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Maria Cecília Barbieri Gorski

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Academic year: 2019

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Maria Cecília Barbieri Gorski

RIOS E CIDADES:

RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana

Mackenzie como requisito para a obtenção do título de

Mestre em Arquitetura e Urbanismo

Orientadora: Prof.ª Drª Angélica A. Tanus Benatti Alvim

São Paulo

2008

(2)

Aprovada em agosto de 2008

Maria Cecília Barbieri Gorski

RIOS E CIDADES:

RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana

Mackenzie como requisito para a obtenção do título de

Mestre em Arquitetura e Urbanismo

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª Drª Angélica Aparecida Tanus Benatti Alvim

Prof. Dr. Vladimir Bartalini

(3)

A Nelson,

meu pai que me guiou para a vida e a profi ssão

Ao Michel

A Pedro e Laura

A Maria Ruth e Maria

(4)

AGRADEÇO

À minha orientadora Profª Drª Angélica Tanus Benatti Alvim pela dedicação, entusiasmo e carinho no acompanhamento do trabalho

A

Carolina Bracco e Roberto Rüsche pela ativa participação e pelas pesquisas realizadas

Flávio Ventura pelos croquis Claudia Perrota pela revisão

Francine Sakata e Guilherme Marinho pela editoração

A

Alejandra Devecchi Estevam Otero

Mario Thadeu Leme de Barros Mia Lehrer

Patrícia Akinaga Sadalla Domingos

pelas informações e esclarecimentos complementares à pesquisa

Ao Prof. Dr. Abilio Guerra por me incentivar a ingressar no mestrado

A Profª Drª Gilda Collet Bruna pelo apoio

Aos professores e colegas do Mackenzie pela qualidade e prazer da convivência

A Rosa Kliass por ter me apresentado à profi ssão e me motivado com sua paixão diante do trabalho

A Stela, irmã querida de todas as horas

À minha família e aos amigos queridos, pelo carinho, paciência e incentivo

A equipe do escritório, fi rme e solidária Ciça Souza, Débora, Deise, Priscila e Renato

(5)

Deparei-me pela primeira vez com a temática de recupera-ção de rios urbanos, em 1995, em viagem exploratória para arquitetos paisagistas, organizada pela ABAP, quando esti-vemos frente a frente com o rio que acabou se tornando alvo de um dos estudos de caso – o rio Don, na cidade de Toronto.

Vários colegas que vêm trabalhando este tema contribuí-ram para que o interesse pelo tema acabasse me conduzindo de volta à escola. Jorge Oseki, Lúcia Costa, Nathan Cormier, Paulo Pellegrino e Vladimir Bartalini estão entre eles. Lem-bro-me bem do professor John Lyle quando veio ao Brasil a convite da FAUUSP, e apresentou o conceito dos planos de renaturalização de rios urbanos, elaborando na lousa os croquis que substituíam o canal retifi cado de um rio, por um traçado sinuoso.

Trabalhar esse processo parecia uma hipótese muito distan-te...

(6)

SUMÁRIO

RESUMO ABSTRACT LISTA DE FIGURAS LISTA DE QUADROS LISTA DE TABELAS INTRODUÇÃO

PARTE I

CAPÍTULO 1. CURSOS D’ÁGUA E MEIO URBANO: DO CONVÍVIO À RUPTURA

1.1 Os cursos d’água como fatores de desenvolvimento: algumas considerações

1.2 A percepção e a valorização dos rios 1.3 O rio e a paisagem

1.4 O rio e a bacia hidrográfi ca como sistema de drenagem 1.5 O rio e a vegetação

1.6 Componentes físicos de um curso d’água 1.7 O rio como fonte de recursos hídricos

1.8 A abordagem setorial da água e suas conseqüências

1.9 A deterioração dos cursos d’água sob efeito dos impactos do meio urbano

CAPÍTULO 2. CURSOS D’ ÁGUA E MEIO URBANO: EM BUSCA DO REENCONTRO

2.1 Redesenhando a paisagem a partir dos cursos d’ água

2.1.1 Importantes precursores da inclusão da dimensão paisagística em projetos de saneamento e drenagem: Olmsted nos EUA e Saturnino Brito no Brasil

2.1.2 Abordagens inovadoras: a contribuição de Mc Harg e Lyle

2.2 Os cursos d’água nos eventos mundiais sobre o Meio Ambiente 2.3 Novas abordagens no rumo da recuperação

PARTE II.

PLANOS E PROJETOS DE RECUPERAÇÃO DE CURSOS D’ÁGUA URBANOS. ESTUDOS DE CASOS [1991–2006 ] Critérios e justifi cativa da seleção dos casos

Método de Análise dos Casos

CAPÍTULO 3. ESTUDO DOS CASOS INTERNACIONAIS (ESTADOS UNIDOS E CANADÁ)

3.1 O Plano de Recuperação do Rio Don: Bring Back the Don 3.1.1 Contextualização

3.1.2 Motivos que levaram à elaboração do Plano 3.1.3 Atores

3.1.4 Objetivos 3.1.5 Diretrizes 3.1.6 Propostas

3.1.7 O desenvolvimento do Plano 3.1.8 Implementação

(7)

3.2 O Plano de Revitalização do Rio Los Angeles

3.2.1 Contextualização

3.2.2 Motivos que levaram à elaboração do Plano 3.2.3 Atores

3.2.4 Objetivos 3.2.5 Diretrizes 3.2.6 Propostas 3.2.7 Implementação

3.3 O Plano de Recuperação da Orla do Rio Anacostia

3.3.1 Contextualização

3.3.2 Motivos que levaram à elaboração do Plano 3.3.3 Atores

3.3.4 Objetivos 3.3.5 Diretrizes 3.3.6 Propostas 3.3.7 Implementação

CAPÍTULO 4. ESTUDO DOS CASOS NACIONAIS

4.1 O Plano de Ação Estruturador de Piracicaba: Projeto Beira-Rio

4.1.1 Contextualização

4.1.2 Motivos que levaram à elaboração do Plano 4.1.3 Atores

4.1.4 Objetivos 4.1.5 Diretrizes 4.1.6 Propostas 4.1.7 Implementação

4.2 O Plano da Bacia do Rio Cabuçu de Baixo

4.2.1 Contextualização

4.2.2 Motivos que levaram à elaboração do Plano 4.2.3 Atores

4.2.4 Objetivos 4.2.5 Diretrizes 4.2.6 Propostas 4.2.7 Implementação

4.3 Parque Mangal das Garças

4.3.1 Contextualização

4.3.2 Motivos que levaram à elaboração do Plano 4.3.3 Atores

4.3.4 Objetivos 4.3.5 Diretrizes 4.3.6 Propostas 4.3.7 Implementação

CAPÍTULO 5. REFERÊNCIAS DE PLANEJAMENTO E PROJETOS DE CURSOS D’ÁGUA EM MEIO URBANO

5.1 Referências de planejamento e projeto selecionadas a partir dos casos

5.1.1 Recuperação e Proteção do Meio Ambiente 5.1.2 Articulação com as políticas urbanas 5.1.3 Inserção do rio no tecido urbano

5.1.4 Valorização da identidade local e do sentido de cidadania 5.1.5 Implementação, Monitoramento e Gestão

5.2 Síntese das referências signifi cativas: 10 recomendações para projetos de recuperação de rios urbanos

(8)

RESUMO

(9)

ABSTRACT

(10)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Escultura do rio Mississipi. Fonte: HUNTER (1978, p. 261)

Figura 2: Componentes da apreciação e compreensão da paisagem. Fonte: SARAIVA (1999, p. 226)

Figura 3: Pressão Urbana em Porto Velho. Fonte: Arquivo Michel Gorski

Figura 4: Componentes físicas de um c. Fonte: RILEY (1998, p. 29), modifi cado pela autora.

Figura 5: O Ciclo Hidrológico. Fonte: MACBROOM (1998, p.7) apud LECCESE, et al. ( 2004, p. 19)

Figura 6: Relação entre superfície impermeabilizada e superfície de escoa-mento. Fonte: LECCESE, et al. (2004, p. 76), modifi cado pela autora.

Figura 7: Ciclo de recarga dos aqüíferos. Fonte: United States Geological Survey (USGS). Disponível em: <http://ga.water.usgs.gov/edu/watercyclegwdis-charge.html>. Acesso 26 set. 2007

Figura 8: Mudanças Biológicas: Meio Ambiente Terrestre. Impactos da canali-zação sobre as funções naturais do rio. Fonte: RILEY (1998, p. 101), modifi cado pela autora.

