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Estruturação e análise do processo de institucionalização da governança em Cooperativas Agropecuárias

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Academic year: 2021

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PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL LINHA DE PESQUISA: GESTÃO DE ORGANIZAÇÕES

ADELAR FRANCISCO BAGGIO

ESTRUTURAÇÃO E ANÁLISE DO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DA GOVERNANÇA EM COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS

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ADELAR FRANCISCO BAGGIO

ESTRUTURAÇÃO E ANÁLISE DO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DA GOVERNANÇA EM COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS

Tese de Doutorado apresentada ao curso de Pós-Graduação stricto sensu em Desenvolvimento Regional, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Desenvolvimento Regional.

Professora Orientadora: Dra. Maria Margarete Baccin Brizolla

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Catalogação na Publicação

Ginamara de Oliveira Lima CRB 10/1204

B144

BAGGIO,ADELAR FRANCISCO.

Estruturação e análise do processo de institucionalização da governança em cooperativas agropecuárias / Adelar Francisco Baggio. – Ijuí, 2020.

309 f. ; il. ; 30 cm.

Tese (doutorado) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Desenvolvimento Regional.

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UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional – Doutorado

A Banca Examinadora, abaixo assinada, aprova a Tese

ESTRUTURAÇÃO E ANÁLISE DO PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO DA GOVERNANÇA EM COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS

elaborada por

ADELAR FRANCISCO BAGGIO

como requisito parcial para a obtenção do grau de Doutor em Desenvolvimento Regional

Banca Examinadora:

Prof.ª Dr.ª Maria Margarete Baccin Brizolla (PPGDR/UNIJUÍ): ___________________ Prof.ª Dr.ª Lurdes Marlene Seide Froemming (PPGDR/UNIJUÍ): __________________ Prof. Dr. Nelson José Thesing (PPGDR/UNIJUÍ): ______________________________ Prof. Dr. Martinho Luis Kelm (CONVIDADO ESPECIAL): ______________________ Prof. Dr. Valdir Roque Dallabrida (PMDR/UNC): ______________________________ Prof. Dr. Luis Felipe Dias Lopes (PPGA/UFSM): ______________________________

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Dedico este trabalho a todas as pessoas e instituições que contribuíram para que um sonho marcante de minha história tenha sido realizado e que potencialize muitos outros sonhos.

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AGRADECIMENTOS

No final dos quatro anos da caminhada do curso de doutorado que culmina com esta tese, manifesto minha gratidão para todas as pessoas que de uma ou outra forma compartilharam visões, diálogos, relacionamentos, experiências, questionamentos, sugestões e conhecimentos que contribuíram para que esta pesquisa pudesse, realmente, gerar resultados em prol do cooperativismo e do meu país.

Agradeço à minha família, à FIDENE/UNIJUÍ, a todos os professores e colegas alunos do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Desenvolvimento Regional da UNIJUÍ, que juntos mesclaram amor, apoio, conhecimento, embates e iluminação. Merecem destaque quatro momentos do curso, dada sua importância na construção desta tese: as frutuosas e agradáveis aulas, o promissor evento Seminário de Tese, a Banca de Qualificação e a Banca de Defesa do documento final.

Manifesto minha especial gratidão à minha esposa, Diana Knebel Baggio, aos filhos, Elisa e Daniel, ao meu genro, Tiago, e a minha nora, Elisa, e aos meus queridos netos, Laura, Maria Antonya e Guilherme, com os quais compartilho este trabalho, pois sempre souberam me tolerar e apoiar na caminhada vitoriosa e promissora. Amo vocês. Tenham continuado sucesso e longevidade.

Agradeço à Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB na pessoa do Presidente Márcio Lopes de Freitas e ao grupo técnico do SESCOOP Nacional na pessoa da Susan Miyashita Vilela, da Gerência de Desenvolvimento da Gestão de Cooperativas do SESCCOP Nacional, pela incentivo, disponibilização de relevantes informações, diálogos e questionamentos. Estendo, também, os agradecimentos ao sempre líder cooperativista Roberto Rodrigues e ao Presidente da OCERGS-SESCOOP/RS, Dr. Vergílio Frederico Perius, e suas equipes pela motivação, apoio e prontidão pelo atendimento e disponibilização de valiosas informações.

Destaco o papel importante e decisivo dos meus mestres, Doutores Lurdes Marlene Seide Froemming, Jorge Oneide Sausen, Daniel Kenbel Baggio e dos membros da Banca de Defesa da Tese, doutores Valdir Roque Dallabrida, Nelson José Thesing, Luis Felipe Lopes, pelas brilhantes e eficazes contribuições, amizade e geração de clima acadêmico que fertilizou ideias, sonhos e coragem de propor inovações teórico-práticas. Aos meus Orientadores, Doutores Martinho Luis Kelm e Maria Margarete Baccin

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Brizolla, que não só de forma precisa dirimiram dúvidas e expectativas, mas também compartilharam valiosas sugestões e sábios conhecimentos e orientações.

Aos pesquisadores e palestrantes das duas edições do Simpósio Internacional de Governança Cooperativa, Corporativa e Territorial, Doutores, Mestres e Dirigentes de cooperativas, realizado na UNIJUÍ em 2017 e 2018, pois além de criarem condições acadêmicas promissoras, desvendaram caminhos e oportunidades para o cultivo de relacionamentos, comprometimentos profissionais e atuação como cidadão no cooperativismo brasileiro e de outros países.

Agradeço de coração e com intenso carinho à Cosuel/Dália nas pessoas do Presidente do Conselho de Administração, Gilberto Antônio Piccinini, ao Vice-Presidente do Conselho, Pasqual Bertoldi, ao Vice-Presidente Executivo, Carlos Alberto de Figueiredo Freitas, aos Conselheiros e ex-Conselheiros dos Conselhos de Administração e Fiscal, aos Gerentes das Unidades Estratégicas de Negócios, aos Delegados(as) dos Associados e aos Jovens Líderes filhos dos cooperados, pela sabedoria de considerar importante a realização de estudos técnicos e científicos, bem como pelo total apoio, abertura na disponibilização de informações, sem as quais não poderia construir esta tese, e pelos diálogos e debates conjuntos que foram efetivados. A Cosuel/Dália Alimentos soube muito bem conduzir a experiência de articular a construção da pesquisa científica com as valiosas contribuições e avanços da cooperativa. Merecem, também, agradecimento especial o Contador Ivo Dirceu Villa, a Supervisora Social Tânia da Rosa Kummer e a Secretária Ledi Giongo, pela paciência, presteza em me fornecer informações e cooperação.

Não posso esquecer de agradecer aos pesquisadores e autores de publicações técnicas e científicas que consultei durante o processo de elaboração da tese, pelas valiosas contribuições que serviram de luzes, expansão do conhecimento, construção de convicções e rompimento com visões e atitudes que deveriam ser superadas.

Tenho a sensação de poder continuar contribuindo com maior e mais eficaz instrumentalização técnico-científica e sentimento de felicidade ao cooperativismo, cuja interação soma mais de 50 anos, e à sociedade.

