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Práticas integrativas e complementares de enfermeiros na atenção básica em saúde

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

NATÁLIA AMORIM RAMOS

“PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES DE ENFERMEIROS NA ATENCAO BÁSICA EM SAÚDE”

CAMPINAS 2015

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PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES DE ENFERMEIROS NA ATENCAO BÁSICA EM SAÚDE

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Mestra em Saúde Coletiva: Políticas e Gestão em Saúde, na área de concentração: Política, Gestão e Planejamento.

ORIENTADORA: ELIETE MARIA SILVA

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA NATÁLIA AMORIM RAMOS, E ORIENTADO PELA PROF. DRA. ELIETE MARIA SILVA

CAMPINAS 2015

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BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO

NATÁLIA AMORIM RAMOS

ORIENTADOR: PROF. DR. ELIETE MARIA SILVA

MEMBROS:

1. PROF. DR. ELIETE MARIA SILVA

2. PROF. DR. NELSON FILICE DE BARROS

3. PROF. DR. VIVIANA APARECIDA LIMA

Programa de Pós-Graduação em Mestrado Profissional em Saúde Coletiva: Políticas e Gestão em Saúde da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas

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Este trabalho é dedicado a todas as pessoas que, como eu, acreditam ser possível construir uma sociedade melhor e igualitária para que as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde se tornem acessíveis a todos, independente de suas classes sociais, e que sejam um doce lenitivo para os seus sofrimentos e qualidade de vida

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Primeiramente a Deus pela possibilidade de realização deste trabalho, pelas coisas maravilhosas e pelos desafios que se apresentaram no percurso e que me fizeram crescer, enquanto mulher e pesquisadora;

À minha família, em especial aos meus pais, Maria do Céu e Adalberto, meus exemplos de vida que tiveram a sabedoria de enxergar nos estudos a maior riqueza que os pais podem deixar aos filhos e por me ensinarem a ser quem eu sou e a lutar com amor e dedicação pelos meus propósitos;

À minha tão estimada orientadora, professora e amiga Eliete Maria pela paciência, atenção e por me acolher e me ensinar muito mais do que eu poderia aprender com os livros;

Aos membros da banca examinadora, pela disponibilidade, análises e sugestões;

E principalmente, aos profissionais que participaram desta pesquisa, em especial àqueles que se dispuseram, com muita boa vontade, a serem entrevistados.

A todos, minha gratidão.

Por fim, mais uma etapa concluída, mais um caminho percorrido cheio de desafios, alegrias e aprendizado... Assim, como são os caminhos da vida...

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Integrativas e Complementares em Saúde (PIC) no mundo e o processo de institucionalização das mesmas no Brasil, com a crescente legitimação destas por parte da sociedade, bem como o estabelecimento da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde (SUS), que atende sobretudo, à necessidade de se conhecer, apoiar, incorporar e implementar experiências que já vêm sendo desenvolvidas na rede pública, com vistas a uma atenção humanizada e centrada na integralidade do indivíduo, contribuindo para o fortalecimento dos princípios fundamentais do SUS. O objetivo deste trabalho foi identificar o conhecimento e os sentidos atribuídos pelos enfermeiros atuantes na atenção básica de um município de grande porte do interior de São Paulo sobre as práticas integrativas e complementares em saúde, pois os mesmos são os profissionais próximos dos usuários e têm um papel relevante junto à comunidade, sendo eles um dos agentes responsáveis por orientações e esclarecimentos aos usuários nos serviços. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário estruturado com 54 enfermeiros e entrevista com três enfermeiros, todos atuantes na atenção básica. Os dados tabulados foram analisados estatisticamente, outras informações qualitativas foram processadas por análise de conteúdo e temática, com o intuito de obter conhecimentos quanto às práticas e os significados para os enfermeiros, visando o reconhecimento e valorização da diversidade, da capacidade criativa do ser humano e da sua participação social. Nos resultados, foram identificados os benefícios das PIC nas experiências pessoais e profissionais; a necessidade de incluir as PIC na formação profissional e educação permanente em serviço; o restrito conhecimento dos profissionais sobre a Política Nacional; o interesse dos profissionais em conhecer mais sobre PIC e identificados alguns pontos dificultadores para a implantação das mesmas. Considerando que mesmo com as restrições no conhecimento dos profissionais sobre as PIC, ao mesmo tempo, há um entendimento da necessidade de propiciarem um cuidado diferenciado aos usuários e sugere-se a implantação de um projeto ampliado de PIC no município, sugere-sendo que o mesmo receberia apoio dos enfermeiros da atenção básica em saúde.

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Complementary Practices in Health (PIC) in the world and its institutionalization process in Brazil, with the increasing legitimacy of such by society, and the establishment of the National Policy of Integrative and Complementary Practices in the Unified Health System (SUS), which caters mainly to the need to know, support, incorporate and implement experiences that have been developed in the public network, aiming at a humanized care, focused on the individual’s integrity, contributing to the strengthening of the fundamental principles of SUS. The objective of this study was to identify the knowledge and the purpose attributed to the nurses that work in primary care of a large municipality in the interior of São Paulo on complementary and integrative health practices, as they are the professionals close to the users and have an important role with the community, being one of the agents responsible for guidance, clarification of the service users. The data collection was performed by means of a structured questionnaire with 54 nurses and interviews with three nurses, all of which active on primary care. The tabulated data were statistically analyzed and other qualitative information were processed by content analysis, in order to obtain knowledge about the practices and meanings for nurses, aiming to recognize and value the diversity, the creative capacity of the human being and its social participation. In the results, we identified the benefits of PIC in personal and professional experiences; the need to include the PIC in professional training and permanent education in service; the limited knowledge of the professionals on the National Policy; the interest of professionals in learning more about PIC; and identified some points that difficult its implementation. Considering there is a limited knowledge of the professionals on the PIC but, at the same time, there is an understanding of the need to propitiate a differentiated attention to the users and it is suggested the implementation of a PIC extended project in the city, because it would receive support from nurses of primary health care.

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ARTIGO 1

Tabela 1. Caracterização da amostra: perfil dos enfermeiros da atenção básica de

Sumaré-SP, 2015 ... 23 Tabela 2. Conhecimento dos enfermeiros sobre as Práticas Integrativas e

Complementares em Saúde – Sumaré-SP, 2015 ... 24 Tabela 3. Interesse dos profissionais pelas Práticas Integrativas e Complementares em Saúde– Sumaré-SP, 2015 ... 26 Tabela 4. Práticas Integrativas e Complementares em Saúde e a percepção dos

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APS Atenção Primária à Saúde CNS Conferência Nacional de Saúde NASF Núcleo de Apoio à Saúde da Família OMS Organização Mundial de Saúde

PIC Práticas Integrativas e Complementares em Saúde PNAB Política Nacional de Atenção Básica

PNH Política Nacional de Humanização

PNPIC Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde SUS Sistema Único de Saúde

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INTRODUÇÃO ... 1 OBJETIVOS ... 14 METODOLOGIA ... 15 RESULTADOS ... 19 Artigo 1 Artigo 2 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 48

REFERÊNCIAS ... 50

APÊNDICES ... 53

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1. INTRODUÇÃO

Esta dissertação teve como motivação a observação do aumento da demanda por Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PIC) no mundo e o processo de crescente legitimação destas por parte da sociedade, bem como a divulgação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares do SUS (PNPIC), que atende sobretudo, à necessidade de se conhecer, apoiar, incorporar e implementar experiências que já vêm sendo desenvolvidas na rede pública, com vistas a uma atenção humanizada e centrada na integralidade do indivíduo. Outro fator preponderante para a construção desta dissertação é a motivação pessoal da autora, que tem como profissão a Enfermagem, é especialista em Saúde da Família e Comunidade e está em curso da formação em Acupuntura; atua como enfermeira na atenção básica do município de Sumaré - SP e tem um grande interesse pelo tema e a crença de que é possível ampliar o acesso das PIC aos usuários do SUS, com vistas a promover um cuidado holístico e empoderador, desenvolvendo no indivíduo autonomia no seu processo decisório de cuidado e tratamento, seja na promoção de saúde ou no adoecimento. Cabe também, evidenciar que a enfermagem é uma das profissões da área da saúde cuja essência e especificidade é o cuidado ao ser humano, individualmente, na família ou na comunidade, desenvolvendo atividades de promoção, prevenção e recuperação da saúde, atuando em equipe, propiciando um encontro aos objetivos das PIC, tornando assim, facilitadora neste processo.

