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BRINQUEDO DE MIRITI E O DESENVOLVIMENTO LOCAL NO MUNICIPIO DE ABAETETUBAPA

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Academic year: 2019

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DOS RECURSOS NATURAIS E

DESENVOLVIMENTO LOCAL NA AMAZÔNIA

YNGRETH DA SILVA MORAES

BRINQUEDO DE MIRITI E O DESENVOLVIMENTO LOCAL NO MUNICIPIO DE ABAETETUBA/PA

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BRINQUEDO DE MIRITI E O DESENVOLVIMENTO LOCAL NO MUNICIPIO DE ABAETETUBA/PA

Dissertação apresentada para o Programa de Pós-graduação em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia.

Núcleo de Meio Ambiente, Universidade Federal do Pará.

Área de concentração: Gestão dos Recursos Naturais Orientador: Prof. Dr. Sérgio Cardoso de Moraes

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) – Biblioteca do Núcleo de Meio Ambiente da UFPA

Moraes, Yngreth da Silva.

Brinquedo de miriti e o desenvolvimento local no município de Abaetetuba/Pa/ Yngreth da Silva Moraes. - 2013

114 f.: il.; 30 cm

Orientador: Prof. Dr. Sergio Cardoso de Moraes.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Pará, Núcleo de Meio Ambiente, Pós–Graduação em Gestão dos Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia, Belém, 2013.

1. Desenvolvimento econômico.2. Buriti. 3 Brinquedos – Confecção. I. Moraes, Sérgio Cardoso de, orient. II. Título.

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BRINQUEDO DE MIRITI E O DESENVOLVIMENTO LOCAL NO MUNICIPIO DE ABAETETUBA/PA

Dissertação apresentada para o Programa de Pós-graduação em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia.

Núcleo de Meio Ambiente, Universidade Federal do Pará.

Área de concentração: Gestão dos Recursos Naturais

Defendido e aprovado em: _____/_____/_____ Conceito: _____________________

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________ Prof. Dr. Sérgio Cardoso de Moraes

Universidade Federal do Pará/Núcleo de Meio Ambiente/Programa de Pós-Graduação em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia (PPGEDAM)

Orientador

_________________________________________ Prof. Dr. Thomas Adalbert Mitschein

Universidade Federal do Pará/ Núcleo de Meio Ambiente (Avaliador Interno)

__________________________________________ Prof. Dr. Agenor Sarraf Pacheco

Universidade Federal do Pará/ Instituto de Ciências da Arte

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Ao Núcleo de Meio Ambiente (NUMA) da UFPA, ao Programa de Pós- Graduação em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na Amazônia (PPGEDAM), e às pessoas com quem convivi nesse espaço ao longo desses anos. A experiência de uma produção compartilhada na comunhão com amigos nesses espaços foram a melhor experiência da minha formação acadêmica.

Gostaria de agradecer ao meu orientador, o prof. Dr. Sérgio Cardoso de Moraes por todo o apoio e também por ter me ajudado durante todo o processo.

Ao professor Dr. Thomas Adalbert Mitschein, por seus ensinamentos, paciência e confiança ao longo do trabalho.

Ao coordenador do Curso, Professor Dr. Mario Vasconcellos, sempre solícito e compreensivo às nossas dificuldades.

Aos professores do programa que por aqui passaram e dividiram seu conhecimento conosco, multiplicação é isso.

Em especial à Renata Pamplona, que me pegou pela mão e levou a UFPA, para fazer a inscrição neste processo seletivo quando nem eu mesmo acreditava que queria.

À turma PPGEDAM 2011, aos meninos pela amizade, companheirismo e risadas e as meninas por tudo, em especial, “as maricotas” (Adriana, Andrea, Marcele, Nélia, Roberta e as Elis) com vocês as pausas entre um parágrafo e outro de produção melhorou tudo o que estava sendo produzido não só academicamente como também na vida.

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Rafael Vilar quem induziu-me a esse sonho que hoje se materializa, com quem eu adoro partilhar meus momentos e minhas experiências.

Diogo, dinheiro não pagará o que você fez por mim e por este trabalho, muito obrigada querido amigo, Dayanne pelo mesmo motivo, muito obrigado!

À minha família, por sua capacidade de acreditar em mim e investir em mim. Mãe, seu cuidado e dedicação foi que deram, em alguns momentos, a esperança para seguir.

Pai, sua presença significou segurança e certeza de que não estou sozinho nessa caminhada e assim ela se tornou mais leve, característica própria sua. Irmão a sua confiança me trouxe até aqui, foi o maior combustível da estrada.

Allan Candido, Hebert Nunes e Tatiana Carvalho, o que dizer? Meus cúmplices, companheiros com quem eu adoro dividir a vida. Muito Obrigada mais uma vez.

Andrea Barata e Adriana Dias – “A maneira de ajudar os outros é provar-lhes que eles são capazes de pensar” (Dom Hélder Câmara). Obrigada por estarem lá quando eu duvidei.

Às irmãs espirituais Lana e Cris, as orações de vocês foram sustento para o corpo e para alma.

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Este trabalho apresenta uma pesquisa acerca da atividade de produção sustentável dos brinquedos de miriti, entendendo-se o desenvolvimento sustentável como a maneira de alcançar um determinado crescimento econômico sem a degradação do meio ambiente e seus recursos naturais. Os brinquedos derivam da palmeira Mauritia flexuosa L. f. (miriti), tipicamente encontrada na região do baixo Tocantins, município de Abaetetuba-Pará, principal pólo de confecção deste brinquedo. Este estudo teve como objetivo analisar a apropriação e uso do Miriti e identificar como o Miriti tem contribuído para o desenvolvimento local e sustentável do município de Abaetetuba. O local não entendido apenas como uma conotação física, mas representação de um conjunto de relações: ecológica, espacial, social, cultural e econômica que conferem características individuais e diferenciam um local do outro. Utilizou-se a pesquisa bibliográfica e de campo como bases metodológicas para caracterizar o artesanato de miriti. As entrevistas foram realizadas, em duas associações – ASAMAB e MIRITONG, com 33 artesãos informantes e ainda o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), parceiras em projetos que envolvem o artesanato. Nos últimos anos a comercialização dos brinquedos de miriti vem ganhando maior expressividade, com ápice de produção em outubro, durante a festividade do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, porém se expandido para além deste período e do estado. Portanto, identificou-se um artesanato secular tipicamente amazônico, por conter em suas formas elementos representativos do cotidiano. Compreendendo-se as dimensões da sustentabilidade as quais expressam a condição real do artesanato e também a expressiva importância dos brinquedos de miriti uma vez que sua comercialização contribui para a geração de renda, qualidade de vida e cultura dos sujeitos envolvidos.

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ABSTRACT

This paper presents a survey about the activity of producing sustainable miriti toys understanding sustainable development as a way to achieve a certain economic growth without environment degradation and its natural resources. Toys derived from palm of

Mauritia flexuosa L. f. (miriti), typically found in the lower Tocantins, Abaetetuba city – Pará - pole of making this toy. This study aimed to analyze the appropriation and use of Miriti and identify how Miriti has contributed to a local development in Abaetetuba. The site not only understood as a physical connotation , but representation for a set of ecologic, spatial, social, cultural and economical than factors that confer individual characteristics that differentiate one from another site . We used the literature and field aiming at presenting the craft miriti. The interviews were conducted in two associations - ASAMAB and MIRITONG with 33 artisans informants and even the Brazilian Service of Support for Micro and Small Enterprises (SEBRAE) partner in projects involving crafts. In recent years the marketing of Miriti toys gaining greater expressiveness, with peak production in October, during the festivity of “Cirio de Nazare”, but expanded beyond this period and state. Therefore identified a secular craft typically Amazonian, which contain in their ways representative daily elements. Understanding the dimensions of sustainability which expression the actual condition of the craft and also the significant importance of Miriti toys once your marketing contributes to the generation of income, quality of life and culture of this people.

