• Nenhum resultado encontrado

A castidade é, sem dúvida, uma

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A castidade é, sem dúvida, uma"

Copied!
68
0
0

Texto

(1)
(2)

Está redondamente enganado quem pensa que os cristãos veem a falta de castidade como o vício supremo. Os pecados da carne são maus, mas são os

menos graves de todos. Os piores prazeres são os de ordem puramente espiritual, como o prazer de provar

que o outro está errado, de tiranizar os outros, de tratar os demais com desdém e superioridade, de ser

um estraga-prazeres, de difamar.

São os prazeres do poder e do ódio. Isso porque existem dois seres dentro de mim que competem com

o ser humano que devo tentar me tornar: o ser animal e o ser diabólico, sendo este último o pior dos dois.

É por isso que um moralista frio e pretensamente virtuoso que vai regularmente à igreja pode estar bem

mais perto do inferno que uma prostituta. Mas é claro que éMelhor nãoser nenhuM dos dois.

(3)

c

oM essas palavras

,

querido leitor, decidi iniciar esse e-book, para mostrar algo bem claro – muitas vezes reduzimos nossa visão de pecado grave a não viver a castidade, principalmente quando somos jovens e, como dizem, os hormônios estão “à flor da pele”. Pelo contrário, muitas são as nossas fraquezas, e a dificuldade na prática da castidade (que vai muito além do pensamento de não ter relações antes do casamento, ao que chamamos de continência) pode ser um sintoma de uma vida espiritual tíbia, e uma vontade nada fortalecida por falta boas

(4)

práticas, que nos levarão à ruína de maneira ainda mais proeminente. Neste material eu gostaria de te apresentar de maneira mais completa e mais profunda, a beleza da vivência da castidade, na visão dos Santos cujas vidas são uma lição e um estímulo para todos nós.

a

castidade é

,

seM dúvida

,

uMa das virtudes Mais difíceis de se cultivar

,

por tudo que ela exige

,

e por tudo que ela representa

.

É uma virtude derivada da teMperança, esta última definida pelo catecismo da Igreja Católica como “a virtude moral que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados. Assegura o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos dentro dos limites da honestidade”.

n

esse sentido

,

a castidade se

apresenta coMo

uMa virtude coM que uMa pessoa apta para a paixão reserva o seu desejo erótico para o aMor

consciente e decididaMente

,

resistindo à tentação de se perder na satisfação voluptuosa dos eleMentos sexuais

(5)

Vemos claramente nessas palavras que a castidade não é, portanto, uma virtude castradora – não há, em nenhum momento, uma definição dessas virtudes como uma repressão, mas como prática de domínio de si para situar o desejo sexual em seu verdadeiro lugar – como uma expressão do amor autêntico, que potencializa a experiência sexual e a integra à pessoa, não sendo mera sensação periférica de um prazer passageiro e sem sentido.

O cristianismo não é inimigo do prazer, dessas alegrias sensíveis. Não podemos, portanto, rejeitar o prazer como uma rejeição de nossa própria natureza, fugindo dos bens que Deus nos dispõe – isso é o que São Tomás de Aquino chama de “pecado da insensibilidade”.

a

castidade

não

é

uMa

virtude

castradora

e

neM

o

cristianisMo

(6)

O que nos falta é, com uma vida ordenada pelas virtudes, usufruir de maneira consciente da nossa sexualidade, encontrando nessa condição sexual (homem e mulher assim dispostos em sua natureza, se complementando por esse amor único e indissolúvel, generoso e fiel) uma maneira extraordinária de cumprir a vocação primeira dos homens para o amor – a Deus e ao próximo.

p

odeMos dizer

,

eM suMa

,

que a castidade é a Medida certa do aMor

,

que integra a sexualidade à pessoa huMana e a exerce de Maneira boa e fiel à sua natureza e dignidade

.

Nas palavras de São Josemaria Escrivá, a castidade deve ser uma “afirmação jubilosa”. Se reduzimos a castidade à mera continência, ela certamente nos soará como privação injustificável, ou um sofrimento sem sentido, uma vez que pensamos “se nos amamos tanto, como podemos encarar nossos desejos como algo desordenado, se isso nos fará tão intimamente unidos?”.

Se entendemos que a castidade é, de maneira mais ampla, a condição do homem livre para o amor, e não escravo de seus impulsos e suas paixões, conseguimos redimensionar nossos interesses

(7)

egoístas e colocá-los no seu devido lugar – todas as vontades torpes podem se dissipar onde o amor se instá-la como uma verdadeira força que une o casal.

Assim os namorados, noivos e casados saberão passar de maneira prazerosa e temperante por cada um desses estágios do relacionamento, encontrando na fase de enamoramento inicial o desejo de conhecer e proteger seu amado, e no matrimônio o lugar seguro onde ambos poderão se doar de maneira total, exclusiva e definitiva.

s

iM,

não podeMos nos esquecer que a vida de castidade exigirá renúncias e doMínio de si o teMpo todo, e eM cada fase do relacionaMento as tentações serão

diferentes, beM coMo as consequências de uMa vida desordenada.

Se na adolescência e juventude a pornografia, masturbação e toda uma visão sexual materialista são motivo de enfraquecimento e distanciamento de uma vida espiritual saudável, prejudicando estudos, relações familiares e demais relações

(8)

interpessoais, na vida adulta e na vida conjugal essas práticas podem ser uma porta de entrada para traições, distanciamentos, desentendimentos e decepções sucessivas, sepultando a vida dos casais e transformando o ambiente familiar, que deveria ser sagrado, em um lar miseravelmente triste.

n

ão pense

,

taMbéM

,

que a vida sexual desordenada provocará prejuízos soMente nesse caMpo

.

Essa falta de domínio de suas paixões levará, invariavelmente, a uma vida mais egoísta e destemperada em vários aspectos.

A castidade, quando bem vivida, direciona nossa vontade para o bem em um sentido muito mais amplo, reforça nossos valores e nos dá mais consciência de nossa condição vulnerável – é um exercício de humildade, pois não é unicamente uma virtude conquistada, mas concedida por Deus aos que reconhecem sua necessidade.