Figura 9: Impactos da canalização sobre as funções naturais do rio: Mudanças Biológicas no meio ambiente aquático. Fonte: RILEY (1998, p. 101), modifi cado pela autora.

Figura 10: Impactos da canalização sobre as funções naturais do rio - Mudan-ças Físicas. Fonte: RILEY (1998, p. 101), modifi cado pela autora.

Figura 11: Planta e Projeto de Santos, em 1910, feita pelo Eng. Saturnino de Brito. Disponível em: http://www.novomilenio.inf.br/santos/. Acesso 8 mar. 2008

Figura 12: Percurso natural do rio Tietê e a proposta de melhoramento. Fonte: ZUCCOLO (2000, contracapa fi nal).

Figura 13: Woodlands – Passarelas sobre valetas gramadas garantem a aces-sibilidade do pedestre e a drenagem. Fonte: Revista Landscape Architecture (v. 95, n. 7, p. 61, jul.2005)

Figura 14: Woodlands – Desenho sustentável que visa proteger as áreas de recarga dos corpos d` água. Fonte: Revista Landscape Architecture (v. 95, n. 7, p. 64, jul.2005)

Figura 15: Evolução dos paradigmas ambientais, segundo Colbin e Schulkin, 1992. Fonte: CORREIA (1994) apud SARAIVA (1999, p. 28)

Figura 16: DREISTETL, H. e GRAU, D. New waterspaces: planning, building and designing with water. Boset, Birkäuser, 2005.

Figura 17: DREISTETL, H. e GRAU, D. New waterspaces: planning, building and designing with water. Boset, Birkäuser, 2005.

Figura 18: DREISTETL, H. e GRAU, D. New waterspaces: planning, building and designing with water. Boset, Birkäuser, 2005.

Figura 19: DREISTETL, H. e GRAU, D. New waterspaces: planning, building and designing with water. Boset, Birkäuser, 2005.

(11)

Figura 20: Grande Bio – Região de Toronto. Localização da Bacia Hidrográfi ca do Rio Don. Fonte: HOUGH (1995, p.52)

Figura 21: Fisiografi a da área de Toronto. Destaca-se a cota do antigo Lago Iroquois em relação a cota atual do Lago Ontário. Fonte: HOUGH (1995, p.54)

Figura 22: Bacia Hidrográfi ca do Rio Don. Fonte: HOUGH (1995, p.53)

Figura 23: O rio Don e sistema viário. Disponível em: <http://www.toronto.ca/ don/lower_don_map_large.htm>. Acesso em: 18 nov. 2007

Figura 24: Rio Don em 1891. Disponível em: <http//www.toronto.ca/don/>. Acesso em 18 nov. 2007

Figura 25: Meandros originais do rio Don, desconfi gurados pela canalização. Fonte: HOUGH (1995, p.56)

Figura 26: Acessibilidade dos bairros em relação ao vale. Fonte: HOUGH (1995, p.58)

Figura 27: Foto aérea da foz do rio Don e o lago Ontário. Fonte: Toronto Wa-terfront Revitalization Task Force Report (2000, p. 07). Disponível em: <http:// www.toronto.ca/waterfront/fung_report.htm>. Acesso em 14 jun. 2008 Figura 28: Vista para a parte sul, em direção ao lago Ontário. Disponível em: <http://www.toronto.ca/don/>. Acesso em 18 nov. 2007

Figura 29: Obra de engenharia do século XX. Disponível em: <http://www. toronto.ca/don/>. Acesso em 18 nov. 2007

Figura 30: Voluntários na construção de alagados construídos na parte baixa do rio Don. Disponível em: <http://www.toronto.ca/don/galleries.htm>. Acesso em 18 nov. 2007

Figura 31: Refl orestamento das margens do rio. Disponível em: <http://www. toronto.ca/don/treeplanting.htm>. Acesso em 18 nov. 2007

Figura 32: Participação da sociedade civil no refl orestamento e construção de trilhas. Disponível em: <http://www.toronto.ca/don/summer_volunteers.htm>. Acesso em 18 nov. 2007

Figura 33: Proposta para a orla do centro de Toronto. Fonte: Toronto Wa-terfront Revitalization Task Force Report (2000, p. 42 e 43). Disponível em: <http://www.toronto.ca/waterfront/fung_report.htm>. Acesso em 14 jun. 2008 Figura 34: Proposta para a foz do rio Don. Disponível em <http://www.toronto. ca/don/vision.htm>. Acesso 18 nov. 2007

Figura 35: Novo boulevard na orla de Toronto. Fonte: Toronto Waterfront Revi-talization Task Force Report (2000, p. 72). Disponível em: <http://www.toronto. ca/waterfront/fung_report.htm>. Acesso em 14 jun. 2008

Figura 36: Vista oeste do centro da cidade. Toronto Waterfront Revitalization Task Force Report (2000, p. 48). Disponível em: <http://www.toronto.ca/water-front/fung_report.htm>. Acesso em 14 jun. 2008

Figura 37: Situação no século XX. Disponível em: <http://www.toronto.ca/ don/>. Acesso em 18 nov. 2007

Figura 38: Situação proposta para o século XXI. Disponível em: <http://www. toronto.ca/don/>. Acesso em 18 nov. 2007

Figura 39: Plano Estratégico para o Baixo Don – categorização dos segmentos. Fonte: HOUGH (1995, p.63) - Adaptado pela autora

Figura 40: Plano estratégico para o baixo Don. Fonte: HOUGH (1995, p. 63)

Figura 41: Trecho 1 - Rosedale Marshes, proposta conceitual: banhados, mean-dros, pistas de caminhada e recreação passiva. Fonte: HOUGH (1995, p. 65)

Figura 42: Trecho 1 - Rosedale Marshes: Várzea do rio Don. Fonte: HOUGH (1995, p. 64)

(12)

Figura 43: Trecho 2 - River Channel, proposta conceitual: arborização, ciclovias, pistas de caminhada e lugares para apreciação da água. Fonte: HOUGH (1995, p. 66)

Figura 44: Trecho 2 - River Channel: Rio Don canalizado. Fonte: HOUGH (1995, p. 66)

Figura 45: Trecho 3 – Portlands Delta: O porto industrial e a foz existente do Don. Fonte: HOUGH (1995, p. 67)

Figura 46: Trecho 3 - Portlands Delta, proposta conceitual: banhado na foz do rio associado com a futura renovação urbana. Fonte: HOUGH (1995, p. 67)

Figura 47: A bacia Hidrográfi ca do Rio Los Angeles e o trecho de intervenção. Fonte: LARRMP (2005, p. 52)

Figura 48: A extensão do rio Los Angeles – das montanhas de Santa Mônica até Long Beach Harbor. Fonte: LARRMP (2005, p. 06)

Figura 49: O rio Los Angeles e seus tributários. Fonte: LARRMP (2005, p. 07) Figura 50: O rio Los Angeles – Do passado ao presente. Fonte: LARRMP (2005, p. 15)

Figura 51: Expansão da cidade de Los Angeles, em 1887. Vista para o vale Elysian. Fonte: LARRMP (2005, p. 14)

Figura 52: Pré-canalização do rio Los Angeles, 1910. Fonte: LARRMP(2005, p. 15)

Figura 53: Foto aérea do trecho central da área de revitalização. Fonte: LARRMP (2005, p. 141)

Figura 54: Potenciais incrementos do corredor do rio Los Angeles. Fonte: LARRMP (2005, p. 62 e 63)

Figura 55: Melhoria do acesso ao rio. Fonte: LARRMP (2005, p. 24)

Figura 56: Proposta de revitalização do rio Los Angeles. Fonte: LARRMP (2005, p. 24)

Figura 57: Proposta para o canal secundário para fornecer acessibilidade e atividade para a orla. Fonte: LARRMP (2005, p. 149)

Figura 58: Proposta de um parque no trecho Canoga, para aumentar as áreas públicas adjacentes ao rio. Fonte: LARRMP (2005, p. 10)

Figura 59: Situação atual, rio canalizado. Fonte: Civitas - Urban Design, Plan-ning, Landscape Architecture. Disponível em : <http://www.civitasinc.com>. Acesso em 18 mai. 2008

Figura 60: Situação proposta – recuperação das várzeas e do acesso ao rio. Fonte: Civitas - Urban Design, Planning, Landscape Architecture. Disponível em: <http://www.civitasinc.com>. Acesso em 18 mai. 2008