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RESUMO

A presente pesquisa tem como tema central a Estruturação e a Análise do Processo de Institucionalização da Governança em Cooperativas Agropecuárias, tendo como referenciais básicos os parâmetros da governança cooperativa do Sistema OCB (CNCOOP – OCB – SESCOOP) e o estudo de caso da cooperativa Cosuel/Dália Alimentos sediada em Encantado, Estado do Rio Grande do Sul. A pesquisa utilizou como referenciais teóricos as teorias da agência, dos direitos de propriedade e dos custos de transação, a teoria institucional, os parâmetros do cooperativismo, da governança cooperativa e da adaptação estratégica. Investigou em profundidade a caminhada histórica de 1989 a 2017 da cooperativa Cosuel/Dália Alimentos, com foco central no processo de sua reinvenção como cooperativa que se encontrava na situação de quase liquidação até alcançar estabilidade e crescimento. Trata-se de um estudo de caso e as informações coletadas foram obtidas por meio de entrevistas com à Diretoria, Conselhos de Administração e Fiscal, Gerências das Unidades Estratégicas de Negócios, Contador, Encarregada do Setor Social, Delegados(as) de Associados e Jovens filhos de associados da Cosuel. Além disso, foram desenvolvidos valiosos diálogos, contatos, embates e consultas com pesquisadores, especialistas e profissionais do cooperativismo e da governança, entre eles técnicos e profissionais do SESCOOP Nacional e do Sistema OCERGS-SESCOOP/RS. Os principais resultados do estudo assim podem ser resumidos: descrição detalhada do processo de recuperação (reinvenção) da cooperativa, explicitação dos mecanismos e de boas práticas de governança adotadas pela cooperativa durante o período estudado, os avanços alcançados pela Cosuel/Dália Alimentos no período, a concepção e os programas de caráter social e a busca do equilíbrio entre as dimensões econômicas, sociais e culturais. As principais inovações do estudo são: elaboração de 157 Boas Práticas de Governança Cooperativa, tendo por base os parâmetros do Sistema OCB, proposição de 90 Práticas de Controle da Governança que podem ser adotados por cooperativas do Ramo Agropecuário após a implantação da governança, a governança como ferramenta para a busca do equilíbrio entre a dimensão econômica e social das cooperativas do Ramo Agropecuário, o uso de metodologia que permitiu interagir com a cooperativa, objeto da tese, com o sistema cooperativista e com a aproximação entre a governança cooperativa e a governança territorial. A Cosuel/Dália Alimentos adotou 82% das Boas Práticas de Governança Cooperativa, utiliza acima de 95% das práticas de Controle da governança, desenvolve amplo programa de caráter social voltado para os associados e suas famílias e para a comunidade regional, o seu foco de atuação não é o associado, mas a família dos associados. O percentual de 40% do seus cooperados são mulheres, possui quadro associativo organizado e atuante, desenvolve programa promissor junto aos jovens filhos de associados, goza de prestígio no mercado, teve o faturamento acima de U$ 340 milhões de dólares e possuía 4.277 associados em 2018, lida com o agronegócio de leite e suínos, está implantando o Projeto Aves e apresenta várias singularidades quando comparada com outras cooperativas. Nas contribuições finais constam sugestões para o Sistema OCB e para a Cosuel/Dália Alimentos voltadas para a Governança Cooperativa.

Palavras-chave: Governança Cooperativa. Reinvenção Organizacional. Cooperativismo. Desenvolvimento Regional.

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ABSTRACT

This research has as its central theme the Structuring and Analysis of the Institutionalization Process of Governance in Agricultural Cooperatives, having as basic reference the parameters of the OCB Cooperative Governance (CNCOOP - OCB - SESCOOP) and the case study of the Cosuel / Dália Alimentos based in Encantado, State of Rio Grande do Sul. The research used as theoretical references the theories of agency, property rights and transaction costs, institutional theory, the parameters of cooperativism, cooperative governance and strategic adaptation. It investigated in depth the historical journey from 1989 to 2017 of the Cosuel / Dália Alimentos cooperative, with a central focus on the process of its reinvention as a cooperative, which was in a situation of near liquidation until it reached stability and growth. This is a case study and the information collected was obtained through interviews with the Board of Directors, Board of Directors and Fiscal Council, Strategic Business Unit Management, Accountant, Social Sector Officer, Associate and Youth Delegates. children of Cosuel associates. In addition, valuable dialogues, contacts, clashes and consultations were developed with researchers, specialists and professionals of cooperativism and governance, including technicians and professionals from the SESCOOP Nacional and the OCERGS-SESCOOP / RS System. The main results of the study can be summarized as follows: detailed description of the cooperative recovery (reinvention) process, explanation of the mechanisms and good governance practices adopted by the cooperative during the study period, the advances made by Cosuel / Dália Alimentos in the period, the conception and the programs of social character and the search of the balance between the economic, social and cultural dimensions. The main innovations of the study are: the elaboration of 157 Good Practices of Cooperative Governance, based on the parameters of the OCB System, proposition of 90 Governance Control Practices that can be adopted by cooperatives of the Agricultural Branch after the implementation of governance, governance. As a tool for the search for the balance between the economic and social dimension of the cooperatives of the Agricultural Branch, the use of methodology that allowed interacting with the cooperative, object of the thesis, with the cooperative system and with the approximation between cooperative governance and territorial governance. . Cosuel / Dália Alimentos has adopted 82% of Good Cooperative Governance Practices, uses over 95% of Governance Control practices, develops a broad social program aimed at associates and their families and the regional community, its focus of acting is not the associate, but the family of the associates. 40% of its members are women, has an organized and active membership, develops a promising program with young children of members, enjoys prestige in the market, had revenues of over $ 340 million and had 4,277 members in 2018, which deals with the agribusiness of milk and pigs, is implementing the Poultry Project and presents several singularities when compared to other cooperatives. The final contributions include suggestions for the OCB System and Cosuel / Dália Foods for Cooperative Governance.

Keywords: Cooperative Governance. Organizational Reinvention. Cooperativism. Regional development.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - A governança em diferentes agrupamentos conceituais: a amarração a quatro

valores fundamentais...72

Figura 2 – Relação entre os princípios da governança corporativa, os principais agentes da governança e respectivas melhores práticas a serem adotadas pelas organizações...74

Figura 3 – Contexto e estrutura do sistema de governança corporativa...76

Figura 4 – Estrutura básica de governança cooperativa...81

Figura 5 – Contextualização das práticas de governança territorial...83

Figura 6 – Abordagens Teóricas do Estudo...122

Figura 7 – Mapa da região funcional 2 – 2017...131

Figura 8 – Mapa de atuação – 2017...132

Figura 9 – Mapa da área de atuação da Cosuel no contexto do mapa do Estado do Rio Grande do Sul – 2017...132

Figura 10 – Organograma da Cosuel – 2018...193

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Aspectos da sociedade cooperativa e empresária...66 Quadro 2 – Princípios da governança corporativa e respectivos conceitos básicos...75 Quadro 3 – Princípios da Governança Corporativa e Princípios da Governança Cooperativa e do Cooperativismo...80 Quadro 4 – Número de estudos recentes, por ano de publicação, sobre governança de cooperativas...93 Quadro 5 - Síntese das principais constatações e conclusões a que chegaram os estudos acima apresentados...114 Quadro 6 – Períodos estratégicos e eventos críticos da Cosuel (1989–2017)...157 Quadro 7 - Total de Boas Práticas de Governança definidas pelo Sistema OCB, sua adoção na Cosuel e grau de importância atribuído pelo agentes da pesquisa...213 Quadro 8 - Forças externas e internas de controle da governança...222

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Evolução do número de cooperativas, de associados e de empregados do

Sistema OCB -2001 a 2015...54

Tabela 2 - Evolução do número de cooperativas agropecuárias, cooperados e número médio de cooperados por cooperativas no Brasil no período de 1940 a 2010...54

Tabela 3 – Evolução do nº de associados e de funcionários – 1989 a 2017...135

Tabela 4 – Idade dos sócios...135

Tabela 5 - Grau de Escolaridade dos Associados – 2017...136

Tabela 6 – Acesso às Tecnologias Eletrônicas – 2017...136

Tabela 7 – Evolução da Cosuel – Período de 1989 -2017...142

Tabela 8 – Avaliação dos delegados, gerentes de divisões de negócios e associados da Cosuel pelas pessoas entrevistadas – 2017...149

Tabela 9 – Adoção e avaliação da importância das Boas Práticas de Governança, na percepção dos sujeitos de pesquisa ...191

Tabela 10 – Grau de satisfação que o associado tem em ser sócio da Cooperativa – 2017...200

Tabela 11 – Indicação dos quatro principais motivos para ser sócio da cooperativa – 2017...200

Tabela 12 – Assistência Técnica – 2017...201

Tabela 13 – Avaliação da qualidade dos serviços prestados pela cooperativa – 2017...202