(9)

v

ocê MesMo deve ter percebido essa dinâMica eM sua vida cotidiana

:

Quando mais contou com sua aparente valentia e sua capacidade própria de autocontrole, foi quando mais acabou se entregando aos vícios,

por vezes cometendo atitudes indignas como nunca pôde imaginar que faria.

de fato, “deus resiste aos soberbos, Mas sua graça aos huMildes” (tg 4:6).

Para que sigamos, portanto, em nossa jornada por esse guia, eu te convido primeiro a um profundo exame de consciência. Precisamos refletir interiormente, à luz da Verdade (o próprio Cristo, vivo em cada palavra do Evangelho) como temos vivido nesse aspecto. Daí poderemos constatar as consequências dessa vida imprudente, e atuar de maneira prática e objetiva em nosso fortalecimento.

(10)

Observe em você mesmo como a falta de temperança em seus apetites te leva a falhar em

diversos aspectos, negando sua natureza nas seguintes condições:

i.

M

al uso daquilo que foi

criado para o beM

quantas vezes não olhaMos para deterMinadas oportunidades e situações coM olhar Malicioso?

Esse olhar “aproveitador” é um prato cheio para que comecemos a olhar também para as pessoas com esse pensamento possessivo e egoísta, nos utilizando daqueles que nos cercam para nos satisfazer. Nosso olhar contemplativo sobre essa criação divina tão exuberante passa a enxergar em tudo algo trivial e descartável – perdemos o entendimento de que todo que temos é uma concessão generosa de Deus, e que somos “meros administradores” desses bens, com o promisso de cuidá-los e protegê-los.

(11)

Cada vez mais, desse modo, nos tornamos senhores da verdade e das coisas, desfigurando sua natureza e destruindo esse sagrado que existe por trás de tudo que foi criado e dado a nós por amor. Podemos enxergar esse descontrole em coisas mais simples e aparentemente inocentes, como bebida e comida, mas também nas pessoas, quando pensamos na vida sexual ou mesmo ao se cometer algum crime contra alguém.

ii.

t

ornar o que existe para servir ao hoMeM eM seu próprio senhor e tirano

O viciado alega que é livre, mas

engana-se. Quando pratica os vícios ligados ao prazer físico, diz que faz o que quer, porque é livre, mas só faz o que não consegue deixar de fazer: já não tem mais o poder de ´não querer´;

tornou-se escravo.

(12)

iii.

t

ransforMar os Meios eM fins

aqui veMos essa consequência Mais eMbleMática de uMa vida desordenada.

Percebemos isso nitidamente na condição de pessoas que, por exemplo, “vivem para comer”, e não “comem para poder viver”. De modo análogo, podemos encontrar essa mesma condição miserável naqueles que encontram o prazer como um fim, se utilizando das pessoas como um meio, esmagando toda e qualquer alma que passa em seu caminho para se satisfazer em seus instintos mais egoístas.

s

e nós nos esforçásseMos por reconhecer à nossa volta essa dignidade que existe eM cada coisa criada

,

e que se utilizar das coisas e das pessoas

,

viola essa dignidade inerente a todo ser

,

talvez conseguísseMos ser Mais fortes eM nossas vontades

.

(13)

É uma tristeza perceber o quanto as pessoas se contentam com as migalhas de uma oportunidade ou outra de prazer fugaz, quando estão na verdade caminhando pela periferia de sua existência e deixando de entrar nesse terreno mais amplo e mais vívido de verdadeira realização sexual.

Mais do que uma experiência biológica sensorial, o sexo é capaz, de maneira transcendente, de elevar o casal a uma proximidade com esse amor do próprio Deus, que livremente se dá, e generosamente cria, gera vida em nós.

---a

inda que deva ser assuMida de Maneira gozosa

,

a castidade é

,

cotidianaMente

,

uMa luta

,

que nos exigirá Muitas vezes uMa postura heroica

,

especialMente nos dias de hoje

,

onde tudo assuMe uM apelo tão erotizado

.

Em cada esquina, há um chamado escandaloso para uma sexualidade irrefreada, banalizando e vulgarizando o que deveria revelar de maneira tão pura a preciosidade da condição humana enquanto criação divina.

(14)

Diz São Tomás de Aquino, na Suma Teológica, que

a Maior parte dos pecados se coMeteM não porque o hoMeM seja levado a eles pelas suas inclinações

naturais, Mas pelo escândalo, que provoca uMa super-excitação artificial das paixões.

Pense como isso nos parece atual, ainda que esse texto seja tão aparentemente “ultrapassado”.

Daí a necessidade de unir, ao amor, aquilo que chamamos de luta ascética (essa busca disciplinada por aperfeiçoamento espiritual), evitando corajosamente situações que nos levarão a cair, cedo ou tarde.

n

ão podeMos pressupor

,

desse Modo

,

que a vivência de uM aMor casto será uMa vida de exclusão social e castrações

,

Mas uMa vida eM que

,

de Maneira consciente e prudente

,

o hoMeM enfrentar sua realidade seM se deixar contaMinar por ela

.

(15)

Você pode estar pensando que, quanto mais esse texto progride, mas distante de você

a vida casta parece.

Mas a boa notícia é que, por mais óbvio que pareça, talvez você não tenha percebido que não

é o único, tão pouco o primeiro, a passar por essas provações que você julga invencíveis.

nas páginas que se segueM, conhecereMos Mais da vida ou da obra de santos que souberaM decifrar de Maneira Muito sábia o coMportaMento huMano e

as práticas que podeM nos levar a aproxiMar nossa condição sexual daquilo que deus espera de nós.

(16)

O homem casto e o anjo são diferentes não por sua

virtude, mas por sua felicidade.

E embora a castidade do anjo seja mais venturosa, sabemos que a castidade do hoMeMé Mais corajosa.

Somente a castidade significa o estado de glória imortal nesta época e lugar de mortalidade; só a castidade reivindica para si, em meio às solenidades nupciais, o modo de vida daquela morada abençoada em que nem

os homens nem as mulheres se casarão, permitindo assim a experiência da vida celeste na terra.

(17)

c

oMeço nossas reflexões em torno da vida e obra dos santos com este que tanto contribuiu com belíssimos sermões e exortações que, mesmo produzidos em um tempo tão distante, são ainda tão atuais. Ele próprio ensinava em sua vida que a luta pela castidade exige determinação: certa vez, para se livrar de uma tentação dessa natureza, lançou-se em um lago gelado até que sua vontade passasse. E nós ainda resistimos a um simples banho frio...

