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POVOS ORIGINÁRIOS CAYAPÓ ENTRE O SUL E O NORTE DE MATO GROSSO: ANÁLISE POR MEIO DO CAMINHO DAS MONÇÕES ENTRE OS SÉCULOS XVIII E XIX

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POVOS ORIGINÁRIOS CAYAPÓ ENTRE O SUL E O NORTE DE MATO GROSSO: ANÁLISE POR MEIO DO CAMINHO DAS MONÇÕES ENTRE OS SÉCULOS XVIII

E XIX

ANDRESSA LUIZA MONTANHA DE ARAÚJO1

INTRODUÇÃO

Este texto é resultado de uma pesquisa de iniciação científica realizada entre os meses de agosto de 2017 a agosto de 2018. Nosso enfoque foi compreender os Cayapó em seu modo de vida, tendo em vista o relacionamento com o meio rural, assim como seus encontros e desencontros frente aos colonos e a administração colonial, entre o século XVIII e a primeiras décadas do século XIX. Para tanto, a discussão se deu mediante análise de documentos advindos de relatos de monçoeiros e viajantes que se aventuraram pelos caminhos que conectavam o sul ao norte de Mato Grosso, principalmente no percurso das monções.

Como referenciais centrais, dispusemos das obras “Cayapó e Panará”, de Odair Giraldin (1997), “Relatos Monçoeiros”, de Afonso D’Escragnolle Taunay (1981), “Derrotas”, de Joaquim Francisco Lopes (2010), e “Diário de navegação”, de Teotônio José Juzarte (1999), bem como dos “Documentos Interessantes para a História de São Paulo” e relatos publicados na “Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro”.

Em conformidade com Giraldin (1997), grande parte da historiografia brasileira não estuda os Cayapó enquanto sujeitos no processo histórico, de modo que sua história tem sido

retratada, na maioria das vezes, em dois pontos de vista: o primeiro é o do conquistador, ressaltando-se o heroísmo da conquista do centro-oeste; e o segundo se encontra no tocante de acreditar que os Cayapó só guerreavam para defender seu território, tentando-se explicar sua fama de bárbaros. No entanto, Giraldin (1997) critica o fato de a maioria das literaturas apenas focar nisso, não abordando outros pontos que motivavam os Cayapó a guerrearem contra os brancos.

1 Acadêmica do Curso de História pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Três Lagoas e bolsista de Iniciação Científica PIBIC/UFMS. Trabalho financiado pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PROAES) da UFMS.

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A maioria das fontes que analisamos, durante a pesquisa que resultou neste texto, destacava este caráter “violento” e “bárbaro” dos Cayapó, apontado por Giraldin como uma das análises. Porém, nos debruçamos também em tentar compreender outras perspectivas a respeito dos Cayapó, que não apenas sua reputação de bárbaros, mas também algumas possíveis técnicas de combate, por eles estabelecidas, e seu modo de vida e de se relacionar com o meio rural. OS CAYAPÓ E OS PRINCIPAIS LOCAIS QUE HABITAVAM

Os Cayapó foram – ou são2 – povos que tinham a língua Jê como tradicional e que habitavam a região central do Brasil, mais especificamente, conforme Giraldin (1997), o “sul e sudoeste do atual estado de Goiás, o atual Triângulo Mineiro, parte do norte de São Paulo, o leste do atual estado do Mato Grosso e leste e sudeste do atual Mato Grosso do Sul” (GIRALDIN, 1997, p. 57).

A partir da análise de relatos encontrados nos livros “Diário de Navegação”, de Teotônio José Juzarte (1999) e “Relatos Monçoeiros”, de Afonso D’Escragnolle Taunay (1981), tentamos localizar os principais rios e caminhos pelos quais os Cayapó poderiam ser encontrados, sendo eles: Rio Pardo, Rio Camapoan, Rio Grande, Rio Tietê, Rio Taquari e Rio Paraná. Vejamos isso de maneira mais evidente no mapa abaixo.

2 Giraldin (1997) defende a tese de que os Cayapó não foram extintos, mas vivem por meio dos Panará. Estes seriam descendentes de Cayapó que migraram da região de Goiás para a região amazônica.

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BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL. [Rio de Janeiro] : Lith. do Imperial Instituto Artistico, [1875?]. Disponível em: http://purl.pt/3429. (Adaptado por ARAÚJO, 2018).

