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Modelo de gonança para a rede de incubadoras de empresas do Ceará (RIC)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO – FEAAC

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO E CONTROLADORIA PROFISSIONAL – PPAC-PROFISSIONAL

CÍNTIA VANESSA MONTEIRO GERMANO

MODELO DE GOVERNANÇA PARA A REDE DE INCUBADORAS DE EMPRESAS DO CEARÁ (RIC)

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CÍNTIA VANESSA MONTEIRO GERMANO

MODELO DE GOVERNANÇA PARA A REDE DE INCUBADORAS DE EMPRESAS DO CEARÁ (RIC)

Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Administração e Controladoria Profissional da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Alessandra Carvalho de Vasconcelos

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade

G323m Germano, Cíntia Vanessa Monteiro.

Modelo de governança para a Rede de Incubadoras de Empresas do Ceará (RIC) / Cíntia Vanessa Monteiro Germano – 2013.

113 f.; il., enc.; 30 cm.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria, Fortaleza, 2013.

Área de Concentração: Gestão organizacional.

Orientação: Profa. Dra. Alessandra Carvalho de Vasconcelos.

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CÍNTIA VANESSA MONTEIRO GERMANO

MODELO DE GOVERNANÇA PARA A REDE DE INCUBADORAS DE EMPRESAS DO CEARÁ (RIC)

Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Administração e Controladoria Profissional da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Administração e Controladoria na linha de pesquisa Contabilidade, Controladoria e Finanças.

Aprovada em 24/04/2013.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________ Profa. Dra. Alessandra Carvalho de Vasconcelos (Orientadora)

Universidade Federal do Ceará – UFC

___________________________________________________________________ Prof. Dr. José Carlos Lázaro da Silva Fillho

Universidade Federal do Ceará – UFC

___________________________________________________________________ Prof. PhD. José Ednilson de Oliveira Cabral

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Dedico esse trabalho a Deus e aos meus

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por guiar cada passo meu e pela condução a essa mais nova conquista. Aos meus pais, Germano e Monica, pela dedicação, pelo amor dedicado e pelo exemplo de perseverança, honestidade e responsabilidade.

Aos meus irmãos, por sempre acreditarem em mim.

Ao meu namorado, por compreender minha ausência em diversos momentos. À minha mestre querida, Professora Alessandra, pela dedicação, pelo carinho, pelo incentivo e, principalmente, por ter me amparado quando mudei a linha de pesquisa.

Ao Professor Marcus Vinícius Veras Machado, por ter iniciado minha orientação e por ter me apoiado quando ansiei por outro tema, que não era de sua linha de pesquisa.

Aos professores José Ednilson de Oliveira Cabral e José Carlos Lázaro da Silva Fillho, pelas contribuiões apresentadas.

Aos professores do mestrado, pelos conhecimentos adquiridos e pelo exemplo de professores dedicados.

À presidente da RIC, Tecia Carvalho, ao Prof. Ary Marques, e aos demais colaboradores da rede, de forma especial à Tailândia e ao Diego, pela atenção no decorrer desta pesquisa.

Aos gestores das incubadoras de empresas associadas à RIC, pelas contribuições oferecidas e pela atenção a cada contato.

À minha grande amiga e parceira de estudos desde a época de graduação, Lilian Castelo. Essa conquista também foi graças a sua presença e ao seu apoio.

Aos amigos que fiz durante o mestrado, de forma especial à Amanda Gomes, Marisa Leitão, Sâmia Albuquerque, Aline Duarte, Lara Pinheiro e Garrido Braga Neto.

Aos demais colegas do mestrado, pelas discussões pertinentes que proporcionaram valiosos conhecimentos.

Às minhas amigas queridas, Juliana Alencar e Débora Renata e ao casal que é exemplo de fé, determinação e perseverança, Pâmela Genima e Sandro Iannini.

Aos meus amigos da época do colégio, que sempre me incentivaram e souberam entender minha ausência em diversas confraternizações e sempre diziam “vai dar certo”,

“logo, logo vamos comemorar”. Obrigada pela amizade de vocês a mais de dez anos.

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“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.”

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RESUMO

GERMANO, Cíntia Vanessa Monteiro. Modelo de governança para a Rede de Incubadoras de Empresas do Ceará (RIC). 2013. 114 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Administração e Controladoria) – Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria Profissioal da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2013.

O movimento de incubadoras de empresas no Brasil teve início na década de 80 e a literatura aponta sua solidez nos últimos dez anos. As incubadoras de empresas fornecem subsídios na preparação de novos empreendimentos, favorecem a disseminação de uma cultura empreendedora, estimulando o desenvolvimento e crescimento de novos e pequenos negócios. Neste sentido, são formadas as redes de incubadoras, que têm uma função executiva junto ao conjunto de incubadoras. Na rede de incubadoras, ocorre um relacionamento sinérgico entre as incubadoras, em prol da eficiência destas, que resulta em empresas incubadas de maior competitividade. Então, pode-se conjecturar que uma rede de incubadoras contribui efetivamente para que o objetivo das incubadoras de empresas seja alcançado. Para tanto, é necessário que a rede seja capaz de fazer com que um conjunto de organizações ligadas entre si desenvolva ações cooperativas no longo prazo, voltadas ao alcance de determinados objetivos comuns e/ou complementares. Estudos sinalizam que uma rede de incubadoras pode ser operacionalizada a partir de um modelo de governança, que representa a forma como os objetivos da rede de incubadoras devem ser alcançados, sendo inclusive identificados alguns modelos de governança adotados em incubadoras, parques tecnológicos e redes de incubadoras. A adoção de princípios de governança pelas redes de incubadoras pode melhorar o nível de transparência e comunicação dos responsáveis pela gerência com as partes interessadas, além de gerar valor para a instituição. Nesse contexto, o objetivo desta pesquisa consiste em verificar a aderência da Rede de Incubadoras de Empresas do Ceará (RIC) a um modelo teórico de governança para redes de incubadoras. A RIC tem a finalidade de promover o desenvolvimento integrado entre as empresas inovadoras, através das incubadoras de empresas, parques tecnológicos e programas de incubação. Desta forma, trata-se de uma pesquisa exploratória, de natureza qualitativa, realizada através de um estudo de caso único, sendo os dados primários obtidos por meio da aplicação de questionários e em reuniões junto aos sujeitos sociais da pesquisa que são a Presidente da RIC e os gestores de sete das oito incubadoras associadas à rede, entre setembro de 2012 e março de 2013. Com base na investigação realizada, constatou-se que o perfil das incubadoras associadas à rede revela consonância com os resultados da pesquisa nacional da ANPROTEC (2012), o que diverge do esperado inicialmente, tendo em vista que o movimento de incubadoras no Estado do Ceará é recente e ainda incipiente. Os resultados demonstram que a RIC adere a alguns princípios de governança corporativa, como a equidade e a responsabilidade corporativa, segundo a percepção dos gestores das incubadoras associadas. Conclui-se, portanto, que apesar da RIC não possuir nenhum modelo estruturado de governança até o momento, a rede adere parcialmente ao modelo teórico de governança para redes de incubadoras. Contudo, a rede, como agente de governança, pode otimizar seu relacionamento com seus stakeholders

voluntários e especialmente involuntários – representados no modelo pelas incubadoras associadas, empresas incubadas e empresas graduadas –, com vistas à maior competitividade da rede com o aumento do nível de confiança existente entre os atores.

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ABSTRACT

GERMANO, Cíntia Vanessa Monteiro. Governance model for the Ceará Network of Business Incubators (RIC). 2013. 114 p. Dissertation (Professional Master in Administration and Controller) – Postgraduate Program in Administration and Controller of the Federal University of Ceará, Fortaleza, 2013.