Tabela 14 – Comunicação entre a Cooperativa e seus Associados – 2017...204

Tabela 15 – Indicações de setores com os quais associados afirmam ter dificuldades de comunicação – 2017...204

Tabela 16 – Categorias de forças externas e forças internas de controle da governança e seu desdobramento em práticas para uso em cooperativas agropecuárias...223

Tabela 17 – Respostas referentes às práticas internas e externas de controle da Governança...225

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

ABCOOP - Aliança Brasileira de Cooperativas ACI - Aliança Cooperativa Internacional ASA - América Sociedade Agrícola

APPCC – Análise de Perigo e Pontos Críticos de Controle BC – Banco Central do Brasil

BCG - Boston Consulting Group BI - Business Intelligence

BM&FBOVESPA - Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros BPF – Boas Práticas de Fabricação

BRDE - Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul BSC – Balanced Scorecard

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CA – Conselho de Administração

CLT - Consolidação das Leis do Trabalho

CNCOOP - Confederação Nacional das Cooperativas

CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico COSUEL - Cooperativa de Suinocultores de Encantado Ltda

COSIF - Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional

CONCRAB – Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil Ltda COREDE - Conselho Regional de Desenvolvimento da Região do Vale do Rio Pardo COTRIJUI – Cooperativa Agropecuária & Industrial

COTRISA – Cooperativa Tritícola de Santo Ângelo Ltda COOPERALFA – Cooperativa Agroindustrial Alfa CPC 09 - Comitê de Pronunciamentos Contábeis

CREDICREL - Cooperativa de Crédito Rural de Encantado Ltda.

CRESOL - Sistema de Cooperativa de Crédito Rural com Interação Solidária CVM - Comissão de Valores Mobiliários

DACEC - Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação

DÁLIA/DÁLIA ALIMENTOS – Cooperativa Dália Alimentos LTDA DAF – Divisão Administrativo Financeira

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DCQ – Divisão Controle da Qualidade

DCM – Divisão Comércio e Marketing/Produtos Suínos DCM – Divisão Comércio e Marketing/Produtos Lácteos DPL - Divisão Produtos Lácteos

DPA – Divisão Produção Agropecuária DPS – Divisão Produtos Suínos

DV - Divisão Varejo

DVA - Demonstração do Valor Adicionado

EBPC - Encontro Brasileiro de Pesquisadores em Cooperativismo ENEO – Encontro Nacional de Estudos Organizacionais

ERP - Enterprise Resource Planning EUA – Estados Unidos da América

FATES – Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social FEE - Fundação de Economia e Estatística

FECOTRIGO - Federação das Cooperativas Tritícolas do Rio Grande do Sul

FEA/RP - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto FGV– Fundação Getúlio Vargas

FIDENE - Fundação de Integração, Desenvolvimento e Educação do Noroeste do Estado FNQ - Fundação Nacional da Qualidade

GCQ – Grupo de Controle da Qualidade

IBGC - Instituto Brasileiro de Governança Corporativa ICA – International Cooperative Alliance

ICGN - International Corpate Governance Network IDH - Índice de Desenvolvimento Humano

INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária MEG - Modelo de Excelência da Gestão

MST - Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra NEI - Nova Economia Institucional

OCB - Organização das Cooperativas do Brasil.

OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico OCEPAR – Organização das Cooperativas do Estado do Paraná

OCERGS - Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul OCESC – Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina OIT - Organização Internacional do Trabalho

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PDGC - Programa de Desenvolvimento da Gestão das Cooperativas PGQP – Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade

PIB – Produto Interno Bruto

PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PPHO – Procedimento Padronizado de Higiene Operacional PREVI - Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil PRS - Programa de Retribuição Social

RATES- Reserva de Assistência Técnica e Educacional e Reserva Legal RAE – Revista de Administração de Empresas

RECOOP - Programa de Revitalização do Cooperativismo de Produção Agropecuária SCA - Sistema Cooperativista dos Assentados

SESCOOP – Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo

SESCOOP/RS - Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo do Estado do Rio Grande Do Sul

SEMEAD - Seminário de Administração SICREDI - Sistema de Crédito Cooperativo UHT - Ultra High Temperature

UNASCO - União Nacional das Associações Cooperativas UNISINOS – Universidade do Vale do Rio dos Sinos UNICOOP - Central Nacional de Cooperativas

UNIJUI – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul USP - Universidade de São Paulo

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...18

1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO...21

1.1 Delimitação do Tema e especificação do Problema de Pesquisa...21

1.2 Objetivos...28

1.2.1 Objetivo Geral...28

1.2.2 Objetivos Específicos...28

1.3 Justificativa do estudo...29

2 REFERENCIAIS TEÓRICOS...31

2.1 Teoria da Firma, da Agência, dos Direitos de Propriedade e dos Custos de Transação...31 2.1.1 Teoria da Firma...31 2.1.2 Teoria da Agência...34 2.1.3 Direitos de Propriedade...37 2.1.4 Custos de Transações...39 2.2 Teoria Institucional...40

2.3 Cooperativismo e organizações cooperativas...46

2.3.1 Características especiais das cooperativas ...60

2.4 Governança...69

2.4.1 Governança Corporativa...73

2.4.2 Governança Cooperativa...77

2.4.3 Governança Territorial...81

2.4.4 Adaptação Estratégica...84

2.4.5 Origem e evolução dos Códigos e Manuais de Boas Práticas de Governança...86

2.4.6 Estado da arte da produção intelectual sobre governança cooperativa...93

3 METODOLOGIA DA PESQUISA, COLETA E SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS ...118

3.1 Caracterização da Pesquisa...118

3.2 Desenho da Pesquisa. ...121

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3.4 Coleta e sistematização dos dados ...123

3.4.1 Qualificação do pesquisador e dos sujeitos da pesquisa e técnicas utilizadas para coleta dos dados ...123

A) Qualificação do Pesquisador e dos sujeitos da pesquisa...123

3.4.2 Técnicas utilizadas para coleta dos dados e respectivos sujeitos entrevistados ...127

A) Entrevista com uso de formulário ...128

B) Questionário ...127

3.4.3 Consultas aos seguintes documentos ...129

3.4.4 Reuniões, Eventos, Contatos e Visitas Técnicas de Intercâmbio...129

3.4.5 Reuniões e Reflexões com a Diretoria e com o Conselho de Administração da Cosuel...130

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA...131

4.1 Caracterização e Evolução da Cooperativa...131

4.1.1 Constituição e Informações Gerais...131

4.1.2 Evolução do Quadro Associativo e do Quadro de Funcionários...134

4.1.3 Caracterização dos Associados e Familiares...136

A) Associados Proprietários...136

B) Jovens filhos de associados...138

C) Mulheres Associadas...138

D) Sucessão na propriedade...139

4.1.4 Parcerias ...140

4.1.5 Aspectos Econômicos e Financeiros ...140

A) Negócios Atuais da Cooperativa...140

B) Evolução Econômica-Financeira...141

a) Faturamento...144

b) Despesas financeiras...144

c) Sobras...144

4.1.6 Aspecto Social ...145

4.2 Temas pontuais relevantes abordados pelos sujeitos da pesquisa...148

4.2.1 Vantagens de ser associado da Cosuel...148

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4.2.3 Avaliação dos Associados, Delegados e Gerentes...149

