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Análise da possibilidade de aplicação dos artigos 157 e 478 do Código Civil e das Normas do Código de Defesa do Consumidor aos contratos interempresariais

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA PRISCILA DOS SANTOS DUARTE

ANÁLISE DA POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 157 E 478 DO CÓDIGO CIVIL E DAS NORMAS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

AOS CONTRATOS INTEREMPRESARIAIS

Tubarão

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PRISCILA DOS SANTOS DUARTE

ANÁLISE DA POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 157 E 478 DO CÓDIGO CIVIL E DAS NORMAS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

AOS CONTRATOS INTEREMPRESARIAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientadora: Terezinha Damian Antônio, Msc.

Tubarão

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Dedico este trabalho à minha mãe, a Senhora Lourdes dos Santos (in memoriam), que até o seu último suspiro de vida me deu forças para continuar a trilhar o meu caminho.

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente agradeço a Deus por me permitir iniciar, prosseguir e terminar essa fase da minha vida.

Aos meus pais Marfizo Olavo Duarte e Lourdes dos Santos (in memoriam), agradeço do fundo do meu coração, pois são extremamente zelosos com relação a mim e ao que eu almejo para o meu futuro, estão sempre me apoiando e de certa forma me guiando, torcendo para que tudo de sempre certo.

Ao meu esposo João Augusto David Ramos, sou grata por me incentivar a continuar na batalha dos estudos, e por ser uma pessoa extremamente compreensiva nos meus momentos de desânimo e desespero durante a faculdade.

A minha orientadora Terezinha Damian, não deixo só agradecimentos, deixo palmas, e elogios, pois é uma pessoa extremamente dedicada, inteligente e atenciosa, que dispensou todo seu tempo para que eu conseguisse chegar até aqui.

Aos meus colegas de turma, Andryellen Costa, Cristiele Garcia, Fernanda Castro, Nicolas, Rainer Nolla, Fernando Machado e Vanderlei Duarte Junior, deixo minha eterna graça, uma vez que, a parceria de todos e a ajuda mútua fez com que todos nós conseguíssemos alcançar os nossos objetivos.

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“Cada pessoa é aquilo que crê, fala do que gosta, retém o que procura, ensina o que aprende, tem o que dá e vale o que faz”.

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RESUMO

OBJETIVO: Analisar a possibilidade de aplicação dos artigos 157 e 478 do Código Civil e

das normas do Código de Defesa do Consumidor aos contratos interempresariais. MÉTODO: Para o seu desenvolvimento utilizou-se uma abordagem qualitativa com foco no caráter objetivo da questão em análise com nível de pesquisa exploratória. Quanto à coleta de dados, foram utilizadas a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental visando identificar e classificar os contratos interempresariais, e delimitar os seus princípios. RESULTADOS: Pode-se verificar que o estudo alcançou seu objetivo, uma vez que mostrou que o contrato firmado entre empresas pode ser resolvido pelo juízo mediante a aplicação do instituto da onerosidade excessiva, com base na teoria da imprevisão, predominante, conforme disposição do Código Civil (art. 478); entretanto não há possibilidade de se admitir o instituto da lesão, previsto também no Código Civil (ar. 157), a esses tipos de contratos, uma vez que o profissionalismo com que os empresários devem exercer sua atividade, não dá lugar para se alegar a inexperiência. Já, em relação à aplicação das normas do CDC, há divergência na doutrina e na jurisprudência. CONCLUSÃO: Ao final, confirma-se a hipótese desse trabalho, pela qual: há divergências doutrinárias e jurisprudenciais acerca da aplicação dos artigos 157 e 478 do Código Civil e das normas do Código de Defesa do Consumidor ao contrato firmado entre empresas.

Palavras-chave: Contratos Interempresariais. Onerosidade excessiva. Código de Defesa do

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ABSTRACT

OBJECTIVE: To analyze the possibility of applying Articles 157 and 478 of the Civil Code

and the norms of the Defense Code Consumer to intercompany contracts. METHOD: For development it was a qualitative approach directed to the objective character of the analyzed question with exploratory research. Data collection was a bibliographical and documentary research aimed at identifying and classifying intercompany contracts, and delimiting principles. RESULTS: the study reached its objective showing that the contract signed between companies can be solved by the court through application of the institute of excessive onerosity based on theory of the unforeseen, Civil Code (art 478); however, there is no possibility of admitting the institute of the injury, provided for in Article 157, to these contracts, since the professionalism with which the entrepreneurs must exercise their activity does not give rise to allegations of inexperience. Already, in relation to the application of the CDC rules, there is divergence doctrine jurisprudence. CONCLUSION: It is confirmed the hypothesis of this work that there are doctrinal and jurisprudential divergences regarding the application of Articles 157 and 478 of the Civil Code and the norms of the Code of Consumer Protection to the contract signed between companies.

Keywords: Intercompany Agreements. Excessive onerosity. Civil Code. Consumer Protection Code.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 10

1.1 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA ... 10

1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ... 13

1.3 HIPÓTESE ... 13

1.4 DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS OPERACIONAIS ... 14

1.5 JUSTIFICATIVA ... 14

1.6 OBJETIVOS ... 14

1.6.1 Objetivo geral ... 14

1.6.2 Objetivos específicos ... 14

1.7 DELINEAMENTO DA PESQUISA ... 14

1.8 ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS ... 14

2 NOÇÕES GERAIS SOBRE A TEORIA GERAL DOS CONTRATOS ... 18

2.1 CONCEITO E EVOLUÇÃO DOS CONTRATOS ... 14

2.2 PRINCÍPIOS BASILARES DOS CONTRATOS ... 21

2.2.1 Princípio da autonomia da vontade... 21

2.2.2 Princípio da força obrigatória do contrato ... 22

2.2.3 Princípio da função social do contrato ... 23

2.2.4 Princípio da boa fé objetiva do contrato ... 14

2.2.5 Princípio da revisão dos contratos ... 25

2.3 ELEMENTOS DE VALIDADE DOS CONTRATOS ... 26

2.4 ESPÉCIES DE CONTRATO ... 28

2.5 FORMAS DE EXTINÇÃO DOS CONTRATOS ... 30

3 CONTRATOS EMPRESARIAIS E INTEREMPRESARIAIS ... 33

3.1 CONCEITO DE CONTRATO EMPRESARIAL ... 33

(10)

3.3 CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS INTEERPRESARIAIS ... 35

3.4 TIPOS DE CONTRATOS EMPRESARIAIS E NORMAS REGULADORAS ... 35

3.5 PRINCIPAIS COBTRATOS MERCANTIS ... 36

3.5.1 Contrato de agência ... 38

3.5.2 Contrato de distribuição ... 39

3.5.3 Contrato de arrendamento mercantil ou leasing ... 40

3.5.4 Contrato de compra e venda mercantil ... 41

3.5.5 Contratos de futurização ... 42

3.5.6 Contarto de franquia ... 42

3.5.7 Contrato de locação mercantil ... 44

3.3.8 Contrato de prestação de serviços ... 45

3.5.9 Contrato de representação comercial ... 14

3.5.10 Contrato de seguros ... 46

4 ANÁLISE DA POSSOBILIDADE DE APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 156 E 478 DO CÓDIGO CIVIL E DAS NORMAS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR AOS CONTRATOS INTEREMPRESARIAIS ... 52

4.1 APLICAÇÃO DE REGRAS E PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS AOS CONTRATOS INTEREMPRESARIAIS ... 52

4.2 APLICAÇÃO DO INSTITUTO DA LESÃO AOS CONTRATOS INTEREMPRESARIAIS - ARTIGO 157 DO CÓDIGO CIVIL ... 55

4.3 APLICAÇÃO DO INSTITUTO DA ONEROSIDADE EXCESSIVA AOS CONTRATOS INTEREMPRESARIAS - ARTIGO 478 DO CÓDIGO CIVIL ... 58

4.4 APLICAÇÃO DAS NORMAS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR AOS CONTRATOS INTEREMPRESARIAIS ... 62

5 CONCLUSÃO ... 67

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1 INTRODUÇÃO

Essa monografia tem por objeto de estudo a análise da possibilidade de aplicação dos artigos 157 e 478 do Código Civil e das normas do Código de Defesa do Consumidor os contratos interempresariais, como se passa a expor.