Agora que traçamos estes caminhos e pudemos encontrar, de modo mais evidente, os Cayapó geograficamente, podemos nos aprofundar no que nos comprometemos a fazer: buscar analisa-los em suas possíveis técnicas de combate e seu modo de vida e de se relacionar com o meio rural. No entanto, entendemos ser necessário apresentar, de maneira breve, a partir de algumas fontes, a questão da reputação de bárbaros e perigosos que comentamos anteriormente. REPUTAÇÃO DE BÁRBAROS E PERIGOSOS

No contato com as fontes percebemos uma grande quantidade de informações ligadas aos Cayapó serem “perigosos”, “bárbaros”, “traidores”, dentre outros adjetivos pejorativos. Neste sentido, gostaríamos de abordar, brevemente, um pouco desta reputação. De acordo com Giraldin:

Nas suas ações guerreiras, os Cayapó raramente deixavam sobreviventes. Geralmente todas as pessoas que estivessem no local do ataque seriam mortas.

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Ao contrário dos demais grupos indígenas, eles não tinham interesse em capturar mulheres e crianças para levarem para suas aldeias. (1997, p. 21).

Vejamos dois exemplos de relatos que trazem essa perspectiva. O primeiro se encontra no livro “Relatos Monçoeiros”, organizado por Afonso D’Escragnolle Taunay, e trata das notícias práticas que o Capitão João Antônio Cabral Camello deu ao Rev. Padre Diogo Juares a respeito da viagem que fez às minas do Cuiabá no ano de 1727:

Por todo este grande rio costumam andar os Caiapós: uma légua pouco mais das suas cabeceiras há uma vargem, e nela uma lagoa, a que chamam a Sambixuga; nesta vargem se desembarca, e tirando para a terra as canoas, se põem em umas carretas de quatro rodas pequenas, de que tiram vinte e mais negros, distância de légua e meia, até as porem no pequeno riacho Camapuan, uma légua pouco mais ou menos do seu nascimento, em sítio em que estão duas roças povoadas; as cargas vão à cabeça dos negros, e se gastam nesta passagem quinze ou vinte dias, é porém preciso toda a vigilância nela, porque os Caiapós não perdem toda a boa ocasião que se lhes oferece; como um efeito experimentaram uns de S. Paulo, que foram na mesma tropa, por nomes Luiz Rodrigues Vilares, e Gregório de Castro, que no meio da fileira dos negros que lhe conduziam as cargas, e seriam sessenta ou mais lhes mataram três ou quatro, retirando-se tão velozmente, que quando os mais levaram as espingardas à cara, já não os viram. (TAUNAY, 1981, p. 122).

O segundo relato aborda as notícias que o Capitão João Antônio Cabral Camello deu a respeito da volta da viagem que havia feito para as minas do Cuiabá no ano de 1727, sendo o percurso, portanto, das minhas do Cuiabá a São Paulo.

Pelo Rio Pardo abaixo gastamos só sete dias até chegarmos à roça do Caijurú, e passado o salto do Corau, e o Nhandui-mirim vimos despovoadas as roças, e mortos pelo Caiapó os moradores, também soubemos tinham desamparado as suas os do Caijurú de cima temeu-nos de que lhes sucedesse o mesmo. (TAUNAY, 1981, p. 139).

Como podemos ver nestes relatos, havia um verdadeiro sentimento de medo presente nos viajantes quando se tratava dos Cayapó – também de outros povos como os Paiaguá e os Guaicurus -, de maneira que, segundo Giraldin (1997), os Cayapó se tornaram uns dos povos mais temidos do Brasil central pelos caminhos monçoeiros. Neste sentido, entendemos ser importante compreender algumas das técnicas de combate desses povos e que, possivelmente, podem ter contribuído para que fossem conhecidos deste modo. Trataremos disso no tópico seguinte.

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Antes de nos atermos às técnicas de modo mais específico, consideramos ser necessário problematizar o fato de que todas (ou quase todas) as ações possuem reações, sejam elas quais forem. Como sabemos, quando os europeus chegaram ao Brasil – que, até então, não possuía esse nome -, em conformidade com Souza (2005), eles edenizaram a terra, mas demonizaram os humanos que aqui viviam. Os povos originários, como bem abordou Schwartz (1988), foram a primeira mão-de-obra escrava que tivemos na Colônia. Sua religião ou a falta dela, como demonstrou Pompa (2001), não foi compreendida pelos estrangeiros que aqui chegaram querendo tomar posse de tudo e de todos. A prática antropofágica dos Tupi é uma prova desta falta de compreensão, visto que, de acordo com Martins (1989), a antropofagia foi demonizada, descaracterizada e tratada de maneira pejorativa pelo termo que conhecemos hoje como canibalismo. Os povos originários foram expropriados, por muitas vezes, de suas terras, sem a existência, durante muito tempo, de políticas indigenistas que lhes assegurasse minimamente a permanência na terra ou algum outro direito, em conformidade com Cunha (2012).

