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Aula 07: Responsabilidade Tributária Direito Tributário

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Academic year: 2022

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Aula 07: Responsabilidade Tributária

Direito Tributário

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Sumário

SUMÁRIO ...2

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA ... 3

RESPONSABILIDADEPORSUBSTITUIÇÃO ... 7

RESPONSABILIDADEPORTRANSFERÊNCIA ... 12

RESPONSABILIDADE DOS SUCESSORES ... 13

RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS ... 32

RESPONSABILIDADEPORINFRAÇÕES ... 39

DENÚNCIA ESPONTÂNEA ... 43

QUESTÕES COMENTADAS... 47

LISTA DE QUESTÕES... 83

GABARITO ... 97

RESUMO DIRECIONADO ... 98

RESPONSABILIDADEPORSUBSTITUIÇÃO ... 100

RESPONSABILIDADEPORTRANSFERÊNCIA ... 100

RESPONSABILIDADE DOS SUCESSORES ... 101

RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS ... 108

RESPONSABILIDADEPORINFRAÇÕES ... 111

DENÚNCIA ESPONTÂNEA ... 112

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Responsabilidade Tributária

A responsabilidade tributária representa a atribuição da obrigação de pagar o tributo a uma terceira pessoa, que não realiza o fato gerador da obrigação tributária. No entanto, essa terceira pessoa deve ter alguma relação (indiretamente) com a ocorrência do fato gerador. Dessa forma, considera-se que o responsável é sujeito passivo da obrigação tributária quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei.

Logo, podemos concluir os seguintes fatos sobre a responsabilidade tributária:

- Deve ser atribuída a uma pessoa distinta do contribuinte;

- Essa atribuição deve ocorrer por meio de disposição expressa de lei.

Inicialmente, cumpre destacar que a obrigação de pagar o tributo é do contribuinte, visto que ele realiza o fato gerador. Logo, o contribuinte tem uma responsabilidade originária de pagar o tributo devido.

No entanto, conforme visto, a Lei (em sentido estrito) pode atribuir a responsabilidade pelo pagamento do imposto a uma pessoa, que não reveste a condição de contribuinte. Logo, o responsável tem uma responsabilidade derivada (de Lei) de pagar o tributo devido.

Conforme será visto na sequência, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.

Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.

Perceba que a atribuição da responsabilidade a terceira pessoa pode excluir a responsabilidade do contribuinte ou pode atribuir caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.

Ao atribuir a responsabilidade pelo pagamento do imposto a um terceiro a legislação pode excluir a responsabilidade do contribuinte ou atribuir em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação. Ou seja, a lei pode optar por atribuir ao “eleito responsável” a responsabilidade pelo pagamento do imposto e “deixar de lado” o contribuinte. Resumindo, a lei pode definir que vai cobrar o imposto apenas do responsável e não cobrar do contribuinte. Ressalta-se que essa é uma possibilidade!

Caso a Lei exclua a responsabilidade do contribuinte, a obrigação de pagar o imposto torna-se exclusiva da terceira pessoa eleita responsável tributária pelo pagamento do tributo. Dessa maneira, a Fazenda Pública só pode cobrar o crédito tributário do responsável, visto que a responsabilidade do contribuinte foi excluída.

Essa é responsabilidade pessoal.

Caso a lei atribua ao contribuinte do tributo responsabilidade de caráter supletivo, a obrigação de pagar o imposto não é mais exclusiva da terceira pessoa eleita responsável tributária pelo pagamento do tributo.

Dessa maneira, a Fazenda Pública poderá cobrar o crédito tributário do responsável, visto que a

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Vamos entender como funciona melhor a atribuição desse caráter supletivo. A referida atribuição pode ocorrer das seguintes maneiras:

- Responsabilidade subsidiária: Na hipótese de responsabilidade subsidiária, a fazenda pública deve respeitar uma ordem para exigência do crédito tributário. Nesse caso, o responsável subsidiário só pode ser cobrado após o esgotamento dos meios de cobranças do responsável principal.

Dessa maneira, considera-se que a responsabilidade subsidiária comporta o benefício de ordem, ou seja, deve ser cobrado primeiro o devedor principal para depois haver a cobrança do responsável subsidiário.

- Responsabilidade solidária: Na hipótese de responsabilidade solidária, a fazenda pública pode cobrar tanto do responsável eleito como do próprio contribuinte.

No caso da responsabilidade solidária, a lei não “deixa de lado” o contribuinte para cobrar o imposto exclusivamente do terceiro eleito como responsável solidário. Nesse caso, o terceiro (eleito responsável solidário) e o contribuinte serão cobrados simultaneamente pelo imposto devido pelo contribuinte. Ou seja, a lei informa que pode cobrar o débito do contribuinte e do responsável solidário ao mesmo tempo.

Dessa maneira, considera-se que a responsabilidade solidária não comporta o benefício, visto que não necessidade de respeito a alguma ordem de cobrança.

Responsabilidade

Pessoal Há exclusão da responsabilidade do contribuinte

Subsidiária

Não há exclusão total da responsabilidade do contribuinte

(Comporta benefício de ordem)

Solidária Contribuinte responde junto com o responsável (Não comporta benefício de ordem)

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Vamos praticar!

(CESPE - 2017 - PGM - Procurador do Município de Fortaleza)

Julgue o seguinte item, a respeito de obrigação tributária e crédito tributário.

Quanto aos seus efeitos, a responsabilidade tributária pode ser solidária, subsidiária ou pessoal. Sendo pessoal, inexistem coobrigados, mas terceira pessoa que detém a condição de único sujeito passivo responsável pelo cumprimento da obrigação tributária.

RESOLUÇÃO: A responsabilidade tributária pessoal representa a situação na qual a lei exclui a responsabilidade do contribuinte. Dessa maneira, o responsável tributário é o único que tem a obrigação cumprir a obrigação tributária. Por isso, a afirmativa está certa quando afirma que na responsabilidade pessoal não há coobrigados e que o responsável é o único sujeito passivo responsável pelo cumprimento da obrigação tributária.

Resposta: Certa

Por oportuno, destaco que a responsabilidade tributária pode ser classificada de acordo com o momento em que a atribuição da responsabilidade a pessoa eleita responsável:

Responsabilidade por substituição: A responsabilidade é atribuída desde o momento em que ocorreu o fato gerador.

Destaca-se que a responsabilidade tributária por substituição é considerada responsabilidade originária, em virtude de ser atribuída desde a ocorrência do fato gerador.

Responsabilidade por transferência: A responsabilidade é atribuída em momento posterior à ocorrência do fato gerador. em que ocorreu o fato gerador.

Destaca-se que a responsabilidade tributária por transferência é considerada responsabilidade derivada, em virtude de ocorrer após a ocorrência do fato gerador.

A responsabilidade por transferência é subdivida nas seguintes espécies:

- Transferência aos sucessores;

- Transferência a terceiros;

- Transferência com solidariedade;

Responsabilidade

por substituição A responsabilidade é atribuída desde o momento em que ocorreu o fato gerador

por transferência

A responsabilidade é atribuída em momento posterior à ocorrência do fato gerador. em que

ocorreu o fato gerador

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Vamos praticar!