Figura 61: Situação atual. Fonte: Civitas - Urban Design, Planning, Landscape Architecture. Disponível em : <http://www.civitasinc.com>. Acesso em 18 mai. 2008

Figura 62: Proposta – Tratamento paisagístico. Fonte: Civitas - Urban Design, Planning, Landscape Architecture. Disponível em : <http://www.civitasinc. com>. Acesso em 18 mai. 2008

Figura 63: Propostas de recuperação dos espaços públicos e melhoria do aces-so ao rio. Fonte: Mia Lehrer & Asaces-sociates, Landscape Architecture. Disponível em: <http://www.mlagreen.com>. Acesso em 19 mai. 2008

Figura 64: Idem Figura 65: Idem

Figura 66: Idem

Figura 67: Idem

Figura 68: Idem

(13)

Figura 69: Alternativas de tratamento do canal em função das áreas dispo-níveis e respectivas características hidrológicas – capacidade e velocidade do canal. Fonte: LARRMP (2005, p. 39)

Figura 70: Propostas de recuperação dos trechos canalizados à curto e longo prazo. Fonte: LARRMP (2005, p. 62 e 63)

Figura 71: A bacia hidrográfi ca do rio Anacostia e o Washington D.C. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Anacostia_River>. Acesso em 03 mar. 2008

Figura 72: Washington é dividido em quatro quadrantes: noroeste, nordeste, sudeste e sudoeste, delimitados por eixos que determinam a posição do edi-fício do Capitólio. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Image:DC_sa-tellite_image.jpg>. Acesso em 03 mar. 2008

Figura 73: Bacia Hidrográfi ca do rio Anacostia. Fonte: “The Anacostia Water-front Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p.26) Figura 74: Localização da área do plano de intervenção. Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p.4)

Figura 75: Projeto para o “Mall”, Plano McMillan, 1901. Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p.13)

Figura 76: Plano para o Sistema de Parques Metropolitanos, da Comissão de Parques do Senado, 1902. Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan – District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p.13)

Figura 77: Plano de Pierre Charles L’Enfant (parceria com Thomas Jefferson) para a cidade em 1793. Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p.12)

Figura 78: Corredor do rio Anacostia e suas proximidades na década de 1960. O rio Anacostia fl ui no sentido diagonal, de nordeste para sudoeste. Disponível em: <http://en.wikipedia.org/wiki/Anacostia_River>. Acesso em 03 mar. 2008

Figura 79: Foto aérea da bacia hidrográfi ca do Anacostia – Localização de áreas sub-utilizadas (Ortofoto – 1999). Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p.14-15)

Figura 80: Vista aérea do rio Anacostia e o distrito de Columbia – Washington. Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p. 2)

Figura 81: Expansão da área de desenvolvimento econômico do norte e oeste para o quadrante sudeste de Washington, através do Anacostia. Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Plan-ning” (2003, p. 9)

Figura 82: Mapa de Washington. Localização do parque e do Corredor da Rua “M”, em relação ao Anacostia e Capitólio. Fonte: Revista Landscape Architectu-re (v. 95, n. 6, p. 108, mai. 2005)

Figura 83: Plano geral para a recuperação do rio Anacostia. Fonte: “The Ana-costia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p.133)

Figura 84: Século 21 - Visão das margens do rio Anacostia no centro de crescimento, Washington. Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p. 8)

Figura 85: Propostas para melhoria do passeio público e aumento da vitalidade do espaço público. Fonte: Revista Landscape Architecture (v. 95, n. 6, p. 109, mai. 2005)

Figura 86: Idem Figura 87: Idem

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Figura 88: Desenho artístico – Proposta de um novo centro de educação ambiental na Ilha Kingman. Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p.22)

Figura 89: Desenho artístico – Proposta para Avenida Pensilvânia, com nova iluminação e passeio público para acessar o rio e o Parque. Fonte: “The Ana-costia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p. 36)

Figura 90: Proposta para melhoria das condições ambientais dos caminhos com arborização de árvores nativas para sombreamento. Fonte: Revista Lands-cape Architecture (v. 95, n. 6, p. 115, mai. 2005)

Figura 91: Proposta para proporcionar atividades noturnas no parque e ruas adjacentes. Fonte: Revista Landscape Architecture (v. 95, n. 6, p. 114, mai. 2005)

Figura 92: Perspectiva da reconstrução dos bairros a sudeste de Washing-ton – Proposta de uso habitacional na orla. Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p. 4)

Figura 93: Idem.

Figura 94: Ilustrações das possíveis situações cotidianas após a recuperação do rio Anacostia. Fonte: “The Anacostia Waterfront Framework Plan - District of Columbia, Offi ce of Planning” (2003, p. 1)

Figura 95: Antigo aterro sanitário das ilhas Kingman e Heritadge a ser trans-formado em parque. Fonte: Revista Landscape Architecture (v. 98, n. 3, p. 105 mar. 2008)

Figura 96: Proposta para recuperação da orla com a inserção de atividades náuticas e espaços verdes de lazer. Fonte: Revista Landscape Architecture (v. 98, n. 3, p. 111, mar. 2008)

Figura 97: Bacias Hidrográfi cas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Dis-ponível em; <http://www.ipplap.com.br/projetos_beirario_introducao3.php>. Acesso em 12 jul. 2007

Figura 98: Foto aérea do trecho urbano do rio Piracicaba e entorno em 2000. Fonte: PAE (2003, p.100)

Figura 99: Orla do rio Piracicaba, presença da atividade pesqueira. Fonte: Levantamento fotográfi co realizado em 10 jul. 2007, pela autora.

Figura 100: Engenho, patrimônio arquitetônico de Piracicaba. Fonte: Levanta-mento fotográfi co realizado em 10 jul. 2007, pela autora.

Figura 101: Vista da orla do rio em direção ao salto de Piracicaba. Fonte: Levantamento fotográfi co realizado em 10 jul. 2007, pela autora.

Figura 102: Vista das margens do rio para o centro de Piracicaba. Em destaque o edifício Prefeitura. Fonte: Levantamento fotográfi co realizado em 10 jul. 2007, pela autora.

Figura 103: Vista das orlas do rio Piracicaba. Fonte: Levantamento fotográfi co realizado em 10 jul. 2007, pela autora.

Figura 104: Proposta de recuperação do rio Piracicaba sobre a foto aérea 2000. Fonte: Proposta de Adequação Ambiental e Paisagística do Trecho Urbano do Rio Piracicaba e Entorno in IPPLAP (2003, Anexo 8).

Figura 105: Escala Urbana do Projeto Beira-Rio, dividido em oito trechos. Dis-ponível em: <http://www.ipplap.com.br/projetos_beirario_introducao3.php>. Acesso em 12 jul. 2007

Figura 106: Escala Setorial - Propostas para os trechos 1 e 2. Fonte: PAE (2003, p. 55)

Figura 107: Projeto Start – Foco nos Trechos 1 e 2. Fonte: PAE (2003, p. 56) Figura 108: Idem.

(15)

Figura 109: Desenhos artísticos da proposta do Projeto Beira – Rio. Fonte: PAE (2003, p. 83)

Figura 110: Idem. Fonte: PAE (2003, p. 84)

Figura 111: Idem. Fonte: PAE (2003, p. 86) Figura 112: Idem. Fonte: PAE (2003, p. 85)

Figura 113: Antes - Passeio público de difi cultando o acesso ao rio. Fonte: Levantamento fotográfi co realizado em 10 jul. 2007, pela autora.

Figura 114: Depois - Recuperação da acessibilidade das calçadas e contato com o rio. Fonte: Levantamento fotográfi co realizado em 10 jul. 2007, pela autora.

Figura 115: Rua do Porto, substituição de estruturas em avanço sobre a mar-gem por superfícies alternadamente compostas por deques de madeira, britas e jardins. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/institucional/inst118/ inst118.asp>. Acesso 20 mai. 2008.

Figura 116: Vista da Rua do Porto com acessos à margem do Rio Piracicaba. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/institucional/inst118/inst118. asp>. Acesso 20 mai. 2008.

Figura 117: Trilha - Piso permeável para pedestres e pescadores ao longo da margem. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/institucional/inst118/ inst118.asp>. Acesso 20 mai. 2008.

Figura 118: Trilha: Piso permeável para pedestres e pescadores ao longo da orla. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/institucional/inst118/inst118. asp>. Acesso 20 mai. 2008.

