4.1.2 Não-Cumulatividade do COFINS e o impacto na arrecadação pública.
Marco Aurélio Paganella (1) e João Henrique Rocha da Conceição (2).
(1) Docente do Centro Universitário Ítalo Brasileiro (2) Discente do Centro Universitário Ítalo Brasileiro
COMO CITAR O ARTIGO:
PAGANELLA, M. A. e CONCEIÇÃO, J. H. R. Não-cumulatividade do COFINS e o impacto na arrecadação pública. URL: www.italo.com.br/portal/cepep/revista eletrônica.html. São Paulo SP, v.9, n.4, p.195-206, out/2019.
RESUMO
Este artigo tem como tema a Não-Cumulatividade do COFINS. O objetivo deste artigo é elucidar sobre o tributo COFINS e o sobre a sua não cumulatividade e aprofundar num tema que está gerando grandes discussões. Para atingir esse objetivo dividimos o artigo em três tópicos, apresentação do tributo Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social. A não cumulatividade do tributo federal COFINS e como ele vem descrito nas leis e entender como essa não cumulatividade afeta a arrecadação Federal. A metodologia a ser utilizada será análise documental associada ao levantamento bibliográfico, o que pudemos constatar é que a variação do tipo de regime tributário escolhido afeta na alíquota efetiva de arrecadação do COFINS.
Palavras-Chave: Cofins, Não cumulatividade
Lista de Abreviaturas
CTN − Código Tributário Nacional LC − Lei Complementar
STJ − Superior Tribunal de Justiça
COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social EC – Emenda Constitucional
INTRODUÇÃO
O curso de Ciências Contábeis, inserido na Área de Negócios do ambiente acadêmico dos cursos de graduação do Centro Universitário Ítalo-Brasileiro tem como um de seus objetivos o fomento ao debate aprofundado sobre temas atuais da gestão, motivo pelo qual nosso projeto de pesquisa vislumbra concentrar atenção e esforço intelectual num assunto relevante e atual para esses futuros profissionais.
Este artigo tem como tema a Não-Cumulatividade do COFINS.
O objetivo deste artigo é elucidar sobre o tributo COFINS e o sobre a sua não cumulatividade e aprofundar num tema que está gerando grandes discussões.
Para atingir esse objetivo dividimos o artigo em três tópicos:
O primeiro tópico apresenta o tributo Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social.
O segundo tópico analisará a não cumulatividade do tributo federal COFINS e como ele vem descrito nas leis.
O terceiro tópico visa entender como essa não cumulatividade afeta a arrecadação Federal.
A metodologia a ser utilizada será análise documental associada ao levantamento bibliográfico, buscando por meio de obras de autores da área jurídica e contábil que tenham tratado direta ou indiretamente do tema, pensamentos sobre elementos importantes para a composição dos objetivos do presente artigo.
Os métodos acima descritos permitirão demonstrar de forma teórica e exemplificar de forma prática o tema tratado, com cases que possam ilustrar e facilitar o entendimento do assunto pelo público alvo.
A bibliografia que serve de parâmetro para a discussão advém de artigos científicos recentes, em especial a partir de 2010, além do Código Tributário Nacional e de autores reconhecidos.
DESENVOLVIMENTO
O artigo foi divido com o objetivo de aprofundar no tema em sua totalidade. Para isso, começaremos com a apresentação do COFINS, após entendermos esse tributo e quando ele é aplicado vamos aprofundar no significado da não cumulatividade e por fim analisaremos o impacto dessa não cumulatividade na arrecadação pública.
TOPICO 1 – COFINS
Neste tópico temos por objetivo apresentar o tributo Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social, usualmente conhecido como COFINS.
Após uma pesquisa identificamos que no artigo 149 da Constituição Federal a União Federal passa a ter competência para instituir as contribuições sociais, que foram caracterizadas como segue n artigo 195;
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
b) a receita ou o faturamento;
Esta competência foi exercida pela União em relação à COFINS com a Lei Complementar nº. 70/91, que a instituiu.
Seguindo os fatos em 1998 veio a Lei nº 9.718/98, que alargou a base de cálculo de ambas as contribuições e aumentou a alíquota da COFINS para 3%, antes disso era de 2%. Até então, a cobrança do PIS e da COFINS eram cumulativas.
Até 2002 não houve nenhuma mudança até que as Leis nº.
10.637/02 e 10.833/03, modificaram o regime de apuração das contribuições de cumulativo para não-cumulativo. Em contrapartida, suas alíquotas foram majoradas para 9,25% (1,65% relativo ao PIS e 7,6% à COFINS).
Mas até o momento não identificamos o que é o COFINS, ele é um tributo federal oriundo de pessoas jurídicas de direito privado, com exceção a essa classificação encontramos as pequenas e microempresas que optam pelo regime tributário Simples Nacional, e o tributo tem como objetivo financiar a Seguridade Social, áreas como a Previdência Social, Saúde Publica e Assistência Social.
TOPICO 2 – Principio de Não cumulatividade do Cofins
A EC nº 42/03 inseriu o §12 ao artigo 195, conferindo status constitucional à não-cumulatividade do PIS/COFINS. A não- cumulatividade é o princípio constitucional que garante ao contribuinte o direito de compensar em cada operação o montante de IPI e ICMS relativo às operações anteriores.
A contribuição não cumulativa que foi instituída tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil.
