CENTRO DE ESTUDOS FRANCO DA ROCHA
Sessão ordinária — 19, Maio, 1943
PRESIDENTE — DR. MARIO Y A H N
O P r e s i d e n t e comunicou à casa que recebeu da viuva do Prof. F r a n c o da R o c h a a relação dos livros que p e r t e n c e r a m ao saudoso M e s t r e e que foram doados à biblioteca do H o s p i t a l C e n t r a l de J u q u e r í , tendo já sido p r o -videnciada a sua r e m o ç ã o p a r a o H o s p i t a l .
O Dr. F . T a n c r e d i p r o p ô s à casa que se estudasse a possibilidade de ser criada, na Assistência a P s i c o p a t a s , u m a ou mais bolsas de estudos p a r a m é -dicos do paiz que desejassem conhecer os m é t o d o s de t r a b a l h o desenvolvidos no H o s p i t a l de J u q u e r í . O s detalhes da q u e s t ã o seriam estudados por u m a comissão a ser designada. O P r e s i d e n t e , t o m a n d o em consideração a p r o -posta, c o m p r o m e t e u - s e a estudar devidamente o a s s u n t o .
O eletroencefaiograma na clínica e na experimentação. Dr. Anibal Silveira.
O A. definiu o eletroencefaiograma tal c o m o o descreveu B e r g e r em 1929 e apresentou em breves t r a ç o s o histórico da descoberta, m e n c i o n a n d o Caton (1875) e Beck (1890), alem dos t r a b a l h o s preliminares de H a n s B e r g e r (19021929). M o s t r o u a evolução acelerada da técnica no período clínico das p e s -quisas, q u a n t o ao isolamento elétrico, à utilização de eletródios, ao aparelho registrador. D e s c r e v e u os tipos hoje correntes de oscilógrafos, salientando as v a n t a g e n s do t u b o de raios catódicos e as do sistema de inscrição direta. Descreveu as ondas alfa e beta (ritmo de Berger) quanto à frequência, à duração e à amplitude, referindo em resumo a distribuição percentual delas no eletroence-faiograma normal. Mencionou depois o ritmo patológico delta (Gray W a l t e r ) e o u t r o s m e n o s c o m u n s . Deteve-se p o u c o nas aplicações clínicas, que reservou p a r a o u t r o trabalho. Recordou a p e n a s a utilisação no c a m p o da epilepsia, no dos t u m o r e s cerebrais, n o das alterações focais da cortex, bem como p a r a fiscalisar certos t r a t a m e n t o s : anti-convulsivo, malarização, terapia de choque nos esquisofrênicos. P a s s o u em seguida à contribuição experimental do p r o -cesso. A s ondas bio-elétricas se o r i g i n a m na c o r t e x m a s exigem a integri-dade das conexões tálamocorticais. R e c o r d o u ainda, as experiências cruciais de D u s s e r de B a r e n n e e Mc Culloch. M o s t r o u c o m o a eletroencefalografia
permitiu d e m o n s t r a r as correlações t r a n s c e r e b r a i s , as inter-corticais, as córtico-subcorticais e, ainda, estabelecer a direção dos axônios. Aludiu ao m a p a fisiológico da c o r t e x do coelho, do gato, do macaco, do chimpanzé, e à
descoberta de zonas corticais que inibem a atividade bioelétrica de o u t r a s . R e -sumiu, por. fim, a l g u m a s das experiências que teve ocasião de efetuar no I n s t i t u t o N e u r o - P s i q u i á t r i c o de Illinois.
Síndrome pseudo-bulbar. Referências anátomo-clinicas sobre um caso. D r s .
P a u l o P i n t o P u p o e C a e t a n o T r a p é .