Deste modo, os povos originários em toda a América portuguesa e Brasil Império reagiram, de vários modos, à violência a que foram submetidos. Fernandes (1989) aponta três tipos de resistência que poderiam ser empregadas pelos indígenas, sendo elas: pelo embate e a luta, revoltando-se contra imposição dos colonos e jesuítas; partida para lugares mais interiorizados, onde teriam menos chances de serem encontrados; e, por fim, o terceiro tipo, em que se rendiam para tentar manter sua cultura e crenças escondidas.

Entendemos ser preciso compreender que todas as técnicas de combate e luta empregadas pelos Cayapó estão relacionadas – e não ligadas completamente - com tudo que dissemos acima, pois, como povos originários que residiam no Brasil, eles não estavam alheios aos tipos de violência que citamos. Dito isso, podemos nos aprofundar nas técnicas que encontramos.

O fogo parecia ser importante nos ataques dos Cayapó. Isso porque, em alguns relatos que encontramos, obtivemos a informação de que eles ateavam fogo nos lugares que atacavam. Nos questionando como esses incêndios eram iniciados, encontramos uma referência ao uso de flechas com fogo, que seriam atiradas contra os inimigos e também nos locais onde aconteciam os ataques. Exemplificaremos de modo mais perceptível – tanto os ataques com fogo quanto o uso das flechas – em dois relatos a seguir, identificados no livro “Relatos Monçoeiros”,

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presentes na notícia prática que o Capitão João Antônio Cabral Camello deu a respeito da viagem que fez de volta das minas do Cuiabá no ano de 1727.

Postos em marcha começamos a caminhar pelo Pantanal sempre à vista dos morros, e atravessando lagoas, e tremedais, e algumas vezes matos chegamos em quatorze dias à primeira roça do Taquari: achamo-la já despovoada; porque o Caiapó lhe matou sete, ou oito pessoas depois de lhe reduzir a cinzas as casas: os que escaparam fugiram para o Cuiabá junto com os que estavam na roça sua vizinha. (TAUNAY, 1981, p. 138).

Aqui falhei com a maior parte do tropa vinte, e três dias, em quanto se faziam as canoas: e algumas foi preciso fazê-las no Rio Pardo na roça do Caijurú, por serem mais capazes, e melhores as madeiras: neste tempo nos lançou nos ranchos fogo em uma flecha o Caiapó: queimaram-se todos, que era g.dos exeto a Capela, e um dos paióis do muito que livramos com as redes, e com lenços molhados, e ensopados em água, cobertos com eles. (TAUNAY, 1981, p. 138).

Nos indagamos também se, no encontro de roças e de alimentos, os Cayapó incendiavam tudo ou se procuravam manter a integridade do que poderiam usar posteriormente para a alimentação. Encontramos apenas um relato a respeito disso, ainda nas notícias da viagem de volta do Capitão João Antônio Cabral Camello.

Pelo caminho de terra desde o Piani até Camapoan além do contínuo trabalho das vigílias, e sentinelas de dia, e de noite, que todas eram precisas, padecemos mil misérias, porque o feijão, que era todo o nosso regalo, não se pôde carregar todo o necessário e assim não comíamos mais, que um pouco de angu, que se fazia para os negros, e brancos de uma pouca de farinha com algum toicinho derretido, ou desfeito na água: em Camapoan também não foi a menor miséria que o Caiapó nos queimou a rancharia, em que ardeu todo o toucinho, e sal, assim o do roceiro, como o lhe tínhamos já comprado para o nosso provimento e assim nos foi preciso passar a puro feijão mais de um mês. (TAUNAY, 1981, p. 140).

Todavia, não temos condições de afirmar que os Cayapó sempre utilizavam de incêndios em seus ataques e que isso era empregado, a todo o momento, por meio de flechas. Não podemos também deduzir que em 100% dos seus ataques eles queimavam todos os alimentos, até porque trabalhar com certezas é algo bastante perigoso para a História.