Apresentação das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde

O modelo biomédico de saúde vem sendo questionado por sua limitação em lidar com outras dimensões do ser humano, assim como também, a fragmentação do cuidado, que interfere na qualidade de vida do indivíduo. Tem-se observado um modelo de atenção mais amplo, que visa à fundamentação de uma assistência que reconhece as articulações e a integralidade do indivíduo. (1)

A Organização Mundial de Saúde (OMS) utiliza o termo Medicina Tradicional para se referir às práticas médicas originárias da cultura de cada país, como por exemplo, a medicina tradicional chinesa, a ayurveda hindu, a medicina unani árabe e a

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medicina indígena. Para a OMS, as Medicinas Tradicionais/Complementares e Alternativas significam um conjunto diversificado de ações terapêuticas que se diferenciam da medicina ocidental, incluindo práticas manuais e espirituais, como ervas, minerais, acupuntura, reiki, florais, quiropraxia, atividades corporais (tai chi chuan, yoga, Lian Gong). Porém, não há consenso a respeito dessa nomenclatura, haja vista diferentes realidades e práticas no mundo. No México, usa-se o termo Medicina Complementar e Integrativa, em Cuba, Medicina Natural e Tradicional, nos Estados Unidos e Canadá, Medicina Complementar e Alternativa. No Brasil, utiliza-se a nomenclatura Práticas Integrativas e Complementares. (2)

Em geral, tanto a população quanto os profissionais costumam conhecer as formas de tratamento médico não convencionais, com a denominação “Medicina Alternativa”, porém, esta não seria a denominação mais adequada, pois sugere a ideia de alternação, e nem sempre as terapias convencionais são substituídas, mas sim, complementares entre si. Já o termo “Medicina Complementar”, pode ser confundido como sendo exames auxiliares ao diagnóstico médico. Assim, alguns profissionais de saúde e estudiosos da área preferem o termo “Medicina Integrativa”. (3) No presente trabalho, será utilizado o termo “Práticas Integrativas e Complementares” (PIC), sendo esta a nomenclatura mais recente adotada pela PNPIC.

As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde propõem um modelo de atenção integral à saúde, que passe a privilegiar a atenção básica, e adote a promoção da saúde como seu eixo estruturante. (4)

O campo das PIC envolve abordagens que buscam estimular os mecanismos naturais de prevenção de agravos e recuperação da saúde através de tecnologias eficazes e seguras, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade, bem como a visão ampliada do processo saúde-doença e o autocuidado. (5)

As PIC abordam o indivíduo de forma holística envolvendo o estilo de vida da pessoa, o estado emocional, suas relações sociais e com a natureza, promovendo maior envolvimento entre o profissional de saúde e o usuário.(1)

A proposta das PIC vem com a ideia de ampliação do acesso às ações de saúde na perspectiva da integralidade do cuidado, envolvendo as múltiplas dimensões dos problemas de saúde pública e das pessoas, mediante uma abordagem integral e de boa qualidade. (6)

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A OMS por exemplo, reconhece que a acupuntura pode servir como tratamento principal ou complementar para as mais diversas patologias, por exemplo: enxaquecas, problemas gastrointestinais, alergias e algias diversas. Vários estudos têm demonstrado que a acupuntura apresenta uma influência profunda sobre os problemas físicos e emocionais, podendo também ser recomendável a combinação dessa técnica com outros tratamentos, incluindo a fisioterapia. (7)

Trajetória das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde no Brasil

A OMS vem estimulando, há vários anos, o uso das PIC por seus países membros. As ações culminaram na elaboração de um documento que visou fortalecer políticas para o uso integrado das PIC nos sistemas nacionais de atenção à saúde e o desenvolvimento de estudos para verificar eficácia, segurança e qualidade das PIC em saúde. (3)

No Brasil, as discussões desta temática iniciaram-se na década de 1980, a VIII Conferencia Nacional de Saúde (CNS), em 1986, trouxe um conceito mais abrangente de saúde visando a prevenção, promoção, proteção e recuperação, sendo essa a principal referência na construção do Sistema Único de Saúde (SUS). Nessa Conferência, foi deliberada, em seu relatório final, a introdução de PIC no âmbito dos serviços de saúde, possibilitando ao usuário o acesso democrático para escolher a terapêutica preferida, dando possibilidades a diferentes abordagens frente ao adoecimento. (7)

Na década de 1990, o grupo de pesquisa Racionalidades Médicas, liderado por Madel Luz, evidenciou-se discutindo, inicialmente, sistemas médicos complexos (homeopatia, medicina tradicional chinesa e ayurvédica), e depois, práticas de saúde, em sua diversidade de saberes e práticas, fortalecendo o movimento ainda tímido de inserção das PIC na saúde pública brasileira. (8)

O Ministério da Saúde incluiu, em 1999, as consultas médicas em homeopatia e acupuntura na tabela de procedimentos do Sistema de Informação Ambulatorial do SUS (SIA/SUS). (7) Contudo, o marco ocorreu em 2006, com a edição da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PNPIC), a qual enfatiza a inserção das PIC na Atenção Primária à Saúde (APS), contribuindo para o aumento da

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resolubilidade do sistema, com um cuidado continuado, humanizado e integral, visando também, normatizar a utilização destas práticas no SUS. (8)

A transformação nas práticas em saúde exige envolvimento de diversos atores sociais, sendo eles institucionais e profissionais, para assim, fortalecer a participação dos profissionais, democratizando a gestão e ampliando a atenção à saúde, com responsabilização pactuada, como prevê a Política Nacional de Humanização (PNH), estimulando a gestão participativa, a construção da integralidade e a ampliação responsável e cuidadosa das práticas e saberes no cuidado. (8)

Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde

O Ministério da Saúde aprovou, em 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), com o intuito de integrar as práticas de saúde não convencionais na atenção à saúde. Esta política veio atender, sobretudo, à necessidade de se conhecer, apoiar, incorporar e implementar experiências que já vêm sendo desenvolvidas na rede pública de municípios e Estados. (9)

Um dos objetivos principais da PNPIC é incorporar e implementar as práticas no SUS, com ênfase na atenção básica, voltada para o cuidado continuado, humanizado e integral em saúde. A publicação da PNPIC é uma conquista para a saúde pública, pois

corrobora para a integralidade da atenção à saúde, princípio este que requer também a interação das ações e serviços existentes no SUS, contribuindo assim para a ampliação da corresponsabilidade dos indivíduos pela saúde, buscando, portanto concretizar tal prioridade, imprimindo-lhe a necessária segurança, eficácia e qualidade na perspectiva da integralidade da atenção à saúdeno Brasil. (10)