4.2.4 Singularidade e Perspectivas Futuras da Cooperativa...149

4.3 Opção pela Reinvenção da Cooperativa e pela Institucionalização da Governança...152

4.3.1 Ponto de Partida da Reinvenção da Cosuel...152

4.3.2 Processo de Adoção da Governança pela Cosuel...155

4.3.3 Detalhamento do Processo de Reinvenção da Cooperativa e da institucionalização da governança...157

4.4 Adoção e Institucionalização das Boas Práticas de Governança na Cosuel...188

4.4.1 Sistematização das informações coletadas através do questionário sobre a Adoção e Avaliação de Boas Práticas...189

A) Coleta e Sistematização das Informações ...189

B) Estrutura de Governança da Cosuel...192

C) Estrutura do Quadro Associativo...197

D) Relação entre a Cooperativa e seus Associados...199

E) Caracterização dos associados...199

F) Razões para ser sócio da cooperativa...199

G) Assistência técnica...201

H) Avaliação dos serviços prestados...201

I) Comunicação entre a Cooperativa e os Associados...203

J) Opiniões dos Entrevistados sobre a Governança Cooperativa na Cosuel...204

4.4.2 Mecanismos e Boas Práticas de Governança do Sistema OCB e Conflitos de Agência nas Cooperativas...208

4.4.3 Problemas clássicos do quadro associativo das cooperativas agropecuárias...218

4.4.4 Harmonização dos interesses das partes envolvidas nos negócios da Cosuel...221

4.4.5 A implantação da governança cooperativa e os avanços ocorridos com relação a cada princípio da governança na Cosuel...226

4.4.6 Relações entre o subsistema associativo e o negócio da cooperativa...235

4.4.7 Conexões entre os referenciais teóricos da pesquisa e a realidade do caso estudado...237

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 239

(19)

APÊNDICE A...270 APÊNDICE B...282 APÊNDICE C...301

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INTRODUÇÃO

As organizações exercem papel fundamental na sociedade contemporânea e a tomada de consciência deste fato tem levado à busca da construção de referenciais técnico-científicos para sua compreensão e motivaram a realização de inúmeros estudos acadêmicos sobre as mesmas, focando os mais diferentes aspectos sob várias abordagens teóricas.

Esta pesquisa tem como foco o estudo das organizações, especificamente das organizações cooperativas, as quais possuem características especiais que as diferenciam das empresas exclusivamente mercantis. Dentre essas características pode-se destacar: são sociedades de pessoas, não de capital; cada associado representa um voto, enquanto que nas organizações mercantis o poder se baseia na quantidade de cotas/ações dos acionistas; as cooperativas não visam ao lucro e suas sobras são distribuídas entre os associados na proporção de suas operações econômicas com a cooperativa; as cooperativas não têm apenas a dimensão econômica, mas também a dimensão social na sua constituição jurídica.

O cooperativismo, segundo a Aliança Cooperativa Internacional – ACI (2017), está presente em mais de uma centena de países, conta com mais de um bilhão de associados e o número total destes associados representa três vezes mais do que o número de acionistas das empresas mercantis. É regulado por legislação específica de cada país e por princípios cooperativistas que são comuns para todas as nações.

No Brasil, o cooperativismo é atuante, representando, segundo a Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul - OCERGS (2017), 6% do PIB nacional e exerce papel relevante através dos 13 Ramos do Sistema Cooperativista, cuja denominação é: agropecuário, consumo, crédito, educacional, especial, infraestrutura, habitacional, produção, mineral, trabalho, saúde, turismo e lazer e transporte. As cooperativas agropecuárias, objeto deste estudo, exercem liderança no sistema desde a década de cinquenta do século passado e atuam nos mais diferentes ramos do agronegócio. Representam expressiva participação nos negócios da soja, café, açúcar, álcool, trigo, milho, suínos, vinhos, sucos, leite, aves, entre outros.

Tendo em vista a relevância do cooperativismo em âmbito nacional e em todos os estados brasileiros, bem como em função das potencialidades que representa para o

(21)

desenvolvimento das suas regiões de atuação, é importante desenvolver estudos acadêmicos voltados para as cooperativas buscando gerar subsídios que contribuam para sua sobrevivência e crescimento.

Este estudo busca descrever, analisar e avaliar o processo de institucionalização da governança em uma cooperativa agropecuária à luz dos parâmetros da governança cooperativa definidos pelo Sistema OCB - Organização das Cooperativas Brasileiras que é formado em conjunto com a Confederação das Cooperativas Brasileiras – CNCOOP e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo – SESCOOP.

A construção dos parâmetros técnicos da governança cooperativa no Brasil teve início em meados da primeira dezena deste século por estímulo do Banco Central do Brasil direcionados para o Ramo de Crédito.

O início da implantação ocorreu em 2008 pela adoção das cooperativas do crédito dos referenciais técnicos definidos no documento Governança Cooperativa – Diretrizes para Boas Práticas de Governança em Cooperativas de Crédito, publicado pelo Banco Central do Brasil.

O Sistema OCB (CNCOOP – OCB – SESCOOP) em conjunto com o Instituto Brasileiro da Governança Corporativa (IBGC) desenvolveram estudos sobre a temática durante os anos de 2013, 2014 e 2015 com o objetivo de construir parâmetros específicos para todos os Ramos do Cooperativismo, tendo como referência básica a governança corporativa. Contudo, não ocorreu o entendimento entre as duas partes e em 2016 ambas publicaram documentos distintos sobre o assunto.

As cooperativas do Ramo do Crédito continuaram a adotar a governança tendo como referência as orientações do documento publicado pelo Banco Central do Brasil e as Cooperativas do Ramo da Saúde, em conjunto com algumas cooperativas de outros Ramos continuaram o processo de implantação das Boas Práticas da Governança Corporativa, que tinha iniciado em 2013, obedecendo aos parâmetros do IBGC, já que, segundo resultado do estudo de Quelhas (2013) constatou que não existia, tanto no meio acadêmico como no meio organizacional, um modelo de diagnóstico capaz de avaliar o nível de adoção de Práticas de Governança Cooperativa.

A partir de 2016 após a publicação do Manual de Boas Práticas da Governança Cooperativa pelo Sistema OCB, a maior parte dos Ramos Cooperativista iniciou o

(22)

processo de adoção da governança cooperativa gerando uma divisão de orientações técnicas do IBGC e do Sistema OCB, o que continua até os dias atuais.

A governança cooperativa tomou corpo durante os últimos anos, particularmente através de estímulos do Sistema Cooperativista e busca a sua consolidação junto às cooperativas.

Os parâmetros técnicos definidos pelo Sistema OCB apresentam diferenças daqueles do IBGC, visando atender as especificidades das cooperativas.

É neste contexto que esta pesquisa tem seu foco principal voltado para a governança cooperativa, destacando aspectos relevantes específicos tomados em consideração pelo Ramo Agropecuário.

Os principais aspectos relacionam-se com a busca do equilíbrio entre as dimensões econômica e social das cooperativas, a presença e a governança dos conflitos de agência, as diferentes formas da organização e participação do quadro associativo na gestão das cooperativas e a adoção dos mecanismos e as Boas Práticas de Governança Cooperativa por uma cooperativa do Ramo Agropecuário.

Os resultados da pesquisa poderão contribuir tanto para o aperfeiçoamento dos parâmetros definidos pelo Sistema OCB quanto pela identificação, tratamento e equalização de problemas específicos da governança em cooperativas, na busca do seu melhor desempenho, com melhorias para seus associados e contribuição ao desenvolvimento regional.

A pesquisa está organizada em cinco capítulos, além da introdução. O primeiro trata da delimitação do tema, do problema, da justificativa e dos objetivos da pesquisa; o segundo dos referenciais teóricos; o terceiro da metodologia da pesquisa, coleta e sistematização dos dados; o quarto trata dos resultados da pesquisa; e, o último das considerações finais.

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

1.1 Delimitação do Tema e especificação do Problema de Pesquisa

A sociedade contemporânea é uma sociedade de organizações, pois elas são um componente predominante para a coletividade, como afirma Perrow (1991, p. 726):

[...] as organizações absorveram a sociedade e nos tornamos uma sociedade de organizações. A duração de nossa vida tem a presença constante das organizações. É simplesmente impossível escapar delas. As organizações são tão inevitáveis quanto a morte e os impostos.