RELACIONAMENTO COM O MEIO RURAL E O CULTIVO DOS CAYAPÓ

Infelizmente, como as fontes acerca dos Cayapó são bastante escassas e, na maioria das vezes, abordam o caráter de perigosos e traidores que citamos anteriormente, tivemos dificuldades em encontrar informações sobre o cultivo e o relacionamento dos Cayapó com o

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meio rural. Se pensarmos bem, o próprio fato de utilizarem de fogo já demonstra um pouco do relacionamento destes povos com a natureza. Como já abordamos isso no tópico anterior, não retornaremos no assunto novamente. Mas, por meio do livro de Giraldin (1997), encontramos outras informações que podem nos ajudam a entender mais sobre o relacionamento dos Cayapó com o meio rural e a natureza. Segundo Giraldin (1997), os Cayapó tinham costume de fazer cestos e também de utilizar as flechas na prática de escarificação da testa3, que tinha o objetivo de curar dor de cabeça.

Com relação ao cultivo, obtivemos a informação, ainda no livro de Giraldin (1997), de que o amendoim era bastante importante para os Cayapó. Giraldin (1997) tem como umas das teses centrais, em seu livro “Cayapó e Panará. Luta e Sobrevivência de um Povo Jê do Brasil Central”, defender que os Cayapó não estariam extintos logo no início do século XX, como afirma grande parte da historiografia. O autor considera que os Panará – povos que hoje vivem na região norte do Brasil, especialmente no estado do Pará – seriam descendentes de Cayapó que moravam na região de Goiás e teriam migrado para o norte fugindo dos conflitos com os brancos que estavam chegando na região. Neste sentido, entendendo que o cultivo e a importância do amendoim eram iguais ou parecidos para os dois povos, apresentaremos um pouco da relevância que este alimento tinha para os Panará. De acordo com Giraldin (1997), o amendoim representa, para os Panará, o movimento humano no plano da aldeia. A aldeia dos Panará é organizada de maneira circular, de modo que as casas ficam na periferia, enquanto a roça se localiza no centro. Assim,

O amendoim era cultivado no centro da roça de cada grupo familiar, em uma área especialmente limpa para isso, sendo todas as raízes de árvores e arbustos retiradas. Quando colhidos, os amendoins eram levados, pelas mulheres, daquele grupo familiar, para secarem no centro da aldeia, em frente das casas. Depois de secos, eles eram armazenados dentro da casa, onde uma parte servia como alimento enquanto outra era conservada como semente para a próxima plantação. Na próxima estação, eram plantados novamente no centro da roça. (GIRALDIN, 1997, p. 45).

No centro da aldeia há também um local chamado Casa dos Homens, no qual os meninos, depois de certa idade, são levados para crescerem. Eles só retornam para a periferia - ou seja,

3 Prática para curar dores de cabeça, que consistia em lançar flechas - de aproximadamente 20 cm, com pontas de quartzo e arredondas, para não perfurar muito -, repetidas vezes contra o local dolorido, conforme Giraldin (1997).

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as casas - quando se casam. Deste modo, o amendoim tem grande importância simbólica para os Panará e, possivelmente, para os Cayapó, representando o movimento dos meninos no plano da aldeia, pois eles, assim como o amendoim, são levados ainda pequenos para o centro da aldeia, onde irão amadurecer (os meninos na Casa dos Homens e o amendoim na roça) e retornam, depois de maduros, para a periferia.

No contato com as fontes, como dito anteriormente, encontramos poucas informações, mas há um relato no livro “Derrotas”, em que o sertanejo Joaquim Francisco Lopes narra informações acerca de alimentos de indígenas que encontrou plantados próximo ao rio Amambaí. Dada a proximidade deste rio com o rio Paraná e se situando ele no sudeste do atual Mato Grosso do Sul, nos questionamos se esses povos não seriam os Cayapó, visto que povoavam essa região. O relato informa que “os índios mesmos têm muita variedade de plantas, como milho, feijão, mandioca, amendoim, cana, algodão e bananeiras” (2010, p. 132).