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LISTA DE ABREVIATURAS

ASAMAB - Associação dos Artesãos de Brinquedos de Miriti de Abaetetuba CAN – Centro Arquitetônico de Nazaré

CIFOR - Centro Internacional de Pesquisa Florestal IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica IDH - Índice de desenvolvimento humano

IUCN - Internacional Union Conservation of Nature

MIRITONG - Associação Arte Miriti de Abaetetuba ONG- Organização Não Governamental ONU - Organização das Nações Unidas PIB - Produto Interno Bruto.

PNB - Produto nacional bruto

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Fotografia 1. Frente da cidade de Abaetetuba. ...41

Fotografia 2. Feira livre em Abaetetuba...42

Fotografia 3. Fruto do Miriti...59

Fotografia 4. Artesão na atividade, com criança observando o ofício. ...64

Fotografia 5. Barco de brinquedo confeccionado em miriti por artesão, sendo este o modelo geralmente utilizado pelas crianças, para a confecção dos próprios brinquedos...67

Fotografia 6. Comercialização de brinquedos de miriti durante a Trasladação 2013. ...68

Fotografia 7. Pagadora de promessa com objeto feito em miriti...72

Fotografia 8. Brinquedo de miriti enquanto arte, como objeto decorativo...74

Fotografia 9. Folder do 10º MiritiFest...78

Fotografia 10. Feixes de buchas de miriti...83

Fotografia 11. O Girandeiro. ...88

Fotografia 12. Oficina seu Pirias. ...105

Fotografia 13. Detalhes da parede de Seu Pirias com visão, missão e valores. ...106

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Gráfico 1. Especialidades dos artesãos em brinquedos tradicionais... 96

Gráfico 2 .Formas de sustento...102

Gráfico 3. Especialidades dos artesãos em brinquedos “inovações”...103

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Quadro 1. Ocupação nos setores de atividades. ...27

Quadro 2. Posição na ocupação de trabalho. ...27

Quadro 3. Situação de unidades escolares em Abaetetuba...35

Quadro 4. Distribuição de informantes, entre representantes e artesãos. ...43

Quadro 5. Atuação do SEBRAE sobre os incentivos à valorização do miriti...45

Quadro 6. Associações e atuação das mesmas junto aos artesãos...45

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(16)

1 INTRODUÇÃO... 18

2 HIPÓTESE, OBJETIVOS E ÁREA DE ESTUDO ... 23

2.1 Hipótese ... 23

2.2 Objetivos ... 23

2.2.1 Geral ... 23

2.2.2 Específicos ... 23

2.3 Caracterização da área de estudo. O município de Abaetetuba- Capital Mundial do brinquedo de Miriti ... 23

2.3.1 População ... 25

2.3.2 Principais Atividades Econômicas ... 25

2.3.3 Ocupação ... 26

2.3.4 Emprego e Renda ... 28

2.3.5 Presença e Influencias de Grandes Projetos ... 28

2.3.6 Problemas Socioambientais ... 30

2.3.7 Capacidade Institucional Municipal na Área de Gestão Ambiental ... 34

2.3.8 Condições de Vida da População ... 35

2.3.9 Cultura e Turismo ... 37

3 METODOLOGIA ... 39

3.1 Delimitação da área de estudo ... 40

3.2 Coleta e analise de dados ... 42

3.3 Identificação e descrição dos elementos utilizados nas técnicas de pesquisas ... 44

4 QUADRO CONCEITUAL ... 47

4.1 Desenvolvimento Local ... 47

4.1.1 Desenvolvimento Sustentável – A sustentabilidade como fator do desenvolvimento local ... 51

4.2 O Miriti ... 56

4.2.1 O brinquedo de Miriti – A atividade ... 63

4.2.2 Do Pará ao Mercado exterior – A evolução dos brinquedos de miriti ... 66

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 80

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brinquedos ... 82

5.4 O brinquedo de Miriti como desenvolvimento local em Abaetetuba .... 89

5.4.1 Dimensão Ecológica ... 90

5.4.2 Dimensão Espacial... 92

5.4.3 Dimensão Social ... 93

5.4.4 Dimensão Cultural ... 95

5.4.5 Dimensão Econômica ... 98

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 109

REFERÊNCIAS... 112

ANEXOS... 115

ANEXO A – Questionário com os parceiros – SEBRAE ... 116

ANEXO B – Questionário com as associações ... 117 ANEXO C - Questionário com os artesãos ...

ANEXO D - Esquema de utilização do miriti ... ANEXO E - Esquema da cadeia produtiva do brinquedo de miriti ...

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1 INTRODUÇÃO

Na Amazônia, uma oficina de inúmeras possibilidades expressivas encontra-se o tempo inteiro ativada: a oficina da arte popular, onde o talento de inúmeros artistas anônimos é processado a cada dia, com os instrumentos que dispõem do lugar em que vivem. Em Abaetetuba, os artistas buscam em sua própria vivência a inspiração para criar, originando uma produção que acaba por retratar as diversas faces da cultura amazônica.

A criatividade do artista local não encontra limitações na geografia e na falta de recursos. A riqueza cultural faz com que eles transformem elementos da natureza, cores e paisagens, em arte. Assim o miriti se transforma em barcos, pássaros, cobras e muitas outras formas esculpidas e pintadas pelas mãos dos artistas de Abaeté, como a cidade é carinhosamente chamada, e os seus artesanatos sensibilizam com a singeleza e simplicidade características.

Loureiro (2005) caracteriza a cultura amazônica como uma “diversidade diversa”, graças à variedade cultural que compõe o espaço amazônico e identifica o caboclo amazônida. De norte a sul, de leste a oeste, as expressões artístico-culturais da região são carregadas de signos e símbolos do cotidiano, a exemplo das lendas do boto e da cobra grande, entre tantas outras contadas e recontadas em cada canto deste lugar.

Homens e mulheres amazônidas − caboclos ribeirinhos1, constroem e reconstroem dia a dia suas vidas. Eles convivem numa relação direta com todos os elementos participantes da natureza, produzem sua subsistência. Extraem da mata e do rio o alimento para o sustento de suas famílias; a matéria-prima para a construção das moradias e dos principais meios de transporte − canoas e barcos − bem como dos remédios para a cura das doenças; e, ainda, a inspiração para a criação artístico-cultural que se expressa através da música, do teatro, da dança, da poesia, do artesanato, dos brinquedos, enfim, de muitas formas simbólicas de expressão.

Nos estados amazônicos, cujos habitantes mantêm uma forte relação de dependência com os recursos naturais, Mauritia flexuosa L. f. (Arecaceae) é uma palmeira de destaque na cultura regional, especificamente empregada na alimentação, construção de casas e confecção de utensílios de trabalho e artesanato. Popularmente, é conhecida como ‘miriti’ ou ‘buriti’. Seus frutos são consumidos in natura ou em forma de sucos, mingaus, sorvetes e

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doces (BALICK, 1986). Utilizadas na cobertura de casas, suas folhas são amplamente exploradas para a produção de cestarias e brinquedos, confeccionados pelos artesãos locais e admirados por sua beleza e originalidade (SANTOS et al., 2005; CYNERYS; FERNANDES; RIGEAMONTE, 2005). A maioria dos artesãos envolvidos nessas atividades encontra-se no município de Abaetetuba (Pará), onde os miritizais são abundantes.

Em estudo etnobotânico sobre M. flexuosa L. f. neste município, Santos (2009) identificou 26 artefatos manufaturados a partir de suas folhas, entre os quais se destacaram os paneiros e os brinquedos, cuja comercialização nos dias atuais garante renda a muitas famílias.

Conhecido como “isopor natural” da Amazônia, a fibra de miriti é a base de sustento de muitas famílias e, além de ser um produto de alto valor agregado, sua utilização não agride o meio ambiente, é biodegradável. Da sua árvore tudo se aproveita, desde o fruto utilizado na culinária às palmeiras que servem para cobertura de casas, o que mostra que o miriti é uma árvore providencial na vida do homem ribeirinho, que mistura o lúdico com a necessidade de sobrevivência de suas famílias.

A realidade de muitas pessoas que vivem da produção artesanal se faz cada vez mais presente na medida em que crescem os apoios institucionais para o incentivo dessa atividade.