Embora exista uma Política que determine a utilização das PIC, percebeu-se que há algumas limitações e desafios que impedem que a sua implantação ocorra de modo mais efetivo, tais como: a formação e qualificação de profissionais, o monitoramento e avaliação dos serviços que atuam com as PIC, os níveis do sistema em que estão inseridas, o fornecimento dos insumos (medicamento homeopático/fitoterápicos/agulhas para acupuntura), a estruturação dos serviços na rede pública e o investimento em pesquisa e desenvolvimento para integrar saberes e práticas nas diversas áreas do conhecimento. (9)

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A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares traz diretrizes e estratégias para inserção de produtos e serviços relacionados à Homeopatia, a Medicina Tradicional Chinesa/Acupuntura e Plantas Medicinais e Fitoterapia, assim como para observatórios de saúde do Termalismo Social e da Medicina Antroposófica e, contempla ainda, responsabilidades dos entes federais, estaduais e municipais.

A PNPIC traz os conceitos das PIC e aborda a Medicina Tradicional Chinesa caracterizando-a por um sistema integral, que retrata simbolicamente as leis da natureza e que valoriza a relação harmônica entre as partes visando à integralidade, utilizando-se da anamnese, palpação do pulso e observação da face e língua em suas várias modalidades de tratamento (acupuntura, plantas medicinais, dietoterapia, práticas corporais e mentais). Traz a definição da Homeopatia como um sistema médico complexo de caráter holístico, baseado no princípio vitalista e no uso da lei dos semelhantes, e, ainda na PNPIC, temos como contempladas as Plantas Medicinais e Fitoterapia, sendo que nesta PIC, o Brasil possui grande potencial para o desenvolvimento dessa terapêutica, com a maior diversidade vegetal do mundo.

A PNPIC contempla ainda o Termalismo Social/Crenoterapia sendo estas referentes ao uso das Águas Minerais para tratamento de saúde e a Medicina Antroposófica onde o modelo de atenção está organizado de maneira transdisciplinar, buscando a integralidade do cuidado em saúde.

A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares é transversal em suas ações no SUS e possui convergência com várias Políticas Nacionais, tais como: Atenção Básica, Promoção da Saúde, Educação Permanente, Assistência Farmacêutica, Plantas Medicinais e Fitoterápicos, Povos e Comunidades Tradicionais, entre outras, e as ações decorrentes desta interação são imprescindíveis para melhoria da atenção à saúde da população.

Ao longo dos anos, observou-se que a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS trouxe avanços para a saúde no país, contribuindo para a normatização e institucionalização das experiências na rede pública, porém observa-se avanços tímidos em políticas estaduais e municipais no tocante a esta temática.

Quando comparadas a outras políticas públicas de saúde a PNPIC demonstra-se ainda uma política frágil e com pouca visibilidade entre os Estados e municípios, ainda não é uma política pública de saúde efetiva para os gestores, sendo por vezes vista ainda

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como uma proposta em discussão. Busca-se uma ampliação do acesso as PIC no Sistema Único de Saúde.

Política Estadual das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde

O Estado de São Paulo ofereceu um Projeto de Lei nº 770 de 2010, de autoria do Deputado Carlos Neder que tem por formação graduação em medicina e mestrado em

saúde pública, onde institui no âmbito do Estado de São Paulo a Política Estadual de Práticas Integrativas e Complementares no SUS, que estabelece as diretrizes para esta política no âmbito do SUS no Estado de São Paulo, em consonância com a legislação federal.

Esta política de saúde integrativa busca a melhoria dos serviços, o aumento da resolutividade e o incremento de diferentes abordagens, tornando disponíveis opções preventivas e terapêuticas aos usuários do SUS, e consequentemente, aumentando o acesso, garantindo a integralidade, a integração dos serviços, as ações de caráter interdisciplinar e a participação social. Tem-se ainda como objetivo, proporcionar uma visão ampliada do processo saúde/doença e a promoção global do cuidado humano, especialmente do autocuidado. A política pública proposta visou atender às diretrizes da OMS e avançar na institucionalização das PIC no âmbito do SUS, porém sua difusão evoluiu timidamente entre os municípios.

No ano de 2012 o Governador do Estado Geraldo Alkimin vetou o Projeto de lei nº1062, de 2011 que estabelecia diretrizes para a Política Estadual de Práticas Integrativas e Complementares no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS no Estado de São Paulo.

Com isso notamos que houve poucos avanços no tocante às PIC como Política Estadual, há fragilidades e poucos munícipios com PIC implantadas, sendo também entre outros motivos, o não fornecimento de medicamentos homeopáticos e fitoterápicos pelo Estado.

Contexto Histórico das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde no Município de Sumaré

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O Município de Sumaré, localizado no Estado de São Paulo, tem uma rede de serviços composta por unidades de saúde, que abrangem a Atenção Básica, Média e de Alta Complexidade, buscando o funcionamento de forma organizada e hierarquizada. O município possui 23 Unidades Básicas de Saúde, que são serviços de saúde responsáveis pela atenção básica à saúde. Estas unidades possuem território e população bem definidos, ficam próximas à residência do usuário, facilitando o acesso do mesmo à assistência, contam com equipes multiprofissionais envolvendo médicos generalistas e nas especialidades básicas (clínicos, pediatras, gineco-obstetras), enfermeiros (com responsabilidades voltadas para as áreas da mulher, criança e adultos), dentistas, auxiliares de enfermagem, auxiliares de consultório dentário e profissionais de apoio que completam essas equipes.

O Município de Sumaré conta com um Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) que tem como objetivo apoiar a consolidação da Atenção Básica, ampliando as ofertas de saúde na rede de serviços, assim como a resolubilidade, a abrangência e o alvo das ações, e configura-se como uma equipe multiprofissional que atua de forma integrada com as equipes de saúde da família.

Esta atuação integrada permite realizar discussões de casos clínicos, possibilita o atendimento compartilhado entre profissionais, tanto na Unidade de Saúde como nas visitas domiciliares, e permite a construção conjunta de projetos terapêuticos, de modo que amplia e qualifica as intervenções no território e na saúde de grupos populacionais. Essas ações de saúde também podem ser intersetoriais, com foco prioritário nas ações de prevenção e promoção da saúde. O NASF também está envolvido na estruturação dos trabalhos dos profissionais em práticas integrativas. Dentre as suas várias realizações, destaca-se na história da saúde do município a introdução do Lian Gong nas unidades básicas. O Lian Gong trata-se de uma ginástica chinesa criada há mais de 40 anos que tem como objetivo prevenir e tratar as dores no corpo e restaurar a sua movimentação natural, bem como melhorar a qualidade de vida, também contemplado na PNPIC.

O Lian Gong foi introduzido no Município de Sumaré em 2006, pelo professor Nelson Iba (um dos incentivadores da técnica na Região Metropolitana de Campinas). Na época, ele ministrou a primeira parte do Lian Gong, quando foram capacitadas aproximadamente 20 pessoas, entre essas, a equipe de fisioterapia do município, agentes comunitários de saúde, enfermeiros e auxiliares de enfermagem.