Business incubators first appeared in Brazil in the 1980s and, according to the literature, have been a solid institution over the past 10 years. They provide subsidies for the preparation of new enterprises and favor the dissemination of an entrepreneurial culture, thereby stimulating the development and growth of new and small businesses. Incubators may be organized into networks which have an executive function. Such networks help accomplish the goals of the incubators by creating a synergy between members for greater overall efficiency and competitiveness. To do so, a network must provide a framework in which a set of connected organizations can carry out long-term cooperative actions aimed at common and/or complementary objectives. Studies have shown that incubator networks can be operationalized using a governance model which reflects the way the objectives of the network should be accomplished. Such models have already been adopted in some incubators, technopoles and incubator networks. The adoption by incubator networks of governance principles can improve the level of transparency and communication between managers and stakeholders and create value for the institution. The objective of this study was to evaluate the level of adherence of the Ceará Network of Business Incubators (RIC) to a theoretical governance model for incubator networks. The purpose of the RIC is to promote integrated development of innovative firms through business incubators, technopoles and incubator programs. This was an exploratory and qualitative single-case study based on the collection of primary data through questionnaires and meetings with the study subjects (the chairman of RIC and the managers of seven of the eight member incubators) between September 2012 and March 2013. The results show that the profile of the member incubators is similar to that observed in a national study by ANPROTEC (2012). This was somewhat surprising since the practice of business incubation was only recently introduced in the state of Ceará. In addition, our results show that, according to the managers of the member incubators, RIC adheres to certain practices of corporate governance, such as equity and corporate responsibility. It may therefore be concluded that, although no structured governance model has yet been formally adopted, RIC adhered partially to the theoretical governance model for incubator networks. However, as an agent of governance, the network can optimize its relationship with voluntary and, especially, involuntary stakeholders (represented in the model by the member incubators, incubated businesses and graduates), thereby raising the level of confidence between the parts and boosting overall competitiveness.

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LISTA DE SIGLAS

ANPROTEC – Associação de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores BNDES - Banco Nacional do Desenvolvimento

BM&FBOVESPA – Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros

CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CVM – Comissão de Valores Mobiliários EBTs – Empresas de base tecnológica

FIEC - Federação das Indústrias do Estado do Ceará FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos

FUNCAP - Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico ICGN International Corporate Governance Network

IFAC –International Federation of Accountants IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia

MCTI – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação NBIA –National Business Incubation Association

NIT - Núcleo de Inovação Tecnológica

OECD –Organisation for Economic Co-operation and Development

PADETEC – Parque de Desenvolvimento Tecnológico P&D – Pesquisa e Desenvolvimento

PNI – Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e aos Parques Tecnológicos PSC Public Sector Committee

RAETeC - Rede de Apoio a Empreendimentos Tecnológicos e Clusters

REDETEC – Rede de Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro ReINC – Rede de Incubadoras e Parques do Rio de Janeiro RIC – Rede de Incubadoras de Empresas do Ceará

SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas TI – Tecnologia de Informação

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Síntese das perspectivas teóricas sobre redes analisadas por Balestrin (2005)..31 Quadro 2 – Perspectivas relacionadas à governança ... 40 Quadro 3 – Modelos de governança corporativa no mundo ... 49 Quadro 4 – Estudos empíricos que abordam governança em incubadoras de empresas, em

parques tecnológicos e em redes de incubadoras ... 51 Quadro 5 – Elementos de governança do modelo para parques tecnológicos ... 53 Quadro 6 – Composição, competências e atribuições dos conselhos, diretor e gerências da

proposta de modelo de governança para parques tecnológicos ... 55 Quadro 7 – Princípios de boa governança adotados pela RAETeC ... 58 Quadro 8 – Procedimentos para coleta e análise dos dados nas diversas etapas da pesquisa 72 Quadro 9 – Descrição dos objetivos que regem as incubadoras de empresas associadas à RIC

... 78 Quadro 10 – Oferecimento de outros serviços e infraestrutura das incubadoras de empresas

associadas à RIC ... 79 Quadro 11 – Relação entre as perguntas do questionário e os princípios de governança ... 83 Quadro 12 – Forma de realização das eleições para cargos de gestão da RIC, de acordo com

os gestores das incubadoras associadas à rede ... 84 Quadro 13 – Informações prestadas pelas incubadoras associadas à RIC ... 85 Quadro 14 – Ações da RIC para com suas incubadoras associadas e empresas incubadas de

acordo com os gestores ... 86 Quadro 15 – Contribuições da RIC para o desenvolvimento das suas incubadoras associadas

... 87 Quadro 16 – Composição dos membros do conselho de administração para a RIC ... 91 Quadro 17 – Funções do diretor administrativo-financeiro e do diretor técnico da RIC... 92 Quadro 18 – Funções do presidente e dos diretores administrativo-financeiro, técnico e de

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Panorama atual das incubadoras de empresas no Brasil ... 23 Tabela 2 – Incubadoras associadas à RIC e número de empresas incubadas ... 69 Tabela 3 – Quantidade de incubadoras associadas à RIC por tempo de atividade ... 76 Tabela 4 – Quantidade de empresas incubadas e empregos gerados pelas incubadoras de

empresas associadas à RIC ... 77 Tabela 5 – Empregos gerados pelas incubadoras e o grau de instrução predominante entre os empregados das incubadoras associadas à RIC ... 77 Tabela 6 – Principais elementos de atratividade das incubadoras de empresas associadas à

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Número de incubadoras de empresas em operação no Brasil ... 23

Figura 2 – Quantidade de incubadoras por faixa de idade ... 24

Figura 3 – Localização das incubadoras de acordo com seus objetivos ... 24

Figura 4 – Alianças estratégicas das incubadoras de empresas ... 25

Figura 5 – Setores de atuação das incubadoras de empresas ... 27

Figura 6 – Organograma da estrutura da proposta de modelo de governança para parques tecnológicos ... 54

Figura 7 – Modelo de operação da rede ... 57

Figura 8 – Níveis de um modelo de governança para redes ... 60

Figura 9 – Modelo de governança teórico para redes de incubadoras ... 63

Figura 10 – Estrutura hierárquica dos agentes de governança de uma rede de incubadoras ... 66

Figura 11 –Design da pesquisa ... 71

Figura 12 – Setores de atuação das incubadoras de empresas associadas à RIC ... 76

Figura 13 – Objetivos que regem as incubadoras de empresas associadas à RIC ... 78

Figura 14 – Oferecimento de serviços e infraestrutura das incubadoras de empresas associadas à RIC ... 79

Figura 15 – Fontes de recurso para manutenção das incubadoras associadas à RIC ... 81

Figura 16 – Periodicidade das reuniões entre a RIC e as incubadoras de empresas associadas ... 84

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 15

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA ... 15

1.2 PROBLEMA ... 18

1.3 OBJETIVOS ... 19

1.3.1 Objetivo geral ... 19

1.3.2 Objetivos específicos ... 19

1.4 ESTRUTURA DA PESQUISA ... 19

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 20

2.1 INCUBADORAS DE EMPRESAS ... 20

2.1.1 Tipologia de incubadoras de empresas ... 25

2.1.2 O processo de incubação e as ações das incubadoras para com as empresas incubadas ... 27

2.1.3 Redes de incubadoras de empresas ... 31

2.2 GOVERNANÇA CORPORATIVA ... 35

2.2.1 Princípios de governança ... 42

2.2.2 Modelos de governança no mundo ... 47

2.2.3 Governança em incubadoras de empresas, parques tecnológicos e redes de incubadoras: evidências empíricas ... 49

2.2.3.1 Os modelos de governança verificados em incubadoras de empresas por Salgado (2009) ... 52

2.2.3.2 O modelo de governança sugerido por Chiochetta (2010) para parques tecnológicos ... 53

2.2.3.3 O modelo de governança observado por Silva Filho e Magacho (2007a) em uma rede de incubadoras ... 57

2.2.3.4 O modelo de governança estabelecido pela REDETEC (2002) para redes de incubadoras ... 59

2.2.4 Elaboração de um modelo teórico de governança para redes de incubadoras ... 61

3 METODOLOGIA ... 68

3.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO ... 68

3.2 PROCEDIMENTOS PARA COLETA E ANÁLISE DOS DADOS ... 72

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4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS INCUBADORAS DE EMPRESAS ASSOCIADAS À RIC