(CESPE - 2009 - SECON ES - Auditor do Estado - Adaptada)

Julgue o seguinte item, a respeito de obrigação tributária e crédito tributário.

Quando a lei atribui a responsabilidade pelo pagamento do tributo a terceira pessoa desde o nascimento da obrigação tributária, trata-se do instituto jurídico denominado responsabilidade tributária por substituição.

RESOLUÇÃO: De fato, na responsabilidade tributária por substituição há a atribuição da responsabilidade desde o momento da ocorrência do fato gerador.

Resposta: Certa

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RESPONSABILIDADE POR SUBSTITUIÇÃO

Conforme adiantado, a responsabilidade por substituição ocorre com a atribuição da responsabilidade desde a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Dessa forma, o terceiro eleito responsável já é o responsável pelo cumprimento da obrigação tributária desde a constituição do fato gerador.

Um bom exemplo de responsabilidade por substituição é a atribuição da responsabilidade pelo recolhimento do imposto de renda à fonte pagadora. Melhorando o exemplo, o responsável por efetuar o recolhimento do imposto de renda do seu salário como servidor público será do órgão em que você estiver trabalhando. Dessa forma, apesar de você ser o contribuinte, o órgão público é o responsável por efetuar o recolhimento

Na responsabilidade por substituição, o contribuinte fica afastado (ainda que parcialmente) da obrigação de cumprir a obrigação tributária.

“Como assim professor? Afastado parcialmente? Se transferiu, a responsabilidade é total do substituto!?”

DEPENDE... Lembre-se que a lei pode excluir a responsabilidade do contribuinte ou atribuir a este caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.

Voltando ao nosso exemplo do imposto de renda, lembra ou já ouviu da declaração anual do imposto de renda que deve ser realizada? É justamente nesse momento que percebemos o caráter supletivo que pode ser atribuído ao contribuinte, visto que a responsabilidade por fazer o recolhimento todo mês é da fonte pagadora.

Porém, no ano seguinte, o contribuinte deve fazer a declaração anual do imposto de renda. Nesse caso, caso tenha que ser feito algum complemento do imposto devido, o contribuinte que recolherá para a União. Assim, constatamos o caráter supletivo na responsabilidade por substituição.

Para facilitar o entendimento da responsabilidade por substituição, vamos entender como funciona a substituição no âmbito do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior – ICMS. Destaco que não esgotaremos o tema, visto que ele é especificamente estudado no curso de legislação tributária dos Estados.

A responsabilidade tributária por substituição, no âmbito do ICMS, visa facilitar a arrecadação e a fiscalização de tributos. Assim, a Administração Tributária atribui a responsabilidade pelo pagamento do imposto a um terceiro que tenha relação/participação na ocorrência do fato gerador. Então, surgem duas figuras importantes na substituição tributária: o contribuinte substituto e o contribuinte substituído.

Contribuinte Substituído: Aquele que teria a obrigação de pagar o tributo.

Contribuinte Substituto: Aquele que foi eleito para pagar o tributo do contribuinte substituído (responsável).

Para facilitar o entendimento e você compreender a ideia, imagine pequenos produtores rurais, localizados no interior de certo Estado brasileiro, que realizam o cultivo de vários produtos primário como arroz, feijão, milho, etc. Todos eles concentram suas produções numa cooperativa regional para que seja realizada a venda desses produtos. É muito mais interessante concentrar a cobrança dos tributos dos produtores na

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para que todos os produtores estejam sendo fiscalizados “indiretamente”. Ao fiscalizar a cooperativa e exigir o recolhimento correto dos tributos, a fiscalização obriga a cooperativa a reter corretamente os tributos dos produtores. Mesmo que a cooperativa não retenha corretamente o tributo dos produtores, o Fisco cobrará o valor correto. É claro que a cooperativa não vai dar mole e reter de maneira errada os tributos dos produtores.

Independentemente da relação da cooperativa com os demais produtores, a relação da administração tributária será com a cooperativa, visto que ela foi eleita responsável pelo cumprimento da obrigação tributária dos produtores.

Nessa situação, temos:

Contribuinte Substituído: pequenos produtores rurais.

Contribuinte Substituto: cooperativa (responsável).

Vamos aproveitar para conferir mais um exemplo de substituição tributária. Suponha agora uma indústria de bebidas que distribui para várias distribuidoras de bebidas e até mesmo milhares de bares. Nessa situação, também é interessante para o Fisco concentrar a fiscalização na indústria. É inviável fiscalizar milhares de estabelecimentos. Quantos bares você conhece na sua cidade? Já pensou ter que fiscalizar um a um? Sei que algumas pessoas adorariam fazer isso e ainda fariam até hora extra de graça. Entretanto, mais uma vez chamo atenção para a eficiência e racionalização administrativa. Assim, a melhor maneira para realizar essa fiscalização é concentrar o recolhimento dos tributos na indústria.

Nessa situação, temos:

Contribuinte Substituído: distribuidoras e bares.

Contribuinte Substituto: indústria.

Além de conhecermos os sujeitos que participam dessa substituição, é importante sabermos que há 3 tipos possíveis de responsabilidade por substituição: a substituição tributária para trás, a substituição tributária pura e a substituição tributária para frente. Ressalta-se que essas três classificações se referem ao momento em que ocorre o fato gerador.

Vamos entender cada uma:

Substituição tributária para trás: A responsabilidade é denominada para trás em virtude do contribuinte substituído estar em uma posição anterior ao responsável (contribuinte substituto) da cadeia produtiva.

Produtores rurais

Cooperativa dos produtores

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Substituição tributária para frente: A responsabilidade é denominada para frente em virtude do contribuinte substituído estar em uma posição posterior ao responsável (contribuinte substituto) da cadeia produtiva.

Ressalta-se que, conforme adiantado, a responsabilidade por substituição ocorre com a atribuição da responsabilidade desde a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. No entanto, a responsabilidade tributária para frente (Substituição tributária para frente) representa uma situação em que o responsável terá que recolher o tributo de um fato gerador que ainda ocorrerá no futuro. Nesse caso, podemos constatar uma responsabilidade antes mesmo da ocorrência do fato gerador.

Apesar da responsabilidade tributária para frente ocorrer antes da ocorrência do fato gerador, destaca-se que não há responsabilidade atribuída ao contribuinte para posterior transferência ao substituto tributário que representaria a responsabilidade por transferência.

A substituição tributária para frente tem fundamento na Constituição Federal. Vamos conferir:

CF/88

Art. 150º, § 7º, da CF/88 - A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido.

Apesar de haver essa previsão, a substituição tributária para frente é alvo de muitas críticas, visto que é uma antecipação do pagamento do tributo, cujo fato gerador ainda não ocorreu. De fato, acontece essa antecipação. Entretanto, é importante estarmos atentos ao posicionamento dos Tribunais Superiores.

