos e que revoga a Diretiva 2004/18/CE(JO L 94 de 28.3.2014, p. 65); Diretiva 2014/25/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 26 de fevereiro de 2014, relativa aos contratos públicos celebrados pelas entidades que operam nos setores da água, da energia, dos transportes e dos serviços postais e que revoga a Diretiva 2004/17/CE(JO L 94 de 28.3.2014, p. 243). São a seguir designadas por «diretivas relativas aos contratos públicos».

(4) Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (TFUE).

(5) Ao abrigo de vários acordos internacionais, a UE comprometeu-se a conceder acesso ao seu mercado de contratos públicos a determinadas obras,

fornecimentos, serviços e operadores económicos de vários países terceiros. O único acordo internacional multilateral com a OMC é o ACP, que abre o mercado dos contratos públicos da UE às demais partes no acordo. Além disso, vários dos acordos de comércio livre (ACL) da UE contêm capítulos sobre contratos públicos. Tal como referido no artigo 25.o da Diretiva 2014/24/UE e no artigo 43.o da Diretiva 2014/25/UE, os

adquirentes públicos na UE devem conceder às obras, fornecimentos, serviços e operadores económicos dos signatários desses acordos um tratamento não menos favorável do que o tratamento concedido às obras, fornecimentos, serviços e operadores económicos da UE, na medida em que estejam abrangidos por esses acordos. Para além dessa obrigação, os operadores económicos de países terceiros que não tenham qualquer acordo que preveja a abertura do mercado dos contratos públicos da UE ou cujos bens, serviços e obras não estejam abrangidos por um tal acordo não têm acesso garantido aos procedimentos de contratação na UE e podem ser excluídos. Podem ser encontradas mais informações sobre a participação de países terceiros nos procedimentos de contratação lançados por adquirentes públicos da UE nas Orientações sobre a participação de proponentes e de mercadorias de países terceiros no mercado de contratos públicos da UE, da Comissão Europeia (2019) — C(2019) 5494 de 24.7.2019 (https://ec.europa.eu/growth/content/new-guidance-participation-third-country-bidders-eu-procurement--market_pt).

(6) https://www.un.org/development/desa/disabilities/convention-on-the-rights-of-persons-with-disabilities.html

(7) Para obter orientações sobre os contratos públicos ecológicos, consultar o manual sobre Comprar ecológico!, de 2016 (https://ec.europa.

eu/environment/gpp/pdf/handbook_2016_pt.pdf).

(8) Para obter orientações sobre os contratos públicos circulares, consultar o documento intitulado «Public Procurement for a Circular

Economy» [Contratos Públicos para uma Economia Circular] (http://ec.europa.eu/environment/gpp/circular_procurement_en.htm).

(9) Para obter orientações sobre os contratos públicos de inovação, consultar a Comunicação da Comissão Orientações sobre contratos

públicos de inovação (https://ec.europa.eu/transparency/regdoc/rep/3/2018/PT/C-2018-3051-F1-PT-MAIN-PART-1.PDF).

(10) A Comunicação da Comissão às Instituições sobre Dinamizar a contratação pública em benefício da Europa salienta «as possibilidades

de utilização dos contratos públicos como um instrumento estratégico para apoiar objetivos de política social sustentável e a inovação». Para mais informações, consultar a comunicação em: https://ec.europa.eu/docsroom/documents/25612/attachments/1/ /translations/en/renditions/native.

(11) Para mais informações sobre a profissionalização da contratação pública, consultar a Recomendação (UE) 2017/1805 da Comissão,

de 3 de outubro de 2017, sobre a profissionalização da contratação pública — Criar uma estrutura para a profissionalização da

contratação pública, bem como o ProcurCompEU, o Quadro Europeu de Competências para profissionais no domínio da contratação

pública:

(6)

O presente guia inclui uma série de exemplos práticos de CPSR provenientes de toda a UE, que ilustram abordagens diferentes e a produção de impactos reais, podendo servir de fonte de inspiração. Podem ser encontrados mais exemplos de boas práticas aplicadas na UE e em países terceiros em dois relatórios — «Making socially responsible procurement work — 71 good practice cases» [Como conseguir que os contratos públicos socialmente responsáveis funcionem: 71 casos de boas práticas] (12) e «Buying for social impact — Good practice from around the EU» [Aquisições com impacto social: boas práticas provenientes de toda a UE] (13) — disponíveis na página Web da Comissão dedicada ao apoio para os adquirentes públicos (14).

1.2. Identificar e aplicar objetivos sociais nos contratos públicos

Os adquirentes públicos podem incluir aspetos sociais específicos de muitas formas nas decisões de aquisição. É apresentada a seguir uma lista não exaustiva de exemplos de objetivos sociais que podem ser prosseguidos mediante os contratos públicos. Importa lembrar, contudo, que o cumprimento das normas sociais e laborais aplicáveis na execução do contrato não é uma opção, mas sim uma obrigação no âmbito das diretivas relativas aos contratos públicos (15). Os capítulos 4 e 5 do presente guia analisam formas de abordar estas questões nas diferentes fases do processo de contratação pública. Cabe-lhe decidir quais dos aspetos sociais apresentados a seguir são relevantes para a sua adjudicação, consoante os seus objetivos e o objeto do contrato.

Promover oportunidades de emprego equitativas e a inclusão social

Os CPSR podem estimular:

— Oportunidades de emprego para os jovens e os trabalhadores mais velhos;

— A igualdade de género (p. ex., facilitando a conciliação entre vida profissional e vida privada, reduzindo a segregação setorial e profissional (16), assegurando a igualdade de tratamento no local de trabalho);

— Oportunidades de emprego para pessoas que enfrentam a exclusão social por motivos de desemprego de longa duração, privação de habitação, discriminação ou outras vulnerabilidades;

— A participação societal e oportunidades de emprego para pessoas com deficiência, incluindo através de ambientes de trabalho inclusivos e acessíveis;

— Políticas de diversidade melhoradas, inclusão social e oportunidades de emprego para pessoas oriundas de grupos desfavorecidos (p. ex., trabalhadores migrantes, pessoas de minorias étnicas, raciais ou religiosas, pessoas com um nível de escolaridade reduzido e pessoas em risco de pobreza e de exclusão social); e

— Oportunidades de melhoria de competências e requalificação para todos os trabalhadores.