... 75

4.1.1 Características gerais das incubadoras de empresas ... 75

4.1.2 Objetivo das incubadoras, serviços e infraestrutura oferecidos às incubadas e o elemento de atratividade das incubadoras ... 78

4.1.3 Instituições de vínculo, fonte de recurso e parceiros estratégicos... 80

4.2 RELACIONAMENTO DA REDE DE INCUBADORAS DE EMPRESAS DO CEARÁ (RIC) COM SUAS INCUBADORAS ASSOCIADAS ... 83

4.3 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DA RIC AO MODELO TEÓRICO DE GOVERNANÇA PARA REDES DE INCUBADORAS: CONSIDERAÇÕES DA PRESIDÊNCIA DA RIC 88 4.4 ANÁLISE DA ADERÊNCIA DA RIC AO MODELO TEÓRICO DE GOVERNANÇA PARA REDES DE INCUBADORAS: CONSIDERAÇÕES DOS GESTORES DAS INCUBADORAS ASSOCIADAS À RIC ... 94

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 97

REFERÊNCIAS ... 101

APÊNDICES ... 109

APÊNDICE A – Questionário aplicado junto aos gestores das incubadoras de empresas para atendimento do segundo objetivo específico ... 109

(16)

1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo introdutório, serão abordados os tópicos que se referem, basicamente, ao tema da pesquisa e sua justificativa, ao problema e aos objetivos do estudo, e por último à estrutura da pesquisa.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA

As empresas de base tecnológica – EBTs concentram suas operações na fabricação de novos produtos, realizando esforços tecnológicos expressivos, sendo importantes nos processos de inovação nas economias contemporâneas. Contudo, diversas EBTs padecem de problemas gerenciais básicos, o que chamou a atenção de diversos economistas e cientistas sociais (CÔRTES et al., 2005). Para solucionar tais problemas, Barea (2003) indica como saída ao desenvolvimento das EBTs, os programas de apoio, como os fornecidos por incubadoras de empresas.

Dornelas (2002) conceitua incubadoras de empresas como um mecanismo de estímulo e apoio gerencial, logístico e tecnológico ao empreendimento inovador. Logo, facilitar a implantação de novas empresas, que tenham a inovação como estratégia de negócio basal, é o objetivo das incubadoras de empresas.

De acordo com Almeida (2009), o movimento nacional de criação de incubadoras de empresas, intensificado nos últimos 10 anos, parece sólido. A Associação de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores – ANPROTEC, ao desenvolver em 2012 pesquisa sobre as incubadoras no Brasil, confirmou esta afirmativa, ao evidenciar o amadurecimento do movimento das incubadoras de empresas, totalizando 384 incubadoras, responsáveis por 2.509 empresas graduadas (que passaram pelo processo de incubação), empregando 29.205 pessoas. O total de empresas incubadas somaram 2.640, com 16.394 postos de trabalho (ANPROTEC, 2012a).

(17)

outros elementos, espaço físico, serviços de consultoria e treinamento, financiamento,

networking, assistência em projetos e capital de risco (ADEGBITE, 2001).

Segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI as incubadoras de empresas podem ser de base tecnológica, dos setores tradicionais ou mistas (MCTI, 2012), contudo, possuem sempre a mesma finalidade, que, de acordo com Baldissera (2001), é possibilitar o desenvolvimento de novas empresas a partir de uma infraestrutura comum e organização em forma de condomínio, em que os custos operacionais são reduzidos e as regras são estabelecidas por regimentos próprios e estatutos.

O objetivo das incubadoras de empresas é então ajudar as empresas iniciantes a se tornarem empresas de sucesso, que, quando graduadas, criam empregos, revitalizam comunidades, comercializam novas tecnologias e criam riquezas para a economia local e nacional (UNESCO-WTA, 2010). Neste sentido, são formadas as redes de incubadoras, que têm uma função executiva junto ao conjunto de incubadoras. Na rede, ocorre um relacionamento sinérgico entre as incubadoras, em prol da eficiência destas, que resulta em empresas incubadas de maior competitividade (SILVA FILHO; MAGACHO, 2007a). Então, pode-se conjecturar que uma rede de incubadoras contribui efetivamente para que o objetivo das incubadoras de empresas seja alcançado.

Cabe informar que alguns autores evidenciam que uma rede de incubadoras pode ser operacionalizada a partir de um modelo de governança, dentre os quais se destacam: Alvarez (2002), REDETEC (2002), Silva Filho e Magacho (2007a, 2007b), Salgado (2009) e Lima e Rasoto (2011). Este modelo representa a forma como são definidos os objetivos da rede de incubadoras, o formato da rede a ser alcançado, a gestão das oportunidades de mercado, o modo de definir o planejamento estratégico, a infraestrutura de tecnologia de informação e o modelo de financiamento do programa de incubação (SILVA FILHO; MAGACHO, 2007b).

Pesquisas revelam modelos de governança utilizados em incubadoras de empresas (SALGADO, 2009), em parques tecnológicos (CHIOCHETTA, 2010) e em redes de incubadoras (REDETEC, 2002; SILVA FILHO; MAGACHO, 2007a). Em Alvarez (2002) apresenta-se um roteiro de referência para o projeto de modelos de governança em redes de incubadoras.

(18)

de decisão e solução de conflitos, além de estabelecer práticas de gestão e autonomia dos gestores (FIR CAPITAL; BZPLAN, 2011).

A importância da governança também é destacada em estudos que analisaram incubadoras de empresas. Lima e Rasoto (2011) constataram que a adoção de princípios de governança em incubadoras de empresas, mesmo que de maneira informal, contribui para a confiança dos clientes, fontes de fomento e sociedade em geral. Tulchin e Shortall (2008) também verificaram que a boa governança é um dos fatores-chave para a incubação de empresas na Índia.

De acordo com a Rede de Incubadoras – REDETEC (2002), em uma rede de incubadoras, a governança compreende a forma como o trabalho é organizado e os meios pelos quais é coordenado. Um modelo de governança em uma rede de incubadoras então deve ser capaz de fazer com que um conjunto de organizações ligadas entre si (no caso as incubadoras de empresas associadas) desenvolva ações cooperativas no longo prazo, voltadas ao alcance de determinados objetivos comuns e/ou complementares (REDETEC, 2002).

Goedert e Abreu (2005) verificaram que a governança em rede pode assegurar que os recursos sejam utilizados de forma efetiva, o que torna a rede mais competitiva, aumentando o nível de confiança existente entre os atores.

Com base nas considerações apresentadas, este estudo desenvolve um modelo teórico de governança para redes de incubadoras e verifica a aderência da Rede de Incubadoras de Empresas do Ceará (RIC) ao modelo teórico, tendo em vista que a rede em questão não possui até o momento modelo estruturado que contemple o aspecto da governança, além do interesse expresso pela diretoria sobre o assunto a ser abordado na pesquisa. Sob essa perspectiva, a presente pesquisa justifica-se pela importância combinada aos temas rede de incubadoras de empresas e governança.

Quanto à justificativa acadêmica, a realização deste estudo poderá contribuir para o aprofundamento teórico dos temas Incubadora de Empresas, Redes de Incubadoras e Governança em Redes de Incubadoras, com a formação de um embasamento mais concentrado, dada a incipiência de pesquisas nacionais que evidenciem sua relação.

(19)

aumentar as chances de sucesso das empresas incubadas. Este estudo também se mostra relevante por elucidar, para outras redes de incubadoras empresariais, a metodologia aqui apresentada em ação.

A contribuição social do trabalho torna-se evidente, uma vez que as considerações dele resultantes podem servir de base para orientar os gerentes de incubadoras de empresas – que desempenham importante papel no surgimento de empresas incubadas – quanto à maneira de conduzi-las. Ademais, os achados da pesquisa podem servir de base para auxiliar e apoiar estratégias que as incubadoras de empresas associadas às RIC podem desenvolver em relação às suas empresas incubadas, viabilizando sua concretização e aumentando sua probabilidade de sucesso.