O brinquedo de miriti representa um dos símbolos de maior destaque na mais importante manifestação religiosa e patrimônio cultural do Estado: o Círio de Nazaré. Com o Círio, o artesanato em miriti de Abaetetuba se transformou em uma das marcas de atração do Estado do Pará. Além da procissão de domingo, o Círio congrega várias outras manifestações culturais e de devoção religiosa, tais como: a trasladação, a romaria fluvial, o arraial, o comércio de brinquedos de miriti e diversas outras peregrinações, romarias e festejos que ocorrem na quadra nazarena nas quais sempre encontra-se o brinquedo.

Assim, Loureiro (1995, p. 388) reafirma que “o caráter lúdico convive com a beleza [...]”, expressando que o brinquedo de miriti extrapola a fase da infância, encantando adolescentes, jovens, adultos, ganha vida e utilidade de acordo com o desejo de cada um.

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O município tem como principal fonte de renda o comércio, além da agricultura, da pecuária e do extrativismo, notadamente de madeira, fibras, palmito e frutos de açaí e miriti (IBGE, 2010). Historicamente, este município é reconhecido pelas várias mudanças que ocorreram em sua economia. No decorrer dessas transformações, na época dos grandes canaviais e valorizados engenhos que caracterizavam a paisagem das ilhas, Abaetetuba foi conhecida como a ‘terra da cachaça’. Assim como mais tarde foi chamada de ‘terra das cestarias’, tendo em vista a grande produção de cestas (‘paneiros’) confeccionadas pelos ribeirinhos locais. Hoje, o município é designado como ‘terra dos brinquedos de miriti’. Importante ressaltar que as mudanças ocorridas ao longo dos anos e que denotam as particularidades de Abaetetuba, são atividades que ocorreram principalmente nas ilhas, diferentemente dos brinquedos.

Atualmente, a relevância do brinquedo de miriti é tanta, que a cidade ganhou a alcunha de “capital mundial do brinquedo de miriti”. Esta denominação se encontra no portal de entrada da cidade, inaugurado em 6 de junho de 2008. Um sinal claro de que, mesmo sendo utilizado tradicionalmente pelas comunidades ribeirinhas, o brinquedo também é feito na zona urbana de Abaetetuba, ainda que no centro urbano o brinquedo assuma uma importância maior no aspecto da comercialização.

Estratégias de organização conjunta da produção e comercialização dos brinquedos entre os produtores do baixo Tocantins pode se tornar uma grande vantagem para os mesmos, no sentido de lhes garantir melhores condições de competitividade para o seu produto e, principalmente, melhores condições de inclusão social e cidadania.

Dependendo da forma como se obtém o fruto nas áreas de várzea no baixo Tocantins, podemos identificar vários tipos de trabalhadores rurais que vivem da produção, extração ou comercialização do miriti, como por exemplo: o ribeirinho independente, o atravessador; o trabalhador cooperado (podendo ser um ribeirinho ou não), o artesão dentre outros. Feitos só no Pará, o artesanato de miriti é base de sustento de centenas de abaetetubenses.

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torno do artesanato de miriti despertou o interesse de gerações mais novas que se uniram e fundaram, em dezembro de 2005, a Associação Arte Miriti de Abaetetuba (Miritong), desenvolvendo novos produtos e novas atividades

A década de 1970 que teve como marco as discussões ambientais desencadeou uma série de ações que culminaram, entre outras, na formação de Organizações Não Governamentais (ONG’s) e políticas ambientalistas. Além disso, possibilitou à sociedade civil, perceber o preço que seria pago pelo crescimento desenfreado em que o mundo encontrava-se. Nesse contexto, surgem as alternativas em prol de um desenvolvimento sócio-econômico sustentável.

Dentre as diversas alternativas, destaca-se a desenvolvimento local e sustentável por ser entendida como a proposta que desenvolve a economia e respeita as limitações do meio ambiente. Ao dar esta visão à sustentabilidade, o autor Ignacy Sachs deixa escancarado que se deve ter uma visão dos problemas da sociedade, e não focar apenas na gestão dos recursos naturais. É pensar em algo muito mais profundo, que visa uma verdadeira metamorfose do modelo civilizatório atual, para ele cinco são as dimensões para que se alcance a sustentabilidade (social, econômico, ambiental, cultural e espacial).

Nesse sentido esta pesquisa tem como objetivo analisar a importância dos brinquedos de miriti para o desenvolvimento local do município de Abaetetuba, e para isto, usou-se como base as cinco dimensões de uma atividade sustentável descritas por Sachs.

Diante do exposto, é notória a importância do manuseio e uso do miriti no cotidiano abaetetubense como expressão artística, fonte alimentícia e de renda e a expressividade cultural desta palmeira, como parte integrante da identidade desse povo, instiga-nos a investigar a hipótese desse trabalho; o brinquedo de miriti enquanto produto regional, passando a ter grande importância, favorece mudanças no nível local, ajudando assim no desenvolvimento local do município de Abaetetuba.

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exemplificam os valores agregados ao artesanato no decorrer dos anos até o momento que ele se torna lei.

Na última parte desta dissertação procura-se responder aos questionamentos deste estudo e concretizar os objetivos propostos. Para isso desenvolveu-se duas seções denominadas: “Uso e apropriação do miriti, da fabricação à comercialização dos brinquedos e o brinquedo de miriti como desenvolvimento local em Abaetetuba” relacionadas diretamente com os objetivos propostos. No último ponto, cruzando com as dimensões de sustentabilidade propostas por Sachs, tendo cada dimensão como subseção.

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2 HIPÓTESES, OBJETIVOS E ÁREA DE ESTUDO

2.1 Hipótese

Este trabalho traz a seguinte hipótese como norteadora deste trabalho: “O brinquedo de miriti enquanto produto regional, ao assumir grande importância e por seu caráter sustentável, favorece mudanças no nível local e ajuda no desenvolvimento local do município de Abaetetuba”.

2.2 Objetivos

A fim de ratificar o argumento trazido na hipótese, tem-se como objetivos dessa pesquisa.

2.2.1 Geral

Analisar a importância dos brinquedos de miriti para o desenvolvimento local e sustentável do município de Abaetetuba.

2.2.2 Especifico

• Analisar o uso e apropriação do Miriti na fabricação dos brinquedos;

• Identificar como os Brinquedos de Miriti têm contribuído para o desenvolvimento local do município de Abaetetuba.

2.3 Caracterização da área de estudo - Abaetetuba a capital mundial do brinquedo de miriti

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essa divisão foi feita pela paróquia de Abaeté para que podessem facilitar o trabalho de evangelização.

Mapa 1: Localização do Município de Abaetetuba

Fonte: Google Earth, 2013, adaptado pela autora.

O distrito de Beja foi o berço da colonização de Abaetetuba. Por volta de 1635, padres capuchos vindos do Convento do Una em Belém, após percorrerem os rios da região, juntaram-se a uma aldeia de tribos nômades. O aglomerado foi chamado de Samaúma e depois batizado de Beja pelo governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado, embora Francisco de Azevedo Monteiro seja considerado no imaginário popular, o fundador, pois chegou para tomar posse desse território como proprietário de uma sesmaria. Na beira do rio Maratauíra, num local protegido das marés pela ilha de Sirituba e nas proximidades do sítio Campompema e da Ilha da Pacoca, fundou um pequeno povoado, em 1724.

O município de Abaetetuba foi desmembrado do território da capital do Estado em 1880 e atualmente é composto pelos distritos de Abaetetuba (sede) e Beja. Abaetetuba

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2.3.1 População

O Município de Abaeté possui uma população total de 141.100 habitantes (IBGE). Apesar de ser uma das áreas de ocupação mais antigas demograficamente, a cidade teve um crescimento associado a implantação de grandes projetos industriais como é o caso da Albrás –Alunorte.

Apresenta um grande crescimento em população tanto na população da cidade como a do campo. Na situação de domicílios: urbana tem-se 83.248 e na rural 57.852.

Em sua maioria trata-se de uma população jovem, há uma maior concentração de mulheres, principalmente na fase adulta, e ativa.