As pessoas atualmente, na visão de Centerie (2003, p. 1),

[...] passam a maior parte do seu tempo em organizações das quais dependem para nascer, viver, aprender, trabalhar, ganhar seu salário, curar suas doenças, obter todos os seus produtos e serviços de que necessitam. Somos educados por organizações e quase todos nós passamos a vida a trabalhar para organizações. Passamos muitas de nossas horas de lazer, a pagar, a jogar e a rezar em organizações. Quase todos nós morreremos numa organização, e quando chegar o momento do funeral, a maior de todas as organizações - o Estado - precisa dar uma licença especial.

Child (1976) assinala que se deve continuar a investigação sobre organizações pois elas continuarão a crescer, a burocratizar, a centralizar e a se expandir. Em outras palavras, sem elas teremos uma repetição do que já existe, o que pode ser uma conclusão deprimente. Hall (2004, p. 24) afirma que “[...] as grandes transformações sociais da história têm sido essencialmente baseadas em organizações, tanto aquelas de impacto positivo quanto as de impacto negativo”.

Existem muitas e diversificadas abordagens epistemológicas e teóricas sobre organizações. O mosaico de conceitos que emerge destas abordagens representa a multiplicidade de papéis e benefícios a elas atribuídos e, por outro lado, a explicitação das expectativas das pessoas com relação às mesmas.

Apesar de tudo, Piaia (2013, p. 260) sustenta que “[...] ainda há alguma confusão básica sobre o conceito central de instituições. Como bem enfatiza Oliver Williamnson: a confissão é que ainda somos muito ignorantes sobre instituições”.

Tendo em vista a diversidade de conceitos, pode-se afirmar que as organizações são criações legais, arranjos de contratos, ambientes de aprendizagem, união de pessoas, sistemas abertos e multifacetados impulsionadores de avanços do desenvolvimento, espaços promissores para as pessoas, fontes geradoras de oportunidades que desafiam a

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criatividade e o empreendedorismo das pessoas contribuindo para a sua realização pessoal, com avanços na sociedade.

Hall (2004, p. 28) afirma

[...] que as organizações possuem características diferenciadas, além da especificidade e continuidade da meta. Essas características incluem fronteiras relativamente fixas, uma ordem normativa, níveis de participação, hierarquia, trabalho conjunto para a realização de metas comuns.

Existem conflitos entre as diferentes abordagens voltadas para as organizações. Mais recentemente, conforme afirmam Hall (2004) e Whittington (2002), Mintzberg, Lampel e Ahlstrand (2000), Smircihh e Stubrart (1985), Burrell e Morgam, Meirelles e Gonçalves (2005): é possível haver complementaridade no uso de diferentes teorias quando da execução de estudos científicos sobre as organizações. Estes posicionamentos de pesquisadores que integram diferentes escolas do conhecimento sugerem que, dada a tendência de ampliação da globalização, bem como a complexidade e a diversidade das organizações, sejam utilizadas várias escolas do saber, quando da realização de estudos sobre organizações.

Um dos fatores fundamentais da organização e do seu funcionamento é a gestão. A diversidade de escolas relacionadas com a gestão, resultantes das diferentes correntes do pensamento científico, disponibiliza valiosos referenciais alternativos que podem ser utilizados pelos diferentes tipos de entidades.

Este estudo, voltado para as organizações cooperativas, reporta-se, por um lado, para os referenciais gerais do conjunto das organizações, e, por outro lado, leva em consideração as especificidades destas cooperativas. Especificidades estas que emergem das seguintes bases: legislação, caráter jurídico institucional, filosofia do cooperativismo, dinâmica do poder, estrutura do capital, propriedade-controle, pertencimento ao sistema cooperativista, inserção no desenvolvimento regional, dimensão econômica e social da cooperativa, estratégias de longevidade, transparência e democracia.

Especificamente com relação às cooperativas agropecuárias, em sua maioria, segundo Herold (2015, p. 48),

[...] a motivação inicial foi suprir uma necessidade aos associados que não possuíam, no momento de sua constituição, alternativas adequadas de fomento, de armazenagem, de produção ou comercialização de seus produtos. Este contexto fez com que grupos de produtores rurais se associassem e

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constituíssem organizações (subsistema associativo) que passaram a atender, na forma de negócio, as demandas mencionadas.

Neste sentido, no entender de Utumi et al. (1973, p. 50), [...] as empresas cooperativas são a defesa dos produtores, dos consumidores e dos que tornam empréstimos, contra a exploração por parte dos componentes da cadeia de distribuição que os liga.

Na maioria das situações estas iniciativas se mostraram bastante promissoras e o crescimento do sistema de cooperativas agropecuárias foi evidente (SCHNEIDER, 1999). Ocorre, entretanto, que o mercado também foi percebendo lacunas de negócio (negócios) e novas alternativas de suprimento daquelas carências foram sendo constituídas por meio de outras organizações, geralmente organizações de capital. Este fato, mais do que ampliar as alternativas para os produtores com relação à oferta e a (à) demanda de um conjunto de produtos e serviços, força o sistema organizacional das cooperativas a aperfeiçoar seus subsistemas para que estes operem com competência em um contexto de alternativas.

As cooperativas também têm, segundo Pivoto (2015, p. 14), “[...] de um lado, o grupo cooperativo (a associação), e, de outro, a atividade cooperativa (a empresa), que objetiva servir às economias individuais associadas (cooperados)”.

Essa natureza dúplice constitui uma das características essenciais desse tipo societário. A associação é a entidade formada por um agrupamento de pessoas com interesses semelhantes, enquanto a empresa é a unidade econômica criada pela associação para produzir bens ou serviços requeridos pelos indivíduos cooperados (PIVOTO, 2015, p. 42).

O negócio cooperativo destaca Pivoto (2015, p. 42),

[...] conta com um conjunto de orientações que estabelecem a forma de relacionamento entre a cooperativa e os cooperados. Essas orientações são denominadas “Princípios Cooperativistas” e tornam-se diferentes de outros empreendimentos econômicos. Tais diferenças são encontradas na finalidade de cooperativa, na forma de propriedade e de controle e na forma como são distribuídas as sobras operacionais geradas.

Seguindo a mesma linha conceitual, Ferreira (2016, p. 17) afirma que nas cooperativas duas questões merecem destaque:

[...] a primeira é que a cooperativa possui duas dimensões, uma econômica e uma social, ou seja, é uma organização que possui uma atividade econômica,

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mas que tem por principal finalidade a geração de benefícios ou melhorias para o seu quadro social – os associados. Isso caracteriza um desafio, que é manter o equilíbrio entre o lado empresa e o lado associação de pessoas. Pinho (1986) já argumentava que as cooperativas acarretam muitas dificuldades aos seus gestores, pois combinam os caracteres de associação e de empresa. Se estes priorizarem o aspecto associativo, correrão o risco de encontrar problemas na gestão financeira. Por outro lado, se considerarem apenas o aspecto empresarial, poderão distanciar-se dos cooperados e esquecer as finalidades sociais da cooperativa.

Pinho (1986) salienta que “o ideal será, evidentemente, o equilíbrio entre ambos os enfoques”.

Neste sentido, Ferreira (2016, p. 17 e 22) argumenta que

[...] a principal razão para a existência de estruturas econômicas intermediárias, como as cooperativas, centra-se no fato de que estas possibilitam uma diminuição de riscos e uma agregação de valor para os produtores rurais que, isoladamente, em muitos casos, não teriam condições favoráveis de relacionamento com os mercados concentrados.

[...] em função de suas características peculiares, enfrentam dificuldades de gestão e governança, o que impacta negativamente na competitividade dessas organizações e, consequentemente, nos efeitos sociais que delas se esperam.

Outro dilema que surge do duplo papel das cooperativas, segundo Girola et al. (2012), “é a gestão da infidelidade dos cooperados, o que faz com que o associado procure a associação, mesmo que seja em detrimento da empresa cooperativa e dos cooperados fiéis”.