Criar oportunidades na economia social e para as empresas sociais

As organizações da economia social e as empresas sociais (17) podem ajudar a concretizar as oportunidades de emprego e a inclusão social referidas acima, gerando retornos sociais do investimento nelas realizado. Por exemplo, as diretivas relativas aos contratos públicos enquadram a possibilidade de promover a inclusão social através de contratos reservados para empresas sociais de integração profissional ou para operadores que empreguem pelo menos 30% de trabalhadores com deficiência ou desfavorecidos (18). Além disso, incentivam os adquirentes públicos a considerar a divisão dos contratos em lotes, o que pode tornar o seu acesso mais fácil por parte de organizações da economia social e empresas sociais (19).

(12) https://ec.europa.eu/growth/content/making-socially-responsible-public-procurement-work-71-good-practice-cases_pt

(13) https://op.europa.eu/pt/publication-detail/-/publication/3498035f-5137-11ea-aece-01aa75ed71a1.

(14) https://ec.europa.eu/info/policies/public-procurement/support-tools-public-buyers_pt

(15) Artigo 18.o, n.o 2, da Diretiva 2014/24/UE, artigo 36.o, n.o 2, da Diretiva 2014/25/UE e artigo 30.o, n.o 3, da Diretiva 2014/23/UE. Este

conjunto de disposições é, em seguida, designado por «cláusula social e ambiental». A secção 4.5 fornece informação mais detalhada sobre esta matéria.

(16) A igualdade de género é um valor fundamental da UE, um direito fundamental e um princípio-chave do Pilar Europeu dos Direitos

Sociais. Compete à União, na realização de todas as suas ações, promover a igualdade entre mulheres e homens, em conformidade com os Tratados. Tal inclui, por exemplo, o conceito de equilíbrio entre homens e mulheres, que abrange não só a sub-representação das mulheres em setores dominados pelos homens, como a ciência, tecnologia, engenharia e matemática (CTEM), mas também a sub--representação dos homens em setores como a saúde, a assistência social, o acolhimento de crianças e o ensino primário.

(17) A economia social abrange associações, fundações, cooperativas, mútuas e empresas sociais. As empresas sociais são organizações

que, independentemente da sua forma jurídica, combinam a sua atividade empresarial com uma finalidade social. O seu objetivo principal é produzir um impacto social, em vez de uma maximização dos lucros para os proprietários ou acionistas. Para saber mais: https://ec.europa.eu/growth/sectors/social-economy_pt

(18) Artigos 20.o e 77.o da Diretiva 2014/24/UE, artigos 38.o e 94.o da Diretiva 2014/25/UE e artigo 34.o da Diretiva 2014/23/UE. Ver

secção 4.3 para uma análise mais profunda das reservas.

(7)

Promover o trabalho digno

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) define o trabalho digno (20) como:

«Um trabalho produtivo com uma remuneração equitativa, segurança no local de trabalho e proteção social para as famílias, melhores perspetivas de desenvolvimento pessoal e integração social, liberdade para cada um expressar as suas preocupações, organização e participação nas decisões que afetam as suas vidas e igualdade de oportunidades e de tratamento para todas as mulheres e homens».

Ao abrigo desta definição e em consonância com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável (21), a UE promove, no seu seio e nas cadeias de abastecimento mundiais (22):

— A segurança do emprego; — Salários justos;

— Condições de trabalho seguras; — Proteção social;

— Igualdade de oportunidades e de tratamento para todas as mulheres e homens; — Igualdade de género e não discriminação no acesso ao emprego;

— Diálogo social; e

— Proteção dos direitos do trabalho.

Assegurar o cumprimento dos direitos sociais e laborais

A UE tem como objetivo promover o progresso social e melhorar as condições de vida e de trabalho dos europeus (23). A contratação pública contribui para a realização destes objetivos, ao assegurar que os fornecedores:

— Cumprem as obrigações aplicáveis em matéria social e laboral estabelecidas pelo direito da União, pelo direito nacional ou por convenções coletivas em conformidade com o direito da União;

— Observam as convenções fundamentais da OIT;

— Respeitam o princípio de igual tratamento entre homens e mulheres, incluindo o princípio da igualdade de remuneração por trabalho de igual valor (24), bem como a promoção da igualdade de género (25);

— Cumprem as leis relativas à saúde e segurança no trabalho; e

— Lutam contra a discriminação em razão do género, idade, deficiência, origem racial ou étnica, religião ou convicção ou orientação sexual e criam oportunidades equitativas.

Acessibilidade e conceção para todos

A aquisição de bens, serviços e obras que sejam acessíveis a todos, incluindo as pessoas com deficiência, é um aspeto fundamental dos CPSR e é obrigatória na contratação pública. Nos termos do artigo 42.o da Diretiva 2014/24/UE e do artigo 60.o, n.o 1, da Diretiva 2014/25/UE: «as especificações técnicas devem, salvo em casos devidamente justificados, ser elaboradas de modo a ter em conta os critérios de acessibilidade para as pessoas com deficiência ou de conceção para todos os utilizadores».

Esta disposição apoia a observação pelas autoridades nacionais da CNUDPD (26), na qual são partes a UE e todos os seus Estados-Membros. A CNUDPD estabelece obrigações de acessibilidade e o correspondente Comité das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência identificou a compra acessível como uma questão determinante para os governos (27). (20) https://www.ilo.org/global/topics/decent-work/lang–en/index.htm. (21) https://ec.europa.eu/info/strategy/international-strategies/sustainable-development-goals/eu-holistic-approach-sustainable--development_en (22) https://ec.europa.eu/international-partnerships/topics/employment-and-decent-work_en (23) https://ec.europa.eu/social/main.jsp?catId=157&langId=pt

(24) Ver o artigo 157.o do TFUE e a Diretiva 2006/54/CE.

(25) A importância da igualdade de género é realçada nas orientações políticas da presidente da Comissão Europeia e em todas as cartas de

missão enviadas aos Comissários da Comissão Europeia: https://ec.europa.eu/info/sites/default/files/political-guidelines-next--commission_en_0.pdf

(26) De acordo com o artigo 9.o da CNUDPD: «No quadro da sua revisão da legislação em matéria de acessibilidade, os Estados Partes

devem igualmente tomar em consideração as suas leis relativas à contratação pública, a fim de assegurar que os respetivos procedimentos de contratação pública incorporem requisitos de acessibilidade. É inaceitável utilizar fundos públicos para criar ou perpetuar as desigualdades que resultam inevitavelmente de serviços e instalações inacessíveis. Os concursos públicos devem ser

utilizados para realizar ações positivas em conformidade com o disposto no artigo 5.o, n.o 4, da CNUDPD, com vista a assegurar a

acessibilidade e a igualdade de facto das pessoas com deficiência.»