2.3.2 Principais atividades econômicas

Cidade pólo de uma região que abrange os municípios de Moju, Igarapé-Miri e Barcarena (somando uma população de mais de 350 mil habitantes), Abaetetuba é a sexta maior cidade do estado e atualmente passa por um momento de crescimento econômico acelerado, principalmente nos ramos do comércio e serviços. A cidade proporciona fácil acesso aos Portos de Belém, Vila do Conde e ao sul do Pará, além da proximidade do Pólo Industrial na Vila dos Cabanos que fica a 30 km. Diversas empresas estão se instalando no município, aproveitando também a grande rede de serviços da cidade, fato refletido no PIB municipal, que triplicou em quatro anos.

A atividade econômica predominante no município é o setor terciário (comércio e serviços), que conta com uma ampla rede de estabelecimentos das mais diversas atividades.

A atividade industrial tem pequena participação na economia abaetetubense, porém vem apresentando grande crescimento nos últimos anos, sobretudo nos ramos alimentício e de beneficiamento de produtos agro-florestais. De um modo geral as indústrias da cidade são de médio e pequeno portes, e distribuem, principalmente nos ramos de bebidas, moveleiro, madeireiro, e oleiro-cerâmico. A cidade conta também com metalúrgicas e estaleiros, estes famosos pela primorosa carpintaria naval.

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O município destaca-se como o 2º maior produtor de açaí do Pará, como 3º maior produtor de bacuri e cupuaçu, e como o maior produtor de manga do estado. Outras culturas também marcam fortemente a cadeia vegetal abaetetubense, como mandioca, coco, miriti e bacaba, que apresentam grande produção.

O município de Abaetetuba tem na produção de lenha e extração da madeira em tora sua principal atividade de extrativismo vegetal, esta produção tem registrado variação positiva nos últimos anos.

Na pecuária, o município conta com bovinos, suínos e caprinos, além de possuir um abatedouro público. Destacando-se a avicultura (codornas, galos, frangos, frangas e pintos). Outras criações também são existentes porém não possuem produções expressivas, o que indica a sua utilização para fins familiares. Na piscicultura o município caracteriza-se como pólo pesqueiro do estado, apresentando grande produção de camarão.

2.3.3 Ocupação

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Quadro 1. Ocupação nos setores de atividades.

Setores de atividades População Participação

(%)

Extrativa mineral/agricultura 11.334 28,54

Indústria 6.278 15,81

Construção 1.612 4,06

Comércio 7.510 18,91

Serviços 2.920 7,35

Administração Pública 1.184 2,98

Educação 2.779 7,00

Saúde e serviços sociais 351 0,88

Outros serviços sociais coletivos 880 2,22

Serviços domésticos 2.099 5.29

Intermediações financeiras 1.007 2,54

Atividades mal definidas 1.752 4,41

FONTE: FIBGE

ELABORAÇÃO: Equipe de consultoria Quadro 2. Posição na ocupação de trabalho.

Posição na ocupação do trabalho População Participação

(%)

Empregados assalariados do setor público 3.248 8,18

Empregados assalariados do setor privado 15.217 38,32

Com carteira de trabalho assinada 3.658 24,04

Sem carteira de trabalho assinada 11.599 75,96

Empregadores 545 1,37

Conta própria 14.101 35,51

Não remun. em ajuda a membro do domicilio 4.420 11,13

Trabalhadores na produção para próprio consumo 2.176 5,48 FONTE: FIBGE

ELABORAÇÃO: Equipe de consultoria

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A segunda maior expressividade é decorrente dos que trabalham na condição de conta própria com 35,51% seguido-se os que trabalham na condição de não remunerados em ajuda a membros do domicilio 11,13% e dos que trabalham na produção para o próprio consumo 5,48%. Os empregadores aparecem como o grupo de menor expressão com uma participação de 1,37%.

2.3.4 Emprego e Renda

O desemprego coexiste com a falta de trabalhadores qualificados para preencher vagas em determinados setores e funções.

Jovens vão em busca do primeiro emprego sem experiência nem treinamento adequado. Trabalhadores dispensados pela indústria não têm as aptidões requeridas para se empregar no comércio e em serviços. Fazer convênios com entidades da sociedade para promover a profissionalização de jovens e adultos deficientes e encaminhá-los ao mercado de trabalho.

Estabelecer uma política de incentivos fiscais para atrair a instalação de empresas em Abaetetuba, para que assim possa se buscar desenvolvimento de renda para o município.

Conciliar as atividades produtivas com a preservação do meio ambiente também pode ser um grande destaque para o município uma vez que muito se fala em desenvolvimento local com recursos financeiros aliados a preservação do meio ambiente. E se tratando de uma localidade que tem associado ao seu nome um artesanato fabricado com a matéria prima de uma palmeira estabelecer esta relação torna-se essencial para que ambas as partes sejam beneficiadas.

2.3.5 Presença e Influência de Grandes Projetos

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a) O complexo Álbrás-Alunorte, pode-se identificar o uso de tecnologias intensivas em capital. Externalizava os territórios produtivos das municipalidades, à medida que não absorveram a população de seu entorno e nem agregaram valor à localidade, considerados, pois enclaves, produzindo efeitos longe dos prometidos quando se adotou o modelo de desenvolvimento regional polarizado;

b) Alça Viária do Pará, complexo de pontes e estradas que totalizam mais de 74Km de rodovias e 4,5 Km de pontes, construída para integrar a Região Metropolitana de Belém;

c) Programa destinado à expansão do cultivo do dendê (óleo de palma) nas áreas degradadas da Amazônia com a implicação parcial da agricultura familiar e na perspectiva de produção de biodiesel.

As externalidades começam a acontecer no 1º ponto quando o desenvolvimento não se propaga de forma igualitária, pois não envolve o todo simultaneamente concentrando-se em certos pontos (regiões) e difundindo-concentrando-se a partir desconcentrando-ses pólos para as circunvizinhanças, o problema é que nem todos os municípios vizinhos tiveram resultados positivos, ocorreu um processo de proletarização e assentamentos informais, assim o intenso êxodo rural gerou conseqüências no município de Abaetetuba, com tantas famílias que tiveram que abandonar suas moradias.

No ponto 2, nota-se a externalidades por meio de uma nova ligação que a capital passa a ter com outros municípios, e ainda com esta nova rota cresce a possibilidade de novos negócios para estas regiões, Abaetetuba é beneficiada uma vez que a viagem com destino a capital passa a ter apenas 2h e não é feita mais apenas por barcos.

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2.3.6 Problemas Socioambientais.

A maioria das cidades tem se desenvolvido de forma desordenada2 e o problema está em apresentarem problemas de caráter social e ambiental, boa parte desses problemas encontra-se vinculado há vários outros problemas e também a uma má distribuição de renda e contradições sociais, dentre estes apresentaremos em seguida alguns encontrados no município de Abaetetuba.

Uso da Terra e Renovação da Cobertura Vegetal

Muitos Abaetetubenses moram precariamente em invasões, áreas de alto risco, como encostas e margens de rios, rodovias, e loteamentos irregulares. Alguns dos principais problemas urbanos de Abaetetuba estão relacionados à degradação do meio ambiente – ilhas de calor, poluição do ar, sonora e visual, baixo índice de áreas verdes, ocupação desordenada de mananciais, entre outros.

Precisa-se destacar também a importância do miriti para algumas áreas, este acabou também por contribuir de forma direta para o povoamento e desenvolvimento de alguns bairros, como o de São Sebastião, com a construção das pontes nas áreas de baixadas.

As necessidades habitacionais do município de Abaetetuba se caracterizam como déficit e inadequação. Déficit é a deficiência de estoque de moradia e se compõe de déficit por reposição de estoque e por incremento de estoque. A Inadequação é quando os domicílios não proporcionam a seus moradores condições desejáveis de habitabilidade e pode ocorrer por carência de infra-estrutura, adensamento excessivo, problemas fundiários, alto grau de depreciação ou falta de banheiro privado.