Boesche e Mafioletti (2005) destacam que manter o equilíbrio entre a dimensão do social e do econômico é o principal desafio do cooperativismo, já que o ambiente de competição das cooperativas é o mesmo de todas as outras organizações. Por isso, as cooperativas precisam ser economicamente eficientes, para se manterem no mercado, mas sem deixar de lado a finalidade social em relação aos seus associados. Bialoskorski Neto (2001) complementa que desempenho econômico e de mercado é condição fundamental para o bom desempenho social das cooperativas.

Lazzarini, Bialoskorski Neto e Chaddad (1999) salientam que os princípios doutrinários do cooperativismo estabelecem feições particulares às organizações cooperativas. Tais particularidades são estabelecidas pelo fato de que os direitos de controle não são proporcionais ao capital (em função do princípio de “um homem, um voto”) e pela característica de organização com objetivos mais amplos que a simples maximização do lucro. Os autores reiteram que o objetivo principal da cooperativa é aumentar o bem-estar do seu quadro de membros.

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Tendo em vista as considerações acerca do equilíbrio das duas dimensões a pesquisa toma como premissa que as organizações podem ser analisadas em uma perspectiva sistêmica e que estas são compostas por dois subsistemas inter-relacionados que, pela consecução de cada um de seus objetivos e pela sua ação sinérgica, viabilizam a existência e a longevidade das organizações. Estes dois subsistemas podem ser denominados de subsistema associativo e subsistema de negócio. O primeiro subsistema envolve a dinâmica de aglutinação de pessoas com vistas à busca, por esta associação, do atingimento de um determinado objetivo. Ou seja, neste subsistema as pessoas buscam atender um objetivo comum a partir de uma estrutura jurídica específica, que pode ser uma sociedade limitada, uma sociedade anônima e também uma sociedade cooperativa.

O segundo subsistema que compõe o sistema organizacional é o subsistema de negócio, que é a dimensão instrumental pela qual a organização dá forma, conduz e busca atingir os objetivos do sistema associativo. É a dimensão visível da organização, pois no sistema de negócio é que está disposta a estrutura organizacional e hierárquica, bem como a sua contribuição à sociedade através de produtos e serviços. É neste subsistema que devem ser analisadas as relações com o mercado, de produção, tecnologia, inovação, recursos, cadeia de fornecimento e todos os demais aspectos que compõem o negócio de uma organização.

Estes dois subsistemas devem conviver, mas a dimensão associativa deve se alinhar e contribuir para a eficiência do negócio, ou seja, deve haver uma gestão, por um lado, com especificidades para cada um dos dois subsistemas, e, por outro lado, voltada principalmente para a sobrevivência e a longevidade da organização.

A dimensão associativa é constituída por uma ficção legal ou um sistema que se materializa numa entidade denominada de “firma ou empresa”, que se estrutura a partir dos direitos de propriedade. Os atores que compõe a dimensão associativa possuem invariavelmente um comportamento de maximização de seus interesses e buscam na associação o atendimento destes interesses.

A dimensão do negócio opera em um contexto de incerteza, de assunção de risco com expectativas de retornos. Na dimensão do negócio a eficiência na seleção e uso dos recursos é determinante para a consecução dos objetivos que são alcançados pela eficácia junto ao mercado. Dada sua relevância, deve ser eleita como prioritária para a organização.

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A ação integrada e interdependente dos subsistemas associativo e do negócio compõe o Sistema Organizacional, que, por sua vez, integra o macrossistema sócio-político-econômico e ambiental. Os dois subsistemas que formam o sistema organizacional sofrem episodicamente influências de políticas e ações do macrossistema que podem interferir na sua eficiência e eficácia. Cada um dos sistemas deve apresentar atrativos de eficiência e interdependência para garantir a permanência dos atores. Caso isto não aconteça, surgem conflitos de agência. Os princípios ideológicos constituidores da dimensão associativa tendem a não ser suficientes à coesão e permanência dos atores em um contexto de ineficiência do negócio.

A eficiência e a competitividade do negócio exige que se devem levar em consideração os parâmetros do mercado e isto pode influenciar de forma determinante os princípios da dimensão associativa. Neste contexto, a organização pode desenvolver, paulatinamente, mecanismos específicos de proteção/não contaminação da “eficiência do negócio” frente aos elementos da dimensão “associativa”. O não desenvolvimento destes mecanismos pode comprometer a continuidade da organização, já que está inserida no mercado de competição.

Em termos gerais, as ações sociais, ou seja, aquelas que aparentemente não se vinculam intrinsecamente ao negócio, poderão contribuir na eficiência do sistema organizacional se analisadas e executadas na perspectiva do subsistema de negócio, ou seja, em geral, nas organizações mercantis, o negócio orienta a dimensão social. No cooperativismo, a influência da dimensão associativa no negócio tende a ampliar o espectro de atuação da organização, gerando custos de transações e custos de agência que tendem a comprometer a eficiência do negócio. Contudo, poderá, por um lado, contribuir para melhor desempenho da cooperativa, e, por outro lado, obrigá-la a buscar o equilíbrio entre os dois subsistemas. O aprofundamento deste debate deverá se dar no decorrer do estudo a partir das diversas abordagens teóricas.

As cooperativas constituem um modelo organizacional que pressupõe uma profunda interação da dimensão associativa com a dimensão do negócio que, se não for corretamente equacionada ou considerada, pode ser disfuncional à sustentabilidade organizacional. Isto ocorre porque no subsistema associativo da cooperativa os atores internos poderão buscar interferir nas ações da organização de modo a buscar interesses particulares não vinculados naturalmente ao subsistema do negócio para o atendimento

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de interesses particulares e locais. Isto pode ocorrer, também, através de pressões de cooperados ou grupos de cooperados que buscam privilégios especiais relacionados com a dimensão social.

Outro aspecto fundamental na dinâmica organizacional, de forma especial no caso das cooperativas agropecuárias, refere-se aos fatores que motivaram a sua constituição e as eventuais modificações deste cenário. Em princípio, as alternativas de ação cooperativa surgem a partir de dois contextos possíveis: necessidades comuns de pessoas sem perspectivas de atendimento em um determinado espaço geográfico (ou estrato populacional) ou de oportunidades de maximização de interesses a partir de uma ação inovadora associativa.

Neste contexto de múltiplas disponibilidades de serviços, que poderão ser aproveitados pelas organizações (em contraposição ao contexto anterior de necessidades), o comportamento de maximização de bem-estar individual e/ou local pode ser superior aos princípios do cooperativismo e do coletivo, conduzindo os atores a se pautarem pela maximização de seu bem-estar individual ou local em detrimento dos propósitos coletivos. Neste sentido, faz-se mister buscar o reposicionamento da gestão e dos negócios das cooperativas.

Os estudos sobre estas duas dimensões no segmento do cooperativismo agropecuário ainda não conseguiram definir mecanismos sólidos de compatibilização da dimensão associativa e do negócio, bem como da minimização dos conflitos de agência e dos custos de transação. Desta forma será necessário levantar o estado da arte nos estudos de cooperativismo que discutem a estrutura de propriedade, conflitos de interesse e mecanismos de coordenação das relações entre os proprietários (principal) e os executivos contratados (agentes).

Desta maneira, o tema desta tese envolve os fatores e mecanismos de compatibilização das dimensões associativa e do negócio na cooperativa e a análise de seu processo de institucionalização, à luz dos fundamentos teóricos voltados para a temática.

A partir deste contexto, pode-se definir o problema de pesquisa a partir da seguinte questão: Quais são os mecanismos e práticas da governança cooperativa sustentadores da

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relação de equilíbrio entre os subsistemas associativo e do negócio da Cooperativa de Suinocultores de Encantado Ltda. – Cosuel?

Tendo em vista esta problemática, é investigado o contexto institucional das cooperativas agropecuárias em termos de objetivos, estrutura de propriedade, conflito de interesses dos diversos atores organizacionais, os mecanismos de governança organizacional e suas possibilidades e limitações no equacionamento dos conflitos de agência tendo como parâmetros a governança cooperativa definida pelo Sistema OCB e sua aplicação no caso específico da Cosuel.