Figura 119: Revitalização da Rua do Porto – 1º Fase do Projeto Beira - Rio. Fonte: Levantamento fotográfi co realizado em 10 jul. 2007, pela autora.

Figura 120: Calçadão da Rua do Porto. Disponível em: <http://www.vitruvius. com.br/institucional/inst118/inst118.asp>. Acesso 20 mai. 2008.

Figura 121: Localização da área de estudo - Bacia do rio Cabuçu de Baixo no contexto da RMSP. Fonte: Barros (2007, p. 23).

Figura 122: Principais cursos d`água da Bacia do Cabuçu de Baixo - Bananal, Guaraú, Bispo e Cabuçu de Baixo trecho fi nal. Fonte: Barros (2007, p. 25) Figura 123: Córrego Cabuçu de Baixo – Bacia do Cabuçu de Baixo. Fonte: CANHOLI (2005, p.256)

Figura 124: Imagem Satélite Landsat - Bacia do rio Cabuçu de Baixo e sua urbanização. Fonte: BARROS (2007, p. 24)

Figura 125: Localização da microbacia do Córrego do Bananal. Fonte: BARROS (2007, p. 84)

Figura 126: Detalhe da área de inundação prevista para 25 anos, situação atual. Fonte: BARROS (2007, p. 103)

Figura 127: Ocupação densa na Bacia Cabuçu de Baixo. Fonte: BARROS (2007, p. 33)

Figura 128: Favela consolidada nas margens do córrego Canivete (afl uente do córrego Bananal). Fonte: BARROS (2007, p. 65)

Figura 129: Ocupação desordenada nas margens do córrego Bananal. Fonte: BARROS (2007, p. 32)

Figura 130: Av. Inajar de Souza: Canalização do rio Cabuçu de Baixo (canal a céu aberto). Fonte: BARROS (2007, p. 34)

Figura 131: Idem.

Figura 132: Entulho, solo e lixo dispostos junto às margens do córrego do Bananal – Área crítica de inundações na bacia. Fonte: BARROS (2007, p. 85)

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Figura 133: Idem.

Figura 134: Programa de Ação1: Reservatório Bananal – Bacia de detenção (a) . Fonte: BARROS (2007, p. 35)

Figura 135: Canalização do córrego Guaraú a montante do reservatório (b). Fonte: BARROS (2007, p. 35)

Figura 136: Medidas em rua de fundos de vale: Caminhos Verdes Fonte: BAR-ROS (2007, p. 125)

Figura 137: Programa 2: Preservação e Recuperação Ambiental – Situação atual. Fonte: BARROS (2007, p. 128)

Figura 138: Programa 2: Preservação e Recuperação Ambiental – Proposta. Fonte: BARROS (2007, p. 129)

Figura 139: Programa 2 – Programa de Preservação e Recuperação Ambiental. Fonte: BARROS (2007, p. 137)

Figura 140: Programa 2 – Programa de Preservação e Recuperação Ambiental. Fonte: BARROS (2007, p. 138)

Figura 141: Programa 3 – Parque Linear do Bananal. Fonte: BARROS (2007, p. 141)

Figura 142: Programa 3 – Parque Linear do Bananal. Fonte: BARROS (2007, p. 142)

Figura 143: Localização do município de Belém em relação ao estado do Pará. Disponível em: <http://www.pt.wikipedia.org>. Acesso em 10 out. 2007.

Figura 144: Localização do rio Guamá em relação a cidade de Belém. Disponível em: <http://www.belem.pa.gov.br/>. Acesso em 10 out. 2007.

Figura 145: Localização da área de intervenção antes da implantação do par-que. Fonte: Google Earth. Acesso em 16 nov. 2007.

Figura 146: Vista aérea da área de intervenção e o rio Guamá. Fonte: Arquivo Rosa Grená Kliass, cedido para a autora.

Figura 147: Vista aérea do terreno cedido pela marinha ao Estado do Pará. Fonte: Arquivo Rosa Grená Kliass, cedido para a autora.

Figura 148: Situação encontrada: Muro inviabilizando o contato da população com as margens do rio Guamá. Fonte: Arquivo Rosa Kliass, cedido para autora. Figura 149: Corte das aningas, degradação e perda do equilíbrio ecológico local. Fonte: Arquivo Rosa Kliass, cedido para autora.

Figura 150: Implantação do Parque Mangal das Garças. Fonte: Revista Lands-cape Architecture (v. 96, n. 4, p.123, abr. 2006).

Figura 151: Vista geral do parque à beira do rio Guamá: lago, Farol de Belém e Memorial Amazônico da Navegação. Fonte: Arquivo Rosa Kliass, cedido para autora.

Figura 152: Vista do interior do Parque. O lago Cavername para o Farol de Belém. Fonte: Arquivo Rosa Kliass, cedido para autora.

Figura 153: Vista aérea do parque com o rio Guamá. Fonte: Arquivo Rosa Kliass, cedido para autora.

Figura 154: Memorial Amazônico da Navegação e o mirante sobre o rio Gua-má. Fonte: Arquivo Rosa Kliass, cedido para autora.

Figura 155: Proteção de margem com faxinas fi xadas com estacas. Fonte: Baden-Wurtt in COSTA (2001, p. 41) apud CARDOSO (2003).

Figura 156: Proteção de margem com estacas de madeira colocadas transver-salmente. Fonte: Baden-Wurtt in SELLES (2001, p. 37)apud CARDOSO (2003).

Figura 157: Proteção de margens com entreleçamento de varas colocadas transversalmente. Fonte: SELLES (2001, p. 37) Apud CARDOSO (2003).

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Figura 158: Proteção de margem com raízes e pedras. Fonte: LFW - Munique in SELLES (2001, p. 45) apud CARDOSO (2003).

Figuras 169: Evolução da remoção de um canal onde não há limitação com expansão da margem vegetada Fonte: COSTA (2001, p. 143) apud CARDOSO (2003)

Figura 160: Idem.

Figura 161: Idem.

Figura 162: Idem.

Figura 163: Propostas de curto prazo: inserção de vegetação no topo das margens canalizadas. Fonte: Adaptado pela autora de Los Angeles River Revi-talization Master Plan, disponível em <http://ladpw.org/wmd/watershed/LA/ LA_River_Plan.cfm>. Acesso em 17/06/2007.

Figura 164: Proposta de acesso ao rio. Fonte: Adaptado pela autora de Los An-geles River Revitalization Master Plan, disponível em <http://ladpw.org/wmd/ watershed/LA/LA_River_Plan.cfm>. Acesso em 17/06/2007.

Figura 165: Proposta para melhoria da transposição do rio, valorizando o pe-destre, com passarelas, ciclovias e pistas de caminhada. Fonte: Adaptado pela autora de Los Angeles River Revitalization Master Plan, disponível em <http://

ladpw.org/wmd/watershed/LA/LA_River_Plan.cfm>. Acesso em 17/06/2007. Figura 166: Leito do rio com “by-pass” para lagoa de retenção. Fonte:

Adap-tado pela autora de Los Angeles River Revitalization Master Plan, disponível

em <http://ladpw.org/wmd/watershed/LA/LA_River_Plan.cfm>. Acesso em 17/06/2007.

Figura 167: Aumento da vazão dos defl úvios em consequência da impermea-bilização crescente do meio urbano. Fonte: Adaptado pela autora de DREISEITL (2007, p. 25).

Figura 168: Diminuição da vazão dos defl úvios em consequência da microdre-nagem: infi ltração na escala do lote e do bairro. Fonte: Adaptado pela autora de DREISEITL (2007, p. 25).

Figura 169: Bio-retenção nas calçadas: condução das águnas pluviais para os canteiros plantados. Fonte: Adaptado pela autora de Revista Landscape Archi-tecture (v. 95, n. 6, p. 109, mai. 2005).

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Principais processos poluidores da água. Fonte: BARROS et al. (1995, p.38) apud CARDOSO (2003, p.20)

Quadro 02: Principais causas e fontes de degradação dos rios, lagos e estuários. Fonte: LECCESSE, et al. (2004, p.14)

Quadro 03: Eventos mundiais relacionados com a legislação brasileira e a preservação dos recursos hídricos

Quadro 04: Sistematização dos tipos de medidas de defesa contra as cheias. Fonte: PARK (1981) apud SARAIVA (1999, p. 320)

Quadro 05: Recuperação e proteção do sistema fl uvial. Quadro 06: Articulação com as políticas urbanas. Quadro 07: Inserção do rio no tecido urbano.