A inadequação é bem mais excessiva que o déficit e a principal e mais freqüente razão de inadequação é a carência de infraestrutura (coleta de lixo domiciliar, abastecimento de água potável, esgotamento sanitário e energia elétrica) vindo respectivamente à ausência de banheiros privativos familiares, adensamento excessivo e inadequação fundiária.

É perfeitamente perceptível que o problema habitacional no município de Abaetetuba, assim como no resto do país, vai muito além do déficit. Acrescenta-se à falta de

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habitações, as precárias condições de habitabilidade em grande parte dos domicílios permanentes existentes.

A questão do desenvolvimento urbano deve ser considerada em função da região. Algumas questões estão sendo tratadas no âmbito municipal, entretanto devem ser consideradas de âmbito regional.

Ações no âmbito municipal:

• ZONEAMENTO URBANO – adequação do zoneamento urbano à ocupação e uso que permitam o desenvolvimento integrado da cidade, com atenção especial para as áreas de expansão, sobretudo nos eixos das PA’s.

• GESTÃO DE SOLO URBANO – reestruturação da gestão do solo urbano, qualificando ações de fiscalização e decisão, criando mecanismos de participação da sociedade.

Acesso/Transporte

A oferta de bens de consumo e serviços básicos são funções de importância cabal para o atendimento das necessidades econômicas e sociais dos habitantes locais; serviços como: médicos-hospitalares, educacionais, informação, comércio e bancos.

Porém, um grande problema vem crescendo cada dia mais no município; a excessiva dependência econômica, social e cultural dos bairros em relação à região central da cidade deixou o centro saturado e uma imensidão de bairros-dormitório segregados, deficientes de serviços, sem vida própria nem pontos de encontro para os moradores.

A atividade econômica não seguiu a expansão das áreas residenciais para longe do centro, aumenta a dificuldade dos moradores das áreas novas, para conseguir emprego na própria região, fazendo-os gastar mais tempo e dinheiro com transporte, e até mesmo a educação fica comprometida, os alunos, por vezes, não dispõem de recursos financeiros para pagar a condução e ficam na dependência de ônibus que na cidade é inexistente.

Lixo e Resíduos Sólidos

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percentual situa-se um pouco abaixo da média de atendimento no Estado que é de 53,44% dos domicílios. O restante que não tinha acesso a esse tipo de serviço, enterrava, queimava ou jogava o lixo em terrenos baldios localizados próximos aos domicílios ou, até mesmo, em rios e igarapés, trazendo riscos à saúde dessa população. Dificilmente são encontradas estatísticas sobre o volume de lixo coletado, na ausência desse dado no município de Abaetetuba, a equipe utilizou a seguinte metodologia, considerou o indicador universamente aceito de produção diária de 600 gramas de lixo doméstico por pessoa, e considerando que a população atendida pela coleta domiciliar no município pode ser obtida, multiplicando-se o total de residências beneficiadas pelo serviço, pelo número de habitantes por domicilio, chega-se a um volume aproximado de 1.127 toneladas recolhidas mensalmente.

Solos

Predominam no município o Latossolo Amarelo distrófico, textura média, associado ao Podzol Hidromórfico e Solos Concrecionários Lateríticos Indiscriminados distróficos, textura indiscriminada, em relevo plano. Nas ilhas, acham-se presentes, em manchas, os solos Gleys eutróficos e distróficos e Aluviais eutróficos e distróficos, textura indiscriminada.

Vegetação

A composição e estrutura da vegetação nativa adaptadas a um solo de baixa fertilidade e regime de marés são também caracterizadas por número limitado de espécies.

Denominada de floresta oligárquica esta vegetação de várzea é muito útil aos ribeirinhos (HIRAOKA, 1993). Esse tipo de floresta apresenta uma vegetação característica, com espécies ombrófilas latifoliadas, intercaladas com palmeiras, dentre as quais despontam o açaí (Euterpe oleracea Mart.) e o miriti (Mauritia flexuosa L.f.), de grande importância para as populações locais.

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patuazeiros, bacabeiras, ananinzeiros, piquiazeiros, castanheiras, uxizeiros, marizeiros, entre outros.

Patrimônio Natural

A alteração da cobertura vegetal, observada em imagens de satélite LANDSAT-TM, somou 88,40%. Os acidentes geográficos mais importantes são os rios Pará, Abaeté (com uma pequena cachoeira com esse nome), Jarumã, Arapiranga de Beja, Arienga, Itanambuca e Itacuruçá. O Município contém cerca de setenta e seis ilhas, com destaque para as ilhas do Capim (com 944,7 ha), Sirituba e Campopema. A praia de Beja é considerada a mais bonita e atrativa do Município.

Topografia

Os acidentes topográficos do Município são inexpressivos, com terrenos localizados na margem direita do trecho baixo do rio Tocantins, com cotas que oscilam entre 5 a 20 metros.

Geologia e Relevo

Constituídos por terrenos sedimentares do Terciário (Formação Barreiras) e do Quaternário Antigo e Recente, a estrutura geológica de Abaetetuba reflete, não só em sua porção continental, mas, também, na insular, grande simplicidade nas suas formas de relevo. Apresenta, ora amplos tabuleiros pediplanados, que formam os terrenos mais recentes, inseridos na unidade morfoestrutural do Planalto Rebaixado do Baixo Amazonas.

Hidrografia

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(RODRIGUES, 2005); pela margem esquerda os rios Tucumanduba, Quianduba, Maracapuai, Arumanduba, Paranjó e Caripetuba.

Importante, também, é o rio Abaeté que banha a sede do Município e deságua na baía do Capim. Outros rios que deságuam na baía do Capim são: Guajará de Beja, Arapiranga de Beja e o Arienga, este último fazendo limite com Barcarena, a nordeste. Município de Abaetetuba.

Destaca-se, ainda, o rio Itanambuca, que serve de limite natural, a sudoeste, com o município de Igarapé-Miri.

O município de Abaetetuba é um verdadeiro arquipélago, formando a “Zona das Ilhas”, das quais, segundo Rodrigues (2005), são as mais importantes: Capim, Sirituba, Campompema, Paçoca, Cururu, São Bento, São Francisco, Santo Antônio e Coelho.

Clima

O clima no município de Abaetetuba é do tipo Am, segundo a classificação de Köppen, que corresponde à categoria de super úmido. Apresenta altas temperaturas, inexpressiva amplitude térmica, e precipitações. O predomínio deste tipo de clima favorece as condições ideais para o desenvolvimento do miritizeiro.

2.3.7 Capacidade Institucional Municipal na Área de Gestão Ambiental

Abaetetuba dispõe de uma secretaria de Meio Ambiente, porém quando procurada para esclarecer qualquer que seja a situação ou tirar qualquer duvida, ninguém sabe informar ao certo a quem devemos nos reportar. O próprio site da prefeitura não dispõe de nenhuma informação em relação a atual secretaria.

Existem em vigor no município atualmente duas leis em relação ao meio ambiente, são elas:

a) Dispõe sobre a coleta seletiva e triagem do lixo no município de Abaetetuba.

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2.3.8 Condições de Vida da População

Educação

O município necessita de construção de creches e pré-escola, melhoria na qualidade do ensino.

A educação infantil é um dos principais pilares do processo de desenvolvimento das crianças. Deixar de priorizá-la é desperdiçar um imenso potencial humano. Faltam investimentos no ensino fundamental. A ausência de espaços escolares que valorizem o lúdico, como brinquedotecas e a falta de merenda escolar nas escolas de ensino básico, são segundo o IBGE algumas das principais reclamações em relação a unidades escolares existentes hoje no município (quadro 3).

Quadro 3. Situação de unidades escolares em Abaetetuba.

Unidades escolares Quantidade Matriculas por série

Pré – escola 156 6.254

Fundamental 189 31.379

Médio 18 7.201

Superior3 06 Sem dados

Fonte: IBGE, 2010, adaptado pela autora.

Desenvolver mais políticas especifica para ampliar as oportunidades de participação e reduzir a vulnerabilidade dos adolescentes; implementar políticas públicas de qualificação e geração de emprego e renda, oferecendo cursos profissionalizantes articulados com a conclusão do ensino fundamental e do acesso ao ensino médio, sintonizados com o mundo de trabalho da região, preparando os adolescentes para o primeiro emprego, o empreendedorismo e a sua realização profissional.