1.1 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA

O contrato é o acordo de duas ou mais vontades que estabelece regras de interesses entre as partes, visando adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial (DINIZ, 2008). Constitui mecanismo através do qual se criam vínculos jurídicos entre duas ou mais pessoas, devendo, para ter validade, atender determinados requisitos, como determina o Código Civil (art. 104), tais como: capacidade das partes; objeto lícito, possível, determinado ou determinável; e forma prescrita e não defesa em lei. (BRASIL, 2002).

Destaca-se que os contratos em geral são orientados por princípios, que delineiam a conduta das partes durante a relação contratual, ou seja, antes, durante e até mesmo depois da extinção do contrato. Mencionam-se os seguintes, dentre outros: princípio da autonomia da vontade, pelo qual as partes têm total liberdade para contratar; o princípio da supremacia da ordem pública, segundo o qual o princípio da autonomia da vontade não pode se sobrepor aos princípios da moral e da ordem pública; o princípio da função social dos contratos, que tem como função tornar as obrigações contraídas oponíveis às partes contratantes e a terceiros; o principio da boa fé objetiva, que tem como função garantir a interpretação harmônica dos contratos e suas cláusulas; o princípio da obrigatoriedade dos contratos, através do qual, o contrato faz lei entre os contratantes; e o princípio do equilíbrio econômico, que tem a finalidade de limitar o princípio da obrigatoriedade dos contratos, quando determinada obrigação se torna demasiadamente onerosa para uma das partes.

Ressalta-se que a doutrina apresenta diversas classificações de contratos, que dependem dos critérios que se deseja observar. Dentre esses critérios, destacam-se quatro tipos de contratos, que se distinguem pela forma como são regulados: os contratos civis que seguem as normas do Código Civil; os contratos administrativos que se orientam pelas regras

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do Direito Público; os contratos consumeristas que são regulados pelo Código de Defesa do Consumidor; e os contratos empresariais e interempresariais que são normatizados pela legislação civilista, consumerista ou específica, dependendo do tipo de relação entre as partes, podendo envolver uma ou mais empresas, em um ou nos dois polos da relação jurídica (DAMIAN, 2015).

O contrato empresarial é aquele em que em uma das partes se encontra o empresário ou a sociedade empresária, o que lhe atribui características próprias e particulares. Por sua vez, o contrato interempresarial é o contrato realizado entre empresas sendo que ambos os contratantes visam à obtenção de lucro e da vantagem econômica; esses contratos são norteados pelos princípios da livre iniciativa e da livre concorrência. Nessa esfera, há uma equivalência de poderes entre as partes, os contratantes possuem vasto conhecimento na área econômico financeira, são capazes de avaliar riscos, prejuízos, vantagens e desvantagens que o contrato pode lhes trazer, são orientados por profissionais capacitados e por fim, conduzem uma investigação minuciosa a cerca do negócio pretendido com o contrato.

Ocorre que o contrato faz lei entre as partes pelo princípio da obrigatoriedade dos contratos. Por outro lado, o princípio do equilíbrio econômico tem a finalidade de limitar citado princípio da obrigatoriedade, para evitar que determinada obrigação se torne demasiadamente onerosa para uma das partes. Desse modo, no Direito Civil prevalece o princípio do pacta sunt servanda, segundo o qual o contrato é intangível e as partes não podem alterar o que foi acordado. Porém, em algumas situações, como no caso da lesão ou da onerosidade excessiva pode-se aplicar a teoria da imprevisão para a revisão ou resolução contratual. Referida teoria se fundamenta na aplicação da cláusula rebus sic stantibus, pela qual, em havendo fato superveniente capaz de trazer vantagem excessiva para uma das partes, o contrato poderá revisado, se tal fato seja extraordinário e de difícil ou impossível previsão, conforme o disposto no Código Civil/2002 (arts. 317 e 478, 479 e 480). Por sua vez, no Código de Defesa do Consumidor (art. 6º, V), a possibilidade de revisão das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais pode decorrer de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas. Entretanto, a teoria da imprevisão, com o perfil atribuído pelo Direito Civil não se aplica às relações de consumo; esse estabelecido entre o fornecedor e o consumidor, em que se verificam partes de poder econômico distinto.

Nesse sentido, a manutenção do contrato é a regra, e sua revisão ou resolução constitui uma exceção, geralmente, possível, quando se verificar o desequilíbrio econômico

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do contrato. Entretanto, no caso dos contratos interempresariais, em que se têm partes de mesmo nível de condições, há divergências na doutrina e na jurisprudência, com relação à aplicação dos institutos da lesão (art. 157, CC); da onerosidade excessiva (art. 478, CC) ou das normas do Código de Defesa do Consumidor (art. 6º, V).

Nesse caso, questiona-se se a revisão ou resolução do contrato interempresarial poderia decorrer da aplicação dos arts. 157, CC, que prevê o instituto da lesão, ou 478, CC, que prevê o instituto da onerosidade excessiva (ambos os artigos do Código Civil) ou das normas do Código de Defesa do Consumidor (especialmente, o art. 6º, V). Destaca-se que a lesão é determinada a partir da presença de dois requisitos: o objetivo, que se configura na desproporção das prestações estabelecidas, e o subjetivo, pelo dolo do aproveitamento; já a onerosidade excessiva se baseia na regra que advêm da cláusula rebus sic standibus, que tem como pressuposto o fato de que, no momento da assinatura do contrato, as partes não podiam prever acontecimentos futuros; e por sua vez a regra da legislação consumerista (art. 6º, V) estabelece que a onerosidade excessiva pode ser ocasionada por fatos supervenientes, simplesmente, com fundamento, especialmente, nos princípios da boa-fé e do equilíbrio econômico. Para tanto, destaca-se o entendimento do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, que não reconhece a aplicação do instituto da onerosidade excessiva e das disposições do código consumerista, como segue:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CONFISSÃO DE DÍVIDA. COMPRA E VENDA DE INSUMOS

AGRÍCOLAS. MULTA SOBRE O VALOR TOTAL DA DÍVIDA.

LEGALIDADE. QUEBRA DE SAFRA. TEORIA DA IMPREVISÃO E ONEROSIDADE EXCESSIVA. DESCABIMENTO. INAPLICABILIDADE DAS DISPOSIÇÕES DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR À ESPÉCIE. LEGALIDADE NA ESTIPULAÇÃO DE MULTA DE 10% SOBRE A TOTALIDADE DO DÉBITO. PARA QUE HAJA APLICAÇÃO DA TEORIA DA IMPREVISÃO DEVE SER DEMONSTRADA A SUPERVENIÊNCIA DE CIRCUNSTÂNCIA IMPREVISÍVEL, A ALTERAÇÃO DA BASE OBJETIVA DO CONTRATO E A DECORRENTE... (TJ-RS - AC: 70047593306 RS, RELATOR: LIEGE PURICELLI PIRES DATA DE JULGAMENTO: 16/08/2012, DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL, DATA DE PUBLICAÇÃO: DIÁRIO DA JUSTIÇA DO DIA 23/08/2012) (RIO GRANDE DO SUL, 2012).