(8)

A CNUDPD (28) reconhece, além do mais, «a importância para as pessoas com deficiência da sua autonomia e independência individual, incluindo a liberdade de fazerem as suas próprias escolhas», devendo «ter a oportunidade de estar ativamente envolvidas nos processos de tomada de decisão sobre políticas e programas, incluindo aqueles que diretamente lhes digam respeito». Por outras palavras, os adquirentes públicos:

— Devem procurar reconhecer as necessidades das pessoas com deficiência e associá-las ao processo de aquisição. O capítulo 3 do presente guia abrange a avaliação das necessidades e a interação com os fornecedores para assegurar serviços públicos eficazes que tenham em conta os objetivos da inclusão social e profissional, bem como as necessidades específicas dos seus utilizadores;

— Têm de considerar a questão da acessibilidade nas especificações técnicas (29), no sentido de assegurar o acesso das pessoas com deficiência, por exemplo, a serviços públicos, edifícios públicos, transportes públicos, informação pública e bens e serviços relacionados com as TIC, incluindo aplicações baseadas na Web; e

— Podem utilizar critérios de adjudicação para recompensar as propostas que abranjam padrões de acessibilidade mais elevados do que os definidos nas especificações técnicas;

— Podem igualmente incluir cláusulas de desempenho para assegurar que a execução dos serviços contratados garanta um resultado acessível, com base numa abordagem de conceção para todos.

Respeitar os direitos humanos e dar resposta às questões do comércio ético

A contratação pública pode ser utilizada para dar resposta a questões sociais nas cadeias de abastecimento, designadamente os direitos humanos (30) ou os princípios do comércio justo. O respeito pelos direitos humanos fundamentais é uma componente essencial de qualquer relação comercial na qual participe um Estado, conforme enunciado nos princípios orientadores da ONU sobre empresas e direitos humanos (31). Além disso, em 2012, o Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) defendeu que as considerações de comércio justo podem ser integradas nas decisões de adjudicação (32), uma posição refletida nas diretivas relativas aos contratos públicos (33).

O vasto âmbito de aplicação das adjudicações públicas (34), a par da natureza mundial de certas cadeias de abastecimento, acarreta o risco de o seu concurso poder envolver violações dos direitos humanos. Há casos bem conhecidos, como o incêndio no edifício Rana Plaza, no Bangladexe, mas as condições de trabalho perigosas e desumanas também são uma realidade na Europa. As diretivas relativas aos contratos públicos exigem a exclusão dos operadores económicos condenados, através de decisão final transitada em julgado, por trabalho infantil e outras formas de tráfico de seres humanos e determinam que todos os adquirentes públicos devem verificar o cumprimento das convenções fundamentais da OIT (35). O presente guia analisa formas de proteger os direitos humanos no âmbito dos concursos, através das seguintes ações:

— Aumentar a transparência nas cadeias de abastecimento, nomeadamente através do acompanhamento dos subcontratantes e dos subsubcontratantes;

— Avaliar riscos específicos dentro das cadeias de abastecimento;

— Exigir aos adjudicatários e aos subcontratantes a adoção de medidas para melhorar as condições dos trabalhadores na cadeia de abastecimento e para fazer face a violações dos direitos humanos potenciais ou identificadas no processo de produção; e

— Incentivar a adoção de códigos de conduta rigorosos para os fornecedores, baseados na responsabilidade social.

(28) https://www.un.org/development/desa/disabilities/convention-on-the-rights-of-persons-with-disabilities.html

(29) Para os contratos públicos e os serviços de utilidade pública, ver, respetivamente, o artigo 42.o, n.o 1, da Diretiva 2014/24/UE e o

artigo 60.o, n.o 1, da Diretiva 2014/25/UE.

(30) Tal inclui o cumprimento das obrigações e dos princípios previstos no Tratado e na Carta dos Direitos Fundamentais da União

Europeia, bem como da Declaração da OIT relativa aos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, da Carta Internacional dos Direitos Humanos e da Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.

(31) Os princípios orientadores da ONU sobre empresas e direitos humanos são um conjunto de diretrizes que orientam os Estados e as

empresas para prevenir, enfrentar e sanar violações dos direitos humanos cometidas em operações comerciais. Estes princípios foram aprovados pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU em junho de 2011 e podem ser consultados em: www.business--humanrights.org/en/un-guiding-principles.

(32) Processo C-368/10, Comissão/Reino dos Países Baixos, n.os 91 e 92.

(33) Considerando 97 e artigo 67.o, n.o 3, alínea a), da Diretiva 2014/24/UE, considerando 102 e artigo 82.o, n.o 3, alínea a), da Diretiva

2014/25/UE e considerando 64 e artigo 41.o da Diretiva 2014/23/UE.

(34) Para efeitos do presente documento, o termo «adjudicação(ões) pública(s)» designa indistintamente os contratos públicos e as

concessões.

(9)

Prestar serviços sociais, educativos, culturais e de saúde de elevada qualidade

As diretivas relativas aos contratos públicos estabelecem um «regime simplificado» aplicável aos serviços sociais, culturais, da educação e da saúde, juntamente com várias outras categorias (36). Os adquirentes públicos são incentivados a ter em conta a «qualidade, continuidade, acessibilidade, inclusive em termos de custos, disponibilidade e exaustividade dos serviços, as necessidades específicas das diferentes categorias de utilizadores, incluindo os grupos desfavorecidos e vulneráveis, o envolvimento e a capacitação dos utilizadores e a inovação» (37). A contratação de serviços sociais pode igualmente ser sujeita a normas de qualidade, como o quadro voluntário europeu de qualidade dos serviços sociais de 2010 (38). A secção 4.2 analisa os métodos que os adquirentes públicos têm adotado para aplicar o regime simplificado no sentido de obter vantagens sociais.

Definição e realização de metas inteligentes de CPSR em Nantes (França) Objetivo do concurso

A Área Metropolitana de Nantes executa contratos públicos responsáveis (CPR) desde 2001. Em 2017, foi adotado um Regime de Promoção de Aquisições Responsáveis (SPAR), com vista a reforçar a coerência das várias iniciativas desenvolvidas ao longo dos 15 anos anteriores e a fortalecer as ligações entre as atividades de contratação pública e as iniciativas destinadas a apoiar as PME.