Neste sentido Silva (2012), chama atenção para o fato de que:

[...] as oficinas de confecção de brinquedos de miriti são espaços de aprendizagem onde circulam saberes e fazeres que são compartilhados entre todos que participam deste espaço, da criança ao idoso. E não somente nas oficinas, mas, também, em outros espaços como no “Centro de Cultura e Artesanato de Miriti” e nas feiras de

3

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comercialização onde circula o brinquedo de miriti e, com ele, as pessoas interagem entre si, trocam experiências e se educam (SILVA, 2012, p.139).

Chama-se atenção pelo fato de ver nesta atividade não somente a vida profissional do jovem, porém também o conhecimento apreendido dos mais experientes em relação a técnicas e conhecimentos de vida.

Poucas são as discussões em relação a apoio ao estudante, muitos reclamam que a ajuda podia ser dada de forma pequena, como com o asfaltamento de ruas que ligam às escolas, ou até mesmo com transporte coletivo, visto que a cidade atende demanda da sede, da região das ilhas, da estrada ou sítios e de municípios arredores.

Saúde/Saneamento.

Para serviços hospitalares o município conta com: 44 unidades municipais e 13 privados. A falta de acesso a serviços públicos básicos, como água encanada, esgoto e coleta de lixo – determinantes para as condições de saúde de qualquer indivíduo, aliada à desestruturação e a baixa taxa de serviços de saúde de Abaetetuba contribuem para o índice de adoecimento.

Não há programas e políticas específicas para grupos populacionais mais vulneráveis, como crianças, grávidas e idosos e os moradores da região das ilhas.

A prefeitura de Abaetetuba é historicamente responsável pelos sistemas de lixo que por sua peculiaridade topográficas, geológicas, socioeconômicas e climáticas tem soluções complexas.

Torna-se fundamental conceber de forma integrada, sistemas de abastecimento de água, esgoto sanitários, limpeza urbana (lixo) e manejo das águas pluviais (drenagem urbana), com objetivo da real recuperação das áreas alagadas / degradadas, como é o caso das baixadas.

Desigualdade e Vulnerabilidade Social

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para amenizar problemas como o trabalho infantil, a violência contra mulheres, crianças e adolescentes, o abandono de idosos, a fome e a violência em geral.

A maioria das vítimas e autores de homicídios são homens, entre 18 anos e 26 anos, sem antecedentes criminais, com primeiro grau incompleto. Também é jovem a maioria esmagadora dos autores de roubo (assalto a mão armada). A maior parte dos assassinatos ocorre em locais mais afastados, principalmente nos mais carentes de infraestrutura e serviços públicos, onde se concentrou o crescimento da cidade nos últimos anos. A impunidade perpetua o ciclo vicioso de morte-retaliação.

Grande parte dos bairros não conhece nenhuma infra-estrutura para esporte, cultura e lazer, deixando muitas pessoas sem alternativas e praticamente sem apoio do poder público. Também na região das ilhas e nos ramais faltam oportunidades de esporte, cultura e lazer, o que poderia ser visto como uma alternativa para tirar essas crianças e adolescentes das ruas, oferecendo a eles um bairro com mais qualidade de vida e no qual eles tivessem entretenimento e atividades a desenvolver.

Multiplicar as ruas e praças de lazer, dando a elas iluminação adequada e segurança nos finais de semana, organizando-as como um ponto de encontro e um espaço adaptado às necessidades de cada comunidade revela-se como o mínimo a ser feito por tais comunidades.

2.3.9 Cultura e Turismo

Abaetetuba é um município tradicional em vários aspectos da vida social, cultural, econômica, política. Precisa retomar a sua luta em favor do seu desenvolvimento, apresentar para o Pará, o Brasil e o Mundo as suas potencialidades, as capacidades de seu povo em produzir cultura, artesanato, suas belezas naturais, sua história de conquistas e respeito, sua gente alegre e hospitaleira, sua vocação incontestável para o comércio como poucos municípios do Estado do Pará. É preciso remover para longe o rotulo de o município dos escalpelados, da menina presa com 20 homens na delegacia de policia local, enfim de tudo aquilo que afeta a dignidade de homens e mulheres que amam e trabalham por esta querida terra, para tanto torna-se necessário algumas ações de governo.

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3 METODOLOGIA

Para detalhar esta busca de entendimento, o estudo apoiar-se-á numa pesquisa do tipo qualitativa com elementos etnográficos, por enfatizar o objeto de estudo, brinquedos de miriti, como produto da cultura local a partir das experiências práticas dos sujeitos em seus ambientes socioculturais. Neste sentido, os elementos que caracterizam e norteiam a pesquisa qualitativa nos possibilitaram desenvolver, nesta dissertação, o tipo de análise pretendida acerca do objeto de estudo.

A expressão "pesquisa qualitativa" assume diferentes significados no campo das ciências sociais. Compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam descrever e a decodificar os componentes de um sistema complexo de significados. Godoy (1995, p. 62) ressalta a diversidade existente entre os trabalhos qualitativos e enumera um conjunto de características essenciais capazes de identificar uma pesquisa desse tipo, a saber: (a) o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental; (b) o caráter descritivo; (c) o significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida como preocupação do investigador; (d) enfoque indutivo. Dessa forma dispomos nosso olhar sobre o brinquedo de miriti.

Quanto às técnicas de coleta de dados, o caminho para responder aos questionamentos e atingir aos objetivos propostos neste estudo, foi realizado em dois momentos complementares e não necessariamente distintos, mas intercalados, oscilando de acordo com a necessidade da pesquisa.

No primeiro momento os dados foram coletados por meio de pesquisa bibliográfica - que para Chizzotti (1991) é um tipo de pesquisa que investiga idéias, conceitos, que compara as posições de diversos autores em relação a temas específicos, buscando encontrar publicações (livros, artigos, periódicos, dissertações e teses) e documentos legais a respeito do objeto de estudo. Utilizamos como fontes de informações: a Biblioteca do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - Campus Abaetetuba; o Museu do Círio de Nazaré, Museu Histórico do Estado do Pará e sites oficiais dos governos federal e estadual.

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Para conseguir informações acerca do objeto de estudo, foi feita visita em campo, para conhecer melhor os brinquedos de miriti em sua totalidade e todas as suas vertentes. Como afirma Chizzotti (1991) a pesquisa de campo procede à observação de fatos e fenômenos exatamente como ocorrem no real, à coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à análise e interpretação desses dados, com base numa fundamentação teórica consistente, objetivando compreender e explicar o problema pesquisado. Ainda segundo Chizzotti (1991) numa pesquisa em que a abordagem é basicamente quantitativa, o pesquisador se limita à descrição factual deste ou daquele evento, ignorando a complexidade da realidade social local, o que não ocorre na qualitativa. Minayo (2004, p. 53) fala do trabalho de campo como descoberta e criação, explicitando sua concepção de “campo de pesquisa como o recorte que o pesquisador faz em termos de espaço, representando uma realidade empírica a ser estudada a partir das concepções teóricas que fundamentam o objeto de investigação”. Por assim entendermos desenvolvemos a coleta de dados em algumas oficinas de artesanato de miriti, na Associação dos Artesãos de Brinquedos de Miriti de Abaetetuba (ASAMAB), Associação Arte Miriti de Abaetetuba (MIRITONG) e em parceiros como SEBRAE através das técnicas de observação direta e entrevistas semiestruturadas (como descritas mais a frente).

No que concerne às imagens fotográficas capturadas no desenvolver deste trabalho presentes no corpo do texto, elas estão não como uma simples ilustração do não verbal das palavras, mas sim como a materialização de um olhar. Segundo Martins (2008), a fotografia é um elemento que constitui a realidade contemporânea, sendo objeto de pesquisa ou até mesmo podendo tornar-se sujeito na medida em que se reconhece a imagem como documento do imaginário social e não como registro factual de uma realidade social.