‘’Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins, com a incidência não cumulativa, incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil.” Lei 10.833/03
§ 4o O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sê-lo nos meses subseqüentes.
Não se confunde a técnica da não cumulatividade do ICMS e do IPI para o PIS e COFINS, tendo em vista que estes últimos não incidem sobre fatos e negócios jurídicos relativos à circulação de bens, mas sim sobre o faturamento e as receitas das empresas.
Seguindo no mesmo raciocínio do artigo, “O Princípio Constitucional da Não-cumulatividade e os créditos do ICMS represados nas exportações pela Lei Complementar n. 87/96”, no artigo o assunto era o ICMS e sua incidência em todo o processo da elaboração do
produto, visto que é um imposto encontrado desde a primeira saída da matéria prima até a venda do produto para o consumidor final, sendo assim podem ocorrer dezenas de incidências do tributo em cada saída realizada. Com base nisso o consumidor final arcaria com esse imposto de forma indireta, pois estaria embutido no produto, causando assim um aumento significativo no valor final. Para que isso não ocorresse foi criada a regra de Não-cumulatividade para o ICMS. Para evitar esse efeito cascata. O mesmo acontece com o COFINS.
Evidentemente, a não-cumulatividade das contribuições não tem o escopo de desonerar a circulação/produção de mercadorias (como o é no ICMS e IPI), mas sim o faturamento dos contribuintes,
Em 2003 com a Lei 10.833, as empresas optantes pelo regime tributário de lucro real, com exceções, não tem mais a cumulatividade do COFINS sobre a receita Bruta, descontando-se os créditos de contribuições.
Segundo o portal tributário acessado em Abril de 2019 temos:
ALÍQUOTAS
A alíquota geral da COFINS não cumulativa é de 7,6%.
Para determinadas operações de vendas de produtores, distribuidores ou importadores de combustíveis, produtos farmacêuticos, perfumaria, toucador, higiene pessoal, máquinas e veículos, autopeças, pneus novos de borracha, câmaras-de- ar de borracha, querosene de aviação, embalagens para bebidas, água, refrigerante, cerveja e preparações compostas e papel imune a impostos, por força do art. 21 da Lei 10.865/2004 (que alterou vários parágrafos do art. 2 da Lei 10.833/2003), a alíquota é específica.
ESTORNO DE CRÉDITO
Deverá ser estornado o crédito da COFINS relativo a bens adquiridos para revenda ou utilizados como insumos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda,
que tenham sido furtados ou roubados, inutilizados ou deteriorados, destruídos em sinistro ou, ainda, empregados em outros produtos que tenham tido a mesma destinação (art. 21 da Lei 10.865/2004).”
TOPICO 3 – Não cumulatividade do Cofins e o impacto na arrecadação pública
O que determina a cumulatividade ou não-cumulatividade do COFINS é a forma de regime tributário adotado pelo contribuinte, ou seja, para o mesmo tem-se duas maneira de informar o regime de faturamento ao qual, incidira os tributos.
Para que ocorra a cumulação do recolhimento do tributo, a empresa deve ter como regime de faturamento a sua presunção, assim como previsto na lei 9.718/98, que trata do regulamento dessa forma de demonstração financeira, e que determina alíquota, 0,65% PIS e 3% o COFINS, sendo assim, todos na cadeia participativa da relação jurídica comercial, pagarão os seus respectivos tributos.
A introdução do sistema não-cumulativo do COFINS representou apenas aumento das alíquotas das contribuições, uma vez que têm pouquíssimos créditos passíveis de apropriação.
Esta situação é ainda agravada pelo fato de que a exclusão de apenas alguns seguimentos do setor de prestação de serviços pelos artigos 8º da Lei nº 10.637/02 e 10 da Lei nº 10.833/03 potencializa ainda mais a desigualdade na tributação do PIS/COFINS: se todos os prestadores de serviços contam com poucos créditos passíveis de aproveitamento, então todos eles deveriam ser excluídos do regime não-cumulativo, não apenas alguns.
Esta desigualdade na tributação do COFINS vai contra inclusive a própria intenção do legislador que, ao instituir o regime não-cumulativo das contribuições, pretendia redistribuir a carga tributária entre os setores da economia e evitar a desigualdade fiscal que existia quando vigia o regime cumulativo para todos indistintamente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O que pudemos constatar é que a variação do tipo de regime tributário escolhido afeta na alíquota efetiva de arrecadação do COFINS, como podemos analisar na tabela abaixo:
Aliquota Efetiva de Arrecadação Cofins
Lucro Real
Lucro Presumido
Simples Nacional (serviços l)
Simples Nacional (Comercio)
Simples Nacional (Industria)
7,60%
3%
0,77% 0,51% 0,52%
1,57% 0,93% 0,90%
1,84% 1,21% 1,15%
2,18% 1,36% 1,29%
2,69% 1,82% 1,69%
5,29% 5,37% 6,29%
Complementando a tabela temos que no Lucro Real é o único dos regimes tributários em que o Cofins não é cumulativo.
REFERÊNCIAS
AMARO, Luciano. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2017
BRASIL, Constituição Federal de 05 de outubro de 1988. Diário Oficial da União - Seção 1 - 5/10/1988, Página 1 (Publicação Original).
Brasília/DF.
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<http://www.stf.jus.br>. Acesso em 12 de março de 2018.
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CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo:
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