Por outro lado, segundo Machado (2013), o Tribunal de Justiça do Estado do Mato Grosso do Sul manifestou entendimento favorável à aplicação da onerosidade excessiva com base na teoria da imprevisão, admitindo a revisão ou rescisão contratual em certas circunstâncias especiais, como: um acontecimento imprevisível e anormal; uma alteração profunda de equilíbrio das prestações decorrentes do fato novo e levando uma das partes a

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arcar com prejuízo muito gravoso; enriquecimento injusto e lucro desmedido para o outro contratante; e a ausência de mora ou culpa por parte daquele que pede revisão ou resolução, como segue:

E M E N T A – AGRAVO REGIMENTAL EM APELAÇÃO CÍVEL -RESCISÃO DE CONTRATO -COMPRA E VENDA DE SOJA - ESTIAGEM PROLONGADA -ONEROSIDADE EXCESSIVA -ART. 478 DO CC -RAZÕES RECURSAIS QUE INSISTEM NA TESE APRESENTADA NA APELAÇÃO -RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (Agravo Regimental em apelação cível AGR 11299, MS 2007.011299-7/0001.00. Segunda turma Cível do TT/MS. Data do Julgamento: c. Relator: Des. Julizar Barbosa Trindade) (MACHADO, 2013).

Desse modo, é que se pretende estudar a possibilidade de aplicação dos institutos da lesão e da onerosidade excessiva previstos no Código Civil (arts. 157 e 478, CC) e das normas do Código de Defesa do Consumidor aos contratos interempresariais, de modo a viabilizar a sua revisão judicial.

1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

É possível a aplicação dos artigos 157 e 478 do Código Civil e das normas do Código de Defesa do Consumidor ao contrato firmado entre empresas?

1.3 HIPÓTESE

Há divergências doutrinárias e jurisprudenciais acerca da aplicação dos artigos 157 e 478 do Código Civil e das normas do Código de Defesa do Consumidor ao contrato firmado entre empresas.

1.4 DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS OPERACIONAIS

Aplicação do artigo 157 do Código Civil: Trata-se da previsão legal acerca da

lesão que ocorre quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Nesse caso,

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aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico; não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito (BRASIL, 2002).

Aplicação do artigo 478 do Código Civil: Trata-se da previsão legal, pela qual,

nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação (BRASIL, 2002).

Aplicação das normas do Código de Defesa do Consumidor: Trata-se das

disposições previstas na legislação consumerista que visa à proteção dos direitos do consumidor, considerada a parte mais fraca na relação de consumo.

1.5 JUSTIFICATIVA

A escolha do tema pela autora se deu, inicialmente, por conta do seu interesse pela matéria das áreas do Direito Empresarial e do Direito Civil, especificamente, os contratos. Diante disso, a acadêmica resolveu juntar suas duas disciplinas preferidas e fazer um estudo aprofundado sobre contratos interempresariais, em especial, no tema incontroverso, qual seja, a possibilidade de revisão judicial dos contratos interempresariais.

O tema em questão é de suma importância para o meio empresarial, tendo em vista, estar, intimamente, ligado à economia brasileira; essa ligação se dá, pois, os contratos empresariais e interempresariais são instrumentos importantíssimos que possibilitam e regulamentam o movimento de riquezas dentro da nossa sociedade. É importante para o mundo dos negócios, principalmente, para o empresário, pois o esse projeto visa apresentar quando e quais os requisitos necessários para se pleitear a revisão judicial do contrato interempresarial.

Para o meio acadêmico, o projeto se justifica, em virtude de contribuir para o conhecimento na área dos contratos interempresariais, tendo em vista ser um assunto pouco abordado nos trabalhos acadêmicos apresentados por esta instituição. Desta forma, pode de alguma maneira estimular o acadêmico sobre o tema que é controverso nos nossos Tribunais,

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quanto à questão da sua revisão, por se tratar de entes de mesmo nível de igualdade, apresentando-se, pois, entendimentos favoráveis e desfavoráveis que podem ser conhecidos e explorados em outras pesquisas por outros estudantes universitários.

Por fim, esse projeto é relevante porque beneficia os profissionais que atuam na área do Direito Empresarial, tendo em vista que esclarece de forma sucinta, porém eficiente, quais as possibilidades de ocorrer à revisão judicial nos contratos interempresariais, uma vez que poderão utilizar o presente trabalho para fins de pesquisa.

1.6 OBJETIVOS

1.6.1 Objetivo geral

Analisar a possibilidade de aplicação dos artigos 157 e 478 do Código Civil e das normas do Código de Defesa do Consumidor aos contratos interempresariais.

1.6.2 Objetivos específicos

Destacar os principais aspectos acerca da teoria geral dos contratos.

Caracterizar os contratos interempresariais.

Descrever sobre os reflexos dos princípios constitucionais sobre os contratos interempresariais.

Demonstrar as regras e os princípios próprios dos contratos interempresariais.

Discutir sobre a possibilidade de aplicação dos artigos 157 e 478 do Código Civil, que tratam dos institutos da lesão e da onerosidade excessiva, aos contratos interempresariais.

Destacar os parâmetros de aplicação das normas relativas ao Código de Defesa do Consumidor aos contratos interempresariais.

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1.7 DELINEAMENTO DE PESQUISA

O método cientifico utilizado no presente Trabalho de Conclusão de Curso é o dedutivo, pois utiliza o raciocínio lógico e a dedução para se obter uma conclusão respeito do assunto ora estudado.

Quanto a sua abordagem, é de natureza qualitativa visto que tem como objetivo a investigação científica, com foco no caráter objetivo da questão em análise; preocupa-se em estudar suas particularidades, considerando todos os pontos de vista relevantes; vários tipos de dados são coletados para se entender a dinâmica do assunto.

Quanto ao nível, trata-se de uma pesquisa exploratória, pois identifica variáveis no ordenamento jurídico, em relação aos contratos empresariais.

Quanto à coleta de dados, foram utilizadas a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. A pesquisa bibliográfica decorreu de materiais já publicados, como, livros, artigos, trabalhos acadêmicos publicados e doutrinas, visando identificar e classificar os contratos interempresariais, e delimitar os seus princípios. Já a pesquisa documental foi feita na Jurisprudência dos Tribunais, com o objetivo de identificar qual a possibilidade da intervenção judicial nessa relação e quais os requisitos necessários para caracterizar a revisão do contrato interempresarial, analisando-se as controvérsias em relação ao problema de pesquisa.

Conceituando-se esses dois tipos de pesquisa, tem-se que: A pesquisa bibliográfica visa analisar as principais teorias do tema, tem o intuito de levantar um conhecimento disponível sobre as teorias com o fim de analisar, produzir ou explicar o tema investigado. A pesquisa documental é aquela realizada a partir de documentos contemporâneos ou retrospectivos, que não receberam tratamento científico, porém é extremante autêntico; no caso em tela utilizaram-se julgados e acórdãos, relacionados com o tema abordado no trabalho apresentado.

1.8 ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS

Esta pesquisa monográfica está dividida em cinco capítulos, incluindo esta introdução.

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O segundo capítulo mostra os aspectos destacados acerca da teoria geral dos contratos, discorrendo sobre o conceito e evolução dos contratos e seus princípios basilares, como: o princípio da autonomia de vontade, da força obrigatória do contrato, da função social do contrato, boa fé objetiva, e o da revisão do contrato, bem como os elementos de validade, espécies e as formas de extinção dos contratos.

O terceiro capítulo apresenta as noções gerais acerca dos contratos empresariais e interempresariais, discorrendo-se sobre o conceito de contrato empresarial, tipos de contratos empresariais, conceito de contrato interempresarial, características dos contratos interempresariais, tipos de contratos interempresariais e as normas reguladoras dos contratos empresariais e dos contratos interempresariais.

E no quarto capítulo, trata-se da análise sobre a possibilidade de aplicação dos artigos 157 e 478 do Código Civil e das normas do Código de Defesa do Consumidor aos contratos interempresariais, aplicação dos princípios constitucionais aos contratos interempresariais, regras e princípios próprios dos contratos interempresariais, possibilidade de aplicação dos institutos da lesão e da onerosidade excessiva, bem como das normas do código de defesa do consumidor aos contratos interempresariais.