Quadro 08: Valorização da identidade local e do sentido de cidadania. Quadro 09: Implementação, monitoramento e gestão.

LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Coefi ciente de escoamento superfi cial, em função das caracte-rísticas das bacias. Fonte: JORGE & UEHARA (1999, p. 102), apud CARDOSO (2003, p. 17)

Tabela 02: Consumo total de água. Fonte: TUNDISI (2003, p. 32)

Tabela 03: Proporção de municípios, por condição de esgotamento sanitá-rio, segundo as Grandes Regiões – 2000. Fonte: Relatório do IBGE. Disponí-vel em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/27032002pnsb. shtm>. Acesso 01 out. 2007

Tabela 04: Erosão em função da topografi a. Fonte: U.S. Forest (1969) apud CARDOSO (2003, p.18)

Tabela 05: Projeção de População e Domicílios. Fonte: Programas Integra-dos Regionais - SABESP - MP-2001

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INTRODUÇÃO

As cidades contemporâneas são palco de problemas sociais, econômicos e ambientais, principalmente nos países em de-senvolvimento, onde as disparidades sociais e a carência de recursos fi nanceiros e técnicos para equacionar as questões de infra-estrutura urbana e de gestão ambiental são mais acentuadas.

Os rios urbanos, que já vinham passando por grandes trans-formações, em especial a partir da intensa urbanização ocor-rida após a década de 1950, têm sua condição de deterioração agravada com a precariedade do saneamento básico, com a crescente poluição ambiental, com as alterações hidrológicas e morfológicas, bem como com a ocupação irregular de suas margens.

Por um lado, em todo o mundo, grande parte dos cursos

d’água que se localizam no meio urbano sofreu, ao longo do tempo, um processo de degradação contínua, transforman-do-se em alvo de esquecimento e rejeição. Por outro, o meio urbano vem sendo constantemente exposto a inundações, à carência de mananciais adequados para abastecimento pú-blico, além de sofrer a desqualifi cação da paisagem fl uvial.

A preocupação com os distúrbios ambientais vem evoluindo mais signifi cativamente a partir do fi nal da década de 1960, com os movimentos e conferências mundiais sobre Meio Ambiente promovidos desde então.

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20 RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

No início da década de 1980, arquitetos e planejadores atuantes na área de planejamento e projeto da paisagem testaram e desenvolveram princípios e técnicas de intervenção pai-sagística que visavam um equilíbrio ecológico. Em 1985, John Lyle1, considerado um dos

arquitetos mais expressivos do grupo, publicou suas experiências no livro Design for human ecosystems.

Durante a década de 1990, diversas cidades situadas, predominantemente, nos países desen-volvidos, implementaram planos e projetos considerados modelos, no que tange ao trata-mento de sistemas ou corredores fl uviais urbanos sob o ponto de vista da integração com o meio urbano e com a microbacia ou a bacia hidrográfi ca em que se inserem.

Nessa medida, o objetivo geral desta pesquisa é justamente contribuir para ampliar o campo do conhecimento e a refl exão do processo de formulação e implementação de planos e pro-jetos que visam à reconciliação dos rios ao meio urbano. A partir de um conjunto de casos considerados inovadores, foram reunidas referências projetuais de cunho ambiental, cultural e institucional que pudessem constituir parâmetros de intervenções, sempre de modo a ar-ticular os cursos d’água ao meio urbano.

Considerando que esse olhar parte de profi ssionais que trabalham num país em desenvolvi-mento, com as limitações de atuação sobre o espaço público muito presentes, as indagações básicas que conduziram a pesquisa foram as seguintes:

„ Como re-integrar os cursos d’água à paisagem e à vida urbana dentro de

parâme-tros de qualidade ambiental?

„ Como planejar a paisagem, em seu processo dinâmico, repensando a natureza

dentro do meio urbano consolidado?

„ Quais os projetos signifi cativos que envolvem esta temática nos últimos 15 anos e

podem apresentar referências aplicáveis à nossa realidade?

Para responder a tais indagações, foram delineados os seguintes objetivos específi cos:

„ Discutir um conjunto de planos e projetos paisagísticos de recuperação de cursos

d’água urbanos, desenvolvidos ou implementados entre 1990 e 2006, buscando investigar as especifi cidades estabelecidas de acordo com o sítio, aspectos socio-culturais e aspectos políticos e de gestão;

„ Identifi car os princípios que norteiam os casos estudados, verifi cando os temas em

que se subdividem e os objetivos, diretrizes e propostas decorrentes;

„ Extrair referências projetuais passíveis de orientar a abordagem técnica e

socio-política de planos de recuperação de rios urbanos.

O recorte temporal estabelecido foi de 1990 a 2006, devido ao fato de esse período concen-trar um conjunto de idéias e iniciativas relevantes, especialmente em países desenvolvidos,

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21 RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

voltadas para a recuperação dos rios de forma integrada à sua bacia hidrográfi ca. Particular-mente no Brasil, nessa década foi instituída uma política integrada e participativa de recur-sos hídricos, incorporando a bacia hidrográfi ca como unidade de planejamento e gestão.

A adoção do termo recuperação baseia-se nas defi nições da URBEM2 acerca dos tipos de intervenções possíveis no resgate dos sistemas fl uviais, sendo esta a defi nição que melhor se aplica aos casos selecionados e aos exemplos similares em geral. Recuperação3 signifi ca

melhoria do corrente estado do curso d’água e seu entorno, tendo como objetivo uma valo-rização geral das propriedades ecológicas, sociais, econômicas e estéticas.

Ao se iniciar a seleção dos casos, o primeiro movimento tendia a abarcar apenas exem-plos internacionais, apresentados fartamente em material bibliográfi co. Os casos brasileiros, além de pouco conhecidos, pareciam pouco numerosos. Porém, à medida que a busca foi sendo aprofundada, foram surgindo informações sobre ações de despoluição de córregos, sobre projetos de parques lineares e de planos preliminares visando intervenções mais sig-nifi cativas.

A presente pesquisa teve então como objeto o estudo de seis planos de recuperação de cursos d’água de diferentes escalas, sendo três deles internacionais: rio Don, em Toronto, Canadá; rio Los Angeles, em Los Angeles, e rio Anacostia, em Washington D. C., estes dois últimos situados nos Estados Unidos. E três nacionais: rio Piracicaba, em Piracicaba; micro-bacia do Cabuçu de Baixo, em São Paulo, ambos situados no estado de São Paulo, e Mangal das Garças, às margens do rio Guamá, em Belém, Pará.

A metodologia de pesquisa adotada consistiu basicamente na investigação bibliográfi ca e documental de cada caso, de caráter descritivo e analítico; em seguida, foram defi nidos os princípios e referências projetuais. As etapas foram:

„ Revisão bibliográfi ca: montagem do quadro teórico conceitual examinando os

conceitos e autores que discutem as principais refl exões sobre o tema; essa pes-quisa incluiu consultas a livros, revistas e internet;

„ Pesquisa documental, levantamento e sistematização dos documentos

relaciona-dos aos esturelaciona-dos de caso selecionarelaciona-dos, especialmente os planos, projetos e legis-lações;

2 URBEM - Urban River Basin Enhancement Methods é um programa da Comissão Européia (EC – European Comission) que envolve várias entidades parceiras de âmbito internacional e se dedica ao estudo de bacias hidrográfi cas urbanas. 3 Outros tipos de intervenção defi nidos pela URBEM: Restauração – visa restabelecer a condição original do curso

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22 RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

„ Defi nição de princípios norteadores da leitura e análise dos casos;

„ Comparação entre os casos para identifi cação de referências elegíveis;

„ Síntese das referências passíveis de serem aplicadas em planos e projetos de

mes-ma temática.

A dissertação divide-se em cinco capítulos, agrupados em duas partes:

A parte I trata do referencial teórico, contextualizando inicialmente o equilíbrio da relação rio-cidade e posterior ruptura, e contém os capítulos 1 e 2.

O capítulo 1 traz breves considerações sobre a relação rio-cidade, buscando compreender o papel do rio no meio urbano num processo que evolui de uma relação de equilíbrio para uma relação de confl itos.

O capítulo 2 aborda os movimentos mundiais pró-recuperação ambiental e as visões de in-tegração entre sociedade e natureza na perspectiva da reconciliação entre os rios e o meio urbano.