Abordagem

No âmbito do SPAR, foi criado um guia interno para a realização de concursos públicos responsáveis, que deu ênfase aos métodos práticos e aos apoios disponíveis a nível local, e foi concebida uma estrutura de governação do SPAR com o intuito de fiscalizar o desenvolvimento, a aplicação e o acompanhamento de medidas de contratação pública responsável: — No plano político, todos os membros eleitos pertinentes do conselho metropolitano são informados de futuros

investimentos, a fim de determinarem coletivamente as cláusulas sociais e ambientais a aplicar a cada um desses investimentos. Estes membros também avaliam periodicamente o impacto do SPAR;

— No plano técnico, a equipa responsável por concursos públicos trabalha em conjunto com uma rede de embaixadores da responsabilidade social das empresas no seio de cada direção. Os adquirentes prestam apoio às direções operacionais relativamente à integração das cláusulas sociais e ambientais nas respetivas aquisições e à avaliação da qualidade das propostas recebidas.

Resultados

As principais realizações em matéria de CPSR nos dois últimos anos em Nantes incluem:

— Cláusulas de inclusão em 143 obras e 1 918 contratos de prestação de serviços, que representam 326 448 horas de emprego destinado a pessoas que encontram obstáculos no mercado de trabalho;

— Uma tónica colocada na diversificação dos contratos com uma cláusula de inclusão, a fim de alcançar um grupo de pessoas mais abrangente (p. ex., os contratos de empreitada de obras chegam mais a homens do que a mulheres em situação de desemprego);

— Cláusulas relacionadas com o combate à discriminação em vários contratos experimentais, o que mereceu a atribuição de um rótulo de Diversidade a Nantes;

— A utilização de contratos reservados, que permitem a Nantes restringir um concurso a entidades cujo objetivo principal seja a integração social e profissional, se adequado.

Ensinamentos adquiridos

A definição, o acompanhamento e a atualização dos critérios sociais e ambientais incluídos na política de contratação pública em parceria com todas as partes interessadas são fulcrais para o êxito da contratação pública responsável. Para tal, é necessário identificar recursos específicos e aplicar as ferramentas de verificação adequadas.

1.3. Finalidade e vantagens dos CPSR

Ao seu nível mais elementar, os CPSR visam assegurar o cumprimento das obrigações legais no domínio social. As diretivas relativas aos contratos públicos exigem que os Estados-Membros da UE tomem as «medidas necessárias» para assegurar que, ao executarem as adjudicações públicas, os operadores económicos respeitem o direito da União Europeia, a legislação

(36) Título III (artigos 74.o a 77.o) da Diretiva 2014/24/UE, título III (artigos 91.o a 94.o) da Diretiva 2014/25/UE e artigo 19.o da Diretiva

2014/23/UE.

(37) Artigo 76.o da Diretiva 2014/24/UE e artigo 93.o da Diretiva 2014/25/UE.

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nacional, as convenções coletivas e as disposições de direito internacional em matéria ambiental, social e laboral aplicáveis (39). Ainda que os Estados-Membros tenham aplicado esta disposição de diferentes maneiras, é evidente que as obrigações sociais não podem ser ignoradas nos concursos, quanto mais não seja como proteção contra a concorrência desleal de operadores que não cumprem essas normas.

A Declaração 22 do Tratado de Amesterdão, relativa às pessoas com deficiência, já indicava que, ao instituírem medidas destinadas a estabelecer progressivamente o mercado interno, as Instituições da Comunidade deveriam ter em conta as necessidades das pessoas com deficiência (40). Por força do Tratado de Lisboa, a Europa compromete-se a alcançar uma «economia social de mercado altamente competitiva que tenha como meta o pleno emprego e o progresso social» e a combater «a exclusão social e as discriminações e [promover] a justiça e a proteção sociais, a igualdade entre homens e mulheres, a solidariedade entre as gerações e a proteção dos direitos da criança» (41). A dimensão da contratação pública e a sua importância para o mercado interno fazem dela um instrumento valioso na concretização destas ambições. Os CPSR podem igualmente contribuir para os compromissos internacionais, como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (42). O desenvolvimento sustentável exige que os operadores económicos oiçam e tenham em conta as opiniões e os direitos dos indivíduos, das comunidades e dos grupos da sociedade civil (43) — um tema mais aprofundado nos capítulos 2 e 3.

Além das obrigações previstas nas diretivas relativas aos contratos públicos e noutros atos legislativos, a realização de CPSR ajuda os adquirentes públicos a:

Identificar riscos de conformidade com a legislação social e laboral

As organizações que executam ativamente CPSR têm maior probabilidade de identificar riscos de conformidade com a legislação diretamente aplicável às mesmas ou aos fornecedores. Nenhum organismo público quer ser notícia por práticas laborais ilegais ou pouco éticas em qualquer fase das respetivas cadeias de abastecimento. A política e as medidas de CPSR ajudam-no a identificar riscos nas cadeias de abastecimento e a minimizá-los durante o concurso e a gestão dos contratos.

Estimular mercados socialmente conscientes

Os CPSR podem criar procura e incentivos a uma produção mais responsável e sustentável. Os adquirentes públicos podem estimular a inovação e uma maior concorrência, ao incitarem o mercado a criar soluções novas e mais sustentáveis no plano social. Além disso, pode ser fomentado o desenvolvimento de empresas que, além do desempenho económico, procurem ter um impacto positivo na sociedade em geral, a exemplo das empresas sociais. Por exemplo, a especificação de produtos de TIC que sejam acessíveis às pessoas com deficiência pode contribuir para a introdução de produtos melhores e financeiramente mais acessíveis no mercado.

Demonstrar uma governação socialmente responsável

Pode utilizar os CPSR para assegurar que corresponde aos valores e necessidades da comunidade, além de satisfazer uma exigência crescente do público para que os governos sejam socialmente responsáveis nas suas ações. Este tipo de contratação pode, assim, ajudar a aumentar a confiança do público na ação governativa. Os CPSR podem igualmente ter efeitos positivos no pessoal responsável por executar os contratos, o qual gera mais-valias para as respetivas comunidades.