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2 NOÇÕES GERAIS SOBRE A TEORIA GERAL DOS CONTRATOS

Esse capítulo destaca alguns aspectos sobre os contratos de forma geral. Desta forma, considerando que o conceito jurídico de contrato é histórico, para uma melhor compreensão sobre os aspectos acerca da teoria geral dos contratos, o presente capítulo discorrerá sobre o conceito e evolução dos contratos, mostrando os princípios basilares dos contratos como: o princípio da autonomia de vontade, da força obrigatória do contrato, da função social do contrato, da boa fé objetiva e da revisão do contrato; também, esse capítulo trata dos elementos de validade dos contratos, as espécies e formas de extinção dos contratos.

Com o objetivo de expor o conceito dos contratos por meio de sua evolução, o estudo iniciará discorrendo sobre o Direito Romano que exerceu grande influência aos países que se fundamentaram no sistema de leis romano-germânico, ao qual, o Brasil faz parte, como se passa a explanar.

2.1 CONCEITO E EVOLUÇÃO DOS CONTATOS

Segundo Naves (2007), na antiguidade o contrato no Direito Romano clássico ocorria de maneira formal, mas não era considerado como meio regulador para qualquer operação econômica, sendo que para cada tipo de operação aplicava-se uma fórmula a ser seguida, para que a mesma trouxesse uma proteção estatal, ou seja, o mero acordo de vontades não era suficiente para criar as obrigações. Existiam também, os contratos denominados como pacta, que, mesmo destituídos de fórmula, eram aceitos, mas, não tutelados, resultando no fato de que o credor não poderia exigir a prestação em juízo, mas caso recebesse a prestação poderia retê-la. Ainda de acordo com o autor:

[...] podemos perceber a utilização de três vocábulos para designar fenômenos semelhantes: convenção, contrato e pacto. A convenção era gênero e as espécies eram o contrato e o pacto. Contratos eram convenções normatizadas e por isso protegidas pela via da actio. Três eram as espécies contratuais: a) litteris, que exigia inscrição no livro do credor (denominado de codex); b) re, que se fazia pela tradição efetiva da coisa; e c) verbis,que se celebrava pela troca de expressões orais, como em um ritual religioso. Esses contratos tinham proteção judicial prevista pelo ius civile, podendo reclamar via actio sua execução. [...] o pacto era um acordo não previsto em lei. Não exigia forma especial, nem era protegido pela actio (NAVES, 2007, p. 231 e 232).

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De acordo com Almeida (2011) é comum que muitos estudiosos entendam que no Direito Romano existia uma grande categoria denominada convenção, que era dividida em contratos (os dotado de rigor formalista e protegido via actio) e o pacto (que era realizado sem rigor formalista e sem proteção pela actio). Os contratos, também eram divididos em litteris, o qual exigia inscrição no livro credor (denominado de codex), re - que se fazia pela tradição efetiva da coisa, e verbis (celebrado através de expressões verbais como em um ritual religioso), dada a peculiaridade da fórmula de cada um.

Segundo Baldon (2010), o conceito de contrato passou por diversas transformações, mas é fundamental que se observe o sentido da palavra contrato no Direito Romano, principalmente pelos diferentes conceitos entre "pacto" e "convenção", uma vez que no pacto, existe um acordo de pretensões entre duas pessoas; o mesmo vale para convenção, pois são sinônimos. Nos dois casos não existe uma obrigação propriamente dita, portanto, não existe a geração de efeitos jurídicos para as partes (direitos e obrigações mútuas), Ou seja, "o pacto nu não gera obrigação, mas sim exceção". (CRETELLA JÚNIOR, 1998). Conforme o autor:

No Direito Romano, quando duas pessoas contratavam, se uma das partes não cumpria o prometido, a outra parte podia mover-lhe uma ação, porque contractus parit obligationem, mas se tivesse havido mero pacto, ou seja, simples acordo sem formalidades, a parte demandada defendia-se através da exceptio ou exceção, porque pactio parit exceptionem, isto é, defendia-se de maneira indireta, não negando o que o credor alega, mas invocando fato acessório e diferente, como, por exemplo, o menor que faz um contrato de mútuo. O mutuante move ação ao

mutuário. Este, sendo menor, entra com

a exceptiosenatusconsultimacedoniani, dizendo: confesso a dívida, mas oponho a exceção relativa a meu estado de menor. E não pago". (CRETELLA JUNIOR, 1998, p.247).

Observa-se, portanto que na visão de Cretella Júnior (1998), os conceitos de pacto/convenção e contrato se diferenciam no Direito Romano, uma vez que no contrato ocorria presença de um elemento objetivo, em regra a observância de alguma formalidade, que faz nascer à obrigação. Baldon (2010) discorre que no direito romano clássico, os juristas enxergavam a existência de um determinado número de contratos como: a venda, a locação, o mandato e a sociedade. A partir do Direito Justinianeu (período em que Flávio Pedro Sabácio Justiniano foi imperador bizantino, de 1º de agosto de 527 até o seu falecimento), o sistema contratual romano passou por profundas alterações, notadamente com relação à ampliação do número de acordos de vontade a que a ordem jurídica passa a conferir eficácia de gerar obrigações.

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Naves (2007) discorre que no período pós-clássico do Direito Romano, foi atribuído a alguns pactos mais utilizados a proteção via actio, sendo estes, contratos de compra e venda, locação, mandato e sociedade. Essa categoria de contratos passou a ser denominada contratus soloconsensu (pelo só consentimento das partes), já que não requeriam formalidade, bastando a declaração de vontade das partes. Os demais contratos que não estavam previstos nas categorias de Litteris, Verbis, Re e Solo Consensu, não eram considerados contratos, já que não produziria uma obrigação civil, apenas uma obrigação natural.

Segundo Roppo (2009), na era do Direito medieval, o qual sofreu grande influencia do Direito Romano e seu costumeiro formalismo, com o crescimento da economia mercantil esse formalismo contratual passou a ser um entrave para as contratações, cada vez mais rápidas, o que tornou comum constar no instrumento contratual, que as fórmulas foram cumpridas, mesmo que, na prática, não fossem realizadas. Além disso, se tornou comum, celebrar um contrato mediante um juramento com motivos religiosos para dar força o mesmo, pois a mentira era vista fortemente como pecado, e no caso do descumprimento contratual tal qual a mentira era o principal fator, o autor da injúria seria condenado. (ROPPO, 2009). De acordo com Roppo (2009), a partir do século XIX, dada a expansão do capitalismo, o contrato e o direito dos contratos passou a exercer um papel ideológico na sociedade, pois era necessário que não existissem obstáculos para a circulação de riquezas, assim a dogmática contratual da época desenvolveu algumas teorias para fundamentar a ideologia perquirida.

Para Almeida (2011), o conceito de contrato no Direito Moderno é originário do jusnaturalismo e do nascimento do capitalismo, sendo que nos períodos anteriores o indivíduo era determinado pelo grupo em que estava inserido e pela função que exercia dentro deste grupo. Porém, com o nascimento do capitalismo, o indivíduo passa a ser determinado por sua vontade autônomo, sendo, o contrato o meio mais utilizado para fazer valer essa vontade. Neste sentido, as regras cumpridas com objetivo de que a vontade exercesse um papel ideológico naquela sociedade, juntaram-se àquelas desenvolvidas pela própria teoria do direito, as quais Fiuza (2007) apresenta quatro dogmas usados nesse período sendo eles:

1º) oposição entre o indivíduo e o Estado, que era um mal necessário, devendo ser reduzido;

2º) princípio moral da autonomia da vontade: a vontade é o elemento essencial na organização do Estado, na assunção de obrigações etc.;

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4º) concepção formalista de liberdade e igualdade, ou seja, a preocupação era a de que a liberdade e a igualdade estivessem, genericamente, garantidas em lei. Não importava muito garantir que elas se efetivassem na prática. (FIUZA, 2007, p. 260).