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Em 2008, foi realizada nova capacitação da primeira parte do Lian Gong através do NASF, com representantes de todas as unidades de saúde do município. Naquele momento, a Secretaria de Saúde ofertou aparelhos de som, cópia da apostila do Lian Gong com os exercícios da primeira parte e DVD da apresentação do Lian Gong para as unidades. Para o ano de 2015 está prevista a capacitação da segunda parte do Lian Gong para os profissionais das unidades básicas de saúde.

A PNPIC esclarece que é competência da gestão municipal elaborar normas técnicas para inserção da mesma na rede municipal de saúde, definir recursos orçamentários e financeiros para a implementação desta política, promover articulação intersetorial para a efetivação, estabelecer mecanismos para a qualificação dos profissionais do sistema local de saúde, estabelecer instrumentos de gestão e indicadores para o acompanhamento e avaliação do impacto da implantação/implementação da política, realizar assistência farmacêutica com plantas medicinais, fitoterápicos e homeopáticos. (10)

O Município de Sumaré é privilegiado por ter em sua proximidade a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que reúne um colegiado de pesquisadores que auxiliam na identificação e na construção de práticas de atenção integral à saúde com o Laboratório de Práticas Alternativas, Complementares e Integrativas (Lapacis), vinculado ao Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas desta Universidade, que se configura como um espaço de ensino, pesquisa e extensão das PIC.

Práticas Integrativas e Complementares em Saúde na Atenção Básica

A atenção básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que engloba a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde, com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na situação de saúde, na autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das coletividades. É desenvolvida por meio do exercício de práticas de cuidado e gestão, democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios definidos, considerando a dinâmica existente no território em que vivem.(11)

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A Atenção Primária à Saúde (APS) orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social, considerando o sujeito em sua singularidade e inserção sociocultural, buscando a integralidade. (11)

Seguindo os preceitos da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), quanto ao desenvolvimento de ações em saúde relacionadas à prevenção e promoção da saúde, e reafirmando os princípios do SUS de integralidade, a PNPIC foi pensada na busca de uma ampliação das possibilidades do cuidado. (12)

As PIC trazem valores de promoção da saúde que podem ser realizados individualmente ou em grupos, valorizando, também, a solidariedade e a troca de experiências entre os usuários, favorecendo o crescimento e empoderamento comunitário. Outra questão associada à promoção da saúde na atenção primária é o fato dessas práticas estimularem a qualidade de vida para além do tratamento dos adoecimentos, apresentando também, um potencial de autoconhecimento e aprendizados frente aos adoecimentos, vendo os profissionais como apoio na busca pela saúde. (12)

Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2008, existiam no país mais de 800 municípios realizando algumas práticas integrativas e complementares. Ainda que se conheça pouco acerca da PNPIC e a oferta destas práticas nos serviços de saúde, algumas experiências já ocorriam no país, como por exemplo, nos municípios de Campinas (São Paulo), Florianópolis (Santa Catarina) e Recife (Pernambuco), entre outros. (2)

A APS, além de ser o serviço preferencial para o primeiro contato do cidadão, a porta de entrada do sistema, tem como missão a integração de ações de cuidado ao adoecimento, prevenção de agravos e de promoção da saúde, Tanto é assim que, no Brasil, segundo pesquisa do Ministério da Saúde, 72% das PIC ofertadas no país estavam inseridas na atenção básica. A APS tem papel destacado para o processo de expansão das PIC e o fortalecimento da promoção da saúde. É ai que os sofrimentos e adoecimentos encontram-se, muitas vezes, em fase inicial, momento no qual é desejável que haja ações terapêuticas e de fortalecimento do autocuidado, cura e reequilíbrio das pessoas. (13)

Estudos realizados têm revelado a incorporação por alguns profissionais de saúde no uso de tais práticas e a busca por serviços que ofereçam PIC tem se tornado

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atrativa, especialmente em relação à fitoterapia e plantas medicinais, práticas utilizadas para tratar diversos problemas de saúde na atenção primária.(1) Porém, as PIC na rede pública estão em lenta expansão devido a alguns fatores, como o uso abusivo de tecnologias duras e a uma significativa “desumanização” das práticas profissionais. (8)

O modelo biomédico caracteriza-se por dar ênfase aos aspectos físicos, ter uma visão fragmentada do ser humano e se colocar como saber hegemônico, frente ao saber popular, cenário esse oposto à ideia de cuidado integral e acolhimento do ser humano. Mesmo com a criação do SUS, que vem com a proposta de assistência universal, integral e descentralizada, os serviços de saúde ainda continuam sendo alvos dessa suposta desumanização do atendimento aos usuários. (14)

Práticas Integrativas e Complementares em Saúde e a Promoção de Saúde

A promoção da saúde representa uma estratégia promissora para enfrentar os múltiplos problemas de saúde que afetam as pessoas e seus entornos, pois propõe a articulação de saberes técnicos e populares e a mobilização de recursos institucionais e comunitários, públicos e privados, para seu enfrentamento e resolução. (15)

A promoção da saúde lida com as formas de viver constituídas na modernidade, onde a população perde de vista o que é uma vida saudável e passa a adaptar-se a uma forma de vida sedentária e estressante, predominando o consumo de alimentos industrializados, com o abuso de drogas lícitas ou ilícitas, que são determinantes fundamentais na geração de doenças. (16)

Promover saúde é educar para a autonomia, como construído pelo educador Paulo Freire. É tocar nas diferentes dimensões humanas, é considerar a afetividade, a amorosidade, a capacidade criadora e a busca da felicidade com relevância. A promoção da saúde trabalha a mobilização comunitária, atuando no fortalecimento da ação comunitária, compartilhando os saberes técnicos e saberes populares e criando condições para a construção de estratégias eficazes na abordagem dos problemas de saúde. A promoção da saúde propõe o desafio de reorientar os serviços de saúde a superarem a fragmentação do indivíduo, e caminharem em direção à perspectiva da integralidade das pessoas em suas necessidades, numa relação de cuidar/ser cuidado, de ensinar/aprender. (16)

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É inegável e benéfica a aproximação das PIC à política de promoção da saúde, sobretudo, porque estabelecem uma nova compreensão do processo saúde-doença, em que se destaca a perspectiva holística e o empoderamento individual, com impactos na vida cotidiana dos sujeitos. Todavia, para potencializar as práticas no campo da promoção da saúde e do cuidado, é preciso superar os desafios de uma prática fragmentada, individualista, que contribui pouco para a expansão do acesso às PIC e para a construção e qualificação do cuidado no SUS. (13)

Pode-se considerar também, a relação das PIC com a Política Nacional de Promoção da Saúde, tendo em vista que a promoção da saúde também propõe a articulação de saberes técnicos e populares e a mobilização de recursos institucionais e comunitários. A inserção das práticas integrativas e complementares no SUS configura uma ação de ampliação de acesso e qualificação dos serviços, na tentativa de envolver a integralidade da atenção à saúde da população.

A adoção das práticas integrativas no âmbito da atenção básica exige da equipe de saúde capacitação para o conhecimento dessas práticas e preparo para compreender, apoiar e respeitar a singularidade de cada indivíduo, proporcionando uma relação humanizada, baseada na visão holística de atendimento ao ser humano.