Apoiar a integração e a inclusão

Os CPSR são favoráveis à integração e inclusão nas atividades do mercado de grupos frequentemente marginalizados na sociedade (p. ex., pessoas com deficiência, pessoas em risco de pobreza e de exclusão social, minorias). Os CPSR podem gerar oportunidades para os negócios detidos por esses grupos, bem como formação e emprego. Os CPSR ilustram igualmente de que forma os aspetos sociais e económicos podem reforçar-se mutuamente, por exemplo, na prestação de serviços públicos por empresas sociais de um modo que crie valor acrescentado, através de resultados e impactos sociais.

(39) Artigo 18.o, n.o 2, da Diretiva 2014/24/UE, artigo 36.o, n.o 2, da Diretiva 2014/25/UE e artigo 30.o, n.o 3, da Diretiva 2014/23/UE.

(40) Tratado de Amesterdão que altera o Tratado da União Europeia, os Tratados que instituem as Comunidades Europeias e alguns atos

relativos a esses Tratados – Declaração 22.

(41) Artigo 3.o, n.o 3, do Tratado da União Europeia (TUE).

(42) https://www.undp.org/content/undp/en/home/sustainable-development-goals.html e tal como sublinha o Documento de Reflexão da

Comissão intitulado «Para uma Europa sustentável até 2030» (COM(2019) 22, de 30 de janeiro de 2019).

(43) A Declaração 22 do Tratado de Amesterdão, relativa às pessoas com deficiência, já estipulava o seguinte: «A Conferência considera

que, ao instituírem medidas de aplicação do artigo 100.o-A [atual artigo 95.o] do Tratado que institui a Comunidade Europeia, as

(11)

Assegurar uma despesa pública eficaz

O volume dos contratos públicos e os limites à intervenção social direta devido a restrições orçamentais podem fazer da adjudicação de contratos públicos uma área atrativa para a promoção dos objetivos sociais. A contratação pública estratégica oferece oportunidades para utilizar os orçamentos previstos existentes de modo a prestar contributos positivos e inovadores aos desafios societais.

1.4. Ligações com as políticas e a legislação da UE e internacionais

O presente guia incide nos requisitos e nas oportunidades relativos aos CPSR, decorrentes das diretivas relativas aos contratos públicos. Contudo, vários outros instrumentos à escala nacional e da UE são pertinentes e afetam a forma como deve executar os CPSR. A presente secção realça alguns dos quadros legislativos e políticas mais importantes no respeitante aos CPSR.

O direito da União no domínio do trabalho e da não discriminação foi elaborado para proteger os trabalhadores em toda a Europa. Essa legislação confere aos trabalhadores direitos relativos à igualdade de tratamento e à não discriminação (44), informações sobre as suas condições de trabalho, a conciliação entre vida profissional e vida privada (45), direitos relativos aos contratos de trabalho atípicos (46), a regulamentação dos horários de trabalho, a proteção da saúde e segurança, bem como normas de informação e consulta dos trabalhadores (47).

Essa legislação é vinculativa para os adjudicatários e subcontratantes na UE, cabendo aos adquirentes públicos garantir que as correspondentes disposições sejam aplicadas em todos os locais de trabalho. Os capítulos 4 e 5 abaixo fornecem informação mais pormenorizada sobre a legislação aplicável.

A Comissão Europeia analisa e coopera com diferentes partes interessadas em todos os Estados-Membros da UE na promoção de práticas de trabalho digno e de qualidade através dos contratos públicos. Os parceiros sociais europeus, nomeadamente as organizações sindicais e patronais, elaboraram, nos últimos anos, vários guias setoriais sobre a adjudicação de contratos pela melhor relação qualidade/preço, em muitos casos com o apoio financeiro da Comissão. Estes guias dizem respeito a serviços contratuais de fornecimento de refeições (48), serviços de segurança privada (49) e serviços de limpeza industrial (50). Trata-se de guias de referência que sublinham os benefícios da contratação de serviços com base em critérios qualitativos e na melhor relação qualidade/preço. Os guias apresentam igualmente exemplos específicos no domínio dos contratos de serviços de segurança, da limpeza e do fornecimento de refeições, ilustrando como uma abordagem qualitativa exige condições de trabalho justas para os trabalhadores. Existe também um guia sobre os contratos públicos no domínio dos serviços de engenharia, que inclui instruções para ter em conta os aspetos sociais (51).

Pilar Europeu dos Direitos Sociais

Em 2017, o Parlamento Europeu, o Conselho e a Comissão proclamaram o Pilar Europeu dos Direitos Sociais, que define os princípios para uma União Europeia mais justa e inclusiva, pondo as prioridades sociais no centro da agenda europeia (52).

(44) Em matéria laboral, ver, nomeadamente: Diretiva 2006/54/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 5 de julho de 2006, relativa

à aplicação do princípio da igualdade de oportunidades e igualdade de tratamento entre homens e mulheres em domínios ligados ao

emprego e à atividade profissional (JO L 204 de 26.7.2006, p. 23); Regulamento (UE) n.o 492/2011 do Parlamento Europeu e do

Conselho, de 5 de abril de 2011, relativo à livre circulação dos trabalhadores na União (JO L 141 de 27.5.2011, p. 1); Diretiva 2000/43/CE do Conselho, de 29 de junho de 2000, que aplica o princípio da igualdade de tratamento entre as pessoas, sem distinção de origem racial ou étnica (JO L 180 de 19.7.2000, p. 22); Diretiva 2000/78/CE do Conselho, de 27 de novembro de 2000, que estabelece um quadro geral de igualdade de tratamento no emprego e na atividade profissional (JO L 303 de 2.12.2000, p. 16).

(45) Ver, nomeadamente a Diretiva 92/85/CEE, de 19 de outubro de 1992, relativa à implementação de medidas destinadas a promover a

melhoria da segurança e da saúde das trabalhadoras grávidas, puérperas ou lactantes no trabalho (JO L 348 de 28.11.1992, p. 1) e a Diretiva 2010/41/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 7 de julho de 2010, relativa à aplicação do princípio da igualdade de tratamento entre homens e mulheres que exerçam uma atividade independente ((JO L 180 de 15.7.2010, p. 1).

(46) Ver, nomeadamente, a Diretiva 2008/104/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de novembro de 2008, relativa ao

trabalho temporário (JO L 327 de 5.12.2008, p. 9). e a Diretiva 1999/70/CE do Conselho, de 28 de junho de 1999, respeitante ao acordo-quadro CES, UNICE e CEEP relativo a contratos de trabalho a termo (JO L 175 de 10.7.1999, p. 43).