Almeida (2011) explica que no contexto do direito contratual daquele período, a principal ideia era a da liberdade de contratar, ou seja, o indivíduo era livre para escolher contratar ou não contratar, escolher o seu sócio contratual, bem como, poderia determinar o conteúdo desse contrato, sendo que o Estado não tinha o direito de estabelecer o tipo de contrato ou a contratar com determinado sócio contratual. Cabia ao Estado, apenas fazer valer as vontades livremente estabelecidas, a não ser, em caso de descumprimento contratual para fazer valer a vontade estabelecida no contrato, ou caso um contrato que se perfizesse por uma vontade viciada (vícios do consentimento). O fato é que em função da evolução da história, o contrato ou qualquer instituto jurídico, possui conceito que muda ao longo do tempo, se revelando a cada momento em conformidade com a vivência de certa sociedade em determinado espaço de tempo, não havendo um só modelo ou o modelo correto de contrato. (ROPPO, 2009). Desta forma, deve-se compreender que:

[...] o contrato deve ser percebido como ato jurídico lícito, de repercussão pessoal e socioeconômica, que cria, modifica ou extingue relações dinâmicas de caráter patrimonial, formado pelo encontro de comportamentos típicos socialmente reconhecíveis, levados por duas ou mais pessoas, que, em regime de cooperação, visam atender suas necessidades e seus desejos, orientados pela preocupação fundamental de promoção da dignidade humana. (FIUZA, et. al, 2009, p. 331 e 332).

Chamon Junior (2006) discorre que dado a importância da igualdade jurídica que rescindiu com os privilégios do absolutismo, passou-se dar maior relevância ao entendimento de que todo indivíduo é igual perante a lei, o que implicou no surgimento da ideia de que as vontades estabelecidas, mesmo que uma das partes tivesse inferioridade econômico-social, seria livre em razão dessa igualdade perante a lei, ou seja, não se permitia que a parte economicamente mais forte se expusesse a sua vontade em detrimento da do economicamente mais fraco. No entendimento de Ripert (2000), o contrato é lei entre as partes, mas uma lei com força maior que todas as outras leis, já que, depois de formado com regularidade, nem mesmo as outras normas podem atingi-lo. No entanto, com o desenvolvimento econômico a partir da Revolução Industrial criou-se uma acentuada materialização e desmaterialização de riqueza, alterando o perfil estático do plano contratual anterior, de gozo e utilização imediata, quase física, dos bens, para o perfil dinâmico da atividade (de organização dos fatores

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produtivos a empregar em operações de produção e de troca no mercado). (ALMEIDA, 2000).

De acordo com Almeida (2011), pode-se verificar que uma das marcas que caracterizam o contrato na atualidade é a forma como o mesmo é realizado, sendo usado como contrato de adesão. Maneira esta que cria a possibilidade de predeterminação de suas cláusulas, o conteúdo da relação dos negócios pela parte que faz a oferta ao público, o fornecedor, entre outros. Assim, o componente essencial do contrato de adesão passa a ser a ausência de uma fase pré-negocial, ou seja, a carência de um acordo prévio sobre as cláusulas que comporão o contrato. Ainda os contratos passaram então, a ser conduzidos por cláusulas comuns, aplicáveis a uma grande gama de itens contratuais e suas condições gerais, gerando uma completa transformação do conceito de contrato. Neste contexto, essa mudança alterou grandemente a perspectiva do direito contratual, não apenas na garantia da vontade das partes, mas também em relação a velocidade das contratações e a consequente impessoalidade. (ALMEIDA, 2011).

Desse modo, em termos jurídicos, o conceito contrato está ligado ao conceito social-econômico o qual é visto como um instrumento que operacionaliza a circulação de riquezas, tendo como significado de operação econômica, mas com uma acepção mais ampla. Para o autor, a construção teórica em relação ao conceito jurídico de contrato se deu por meio da análise dos aspectos da operação econômica que se queria tutelar. Assim, pode-se compreender que o conceito jurídico de contrato é o que propõe formalidade à operação econômica, mesmo que o conceito jurídico de contrato não se limite apenas à operação econômica. (ROPPO, 2009).

Segundo Almeida (2011), a operação econômica que dá substrato ao conceito jurídico de contrato é a circulação de riquezas vista de modo objetivo. Assim, toda a transferência de riquezas, mesmo aquela que não produz lucro ou que não tenha interesse patrimonial, é entendida como operação econômica. Entende-se, portanto, como expõe Coelho (2012), que o contrato é um negócio jurídico bilateral ou plurilateral gerador de obrigações para uma ou todas as partes, às quais correspondem direitos titulados por elas ou por terceiros.

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2.2 PRINCÍPIOS BASILARES DOS CONTRATOS

Princípio pode ser compreendido como alicerces das normas que encontram sustentação para racionalizar sua legitimação. Dentre os princípios basilares dos contratos, destacam-se: o princípio da autonomia de vontade, princípio da força obrigatória do contrato, princípio da função social do contrato, princípio da boa fé objetiva, e princípio da revisão dos contratos, como se passa a expor.

2.2.1 Princípio da autonomia de vontade

De acordo com Werner (2015), a autonomia da vontade é a liberdade de contratar, a qual se divide em liberdade de contratar, ou seja, o consenso de vontades nos interesses privados, e a liberdade contratual que significa a liberdade de estipular o contrato e decidir seu conteúdo. Com base neste conceito, Roppo (2009, p. 32) afirma que:

A conclusão dos contratos, de qualquer contrato, deve ser uma operação absolutamente livre para os contraentes interessados, devem estes, ser na sua soberania individual de juízo e de escolha, a decidir se estipular um certo contrato, a estabelecer se concluí-lo com esta ou aquela contraparte, a determinar com plena autonomia seu conteúdo, inserindo-lhe estas ou aquelas cláusulas, convencionando este ou aquele preço.

Segundo Coelho (2012), o princípio da autonomia de vontade é o que afirma o poder às partes de dispor de seus próprios interesses mediante acordos, ou seja, dispõe da vontade dos contratantes e possui efeito jurídico, uma vez respeitada, assim como ocorria no Direito Romano em que as pessoas eram livres para contratar. Esse princípio “consiste na prerrogativa conferida aos indivíduos de criarem relações na órbita do direito, desde que se submetam as regras impostas pela lei e que seus fins coincidam como o interesse geral, ou não o contradigam”. (RODRIGUES, 2007, p.15).

De acordo com Gonçalves (2012) a base desse princípio é a ampla liberdade contratual e o poder dos contratantes de disciplinar seus interesses por acordos de vontades, por contratos nominados ou inominados, tutelados pela ordem jurídica, mesmo sem precisar do Estado para tal. Está presente no Código Civil/2002, art. 421 o qual determina que “a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”.

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(BRASIL, 2002), o que permite que a pessoa proprietária de algo faça com este o que quiser. No entanto, observa-se que no art. 425 da referida lei está claro que “é lícito às partes estipular contratos atípicos observados as normas gerais fixadas neste Código”. (BRASIL, 2002), o que em relação ao princípio da supremacia da ordem pública, a moralidade e o princípio da boa-fé objetiva, tornam-se limitado quando se verifica a proteção dada a parte mais fraca na relação contratual, ou simplesmente pela falta de consciência entre os contratantes.

Assim, pode-se compreender que esta liberdade não é absoluta, pois os contratos irregulares só serão válidos se as partes forem capazes e o objeto for licito possível, determinado ou determinável e suscetível de apreciação econômica. Com isso, o contrato precisa constar várias cláusulas que especifiquem todos os direitos e obrigações que o compõe. (ANDRADE, 2018).