No que tange à contribuição econômica, destaca-se que as redes de incubadoras de empresas se transformaram numa estratégia eficaz de promoção do desenvolvimento econômico e social regional, por serem importantes apoiadores das incubadoras de empresas, que são fontes de geração de emprego, renda e tributos.

O estudo também se justifica por contribuir para a linha de pesquisa Contabilidade, Controladoria e Finanças do Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria Profissional, da Universidade Federal do Ceará (PPAC-Profissional/UFC). Alinha-se com a investigação no contexto de tomada de decisão, já que a partir do modelo de governança identificado, a rede de incubadoras objeto desta investigação terá subsídios para direcionar estratégias e ações com vistas ao aperfeiçoamento do seu relacionamento com as incubadoras de empresas associadas, potencializando, assim, o sucesso de suas empresas incubadas.

Por fim, cabe informar que o presente estudo é viável, na medida em que é possível obter as informações necessárias sobre as variáveis consideradas para o exame da estrutura do modelo de governança da RIC, diante da confirmação da presidência da rede de incubadoras sobre o suporte para o desenvolvimento da pesquisa proposta.

1.2 PROBLEMA

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1.3 OBJETIVOS

De acordo com o questionamento da pesquisa, foram estabelecidos os seguintes objetivos geral e específicos.

1.3.1 Objetivo geral

Verificar a aderência da Rede de Incubadoras de Empresas do Ceará (RIC) a um modelo teórico de governança para redes de incubadoras.

1.3.2 Objetivos específicos

1. Elaborar um modelo teórico de governança para redes de incubadoras com base nos modelos apresentados na literatura.

2. Caracterizar as incubadoras de empresas associadas à RIC.

3. Identificar as ações da RIC para com as incubadoras associadas à rede.

4. Verificar o cenário atual de práticas de governança na RIC e sistematizar possíveis práticas que possam atender às demandas da RIC.

1.4 ESTRUTURA DA PESQUISA

(21)

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Nesta seção apresenta-se o referencial teórico. Inicialmente aborda-se o tema incubadora de empresas, sua conceituação, seu breve histórico, sua tipologia, o papel do processo de incubação e as ações das incubadoras para com as empresas incubadas e apresenta-se o conceito de rede de incubadoras de empresas. Na sequência, faz-se uma discussão sobre governança corporativa, sua conceituação, seus princípios e discute-se sobre o conceito e modelos de governança em redes de incubadoras.

2.1 INCUBADORAS DE EMPRESAS

As incubadoras de empresas surgiram na década de 50, na Califórnia, a partir das iniciativas da Universidade de Stanford, que criou um Parque Industrial e posteriormente um Parque Tecnológico, com o objetivo de transferir a tecnologia desenvolvida na Universidade às empresas e de criar novas empresas intensivas em tecnologia (MCT, 2000). A criação das incubadoras de empresas foi, então, consequência do desenvolvimento dos parques tecnológicos (DORNELAS, 2002).

A atual estrutura de incubadoras de empresas configurou-se na década de 70, nos Estados Unidos. De acordo com o Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT, no final da década de 70 e no início da década de 80, nos Estados Unidos e na Europa Ocidental, as incubadoras de empresas foram concebidas dentro de um contexto de políticas governamentais, com o objetivo de desenvolver a economia da região (MCT, 2000).

Nos últimos anos, as comunidades ao redor do mundo também adotaram o conceito de incubação de empresas. Segundo as informações da National Business Incubation Association– NBIA, em Columbus, Ohio; Birmingham, Alabama; Troy, Nova York, Atlanta, San Jose, Califórnia, Filadélfia; Canberra, Austrália, Xangai, China; Coventry, na Inglaterra, e em muitos outros lugares, programas de modelos de incubação tornaram-se instituições profundamente respeitadas (NBIA, 2012).

(22)

A primeira incubadora seguiu o modelo acadêmico americano e foi organizada para transferir tecnologia originada da universidade, por meio da formação da empresa. No entanto, o potencial de investigação brasileiro foi limitado, logo, a base potencial para a formação de alta tecnologia foi menor (ETZKOWITZ; MELLO; ALMEIDA, 2005).

Etzkowitz, Mellho e Almeida (2005) enaltecem que o movimento de incubação brasileira reflete uma nova direção de ciência, tecnologia e política industrial na América Latina.

Em 2009 foi instituído o Programa Nacional de Apoio às Incubadoras de Empresas e aos Parques Tecnológicos (PNI) pelo Ministério da Ciência, Tecno logia e Inovação (MCTI). O objetivo do PNI é fomentar o surgimento e a consolidação de incubadoras de empresas, caracterizadas pela inovação tecnológica, pelo conteúdo tecnológico de seus serviços, produtos e processos, além de modernos métodos de gestão (MCTI, 2012).

Para esta entidade, incubadoras de empresas são mecanismos de estímulo e apoio logístico, gerencial e tecnológico ao empreendedorismo inovador (MCTI, 2012). Para Dornelas (2002), incubadoras de empresas são um mecanismo de aceleração do desenvolvimento de empreendimentos, através de um regime de negócios, serviços e suporte técnico, além de orientação prática e profissional. Uma incubadora de empresas pode ser mantida por entidades governamentais, universidades ou grupos comunitários.

Complementando essas definições, Medeiros (1998) destaca que incubadoras de empresas são um arranjo interinstitucional, estruturado para estimular e facilitar o fortalecimento das empresas, a vinculação empresa-universidade e o aumento da vinculação do setor produtivo com várias instituições de apoio.

Gallon, Ensslin e Silveria (2009) comentam que a rede de relacionamentos interorganizacionais é um dos pontos-chave para a obtenção de novos clientes, para comunicação com o mercado-alvo, assim como com os fornecedores, parceiros tecnológicos, bancos e órgãos financiadores, no contexto dos pequenos negócios.

Em outras palavras, Stainsack (2003) afirma que as incubadoras de empresas são catalisadoras do processo de desenvolvimento e consolidação de empreendimentos inovadores no mercado competitivo. Na mesma perspectiva, Beltrame e Camargo (2008) destacam que as incubadoras de empresas são ambientes propícios ao empreendedorismo.

(23)

empresas, fornecendo-lhes os recursos necessários e o apoio de que precisam para evoluir e crescer em negócios mais maduros.

Na mesma perspectiva, Tulchin e Shortall (2008) definem incubadora de empresa como uma entidade física, que fornece às empresas de pequeno porte espaço, serviços de apoio e rede de contatos para empresários, investidores e clientes.

Dessa forma, o objetivo das incubadoras de empresas é facilitar a implantação de novas empresas que tenham a inovação tecnológica como principal estratégia de negócios (MCTI, 2012). Nessa mesma perspectiva, Medeiros (1998) destaca que a missão das incubadoras é funcionar como empresas de prestações de serviços, que colocam instalações e estrutura administrativa e operacional à disposição das empresas abrigadas, criando um ambiente favorável ao nascimento e à consolidação de empreendimentos competitivos e modernos.

Andino et al. (2004, p. 2) também destacaram que a finalidade das incubadoras é: [...] funcionar como instituições sem fins lucrativos que prestam serviços e colocam a disposição das empresas incubadas instalações e infraestrutura administrativa e operacional, criando condições e capacidades favoráveis ao surgimento e consolidação de novos negócios no mercado.

Logo, os principais objetivos de uma incubadora de empresas são produzir empresas de sucesso e criar uma cultura empreendedora, com base na utilização de conhecimento profissional e prático (STAINSACK; 2003).

Ressalta-se ainda que produzir empresas de sucesso é o principal foco das incubadoras de empresas. Essas empresas deixam o programa financeiramente viável e independente, uma vez que as empresas graduadas têm potencial para criar empregos, revitalizar bairros, comercializar novas tecnologias, fortalecendo a economia local e nacional (NBIA, 2012).