Como vemos nas palavras acima de São Bernardo, a vivência da castidade é uma experiência que pode nos assemelhar à realidade dos anjos, daqueles que vivem no paraíso – ainda que esses anjos experimentem a castidade de maneira mais exitosa, nós a experimentamos como via de santificação, como oportunidade única de, resistindo às tentações, demonstrar nosso amor

(18)

pela sua criação (nós mesmos), pelo próximo, e consequentemente pelo próprio Deus. Essa “experiência da vida celeste na terra” a qual São Bernardo se refere deve nos despertar para o fato de que, embora difícil de ser alcançada. A castidade é uma virtude a ser incessantemente buscada, pois poderá nos aproximar de modo especial de uma vivência mais santa e, consequentemente, da salvação.

Porém, embora a castidade se destaque

tão eminentemente, sem a caridade ela

não tem valor nem mérito.

Castidade sem caridade é lâmpada sem óleo; e, no entanto, como diz o sábio, quão bela é a casta geração, com

caridade, com aquela caridade que, como escreve o Apóstolo, nasce de um coração limpo, de uma boa consciência

(19)

No trecho que se segue àquelas considerações iniciais de São Bernardo sobre a castidade, o santo nos pontua algo fundamental. O cumprimento do preceito sem o seu devido sentido não tem valor algum. Podemos resumir tudo o que direi a seguir no seguinte pensamento:

Vou explicar:

Uma virtude mal vivida por ser encarada como um mérito pessoal honroso, uma conquista de um sábio, pode levá-lo a nada além de orgulho, vaidade e soberba. O entendimento e a busca das virtudes humanas são anteriores ao cristianismo, mas a figura de Cristo, seu Evangelho, são um ponto crucial que ressignificou a prática dessas mesmas virtudes já conhecidas. Para o cristão, a prática da castidade (como de qualquer virtude) não é algo como um título de nobreza, mas uma

a

caridade

é

a

alMa

(20)

luta cotidiana humilde e consciente de que o sucesso nessa luta é concedido, e não puramente conquistado. Da mesma forma, aqueles que não são tão afortunados nas virtudes não são considerados desvalidos, ou menosprezados; são, ao contrário, motivo de especial dedicação para que consigam também chegar dignamente mais próximos desse estado de graça.

Ainda na conquista da castidade, é preciso ser honesto e consciente de seu estado – a virtude deve curar nossas feridas, e não “compensá-las” como uma relação matemática; algo do tipo “essa semana eu só caí na tentação duas vezes, estou melhor que semana passada, que só caí três”. Ora, isso pode até ser um progresso, ou motivo de alegria, mas não é o cerne do problema – você

A VIRTUDE DEVE CURAR

NOSSAS FERIDAS,

(21)

v

aMos usar uM exeMplo que deixa claro coMo a caridade é que sentido à castidade

:

Um homem vaidoso resiste a uma tentação e diz “souforte”;

Um homem sábio, porém sem caridade simplesmente pode pensar “não Medeixareienganarpelas ilusõesdesse desejo

passageiro quepodeMe prejudicar”;

Mas o cristão... Esse, ao resistir à tentação pensa “não praticarei oMal seeM MiMhabitaoespíritode deus, queMe criouparao beM, enão podereipraticar MalalguM contraessa pessoatãoigualMenteaMada, quenãoMereceserManipulada ou

MaltratadaporMiM”.

pode ter simplesmente errado menos por falta de oportunidade. É preciso saber se o domínio de sua vontade é motivado verdadeiramente por uma consciência firme sobre a dignidade das pessoas que te cercam, até que você pare de usá-las em suas relações pessoais como pedaços de carne, ou em sua imaginação e desejos sórdidos como se fossem fantoches de suas fantasias cruéis.

Em outras palavras, errar menos não pode ser mero alívio de consciência, mas uma transformação verdadeira motivada por um amor genuíno que nasce de um coração apaixonado, antes de qualquer coisa, pelo próprio Deus.

(22)

Ainda com São Bernardo podemos apreender que a virtude humana à luz da fé, e não de um mero heroísmo ou ativismo social, recebe do Espírito Santo a força de Deus para fortalecer a prática humana. Assim, o amor cujo exemplo de perfeição é Cristo, consegue enxergar no amado de maneira sobrenatural a maior motivação de suas ações, gerando, como consequência, um amor ainda maior.

Alimentado já pelo Cristo, e não por uma “força interior”, um homem virtuoso e prudente é capaz de colocar “tudo em seu devido lugar”. Lembremo-nos – “a castidade é a medida do amor”. Onde está o amor (pensemos aqui como o próprio Cristo presente), nossas ações são ordenadas para o bem - próprio e do próximo - e por isso até mesmo na dificuldade, nas provações, nas renúncias, na dor, na saudade, na distância, nossos desejos e instintos mais egoístas conseguirão ser contidos e transformados por uma motivação maior.

é

o que nos resuMe

,

perfeitaMente

,

s

ão

b

ernardo de

c

laraval nas frases a seguir

:

(23)

Onde o amor emerge, ele

segura todos os impulsos e

sublima-os em amor.

-O amor não busca outro

motivo e nenhum fruto

fora de si; ele é seu próprio

fruto, seu próprio deleite.

Amo porque amo; amo

(24)

s

e coM nosso priMeiro exemplo de homem santo defensor da castidade vimos uma reflexão profunda sobre a virtude, São Josemaria Escrivá nos presenteia com conselhos práticos para que não caiamos em tentação. Esse Santo tão contemporâneo parece nos atravessar com cada uma de suas palavras, pois tinha um olhar atento na nossa realidade, e valorizava a ideia de que poderíamos, nessa própria realidade em que nos encontramos, achar também nosso caminho de santidade.

(25)

No momento em que permites deliberadamente que comece um diálogo com a tentação, a alma perde a paz, do mesmo modo que consentir

com a impureza destrói a graça. A tentação é necessária para nos fazer perceber que não somos nada por nós

mesmos.

nãoseja tão covarde assiM… seja corajoso o suficiente para fugir.