Na parte II, constituída pelos capítulos 3, 4 e 5, são detalhados os critérios que orientaram a seleção dos casos, bem como o método de análise e de comparação entre eles.

Nos capítulos 3 e 4 apresenta-se, respectivamente ,o estudo do conjunto dos casos interna-cionais e do conjunto dos casos nainterna-cionais, a partir de um roteiro pré-defi nido.

No capítulo 5 são estabelecidos os princípios que orientam, com maior ou menor intensida-de, os casos analisados, comparando cada caso a partir de quadros que sintetizam os obje-tivos, as diretrizes e as propostas relacionados às temáticas abordadas. São estabelecidas, a partir da comparação, as referências relevantes passíveis de aplicação em planos e projetos do mesmo gênero.

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CURSOS D’ÁGUA E MEIO URBANO:

DO CONVÍVIO À RUPTURA

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25 RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

Na história das civilizações, de modo geral, os cursos d’água, rios, córregos, riachos integravam sítios atraentes para assen-tamentos, indistintamente, de curta ou longa permanência e eram tidos como marcos ou referenciais territoriais. Figu-ram no imaginário coletivo associados, predominantemente, aos mananciais, porém apresentam propriedades outras, tais como demarcadores de território, produtores de alimentos, corredores de circulação de pessoas e de produtos comer-ciais e industriais, corredores de fauna e fl ora, geradores de energia, espaços livres públicos de convívio e lazer, marcos referenciais de caráter turístico, elementos determinantes de feições geomorfológicas e conexão entre elas.

Hoje, porém, o sentimento geral a respeito do estado dos rios nas áreas urbanizadas parece repetir sempre a mesma canti-lena saudosista e nostálgica – como já foram signifi cativos, quantas lembranças de sua fase de balneabilidade, quando representavam fonte de riqueza para o desenvolvimento da sociedade e para a formação das paisagens, no processo de interação com o meio urbano.

A evolução da urbanização foi conseguindo eclipsá-los e anu-lar sua importância, quase restringindo sua presença apenas aos sintomas perturbadores; ou seja, mau cheiro, obstáculo à circulação e ameaça de inundações. Chega a parecer que a situação “cidades invadindo as águas, e águas invadindo as cidades” (COSTA, 2006, p.10) se generalizou como irreversí-vel, inerente ao desenvolvimento.

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vi-26 RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

Figura 01: Escultura do rio Mississipi de Isamu Noguchi Fonte: HUNTER, 1978. p.2611

vos, foi sofrendo um processo de deterioração, chegando a representar um problema que afeta a saúde pública, acentuando a desvalorização desse sistema.

Por se tratar de uma abordagem cujo foco de análise é o meio urbano, considera-se ne-cessário pontuar os impactos resultantes da dinâmica sócio-espacial da urbanização que contribuíram para a alienação em relação aos rios.

1.1 Os cursos d’água como fatores de desenvolvimento: considerações

O rio permeia as manifestações culturais da mitologia, da história, da literatura, da música, da religião, da fi losofi a, da pintura, da escultura (Figura 1 ) e do cinema. Para diversas civili-zações, sua presença foi, historicamente, sinônimo de riqueza e poder, mas também, por ou-tro lado, de fúria, de força da natureza, tendo potencial destruidor e catastrófi co, trazendo doenças, arrasando cidades e dizimando populações (SARAIVA, 2005).

A lógica norteadora de inúmeras civilizações antigas na se-leção do sítio para estabelecer suas aldeias foi a proximidade da água, quer seja por razões funcionais, estratégicas, cultu-rais ou patrimoniais. A Mesopotâmia, por exemplo, como o nome já explicita, foi construída entre os rios Tigre e Eufra-tes, e há também as cidades egípcias nas imediações do Nilo, as cidades da civilização greco-romana, junto à bacia do Me-diterrâneo e ao rio Tibre, as civilizações orientais nas imedia-ções do Himalaia, as cidades medievais européias – Londres, ao longo do Tâmisa; Paris, ao longo do Sena; Viena, ao longo do Danúbio; Praga, ao longo do Vlatva (idem, 1998).

Também nos Estados Unidos, desde a sua colonização, as di-versas aglomerações urbanas se formavam junto à costa ma-rítima ou junto aos rios, tidos como eixos de deslocamento rumo a outras regiões ribeirinhas a serem conquistadas.

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27 RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

dos rios Ohio e Mississipi por 1800 milhas até Nova Orleans (WRENN, 1983 apud OTTO, 2004, p.1).

O Brasil apresenta uma situação similar, pois, segundo Rebouças (2006), é detentor de uma das mais extensas e ricas redes de rios perenes do mundo, por suas condições geológicas e climáticas dominantes, com grande extensão territorial, localizada geografi camente na faixa mais úmida da terra, entre o Trópico de Capricórnio e o Equador.

Em certas regiões do Brasil, as populações ribeirinhas tiveram, e têm ainda, seu cotidiano associado ou abastecido pelos rios e córregos. Assim, a água é utilizada na habitação, na ati-vação de engenhocas, como o monjolo ou roda d’água, e está presente em espaços de lazer, como o futebol de várzea. O leito fl uvial serve, ainda, para o deslocamento, para lavagem de roupas e atividades extrativistas, como a pesca, e para a mineração de pequena escala, de areia, argila e pedras.

Pode-se tomar como exemplo a vila de São Paulo, em sua fase de colonização. Fundada em 1554, estabeleceu-se num promontório localizado entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú em sítio próximo a outros dois rios, Pinheiros e Tietê. O núcleo urbano permaneceu concen-trado nessa colina histórica, debruçado sobre os rios Tamanduateí e Anhangabaú por quase três séculos (KAHTOUNI, 2004).

O Tietê, então chamado de Anhembi pelos indígenas, habitantes originais, era navegável e, cruzando o estado de São Paulo no sentido leste-oeste, possibilitou a exploração do interior do Brasil, ampliando a área de exploração da colonização portuguesa em direção às terras de Cuiabá, atual capital do estado do Mato Grosso. Os índios já se utilizavam das canoas para navegação, e os jesuítas e bandeirantes se serviram também daquela via fl uvial, na busca de mão de obra escrava e mineração. As monções, como eram chamadas as frotas de comércio e abastecimento, trafegavam pelo rio Tietê, partindo das localidades de Itu ou Porto Feliz até a sua foz, no rio Paraná. E dali seguiam por outros rios, passando pelo Paraná e Paraguai até as capitanias de Cuiabá e Mato Grosso. Essas viagens fl uviais ocorreram intensamente no período que vai desde o início do século XVIII até início do século XIX, ocasião em que as estradas terrestres foram sendo abertas. As últimas ocorreram por volta de 1838, quando uma epidemia de febre tifóide tomou conta das margens do Tietê, ocasionando muitas ví-timas (HOLANDA, 1994).

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28 RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

Kahtouni (op.cit.) vai buscar um relato do engenheiro Teodoro Sampaio que rememora o percurso de canoa do Porto Geral1 a Santo André ou ao Porto do rio Tietê. Em relação ao

rio Tietê, o processo de ocupação foi um pouco mais lento, pois a ocupação urbana naquela direção deu-se mais intensivamente a partir de meados do século XIX, quando se construiu a primeira ferrovia (1867) – a Estrada de Ferro Santos-Jundiaí – ligando o interior do estado ao porto de Santos. As várzeas do Tietê eram usadas para atividades diversas, como pesca, recreação, hortas e lavagem de roupas.

Alguns outros exemplos de cidades ribeirinhas de grande porte como Blumenau, Recife, Cuiabá, Manaus, Porto Alegre têm nos rios um fator de vitalidade e atração turística, ainda que poluídos ou com suas características físicas alteradas. Belém do Pará é um exemplo signifi cativo. Situado em estratégica posição à beira do rio Guamá, que, confl uindo a outros rios, e se encontrando com o mar logo depois da baía de Marajó, possibilitou, no século XVII, a ligação direta com a metrópole portuguesa, que, através da rede hídrica da Bacia Amazônica, passava a controlar o norte do Brasil (DUARTE, 2006).

1.2 A percepção e a valorização dos rios

A consciência por parte da população da dependência e da fi nitude dos recursos naturais, como a água, por exemplo, é um fator relevante de valoração e envolvimento no sentido da preservação, conservação ou recuperação, no caso, dos cursos d’água e dos mananciais de abastecimento urbano.