(47) O acervo social da UE é apresentado em linhas gerais pelo documento de trabalho dos serviços da Comissão SWD(2016)50 final, de

8.3.2016. Os parágrafos a seguir apresentam as iniciativas adicionais desenvolvidas após a referida data.

(48) «Choosing best value in contracting food services» [Escolher a melhor relação qualidade/preço na contratação de serviços alimentares]:

https://contract-catering-guide.org/wp-content/uploads/2019/09/Catering-Services_Best-Value-Guide_EN_Web.pdf

(49) «Buying quality private security services» [Comprar serviços de segurança privada de qualidade]:

http://www.securebestvalue.org/wp--content/uploads/2014/11/Best-Value-Manual_Final.pdf

(50) «Selecting Best Value — A guide for public and private organisations awarding contracts for cleaning services» [Selecionar a melhor relação

qualidade/preço — Um guia para a adjudicação de contratos de serviços de limpeza por parte de organizações públicas e privadas]: http://www.cleaningbestvalue.eu/the-guide.html

(51) «How to derive MEAT criteria — Introducing quality criteria into public procurement» [Como explorar os critérios da proposta

economicamente mais vantajosa — Introdução de critérios qualitativos nos contratos públicos]: https://www.efcanet.org/sites/default/ /files/2020-01/MEAT%20booklet_final.pdf

(12)

Em janeiro de 2020, a Comissão Europeia apresentou a Comunicação sobre «Uma Europa social forte para transições justas» (53), que esboça as primeiras reflexões com vista a um plano de ação para a aplicação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais. O documento refere igualmente a contratação pública socialmente responsável como uma ferramenta para utilizar os fundos disponíveis de forma a favorecer a inclusão e as oportunidades de emprego.

Também foi adotada legislação concreta a nível da UE, que efetiva esse desígnio de uma União Europeia mais justa e inclusiva e afeta os procedimentos de contratação pública. A Diretiva (UE) 2019/1152 relativa a condições de trabalho transparentes e previsíveis visa assegurar que todos os trabalhadores, incluindo os abrangidos por regimes de trabalho «atípicos», tenham acesso a informações sobre as suas condições de trabalho e não sejam sujeitos a cláusulas abusivas. Especificamente, a diretiva exige que, até 2022, todos os trabalhadores na UE:

— Tenham acesso a informações por escrito sobre os elementos essenciais do seu trabalho, desde o início da relação de trabalho;

— Não sejam sujeitos a períodos experimentais superiores a seis meses, salvo em circunstâncias excecionais;

— Possam procurar emprego adicional, com uma proibição das cláusulas de exclusividade e de qualquer tratamento desfavorável, bem como a imposição de limites às cláusulas de incompatibilidade;

— Sejam informados com antecedência razoável do início de um trabalho;

— Recebam uma resposta por escrito a um pedido de transferência para outro posto mais seguro; e

— Recebam a formação obrigatória sem custos que o empregador tem o dever de ministrar.

Adicionalmente, os Estados-Membros devem adotar regras destinadas a impedir a utilização abusiva de contratos de trabalho ocasional, por exemplo, os regimes sem trabalho garantido pelos empregadores aos trabalhadores (geralmente denominados «contratos sem especificação do horário de trabalho»). Os trabalhadores dispõem igualmente de um conjunto sólido de disposições de execução, em caso de incumprimento pelos respetivos empregadores.

As adjudicações públicas podem incluir cláusulas no sentido de assegurar a observação destas condições pelos empregadores (quer adjudicatários, quer subcontratantes) e de prever sanções em caso de incumprimento.

A Diretiva (UE) 2019/1158 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de junho de 2019, relativa à conciliação entre a vida profissional e a vida familiar dos progenitores e cuidadores e que revoga a Diretiva 2010/18/UE do Conselho, que os Estados-Membros deverão transpor até 2 de agosto de 2022, introduz vários novos direitos mínimos no domínio das licenças relacionadas com a família e dos regimes de trabalho flexíveis, nomeadamente:

— Licença de paternidade: o pai/um segundo progenitor equivalente pode tirar uma licença de paternidade mínima de dez dias úteis na altura do nascimento da criança, remunerada a um nível pelo menos equivalente ao valor do subsídio de doença;

— Reforço do atual direito a quatro meses de licença parental, ao tornar dois dos quatro meses não transferíveis de um progenitor para o outro, e com um nível de remuneração adequado. Os progenitores têm igualmente o direito de pedir para gozar a licença de forma flexível;

— Introdução da licença de cuidador para os trabalhadores que prestem cuidados pessoais ou apoio a um familiar ou a uma pessoa que viva no mesmo agregado familiar que o trabalhador. Os cuidadores que exercem uma atividade profissional têm a possibilidade de tirar cinco dias por ano;

— Alargamento do direito de solicitar regimes de trabalho flexíveis (redução do horário de trabalho, horários de trabalho flexíveis e flexibilidade no local de trabalho) a todos os progenitores que exercem uma atividade profissional cujos filhos tenham até pelo menos oito anos e a todos os cuidadores.

Uma vez mais, as adjudicações públicas podem incluir cláusulas no sentido de assegurar a observação destas condições pelos empregadores, incluindo adjudicatários e subcontratantes.

Outras futuras iniciativas da Comissão no domínio da sustentabilidade e dos direitos laborais [p. ex., a proposta de diretiva relativa a salários mínimos adequados na União Europeia (54)] poderão igualmente influenciar, a breve trecho, a forma como as adjudicações públicas deverão ser executadas.

(53) Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e Social Europeu e ao Comité das Regiões:

«Uma Europa social forte para transições justas», de 14 de janeiro de 2020 [(COM(2020) 14 final].

(54) Proposta de diretiva do Parlamento Europeu e do Conselho, de 28 de outubro de 2020, relativa a salários mínimos adequados na

União Europeia [COM(2020) 682 final]. Esta proposta legislativa terá de ser adotada pelos colegisladores da UE e transposta a nível nacional.