Aqui vão alguns conselhos do fundador da Opus Dei:

(26)

i.

a ‘

valentia

de ser covarde

,

para fugir das ocasiões

Vejam bem, não estamos falando de nenhum grande mistério, mas o que nos falta muitas vezes é a devida coragem em reconhecer nossa condição vulnerável. Em outras palavras, não se superestime. Festas, viagens, roupas, músicas, conversas impróprias, filmes, novelas, grupos de conversas em aplicativos de celular, “amizades” impróprias, companhias devastadoras...

Cada um de nós conhece ocasiões propícias em nosso dia a dia que nos levarão invariavelmente à ruína. Teimamos, como falamos mais acima, em nos achar fortes o suficiente para passar ileso por uma conversa maliciosa ou carícias com o namorado ou namorada, e o resultado é sempre o mesmo: a soberba “surpresa” e revoltada com o erro cometido. Ora, não há com o que se espantar se, de maneira premeditada, nos expusemos ao risco, e encaramos as consequências...

(27)

ii.

a

guarda atenta dos sentidos

Isso significa simplesmente tomar cuidado com o que interiorizamos de nosso mundo exterior. Nossos apetites são constantemente estimulados por esses estímulos externos – se nos expomos àquilo que é impuro, naturalmente produziremos em nós uma reação de igual natureza.

sejaMos sensatos:

Façamos uma opção por alimentar nossa visão com uma beleza inspiradora, e não com uma sensualidade vulgar; troquemos palavras de baixo calão por palavras mais doces, gentis e respeitosas, as “músicas” e demais produções audiovisuais apelativas por conteúdos de qualidade e consistência, e por aí vai.

(28)

iii.

t

rabalhar a iMaginação

Controlando os sentidos, controlamos o que produzimos internamente. Boa parte de nossas quedas quando falamos de castidade se dá por articulações inoportunas e malícias criadas dentro da nossa própria cabeça.

Quem nunca ouviu que “mente vazia é oficina do diabo”? Pois bem, ocupe sua cabeça por produzir aquilo que é bom em tanta quantidade até que “sufoquemos” nossos pensamentos vãos cotidianos, que só nos fazem perder tempo.

(29)

iv.

v

ida espiritual consistente

Não podemos pensar diferente disso:

A frequência dos sacramentos, de modo particular a confissão sacraMental; a sinceridade plena na

direção espiritual pessoal; a dor, a

contrição, a reparação depois das faltas, e tudo ungido com uma terna

devoção a nossa senhora, para que Ela

nos obtenha de Deus o dom de uma vida santa e limpa.

(30)

Por fim, deixo aqui mais uma mensagem desafiadora e animadora desse querido santo para a geração presente. Aos jovens, de maneira especial, cabe ir contra essa onda materialista que viola a dignidade dos seres e expõe à humanidade a uma condição cada dia mais degradante, que desvaloriza mais do que tudo a vida humana e tudo que a sustenta em sua natureza mais elevada.

“ “

É necessária uma cruzada de

virilidade

e

pureza

que enfrente

e anule o trabalho selvagem

daqueles que pensam que o

homem é uma besta. – E essa

(31)

c

oMo falar eM castidade seM falar desse Santo que tanto nos inspirou. Sua vida ainda tão próxima em nossa memória é uma lição, e cada palavra sua é uma preciosidade e nos ensina de maneira particular sobre a profundidade e a transcendência do amor humano. Poderíamos dedicar toda uma obra a estudar a castidade na sua perspectiva, mas vou me ater aqui a te apresentar aquilo que talvez você não possa conhecer com tanta facilidade, já que este é um Santo muito citado.

(32)

E começo pelo trecho:

A sexualidade, mediante a qual o homem e a mulher se doam um ao outro com os

atos próprios e exclusivos dos esposos, não é em absoluto algo puramente biológico, mas diz respeito ao núcleo

íntimo da pessoa humana como tal. Esta realiza-se de maneira

verdadeiramente humana somente se é parte integral do amor com o qual homem

e mulher se empenham totalmente um para com o outro até a morte.

a doação física total seria falsa se não fosse sinal e fruto da doação pessoal total.

(33)

e

sse pequeno fragMento da “Familiaris consortio” é de uma riqueza desconcertante! Percebam aqui que São João Paulo II nos revela uma visão particular de que a sexualidade humana é um componente da pessoa humana, e que só pode se manifestar, se partir do centro de sua existência, não como um mero “esbarrar de corpos”, mas como um encontro profundo e indissolúvel de duas existências totalmente dotadas de sua dignidade.

A SEXUALIDADE HUMANA É

UM COMPONENTE

(34)

O que ele sugere é que o envolvimento sexual não pode ser uma ação fragmentada, mas um movimento consistente de uma pessoa, de corpo e alma, que revela ao outro aquilo que tem de mais profundo e mais sagrado – por isso reserva o amor sexual ao ambiente dos esposos, cuja fidelidade foi prometida como salvaguarda para que esse amor se manifeste com segurança e resplandeça com toda a sua beleza.

c

oMo é bonito ver que o

c

risto eleva a condição do aMor sexual entre hoMeM e Mulher ao

“AMOR POR EXCELÊNCIA”,

pois

e

le MesMo se coloca

,

para sua igreja

,

na condição de esposo e esposa

.

Com essas palavras que destaquei, São João Paulo II nos leva a refletir que o amor não pode ser banalizado.

(35)

Pelo contrário, exige responsabilidade, e que o ato sexual em si só pode assumir total significado quando exercido por aqueles que livremente escolheram se tornar servos um do outro em toda e qualquer condição. Por sua preciosidade, a sexualidade como manifestação do amor generoso de Deus que dá a vida precisa ser protegida e alimentada por essa aliança matrimonial.

Portanto, se a sexualidade invariavelmente expõe esse “núcleo íntimo” da pessoa, onde está presente toda a dignidade com que foi criada, a doação física motivada por um amor autêntico envolve e reforça essa dignidade com um movimento de caridade mais sublime – dois que se tornam uma só carne.

Por outro lado, se essa doação física é “falsa”, como diz o papa, ela atinge esse mesmo núcleo íntimo, porém rouba do outro sua dignidade e a insere em uma condição profundamente miserável e triste, ainda que a própria pessoa não se dê conta do quanto tenha sido intimamente violada.