Indústria

Bares

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Vamos conferir o posicionamento do STJ:

JURISPRUDÊNCIA CORRELATA

“com o pagamento antecipado não ocorre recolhimento do imposto antes da ocorrência do fato gerador. O momento da incidência do tributo fixado por lei não se confunde com a cobrança do tributo, pelo que o sistema de substituição tributária não agride o ordenamento jurídico tributário”

(STJ, 2.ª T., REsp 89.630/PR, Rel. Min. Ari Pargendler, j. 08.06.1999, DJ 01.07.1999, p. 161) Agora, vamos verificar o posicionamento do STF:

JURISPRUDÊNCIA CORRELATA

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. IMPRESCINDIBILIDADE DE QUE ESSA HIPÓTESE ESTEJA PREVISTA EM LEI. LEGITIMIDADE DO INSTITUTO JURÍDICO. NÃO- CONHECIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. INOCORRÊNCIA DO FENÔMENO DA SUBSTITUIÇÃO DE JULGADO. PREJUDICIALIDADE DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ALEGAÇÃO IMPROCEDENTE.

2. É responsável tributário, por substituição, o industrial, o comerciante ou o prestador de serviço, relativamente ao imposto devido pelas anteriores ou subseqüentes saídas de mercadorias ou, ainda, por serviços prestados por qualquer outra categoria de contribuinte.

3. Legitimidade do regime de substituição tributária, dado que a cobrança antecipada do ICMS por meio de estimativa ‘constitui simples recolhimento cautelar enquanto não há o negócio jurídico de circulação, em que a regra jurídica, quanto ao imposto, incide’. Entendimento doutrinário. Recurso extraordinário conhecido e provido”

(RE 194.382, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Maurício Corrêa, Tribunal, DJ de 25.4.03).

“CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. I.C.M.S. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA.

LEGITIMIDADE.

I. - O Plenário da Corte deu pela legitimidade do regime de substituição tributária.

(RE nº 362.231/SP-AgR, Segunda turma, Relator o Ministro Carlos Velloso, DJ de 1/8/03).

Vamos praticar um pouco:

FCC – 2016 – PGE-MA - Procurador do Estado)

Quando a lei atribui a qualidade de responsável tributário sobre fato gerador que ainda não ocorreu, mas que deva ocorrer posteriormente, estar-se-á diante de

a) sucessão tributária, vedada expressamente pela CF/88.

b) ultratividade da lei tributária, permitida expressamente por lei.

c) substituição tributária para frente, permitida expressamente pela CF/88.

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d) substituição tributária para trás, vedada expressamente pela CF/88.

e) retroatividade da lei tributária, permitida expressamente por lei.

RESOLUÇÃO: Essa é a substituição tributária para frente, também conhecida como substituição tributária progressiva.

Resposta: Letra C

(CESPE – SEFAZ/AL – 2002)

Considerando o ICMS, julgue o item abaixo.

Fica atribuída a condição de contribuinte substituto ao contribuinte destinatário, nas operações ou prestações com diferimento do imposto, nas hipóteses de substituição tributária regressiva.

RESOLUÇÃO: A substituição tributária para trás também é conhecida como substituição tributária regressiva.

Resposta: Certa

(CESPE – AGU – 2015)

Por dispositivo legal expresso, a obrigação de recolhimento de determinado imposto foi atribuída a pessoa diversa da do contribuinte, devendo esse pagamento ser feito antecipadamente, em momento prévio à ocorrência do fato gerador, previsto para ocorrer no futuro.

Com relação a essa situação, julgue o item seguinte.

Na situação considerada, trata-se do instituto denominado substituição tributária progressiva, que tem previsão expressa relativa ao ICMS.

RESOLUÇÃO: Conforme vimos, a substituição tributária progressiva (para frente) tem previsão na Constituição Federal.

Resposta: Certa

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RESPONSABILIDADE POR TRANSFERÊNCIA

Conforme adiantado, a responsabilidade por transferência ocorre com a atribuição da responsabilidade em momento posterior à ocorrência do fato gerador.

Além disso, vimos que a responsabilidade por transferência é subdivida nas seguintes espécies:

- Transferência aos sucessores;

- Transferência a terceiros;

- Transferência com solidariedade;

Apesar dessa subdivisão, o estudo reponsabilidade solidária é realizado no Art. 124 do CTN que estabelece:

Art. 124. São solidariamente obrigadas:

I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal;

II - as pessoas expressamente designadas por lei.

Dessa maneira, o estudo da responsabilidade solidária é realizado no âmbito do estudo da sujeição passiva.

Com isso, podemos iniciar o nosso estudo com a responsabilidade dos sucessores!

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RESPONSABILIDADE DOS SUCESSORES

Em relação à responsabilidade por transferência dos sucessores, precisamos ter em mente que ocorrerá um determinado evento (ato e/ou fato) que ensejará a transferência da responsabilidade para um determinado sucessor.

Pois bem, para melhor compreensão do tema, precisamos atentar à data do evento que enseja essa transferência, visto que às regras relativas à transferência da responsabilidade serão aplicáveis até esta data, independentemente do momento da constituição do crédito tributário.

Por oportuno, destaca-se que, na responsabilidade dos sucessores, a partir da data do “evento” o sucessor torna-se contribuinte.

Art. 129. O disposto nesta Seção aplica-se por igual aos créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data.

Conforme explicado anteriormente, a responsabilidade por sucessão é relativa às obrigações tributárias surgidas até a data do “evento” de sucessão.

No caso, podemos ter 03 situações na data do “evento” de sucessão:

1) Créditos tributários definitivamente constituídos:

Na data do do “evento” de sucessão, o crédito tributário já está constituído.

2) Em curso de constituição à data dos atos nela referidos:

Na data do “evento” de sucessão, o crédito tributário está sendo constituído.

3) Constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data.

Na data do “evento” de sucessão, o crédito tributário não está constituído. A constituição do crédito ocorre após o “evento” de sucessão e deve ser relativo a obrigações tributárias surgidas antes do “evento” de sucessão.

DETALHE: Após o “evento” de sucessão, o responsável torna-se contribuinte em relação aos novos fatos geradores.

Responsabilidade por sucessão

Sucessão de bens imóveis Sucessão de bens móveis Sucessão causa mortis

Sucessão empresarial decorrente de operações societárias

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SUCESSÃO DE BENS IMÓVEIS

Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.

Nesse caso, temos que as pessoas que adquirirem bens imóveis serão responsáveis pelos créditos tributários relativos aos impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis (IPTU e ITR), às taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens (por exemplo, taxa de coleta domiciliar de lixo) ou a contribuições de melhoria.

Sub-rogar significa substituir uma pessoa por outra na relação jurídica. No caso, estamos tratando de uma relação jurídico-tributária. Logo, o adquirente de um bem imóvel substitui a pessoa que estava na relação jurídico tributária relativa aos créditos tributários do imóvel. No entanto, ela não passa a ser contribuinte do imposto, mas sim responsável.

Perceba que, em relação aos fatos anteriores à aquisição, o adquirente não é o contribuinte, visto que não realizou o fato gerador. Logo, torna-se o responsável pelos créditos tributários anteriores a sua aquisição.

No entanto, essa responsabilidade pode ser excepcionada caso, no momento do registro do imóvel no cartório, haja a constatação de prova da quitação dos tributos relativos aos períodos antecedentes. Essa comprovação é realizada por meio da certidão negativa de débitos fiscais (CND) que é um documento emitido pelas Secretarias de Fazenda (federal, estaduais e municipais) dando prova da inexistência de pendências e débitos tributários do contribuinte.