(13)

Ato Europeu da Acessibilidade

A Diretiva (UE) 2019/882 relativa aos requisitos de acessibilidade dos produtos e serviços (55), conhecida como Ato Europeu da Acessibilidade, estabelece normas e obrigações comuns destinadas a harmonizar os requisitos de acessibilidade de determinados produtos e serviços. Este ato assegurará, por conseguinte, que as pessoas com deficiência e os adultos mais velhos possam ter acesso aos produtos e serviços. Além disso, reflete a obrigação prevista na Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CNUDPD) de facilitar aos Estados Partes o cumprimento das obrigações de acessibilidade. Permite igualmente assegurar que as pessoas com deficiência tenham a oportunidade de estar ativamente envolvidas nos processos de tomada de decisão sobre políticas e programas, incluindo aqueles que diretamente lhes digam respeito. A diretiva abrange os produtos e serviços seguintes (56):

— material informático e sistemas operativos — terminais de pagamento e caixas automáticos

— máquinas de emissão de bilhetes e de registo automático — terminais de autosserviço interativos que prestam informações — telemóveis inteligentes

— equipamentos televisivos relacionados com os serviços de televisão digital — serviços de telefonia e equipamentos conexos

— acesso a serviços de comunicação social audiovisual, tais como equipamentos de radiodifusão televisiva e equipamentos conexos para uso geral dos consumidores

— determinados serviços relacionados com o transporte aéreo, de autocarro, ferroviário, marítimo e fluvial de passageiros — serviços bancários destinados aos consumidores

— livros eletrónicos — comércio eletrónico

— atendimento das chamadas para o número de emergência único europeu «112»

Os requisitos de acessibilidade obrigatórios para estes produtos e serviços passarão a ser aplicáveis em 2025 (57).

Melhorar a acessibilidade das fontes de água no País Basco (Espanha) Introdução/objetivo do concurso

Para dar resposta aos problemas dos resíduos de plástico e diminuir os gastos com água engarrafada, a Mutualia, uma entidade prestadora de serviços sociais e de saúde, que opera 17 centros de serviços no País Basco, decidiu instalar fontes de água ligadas à rede pública de abastecimento de água, fornecendo água da torneira em vez de comprar água engarrafada. O intuito era oferecer água potável de elevada qualidade a temperaturas variáveis.

Abordagem

O contrato, que era inferior ao limiar da UE, foi adjudicado à proposta economicamente mais vantajosa, com uma ponderação de acordo com o preço (50 %) e a qualidade (50 %). Os critérios qualitativos incluíam considerações de acessibilidade, designadamente a altura das fontes e a facilidade de utilização por pessoas com mobilidade reduzida. A Mutualia atribuiu mais pontos à empresa que propunha máquinas de distribuição de água fáceis de usar por pessoas com deficiência visual ou por pessoas com mobilidade reduzida ao nível das mãos ou braços.

Resultados

Em janeiro de 2019, a Mutualia introduziu 40 novas fontes de água nos seus 17 centros de serviços e providenciou aos seus trabalhadores garrafas de água reutilizáveis. A Mutualia estará a poupar anualmente um montante estimado de 17 000 EUR em água para os seus utentes, funcionários e visitantes. Devido à inclusão de requisitos de acessibilidade, o candidato selecionado propôs botões de maior dimensão para a identificação do tipo de água. Por outro lado, a

(55) Diretiva (UE) 2019/882 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de abril de 2019, relativa aos requisitos de acessibilidade dos

produtos e serviços (JO L 151 de 7.6.2019, p. 70).

(56) Artigo 2.o da Diretiva (UE) 2019/882.

(57) A diretiva estabelece uma isenção relativa aos serviços de transporte urbano, suburbano e regional, bem como aos serviços prestados

por microempresas (empresas que empregam menos de dez pessoas e cujo volume de negócios anual não excede 2 milhões de EUR ou cujo balanço anual total não excede 2 milhões de euros).

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localização dos copos torna mais fácil para as pessoas em cadeiras de rodas recolhê-los e enchê-los. Além da localização dos copos, a Mutualia tomou em consideração a altura em que os copos são enchidos, tendo atribuído mais pontos às máquinas com uma janela de enchimento mais baixa.

Ensinamentos adquiridos

Através da inclusão de critérios de acessibilidade, a Mutualia foi capaz de assegurar que as fontes de água adquiridas são funcionais para todos os utentes e visitantes do centro de saúde. Ao permitir o acesso universal a estações de abastecimento de água, esta entidade não só ajuda as pessoas a manterem-se hidratadas e saudáveis, como ainda realiza uma poupança estimada de 17 000 EUR e reduz significativamente os resíduos de plástico.

Fonte:

https://ec.europa.eu/environment/gpp/pdf/news_alert/Issue_91_Case_Study_173_Mutualia.pdf

Nos termos do artigo 42.o, n.o 1, da Diretiva 2014/24/UE e do artigo 60.o, n.o 1, da Diretiva 2014/25/UE, os requisitos de acessibilidade dispostos em atos jurídicos da União devem ser incluídos nas especificações técnicas sempre que o objeto dos contratos se destine a ser utilizado por pessoas singulares, quer seja o público em geral quer o pessoal do adquirente público. Além disso, as Diretivas 2014/24/UE e 2014/25/UE exigem que, sempre que existam requisitos de acessibilidade obrigatórios adotados por um ato jurídico da União, as especificações técnicas sejam estabelecidas por referência aos mesmos, no que respeita à acessibilidade para as pessoas com deficiência ou à conceção para todos os utilizadores. O Ato Europeu da Acessibilidade estabelece tais requisitos de acessibilidade obrigatórios para os produtos e serviços por si abrangidos. Estes requisitos de acessibilidade obrigatórios asseguram que os produtos e serviços sejam concebidos e produzidos de forma a otimizar a sua utilização previsível por pessoas com deficiência. Devem ser acompanhados por informações acessíveis sobre o seu funcionamento e as suas características de acessibilidade, sempre que possível colocadas no próprio produto. Os documentos do concurso podem fazer referência a normas harmonizadas ou a especificações técnicas relativamente a requisitos de acessibilidade para o fornecimento de produtos ou serviços desenvolvidos por organizações europeias de normalização, como, por exemplo, a norma EN 17161:2019 relativa à Acessibilidade.