(24)

Um estudo recente realizado pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores – ANPROTEC revelou a existência de 384 incubadoras de empresas, que juntas abrigam 2.640 empresas, conforme se observa na Tabela 1.

Tabela 1 – Panorama atual das incubadoras de empresas no Brasil

Empresas incubadas 2.640

Empresas graduadas 2.509

Empresas associadas 1.124

Empregos nas empresas incubadas 16.394 Emprego nas empresas graduadas 29.205

Faturamento das empresas incubadas R$ 532.981.680,00 Faturamento das empresas graduadas R$ 4.094.949.476,92 Fonte: ANPROTEC (2012a, p. 6)

Na sequência, a Figura 1 mostra a evolução do movimento de incubadoras no período de 1988 a 2011.

Figura 1 – Número de incubadoras de empresas em operação no Brasil

Fonte: Elaborado pela autora com base nos dados da ANPROTEC (2004; 2012a).

Este cenário é diferente quando se analisam países desenvolvidos como os Estados Unidos, que possuem 1.115 incubadoras de empresas, e o Reino Unido, que possui as incubadoras de maior porte, com média de 73 empresas e 413 empregos gerados (ANPROTEC, 2012a).

(25)

oito anos de idade, sendo que a faixa entre três a cinco anos teve a maior frequência, conforme se observa na Figura 2.

Figura 2 – Quantidade de incubadoras por faixa de idade

Fonte: ANPROTEC (2012a, p. 11).

Ao observar a Figura 3, verifica-se que as universidades e os centros de pesquisa são os locais de maior frequência. A dinamização da economia local é um dos objetivos das incubadoras que estão nas universidades e centros de pesquisa, nos parques tecnológicos e nas áreas urbanas, além da geração de trabalho e renda.

Figura 3 – Localização das incubadoras de acordo com seus objetivos

Fonte: ANPROTEC (2012a, p. 13).

Dentre as principais contribuições para o desenvolvimento local, as incubadoras indicaram: o desenvolvimento de novos produtos e serviços; a geração de emprego e renda, e; a criação de novos negócios de alta qualidade (ANPROTEC, 2012a).

(26)

Figura 4 – Alianças estratégicas das incubadoras de empresas

Fonte: ANPROTEC (2012a, p. 14).

Do exposto nesta seção, verifica-se, então, o cenário atual das incubadoras de empresas no Brasil. A seguir, serão discutidos os tipos de incubadoras de empresas existentes.

2.1.1 Tipologia de incubadoras de empresas

As incubadoras podem ser classificadas segundo as características das empresas que abriga, segundo o setor de atuação, quando ao estilo de incubação e quanto ao foco das empresas incubadas.

As incubadoras de empresas podem ser de três tipos diferentes, dependendo das características de empresas que abriga (MCTI, 2012):

a) incubadoras de empresas de base tecnológica: abriga empresas em que os produtos,

processos ou serviços são gerados a partir de resultados de pesquisas aplicadas e a

tecnologia apresenta alto valor agregado;

b) incubadoras de empresas dos setores tradicionais: abriga empresas ligadas aos setores

tradicionais da economia, que já detém tecnologia largamente difundida e queiram

agregar valor aos seus produtos, processos ou serviços através de um incremento no

nível tecnológico; e

c) incubadoras de empresas mistas: abriga empresas de base tecnológica e empresas dos

setores tradicionais.

Quanto ao setor de atuação, as incubadoras de empresas são classificadas por Zedwitz (2003) como:

a) incubadoras comerciais independentes: emergem como resultado de atividades

prospectivas desenvolvidas por empresários ou empresas vinculadas ao capital de

(27)

b) incubadoras regionais: normalmente estabelecidas pelos governos locais ou

organizações com interesses econômicos e políticos regionais semelhantes, buscando

prover espaço e apoio logístico para os negócios iniciantes em uma dada comunidade;

c) incubadoras vinculadas às Universidades: as universidades podem ser consideradas

berços de novas invenções/inovações e tecnologia de ponta. Estas incubadoras

podem, ou não, estar vinculadas a parques tecnológicos;

d) incubadoras intraempresariais: vinculadas às atividades de pesquisa e

desenvolvimento (P&D) corporativas, têm como principais objetivos lidar com a

descontinuidade tecnológica, aprimorar a habilidade de alinhar a visão de longo prazo

da organização com as suas necessidades de curto prazo, incrementar a comunicação

entre as funções técnicas e corporativas e minimizar a inflexibilidade das estruturas

organizacionais e gerenciais, e;

e) incubadoras virtuais: não oferecem espaço físico ou apoio logístico, pois buscam

contribuir fortalecendo as plataformas e redes de acesso a empresários, investidores e

consultores.

No que se refere ao estilo de incubação, as incubadoras de empresas podem ser classificadas como abertas ou fechadas. Para Quadros (2004), nas incubadoras abertas, não é necessário a alocação física da empresa incubada, ou seja, não precisam estar instaladas necessariamente em um mesmo local. Em contrapartida, nas incubadoras fechadas, cada empresa incubada tem seu espaço físico, além de espaços coletivos a serem utilizados por todos.

No que tange ao foco das empresas incubadas, a ANPROTEC (2012a) dividiu as incubadoras em três grupos:

a) incubadoras de economia solidária: empreendimentos que geralmente envolvem uma

quantidade expressiva de pessoas desde o nascimento, mas têm seu crescimento

limitado por características geográficas e organizacionais, como as cooperativas;

b) incubadoras de empresas de base tecnológica: são empreendimentos, geralmente,

individuais ou de um grupo pequeno de sócios. A produção de bens e serviços de alto

valor agregado e potencial de mercado se traduz em tendência ao crescimento ao

longo do processo de incubação e de consolidação como graduadas, e;

c) incubadoras de empresas com foco em produtos e tecnologias tradicionais: envolve

empreendimentos com tamanho médio de 11 pessoas.

(28)

estão focadas em setores intensivos em conhecimentos científico-tecnológicos; e (iii) além do objetivo inicial, as incubadoras tecnológicas têm o propósito de contribuir para o desenvolvimento local e setorial (ANPROTEC, 2012a).

A Figura 5 mostra os setores de atuação das incubadoras de empresas.

Figura 5 – Setores de atuação das incubadoras de empresas

Fonte: ANPROTEC (2012a, p. 5).

Com base nas informações evidenciadas na Figura 5, percebe-se que a tecnologia é o principal setor de atuação das incubadoras de empresas, seguido dos setores tradicional e misto.

A seguir serão discutidos aspectos como o processo de incubação e as ações das incubadoras para com suas empresas incubadas.

2.1.2 O processo de incubação e as ações das incubadoras para com as empresas incubadas

De acordo com o MCTI (2012), o processo de incubação é um dos mais eficientes mecanismos de formação de empresas sólidas, pois a taxa de mortalidade de empresas que passam por esse processo é reduzida para 20%, enquanto que em empresas nascidas fora do ambiente de incubadoras, a taxa de mortalidade é de 70%.

(29)

A Associação Nacional de Incubadoras de Empresas (National Business Incubation Association – NBIA) conceitua a incubação de empresas como um processo de apoio às empresas, que acelera o desenvolvimento de empresas inexperientes, pois fornece aos empresários uma série de recursos e serviços direcionados (NBIA, 2012).

A NBIA (2012) considera dois princípios para uma eficaz incubação de empresas: (i) a incubadora aspira a ter um impacto positivo sobre a saúde econômica de sua comunidade, maximizando o sucesso de empresas emergentes; e (ii) a incubadora em si é um modelo dinâmico de uma operação sustentável de negócios, eficiente.

Dornelas (2002) comenta que alguns fatores críticos de sucesso são considerados essenciais a seu desenvolvimento, como a expertise local em administração de negócios, o acesso a financiamentos e investimentos, suporte e assessoria financeira, suporte da comunidade, a existência de um ensino de empreendedorismo, a necessidade de se criar a percepção de sucesso, os vínculos com universidades e/ou centros de pesquisas, um programa de metas com procedimentos e políticas claras.