Neste sentido, a fotografia facilita o registro das múltiplas dimensões e dinâmica de uma comunidade, não revelando apenas a imagem do real, mas também as intenções, saberes, ideologias, emoções, sensibilidade, preocupações humanas e sociais do fotógrafo pesquisador. Esta concepção de imagem fotográfica norteou a análise iconográfica realizada neste trabalho.

3.1 Delimitação da Área de Estudo

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Cardoso da Cunha Coimbra instalou no município a Câmara Municipal de Abaeté. Por meio do Decreto Lei nº 4.505, de 30 de dezembro de 1943, foi instituído o nome Abaetetuba. O nome primitivo do município era Abaeté que, na língua tupi, significa “homem verdadeiro”, através da junção dos termos abá (“homem”) e eté (“verdadeiro”). Por meio do Decreto-lei 4 505, de 30 de dezembro de 1943, foi-lhe acrescentado o sufixo tuba, oriundo do termo tupi tyba (“ajuntamento”), para diferenciá-lo do município homônimo no estado de Minas Gerais. Portanto, Abaetetuba significa, na língua tupi, “ajuntamento de homens verdadeiros”e é uma cidade essencialmente ribeirinha (fotografia 1).

Fotografia 1. Frente da cidade de Abaetetuba.

Fonte: Site da prefeitura do município, 2013.

Abaetetuba que hoje é conhecida como “a capital mundial dos brinquedos de miriti” já foi conhecida também pela alcunha de “terra das cestarias” e ainda por ser a “terra da cachaça”. Hoje apenas um engenho ainda existe, e este por sua vez para atividade totalmente turística.

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A atividade econômica predominante no município é o setor terciário (comércio e serviços), que conta com uma ampla rede de estabelecimentos das mais diversas atividades (fotografia 2).

Fotografia 2. Feira livre em Abaetetuba.

Fonte: site da prefeitura do município, 2013.

Para Silva (2012) a exemplo dos estaleiros navais, das olarias, dos engenhos de fabricação de aguardente, as oficinas de brinquedo de miriti, contam com conhecimentos tradicionais e perfazem vários aspectos da vida cotidiana cabocla abaetetubense. São saberes não escolares sobre o meio ambiente, a ética, o respeito, a solidariedade, as relações de trabalho, a saúde entre outros, que são compartilhados, por meio da oralidade e da observação, dos mais velhos para os mais novos, nestes ambientes de educação não oficiais.

As oficinas de confecção de brinquedos de miriti geralmente são localizadas nos fundos das residências dos artesãos, em salas simples, com boa ventilação e iluminação natural. É o lugar do trabalho familiar, do encontro de gerações – pais, filhos e netos, que por meio da habilidade artística ensinam, aprendem e se educam mutuamente. É, também, o local de trocar experiências com amigos, vizinhos, clientes, pesquisadores e outros visitantes.

3.2 Coleta e análise de dados

Para Silva e Menezes (2005) nesta etapa é feita a pesquisa de campo propriamente dita e para obter êxito neste processo, duas qualidades são fundamentais: a paciência e a persistência.

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precisa estar próximo das pessoas, locais, eventos, para observá-los em sua manifestação natural. Assim, o envolvimento constante entre pesquisador e objeto pesquisado é um fator que facilita o discorrer da pesquisa.

As informações foram coletadas no período de junho a agosto de 2013. A pesquisa envolveu 36 informantes, distribuídos em 4 grupos (quadro 4):

Quadro 4. Distribuição de informantes, entre representantes e artesãos. Representantes Artesãos

ASAMAB 1 32

MIRITONG 1 ----

Individual --- 1

SEBRAE 1 ----

Fonte: Autora (2013).

Vale ressaltar que a ASAMAB apresenta um total de 60 associados, se levarmos em conta os ativos e não ativos (com mensalidades em aberto até três meses);

Foi utilizada a técnica ‘bola de neve’ para a seleção dos informantes, uma estratégia de seleção intencional, sugerida por Albuquerque et al. (2010) em casos de pesquisa cujo tempo em campo é limitado. Esta técnica permite que cada entrevistado indique outro possível informante, reconhecido(a) como detentor(a) do conhecimento em questão. Porém torna-se necessário mencionar que como referencias para este trabalho utilizou-se no que tange ao histórico dos brinquedos de miriti as considerações e falas de artesãos tidos como referencia para uma abordagem histórica, o fato deste trabalho não ter os entrevistados justifica-se por este não ser o contexto principal abordado neste trabalho. A escolha dos artesãos de brinquedos associados para responder os questionários não se deu de maneira intencional; pelo fato de estarem organizados em associação local, consideraram-se a presença e a disponibilidade desses atores quando das visitas feitas às associações locais. Esses compõem o grupo de trinta e dois (32) filiados na Associação dos Artesãos de Brinquedos de Miriti de Abaetetuba (ASAMAB). Foram usados com este grupo

questionários: 14 perguntas com respostas fechadas.

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mas que se afastou a tanto tempo das atividades e deixou de pagar as mensalidades que hoje já nem se considera mais associado.

Sobre a escolha do SEBRAE, fez-se por ser o responsável pela assistência às micro e pequenas empresas, empreendedores individuais, produtores rurais e potenciais empresários e ainda por desenvolver cinco projetos: setorial de agronegócio, setorial de comércio, setorial de indústria, capacitação empresarial e território da cidadania. O contato com o SEBRAE foi estabelecido após conversas, onde obteve-se como indicação a Sra. Bruna Rocha, gerente do escritório regional Tocantins para que pudesse nos receber e responder a entrevista.

No grupo das associações onde temos ASAMAB e MIRITONG, foram conduzidas junto aos dois representante de ambas associações entrevistas semiestruturadas para coletar dados, que se deu pela interação entre pesquisador e pesquisado que esta técnica proporciona e, também, pela flexibilidade que o roteiro pré-estabelecido permite ao entrevistador, pois no ato da execução da entrevista, o entrevistador pode acrescentar novas perguntas, fazer correções, esclarecimentos e adaptações de acordo com o diálogo estabelecido e o teor da narrativa do entrevistado (ALBUQUERQUE et al., 2010).

Em todos os universos amostrais foram buscadas informações a respeito da produção e da comercialização dos respectivos artefatos. É necessário ressaltar que os questionários não foram realizados com os artesãos desta última associação, por esta ter um caráter totalmente social, o que não se aplicaria ao trabalho. Foi feita uma análise qualitativa e quantitativa dos dados, neste caso apenas nos questionários aplicados aos artesãos com intuito de se responder a questão da melhoria de vida destes, tabulados em planilhas e, posteriormente, organizados em tabelas e gráficos.

3.3 Identificação e descrição dos elementos utilizados nas técnicas de pesquisas.

Feitas as entrevistas e questionários durante as três visitas aos quatro grupos - aqui simplificados em três grupos, por entendermos que “Seu Pirias”, também é artesão mas trabalha de maneira independente e desvinculada das associações.

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Quadro 5. Atuação do SEBRAE sobre os incentivos à valorização do miriti.

ANALISE ELEMENTOS INDICADORES IMPORTANCIA

Surgimento da parceria Tipo de parceria

Objetivos Parcerias

Projetos

Alavancar a atividade junto às associações e

artesãos individuais. Feiras SEBRAE Contrapartida Individualmente Forma de fomentar a atividade. Fonte: Autora (2013).

Quadro 6. Associações e atuação das mesmas junto aos artesãos.

ANALISE ELEMENTOS INDICADORES IMPORTANCIA

Quantidade Associados

Custo

Ligação de interesses comuns a

um grupo. Eleição Representantes Periodo Determina quem assumirá a representação do todo e assim sendo

todas as suas ânsias. Projeto que

desenvolve

Atuação

Projeto participa

Indica, se está desenvolvendo,

onde está desenvolvendo e de

que forma está desenvolvendo a

atividade Surgimento

Objetivos Associações

(MIRITONG E ASAMAB)

Associação

Parceria

Desenvolver a atividade

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Quadro 7. Caracterização dos artesãos.