2.2.2 Princípio da força obrigatória do contrato

Segundo Werner (2015) através do princípio da força obrigatória do contrato, as partes livremente com sua vontade aceitam o contrato, livremente se vincularam, também livre e voluntariamente restringem sua liberdade, pelo que não haveria razão para não cumprirem o acordo, sendo que:

Cada um é absolutamente livre de comprometer-se ou não, mas, uma vez que se comprometa, fica ligado de modo irrevogável à palavra dada: “pacta sunt servanda”. Um princípio que, além da indiscutível substância ética, apresenta também um relevante significado econômico: o respeito rigoroso pelos compromissos assumidos é, de facto, condição para que as trocas e outras operações de circulação da riqueza se desenvolvam de modo correto e eficiente segundo a lógica que lhes é própria, para que não se frustrem as previsões e os cálculos dos operadores. (ROPPO, 2009 p. 34).

Ocorre que “ninguém pode impedir que um contratante, por arrependimento, ou por qualquer outra razão, deixe de cumprir o avençado, pelo que a simples vontade na ocasião da pactuação não vincula”. (WERNER, 2015, p. 12). Este tipo de contrato tem caráter obrigatório, porque a lei o abona, sendo que a atitude do contratante que não cumpre fica insulada, onde a norma do cumprimento o pressiona por meio das garantias ao credor e aos interessados para exigir o cumprimento das obrigações estabelecidas. Conforme Pereira

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(2016), a vontade das partes manifestada no contrato as obriga a ficar vinculadas ao que contrataram, sendo este princípio fundamental do direito contratual, uma vez que sem o mesmo, o conceito de contrato não existiria. E por este motivo, o princípio da força obrigatória do contrato traduza necessidade de segurança nos negócios e a imutabilidade dos contratos que decorre da declaração da vontade dos contratantes fazer lei entre eles.

Entretanto, mesmo este princípio sendo basilar, ele também não é absoluto, tornando a máxima pacta sunt servanda cada vez mais relativa. (WERNER, 2015). Vale ressaltar que na teoria a única causa de alteração dos contratos e imunidade no descumprimento seria por motivo de força maior ou casos fortuitos, os quais se encontram prejudicados, uma vez que com os avanços tecnológicos a gama de eventos que podem ser previstos e evitados, ou ter contidos os prejuízos decorrentes, aumentou vertiginosamente. Os contratos devem ser conservados sempre que for possível a manutenção do equilíbrio entre as partes e de sua execução pautada nos princípios da boa-fé e sua função social. Assim fica preservada a movimentação saudável da economia e segurança jurídica. (WERNER, 2015).

2.2.3 Princípio da função social do contrato

O princípio da função social do contrato separa os entendimentos individualistas do Código Civil anterior e adota orientações compatíveis com a socialização do direito contemporâneo, dando ênfase aos valores coletivos.

A concepção social do contrato apresenta-se, modernamente, como um dos pilares da teoria contratual. Por identidade dialética guarda intimidade com o princípio da “função social da propriedade” previsto na Constituição Federal. Tem por escopo promover a realização de uma justiça comutativa, aplainando as desigualdades substanciais entre os contraentes. (GONÇALVES, 2012, p. 22).

De acordo com Coelho (2012), este princípio objetiva promover a realização de uma justiça comutativa, a fim de diminuir as desigualdades substanciais entre os contratantes, sendo que para isto, o mesmo depende da liberdade contratual para priorizar os princípios harmônicos com a ordem pública. Conforme o autor, a função social do contrato é exercida sob dois aspectos: individual, o qual se refere aos contraentes, que protege o interesse particular, e o público, que dispõe de interesse coletivo em relação a determinado contrato.

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(COELHO, 2012). Pereira (2016) elucida que a função social do contrato tem como objetivo limitar o princípio clássico da autonomia da vontade quando confrontar o interesse social e este deva prevalecer. É uma condicionante ao princípio da liberdade contratual, sendo que só é considerada cumprida quando o mesmo se mostra justo e traz equilíbrio social.

Na atualidade a função social do contrato é observada como cláusula geral que exige um comportamento harmônico com a integridade e a boa fé objetiva, sendo que por tratar de ordem pública, o juiz pode aplicar as cláusulas gerais em qualquer ação judicial de ofício, podendo o mesmo, ajustar o contrato para que fique contrabalançado. (GONÇALVES, 2012). Pereira (2016) salienta que contrato só estará cumprindo sua função social, a partir do momento em que de fato, estiver respeitando a função econômica de promover a circulação de riquezas ou manutenção de trocas econômicas. Ao contrário, estará inibindo o movimento natural do comércio jurídico e prejudica a coletividade.

2.2.4 Princípio da boa fé objetiva do contrato

Previsto no Código Civil/2002, no art. 422, o princípio da boa-fé, determina que: “os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé”. (BRASIL, 2002), ou seja, exige que as partes se procedam de forma correta não só durante as combinações, como também durante a formação e cumprimento do contrato.

Coloquialmente, podemos afirmar que este princípio de boa-fé se estampa pelo dever das partes de agir de forma correta, eticamente aceita, antes, durante e depois do contrato, isso porque, mesmo após o cumprimento de um contrato, podem sobrar-lhes efeitos residuais. (VENOSA, 2011, p. 386).

Segundo Gonçalves (2012), o juiz deve considerar a boa-fé ao julgar os contratos. Ao contrário da má-fé que deve ser provada pela parte que a alega, sendo que se deve julgar que as partes estão agindo com boa-fé objetiva, a qual confere ao contratante um padrão de conduta, de agir com integridade, honestidade e lealdade, ou seja, é a consideração que se deve ter para com os interesses do outro contratante, ponderando os usos e costumes do local e época da celebração e cumprimento do contrato. De acordo com Aguiar Júnior (2003), a boa-fé objetiva trata da cláusula geral de conduta do direito obrigacional e deve ser

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aplicada pelo juiz no julgamento das relações obrigacionais, juntamente com o fim social do contrato e a ordem pública. Esta se diferencia do Código Civil/1916, uma vez que este dava mais importância à autonomia da vontade e obrigatoriedade do contrato e por ser fonte de direitos e obrigações.

Aguiar Júnior (2003) ainda ressalta que uma das funções mais importantes da boa-fé objetiva é a proibição de venire contra factumproprium (vedação do comportamento contraditório), que impede qualquer uma das partes de agir em incongruência com o que foi assumida anteriormente, tendo em vista, a proteção da outra parte, sendo considerada conduta como quebra injustificada de confiança em prejuízo da contraparte, assim, a conduta posterior não tem eficácia. Conforme Gonçalves (2012) usa-se a boa-fé tanto para se rezingar do contratante a execução da obrigação, de maneira harmônica para a outra parte, como para exonerá-lo dela ou cobrá-la por inadimplência.

2.2.5 Princípio da revisão dos contratos

De acordo com Coelho (2012 apud Pereira, 2016), originário do desequilíbrio não mais aceito pela sociedade e pelo Direito, o princípio da revisão dos contratos faz com que seja possível que se faça uma intervenção do Estado nas relações contratuais com finalidade de gerar condições mais humanas e equitativas. Segundo Pereira (2016) essa situação surgiu em função do desequilíbrio dos artigos 478 a 480, 156 e 157 do Código Civil, os quais presumem expressamente a existência da cláusula rebus sic stantibus (expressão esta que especifica que as partes de um contrato pactuaram levando em consideração a situação de fato existente no momento de sua celebração), aos contratos de execução continuada e diferida. Ao considerar referidos artigos, o contratante poderá pedir uma decisão tão logo do contrato, ou sua revisão, na hipótese de a prestação de uma das partes se tornarem excessivamente onerosa e com vantagem acerbada para a outra, ou seja, caso circunstâncias imprevisíveis e extraordinárias se torne o contrato totalmente desequilibrado, ameaçando a sua continuidade, pode-se requerer o desfazimento ou a revisão ao Judiciário. (COELHO, 2012).

A onerosidade excessiva é um estado contratual que ocorre quando acontecimentos supervenientes, extraordinários e imprevisíveis, provoquem mudanças na situação fática, refletindo diretamente sobre a prestação devida, tornando-a excessivamente

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onerosa para o devedor, enquanto a outra parte obtém benefício exagerado. (PEREIRA, 2006, p. 45).

