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Arq. Bras. Cardiol. vol.81 número5

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Calderaro e cols

Espondilodiscite como manifestação clínica de endocardite infecciosa

Arq Bras Cardiol 2003; 81: 526-7.

Instituto do Coração do Hospital das Clínicas – FMUSP

Correspondência: Daniela Calderaro – INCOR – Av. Dr Eneas C Aguiar, 44 Cep 05403-000 – São Paulo, SP – E-mail: daniela.calderaro@incor.usp.br Recebido para publicação em 19/11/02

Aceito em 31/3/03

Arq Bras Cardiol, volume 81 (nº 5), 526-7, 2003

Daniela Calderaro, Tatiana F.G.Galvão, Renato Scotti Bagnatori, Bruno Caramelli

São Paulo, SP

Espondilodiscite como Manifestação Clínica de

Endocardite Infecciosa

Imagem

Homem de 68 anos, previamente hígido, foi admitido em enfermaria ortopédica devido a dor lombar de forte inten-sidade, incapacitante para deambulação, iniciada há 2 sema-nas, sem história de trauma. Concomitantemente, apresenta-va febre e calafrios. Ao exame físico, apresentaapresenta-va-se em regular estado geral, sem alterações neurológicas, com pro-pedêutica de insuficiências aórtica e mitral, sem sinais de insuficiência cardíaca e com dor à palpação de apófise espi-nhosa da 12a vértebra torácica. Exames laboratoriais revela-ram leucocitose com desvio à esquerda (leucócitos=20.500; 26 bastonetes/ 65 segmentados), e intensa atividade infla-matória, com velocidade de hemossedimentação de 78mm (normal: 10-15mm) e 97,2 mcg/ml de proteína C-reativa (nor-mal: < 5mcg/ml). Identificado em todos os 3 pares de hemo-cultura Streptococcus constellatus. Ao eletrocardiograma, apenas discretas alterações da repolarização. A suspeita clínica de espondilodiscite foi confirmada por típica imagem na ressonância nuclear magnética (figs. 1 e 2), sem sinais de instabilidade da coluna. Investigação complementada com ecocardiograma que corroborou a propedêutica cardioló-gica, evideciando insuficiência aórtica importante e insu-ficiência mitral moderada, com vegetações pequenas e pe-dunculadas em ambas as valvas. Preenchidos assim crité-rios maiores de Duke1, microbiológico e ecocardiográfico, para endocardite infecciosa. Iniciada vancomicina com rápi-da melhora rápi-da dor lombar e rápi-da curva febril. Após um mês o paciente desenvolveu franca insuficiência cardíaca, apesar do uso de vasodilatadores, e recidiva da febre. Repetido o ecodopplercardiograma, que mostrou piora da insuficiência mitral, quantificada como importante, além das mesmas alte-rações detectadas no exame prévio. Foi indicado tratamento cirúrgico das valvas aórtica e mitral, com substituição de ambas por próteses biológicas. Havia vegetações em

ambas as valvas, além de perfurações circulares em folhetos coronariano esquerdo e não coronariano da valva aórtica. Não havia extensão paravalvar da endocardite e as culturas (sangue e valvas) resultaram negativas. O paciente teve ex-celente recuperação e completou 8 semanas de antibiotico-terapia (nos casos de endocardite infecciosa associada a espondilodiscite, a terapêutica antibiótica deve ser mais prolongada, durando no mínimo 6 semanas e até mesmo 3 meses2).

A endocardite infecciosa continua a ser uma doença de elevada morbi-mortalidade a despeito dos grandes avan-ços diagnósticos e terapêuticos, com estimativas recentes de 12 a 15% de mortalidade na fase intra-hospitalar3. Entre os fatores prognósticos, ressaltam-se os eventos embólicos e precocidades diagnóstica e terapêutica. Embora não haja o conceito formal da pesquisa sistemática da associação Fig. 1 e 2 - Imagens adquiridas em T-1 por ressonância nuclear magnética em planos frontal (figura 1) e sagital (figura 2) após contraste com gadolíneo. Observado hipo-sinal em disco vertebral entre T12 - L1 e áreas osteolíticas nos corpos vertebrais ad-jacentes com realce heterogêneo.

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Arq Bras Cardiol 2003; 81: 526-7.

Calderaro e cols Espondilodiscite como manifestação clínica de endocardite infecciosa

5 2 7 1. Durack DT, Lukes AS, Bright DK. New criteria for diagnosis of infective

endo-carditis: utilization of specific echocardiographic findings. Duke Endocarditis Service. Am J Med 1994; 96:200-9.

2. Le Moal G, Roblot F, Paccalin M, et al. Clinical and laboratory characteristics of infective endocarditis when associated with spondilodyscitis. Eur J Clin Micro-biol Infect Dis 2002; 21: 671-5.

Referências

3. Mauri L, de Lemos JA, O’Gara PT. Infective endocarditis. Curr Probl Cardiol 2001; 26:560-604.

4. Morelli S, Carmenini E, Caporossi AP, Aguglia G, Bernardo ML, Gurgo AM. Spondylodiscitis and infective endocarditis: case studies and review of the lite-rature. Spine 2001; 26: 499-500.

entre espondilodiscite e endocardite, há relatos de incidên-cia de 10 a 15% de espondilodiscite em pacientes com endo-cardite, principalmente quando se trata de etiologia estrep-tococcica2,4.Nesses casos, a exemplo do que observamos, o sintoma ortopédico pode ser o predominante.

Acreditamos que esta comorbidade deva ser sempre considerada e que pacientes com espondilodiscite que

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Fig. 1 e 2 - Imagens adquiridas em T-1 por ressonância nuclear magnética em planos frontal (figura 1) e sagital (figura 2) após contraste com gadolíneo

Referências

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