O controle democrático, a escolha dos dirigentes, o papel do capital, os direitos difusos e a doutrina podem servir de fatores que, por um lado, favorecem o bom desempenho das cooperativas, e, por outro, podem se constituir em fatores geradores de conflitos de agência e outros entraves na administração das cooperativas, resultando na diminuição do seu desempenho. A governança pode servir de apoio aos dirigentes de cooperativas na busca da minimização dos conflitos internos.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Investigar mecanismos e práticas da governança cooperativa sustentadores da relação de equilíbrio entre os subsistemas associativo e do negócio da Cooperativa de Suinocultores de Encantado Ltda. – Cosuel.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Apresentar os mecanismos e as boas práticas de Governança Cooperativa recomendadas pelo Sistema OCB;

b) Caracterizar os principais problemas de agência e das relações entre os subsistemas associativo e do negócio da Cosuel que ocorreram durante o período de 1989 a 2017;

c) Investigar os mecanismos e as boas práticas institucionalizadas pela Cosuel no sentido de minimizar os problemas de agência e de compatibilizar os dois subsistemas durante o período estudado, à luz dos referenciais teóricos e das recomendações da governança cooperativa;

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d)

Propor alternativas que busquem o aperfeiçoamento tanto dos mecanismos e das práticas de governança sugeridos pelo sistema OCB, quanto daquelas institucionalizadas pela Cosuel.

1.3 Justificativa do estudo

Dentre os inúmeros estudos acadêmicos desenvolvidos nas últimas décadas sobre organizações, é possível destacar um conjunto deles voltados para a gestão e a governança.

As contribuições destes estudos resultaram em referenciais técnico-científicos que poderão ser utilizados pelas organizações em geral e, de forma especial, pelas empresas mercantis.

A governança em cooperativas, objeto deste estudo, somente mereceu tratamento especial a partir do início deste século, embora o cooperativismo tenha tido relevante participação no PIB Brasileiro, representando, nos últimos anos, segundo o IBGE, em torno de 6% do mesmo.

Neste sentido, tanto o Instituto Brasileiro de Governança Cooperativa – IBGC quanto o Sistema OCB (CNCOOP, OCB e SESCOOP) disponibilizaram parâmetros técnicos para as cooperativas visando à implantação da governança cooperativa com o intuito de favorecer o alcance dos seus propósitos básicos voltados para os subsistemas associativo e de mercado.

O estudo se volta para aspectos relevantes que ainda são lacunas do conhecimento que marcam a governança em cooperativas brasileiras, e que merecem ser estudadas por pesquisadores. É possível destacar quatro destas lacunas, que serão tratadas de forma prioritária por este estudo: 1) os problemas de agência e respectivas estratégias para sua minimização; 2) aprofundamento de aspectos relevantes da gestão cooperativa contemplando a complementaridade entre a governança e a gestão executiva da cooperativa; 3) o equilíbrio entre o subsistema associativo e o subsistema do negócio; 4) a institucionalização da governança cooperativa nas sociedades cooperativas.

A pesquisa tem como principal referência para a análise do caso, a governança cooperativa, cujas bases técnicas e institucionais são do Sistema OCB, expressas no Manual de Boas Práticas de Governança Cooperativa, aprovado e publicado no ano de

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2013, pelo Sistema OCB, constituído através de parceria informal das seguintes instituições: a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), criada em dezembro de 1969, o Serviço Nacional da Aprendizagem – SESCOOP, instituído em abril de 1999, e a confederação Nacional das Cooperativas – CNCOOP, criada em 2005. Informações relativas às três instituições acima referidas serão descritas no decorrer deste documento. Portanto, cabe inferir que é importante a realização deste estudo que visa a investigar a realidade das cooperativas agropecuárias e propor parâmetros de governança que contribuam na busca do equilíbrio entre as dimensões econômicas, sociais e culturais e a minimização dos conflitos de agência, bem como a harmonização dos interesses das partes interessadas.

Outrossim, é importante destacar os seguintes aspectos que serão estudados com maior profundidade e que se constituem em inovações, no contexto das pesquisas sobre governança cooperativa: a) Construção da listagem de 157 Boas Práticas de Governança Cooperativa definidas pelo Sistema OCB para as cooperativas; b) Proposição de mecanismos e práticas para o controle da governança em cooperativas agropecuárias; c) Governança como ferramenta para o equilíbrio das dimensões econômicas, sociais e culturais de cooperativas agropecuárias; d) Uso de metodologia que permitiu interação com a cooperativa objeto da pesquisa e com o Sistema Cooperativista; e, e) Verificação de que é possível afirmar que existe aproximação tanto teórica quanto prática entre a Governança Cooperativa e a Governança Territorial.

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2 REFERENCIAIS TEÓRICOS

O embasamento teórico da pesquisa está fundamentado nas seguintes abordagens: teoria da firma, teoria da agência, teoria dos custos da agência, direitos de propriedade, custos de transações, teoria institucional, cooperativismo e organizações cooperativas, características especiais das cooperativas, governança, origem e evolução dos Códigos e Manuais de Boas Práticas de Cooperativas, adaptação estratégica e estado da arte da produção intelectual sobre governança cooperativa.

2.1 Teorias da firma, da agência, dos direitos de propriedade e dos custos de transação

As abordagens voltadas para a firma, os conflitos internos nas organizações e custos de agência, os direitos de propriedade e os custos de transações possibilitam compreender os principais entraves internos das instituições, que prejudicam o seu desempenho e que se constituem nas preocupações básicas dos estudos direcionados para a governança, visando a propor soluções que minimizem ou equalizem os referidos entraves.

2.1.1 Teoria da firma

A Teoria da Firma está muito presente nas investigações de autores e pesquisadores que estudam aspectos relacionados com as razões que motivam as pessoas a criarem empresas e relacionados com custos de transações, com direitos de propriedade e a teoria da agência. Coase (1937) gerou debates científicos sobre aspectos relevantes da economia clássica e sobre os aspectos acima mencionados que contribuíram de forma significativa na construção da Nova Economia Institucional.

Os desdobramentos dos estudos e debates contribuíram, de forma significativa, na construção da Nova Economia Institucional (NEI), como uma das correntes da Teoria Institucionalista, que será abordada mais adiante.

Coase (1937), em seu artigo sobre a natureza da firma –“The Nature Of The Firm”,

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observou que a ciência da economia não possui uma teoria positiva para determinar os vínculos contratuais da firma. Ele caracterizou os vínculos contratuais da firma como a faixa de trocas nas quais o sistema de mercado foi suprimido e a alocação de recursos foi realizada em oposição a mecanismos de autoridade e controle. Ele se concentrou no custo de utilizar os mercados para efetivar os contratos e as trocas e argumentou que as atividades seriam incluídas na firma sempre que os custos de utilização dos mercados fossem maiores que os custos da utilização da autoridade direta.

A Teoria da Firma é a base teórica que busca analisar as relações entre os participantes de um sistema, onde propriedade e controle são designados a pessoas distintas, o que pode resultar em conflitos de interesse entre os indivíduos.

Este texto aborda, sob vários enfoques, os aspectos fundamentais da Teoria da Firma, em termos de conceituações, teoria da agência, custos da agência, contratos, direitos de propriedade e controles dos administradores.

Winter (1993), ao se perguntar sobre o que a economia tem a dizer sobre o papel das empresas em uma economia de mercado, conclui que a resposta seria o silêncio, seguida de uma “babel de respostas significativamente conflitivas”. Tigre (1988, p. 67) expressa que “[...] a origem destes desencontros deriva de importantes diferenças conceituais, metodológicas e ideológicas entre as principais correntes teóricas que estudam a firma”.

Jensen e Meckling (2008, p. 91) reafirmam a ideia de Winter (1993) quando declaram que a

[...] firma é uma “caixa preta” manipulada de forma a atender às condições marginais relevantes no que diz respeito a inputs e outputs, maximizando, desta forma, os lucros, ou, mais precisamente, o valor presente.” Os autores acrescentam a ideia de que “a firma não é individuo”. A firma é uma ficção legal que serve como um ponto para um processo complexo no qual os objetivos conflitantes de indivíduos (alguns das quais podem “representar” outras organizações) atingem um equilíbrio no contexto de relações contratuais.