Ocorre que quando se firma um contrato entre as partes, o mesmo deve ser totalmente cumprido, pois o contrato faz-se lei entre as partes. Todavia, determinados fatores podem acabar alterando a situação de uma ou ambas as partes, gerando um alto custo para que seja cumprida a obrigação que as mesmas assumiram, e por este motivo, criou-se a revisão dos contratos. Contudo, é importante observar, de acordo com Gonçalves (2012), a teoria que discorre que há uma presunção da existência de uma cláusula implícita no contrato, que determina a permanência da situação de fato para que as partes cumpram seus deveres, sendo a mesma conhecida como “rebus sic stantibus”. O autor explica que esta teoria é chamada no Brasil de teoria da imprevisão, que dispõe das mesmas características da “rebus sic

stantibus”, porém a ela foi acrescentada um requisito: a imprevisibilidade. A teoria da

imprevisão consiste, portanto, na possibilidade de desfazimento ou revisão forçada do contrato quando, por eventos imprevisíveis e extraordinários, a prestação de uma das partes torna-se exageradamente onerosa (...)”. (GONÇALVES, 2012, p. 52).

Neste sentido, o princípio da revisão dos contratos, trata da possibilidade de revisá-los mesmo que esta ação possa desfazer os contratos, mas irá fornecer um meio judicial de alterar modificações supervenientes que os atingem.

2.3 ELEMENTOS DE VALIDADE DOS CONTRATOS

Segundo Alberto Júnior (2013), as relações contratuais passaram por diversas transformações, em virtude da intervenção do Estado em uma área do direito que durante um longo período permaneceu sob os cuidados dos interesses privados. Porém, essas transformações ainda não estão totalmente consolidadas na doutrina ou na jurisprudência, e por este motivo, devem ser vistas como um desafio diário, principalmente a partir das normas e dos princípios ou cláusulas gerais que inseriram uma nova visão quanto à interpretação e aplicação do direito contratual.

Neste sentido, é importante observar os elementos que reconhecem a existência de um contrato, os quais são denominados pressupostos da validade do negócio jurídico. Referidos elementos devem se apresentar no momento em que o contrato é realizado ou obtém vigor, pois dizem respeito à própria constituição do vínculo contratual, podendo ser

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chamados de elementos do contrato, como a forma adequada pela qual esse deverá ser celebrado, o objeto sobre o qual se está pactuando, entre outros. Nesse sentido, de acordo Gagliano e Pamplona Filho (2008, p. 20):

Os pressupostos da validade do Contrato nada mais são do que os próprios elementos de sua existência. De fato, embora a concreta manifestação de vontade seja suficiente, neste caso para reconhecer a existência de um Contrato, sua validade está condicionada a que esta vontade seja emanada de maneira livre e de boa-fé.

Contudo, em função da autonomia privada, que atualmente administra as relações entre particulares, é de responsabilidade das próprias partes que estão contratando fiscalizar e validar a presença dos pressupostos básicos da relação contratual, visto que são os principais interessados no seu correto desfecho.

Esses pressupostos de validade do contrato estão definidos pelo Código Civil/2002 (art. 104, I a III) pelo qual: “a validade do negócio jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III - forma prescrita ou não defesa em lei (BRASIL, 2002). De acordo com as explicações de Gomes (2008) referidos pressupostos podem ser agrupados em três categorias: aos sujeitos, ou seja, as partes precisam ter capacidade; ao objeto, que por sua vez, deve ser idôneo; e à situação dos sujeitos em relação ao objeto, sendo que os sujeitos precisam ser legítimos para realizá-lo. Ademais, Sampaio (2004), apud, Alberto Júnior (2013) apresenta um conceito para cada uma dessas categorias de pressupostos, como se expõe:

Agente capaz: é a pessoa apta a realizar o contrato, e por este motivo o contrato

que figura, como parte, menor relativa ou absolutamente incapaz, se não assistido ou representado respectivamente, não é válido. Da mesma forma:

Quando por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos, bem como aos que, mesmo pó causa transitório, não poderão exprimir sua vontade. As regras da capacidade das partes aplicam-se indistintamente aos negócios jurídicos unilaterais e bilaterais. Nesse aspecto, importante distinguir a capacidade da legitimação que, por sua vez, gera inaptidão circunstancial para a prática de determinado ato que decorre da posição em que a parte se encontra em relação a determinado objeto ou a determinada pessoa, cita-se como exemplo a impossibilidade do tutor de adquirir bens do tutelado. (SAMPAIO, 2004, p. 31).

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Nogueira (2018) explica que o conceito de agente capaz vai além da capacidade física, passando pela capacidade de entender e realizar o ato, ou seja, a capacidade civil. Esta deve ser analisada cuidadosamente, uma vez que pode ocorrer a incapacidade relativa a certos atos ou à maneira de exercê-los.

Objeto lícito, possível, determinado ou determinável: é necessário que seja

aceitável aos conceitos legais e sociais, ou seja, não é permitido vender um bem que não é de propriedade do vendedor, sendo esta ação considerada estelionato; pode-se ainda acrescentar a este requisito o acordo de vontades, para os contratos bilaterais, uma vez que não se pode validar um contrato em que uma das assinaturas é falsa, e a ausência de vícios, sejam os vícios da vontade (erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão) ou vícios sociais (fraude contra credores e simulação).

Forma prescrita ou não vedada por lei: trata-se do modo como o contrato é

firmado, devendo, em alguns casos seguir uma maneira específica para a sua elaboração conforme estabelece a legislação, para dar maior segurança à relação jurídica; em outros casos, de forma geral, os particulares têm liberdade para definir a forma dos contratos, seja ele escrito, verbal, privada ou público. Assim, a forma do contrato é livre, exceto quando a lei a estipula ou a proíbe expressamente.

2.4 ESPÉCIE DE CONTRATOS

De acordo com Lara (2013) um contrato pode ser realizado de várias formas e, por isso podem ser classificados de diversas formas, conforme suas obrigações, vantagens, do papel social, da formação, entre outros pré-requisitos essenciais para a formação dos mesmos.

Desse modo, os contratos são classificados por Gonçalves (2009) da seguinte forma: contratos consensuais e reais; contratos unilaterais e bilaterais; contratos gratuitos e onerosos; contratos comutativos e aleatórios; contratos de execução imediata, diferida e sucessiva; contratos solenes e não solenes; contratos escritos ou verbais; contratos paritários e de adesão; contratos principais e acessórios; contratos típicos e nominados e contratos atípicos e inominados, como se passa a explanar.

Contratos consensuais: dependem apenas de um consenso das partes, para que se

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contrato, portanto, pode ser de forma expressa ou subentendida, ocorrendo com o simples fato da proposta e da aceitação;

Contratos unilaterais ou bilaterais: os contratos unilaterais são efetuados na

modalidade de comodato, contrato de mútuo e contrato de doação, uma vez que são os contratos onde apenas uma parte assume a obrigação; já nos contratos bilaterais ambas as partes assumem obrigações;

Contratos gratuitos ou onerosos: no contrato gratuito apenas uma das partes é

beneficiada; os onerosos são os que trazem vantagens para ambos os contraentes, pois sofrem um sacrifício patrimonial, correspondente a um proveito almejado;

Contratos comutativos e aleatórios: nos contratos comutativos as partes se

comprometem na prestação, as cotas são exatas, podendo qualquer uma das partes, se certificarem o que receberá em troca da prestação que oferece, ambas as partes recebe uma contraprestação; já os contratos aleatórios podem correr riscos no futuro, pois são contratos em que o montante da prestação de uma ou de ambas as partes não são previsíveis, por depender de um risco futuro, capaz de gerar variações;