Por fim, encontramos um documento4, de 1723, de notícias que o Capitão Antonio Pires de Campos5 deu a respeito de um encontro com povos indígenas na sua viagem para Cuiabá. Este documento foi publicado no Tomo XXV do Jornal do Instituto Histórico Geographico Brasileiro e traz informações interessantes a respeito do cultivo dos Cayapó. Segundo Antonio Pires de Campos, os Cayapó “vivem de suas lavouras, e no que mais se fundam são batatas, milho, e ou’ros legumes” (ANO, p. 437). Deste modo, conjecturamos que os principais alimentos cultivados e consumidos pelos Cayapó tenham sido, possivelmente, feijão, milho, arroz, mandioca e batata.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Apesar da limitação das fontes e de não termos documentos escritos pelos próprios Cayapó, entendemos ter sido possível compreender aquilo que nos propusemos, ou seja, o relacionamento destes povos com o meio rural e com a natureza, alguns dos alimentos cultivados por eles, assim como algumas das suas técnicas de ataque. É evidente que não

4 Segundo Giraldin (1997), é o primeiro documento, do qual se tem conhecimento até agora, a trazer informações acerca dos Cayapó.

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conseguimos compreender o todo e nem trazer certezas, até porque isso não seria possível, como bem apontou Bloch (2001).

Portanto, trabalhamos aqui com hipóteses e possibilidades. Segundo Bloch (2001), a probabilidade, apesar de nunca ser, de fato, uma certeza, pode ser uma evidência. Com isso, por meio da análise crítica dos documentos, quando não temos provas concretas, temos a liberdade de sugerir e de levantar hipóteses. Há muito a avançar nas pesquisas acerca dos Cayapó e as informações que trazemos aqui podem contribuir para futuros estudos.

Este trabalho teve o objetivo de compreender os Cayapó em seu relacionamento com o meio rural e modos de cultivo, os encontros e desencontros com colonizadores e as administrações colonial e imperial, assim como analisar possíveis técnicas de combate, por meio de análise de fontes advindas de relatos de monçoeiros e viajantes que viajaram do sul ao norte do Mato Grosso por caminhos fluviais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIBLIOTECA NACIONAL DE PORTUGAL. [Rio de Janeiro]: Lith. do Imperial Instituto Artistico, [1875?] (Adaptado por ARAÚJO, 2018). Disponível em: http://purl.pt/3429.

BLOCH, Marc. Apologia da História ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.

BREVE NOTÍCIA. Que dá o Capitão Antonio Pires de Campos do gentio barbaro que ha na derrota da viagem das minas do Cuyabá e seu reconcavo. In: Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Tomo XXV, 1862.

CUNHA, Manuela C da. Política indigenista no século XIX. In: Índios no Brasil. S. Paulo: Claro Enigma, 2012.

FERNANDES, Florestan. Antecedentes indígenas: organização social das tribos tupi. IN: HOLANDA, Sérgio Buarque de (Org.) A Época Colonial. História Geral da Civilização

Brasileira. 8ª Ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 1989.

GIRALDIN, Odair. Cayapó e Panará. Luta e Sobrevivência de um Povo Jê do Brasil Central. 1. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 1997. v. 1. 198p.

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HOLANDA, Sérgio Buarque de. Monções.3a ed. ampl.São Paulo: Brasiliense, 1990.

JUZARTE, Teotônio José. Diário da Navegação. Campinas/SP: Editora da Unicamp/ Centro de Memória-Unicamp, 1999.

LOPES, Joaquim Francisco. Derrotas. Campo Grande: Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, 2010. Disponível em: site do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul.

MARTINS, José de Souza. A chegada do Estranho. São Paulo: Hucitec, 1993. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

NOTÍCIAS PRÁTICAS. Das minas do Cuiabá e Goyazes, na Capitania de S. Paulo e Cuiabá, que dá ao Rev. Padre Diogo Soares, o Capitão João Antonio Cabral Camello, sobre a viagem que fez às Minas do Cuiabá no anno de 1727. In: Revista Trimestral de História e Geographia ou Jornal do Instituto Histórico Geographico Brasileiro. Tomo Quarto, n.16, Janeiro de 1843. POMPA, Cristina. Profetas e santidades selvagens. Missionários e caraíbas no Brasil Colonial. São Paulo: Revista Brasileira de História, 2001. v. 21, nº 40, p. 177-195. 2001.

SCHWARTZ, S. Segredos internos – Engenhos e escravos na Sociedade colonial. São Paulo: Companhia da Letras, 1988.

SOUZA, Laura de Mello e. O diabo e a Terra de Santa Cruz. São Paulo: Companhia da Letras, 2005.

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