É expressiva a relação que os povos nativos do Brasil tinham com a água e a paisagem (i em tupi), como se pode notar nas palavras toponímicas que integram a nossa língua (NEIMAN, 2005, p. 264):

„ Icatu – água boa

„ Barueri – águas correntes

„ Iguatemi – água verde

„ Ipiranga – terra barrenta

„ Tietê – ty-rio, ete-verdadeiro

No Brasil, a relação harmoniosa de encontro da população com o rio ocorreu, de modo geral, até a metade do século XX, quando então se ampliaram os confl itos entre desenvolvimento, sociedade e meio físico, e a poluição e a difi culdade de acesso às áreas ribeirinhas foram expulsando a prática de esportes e lazer para longe das várzeas.

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29 RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

Não basta despoluir o rio! Mesmo que ele volte a correr límpido, piscoso, potável, de nada modifi cará a percepção que a população tem do seu “esgoto a céu aberto”. O rio precisa voltar a se incorporar na vida do paulistano e, para isso, a única alternativa é reconstituí-lo como espaço de lazer (Ibid.p.266).

A identifi cação dos signifi cados e valores estéticos e ecológicos das paisagens fl uviais é um fator de compreensão da percepção e da utilização do rio pela população e do potencial de recuperação desses sistemas. Saraiva (1999) apresenta métodos de avaliação dessa per-cepção que vêm sendo desenvolvidos com o objetivo de captar valores intangíveis (cênicos, estéticos e culturais) que deverão ser incluídos nas decisões dos planos de ordenação da paisagem e de uso do solo. Nessa avaliação são pesquisados e reunidos índices de relaciona-mento entre homens e natureza, na perspectiva temporal e espacial num dado sítio.

A autora elenca vários estudos e respectivas abordagens desde o fi nal da década de 1960 até a década de 1990, sintetizando os principais fatores levados em conta na percepção, avaliação e preferência das paisagens fl uviais. São eles:

„ Características formais ou aspectos estéticos da água e sua relação com a

paisa-gem – unidade como consistência e harmonia; vivacidade como forte impressão visual, contraste, textura, composição; variedade da apresentação da água e dos elementos a ela interligados, como o solo e a vegetação, e presença de elementos focais ou distintos;

„ Características ecológicas - diversidade, integridade, composição e variedade de

espécies;

„ Componentes de apreciação cognitiva – simbolismo, complexidade, legibilidade

e mistério.

Ao apresentar essa metodologia, Saraiva (op. cit.) pretende desvendar qual o envolvimento da população com as paisagens fl uviais e suas motivações estéticas e emocionais. Os cri-térios e fatores a serem incluídos na avaliação do curso d’água devem ser selecionados e organizados de acordo com o escopo dos projetos, com os tipos de impactos que vitimam os sistemas fl uviais e com as unidades paisagísticas que integram o mosaico paisagístico em questão.

Riley (1998) menciona em sua obra a valoração econômica em potencial nos planos de re-cuperação dos rios, que envolverão, por exemplo, critérios de uso de solo, potencial turístico e criação de empregos.

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30 RIOS E CIDADES: RUPTURA E RECONCILIAÇÃO

1.3 O rio e a paisagem

Na acepção de água em movimento, ao longo das eras, o rio foi esculpindo e alterando a superfície e o subsolo da terra, num processo dinâmico e contínuo, demarcando a morfolo-gia urbana de forma visível (rios, canais, frentes marítimas) ou invisível (drenagem, esgotos, captação). O rio atua, ainda, como coadjuvante de outros elementos para a formação da paisagem natural e cultural, como a topografi a, solo, modelagem do relevo, vegetação.

Por terem muito a oferecer além da água, como ressalta Costa (op.cit.), as paisagens fl uviais foram sendo apropriadas como paisagens urbanas que propiciavam circulação de bens e pessoas, energia e lazer, entre outras facilidades; daí, o autor infere que olhar e “ler” uma paisagem urbana por meio de sua bacia hidrográfi ca propicia um entendimento mais gene-roso e abrangente do território.

A leitura da paisagem, no entanto, foi se tornando cada vez menos decifrável à medi-da que as cimedi-dades foram intervindo em seu sítio, no desenho do processo de expansão, e transformando-o, ao vencer os obstáculos geográfi cos e ao plasmá-lo de acordo com suas conveniências.

Porém, para compreender a dinâmica da paisagem, a evolução dos cursos d’água e sua re-lação com a sociedade, tendo-se a clareza das dimensões envolvidas, é necessário recorrer a algumas defi nições da palavra paisagem.

As mudanças do signifi cado de paisagem foram acompanhando a evolução das visões de mundo, das diversas áreas de conhecimento e dos vários contextos.

Para Sorre (1962), a paisagem urbana expressa o conjunto de elementos que infl uíram na formação e no crescimento da cidade localizada em determinado sítio. O autor entende que o desenho da paisagem não foi baseado no traçado dos cursos d’água, mas teve de se adap-tar à rede natural dos mesmos, sendo que os rios cumprem o papel de obstáculo, assim como todos os terrenos lindeiros a eles, baixos e inundáveis, sobre os quais a população vacila ao tentar localizar sua moradia.

Santos (1985) defi ne paisagem como um conjunto de objetos geográfi cos, distribuídos sobre um território em sua confi guração geográfi ca ou espacial, apreendidos em sua continuidade visível, sendo que são os processos sociais que dão vida a esses objetos. Na paisagem, por meio das funções, os processos se concretizam em formas, ganhando signifi cação quando corporifi cados.

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fotógrafos, turistas, planejadores ou ecólogos. E, como ecólogo, o autor propõe uma defi ni-ção que visa abarcar abordagens diversas: um mosaico heterogêneo formado por unidades interativas, sendo que essa heterogeneidade existe, pelo menos, por um fator, um observa-dor específi co e uma determinada escala.

Em refl exão acerca do vocábulo paisagem e do projeto da paisagem, Lyle (1996) cita J. B. Jackson (1984, apud ibid), segundo o qual, apesar dos diferentes signifi cados da palavra, prevalece a idéia de cenário ou cenas visíveis de diferentes ângulos. Lyle, porém, vai além da idéia de cenário e propõe a abordagem ecológica das últimas décadas, afi rmando que a apreensão que se tem da paisagem corresponde a uma manifestação visível de processos dinâmicos.

Para Saraiva (2005), a paisagem pressupõe a integração de três ordens de componentes relacionados, ou uma síntese espacial e temporal de relações entre homem e natureza, num dado sítio físico, de acordo com a fi gura reproduzida abaixo.

Figura 02: Componentes da apreciação e compreensão da paisagem

Fonte: SARAIVA (1999, p.226)

Ao discutir a relação do rio com a paisagem, a autora chama a atenção para o conjunto de processos físicos e ecológicos que condicionam o fl uxo das águas e para as variáveis espa-ciais e temporais que afetam o sistema fl uvial.

No diagrama acima, está inserido um importante componente, nem sempre tão explícito quando se faz uma análise da evolução da relação da sociedade com os sistemas fl uviais. Trata-se da percepção que envolve a avaliação estética, afetando emocionalmente os atores e derivando em valoração da paisagem, presente na situação de deterioração e também na de recuperação do ambiente.

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As paisagens fazem-se e desfazem-se, evoluem, ganham e perdem complexidade por ação conjugada do homem e da natureza. Nelas se ligam interativamente comporta-mentos físicos, químicos e biológicos. Com uma intervenção humana que, direta ou indiretamente, condiciona e interfere com o ciclo e o percurso da água, tornando-o fácil, suave, controlado e aproveitando dela o máximo como recurso essencial à vida ou, pelo contrário, acelerando-o e fazendo-o violento, caprichoso, capaz das maiores destruições. Um castigo em vez de uma benesse (FADIGAS, 2005,p.35).

O autor esclarece sobre as situações de ação e reação integrantes do processo de evolução da paisagem quando coloca as conseqüências advindas da intervenção humana, que pode ser voluntária e fruto de decisões contidas num plano de intervenção, preservação ou ain-da recuperação, ou alienaain-da, com um total desconhecimento ain-da abrangência dos sistemas envolvidos.

A partir das defi nições acima apresentadas, podemos sintetizar um conceito de paisagem: por ter um caráter dinâmico, pressupõe a interação de componentes ecossistêmicos bióticos e abióticos e componentes socioeconômicos e culturais, em processos que se corporifi cam, assumindo signifi cados apreendidos pelos atores através de uma percepção que inclui a valoração estética e emocional. Trata-se de um continuum que, para ser mais bem compre-endido, é subdividido em mosaicos, defi nidos como subunidades paisagísticas.