Contratos de execução imediata, diferida e sucessiva: nas modalidades de

execução imediata são contratos que possuem um prazo único onde a resolução é imediata; a espécie de execução diferida é aquela em que a prestação de uma das partes não se dá de uma vez só, mas a termo, não ocorrendo à extinção da obrigação enquanto não se completar a

solutio; já na de execução sucessiva, o cumprimento da obrigação ocorre em etapas

periódicas, persistindo a obrigação, mesmo que ocorram soluções periódicas, até que, pelo implemento de uma condição, ou decurso de um prazo, cessa o próprio contrato;

Contratos solenes e não solenes: quando solenes, exigem uma legislação especial

e serão considerados como realizados a partir do momento em que for cumprido o que está previsto em lei; por sua vez, os contratos não solenes só serão validados quando estiverem em concordância das partes, sendo que não é exigida uma forma especial;

Contratos escritos ou verbais: os contratos escritos são aqueles contratos

realizados através de escritura publica ou até mesmo particular; e os verbais são realizados pela simples anuência das partes de forma verbal;

Contratos paritários e de adesão: os paritários são aqueles em que as partes

podem discutir as cláusulas do contrato, uma vez que as partes estão nas mesmas condições de igualdade; já nos contratos de adesão, somente uma parte se contrapõe e a outra dá

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anuência, uma vez que não tem direito de discutir e alterar as cláusulas que foram previstas no contrato;

Contratos principais e acessórios: os principais são os contratos que não precisam

de nenhum outro para completar, pois já preveem todas as condições, ou seja, são autônomos; por sua vez, os contratos acessórios são os que a existência jurídica conjetura a do principal, pois visam assegurar a sua execução, sendo assim, os acessórios necessitam da existência de um contrato anterior;

Contratos típicos e nominados: os típicos são contratos que possuem uma

previsão legal; os contratos atípicos e inominados são aqueles que surgem a partir da liberdade contratual, não sendo necessária uma regulamentação e nem possuir denominação própria, podendo nascer através do que as partes desejam acordar.

2.5 FORMAS DE EXTINÇÃO DOS CONTRATOS

O contrato possui um ciclo lógico de existência: nasce do mútuo consentimento, sofre as vicissitudes de sua carreira jurídica e termina normalmente com a execução ou o cumprimento das prestações; o que constitui suas etapas de formação, execução e extinção. (DINIZ, 2003).

Os contratos como os negócios jurídicos em geral, têm também um ciclo vital: nascem do acordo de vontades, produzem os efeitos que lhes são próprios e extinguem-se. A extinção dá-se, em regra, pela execução, seja instantânea, diferida ou continuada. O cumprimento da prestação libera o devedor e satisfaz o credor. Este é o meio normal de extinção do Contrato (GONÇALVES, 2009, p. 154).

Desse modo, a extinção contratual pressupõe uma formação contratual. Diante deste contexto, pode-se compreender que a extinção do contrato está necessariamente ligada à existência e à formação do contrato. Destaca-se que nem todos os contratos são cumpridos, pois muitos já nascem viciados, o que lhes afeta a validade; deve-se considerar também que podem ocorrer exceções em que o juiz declara a inexistência da relação contratual, uma vez que não se pode extinguir um contrato que não exista; e outros casos, os contratos são regularmente celebrados, não existindo vícios na sua formação, mas são atingidos por eventos supervenientes que podem tornar sua execução impossível ou

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extremamente onerosa para uma das partes, com extrema vantagem para a outra, ou ainda pela inadimplência culposa de uma das partes.

Dessa forma, como nem sempre os negócios se efetivam com base nas condições de formação do contrato, esse pode ser extinto de várias maneiras, destacando-se, as seguintes: por extinção normal; por fatos anteriores à avença, tais como, nulidade absoluta ou relativa (art. 166, CC); cláusula resolutiva (art. 474, CC); ou cláusula de arrependimento (art. 49, CDC); por fatos que podem ocorrer durante a avença, tais como, resolução, resilição ou rescisão, esse último termo é utilizado como sinônimo de resolução ou de resilição, devendo ser empregado nos casos de extinção do contrato por lesão ou celebrado em estado de perigo; ou por morte do contratante, como ensina Gonçalves (2009); Loureiro (2008) e Nogueira (2018).

Extinção normal do contrato: Verifica-se a extinção normal do contrato quando

são cumpridas as obrigações pactuadas pelas partes; nesse modo, não há qualquer problema em relação à forma e aos efeitos, pois uma vez terminado, são extintas prestações nele previstas. Conquanto, ainda após o término do contrato as obrigações decorrentes do princípio da boa-fé contratual podem permanecer como, por exemplo, o dever de não divulgar informações sigilosas a respeito do outro contratante ou do objeto do contrato. É fundamental salientar ainda, que com a extinção normal da relação contratual, eliminam-se todos os direitos e obrigações criados pelo contrato.

Nulidade: Segundo Nogueira (2018) uma das formas atípicas da extinção dos

contratos e a nulidade, pois faz parte da espécie de extinção por fatos anteriores à sua celebração, sendo que o início da causa extintiva ocorreu antes da celebração do mesmo. O conceito de nulidade pode ser entendido como, “uma sanção, por meio da qual a lei priva de efeitos jurídicos o contrato celebrado contra os preceitos disciplinadores dos pressupostos de validade do negócio jurídico” (DINIZ, 2003, p. 176). A nulidade pode ser absoluta, quando realizado por pessoa absolutamente incapaz, por exemplo, hipótese prevista no art.166, I, CC; ou relativa.

Cláusula resolutiva: Trata de uma das formas de extinguir um contrato, podendo ser conceituada como uma disposição contratual que antecipa o término do contrato pela inexecução, por parte de um dos contratantes.

Cláusula de arrependimento: Trata-se de disposição contratual pela qual o

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acontecer o arrependimento de qualquer uma das partes, o contrato poderá ser desfeito, ficando definida uma multa que será devida à parte lesada como forma de compensação pecuniária.

Resolução: É a forma de extinção que ocorre por descumprimento contratual de

uma das partes, por inexecução voluntária ou involuntária ou por onerosidade excessiva. A inexecução voluntária impossibilita a prestação por culpa do devedor, tanto na obrigação de dar como na de fazer ou de não fazer, enquanto a inexecução involuntária pode ocorrer em função de fatos que vão além da a vontade dos contratantes, os quais os impossibilitaram de cumprir a obrigação que lhes é determinada. Assim, pode acontecer uma resolução do contrato, sem ressarcimento das perdas e danos, por se tratar de uma sanção aplicada a quem agiu culposamente, sem intervenção judicial, exonerando-se o devedor da obrigação. (DINIZ, 2003).

Resilição: Decorre por vontade de uma (unilateral) ou ambas (bilateral) as

partes, assim chamada resilição, que quando for bilateral, esta se resolve através do distrato, conforme previsto no art. 472, CC: “o distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato” (BRASIL, 2002). Conforme Diniz (2003) o distrato consiste em um negócio jurídico que rompe o vinculo contratual, por meio da declaração de vontade de ambos os contraentes de desfazer o contrato que firmaram. Quando se tratar da unilateral, pode ser estipulada em cláusula contratual quando houver previsão legal, sendo assim denúncia ou revogação, conforme art. 473, CC, pelo qual “a resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte” (BRASIL, 2002).

Morte de uma das partes do contrato: Extinto o contrato por morte de uma das

partes, as obrigações são transmissíveis ao patrimônio deixado pelo falecido. Esse patrimônio é chamado de espólio que é o conjunto de bens, direitos e obrigações que integram o patrimônio deixado pelo de cujus, e que será partilhado entre os herdeiros no inventário, sendo que é importante verificar se no contrato não havia a previsão de um seguro por morte ou invalidez permanente, caso em que a seguradora será responsável pelo saldo da dívida (dependendo do contrato).

Feitas essas considerações, passa-se ao capítulo 3, foco desse trabalho monográfico.

Referências

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