Stainsack (2003) discute que são dez os fatores críticos para o sucesso das incubadoras de empresas: localização e infraestrutura física, planejamento e gestão, oferta de serviços especializados, rede de relacionamento, empreendedorismo, marketing da incubadora, equipe da incubadora e influências políticas e econômicas.

Para Gillotti e Ziegelbauer (2006), os passos para o sucesso das incubadoras de empresas são sete:

1. objetivos claros e bem comunicados: determinação de metas específicas é essencial

para o desenvolvimento do processo de aplicação e comunicação dos benefícios da

localização dentro da incubadora;

2. gerente da incubadora: O gerente de uma incubadora envolvido na seleção de

incubadas, no dia-a-dia das operações e na coordenação e facilitação de negócios

serviços pode ser não apenas um trunfo inestimável para incubadora empresas, mas

também a chave para a incubadora atingir suas metas;

3. serviços empresariais: é importante considerar as várias fases de desenvolvimento de

negócios, desde o planejamento, a manutenção, a colocação e a eventual

expansão/graduação da incubadora. Alguns erviços que podem ser importantes para

os empresários são: (i) desenvolvimento de plano de negócios; (ii) assistência

promocional; (ii) rede de contatos empresariais; (iii) suporte técnico; (iv)

financiamento para inicialização e manutenção; (v) atendimento ao cliente; (vi)

(30)

4. recursos compartilhados: dependendo do foco da incubadora, os recursos

compartilhados podem variar. Alguns serviços, incluindo cópias, fax e serviços de

secretária podem ser cobrados às empresas incubadas, com base na utilização, quer a

uma taxa normal ou reduzida;

5. espaço físico: as necessidades de espaço variam de acordo com o foco da incubadora.

Geralmente, aluguel subsidiado atrai potenciais empresas. Layout flexível e tamanho

vão encorajar a longevidade da incubadora;

6. financiamento: o gerente da incubadora ou equipe de suporte deve trabalhar para ter

acesso ao capital para as empresas através do desenvolvimento de parcerias e de

busca de subsídios e de outras oportunidades de financiamento, e;

7. aplicação e o processo de aceitação: os objetivos da incubadora devem ajudar a

determinar a aplicação e processo de aceitação. Os critérios selecionados devem

fornecer espaço para a flexibilidade e criatividade. Entender que cada empresário terá

um conjunto de habilidades diferentes e que todas as ideias vão estar em vários níveis

de desenvolvimento irá permitir que o gerente da incubadora ou a equipe de suporte

possa atender potenciais empresas com serviços adequados de negócios. O processo

de aplicação leva tempo, e potenciais inquilinos devem compreender que a

incubadora aceita inquilinos com base em ideias fortes e fortes planos de negócios.

De acordo com o SEBRAE (2007) as incubadoras de empresas devem oferecer instalações novas e modernas e colocar à disposição das empresas área para uso individualizado, além de instalações físicas como: área física compartilhada; serviços administrativos compartilhados; orientação empresarial, contábil e mercadológica;

cooperação tecnológica com outras instituições. Também deve estimular uma “rede de competências”, com profissionais de várias áreas de conhecimento e oferecer orientações na elaboração de projetos a instituições de apoio.

Para Quadros (2004), as principais atribuições do processo de incubação residem: a) na infraestrutura: espaço físico (individual ou coletivo), laboratórios, auditório,

biblioteca, salas de reunião, recepção, copa e cozinha, estacionamento;

b) na facilidade ao acesso de serviços: telefonia, água, luz, telefone, internet,

recepcionista, segurança, correios etc.;

c) no assessoramento do negócio: gerencial, contábil, jurídica, apuração e controle de

custo, gestão financeira, comercialização, exportação e para o desenvolvimento do

negócio;

d) na qualificação: treinamento, cursos, acesso a periódicos como jornais, revistas e

(31)

e) na rede de relacionamentos: manutenção de contatos de alto nível com entidades

governamentais e investidores, participação em eventos de divulgação das empresas e

workshops.

Nessa perspectiva, as incubadoras de empresas devem incentivar o acesso das empresas assistidas às atividades desenvolvidas pela incubadora; disponibilizar equipe de gestão dinâmica e capacitada para acompanhamento e avaliação; desenvolver processo de seleção de empresas claro e eficaz; divulgar, em conjunto com os parceiros, o projeto junto aos empresários e entidades empresariais; estabelecer vínculos com universidades e centro de pesquisas em benefício das empresas assistidas; estabelecer parcerias importantes na comunidade; estreitar relacionamento com outras incubadoras prósperas; assegurar condições para a realização de investimento à incubadora e suas empresas e; desenvolver políticas e estratégias para curto, médio e longo prazo (SEBRAE, 2007).

Da mesma forma, o SEBRAE (2007) adverte que as incubadoras de empresas devem possuir um bom plano de negócios, com foco claro e bem definido e atuar com objetivos condizentes com a realidade econômica e social da região.

As incubadoras de empresas devem contar com um espaço físico individualizado para instalação de escritórios e laboratórios de cada empresa admitida. Também deve dispor de um espaço físico de uso compartilhado, como salas de reunião, área para demonstração dos produtos, auditório, secretaria, serviços administrativos e instalações laboratoriais. As empresas incubadas devem ter acesso a laboratórios e bibliotecas de universidades e instituições que desenvolvam atividades tecnológicas. As incubadoras de empresas devem também dispor de recursos humanos e serviços especializados que auxiliem as empresas incubadas em suas atividades, como capacitação, formação, treinamento de empresários-empreendedores nos principais aspectos gerenciais (MCTI, 2012).

Na mesma linha de raciocínio, a NBIA (2012) ressalta que uma incubadora de empresas deve fornecer orientações de gestão, assistência técnica e consultoria sob medida para empresas jovens e em crescimento. Da mesma forma, as incubadoras de empresas geralmente fornecem acesso a um espaço apropriado e alugueis flexíveis, serviços compartilhados de negócios e equipamentos básicos, serviços de apoio a tecnologia e assistência na obtenção de financiamento necessário para o crescimento da empresa (NBIA, 2012).

(32)

de planos de negócios; (iii) apoio à participação em feiras e mostras; (iv) networking com outros empresários; (v) consultoria para desenvolvimento de novos produtos; (vi) pesquisa de mercado; (vii) serviços jurídicos; (vii) capacitação empresarial; (ix) assessoria de comunicação; (x) assessoria para comercialização, e; (xi) design e programação visual.

A seguir vem à tona a discussão acerca das redes de incubadoras de empresas.

2.1.3 Redes de incubadoras de empresas

O conceito de redes expõe diversos significados, pois é empregado, desde sua origem, na década de 30, por pesquisadores das diferentes áreas das Ciências Sociais. O conceito de redes é utilizado pelas áreas da psicologia, da antropologia, sendo aplicada também no âmbito das organizações, e, mais recentemente, pela ciência política (MIGUELETTO, 2001).

Balestrin (2005) evidencia sete abordagens teóricas sobre redes, conforme se observa no Quadro 1.

Quadro 1 – Síntese das perspectivas teóricas sobre redes analisadas por Balestrin (2005)

Perspectivas teóricas Potenciais contribuições para o entendimento das redes

Economia industrial Identificou diferentes classes de custos de produção, tais como economias de escala, escopo e especialização, como variáveis explicativas da eficiência das redes

Abordagem estratégica Destacou a configuração por meio de redes interorganizacionais como um fator altamente estratégico no alcance e na manutenção de vantagens competitivas Dependência de

recursos

Salientou que um dos fortes condicionantes da formação das redes interorganizacionais é o compartilhamento de recursos tangíveis e intangíveis Redes sociais Evidenciou que a posição dos atores em uma rede influencia a organização de seus

membros e as inter-relações junto à rede

Marxistas e críticas

Questionou o argumento da eficiência na formação das redes e destacou que as redes são formadas por representarem poderosos instrumentos na formação de elites e classes dominantes, bem como o exercício do poder e da dominação

Custos de transação Considerou as redes como ótimas formas de reduzir a incerteza, o risco e a ineficiência das transações da empresa com seu ambiente econômico

Abordagem institucional

Constatou que as organizações buscam ganhar legitimidade no momento de pertencerem a uma determinada rede

Fonte: Balestrin (2005, p. 26).