No tocante aos produtos e serviços não abrangidos pelo âmbito de aplicação do Ato Europeu da Acessibilidade, os requisitos de acessibilidade previstos no mesmo não são vinculativos. No entanto, sempre que o Ato Europeu da Acessibilidade ou outro ato legislativo da União defina regras e obrigações de acessibilidade para qualquer produto ou serviço, se as características, elementos ou funções cumprirem os requisitos correspondentes estabelecidos no Ato Europeu da Acessibilidade, presume-se que também cumprem a outra legislação, salvo disposição em contrário. Em qualquer caso, os adquirentes públicos podem decidir aplicar requisitos de acessibilidade que vão além dos requisitos de acessibilidade previstos na legislação da UE. O Ato Europeu da Acessibilidade inclui igualmente requisitos de acessibilidade voluntários relativamente às áreas construídas utilizadas pelos utentes dos serviços abrangidos pelo próprio ato. Os Estados-Membros podem decidir tornar obrigatório o cumprimento desses requisitos (58).

Diretiva revista relativa ao destacamento de trabalhadores

Um trabalhador destacado é uma pessoa que, por um período limitado, trabalha num Estado-Membro da UE diferente do Estado onde habitualmente exerce a sua atividade (59). Existem cerca de 3 milhões de trabalhadores destacados (60) na UE, muitos dos quais envolvidos na prestação de serviços públicos ou na execução de obras. A diretiva relativa ao destacamento de trabalhadores (61) foi originalmente adotada em 1996 e substancialmente alterada em 2018. O seu objetivo é estabelecer um ponto de equilíbrio entre a liberdade de prestar serviços além-fronteiras e a definição de proteções para os trabalhadores. A revisão de 2018 consolidou o princípio da igualdade entre os trabalhadores destacados e os trabalhadores no Estado--Membro de acolhimento, nomeadamente a igualdade de remuneração. Nos termos da diretiva revista relativa ao destacamento de trabalhadores (62), os trabalhadores destacados têm direito a todas as condições de trabalho e emprego obrigatórias (63) no Estado-Membro de acolhimento relativamente ao seguinte:

a) Períodos máximos de trabalho e períodos mínimos de descanso; b) Duração mínima das férias anuais remuneradas;

(58) Considerando 49, artigo 4.o, n.o 4, e anexo III da Diretiva (UE) 2019/882.

(59) Artigo 2.° da Diretiva 96/71/CE.

(60) Fonte: «Posting of workers — Report on A1 Portable Documents issued in 2018» [Destacamento de trabalhadores — relatório sobre os

documentos portáteis A1 emitidos em 2018], Direção-Geral do Emprego, dos Assuntos Sociais e da Inclusão da Comissão Europeia, novembro de 2019, disponível em: https://ec.europa.eu/social/BlobServlet?docId=22302&langId=en

(61) Diretiva 96/71/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de dezembro de 1996, relativa ao destacamento de trabalhadores no

âmbito de uma prestação de serviços (JO L 18 de 21.1.1997, p. 1), com a redação que lhe foi dada pela Diretiva (UE) 2018/957.

(62) A Diretiva (UE) 2018/957 deve ser transposta para o direito nacional até 30 de julho de 2020 e não pode ser aplicada antes dessa data.

Em relação ao setor do transporte rodoviário, as regras da diretiva relativa ao destacamento de trabalhadores de 1996 continuam a ser aplicáveis até à adoção de uma nova diretiva de execução que altere a Diretiva 2006/22/CE. Para mais informações, ver o guia prático

da Comissão Europeia sobre o destacamento de trabalhadores (2019): https://ec.europa.eu/social/BlobServlet?

docId=21472&langId=en.

(63) A saber, as condições estabelecidas por disposições legislativas, regulamentares ou administrativas e/ou por convenções coletivas e

(15)

c) Remuneração, incluindo as bonificações relativas a horas extraordinárias; a presente alínea não se aplica aos regimes profissionais complementares de pensões;

d) Condições de disponibilização dos trabalhadores, nomeadamente por empresas de trabalho temporário; e) Saúde, segurança e higiene no trabalho;

f) Medidas de proteção aplicáveis às condições de trabalho e emprego das mulheres grávidas e das puérperas, das crianças e dos jovens;

g) Igualdade de tratamento entre homens e mulheres, bem como outras disposições em matéria de não discriminação; h) Condições de alojamento dos trabalhadores caso o empregador disponibilize alojamento aos trabalhadores afastados do

seu local de trabalho habitual;

i) Subsídios e abonos ou reembolsos de despesas para cobrir as despesas de viagem, de alimentação e de alojamento para os trabalhadores longe do seu domicílio por motivos profissionais.

Após 12 meses — ou 18 meses, mediante pedido fundamentado pelo empregador —, todas as condições obrigatórias por força da legislação laboral do Estado-Membro de acolhimento passam a ser aplicáveis ao trabalhador destacado, com as seguintes exceções: a) determinadas condições relativas à celebração e cessação do contrato de trabalho, incluindo cláusulas de não concorrência; e b) os regimes profissionais complementares de pensões.

Os adquirentes públicos devem estar cientes destes requisitos quando avaliam propostas e controlam a observação do direito laboral.

Convenções da OIT

As diretivas relativas aos contratos públicos (64) fazem expressamente referência às convenções fundamentais da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Por seu turno, a legislação e a regulamentação nacionais em matéria de contratos públicos exigem geralmente o cumprimento de convenções da OIT. As oito convenções fundamentais dizem respeito ao seguinte:

1. Liberdade sindical e proteção do direito sindical 2. Direito de organização e de negociação coletiva 3. Trabalho forçado

4. Abolição do trabalho forçado

5. Idade mínima de admissão ao emprego

6. Interdição das piores formas de trabalho das crianças 7. Igualdade de remuneração

8. Discriminação em matéria de emprego e de profissão

Estabelecimento de um grupo de missão para acompanhar as condições de trabalho dos fornecedores no município de Copenhaga (Dinamarca)

Objetivo do concurso

O município de Copenhaga toma medidas contra o dumping social através da inclusão de cláusulas laborais nos contratos, a fim de assegurar condições de trabalho mais equitativas para todos os trabalhadores dos respetivos fornecedores e subfornecedores.

Abordagem

1) Condições de trabalho e salariais equitativas 2) Concorrência leal para todas as empresas

3) Mais colocações em estágios e experiências profissionais para jovens estudantes

Os funcionários dos fornecedores do município de Copenhaga e dos respetivos subcontratantes que trabalhem na Dinamarca têm direito a um nível salarial mínimo, incluindo bonificações relativas a horas extraordinárias, períodos máximos de trabalho e períodos mínimos de descanso, bem como duração mínima das férias anuais remuneradas, em conformidade com as cláusulas laborais e com a diretiva.

Referências

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