(36)

A experiência também demonstra que as relações sexuais antes do matrimônio

dificultam mais do que facilitam a escolha do parceiro certo para a vida.

Pertence à preparação para um bom matrimônio que formeis e consolideis o vosso caráter. Deveis também cultivar as

formas de amor e de afetos apropriadas à provisoriedade das vossas relações de

amizade.

a espera e a renúncia facilitar-vos-ão Mais tarde o respeito afetuoso pelo parceiro.

Observemos agora mais esse trecho de uma conversa do papa com os jovens:

(37)

M

ais uMa riqueza seM fiM

!

São João Paulo nos afirma aqui algo tão óbvio, mas tão ignorado – nossos impulsos sexuais nos orientam a nos aproximarmos dos outros por um natural interesse de prazer sensível mais superficial, quando não nos cuidamos em, antes de tudo, conhecer e amar o outro. Perceba aqui que João Paulo II não despreza ou rejeita o prazer sexual, mas o ordena, o situa na ordem reta de construção das relações humanas. No caminho de conhecimento, o envolvimento sexual é o último estágio – o mais profundo, mais íntimo, esse último estágio de “conhecimento” do outro.

Que beleza admirável nas sábias palavras da Virgem Maria quando, interpelada pelo anjo sobre o mistério da Encarnação, indaga como isso se dará se ela não “conhece” homem algum.

p

ois beM

,

o priMeiro estágio na construção de uM aMor firMe

,

constante

,

que dura

,

é o

(38)

Quantos casamentos se desfazem tão rapidamente diante da esmagadora realidade trazida pelo convívio!

E isso tem nome – egoísMo.

Pois bem, se a sexualidade a forma mais excelente de demonstrar o amor humano, pode

ser também a mais degradante. coMo pode uM casal de pouco ou Muito

teMpo de casados dizer:

nunca iMaginei que fulano fosse assiM

”?

a

resposta é siMples

.

nunca se detiveraM a olhar para o outro, viveraM anos de relacionaMento olhando

(39)

Quando praticada de maneira desordenada

,

precoce e iMprudente, torna-se uma cortina de fumaça que confunde todo esse processo de conhecimento do outro e desvia o foco do que deveria estar realmente sendo abordado no processo de namoro e noivado – o CARÁTER.

PRESTE ATENÇÃO:

t

udo se esvai eM Meio às distrações de uM encontro sexual furtivo que

resolve

todas as desavenças

,

ou faz coM que todas as

incoMpatibilidades pessoais sejaM relevadas

eM noMe de Migalhas de prazer encontradas eM relações sexuais

ocasionais

,

por Mais repetidas que sejaM

,

seMpre tão vazias e seM propósito

.

(40)

a

s virtudes

,

e a castidade entre elas

,

não são

,

apesar de concedidas por

d

eus

,

algo que

cai do céu

”,

Mas é conquistado coM boas práticas

.

Também nas últimas palavras desse trecho que destaquei sobre o Santo, vemos um conselho valioso – a espera e a renúncia como práticas de fortalecimento da vontade (em vista da provisoriedade do que podem ser as relações humanas antes do casamento). Não há nenhum mistério aqui – quem aprende a esperar e se guardar por amor, resistirá às situações inesperadas e às intempéries de uma vida conjugal.

Não espere que, ao colocar uma aliança no dedo, os noivos passem a ser misticamente

(41)

Se queres ser feliz, sê casto.

santo agostinho de hipona é, sem dúvidas,

um dos grandes contribuidores para a doutrina da igreja como conhecemos hoje, e as palavras do Santo destacadas acima talvez resumam de maneira perfeita seu pensamento sobre a virtude.

(42)

Em suas várias obras ele discorre sobre nossa relação com Deus, sobre a criação e como nossa existência é uma concessão generosa de nosso criador. Ele nos diz que esse amor da alma é esse desejo natural que temos de nos unir a esse Deus, de cuja existência participamos dessa maneira tão íntima e tão profunda.

Apesar da riqueza de seus documentos em vários sentidos, vamos nos ater aqui às suas palavras no que se refere à castidade. E a primeira coisa que precisamos entender é que não só em suas palavras, mas em sua vida, Santo Agostinho é para nós uma lição. Filho de Santa Mônica com um homem originalmente pagão, não era o que podemos chamar de “católico de berço”. Sua conversão veio a partir dos estudos incansáveis em busca de uma verdade. Ao longo dessa caminhada intelectual, foi sendo progressivamente seduzido pela única Verdade – o próprio Cristo. Foi batizado já adulto por Santo Ambrósio, de quem ficou amigo.

p

oucos sabeM

,

Mas

s

anto

a

gostinho viveu parte de sua vida na coMpanhia de uMa concubina

,

coM queM teve uM filho

,

que faleceu eM uMa época próxiMa do faleciMento de

s

anta

M

ônica

.

(43)

Depois dessas perdas, e já convertido, Santo Agostinho tornou-se sacerdote, e daí em diante contribuiu imensamente para estruturar a doutrina da Igreja.

Nesse processo viveu o que reconheceu como inúmeras recaídas. Seu amor pela Verdade era marcante, e nessa busca confrontava-a muitas vezes com sua própria existência. Numa declaração humilde e sincera, em seu livro “Confissões” (uma autobiografia) ele diz que incessantemente pedia:

“s

enhor

,

fazei

-

Me

casto

.”

No entanto, após longo tempo de reflexão meditando sobre sua própria vida, pôde reconhecer que, no fundo, seu coração sempre dizia, após pedir pela castidade “Mas, por favor, que não seja agora.”

(44)

Podemos, aqui, nos aproveitar dessa constatação franca do Santo para trazer luz sobre nossa própria vida.

- quantas vezes não agiMos taMbéM assiM,

“desperdiçando” nossas palavras bonitas eM orações extreMaMente Meticulosas, suplicando por uMa vida casta, seM que tenhaMos de fato aberto nosso coração a deixar que deus ali habite de fato e Molde o nosso ser conforMe sua vontade?

- tantas vezes, no fundo, nos iludiMos e cuMpriMos nossa obrigação de rezar, Mas jogaMospalavrasaoventoseMqueelassaiaM de onde parteM taMbéM nossos reais desejos, Medos e anseios – nosso coração?