(33)

Dessa forma, são apresentados diversos conceitos sobre redes, com vistas a ampliar o entendimento sobre referido tema. Verchoore Filho (2006) comenta que o propósito principal da rede é reunir os atributos organizacionais que permitam uma adaptação ao ambiente competitivo, sustentada por ações uniformizadas, que permita ganhos de escala pela união. Logo, redes são compostas por um grupo de empresas com objetivos comuns, que estão formalmente relacionadas e têm prazo ilimitado de existência. Cada membro mantém sua individualidade, participa das decisões e divide com os demais os benefícios alcançados pelos esforços coletivos (VERCHOORE FILHO, 2006).

Podolny e Page (1998) conceituam rede como uma coleção de dois ou mais atores, que estabelecem relações de troca contínua, mas que ao mesmo tempo carecem de autoridade e legitimidade para atribuir e resolver conflitos que possam ocorrem durante essa troca.

Nessa perspectiva, Migueletto (2001, p. 7) define rede como:

[...] uma estrutura organizacional formada por um conjunto de atores que se articulam com a finalidade de aliar interesses em comum, resolver um problema complexo ou amplificar os resultados de uma ação, e consideram que não podem alcançar tais objetivos isoladamente

Para Silva Filho e Magacho (2007b), as redes representam um mix de formas de organização, que respeitam a lógica de mercado, hierarquia. Nas redes, os aspetos sociais, como os vinculados a negociação e o relacionamento entre os participantes da rede, surgem com maior relevância.

Powell (1990) destaca que as partes de uma rede devem renunciar seus próprios interesses em prol dos outros. Contudo, os atores sociais mantêm sua autonomia e estabelecem múltiplos vínculos de interdependência, resultando em uma dinâmica permeada por relações de cooperação e conflitos de opinião. Esses conflitos são intrínsecos às redes, pois tratam de organizações autônomas que atuam com valores próprios e, simultaneamente, almejam conciliar ações visando a um objetivo comum (MIGUELETTO, 2001).

Corroborando com esse entendimento, Wegner, Zen e Andino (2011) afirmam que, quando as redes são formadas por várias empresas, normalmente há desajustes culturais e gerenciais entre os participantes, pois cada empresa traz consigo uma cultura própria e práticas de gestão que divergem dos demais parceiros. Essas diferenças, que ficam latentes no processo de cooperação, precisam ser ajustadas ou aceitas, para que a rede obtenha sucesso.

(34)

inovação pelas grandes empresas. Logo, a organização em rede é utilizada para alcançar tais objetivos. Migueletto (2001) lembra que o processo de modernização, o dinamismo do ambiente globalizado e o impacto das tecnologias de informações são os fatores que favorecem a constituição de redes.

Wegner, Zen e Andino (2011) também comentam que um dos fatores decisivos para o desenvolvimento das redes é o apoio do poder público, principalmente daquelas formadas por empresas de pequeno e médio porte. A atuação do poder público pode ocorrer no momento inicial da rede, através da gestão do arranjo, fornecendo informações e orientações gerenciais na condução da rede e por meio da prospecção de membros. Ao atingir a maturidade e a capacidade de autogestão, a rede fica estruturada para ampliar o número de participantes.

A importância das redes foi detectada por Bøllingtoft e Ulhøi (2005), que afirmaram que as redes são cruciais para os empresários. Em micro e pequenas empresas, como é o caso das empresas incubadas, Vilga et al. (2007) destacaram que têm dificuldades de modernização para operar em um mercado altamente competitivo e que as redes representam alternativas para solucionar tais dificuldades. A pesquisa desenvolvida por estes autores revelou que a organização em rede possui vantagens competitivas e ganhos coletivos para as micro e pequenas empresas.

As redes de empresas, apesar de serem cruciais, também podem fracassar, como foi destacado no estudo de Wegner, Zen e Andino (2011), que verificaram que os principais fatores que levaram ao fracasso de uma rede foram os desajustes estratégicos, o imediatismo por resultados, o número insuficiente de participantes e as dificuldades de gestão, pois culminaram em resultados inferiores aos esperados, levando à saída das empresas. Com a redução do número de participantes, houve perda do apoio do poder público e consequentemente dificuldades de expansão, o que gerou o encerramento completo das atividades da rede. Os novos tipos de rede, então, segundo Miguelitto (2001), se caracterizam pela formalidade, buscando objetivos bem definidos e autopreservação da sua estrutura.

(35)

Sobre o assunto, Etzkowitz, Mello e Almeida (2005) ressaltam que as redes de incubadoras e a cooperação entre as universidades e outras esferas institucionais têm sido a chave para o crescimento do movimento de incubação no Brasil.

Hansen et al. (2000) destacam que redes de incubadoras combinam o melhor de dois mundos: a escala e o escopo de grandes empresas estabelecidas e a dinâmica empresarial de pequenas empresas de capital de risco. Essa combinação mostra que as redes de incubadoras representam um novo modelo de organização, que é especialmente bem adequado para a criação de valor e riqueza em uma nova economia.

Corroborando com esse entendimento, Bøllingtoft e Ulhøi (2005) consideram redes de incubadoras como um novo modelo de incubadora, pois são uma forma híbrida de incubadoras de empresas, através de uma sinergia territorial, simbiose relacional e economias de escala.

Para Silva (2008), uma rede de incubadoras é conceituada como uma organização que congrega incubadoras de uma região. Essa organização tem o objetivo de trocar conhecimentos e informações, além de otimizar a utilização dos recursos.

Em seu trabalho, Hansen et al. (2000) verificaram que redes de incubadoras podem proporcionar um enorme valor para pequenas empresas iniciantes, através de conexões que ajudam a criar estratégias cruciais, parcerias, recrutar pessoas altamente talentosas e obter importantes conselhos de especialistas externos.

O estudo de Silva Filho e Magacho (2007b) sinalizou que a lógica do impacto de uma rede de incubadoras é resultado de dois fatores: a eficiência de operacionalização da rede e o conjunto de elementos participantes da rede e sua forma de organização.

Sobre a arquitetura de uma rede de incubadoras Silva Filho e Magacho (2007b) sugerem que ela é composta por três níveis, a saber: (i) o nível do consórcio; (ii) o nível das redes de incubadoras; e (iii) o nível das incubadoras e empresas incubadas, brevemente descritos a seguir.

(36)

No Brasil, a execução das atividades de apoio e coordenação às Redes Regionais ou Estaduais de mecanismos para a inovação é responsabilidade da ANPROTEC, tendo em vista suas finalidades precípuas (ANPROTEC, 2010).

Silva (2008) ressalta que a ANPROTEC estimulou a criação de Redes Regionais de incubadoras de empresas, com vistas a criar as Redes Estaduais. Atualmente, são 22 Redes Estaduais em 16 Estados, a saber: Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo (ANPROTEC, 2012b).

Ressalta-se que a Rede de Incubadoras do Estado do Ceará (RIC) é a unidade de análise escolhida para este estudo.

Caso uma rede agrupe incubadoras de um Estado, as estratégias de atuação destacadas por Silva (2008) para a rede são:

a) promover um ambiente favorável para a troca de experiências;

b) organizar e desenvolver sistematicamente os pleitos coletivos coordenados pela rede;

c) acompanhar sistematicamente o desempenho dos associados;

d) desenvolver planos de ações e planejamentos estratégicos de curto, médio e longo

prazo;

e) fortalecer a articulação entre os associados e os parceiros estratégicos do movimento;

e

f) disponibilizar a estrutura geral desenvolvida pela rede aos associados de forma

completa.