Nesse entendimento, ressalta-se a importância da Atenção Primária para fortalecer práticas de promoção da saúde, em especial, as PIC. Contudo, ainda existem dificuldades para a implantação das práticas no SUS, principalmente, em decorrência da insuficiência de dados de produção e de pesquisas, das limitações no controle dessas práticas, falta de investimento neste campo, dentre outras. (13)

Práticas Integrativas e Complementares em Saúde e a Enfermagem

A relação entre as PIC e a enfermagem tem atraído crescente interesse no campo da saúde no mundo. Considerando a atual formação do enfermeiro, percebe-se que existe uma lacuna com relação às novas maneiras de proporcionar saúde e prestar cuidados, conhecendo a cultura e valorizando os saberes. Prevalece na formação do profissional a construção do conhecimento científico, fragmentado e desarticulado com as práticas integrativas de saúde. (17) Essa situação se inicia desde a formação acadêmica dos cursos da saúde, que colocam a doença como foco da intervenção em saúde. (14)

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Em todas as áreas da saúde, prevalece a visão biológica, e o setor da saúde ainda convive com a hegemonia médica sobre os demais profissionais, o modelo médico centrado, a predominância dos avanços tecnológicos das práticas médicas e o fortalecimento da atenção secundária e terciária. Contudo, percebe-se um tímido processo de mudança que pode vir a interferir em algumas dessas tendências. Refere-se à inserção de outras racionalidades no SUS, sendo entendida como uma forma de valorização de saberes tradicionais, como uma proposta de ampliação do cuidado, da prevenção e da promoção da saúde. (18)

É necessária a capacitação dos trabalhadores do SUS sobre práticas integrativas e complementares, bem como atividades de educação em espaços onde as diferenças conceituais das práticas, as questões sobre regulamentação e a legitimação possam ser esclarecidas entre os profissionais, aproximando-se da PNPIC. (19)

Uma grande dificuldade para efetivação da PNPIC é que, no país, existem poucas instituições estabelecidas que formem profissionais praticantes de outras formas de racionalidades médicas ou práticas em sintonia com os princípios do SUS e da Saúde Coletiva. (19)

Apesar do reconhecimento da fitoterapia por conselhos profissionais da saúde, como os da medicina, enfermagem e farmácia, muitos profissionais se sentem inseguros para abordar esse assunto, ressaltando-se a importância de espaços de discussão sobre o tema, tanto no âmbito acadêmico quanto na instituição de trabalho. (19)

Dados demonstram que a acupuntura e a homeopatia são ofertadas predominantemente no setor privado e que os procedimentos em acupuntura se expandiram no SUS após o seu exercício por enfermeiros, fisioterapeutas e outros profissionais da saúde, mas a homeopatia continuou com baixa oferta. (2)

O enfermeiro possui o respaldo legal do Ministério da Saúde, que afirma que o desenvolvimento da medicina tradicional chinesa, é de caráter multiprofissional. Está também amparado pela Resolução COFEN n. 197/97, que estabelece e reconhece as PIC como especialidade e/ou qualificação do profissional de enfermagem, desde que este conclua e tenha sido aprovado em curso reconhecido por instituição de ensino. (17)

É evidente que há necessidade de que os profissionais de saúde estejam aptos a informar e atender os pacientes, reconhecer efeitos colaterais, interações medicamentosas e praticar as PIC isoladas ou associadas às medicinas convencionais com segurança. Com a expansão das PIC surge a necessidade de discutir a formação do

(24)

enfermeiro, uma vez que é preciso despertar maneiras de cuidar, inserindo conteúdos e capacitação nessa área, até então, absorvida parcialmente pelos profissionais de saúde. (17)

Faz-se necessária a participação dos enfermeiros na divulgação das possibilidades terapêuticas e preventivas aos usuários. Todavia, há que se estimular essa discussão com responsabilidade de todos os envolvidos: docentes, enfermeiros dos serviços e os gestores.

(25)

2. OBJETIVOS

ARTIGO 1

Identificar a visão dos enfermeiros atuantes na atenção básica sobre as práticas integrativas e complementares em saúde.

ARTIGO 2

Analisar os sentidos atribuídos às práticas integrativas e complementares em saúde por enfermeiros que as adotam.

(26)

3. METODOLOGIA

A seguir, segue o percurso metodológico da presente pesquisa, utilizado para a obtenção dos resultados que serão apresentados em formato de artigos.

Tipo de Estudo

O trabalho consiste em um estudo quanti-qualitativo, no qual o percurso metodológico incluiu primeiro e continuamente, o levantamento bibliográfico por meio do qual se realizou uma pesquisa sistemática de documentos e foram utilizadas também, várias fontes de informação como livros, manuais, teses e dissertações, além de documentos oficiais do Ministério da Saúde.

A abordagem quantitativa analisa números por meio de métodos estatísticos, é objetivo e o seu foco é conciso e limitado, com o pesquisador mantendo distância do processo. Nesta pesquisa foi utilizado para coleta dos dados um questionário estruturado com o objetivo de descrever a realidade e as principais ideias sobre o tema abordado.

A abordagem qualitativa é um campo do conhecimento que se desenvolve através de práticas interpretativas, para o qual o qualitativo toma como referenciais o entendimento, a compreensão, a construção de sentido e a intencionalidade. (20) A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas sim com o aprofundamento da compreensão. Foi utilizado como método de coleta de dados, a entrevista, onde a grande vantagem sobre outras técnicas é que ela permite a captação imediata e corrente da informação desejada sobre variados tópicos, permitindo correções, esclarecimentos e adaptações que a tornam eficaz na obtenção das informações desejadas. (21) Neste trabalho, foi utilizada entrevista com um roteiro semiestruturado, que permitiu a livre expressão do entrevistado.

A combinação dos métodos quantitativo e qualitativo produz uma triangulação metodológica, buscando uma maior compreensão, contribuindo assim, para aumentar o conhecimento sobre determinado tema, alcançar os objetivos traçados, observar e compreender a realidade estudada. (22)

(27)

Cenário da Pesquisa e População de Estudo

O Município de Sumaré localiza-se no Estado de São Paulo e limita-se com os Municípios de Hortolândia, Campinas, Santa Bárbara, Nova Odessa, Monte Mor e Paulínia. O município é dividido em seis distritos: Distrito-sede, Jardim Dall’Orto, Picerno, Maria Antônia, Área Cura e Matão. Possui uma população aproximada de 258.556 habitantes, o que o caracteriza como um município de grande porte, e ocupa uma área de 153,44 km². (23)

O Município de Sumaré possui 23 Unidades Básicas de Saúde, que são os serviços de saúde responsáveis pela atenção básica à saúde. Eles têm território e população bem definidos, gerenciam informações dos nascimentos, óbitos, doenças de notificação compulsória, perfil de atendimento ambulatorial, onde, a partir dessas informações e de protocolos assistenciais, planejam e programam ações de saúde. Essas unidades contam com conselho local de saúde, com representantes da população usuária, dos trabalhadores de saúde e da Secretaria Municipal de Saúde. As unidades básicas ficam próximas à residência do usuário, facilitando o acesso do mesmo à assistência. Contam com equipes multiprofissionais, envolvendo médicos generalistas e nas especialidades básicas (clínicos, pediatras, ginecologistas), enfermeiros (com responsabilidades voltadas para as áreas da mulher, criança e adultos tanto no âmbito individual como no coletivo), dentistas, auxiliares e técnicos de enfermagem e auxiliares de consultório dentário, e algumas unidades possuem agentes comunitários de saúde.

Para a realização da coleta dos dados a escolha da população foi do tipo intencional, constituída por enfermeiros que atuam nas unidades básicas de saúde do Município de Sumaré, totalizando uma amostra de 63 enfermeiros, identificados através de um levantamento de dados. Foram excluídas as outras categorias de enfermagem (auxiliares e técnicos de enfermagem), assim como os profissionais que não trabalham na atenção básica de Sumaré.