ANALISE ELEMENTOS INDICADORES IMPORTANCIA

Renda media mensal Único sustento Exerce (ia) outra atividade

Aumentou a renda Renda

Familiares na atividade

Indicador de melhoria e qualidade de

vida.

Como aprendeu Técnica

Há quanto tempo trabalha

Experiência e conhecimento da

atividade. Comercialização

Revenda Mercado

Miritifest Produção o ano todo Origem da mat. Prima Parentesco com o fornecedor Artesãos

Produção

Especialidade

Indica o nível de abrangência do artesão com essa

atividade

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4 QUADRO CONCEITUAL

Neste capítulo será tratado o conceito de desenvolvimento local, desde os pressupostos de desenvolvimento até a alternativa de desenvolvimento sustentável objetivando a melhoria da qualidade de vida de uma região; será apresentado também a fruta de miriti desde a palmeira de onde se obtém o fruto perpassando pelo seu uso e fabricação até a comercialização do produto.

4.1 Desenvolvimento local

A partir dos anos 1990, o conhecimento sobre o desenvolvimento local passam por profunda transformação: o universalismo do desenvolvimento é seriamente questionado; é desafiada a imposição a realidades tão diversas (principalmente nos países menos desenvolvidos) de normas e técnicas uniformes e universalizantes definidas, sobretudo, nas grandes capitais dos países ocidentais; fracassam os esforços teóricos de legitimar o desenvolvimento econômico independentemente de suas dimensões sociais e culturais.

O relatório mundial do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) de 1990 é um marco importante nesse momento histórico: o índice de desenvolvimento humano (IDH) passa a relativizar o PNB/habitante enquanto medida universal do desenvolvimento e tem forte significado simbólico. As desigualdades sociais e econômicas ocupam definitivamente o centro das atenções das correntes dominantes da teoria do desenvolvimento e do discurso da cooperação internacional. Concomitantemente à tentativa de renovação da cooperação internacional por algumas agências e a aceitação quase unânime dos temas sociais e institucionais no chamado mainstream da economia, o desenvolvimento é igualmente criticado em seus fundamentos, em suas práticas frequentemente contraditórias e em seus mitos fundadores.

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nefastos sobre as culturas locais: o Fórum Social Mundial, em suas diferentes edições a partir de janeiro de 2001, pode ser considerado como um dos espaços privilegiados de encontro dessas expressões da contestação.

O reconhecimento dos erros cometidos, as distorções causadas e, sobretudo, a permanência das desigualdades estão no bojo da crise que conhece o desenvolvimento nos anos 1990, marcada pela crítica acirrada e, ao mesmo tempo, pela tentativa de renovação do Estado. Este não seria grande o suficiente para tratar de problemas globais, nem tão pequeno assim para estar próximo do cidadão e acompanhar de perto as relações que, gradualmente, complexificam o desenvolvimento local.

O desenvolvimento local não se restringe a planejamentos sociais e econômicos setoriais de desenvolvimento. Este deve ser adaptado às necessidades e características particulares exigindo, consequentemente, um planejamento territorial que considere não somente o crescimento econômico, mas também a melhoria da qualidade de vida de uma região e a conservação do meio ambiente, sendo estes fatores interrelacionados e interdependentes.

Todo aspecto do desenvolvimento local perpassa pelas comunidades locais que precisam estabelecer relações de confiança em prol dos objetivos comuns. Estas relações pressupõem aspectos de inter-relação entre as pessoas. O local representa o agrupamento das relações pessoais, ele é também o lugar onde a cultura e outros caracteres não transferíveis têm sido apresentados. Quanto ao desenvolvimento local, Bava (1996, p.58) enfatiza que ele é: “[...] endógeno, nasce das forças internas da sociedade; constitui um todo, com dimensões ecológicas, culturais, sociais, econômicas, institucionais e políticas, sendo que a ação a seu serviço deve integrar todas essas dimensões”.

O desenvolvimento local deve ser acima de tudo um processo de reconstrução social que deve se dar de baixo para cima, pois a base dessa pirâmide é a comunidade que está organizada com interesses comuns e afins, num processo em que não existe fórmula feita, mas alguns atores e critérios devem ser respeitados para garantir o seu sucesso.

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desenvolvimento, elas não são excludentes. Na verdade, em alguns pontos, elas se completam” (SCATOLIN, 1989, p. 24).

O desenvolvimento em qualquer concepção deve resultar do crescimento econômico acompanhado de melhoria de qualidade de vida, ou seja, deve incluir segundo Vasconcelos e Garcia (1998):

[...] as alterações da composição do produto e a alocação de recursos pelos diferentes setores da economia, de forma a melhorar os indicadores de bem-estar econômico e social (pobreza, desemprego, desigualdade, condições de saúde, alimentação, educação e moradia).

Amaro (1993) relata que a partir de 1980 alguns novos contextos que priorizam o desenvolvimento social e o desenvolvimento econômico foram introduzidos ao conceito de desenvolvimento. Dentre esses novos contextos, podem ser destacados o desenvolvimento local, que tem sua vitalidade na autonomia econômica de sociedades não industrializadas que possuem como base as pessoas. Deste modo, valoriza o aspecto social e espaços locais de desenvolvimento (comunidades locais) a partir da participação e implicação dos indivíduos.

Com o passar dos anos e o acréscimo de novas experiências, o desenvolvimento local vem sendo criticado e renovado por muitos autores. Um marco importante passa a ser em 1990 com a publicação do relatório mundial do PNUD. Esse relatório coloca o PNB por habitantes enquanto medida universal do desenvolvimento.

Logo o desenvolvimento local passa a ser entendido levando-se em conta características locais, características essas que vão ter representatividade dentro de um território específico. O global assim como em outras dimensões tem importância, porém é associado ao local, não podendo esquecer que o contrario também é válido já que um sofre interferência do outro.

O desenvolvimento local pressupõe uma transformação consciente da realidade local. Isso implica uma preocupação não apenas com a geração presente, mas também com as gerações futuras. E é neste aspecto que o fator ambiental assume fundamental importância, pois pode ser que a geração atual não tenha e nem sequer perceba o desgaste ambiental, mas o hoje trará grandes conseqüências para o amanhã.

(50)

Atualmente é quase unânime entender que o desenvolvimento local não está relacionado unicamente com crescimento econômico, mas também com a melhoria da qualidade de vida das pessoas e com a conservação do meio ambiente, pensando assim nos riscos de degradação da natureza e limitação dos elementos naturais. Estes três fatores estão inter-relacionados e são interdependentes: econômico, ambiental e social.

Em tal perspectiva, o desenvolvimento local corresponde a um processo de melhoramento geral da qualidade de vida e do bem-estar de uma comunidade, com profundo respeito e consideração pelas reais necessidades e aspirações desse povo, assim como pela sua própria capacidade criativa, seus próprios valores e potencialidades, suas próprias formas de expressão cultural. Lima,Marinho e Brand(2007) afirma que:

[...] se a participação é, por um lado uma das necessidades fundamentais do ser humano e, por outro lado é também a chave pra o desenvolvimento local, sua essência encontra-se na tomada de consciência, na formação de um senso crítico, de uma sensibilidade e uma identidade comunitária..

O surgimento do conceito de desenvolvimento local apresenta uma dupla perspectiva: a primeira como sustentabilidade do desenvolvimento, a segunda como recurso advindo deste, tendo como conseqüência o aumento da qualidade de vida das comunidades locais (PETITINGA, 2008).

O processo de desenvolvimento local torna-se um diálogo constante entre a comunidade local, as organizações governamentais, as empresas e universidades como unidades de capacitação.

Em discurso quase unânime entendeu-se que o desenvolvimento local não está ligado somente ao crescimento econômico, mas também com a melhoria da qualidade de vida de uma região e com a conservação do meio ambiente sendo este fator inter-relacionado e interdependente.

Imagem

Tabela 1. Caracterização das Instituições envolvidas
Gráfico 1. Especialidades dos artesãos em brinquedos tradicionais.
Gráfico 2.Formas de sustento.
Gráfico 3. Especialidades dos artesãos em brinquedos “inovações”
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Referências

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