Iniciando com u m a apreciação sintética sobre a s í n d r o m e pseudo-bulbar,
sua anátomo e físío-patologia, o diagnóstico diferencial e a evolução, os AA. apresentaram uma observação anátomo-clínica. Tratava-se de uma paciente esquisofrênica, com 46 anos de idade, internada no Hospital de Juquerí ha
Os pequenos infartos do hemisfério cerebral esquerdo teriam passado clinicamente despercebidos, o que é facilmente compreensível em uma colônia de grande número de doentes mentais, e o foco do hemisfério direito não só ocasionou a grande hemiplegia esquerda, como desencadeou as perturbações pseudo-bulbares. O segundo ictus que levou ao coma e morte, corresponde, sem dúvida, ao grande infarto hemorrágico do hemisfério cerebral direito. O quadro anátomo-patológico apresentado vem demonstrar mais uma vez a idéia já defendida em trabalhos anteriores pelos AA., de que os infartos hemorrágicos cerebrais se processam, de preferência, em terreno cuja circula-ção era anteriormente comprometida.
Sessão ordinária — 16, Junho, 1943
N o expediente, o P r e s i d e n t e pediu que se consignasse em ata u m voto de profundo pesar pelo falecimento do D r . E d u a r d o W i l l i a m s de Souza A r a n h a , ex-interno e s t u d a n t e do H o s p i t a l de. J u q u e r í , c o m u n i c a n d o t a m b é m que o C e n t r o fez-se r e p r e s e n t a r nos funerais do extinto e na sessão de h o m e n a g e m p ó s t u m a realizada pela secção de Urologia da Associação P a u l i s t a de Medicina. Ainda no expediente, o P r e s i d e n t e comunicou à casa que o jornal " D i á r i o de S ã o P a u l o " poz à disposição do C e n t r o de E s t u d o s u m a secção de colabo-ração, onde, sob o título de " Q u e s t õ e s de psiquiatria social" serão estudados os a s s u n t o s relacionados a este título.
O exame ncuro-oftalmológico em patologia nervosa. Dr. J. Cândido da Silva.
O A. fez u m a exposição dos elementos da motricidade intrínseca ocular mais em relação çom as enfermidades d o sistema nervoso, em particular sobre o hipus fisiológico cujas modificações vão, aos poucos, adquirindo maior im-portância semiológica. Referiu-se a o u t r o s distúrbios da estática ocular c o m o anisocorias, deformações e d e s c e n t r a m e n t o s pupilares em suas relações com as neoplasias basilares. T e r m i n o u d i s c o r r e n d o sobre as alterações da dinâmica pupilar em neuro-patologia.
Acidente de arsenobensolterapia — sífilis recidiva com comprometimento facial bilateral. Cura. (Com apresentação do doente). Drs. Paulo Pinto Pupo e Nilo T .
da Silva.
Depois de s u m a r i a r quais os acidentes mais frequentes da arsenobenzolterapia, separando-os em tóxicos e n ã o tóxicos, a p r e s e n t a r a m a o b s e r v a ç ã o de u m paciente, luético a n t i g o que, na terceira dose de arsenobenzol, a p r e s e n t o u
cefaléia persistente e paralisia facial bilateral. O diagnóstico de sífilis recidiva por tratamento insuficiente foi confirmado pela leucocitose do líquido céfalo-raquidiano e pela prova terapêutica. A intensificação do tratamento arse-nical (1,50 grs. de arsenobenzol em 6 dias) determinou a cura da paralisia
Discussão do anteprojeto da nova classificação das moléstias mentais. Drs. E .
P i n t o Cesar, F . T a n c r e d i e D . M e n d o n ç a U c h ô a .
O s A A . a g r a d e c e r a m aos colegas que enviaram sugestões p a r a a elabor a ç ã o do a n t e p elabor o j e t o da nova classificação das moléstias m e n t a i s . C o m u n i -c a r a m que a -c o m i s s ã o -c o n t i n u a r á a re-ceber s u g e s t õ e s a t é A g o s t o , q u a n d o o ante-projeto será s u b m e t i d o à discussão.
, mielodisplasia. Dr. O. F . Julião.