Coleta dos dados

A coleta dos dados foi realizada no período de março a abril do ano de 2015 através de um questionário estruturado adaptado do instrumento de coleta utilizado na

(28)

pesquisa de dissertação de mestrado “Medicinas e terapias complementares na visão de médicos e enfermeiros da saúde da família de Florianópolis” (ANEXO 1 e 2). (24) O instrumento de coleta dos dados foi modificado, pois o público alvo desta pesquisa é composto apenas por profissionais enfermeiros.

A coleta dos dados foi realizada pela própria pesquisadora em visita realizada a todas as unidades básicas de saúde com prévio contato com o gestor local, explicitando os objetivos da pesquisa em questão. Os questionários foram oferecidos aos enfermeiros atuantes na atenção básica em seu local de trabalho após a leitura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (ANEXO 3), e preenchido por eles mesmos no momento desta visita enquanto a pesquisadora aguardava no local.

Em um segundo momento os critérios para a escolha dos entrevistados foram contactar e convidar os profissionais que tivessem um conhecimento prévio sobre o tema da pesquisa, já tivessem realizado algum curso na temática e que tivessem maior aproximação com as práticas integrativas em saúde, tanto em sua vida pessoal quanto na prática profissional para uma entrevista. Esses profissionais foram identificados através das respostas ao questionário. As entrevistas foram solicitadas por telefone pelos profissionais e realizadas pessoalmente, por meio de um roteiro semiestruturado com gravação de áudio, em local e horário a escolha do profissional.

Com o objetivo de testar a validade e a precisão do instrumento, foi realizado um teste piloto do questionário, aplicado em uma amostra de cinco indivíduos semelhantes aos do estudo, enfermeiros que trabalham na atenção básica. O objetivo foi descobrir problemas relacionados à aplicação do instrumento, como: qualidade das perguntas, dificuldade de interpretação de questões, questões mal formuladas, questões que direcionavam respostas e outras dificuldades. (20)

Processamento dos dados

As respostas dos questionários foram digitadas no programa Excel para a tabulação de um banco de dados que foi analisado estatisticamente em abordagem quantitativa, mediante análise estatística, com apresentação das frequências simples e percentual em forma de tabelas.

Para estudar as associações entre as categorias: tempo de formado, possui filhos, homeopatia e acupuntura, foi aplicado o teste Qui-quadrado.(25) Este teste é utilizado

(29)

quando se quer verificar a existência de associação entre duas variáveis categóricas. Para os casos onde pelo menos 20% das caselas da tabela de valores esperados apresentavam contagem menor do que cinco, foi aplicado o teste exato de Fisher. (26) Para todas as análises, foi considerado um nível de significância igual a 5%.

A resposta da questão dez do questionário, que era um espaço em que o enfermeiro estava livre para escrever a sua opinião sobre o tema caso desejasse foi avaliada através do método da análise de conteúdo onde um dos referenciais é a frequência com que surgem certas características do conteúdo.

As entrevistas realizadas foram gravadas em áudio e transcritas na íntegra pela própria pesquisadora. A transcrição foi revista e mapeada em cada questão buscando categorias para a realização da análise temática permitindo a descrição das mensagens e das atitudes atreladas ao contexto da enunciação, bem como as inferências sobre os dados coletados. Na análise qualitativa é a presença ou a ausência de uma dada característica de conteúdo ou de um conjunto de características num determinado fragmento de mensagem que é tomado em consideração. A escolha deste método de análise é explicada pela necessidade de enriquecimento da leitura por meio da compreensão das significações e pela necessidade de desvelar as relações que se estabelecem além das falas propriamente ditas.(22)

Ética na Pesquisa

O projeto foi registrado no SISNEP e seguiu as normas para pesquisas com seres humanos da Resolução n°. 466/2012 do CNS/MS. A realização desta pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa da Unicamp em 12/03/2015 com Número do Parecer: 972.678 e com autorização da Secretaria Municipal de Saúde de Sumaré. Os sujeitos da pesquisa são adultos cujo direito de recusar a participação na pesquisa foi devidamente esclarecido, além de garantido o sigilo e a privacidade da identidade. A qualquer momento os participantes podiam solicitar informações sobre a pesquisa ou suspender o consentimento dado através dos telefones fornecidos no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os participantes, após receberem as informações sobre o estudo, sua justificativa e metodologia, assinaram o TCLE em duas vias, onde se explicita estas garantias, sendo que uma das vias ficou com o profissional

(30)

pesquisado e a outra com a pesquisadora. Todo o material da pesquisa foi arquivado sob posse da pesquisadora.

4. RESULTADOS ARTIGO 1

“PRÁTICAS INTEGRATIVAS NA ATENÇÃO BÁSICA: VISÃO DOS ENFERMEIROS”

RESUMO

Este estudo teve como motivação a observação do aumento da demanda por Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PIC) no mundo, o processo de institucionalização das mesmas no Brasil, e a crescente legitimação destas por parte da sociedade. Tem o objetivo de identificar a visão dos enfermeiros atuantes na atenção básica sobre as práticas integrativas e complementares em saúde. A coleta de dados foi realizada em um município de grande porte do Estado de São Paulo, por meio de um questionário estruturado e os dados tabulados e analisados estatisticamente. Na visão dos enfermeiros foram identificados os benefícios das PIC nas experiências pessoais e profissionais e, principalmente, a necessidade de incluí-las na formação profissional e educação permanente em serviço, pois o conhecimento dos profissionais sobre a política nacional das práticas integrativas, bem como sobre as práticas propriamente ditas, ainda é restrito. Foi, também, identificado que os profissionais têm interesse em conhecer mais sobre a temática em questão, sugerindo, assim, possibilidades terapêuticas e o apoio dos enfermeiros na implantação das PIC no município.

Palavras-chave: Terapias Complementares, Atenção Primária à Saúde, Enfermeiros.

ABSTRACT

This study was motivated to observe the increased demand for Integrative and Complementary Practices in Health (PIC) in the world, its institutionalization process of in Brazil and with the increasing legitimacy of such by society. It aims to identify the knowledge and the interest of nurses working in complementary and integrative health practices. The data collection was performed in a large municipality of the State of São

(31)

Paulo through a structured questionnaire and the data was statistically tabulated and analyzed. The benefits of PIC were identified in the personal and professional experiences, and especially the need to include the PIC in vocational training continuing education in service, because knowledge of the professionals on the national policy of integrative practices, as well as the practices themselves , is still limited. It was also identified that professionals are interested in learning more about the topic in question, suggesting thus therapeutic possibilities and the support of nurses in the implementation of the PIC.

Keywords: Complementary Therapies, Primary Health Care, Nurses.

INTRODUÇÃO

A necessidade dos profissionais da saúde entenderem o processo saúde-doença em um paradigma diferente do modelo biomédico vigente é cada vez mais atual e presente. As Práticas Integrativas e Complementares (PIC) propõem um modelo de atenção integral à saúde, privilegiando a promoção da saúde como seu eixo estruturante. (1)

As práticas integrativas buscam a visão holística do indivíduo. O holismo vem da palavra grega holos (significa “Todo”), que tem uma visão geral buscando o equilíbrio do ser nos seus aspectos físico, social, mental, espiritual e ambiental. Hoje, são praticadas em todo o mundo, sendo crescente o número de pessoas que se identificam, enfatizando também, a sua importância e benefícios. Trazem uma visão holística do ser humano, fugindo da abordagem fragmentada e mecanicista do modelo médico dominante.