Logo, se houve a apresentação da certidão negativa de débitos fiscais no momento do registro do imóvel, não pode haver a transferência da responsabilidade pelo pagamento de possíveis débitos tributários (constatados posteriormente) ao adquirente do imóvel.

Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço.

A arrematação em hasta pública representa um leilão realizado pelo poder público que tem o objetivo de arrecadar recursos com os bens alienados para saldar as dívidas do proprietário do bem

Em relação a sub-rogação que ocorre sobre o preço de arrematação, significa que os créditos tributários relativos aos fatos geradores anteriores à arrematação estão inclusos no valor de arrematação. Dessa maneira, o arrematante não tem nenhuma responsabilidade sobre os possíveis débitos que não foram efetivamente saldados com o valor da arrematação.

Sobre o tema, vamos conferir um julgado do STJ bastante didático:

JURISPRUDÊNCIA CORRELATA

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. IPTU SOBRE IMÓVEL ARREMATADO EM HASTA PÚBLICA. EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE. ILEGITIMIDADE PASSIVA. DÉBITOS TRIBUTÁRIOS. SUB- ROGAÇÃO QUE OCORRE SOBRE O PREÇO. PARÁGRAFO ÚNICO, DO ART. 130, DO CTN. IMPOSSIBILIDADE DE IMPUTAR-SE AO ARREMATANTE ENCARGO OU RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PENDENTE, QUE PERSISTE PERANTE O FISCO, DO ANTERIOR PROPRIETÁRIO.

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1. O crédito fiscal perquirido pelo fisco deve ser abatido do pagamento, quando do leilão, por isso que, finda a arrematação, não se pode imputar ao adquirente qualquer encargo ou responsabilidade tributária.

Precedentes: (REsp 716438/PR, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 09/12/2008, DJe 17/12/2008; REsp 707.605-SP, Relatora Ministra ELIANA CALMON, Segunda Turma, DJ de 22 de março de 2006; REsp 283.251 – AC, Relator Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, Primeira Turma, DJ de 05 de novembro de 2001; REsp 166.975 – SP, Relator Ministro Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, Quarta Turma, DJ de 04 de outubro der 1.999).

2. Os débitos tributários pendentes sobre o imóvel arrematado, na dicção do art. 130, parágrafo único, do CTN, fazem persistir a obrigação do executado perante o Fisco, posto impossível a transferência do encargo para o arrematante, ante a inexistência de vínculo jurídico com os fatos jurídicos tributários específicos, ou com o sujeito tributário. Nesse sentido: “Se o preço alcançado na arrematação em hasta pública não for suficiente para cobrir o débito tributário, nem por isso o arrematante fica responsável pelo eventual saldo.”

(BERNARDO RIBEIRO DE MORAES, Compêndio de Direito Tributário, 2º vol., Rio de Janeiro: Forense, 1995, p.

513).

3. A regência normativa em tela é a do CTN, parágrafo único do art. 130, dispositivo especial quanto ao caput, posto ser este aplicado nas relações obrigacionais de transferência de domínio ou posse de imóvel. In casu, a situação é especialíssima e adversa, não havendo que se falar em transferência de domínio por fins de aquisição dentro relações obrigacionais civis, seja de compra e venda, cessão, doação etc.

4. Deveras, revela-se inadequado imprimir à questão contornos obrigacionais, sendo impróprio aduzir-se a alienante e adquirente, mas sim em executado e arrematante, respectivamente, diante da inexistência de vínculo jurídico com os fatos jurídicos tributários específicos, ou com o sujeito tributário. O executado, antigo proprietário, tem relação jurídico-tributária com o Fisco, e o arrematante tem relação jurídica com o Estado- juiz.

5. Assim, é que a arrematação em hasta pública tem o efeito de expurgar qualquer ônus obrigacional sobre o imóvel para o arrematante, transferindo-o livremente de qualquer encargo ou responsabilidade tributária.

6. Recurso especial desprovido.

(Recurso Especial nº 1.059.102, Rio Grande do Sul, julgado em 03/09/2009, publicado no D.J. de 07/10/2009).

Vamos praticar!

(FCC - 2019 – Pref MANAUS – Técnico Fazendário)

Em abril de 2018, Márcio adquiriu a propriedade de imóvel residencial, sendo que o IPTU referente aos exercícios de 2016, 2017 e 2018 não tinha sido pago. O título aquisitivo da referida propriedade não trazia prova da quitação do referido imposto, nem mencionava nada a este respeito. Considerando que o fato gerador do IPTU, no caso, ocorre no dia 1º de janeiro de cada exercício, e tendo em conta as normas do Código Tributário Nacional acerca da responsabilidade tributária, constata-se que

a) apenas o crédito tributário relativo ao IPTU devido em 2018 se sub-roga na pessoa de Márcio, tendo ocorrido a prescrição da responsabilidade em relação aos exercícios de 2016 e 2017, porque, entre as datas dos fatos

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b) os créditos tributários relativos ao IPTU devido em 2016, 2017 e 2018 sub-rogam-se na pessoa de Márcio.

c) os créditos tributários relativos ao IPTU devido em 2016, 2017 e 2018 não se sub-rogam na pessoa de Márcio, porque o título aquisitivo da propriedade nada menciona a este respeito.

d) apenas o crédito tributário relativo ao IPTU devido em 2018 se sub-roga na pessoa de Márcio, tendo ocorrido a prescrição da responsabilidade em relação aos exercícios de 2016 e 2017, porque, entre as datas dos fatos geradores de 2016 e 2017 e a data da aquisição do imóvel por Márcio, transcorreram mais de 180 dias.

e) apenas os créditos tributários decorrentes de fatos geradores ocorridos após a data da aquisição do imóvel por Márcio é que se sub rogarão na sua pessoa.

RESOLUÇÃO: Márcio é adquirente de um imóvel residencial. Nesse caso, ele é responsável pelos créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.

A questão afirma que não há prova da quitação do IPTU relativo aos exercícios de 2016, 2017 e 2018. Logo, ele será responsável por esses créditos tributários.

Com esse conhecimento, já podemos marcar a alternativa correta a Letra B.

Resposta: B

(FCC - 2015 – TCE - AM – Auditor)

Orlando adquiriu dois imóveis, ambos com débito de IPTU referentes a vários exercícios. O primeiro deles, uma casa no centro da cidade, foi adquirido diretamente do vendedor, por meio de escritura pública, enquanto que o segundo, um terreno em local afastado do centro da cidade, foi adquirido em hasta pública. Não constaram dos respectivos títulos aquisitivos quaisquer provas de quitação do IPTU até então devido. De acordo com a disciplina do Código Tributário Nacional acerca da responsabilidade dos sucessores, Orlando

a) será responsável total e ilimitadamente pelo crédito tributário existente até a data de aquisição da casa.

b) será responsável total e ilimitadamente apenas pelo débito de imposto existente até a data de ambas as aquisições.

c) será responsável total e ilimitadamente pelo crédito tributário existente até a data de aquisição do terreno.

d) não será responsável pelos créditos tributários existentes até a data da aquisição.

e) será responsável apenas pelo débito de imposto existente até a data de ambas as aquisições, sendo que, no caso do terreno, essa responsabilidade se limita ao preço de aquisição.