Neste sentido, Silva Filho e Magacho (2007b) comentam que há discussões no campo da Economia, da Estratégia Empresarial e da Teoria das Organizações de que as redes são formas de governança. Na mesma linha de raciocínio, Verchoore Filho (2006) afirma que as redes são compreendidas como um desenho organizacional único, com arcabouço formal próprio e uma estrutura de governança específica. Há um esforço, então, no âmbito das redes para se obter sucesso em seu funcionamento com eficiência e eficácia.

Com o intuito de prestar esclarecimentos sobre a governança corporativa, passa-se à apresentação dos seus componentes.

2.2 GOVERNANÇA CORPORATIVA

(37)

(2011) comentam que a governança corporativa nasceu com a separação entre a propriedade e o controle. No momento em que as companhias abriram seu capital ao mercado de ações, o controle deixou de pertencer aos proprietários do capital acionário, para ser dos executivos que administravam a entidade, surgindo, então o conflito de interesses ou conflito de agência.

Silveira (2004, p. 31) menciona que o conflito de agência ocorre quando “os gestores tomam decisões com o intuito de maximizar sua utilidade pessoal e não a riqueza de

todos os acionistas, motivo pelo qual são contratados”. Carvalho (2007) discorre que o

problema de agência acontece quando o bem-estar de uma parte, denominada de principal, depende das decisões tomadas por outra parte, denominada de agente. O agente, que deveria agir de acordo com os interesses do principal, pode ter um comportamento oportunista.

A Teoria da Agência, que versa sobre esse assunto, tem sua ideia central de que os administradores não têm o espírito de empreender esforços para maximizar o retorno dos acionistas, mas em tornar mais forte e segura, o que não é a melhor solução para os investimentos dos acionistas. Logo, para alcançar essa finalidade, os administradores comentem excessos que podem ferir os direitos essenciais dos acionistas (LAMEIRA, 2001).

Esse conflito pode advir de proprietários e gestores ou de acionistas majoritários e minoritários. Rocha (2002) explica que nos Estados Unidos, o desalinhamento potencial ou os desenhos societários são feitos buscando alinhar executivos e acionistas. No Brasil, o contexto é diferente, pois a preocupação é com o alinhamento entre controladores e minoritários, pois a estrutura de capital nos Estados Unidos é dispersa, enquanto que no Brasil é concentrada.

Acerca do relacionamento de agência, Jensen e Meckling (1976, p. 308)

conceituam como “um contrato, no qual uma ou mais pessoas (o principal) engajam outra

pessoa (o agente) para desempenhar alguma tarefa em seu favor, envolvendo a delegação de

autoridade para tomada de decisão pelo agente”. Esse relacionamento existe em todas as

organizações e em todos os esforços corporativos.

Desta forma, a governança corporativa surgiu com o objetivo de alinhar o comportamento dos executivos aos interesses dos acionistas (IBGC, 2012). Corroborando com este entendimento, Silveira (2004, p. 36) define governança corporativa como sendo o

“conjunto de mecanismos de incentivo e controle que visa harmonizar a relação entre acionistas e gestores pela redução dos problemas de agência, numa situação de separação

entre propriedade e gestão”.

Para Steinberg (2003 p. 18), a governança corporativa constitui o “conjunto de

(38)

executiva, auditoria independente e conselho fiscal com a finalidade de aprimorar o

desempenho da empresa e facilitar o acesso ao capital”.

Em outras palavras, Lameira (2001, p. 29) define governança corporativa como “o conjunto de mecanismos econômicos e legais que são alterados por processos políticos, objetivando melhorar a proteção dos direitos dos acionistas e credores (investidores de forma

geral) em uma sociedade”. Carvalho (2007, p. 22) complementa e afirma que a governança

corporativa pode ser entendida como “os mecanismos ou os princípios que governam o processo decisório dentro de uma empresa”.

Na mesma perspectiva, Hitt, Ireland e Hoskisson (2008) conceituam governança corporativa como uma estratégia utilizada pelas empresas para dar ordem às partes interessadas, que possam ter interesses conflitantes. O Conselho de Administração seria, então, o responsável pela ajuda para superar esses problemas (LODI, 2000).

Para Silva (2010, p. 18), governança corporativa é um “conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia, protegendo investidores,

empregados e credores, facilitando, assim, o acesso ao capital”. Nesta mesma análise, a

Comissão de Valores Mobiliários (CVM) afirma que a principal finalidade da governança corporativa é maximizar o desempenho da organização, uma vez que protege todas as partes interessadas (CVM, 2002). Logo, a governança corporativa é um conjunto de regras para minimizar os problemas de agência.

O grande objetivo da governança corporativa é criar um conjunto de mecanismos eficientes, para assegurar que o comportamento dos executivos esteja sempre alinhado com o interesse dos acionistas. A boa governança então proporciona aos proprietários a gestão estratégica de sua empresa e a monitoração da direção executiva (SILVA, 2010).

Corroborando com essa ideia, Lameira (2001, p. 45) argumenta que:

a governança corporativa, na mais ampla concepção, deixa de ser apenas o sistema que permite aos acionistas controladores a administração estratégica da companhia e o controle dos executivos da empresa, e passa a ser, em sentido amplo, a prática da administração das relações entre os acionistas, majoritários e minoritários, credores, executivos ou administradores, e demais interessados (stakeholders).

Percebe-se então que a governança corporativa, além de ser um conjunto de mecanismos para minimizar os problemas de agência, é bem mais abrangente, pois está relacionada às práticas desenvolvidas pelo agente e pelo principal.

(39)

que com capacidade de realização. A boa governança exige atributos que produzam sensação de respeito e levem à aquisição de credibilidade.

Ressalta-se que foi nos anos 50 que começou a se falar de governança corporativa, mas sem essa denominação, pois foi uma época marcada por conselhos inoperantes e com a presença forte do acionista controlador. A partir da década de 90 foi que a governança passou a ser mais conhecida. O movimento iniciou principalmente nos Estados Unidos, onde os acionistas despertaram para a necessidade de novas regras que os protegessem da inércia dos conselhos de administração, dos abusos da diretoria executiva e das omissões das auditorias externas (SILVA, 2010).

No Brasil, a governança corporativa pode ser compreendida à luz do modelo de desenvolvimento do mercado acionário, que data do início da década de 70. Desde o final dos anos 90, a governança corporativa passou a ser uma preocupação central para empresas, investidores, órgãos reguladores e governo (CARVALHO, 2007). Lameira (2001) destaca que o desenvolvimento do mercado de capitais é uma forma de captar recursos nas economias dos países em desenvolvimento, que buscam estratégias que proporcionem o desenvolvimento econômico.

Destaca-se também o papel das disposições legais para a mudança no cenário da governança corporativa no país. Podem-se citar algumas regulamentações relevantes, como a Lei nº 10.303 de 2001, que alterou a Lei nº 6.404 de 1976, determinando políticas de proteção aos acionistas minoritários; o Código Civil de 2002, que estabeleceu normas de governança para as sociedades limitadas, e; a Lei nº 11.638 de 2007, que promoveu maior transparência à gestão das empresas, não somente às sociedades anônimas, mas também às sociedades de grande porte, inclusive em relação às sociedades de grande porte das sociedades de capital aberto e fechado (SILVA, 2010; ROSSETTI; ANDRADE, 2011).

Da mesma forma que as legislações e investidores institucionais contribuem para melhorias na governança, alguns órgãos no Brasil também criaram mecanismos para que as empresas sigam essas boas práticas de governança corporativa.

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Figura 1  –  Número de incubadoras de empresas em operação no Brasil
Figura 3  –  Localização das incubadoras de acordo com seus objetivos
Figura 4  –  Alianças estratégicas das incubadoras de empresas
Figura 5  –  Setores de atuação das incubadoras de empresas
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Referências

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