Silva (1995, p. 8) entende que

[...] a firma é uma instituição criada para organizar a produção. Dentro dela, as barganhas individuais entre os fatores de produção em cooperação são eliminadas e as transações à vista dos serviços desses fatores são substituídas por decisões administrativas conjuntas de organização da produção. Em outras palavras, a firma adquire os direitos legais de todas as partes e a atividade produtiva não resulta de um rearranjo desses direitos por meio de contratos à vista, mas decorre de uma decisão administrativa de como esses direitos devem ser usados. Dessa forma, a firma surge para reduzir os custos de transação e, portanto, internalizar as externalidades.

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[...] a firma é vista como uma entidade otimizadora, totalmente indiferente à sua estrutura interna e aos condicionantes do ambiente, exceto aos preços. Os consumidores decodificam todas as informações a respeito dos atributos dos bens sem dificuldades e são capazes de escolher “racionalmente” entre grupos alternativos de bens.

Bialoskorski Neto (1998, p. 61) lembra que a firma, sob o ponto de vista neoclássico, é uma unidade técnica em que se produzem mercadorias de acordo com uma função de produção, na qual os diversos fatores são alocados entre diferentes usos e proporções determinados sempre pelo mecanismo de preços.

Bialoskorski Neto (1998, p. 61), tendo em vista a ideia de Coase (1993), quando se refere ao conceito de economia clássica, argumenta que

[...] a realidade simplificada da referida economia não se aplica ao mundo real e que a firma pode se organizar e produzir sem estar diretamente influenciada apenas pela sinalização do mecanismo de preços. Há outros fatores a serem considerados, podendo-se indagar: como e por que o mecanismo de preços, da teoria neoclássica, é substituído por outras relações a nível interno da firma? E que relações são estas?.

O mesmo autor (1998, p. 61) retoma a ideia de Coase, que “[...] considerava existir um custo para o uso do mecanismo de preços, salientando que o custo mais óbvio da organização era o de perceber e descobrir a relevância do próprio mecanismo de preços”. Portanto, os custos de negociação e de conclusão de uma determinada transação e/ou troca deveriam ser considerados.

Neste sentido, Bialoskorski Neto (1998, p. 62), define a firma como

o arranjo de diferentes contratos entre diversos agentes econômicos no qual os custos de transação afetariam não só estes arranjos, mas também a alocação de recursos e a forma com que os bens e serviços são produzidos.

As diversas abordagens apresentadas acima evidenciam que não existe unanimidade na conceituação do que é uma firma, contudo estas mesmas abordagens enriquecem o entendimento da mesma atribuindo valiosas dimensões que podem ser agrupadas em forma de sistema.

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2.1.2 A Teoria da Agência

A Teoria da Agência, segundo Carvalhal et al. (2010) é o estudo dos conflitos de interesses entre o proprietário (o principal) e o agente (o executivo contratado), e como as empresas conseguem minimizá-los.

Jensen e Mackling (1976), inspirados, entre outros, em Coase (1937, 1959 e 1960), Alchian e Kessel (1962), Monson e Downs (1965), Demsetz (1967), Alchian e Demsetz (1972), Silver e Auster (1969), e McManus (1975), definem a relação Principal-Agente como um contrato em que uma das partes (o principal) engaja a outra parte (o agente) a desempenhar algum serviço em seu nome, e que envolve uma delegação de autoridade para o agente. Complementando, Posner (2000) ressalta que é um relacionamento, no qual um indivíduo, o principal, é beneficiado quando outro indivíduo, o agente, desempenha uma tarefa para o primeiro com empenho (CARVALHAL; BORDEAUX-RÊGO, 2010). Em outros termos, conforme Silva, Souza e Leite (2011, p. 64),

[...] o principal delega ao agente o poder de decidir em nome da empresa. Porém, existe um potencial para conflitos de interesse entre os proprietários e os controladores quando a propriedade e o controle das corporações não coincidem, visto que o agente, ao buscar maximizar interesses próprios, incompetência, negligência ou má-fé, pode não atuar em prol dos interesses dos proprietários.

Os mesmos autores relatam que a Teoria da Agência se desenvolveu a partir de três elementos fundamentais:

• Despesas de monitoramento do principal;

• Despesas relacionadas a garantir que o agente não prejudicará o principal com as suas ações, e caso o faça, que compense o principal; e

• Perdas residuais ou de bem-estar, resultantes da diferença entre as reais decisões do agente e a decisão que teria maximizado o bem-estar do principal.

Jensen e Meckling (2008, p.89) definem uma relação de agência

[...] como um contrato sob o qual uma ou mais pessoas o(s) principal(is) empregam uma outra pessoa (agente) para executar em seu nome um serviço que implique a delegação de algum poder de decisão ao agente. Contudo, é em geral impossível para o principal ou o agente manter a relação de agência a um custo zero para assegurar que o agente tomará decisões de nível ótimo do ponto de vista do principal. Se uma firma de propriedade integral é administrada pelo proprietário, ele tomará decisões operacionais que maximizarão a utilidade para si próprio. Se o proprietário-administrador vender direitos sobre o capital próprio da empresa que sejam idênticos aos deles (i.e., participação proporcional nos lucros da firma com responsabilidade limitada), os custos de agência serão gerados pela divergência entre o seu interesse e o interesse dos acionistas externos. À medida que a parcela do

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capital próprio do proprietário-administrador diminui, os seus direitos parciais sobre o resultado também diminuem.

Os mesmos autores caracterizam os conflitos de agência entre o proprietário-administrador e os acionistas externos como “resultantes da tendência do proprietário-administrador de se apropriar dos recursos da empresa, na forma de vantagens ou mordomias, para seu próprio consumo” (JENSEN; MECKLING, 2008, p. 92).

A teoria busca explicar como um ator econômico (principal) estabelece um sistema de compensação (contrato) que motive o outro ator (agente) a agir de acordo com o interesse do primeiro. A questão primordial é a dificuldade de monitorar o esforço dos atores econômicos envolvidos em uma transação, o que torna ainda mais complexa a elaboração dos contratos. Por essa razão, são incluídos esquemas de incentivos baseados no desempenho observado. Na elaboração de um esquema de incentivos, as partes envolvidas enfrentam o trade off entre incentivos ótimos e repartição de riscos ótima.

Segundo Segatto-Mendes e Rocha (2005, p. 173),

[...] o cerne da teoria consiste em o principal saber que irá perder parte de sua riqueza e, em compensação, procurar conseguir do agente o melhor desempenho; ou seja, o principal deixa de obter o máximo a fim de obter o possível dentro das condições colocadas, devido à participação de um administrador profissional. Desse modo, ele passa a procurar meios de entusiasmar o agente nas suas tomadas de decisões e, para isso, fornece prêmios ao agente, o que representa um custo de agência.

Segundo Ferreira e Braga (2007), no centro da teoria está o pressuposto da informação assimétrica, ou seja, o agente possui maior conhecimento do negócio do que o principal, estando apto a agir de modo oportunístico em qualquer momento. Dessa forma, o principal tem que construir mecanismos de proteção contra perdas que possam resultar dos desvios de comportamento do agente. Todavia, essas medidas requerem recursos, e o principal se vê obrigado a arcar com uma variedade de custos de agência.

Quais os motivos de o agente não agir em defesa do principal? Carvalhal et al. (2010, p. 3) destacam os seguintes:

i) o comportamento dos agentes por parte do principal não é observável, o que é caracterizado como “risco moral”, e

ii) existe uma assimetria de informações na relação, de tal forma, que o agente detém melhores informações do que o principal, o que caracteriza a “seleção adversa”.

Portanto, afirmam Carvalhal et al. (2010, p. 4) de acordo com as classificações expostas,

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