RESOLUÇÃO:

Nesse caso, precisamos analisar cada aquisição realizada:

1) casa no centro da cidade, adquirida diretamente do vendedor.

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Nesse caso, Orlando é responsável pelos créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, salvo quando conste do título a prova de sua quitação.

Não houve provas de quitação do IPTU até então devido. Logo, Orlando é responsável.

DETALHE: Não é todo e qualquer crédito tributário em que haverá a responsabilidade de Orlando, visto que a sub-rogação ocorre em relação aos impostos relativos à propriedade, ao domínio útil ou a posse de bens imóveis. Além disso, ocorre a sub-rogação ocorre em relação à contribuição de melhoria e às taxas pela prestação de serviços relativas ao bem. Perceba que não há sub-rogação em relação às taxas relativas ao poder de polícia.

2) terreno em local afastado do centro da cidade, adquirido em hasta pública:

Nesse caso, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço. Logo, não haverá responsabilidade para Orlando.

Destaca-se que, na hipótese de arrematação em hasta pública, não importa se há (ou não) prova de quitação dos tributos.

Resposta: A

(CESPE - 2012 – AGU – Advogado Geral da União) Em relação à responsabilidade tributária, julgue o item.

As taxas de prestação de serviços, tais como as cobradas em razão do poder de polícia, devidas pelo alienante até a data da aquisição do imóvel, são de responsabilidade do adquirente do imóvel.

RESOLUÇÃO:

Em relação à aquisição de bens imóveis a responsabilidade ocorre sobre os impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria. Não há responsabilidade sobre as taxas cobradas em razão do poder de polícia.

Resposta: Errada

(18)

SUCESSÃO DE BENS MÓVEIS

Art. 131. São pessoalmente responsáveis:

I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos;

Agora, tratamos da responsabilidade na hipótese de aquisição ou remição bens móveis. Nesses casos, o adquirente ou remitente será o responsável pelos créditos tributários relativos aos fatos geradores ocorridos antes da aquisição ou remição.

Destaco que o CTN não informa expressamente que se trata dos bens móveis. No entanto, os bens imóveis já foram tratados anteriormente. Por consequência, agora, tratamos dos bens móveis.

“Professor, eu sei o que aquisição. Mas remição é a primeira vez que vejo (no caso, leio). O que é isso?”]

Remição é o resgaste de um bem que é levado a hasta pública. Esse resgate ocorre por meio do pagamento do preço pelo qual o bem foi arrematado. Dessa maneira, é possível “recuperar” o bem em uma hasta pública.

Antigamente, o instituto da remição era direcionado ao cônjuge, ascendente ou descendente que podia depositar a quantia pela qual os bens tinham sido arrematados. Com isso, havia a transferência dos bens para uma terceira pessoa distinta do proprietário anterior.

No entanto, o atual código de processo civil prevê, em regra, a possibilidade remição pelo próprio executado com isso, não há transferência de propriedade. Logo, não há que se falar em transferência.

No entanto, na hipótese de falência ou de insolvência do devedor hipotecário, há a possibilidade de a remição ser realiza pela massa ou pelos credores em concurso.

NCPC

Art. 826. Antes de adjudicados ou alienados os bens, o executado pode, a todo tempo, remir a execução, pagando ou consignando a importância atualizada da dívida, acrescida de juros, custas e honorários advocatícios.

Art.877. § 3º No caso de penhora de bem hipotecado, o executado poderá remi-lo até a assinatura do auto de adjudicação, oferecendo preço igual ao da avaliação, se não tiver havido licitantes, ou ao do maior lance oferecido.

§ 4º Na hipótese de falência ou de insolvência do devedor hipotecário, o direito de remição previsto no

§ 3º será deferido à massa ou aos credores em concurso, não podendo o exequente recusar o preço da avaliação do imóvel.

Destaco que essas hipóteses de remição não são tão factíveis em provas de concurso. No entanto, a literalidade do CTN pode ser regularmente cobrada.

Logo, tenha em mente: “O remitente é responsável pelos tributos relativos aos bens remidos.”

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SUCESSÃO CAUSA MORTIS

A morte de determinada pessoa (de cujus) é o momento em que é considerado a abertura da sucessão, ou seja, a transferência, total ou parcial, da herança aos herdeiros.

De acordo com o Código Civil, a transmissão da herança ocorre assim que ocorre a abertura da sucessão.

Código Civil

Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

Antes de iniciarmos o estudo da responsabilidade na sucessão causa mortis, precisamos distinguir 3 momentos distintos:

1) Momento antes da morte da pessoa (de cujus);

Nesse momento, a pessoa (de cujus) é contribuinte dos seus bens.

2) Momento após a morte do de cujus até a prolação da sentença de partilha dos bens do de cujus;

Nesse momento, surge a figura do espólio que é conjunto bens, direitos e obrigações da pessoa que faleceu (de cujus).

Durante esse período, o espólio é considerado pelo CTN como responsável débitos tributários (obrigações) do de cujus e contribuinte dos fatos geradores ocorridos neste período.

3) Momento após a partilha dos bens do de cujus.

Com a prolação da sentença de partilha dos bens, há a divisão da herança aos herdeiros. Nesse momento, os herdeiros são considerados responsáveis pelos débitos tributários que ainda permanecerem, ou seja, são responsáveis pelos débitos tributários do de cujus e do espólio. Destaca-se que essa responsabilidade é limitada ao montante que cada sucessor recebeu.

Apresentado esses 03 momentos e já feita uma análise prévia, vamos conferir o que dispõe o CTN.

Art. 131. São pessoalmente responsáveis:

II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação;

III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão.

Quinhão e meação, mas o que é isso?

No direito sucessório, os bens deixados pelo falecido constituem o que se chama de herança. Uma parte dessa herança muitas vezes corresponde ao patrimônio comum de um casal, em que cada cônjuge é titular de uma MEAÇÃO. Veja, portanto, que a meação é devida ao cônjuge em decorrência da sociedade conjugal e não deve integrar a partilha aos herdeiros. O que é transmitido aos herdeiros é somente a parte que pertencia

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exclusivamente ao cônjuge falecido. É essa porção de bens do falecido que será partilhada e dará origem ao QUINHÃO de cada um dos herdeiros, isto é, a sua parte do patrimônio do falecido.

E o Legado?

O legado é um bem específico do patrimônio hereditário destinado a uma determinada pessoa, por meio de testamento.

Para visualizar melhor a hipótese responsabilidade na sucessão causa mortis, apresenta uma linha do tempo sobre os acontecimentos:

De cujus → Contribuinte

Espólio: → Responsável Contribuinte

Sucessores: → Responsável Responsável Contribuinte

Agora, para facilitar ainda mais o aprendizado vamos identificar a situação de cada agente em cada momento na sucessão causa mortis.