O Ministério da Saúde aprovou, em 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), com o intuito de integrar as práticas de saúde não convencionais na atenção à saúde. Esta política veio atender, sobretudo, à necessidade de se conhecer, apoiar, incorporar e implementar experiências que já vêm sendo desenvolvidas na rede pública de municípios e Estados. (2)

A Atenção Primária à Saúde (APS) é a porta de entrada do sistema e orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, do vínculo, da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social, considerando o sujeito em sua singularidade, buscando também, a integralidade, (3) sendo este um cenário propício ao

(32)

desenvolvimento das PIC, pois tem em sua característica uma equipe multiprofissional, em especial, o profissional enfermeiro, que tem em sua essência de formação o cuidar.

As teorias de enfermagem trazem aspectos holísticos em sua concepção, como o respeito à autenticidade e à individualidade. O cuidado de enfermagem é prestado ao ser humano e não à doença e ao desequilíbrio, e a enfermagem reconhece o ser humano como elemento participante ativo de seu autocuidado, atuando em contato direto com a população, tendo a possibilidade de esclarecê-la. (4) Sendo assim, o enfermeiro é um profissional que não pode ficar alheio a esse movimento das práticas integrativas.

Diante disso, optamos por identificar a visão dos enfermeiros atuantes na atenção básica sobre as práticas integrativas e complementares em saúde.

METODOLOGIA

O trabalho consiste em uma pesquisa de abordagem quantitativa, onde foi utilizado para coleta dos dados um questionário estruturado adaptado daquele desenvolvido na dissertação de mestrado “Medicinas e terapias complementares na visão de médicos e enfermeiros da saúde da família de Florianópolis” (5), abordando aspectos do conhecimento, interesse, experiência com PIC, entre outros. A escolha da população foi do tipo intencional, constituída por enfermeiros que atuam nas unidades básicas de saúde do Município de Sumaré, localizado no Estado de São Paulo, totalizando 63 enfermeiros. As respostas dos questionários foram digitadas no programa Excel para a tabulação de um banco de dados e analisados estatisticamente, com apresentação das frequências simples e percentual, expostas em forma de tabelas. Os participantes, após receberem as informações sobre o estudo, assinaram o TCLE em duas vias, seguindo as normas da ética em pesquisa, conforme aprovação do comitê de ética em pesquisa da Unicamp em 12/03/2015 com Número do Parecer: 972.678.

RESULTADOS

Através da coleta de dados, em um universo de 63 enfermeiros atuantes na atenção básica, participaram do estudo 54 profissionais, equivalentes a 85,7% da amostra, sendo excluídos apenas nove enfermeiros que estavam em férias ou licença saúde.

(33)

Os profissionais que participaram da pesquisa são predominantemente do sexo feminino 92,5%, idade mediana de 36 anos, sendo a variável de idade identificada de 28 a 61 anos. A maioria dos enfermeiros, 62,9% é casada e 64,8% relataram ter filhos.

Os profissionais, predominantemente 61,1%, têm de 6 a 10 anos de formados. Da amostra coletada, apenas nove enfermeiros estudaram o nível superior em escola pública, totalizando 45 profissionais, 83,4% graduados em instituição particular.

A maioria dos enfermeiros relatou ter realizado pós-graduação, havendo apenas nove não especializados, tendo assim um total de 79,6% enfermeiros pós-graduados, sendo destes, 19 profissionais, 44,1% relataram pós-graduação em saúde da família/saúde pública. Apenas uma enfermeira relatou ter pós-graduação em práticas integrativas, no caso, em acupuntura.

Tabela 1 – Caracterização da amostra: perfil dos enfermeiros da atenção básica do Município de Sumaré-SP, 2015: Variável N % Sexo Feminino 50 92,59 Masculino 04 7,41 Faixa etária

Menos do que 35 anos 24 44,44

35 anos ou mais 30 55,56 Estado civil Solteiro 14 25,93 Casado 34 62,96 Divorciado 04 7,41 Viúvo 02 3,70 Possui filhos Não 19 35,19 Sim 35 64,81 Número de filhos Nenhum filho 19 35,19 Um filho 20 37,04

(34)

Dois filhos 12 22,22

Três filhos 03 5,56

Tempo de formado (anos)

Menos de 5 anos 06 11,11

6 a 10 anos 33 61,11

Mais que 11 anos 15 27,78

Durante a formação, 50 profissionais, correspondentes a 92,5% dos enfermeiros, relataram não ter tido na graduação disciplina optativa e nem obrigatória voltada para as PIC. Com isso, notamos a fragilidade da formação dos profissionais da saúde em relação às práticas integrativas.

Através do questionário estruturado, foram identificados 16 profissionais, 29,63% que relataram ter realizado algum curso na área. Do quantitativo de 16 profissionais capacitados, 11 relataram ter formação em Lian Gong, uma em florais de Bach, uma em fitoterapia, uma em terapia comunitária e Shantala, uma especialista em acupuntura, auriculoterapia, shiatsu e reiki nível 1 e 2, terapia transpessoal e meditação, e por fim, uma em formação de especialização em terapias holísticas integradas e capacitação em meditação, moxabustão, radiestesia, reflexologia, quiropraxia, aromaterapia, cromoterapia, cristaloterapia e reiki nível 3.

Conforme a tabela 2, sobre a opinião dos profissionais acerca das PIC, nenhum profissional afirmou que as práticas são relacionadas ao efeito placebo e que não têm validade científica. Porém, 52 profissionais o correspondente a 96,3% assinalaram que são práticas terapêuticas complementares e 74% concordam que as PIC representam um entendimento mais amplo do processo saúde-doença.

Todavia 100% dos profissionais concordam com a inclusão de Homeopatia, Acupuntura/Medicina Chinesa, Fitoterapia/plantas medicinais e termalismo (uso de banhos termais e águas minerais) no SUS, conforme recomenda a PNPIC. Porém 10 profissionais, correspondentes a 18,52% informaram concordar, mas com a ressalva de serem inclusas somente algumas dessas práticas no SUS.

(35)

Tabela 2 – Conhecimento dos enfermeiros sobre as práticas integrativas e complementares em saúde – Sumaré-SP, 2015:

São práticas e crenças

relacionadas ao efeito placebo N %

Não 54 100,00

Sim 0 0 Concorda que Não tem validade

científica

Não 54 100,00

Sim 0 0

Somente deveriam ser usadas as comprovadas pela ciência

Não 52 96,30

Sim 02 3,70

São práticas terapêuticas complementares

Não 02 3,70

Sim 52 96,30

São importantes práticas de saúde independentes da biomedicina

Não 33 61,11

Sim 21 38,89

Representam um entendimento mais amplo do processo saúde-doenças

Não 14 25,93

Sim 40 74,07

Representam um entendimento diferente do processo saúde-doença

(36)

Não 35 64,81

Sim 19 35,19

Não tem opinião a respeito

Não 53 98,15

Sim 01 1,85

Conhecimento da PNPIC

Não conhece 01 1,85

Somente ouviu falar 22 40,74

Conhece parcialmente 20 37,04

Conhece 09 16,67

Conhece e debateu 02 3,70

Níveis de inserção no SUS

Em todos os níveis 19 35,19

Na atenção primária e secundária 21 38,89 Na atenção secundária 02 3,70

Na atenção primária 12 22,22

A partir da tabela 3 foi possível identificar que as pessoas têm interesse pelas PIC. Apenas três pessoas relataram ter pouca curiosidade, as demais gostariam de conhecer, participar e/ou fazer uma especialização, totalizando estes 94,45% dos profissionais.