Essa fala de Santo Agostinho também nos revela um pensamento comum em cada um de nós:

A PROCRASTINAÇÃO.

Esse eterno “deixar para amanhã” é um prato cheio para que nossos instintos egoístas nos corroam aos poucos e nos envolvam de tal modo que, diante de uma eventual constatação de nossa condição humilhante, tenhamos que percorrer um caminho muito mais longo de volta.

(45)

Lembremo-nos que a ideia de eternidade não pode ser para nós um “consolo” para que repitamos insistentemente os mesmos erros. Essa visão interesseira e acomodada com a misericórdia de Deus (ainda dá para pecar mais um pouco, até que um dia eu realmente conte com o perdão de Deus...) muitas vezes sustenta nosso marasmo espiritual e nos torna pessoas cada vez mais fracas e vulneráveis às nossas paixões mais degradantes.

Vejam que belíssimo trecho com o qual Santo Agostinho nos presenteia em seu livro “Confissões”:

Eu fui encarcerado não com o ferro de

uma cadeia, mas com o ferro de

minha própria vontade.

O inimigo tomou conta da minha vontade, e disso ele fez uma cadeia e me prendeu.

Como minha vontade era perversa, ela se transformou em luxúria, e a luxúria

rendeu-se em hábito, e

o hábito não deMorou a tornar

-

se uMa necessidade

.

(46)

Aqui o Santo nos adverte sobre essas “paixões do corpo”, que buscam se guiar por esse prazer sensível o tempo todo – uma vida totalmente predisposta à luxúria e a gula.

a

consequência dessa postura concupiscente é uMa vida totalMente desordenada

,

extreMaMente egoísta

,

e frágil

.

O homem que, aos poucos, se deixa dominar por essas paixões cotidianas fúteis e vazias, acreditando que está livremente caminhando por uma vida de prazeres, acaba por se tornar escravo deles, perdendo totalmente a sensibilidade para reconhecer o valor das coisas, e buscar aquilo que realmente importa – como diz São Paulo, as “coisas do alto”.

Aqui podemos traçar um paralelo entre o que diz Santo Agostinho e o que diz São Paulo:

“v

ocês estão Mortos

,

e vossa vida está escondida eM

c

risto

”.

Ambos os Santos, cada um a sua maneira, nos dizem que o processo de verdadeira realização pessoal está em descobrir a cada dia essa vocação

(47)

maior que nós temos para a graça, que é, em última e mais perfeita instância, a comunhão com o próprio Cristo, nossa vida.

Quando esse “apetite da alma” por salvação se apaga, crescem os “apetites do corpo” e, muitas vezes sem perceber, os jovens vão assuMindo uMa postura cada vez Mais aniMal

instintiva

,

insensível

,

e por vezes cruel e indigna

.

Santo Agostinho mesmo nos fala que temos uma condição existencial superior às outras criaturas pois, à imagem e semelhança de Deus, somos dotados de consciência, e que por isso somos capazes de reconhecer e renegar o mal, e buscar a graça.

Diante desse mundo de apelo constante e atrativos torpes que nos levarão cedo ou tarde à ruína (a gula nas suas mais diferentes formas, inclusive na vida sexual), a castidade surge como virtude moral fundamental para que o homem se mantenha consciente e forte o suficiente para dar uma “resposta de valor” nas suas circunstâncias:

aMar aquilo que é boM e cuidar da criação

,

e rejeitar aquilo que é Mal e leva à Morte

.

(48)

Diz assim o Santo, de maneira brilhante:

A castidade, com efeito, nos recolhe,

reconduzindo-nos à unidade que

perdemos quando

nos dispensaMos na Multiplicidade

.

Em posição uníssona com todos os santos, Agostinho de Hipona nos adverte – ainda que tenhamos uma vida desregrada, muitas vezes como ele mesmo teve,

seMpre haverá uMa

oportunidade de recoMeço

.

E a porta de entrada para esse caminho a ser retomado é a huMildade. Como o filho pródigo, em nossa vida experimentamos, vez ou outra,

(49)

essa vontade de rejeitar nossa condição filial e experimentar desordenadamente os sabores desse mundo.

Até que, quando estamos totalmente entregues e não nos resta mais nada, nem nossa dignidade, reconhecemos a condição humilhante de disputar farelo coM os porcos

.

Daí nasce a constatação que podemos encontrar perfeitamente nas falas de Santo Agostinho:

“o

que é iMpossível à natureza

,

é possível à graça

s

ó uM Meio

,

portanto

,

de recoMeçarMos seMpre

o retorno para o pai

.

Muitas vezes, em nossos delírios mais vaidosos e orgulhosos, queremos fugir da confissão e provar com nossas atitudes que podemos nos controlar, numa tentativa de demonstrar arrependimento por uma mudança espontânea.

(50)

a

confissão

,

enquanto sacraMento de reconciliação

,

é essa oportunidade única e inevitável de retoMar uMa possibilidade de salvação

.

Se pela natureza estamos sujos, pela graça podemos ser limpos e recomeçar, agora já sem culpas. Com Santo Agostinho, podemos reconhecer uma fórmula eficaz de santificação e de fortalecimento de nossas vantagens, já também constatada por São João Batista há tanto tempo – é preciso que eu diminua para que Ele cresça em mim.

Não haverá outro caminho para a vivência da castidade que não se deixar ser seduzido por essa força, que é a mais irresistível de todas aos olhares mais atentos – o amor de Cristo que nos envolve e nos preenche da maneira mais completa, nos devolvendo à nossa natureza, nos permitindo viver da maneira para a qual fomos criados.

Se ele é o princípio de tudo, só teremos verdadeira felicidade quando encontrar em nossas atitudes também o Cristo como único fim.

e

a castidade é

,

eM últiMa instância

,

a construção dessa hierarquia de valores que nos leva a querer

,

Mais do que tudo

,

a salvação

(51)

s

anto

a

fonso

M

aria de

l

igório é também

um doutor de nossa Igreja, e discorreu propriamente sobre esse tema em seu “Tratado da castidade”. São um compilado de preciosidades para aqueles que querem melhor viver essa virtude.

Este Santo nos revela, citando inclusive o que disseram muitos outros santos sobre o tema, que a castidade é a virtude que no faz mais puros, e nos aproxima, como diz Santo Efrém de uma realidade “semelhante a dos anjos”.