Sendo assim, a idéia de paisagem como cenário estático e autônomo em relação à presença humana é descartada. E, recorrendo ao texto de Costa (op.cit. p.12), reafi rma-se a idéia de que “compreender o rio urbano como paisagem é também dar a ele um valor ambiental e cultural que avança na idéia de uma peça de saneamento e drenagem. É reconhecer que rio urbano e cidade são paisagens mutantes com destinos entrelaçados.” Essa afi rmação ratifi ca a iniciativa dos planos de recuperação dos rios urbanos, como será analisado nos capítulos 3 e 4.

O rio, citado acima como elemento de destino entrelaçado com a paisagem urbana ou rural, não pode ser dissociado de sua bacia hidrográfi ca, a qual representa uma unidade espacial paisagística reconhecida e assumida como unidade de gestão.

De acordo com Alvim (op. cit., 2003), um dos exemplos mais signifi cativos de abordagem de confl itos de recursos hídricos, adotando uma visão integrada que entendia a bacia hidro-gráfi ca como unidade de planejamento e gestão desses recursos, foi o TVA – Tenessee Valley Authority, nos Estados Unidos, em 1933. Entre os vários países que adotaram essa visão da bacia hidrográfi ca, o autor também destaca a França, cujo modelo propõe a articulação da comunidade regional com outras esferas de planejamento, particularmente a territorial.

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galerias para interceptá-lo, estrangulá-lo, ou, ainda, embuti-lo em dutos, o que contribui para a descaracterização dos vales e para a ocorrência de inundações.

Figura 03: Pressão urbana em Porto Velho

Fonte: Arquivo Michel Gorski

1.4 O rio e a bacia hidrográfi ca como sistema de drenagem

De acordo com a defi nição de Jorge e Uehara (1998, p. 104, apud Cardoso, 2003),

a bacia hidrográfi ca ou bacia de drenagem de um rio é a área de drenagem que contém o conjunto de cursos d’água que convergem para esse rio, até a seção considerada, sendo portanto, limitada em superfície a montante, pelos divisores de água, que cor-respondem aos pontos mais elevados do terreno e que separam bacias adjacentes. O conjunto de cursos d’água, denominado rede de drenagem, está estruturado, com todos os seus canais, para conduzir a água e os detritos que lhe são fornecidos pelos terrenos da bacia de drenagem.

Bacia hidrográfi ca, portanto, é área, território dotado de declividade que possibilita o esco-amento das águas que se dirigem direta ou indiretamente para um corpo central. A bacia fl uvial contém vales sulcados por um rio principal e seus tributários, que podem formar outras bacias ou sub-bacias.

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cionadas – as águas que evaporam, pela ação do aquecimento solar e pela transpiração da vegetação durante a fotossíntese, e se movimentam na atmosfera terrestre, circulando pela superfície do solo e pelo subsolo.

Esses sistemas drenam as águas para um determinado rio, lago ou oceano. As águas de sub-solo, quando estão em cota de nível superior à cota de um curso d’água, percolam pelo solo alimentando esse curso d’água. Em uma bacia hidrográfi ca não impactada, as águas pluviais ou originadas da neve derretida são interceptadas por folhas das árvores e vegetação em geral, propiciando a infi ltração de grande parte desse contingente. Quando a capilaridade de uma bacia hidrográfi ca se reduz, dá-se o encurtamento do ciclo hidrológico, em que a proporção de infi ltração é bem menor que a de evaporação, ocasionando a contribuição concentrada de defl úvios e propiciando a incidência de inundações.

Os banhados ou alagados, as desembocaduras e as planícies de inundação dos rios são impor-tantes componentes do sistema que contribuem para a drenagem, armazenando as águas, além de atuarem para a qualidade das águas, por meio da fi ltragem e do processamento metabólico, e abrigarem habitat para fauna e fl ora.

1.5 O rio e a vegetação

A vegetação atua na qualidade ambiental como fator de renovação do oxigênio, fi xador de partículas em suspensão, amenizador do clima, gerador de sombreamento e de umidade pelo processo de evapotranspiração, coadjuvante no sistema de drenagem e na prevenção de inundações. Retém a água, protege o solo contra a lixiviação e erosão, além de proteger as margens dos rios do assoreamento, assegurando a fi ltragem de suas águas e evitando a compactação do solo ao redor das nascentes.

Essa vegetação presente ao longo dos cursos d’água recebe o nome de fl oresta ou mata ciliar, fl oresta galeria, mata beiradeira, mata de beira-rio ou mata ripária2, e se constitui em

fator essencial, como acima mencionado, para a sua condição de equilíbrio, e também como fator de atração para o lazer e turismo, pelos aspectos de acolhimento, provendo sombra e valor estético. Como habitat da fauna e fl ora, as matas ripárias são consideradas ecossiste-mas muito ricos pela diversidade de espécies que abrigam (RILEY, op.cit.).

Segundo Ab’Saber (2000), esse tipo de vegetação apresenta estrutura e funcionalidade ecossistêmicas semelhantes; no entanto, a associação de espécies vegetais é muito variada. O autor acrescenta que, mesmo com uma leitura fi tofi sionômica rápida, pode-se perceber o

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quanto são diferentes as matas de várzeas daquelas de colinas e morros. Qualquer que seja a extensão, largura ou volume d’ água dos rios ou riachos, eles apresentam uma dinâmica que dá origem a diques marginais que são o suporte da vegetação ripária. Ab’Saber atesta que o Brasil “exibe o maior e mais diferenciado mostruário de diques marginais no cinturão das terras situadas entre os trópicos no planeta” (ibid., p.15).

De maneira simplifi cada, menciona-se aqui como esse cientista estabelece a relação entre os processos hidrogeomorfológicos e os leitos dos rios. Os meandros dos rios amazônicos e tro-picais da costa atlântica, por exemplo, se desenham em situações de baixa declividade, com predominância de argila em solução; enquanto rios e riachos do planalto central do Brasil, que carregam predominantemente solo arenoso com certa taxa de argila, são ladeados mais simetricamente por várzeas que margeiam os rios, denominadas veredas.

Lima e Zakia (2000) enfatizam o papel das matas ciliares como fi ltros que concorrem para a preservação da qualidade das águas retendo os sedimentos e nutrientes que escoam em direção aos rios. Outros aspectos abordados pelos autores relacionam-se às funções de es-tabilização das margens através das raízes, de abastecimento do rio com material orgânico e de sombreamento.

Para se ter uma idéia do desempenho das matas, das áreas vegetadas e da condição de per-meablidade dos solos, associados a condições de declividade e sua relação com a capacidade de infi ltração das águas pluviais, é interessante verifi car a tabela abaixo.

Tabela 01: Coefi ciente de escoamento superfi cial, em função das características das bacias Fonte: JORGE & UEHARA (1999, p. 102), apud CARDOSO (2003, p. 17)

Coeficiente de escoamento superficial (C), em função das características das bacias

Características das Bacias C (%)

Superfícies impermeáveis 90-95 Terreno estéril montanhoso: material rochoso ou geralmente não-poroso, com reduzida ou nenhuma

vegetação e altas declividades 80-90 Terreno estéril ondulado: material rochoso ou geralmente não-poroso, com reduzida ou nenhuma

vegetação em relevo ondulado e com declividades moderadas 60-80 Terreno estéril plano: material rochoso ou geralmente não-poroso, com reduzida ou nenhuma

vegetação e baixas declividades 50-70 Áreas de declividades moderadas, grandes porções de gramados, flores silvestres ou bosques, sobre

manto fino de material poroso que cobre o material não-poroso 40-65 Matas e florestas de árvores decíduas em terrenos de declividades variadas 35-60 Florestas e matas de árvores de folhagem permanente em terreno de declividade variada 5-50 Pomares: plantações de árvores frutíferas com áreas abertas cultivadas ou livres de qualquer planta, a

não ser gramas 15-40 Terrenos cultivados em plantações de cereais ou legumes, em zonas altas (fora de zonas baixas e

Imagem

Figura 01: Escultura do rio  Mississipi de Isamu Noguchi Fonte: HUNTER, 1978. p.2611
Figura 02: Componentes da  apreciação e compreensão da  paisagem
Tabela 01: Coefi ciente de escoamento superfi cial, em função das características das bacias Fonte: JORGE &amp; UEHARA (1999, p

Referências

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