Tabela 3 – Interesse dos profissionais pelas Práticas integrativas e complementares em saúde. Sumaré-SP, 2015:

Interesse pelo tema N %

Tem pouca curiosidade 03 5,56 Gostaria de conhecer 18 33,33 Gostaria de participar 19 35,19

(37)

Necessidade de abordagem das PIC na formação

Sim 54 100,00

Como disciplina optativa

Não 32 59,26

Sim 22 40,74

Como disciplina obrigatória

Não 29 53,70

Sim 25 46,30

Como curso de especialização

Não 29 53,70

Sim 25 46,30

Abranger pesquisa, educação e

extensão

Não 36 66,67

Sim 18 33,33

Conforme observamos na tabela 4, 85,1% dos profissionais afirmaram que há oferta de PIC na sua unidade local, sendo que 79,6% destas unidades afirmaram a prática realizada na unidade como sendo o Lian Gong.

Ainda sobre as PIC há desconhecimento dos profissionais sobre a oferta de práticas na comunidade em que trabalha, 38,8% não sabem se há oferta de práticas na comunidade. Também desconhecem o interesse da comunidade por PIC e mais da metade dos profissionais, correspondente a 59,26% afirmaram que o interesse pelas PIC é pequeno e moderado.

(38)

Tabela 4 – Práticas integrativas e complementares em saúde e a percepção dos enfermeiros no nível local. Sumaré-SP, 2015:

Oferta de PIC na sua unidade

local N %

Não 7 12,96

Sim 46 85,19

Não sei 1 1,85

Oferta de PIC na comunidade em que trabalha

Não 20 37,04

Sim 13 24,07

Não sei 21 38,89

Interesse da comunidade pelas PIC Indiferente 2 3,70 Pequeno 21 38,89 Moderado 11 20,37 Grande 5 9,26 Não sei 15 27,78 DISCUSSÃO

Observa-se através dos relatos que há uma defasagem na formação profissional dos enfermeiros em relação às PIC sendo necessário que os estudantes tenham nos cursos formativos uma grade curricular. Inclusive, destaca-se que na graduação, os alunos tenham a oportunidade de reconhecer as diferenças filosóficas e culturais que dão suporte às práticas, pesquisas científicas, apropriação do saber popular, com temas que permitam aos profissionais refletirem sobre a necessidade de incluir as PIC na sua prática de enfermagem.(6)

Além disso, o profissional que cuida do ser humano deve considerar o saber popular, viabilizando um cuidado singular, centrado em suas crenças, valores e estilo de vida. A educação popular em saúde vem ao encontro da formação do profissional

(39)

enfermeiro, que a utiliza como uma ferramenta de trabalho, resgatando o seu papel de educador na perspectiva do cuidado. Porém, este é um dos nossos desafios encontrados: sensibilizar os cursos de graduação e pós–graduação do campo da saúde, para a importância do investimento da formação em PIC na formação.

Os profissionais identificaram que as PIC representam um entendimento mais amplo do processo saúde-doença. Esse conhecimento dos profissionais relaciona-se exatamente aos objetivos das PIC, que, além do processo diagnóstico e terapêutico, ensina o paciente a conhecer seu corpo, sua mente, sua saúde, seu adoecimento, enfim, o processo de adoecer e se curar, promovendo autonomia e menores intervenções médicas e a construção de uma vida saudável, (7) todavia muitos desses profissionais também afirmaram que as PIC são práticas complementares, atrela-se isso ainda à formação deficiente e conhecimento empírico que muitos tem sobre tais práticas. Há um tempo, observamos a crescente insatisfação da população com a medicina ocidental, devido à sua dicotomia do cuidado. Este desencantamento leva as pessoas a procurarem outras formas de tratamento.(8,9)

A formação dos profissionais e a prática profissional mantêm as atitudes e os padrões de comportamento de um sistema de crença que desempenha um importante papel na causa de muitas das enfermidades que a medicina pretende curar. (10)

Capra (10) diz que:

A crença na certeza do conhecimento científico está na própria base da filosofia cartesiana e na visão de mundo dela derivada, e foi aí, nessa premissa essencial, que Descartes errou. A física do século XX mostrou-nos de maneira convincente que não existe verdade absoluta em ciência, que todos os conceitos e teorias são limitados e aproximados.

É observado que a visão cartesiana considera real apenas aquilo que pode ser visto, palpado, enfim, o que é concreto. A fragmentação do pensamento, bem como o reducionismo na ciência e especializações na medicina ocidental, são decorrentes da influência deste método cartesiano. (11)

Muitas unidades tem a prática do Lian Gong, relaciona-se isso à formação que foi ofertada aos profissionais de todas as unidades de saúde do município e estimulada a construção da prática junto aos usuários. Nota-se que, apesar da última capacitação ter sido no ano de 2008, os grupos da prática corporal se sustentaram até os dias de hoje,

(40)

porém é notável a passividade dos profissionais e usuários em não reivindicar a oferta de outras PIC.

Percebe-se que as PIC vêm sendo gradativamente inseridas no SUS, como prevê a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS. Todavia, ainda há escassez de estudos publicados nessa área. A maioria dos profissionais somente ouviu falar da PNPIC ou a conhece parcialmente.

No Brasil, a publicação da PNPIC foi um marco importante para a difusão da informação e ampliação do acesso aos gestores e profissionais. (9) Contudo, a política não foi identificada nesta pesquisa como instrumento decisivo para o conhecimento das PIC. Aparece, em decorrência disso, o desconhecimento da PNPIC, ou um saber superficial. No questionário, não foi previsto definir os motivos do desconhecimento todavia diferente de outras políticas nacionais a PNPIC teve uma baixa divulgação pelos gestores federais desencadeando esta baixa visibilidade nas demais esferas de governo.

A maioria dos profissionais acreditam que as práticas devem ser ofertadas na atenção básica. Isso é um fator importante a ser considerado pois na atenção básica, visamos o acesso universal, vínculo, troca de experiência entre os usuários, trabalho em equipe, coordenação do cuidado e a perspectiva de um cuidado ampliado. Isso permite um deslocamento para as questões de qualidade de vida, parceria, promoção da saúde, com enfoque familiar e comunitário, integrando as ações de cuidado que são convergentes as atribuições das PIC. (12)

Todavia, as características da APS necessitam ser também reconstruídas, pois temos a hegemonia de um cuidado biomédico, cuja construção está atrelada criticamente ao enfoque biologicista e fragmentário da biomedicina, centrado nas doenças, no uso abusivo de tecnologia dura e uma tendência à impessoalidade, tornando este um desafio para a inclusão das PIC no SUS.

Através deste estudo foi possível identificar que as pessoas tem interesse pelas PIC, desejam conhecer e participar de cursos. Notamos, com isso, a necessidade de educação permanente na instituição e incentivo para o despertar das práticas integrativas no nível local, assim como na formação profissional, sendo que 100% dos profissionais referiram a necessidade da abordagem das PIC na graduação.

O movimento de busca das práticas integrativas intensificou-se na década de 1960, quando se teve o início da contracultura e se trouxe de volta as medicinas vitalistas, como a medicina chinesa e a homeopatia, propondo um novo modelo de

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