(52)

A castidade é, sem dúvidas, condição muito apreciada por Deus – escolheu a uma virgem para gerar o Cristo, e escolheu a um homem virgem para desposá-la. Entre os apóstolos, escolheu São João Evangelista (também virgem) para receber em casa sua mãe.

Da mesma forma, confia aos sacerdotes, em sua condição especial de castidade, a missão de sua igreja. Em sua obra, Santo Afonso esclarece alguns pontos importantes para a prática da caridade autêntica.

aqui nos diz santo afonso que uM duplo engano sobre eles:

Primeiro, viver de maneira escrupulosa – essa maneira meticulosa de viver pensando que tudo é pecado, acaba por tornar o homem refém de seus pensamentos, sem entender que, sem o consentimento, o surgimento inevitável de maus pensamentos inicialmente não caracteriza pecado em si.

(53)

Não podemos também achar, no entanto, que nossos maus pensamentos possam ser encarados cotidianamente como naturais, e que nunca serão um pecado. Quando damos espaço a esses pensamentos de maneira deliberada, já guardamos neles a malícia do ato, e isso nos fará mal, igualmente. Será também um prato cheio para cometer algum erro de fato.

e

sse priMeiro MoMento que nos incita a praticar o Mal

,

ao que o

s

anto chaMa

de sugestão

,

é crucial

.

Quantas vezes não achamos que, nesse momento, já há uma condição indigna que nos afasta instantaneamente de Deus? Pois bem, tomemos o exemplo de São Paulo. Quando muito tentado, implorou a Deus que lhe tirasse a tentação. E qual foi a resposta de Deus?

“PARA TI, BASTA A MINHA GRAÇA”.

EM OUTRAS PALAVRAS, NOS DIZ

SANTO ANTÃO QUE “PARA CADA

TENTAÇÃO A QUE SE OPUSERES

RESISTÊNCIA, SE TE DEVERÁ

UMA COROA”

(54)

Talvez isso tenha motivado São Bento a se tacar em uma moita de espinhos para controle de tentações da carne, ou motivado São Bernardo a se atirar em um lago gelado, ou ainda, feito São Tomás de Aquino ir contra uma prostituta arrumada por sua família com uma tocha na mão...

Da mesma forma,

São Francisco de Sales diz que:

Quando um ladrão procura

arrombar uma porta, é porque

ainda não entrou na casa; assim

também, quando o demônio tenta

uma alma,é porque se acha ela

ainda na graça de Deus.

Se, após essa tentação inicial, cedemos e nos deleitamos conscientemente com a ideia de cometer esse pecado, ou o cometemos de fato, estamos aí consentindo com ele, e aí sim, pecando.

(55)

Para aqueles que forem molestados por essas tentações, Santo Afonso nos revela dicas práticas

que nos permitirão fugir do mal (não para nossa surpresa, veja coMo são Muito seMelhantes ao que

falaMos anteriorMente):

1. h

uMilhar

-

se continuaMente Não confiar nas próprias forças

2. r

ecorrer iMediataMente a

d

eus diz o Santo que devemos recorrer

prontamente e invocar o nome de Jesus, Maria e José, poderosos para resistir a qualquer tentação do demônio;

3. r

ecepção assídua dos sacraMentos na confissão, “uma tentação revelada já está meio vencida” (São Felipe Neri). Na comunhão, somos totalmente

alimentados pela presença de Cristo.

4. f

uga da ociosidade

quanto menos ocioso, menos tempo para se perder em pensamentos indignos.

(56)

5. d

evoção à

i

Maculada

M

ãe de

d

eus natural entendermos que, para nos

mantermos castos, temos a força intercessora da Virgem das Virgens!

6. e

Mprego de todas as precauções exigidas pela prudência

aqui Santo Afonso enumera algumas práticas valiosas: a modéstia dos olhos, e a guarda do coração.

Diz São Francisco de Sales que

queM não quiser que o iniMigo penetre sua fortaleza

,

deve conservar a porta fechada

”.

Diz também Santo Agostinho que

do olhar nasceo pensaMento

,

e do pensaMento a concupiscência

”.

Aqui vemos como nossos sentidos podem nos trair, e como devemos nos manter alertas para não deixarmos que o mal entre em nossos corações por nossos olhos.

(57)

São Gregório nos diz, inclusive, que os olhos podem se tornar “ganchos para o inferno”, e que

se conteMplaMos uM objeto perigoso

,

coMeçaMos a querer o que antes não queríaMos

”.

SANTO AFONSO NÃO NOS

CONVIDA, NO ENTANTO,

A UMA VIDA “DE OLHAR

PARA BAIXO”.

Pelo contrário, ele nos convida a uma vida com olhar fixo naquilo que é belo e inspirador para o homem, causando efeito oposto aos maus olhares que lançamos cheios de cobiça muitas vezes às pessoas que nos cercam.

s

obre a guarda do coração

Nesse ponto Santo Afonso chama a atenção para guardarmos boas relações com as pessoas, renunciando a amizades temerárias e proximidades com pessoas que dirigem maus pensamentos a nós, ou que nos inspiram pensamentos inapropriados. Diz São Tomas de Aquino de maneira brilhante:

(58)

“p

odeMos resistir aos vícios ficando na ocasião

,

fazendo violência contra nós MesMos

;

Mas o vício contrário à pureza

,

poréM

,

podereMos vencer fugindo da ocasião e renunciando às

afeições perigosas

.”

“q

uanto Mais santas são as pessoas pelas quais sentiMos afeição particular

,

tanto Mais

deveMos nos acautelar

,

porque o alto apreço que fazeMos de sua virtude Mais nos estiMula

ainda a aMá

-

las

.”

Ainda sobre essas relações, São Tomás de Aquino nos diz sobre as amizades, ainda que santas, mas que podem ser armadilhas para nossos sentimentos:

(59)

Colocando essas palavras em outros termos, podemos entender que nossos sentimentos muitas vezes nos enganam, e mesmo com pessoas admiráveis e pelas quais sustentamos inicialmente boas intenções, podemos por alguma fraqueza desfigura-las e cair em tentação de, em algum momento, usá-las tão somente para nosso prazer.