OCORRÊNCIA DO FATO

GERADOR CONTRIBUINTE RESPONSÁVEL

antes da morte da pessoa

(de cujus) De cujus

Espólio, após a morte do de cujus até a prolação da sentença de partilha dos bens do

de cujus

Sucessores, após a partilha dos bens do de cujus

após a morte do de cujus até a prolação da sentença de partilha dos bens do de cujus

Espólio Sucessores, após a partilha dos bens do de cujus

após a partilha dos bens do de

cujus Sucessores -

Abertura da Sucessão (Morte do de cujus)

Partilha dos Bens

(21)

SUCESSÃO EMPRESARIAL DECORRENTE DE OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS

A sucessão empresarial envolve operações societárias nas quais as empresas resultantes serão responsáveis tributárias pelos tributos devidos até à data da operação pelas pessoas jurídicas envolvidas nas operações.

Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual.

Destaca-se que o CTN apresenta 03 tipos de operações societárias: Fusão, Transformação e Incorporação. No entanto, temos mais um quarto tipo de operação societária: Cisão. Essa operação societária está prevista na Lei das S/A (Lei 6.404/76) que é posterior ao CTN.

Diante disso, vamos compreender melhor essas 4 operações:

1) FUSÃO:

Representa a união de duas empresas que se unem para formar uma nova empresa. Com essa união, há a extinção das duas empresas e a o surgimento de uma terceira em presa que sucede as duas iniciais.

Lei 6.404/76

Art. 228. A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações.

2) TRANSFORMAÇÃO:

Representa, por exemplo, a situação em que uma empresa passa de Limitada (LTDA) para Sociedade Anônima (S/A).

Empresa A

Empresa B

Empresa

C

(22)

Lei 6.404/76

Art. 220. A transformação é a operação pela qual a sociedade passa, independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo para outro.

Art. 222. A transformação não prejudicará, em caso algum, os direitos dos credores, que continuarão, até o pagamento integral dos seus créditos, com as mesmas garantias que o tipo anterior de sociedade lhes oferecia.

3) INCORPORAÇÃO:

Representa a situação em que uma ou várias sociedades são absorvidas por outra.

Lei 6.404/76

Art. 227. A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações.

4) CISÃO:

Representa a situação em que uma empresa transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais empresas, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão.

Empresa C

Empresa B Empresa

A

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Lei 6.404/76

Art. 229. A cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão.

§ 1º Sem prejuízo do disposto no artigo 233, a sociedade que absorver parcela do patrimônio da companhia cindida sucede a esta nos direitos e obrigações relacionados no ato da cisão; no caso de cisão com extinção, as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da companhia cindida sucederão a esta, na proporção dos patrimônios líquidos transferidos, nos direitos e obrigações não relacionados.

Conforme visto, temos a possibilidade de cisão total ou parcial:

Cisão Total: Há a transferência de todo o patrimônio da empresa para outras pessoas jurídicas preexistentes ou que foram originadas a partir da operação de cisão. Nesse caso, não há dúvida sobre a responsabilidade das empresas que receberam parcelas do patrimônio da empresa cindida.

Cisão Parcial: Há a transferência de parcela do patrimônio da empresa para outras pessoas jurídicas preexistentes ou que foram originadas a partir da operação de cisão. Nesse caso, a empresa cindida ainda permanece ativa com uma parcela do seu patrimônio.

Parcela da empresa A

Empresa A Empresa A

Empresa A

Empresa B

Empresa

C

(24)

Destaca-se que na hipótese de cisão parcial, a responsabilidade tributária pelos tributos devidos até a data da cisão é solidária entre a empresa cindida (que sofreu a cisão) e a empresa que recebeu parcela do patrimônio da empresa cindida.

Conforme observa-se nas regras relativas às operações societária, há sucessão em relação aos direitos e às obrigações.

No âmbito do nosso estudo, estamos tratando das obrigações tributárias. Dessa forma, torna-se importante compreender melhor o que abrange a sucessão das obrigações tributárias.

Conforme entendimento sumulado do STJ, a responsabilidade da sucessora abrange os tributos devidos e as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão.

JURISPRUDÊNCIA CORRELATA

Súmula 554 do STJ - Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão.

Por fim, destaca-se que a responsabilidade relativa à sucessão empresarial aplica-se, também, aos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual.

Dessa maneira, por exemplo, caso uma empresa seja extinta e determinado sócio continue a respectiva atividade, ele será responsável tributário pelos tributos devidos e multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da extinção da empresa.

Vamos praticar!

(CESPE - 2018 – PGM - Procurador do Município de João Pessoa)

Empresa devedora de tributo municipal e multas moratórias e punitivas aplicadas pelo município foi extinta, e um dos sócios continuou, com firma individual, a exploração da mesma atividade empresarial.

Nessa situação hipotética,

a) não ocorreu transferência da responsabilidade por sucessão.

b) ocorreu transferência da responsabilidade de pagamento dos tributos, mas não das multas punitivas.

c) ocorreu transferência da responsabilidade de pagamento dos tributos e das multas moratórias, mas não das multas punitivas.

Empresa A

Empresa A

Empresa

B

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d) ocorreu transferência da responsabilidade de pagamento dos tributos e das multas moratórias e punitivas.

e) ocorreu transferência da responsabilidade por substituição.

RESOLUÇÃO:

Conforme previsto no Art. 132, parágrafo único, do CTN, aplica-se a transferência da responsabilidade pelos tributos devidos até à data do de extinção da pessoa jurídica de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual.

Dessa forma, o sócio que continuou, com firma individual, a exploração da mesma atividade empresarial é responsável pelo pagamento dos tributos e das multas moratórias e punitivas.

Resposta: Letra D

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SUCESSÃO EMPRESARIAL DECORRENTE DE AQUISIÇÃO

Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato:

I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade;

II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.

Agora tratamos da situação em que há uma transferência (por meio de aquisição) de fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional. Nesse caso, o adquirente continua as atividades exercidas pelo antigo proprietário.

Em relação à responsabilidade relativa aos fatos geradores anteriores à data de aquisição, o CTN estabelece a seguinte regra:

1) se o alienante cessa a exploração do comércio, indústria ou atividade:

→ O adquirente responde integralmente pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato de aquisição.

2) se o alienante prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão:

→ O adquirente responde subsidiariamente com o alienante. Dessa forma, o alienante deve ser demandado primeiro para que o débito seja cobrado do adquirente do fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional.

Nessa segunda hipótese, destaca-se que a responsabilidade do adquirente será subsidiária caso ao alienante inicie dentro de seis meses, a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.

Caso a nova atividade seja iniciada após seis meses, da datada alienação, a responsabilidade será integral do adquirente.

EXEMPLO: O dono de uma franquia do Mc Donalds estabelecida em Brasília resolve adquirir uma franquia já estabelecida do Burguer King, também situada em Brasília. Os proprietários entram em um bom acordo sobre o valor da venda e ocorre a transferência do estabelecimento. Considere, ainda, que no momento dessa transferência o Burguer King tinha débitos tributários no valor de R$ 500.000,00. Dessa maneira, o Mc Donalds será o responsável pelo débito do Burguer King. A questão é saber como ocorrerá essa responsabilidade!