Dessa forma, a pessoa prudente deve estar apta a fazer um exame de consciência na maneira como se relaciona com as pessoas.

t

oda vez que surgir uM MíniMo

MoviMento guiado por interesse

fútil

,

deveMos recorrer ao

afastaMento prudente e às

práticas de fortaleciMento

espiritual que enuMerei

,

sugeridas pelo

s

anto

.

(60)

1. Se entretêm em conversas inúteis

2. Ocorrências de olhares e louvores

múltiplos

3. Se desculpa faltas reciprocamente sem

buscar correções para não desagradar

4. Aparecimento de pequenos ciúmes

5. Sentimento de prazer pela gentileza

natural da pessoa amada, desejo de

correspondência da afeição, e não gostar

de que outros observem, ouçam ou falem

do seu relacionamento.

Ainda em seu Tratado, Santo Afonso enumera algumas situações que sugerem que nossas relações podem estar se tornando nocivas e

(61)

Muitas coisas ainda são faladas nesse incrível tratado sobre castidade criado por Santo Afonso. É uma leitura fundamental para qualquer jovem.

Mas sua mensagem geral é que, sem dúvida, a castidade é algo a ser experimentado com uma prática humilde e verdadeira diante de Deus, com uma postura cristã ativamente protetora da pureza, seja ao evitar situações de pecado, seja em não hesitar ao cair vez ou outra.

t

enhaMos a disposição de enfrentar o Mal

,

e esperança para recoMeçar quando

(62)

p

or fiM

,

Mas não Menos iMportante

,

você deve ter estranhado tantos lírios espalhados por esse livro sem que eu falasse naquele que primeiramente vem à sua mente quando os vê – São José.

Não podemos jamais nos esquecer desse homem, esposo castíssimo da Virgem Maria, também modelo perfeito de castidade. Ambos são para nós um modelo a ser seguido e uma força intercessora sem igual.

(63)

Podemos aprender dessa relação castíssima na Sagrada Família aquilo que queremos para nossa família, e a postura de São José deve ser inspiração para todo homem, especialmente aqueles que desejam ser esposos e pais.

p

ara refletir sobre

s

ão

j

osé

,

vou Me utilizar das palavras do

p

apa

f

rancisco por ocasião da abertura do ano de

2021

dedicado a este

s

anto hoMeM

.

PRIMEIRO, José é um pai protetor e obediente à vontade de Deus. Sabendo da condição de Maria grávida, quis deixá-la sem segredo para não a escandalizá-la.

Antes disso, é avisado pelo anjo que teria um lugar especial no plano de salvação da humanidade, e assim decide ficar.

Assim percebemos que a todo momento José renuncia às suas próprias expectativas, sua preconcepções, mas está sempre inclinado à escuta constante da necessidade dos seus, de sua família.

(64)

SEGUNDO, José é pai acolhedor – recebe Maria sem ressalvas.

Ainda que sua visão de casamento com Maria tenha sido totalmente modificada pela chegada de Jesus, ele não se desanima nem se amargura, mas acolhe e protege aqueles que lhe foram confiados. Mais ainda, José é pleno serviço. Ainda que sob ameaça de morte, por parte daqueles que procuravam achar e matar o menino Jesus, José se aventura e incessantemente se dispõe a guardar sua família, seja indo até Belém, seja fugindo para o Egito.

n

esse Modelo de hoMeM

deveriaM se inspirar todos os hoMens

,

e esse Modelo de esposo

deveriaM desejar todas as

(65)

Assim encerro esse guia, fazendo votos que você encontre nesse conteúdo a oportunidade

de reencontrar a alma dessa virtude, cuja forma é o amor.

Que essas palavras possam atingir seu coração de forma que, mais do que uma ideia, a castidade lhe pareça uma realidade

próxima, não pela força de sua vontade, mas pela grandeza do coração de Deus, que

generosamente concede a todos as graças necessárias para que vivam cada dia mais em

sua presença!

n

ão desaniMeMos

,

jovens

!

“Bem-aventurados os puros de coração,

porque verão a Deus”

(66)

q

ue nossa senhora te guie e

providencie as graças necessárias

para o seu propósito de

viver uMa vida

verdadeiraMente

Mais casta

.

(67)

sou Médico forMado pela Universidade Federal do

Estado do Rio de Janeiro – UniRio, minha residência foi na área que sempre amei na medicina: a área de ginecologia e obstetrícia. Foram anos de muito estudo e aprendizado no Instituto Fernandes Figueira. Hoje, já acumulo anos de experiência nessa especialidade e finalizei, recentemente, uma pós-graduação em medicina fetal.

Além de todos esses anos de estudo, carrego também muito aprendizado prático adquirido dentro dos principais hospitais da cidade. Toda essa experiência me permitiu perceber quais são as principais carências que a maioria das mulheres possui: ser olhada com atenção e obter informação de qualidade.

Por isso decidi me colocar a sua disposição, para te ajudar em seus anseios e mostrar um novo caminho para cuidar da sua saúde.

essaé aMinha Missão e

(68)

Referências

Documentos relacionados

A presente comunicação corresponde a uma leitura pessoal, tanto quanto possível analítica, da evolução do sistema nacional de avaliação do ensino superior, a partir da

Nos olhos, mais precisamente na mácula, a luteína e zeaxantina formam o Pigmento Macular (PM) que atua como um filtro de luz (solar e artificial), com pico de absorção de 460nm

thread corrente em estado de espera até que outra thread chame os métodos notify ou notifyAll liberando o

A implementação da pesquisa como prática de formação é difícil, mais pela concepção restrita dada à pesquisa pelas “comunidades científicas” do que pela

Visitantes não essenciais de fora da fazenda não devem ser permitidos na fazenda. Uma única entrada/saída da fazenda

No entanto, outros sociólogos defenderam uma visão contrária, de que a igreja jamais perderia sua relevância e, portanto, jamais desapareceria, porque a ciência é uma moral sem

gerenciamento do valor criado pela plataforma, o que depende do balanceamento das curvas de oferta (fornecedores) e curvas de demanda (consumidores). Conjugação das economias

Esta diferença é tão inegável, que existem, até, Constituições que dispõem taxativamente que a Constituição não poderá ser alterada de modo algum; noutras, consta que