Conforme vimos há duas possibilidades:

1º SITUAÇÃO: Proprietário do Burguer King cessa a exploração da atividade.

➔ Mc Donalds responderá integralmente pelo débito de R$ 500.000,00.

(27)

2º SITUAÇÃO: Proprietário do Burguer King continua com a exploração do mesmo tipo de negócio ou inicia, dentro de seis meses, nova atividade.

➔ Mc Donalds responderá subsidiariamente pelo débito de R$ 500.000,00;

Conforme adiantado, estamos tratando de situações em que o adquirente continua as atividades exercidas pelo antigo proprietário. Caso não haja essa continuidade, não há responsabilidade.

Na sequência, trataremos de hipóteses em que o adquirente realiza a aquisição por meio de alienação judicial.

Art. 133. § 1° O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de alienação judicial: (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)

I – em processo de falência;

II – de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação judicial

Na hipótese de alienação judicial, o adquirente não é responsável pelos débitos tributários devidos até à data do ato de aquisição.

Apesar de prever a possibilidade de alienação judicial sem transferência da responsabilidade pelos tributos devidos, o CTN faz um resguardo para evitar situações em que seria possível fraudar o processo de falência ou o processo de recuperação judicial.

Para isso, ele estabelece situações em que não se aplica a exclusão da responsabilidade, ou seja, aplica- se regularmente a transferência da responsabilidade.

Art. 133. § 2° Não se aplica o disposto no § 1° deste artigo quando o adquirente for:

I – sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou sociedade controlada pelo devedor falido ou em recuperação judicial;

II – parente, em linha reta ou colateral até o 4° (quarto) grau, consanguíneo ou afim, do devedor falido ou em recuperação judicial ou de qualquer de seus sócios; ou

III – identificado como agente do falido ou do devedor em recuperação judicial com o objetivo de fraudar a sucessão tributária.

Perceba que se aplica às regras relativas à aquisição de fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional na hipótese de alienação judicial quando os adquirentes tiverem algum tipo de relação com o antigo proprietário.

Dessa forma, há uma preservação do instituto da responsabilidade para que o antigo proprietário não utilize “terceiros” para adquirir o estabelecimento sem os débitos tributários que tinha anteriormente.

(28)

Art. 133. § 3° Em processo da falência, o produto da alienação judicial de empresa, filial ou unidade produtiva isolada permanecerá em conta de depósito à disposição do juízo de falência pelo prazo de 1 (um) ano, contado da data de alienação, somente podendo ser utilizado para o pagamento de créditos extraconcursais ou de créditos que preferem ao tributário.

No processo de falência, os recursos arrecadados com a alienação têm a finalidade de satisfazer os credores do contribuinte, incluindo a fazenda pública. A satisfação desses créditos segue as regras específicas do processo de falência e a fazenda pública tem seus privilégios e suas garantias para satisfação dos seus créditos, que são estudadas em uma aula específica sobre o tema.

Por isso, nesse momento, devemos saber que o produto da alienação judicial deve permanecer em conta de depósito à disposição do juízo de falência pelo prazo de 1 (um) ano, contado da data de alienação. Eles só podem ser utilizados para o pagamento de créditos extraconcursais ou de créditos que preferem ao tributário.

Os créditos extraconcursais são aqueles que o fato gerador da obrigação surge após a decretação de falência. Por enquanto, não se preocupe! Estudaremos oportunamente essas regras!

Vamos praticar!

(FCC – 2018 – SEFAZ/SC – Auditor Fiscal)

Conforme o Código Tributário Nacional (CTN), no que tange à responsabilidade tributária, a pessoa de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração

a) não responde pelos tributos devidos após a compra do estabelecimento adquirido, por até 3 anos, se o alienante estava falido ou em recuperação judicial.

b) responde integralmente pelos tributos devidos até 12 meses da data da aquisição, se o alienante, por qualquer motivo, cessar a atividade econômica ou, estando em recuperação judicial, falir.

c) responde subsidiariamente pelos tributos devidos até a data da compra, se o alienante, por qualquer motivo, cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade.

d) não responde pelos tributos devidos pelo alienante ou pelo estabelecimento alienado até a data da compra, se o alienante continuar exercendo a atividade econômica no mesmo ramo ou for declarado falido.

e) não responde pelos tributos devidos até a data da compra, se a alienação for judicial, no âmbito de processo de falência, exceto se for sócio da sociedade falida, sociedade controlada pelo devedor falido, parente em linha reta ou colateral até o 4º grau do devedor falido ou de seus sócios, ou agente do falido.

RESOLUÇÃO:

a) ERRADA. O adquirente não responde pelos tributos devidos na hipótese de alienação por falência ou recuperação judicial, caso não seja um terceiro que atue em “nome” do alienante, visto que a exclusão da responsabilidade não se aplica quando o adquirente for:

I – sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou sociedade controlada pelo devedor falido ou em recuperação judicial;

II – parente, em linha reta ou colateral até o 4° (quarto) grau, consanguíneo ou afim, do devedor falido ou em recuperação judicial ou de qualquer de seus sócios; ou

(29)

III – identificado como agente do falido ou do devedor em recuperação judicial com o objetivo de fraudar a sucessão tributária.

b) ERRADA. Há responsabilidade integral pelos tributos devidos até a data da aquisição, se o alienante, por qualquer motivo, cessar a atividade econômica. Na hipótese de alienação por motivo de falência ou recuperação judicial, vale as regras expostas na alternativa anterior.

c) ERRADA. Há responsabilidade integral pelos tributos devidos até a data da aquisição, se o alienante, por qualquer motivo, cessar a atividade econômica.

d) ERRADA. Há responsabilidade subsidiária pelos tributos devidos pelo alienante ou pelo estabelecimento alienado até a data da compra, se o alienante prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão.

e) CERTA. De fato, não há responsabilidade pelos tributos devidos até a data da compra, se a alienação for judicial, no âmbito de processo de falência, exceto se for sócio da sociedade falida, sociedade controlada pelo devedor falido, parente em linha reta ou colateral até o 4º grau do devedor falido ou de seus sócios, ou agente do falido.

Resposta: Letra E

(FCC – 2018 – PGE-AP - Procurador do Estado)

A “Indústria de Balanças Peso Pesado”, cujos sócios são Carlos e Danilo, tem 5 estabelecimentos no Estado, sendo uma matriz e quatro filiais. A empresa está em processo de recuperação judicial há três meses. Quando foi divulgada a notícia de que será promovida a alienação judicial de um de seus estabelecimentos, várias pessoas, naturais e jurídicas, se interessaram por adquiri-lo:

1. Marcos, marido da prima de Carlos;

2. a “Fábrica de Balanças Equilíbrio”, sociedade empresarial concorrente;

3. “Empresa de Ferragens Brasil”, que é controlada pela “Indústria de Balanças Peso Pesado”;

4. Sebastião, rico empresário e marido da tia de Carlos.

Considerando que a “Indústria de Balanças Peso Pesado” vai continuar explorando sua atividade industrial por tempo indeterminado, mesmo depois da venda do referido estabelecimento, de acordo com o Código Tributário Nacional, caso a referida filial venha a ser adquirida

a) por Marcos, ele responderá integralmente pelos tributos relativos ao estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato de aquisição.

b) pela “Fábrica de Balanças Equilíbrio”, esta não responderá, nem integral, nem subsidiariamente, pelos tributos, relativos ao estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato de aquisição.

c) pela “Empresa de Ferragens Brasil”, esta responderá integralmente pelos tributos relativos ao estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato de aquisição.

(30)

d) por Sebastião, ele não responderá, nem integral, nem subsidiariamente, pelos tributos relativos ao estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato de aquisição.

e) pela “Empresa de Ferragens Brasil”, esta não responderá, nem integral, nem subsidiariamente, pelos tributos relativos ao estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato de aquisição.

RESOLUÇÃO: Possivelmente, a maior dificuldade dessa questão seja identificar o grau de parentesco dos

“personagens” da questão, visto que não se aplica a exclusão da responsabilidade, ou seja, aplica-se regularmente a transferência da responsabilidade quando o adquirente for parente, em linha reta ou colateral até o 4° (quarto) grau, consanguíneo ou afim, do devedor falido ou em recuperação judicial ou de qualquer de seus sócios.

De toda forma, vamos iniciar a solução da questão:

A questão apresenta uma situação de alienação judicial de um dos estabelecimentos da “Indústria de Balanças Peso Pesado” que passa por um processo de recuperação judicial.

Inicialmente, temos que não há responsabilidade para o alienante na hipótese de alienação judicial, em processo de falência, ou alienação de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação judicial.

No entanto, a exclusão da responsabilidade não é aplicada quando o adquirente for:

I – sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou sociedade controlada pelo devedor falido ou em recuperação judicial;

II – parente, em linha reta ou colateral até o 4° (quarto) grau, consanguíneo ou afim, do devedor falido ou em recuperação judicial ou de qualquer de seus sócios; ou

III – identificado como agente do falido ou do devedor em recuperação judicial com o objetivo de fraudar a sucessão tributária.

Além disso, destaca-se que a questão informa a “Indústria de Balanças Peso Pesado” vai continuar explorando sua atividade industrial por tempo indeterminado. Logo, caso haja algum tipo de responsabilidade, será do tipo subsidiária.

Dessa forma, precisamos analisar a situação dos interessados em adquirir um dos estabelecimentos para podermos saber se haverá responsabilidade (subsidiária) ou exclusão da responsabilidade.

1. Marcos, marido da prima de Carlos (que é sócio);

A prima de Carlos representa uma parente de 4° grau e, como consequência, o seu marido é parente por afinidade, em 4° grau. Logo, não se a aplica a exclusão da responsabilidade, ou seja, Marcos será responsável subsidiário pelos tributos devidos até a data do ato de aquisição.

2. a “Fábrica de Balanças Equilíbrio”, sociedade empresarial concorrente;

→ Não há ressalva em relação à sociedade empresarial concorrente. Logo, caso ela adquira, haverá exclusão da responsabilidade tributária pelos tributos devidos até a data do ato de aquisição.

3. “Empresa de Ferragens Brasil”, que é controlada pela “Indústria de Balanças Peso Pesado”;

(31)

→ sociedade controlada pelo devedor recuperação judicial representa uma situação em que não exclusão da responsabilidade tributária. Logo, a “Empresa de Ferragens Brasil” será responsável subsidiária pelos tributos devidos até a data do ato de aquisição.

4. Sebastião, rico empresário e marido da tia de Carlos (que é sócio).

A tia de Carlos representa uma parente de 3° grau e, como consequência, o seu marido é parente por afinidade, em 3° grau. Logo, não se a aplica a exclusão da responsabilidade, ou seja, Sebastião será responsável subsidiário pelos tributos devidos até a data do ato de aquisição.

Resposta: Letra B

(32)

RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS

O código Tributário Nacional estabelece a responsabilidade de “terceiros” diante da atuação destes em situações que deveriam acompanhar, fiscalizar e/ou gerir.

Lembrando que q responsabilidade pressupõe uma certa vinculação ao fato gerador da obrigação tributária.

Dessa maneira, a responsabilidade que estudaremos está relacionada a determinados agentes (terceiros) que, de certa forma, atuam perante a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária.

Didaticamente, podemos considerar essa responsabilidade de acordo com a regularidade (ou não) dessa atuação.

RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS COM ATUAÇÃO REGULAR

Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis:

Antes de conhecermos os terceiros que são eleitos responsáveis, cumpre ressaltar uma imprecisão técnica constante no CTN. Perceba que está disposto que há a responsabilidade solidária nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte.

Conforme estudamos no início da aula, na responsabilidade solidária não há necessidade de cobrar primeiro o contribuinte, visto que ambos (contribuinte e responsável) podem ser cobrados simultaneamente.

Dessa forma, o CTN apresenta uma situação de responsabilidade subsidiária, visto que trata da impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte.

Apesar desse problema, ressalto que precisamos seguir o que está transcrito no CTN, mas ter em mente o que é o correto. Afinal, pode ser cobrado (e é comum) a literalidade do Art. 134 sem precisar entrar no mérito da responsabilidade. Portanto, vamos ficar atento à literalidade, mas com a consciência do que, de fato, representa.

JURISPRUDÊNCIA CORRELATA

“(…) Flagrante ausência de tecnicidade legislativa se verifica no art. 134, do CTN, em que se indica hipótese de responsabilidade solidária “nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte”, uma vez cediço que o instituto da solidariedade não se coaduna com o benefício de ordem ou de excussão. Em verdade, o aludido normativo cuida de responsabilidade subsidiária.”

(EREsp 446955/SC, 1ª Seção, Relator Ministro Luiz Fux, Data do Julgamento: 09.04.08, DJ 19.05.2008).

Sanado esse “problema”, vamos conhecer os terceiros eleitos responsáveis.

Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis:

(33)

I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;

II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados;

III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes;

IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;

V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário;

VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício;

VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.

Perceba que os eleitos responsáveis têm vínculo com a ocorrência do fato gerador originado/realizado pelos contribuintes. Em muitas situações, podemos até considerar um certo interesse nas atividades e/ou bens que constituam fato gerador pelos contribuintes.

Por exemplo, os pais têm interesse nos bens e/ou atividades realizadas por seus filhos menores. Além do interesse, legalmente, compete aos pais representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, dos 16 aos 18 anos.

Código Civil

Art. 1.634. Compete a ambos os pais, qualquer que seja a sua situação conjugal, o pleno exercício do poder familiar, que consiste em, quanto aos filhos:

VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 (dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;

O mesmo raciocínio, relativo à representação, é válido para os tutores e curadores, os administradores de bens de terceiros, o inventariante, o síndico e o comissário. Dessa forma, serão responsáveis pelas ações ou omissões que praticarem no âmbito representação e/ou participação de atos que necessitam de intermediação.

Os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício que realizam serviços notariais serão responsáveis quando não verificarem e/ou exigirem a comprovação do pagamento dos tributos relativos aos atos que processarem em seu âmbito de atuação.

Referências

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