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O USO DA AGROECOLOGIA NO SERTÃO SERGIPANO: UMA ALTERNATIVA DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

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Academic year: 2021

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O USO DA AGROECOLOGIA NO SERTÃO SERGIPANO: UMA

ALTERNATIVA DE SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL

S.G. Alves¹, A.F. Reis Neto², A.P de Barros Júnior³, J.J. Cardoso4, G.G. Rodrigues5

1- Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Pernambuco (PRODEMA-UFPE). Av. Prof. Moraes Rego, 1235 - Cidade Universitária Recife - PE – Brasil, CEP: 50670-901, Telefone: (81) 8696-1058 – E-mail: stevam_gabriel@hotmail.com.

2- Idem ao 1,Telefone: (81) 8579-6970 - E-mail: afonsofeitosa@hotmail.com 3 - Idem ao 1,Telefone: (81) 9786-1642 - E-mail: pachecogeoambiental@hotmail.com 4 - Idem ao 1, Telefone: (81) 9614-4833 - E-mail: jailsonjcfeiranova@hotmail.com

5 – Professor Adjunto do Departamento de Zoologia e do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente da Universidade Federal de Pernambuco (PRODEMA-UFPE). Av. Prof. Moraes Rego, 1235 - Cidade Universitária Recife – PE- Brasil, CEP: 50670-901, Telefone: (81) 9185-1964 – E-mail: biol.gilbertorodrigues@gmail.com

RESUMO – Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa que teve como objetivo principal caracterizar o contexto e as práticas relacionadas ao uso de agrotóxicos entre agricultores residentes do assentamento Jacaré Curituba, comunidade agrícola situada no município de Poço Redondo, município de Sergipe. A proposta metodológica teve uma abordagem qualitativa, sendo a principal fonte de dados a aplicação de entrevistas com agricultores. Apesar de existir uma naturalização do uso, a maioria dos informantes acredita que agrotóxicos podem afetar sua saúde, por isso vem adotando formas alternativas de cultivo como a agroecologia.

ABSTRACT – This article presents the results of a survey that aimed to describe the context and practices related to the use of pesticides among residents of the settlement Alligator Curituba farmers, agricultural community located in the municipality of Redondo Well, municipality of Sergipe. The methodology is qualitative approach, the main source of data the application of interviews with farmers. Despite a naturalization use, most of the respondents believe that pesticides can affect your health, so it has been adopting alternative forms of cultivation as agroecology.

PALAVRAS CHAVE: Agrotóxicos, Agroecologia, Saúde Ambiental, Saúde Coletiva KEYWORDS: Pesticides, Agroecology, Environmental Health, Public Health.

1. INTRODUÇÃO

No mundo, o uso do agrotóxico começou a ser utilizado largamente à partir dos anos 50, construindo assim a principal característica do novo padrão tecnológico denominada “modernização da Agricultura” (AUGUSTO et, al., 2001).

O descompasso entre a rápida introdução desses produtos no mercado e a capacidade técnica de promover meios de segurança ao seu uso, tem se tornado um grande problema para a saúde pública. Segundo Augusto et, al. (2001), no Brasil, o grande problema da saúde pública na zona rural é justamente devido ao uso de agrotóxico, principalmente em pequenas e médias propriedades, onde geralmente são utilizados os produtos mais tóxicos e se tem precárias condições de uso (não tem técnicas de manejo

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adequada desses pesticidas, não utilizam equipamentos de proteção individual aos pesticidas, e principalmente, comentem o erro de que uma maior dosagem é melhor para a segurança da lavoura e é a partir desse fato que vão se intoxicam ao longo dos anos).

Além disso, a presença de agrotóxicos em produtos agrícolas constitui um grave problema de segurança alimentar para a saúde da população em geral, em particular dos trabalhadores e de suas famílias, pois, ingerem produtos diretamente das plantações.

Uma vertente que vai contra esse modelo de produção no campo é a agroecologia, que é considerada como o caminho para uma mudança desse paradigma de cultivo familiar. Para Caporal et al. (2007), a agroecologia é vista como um ciência que integra, reconhece e se nutre dos saberes, conhecimentos e experiências de comunidades tradicionais e demais atores sociais ligados nos processos de desenvolvimento rural, trazendo em seu bojo uma proposta de manejo da terra, que leva em consideração a sustentabilidade ecológica, a não utilização de agrotóxicos, a segurança alimentar, a viabilidade econômica, a conservação de recursos, a equidade social e a produtividade.

Dessa maneira, o presente artigo tem por objetivo trazer relatos de vivências de agricultores que sofrem com problemas crônicos causados pelos agrotóxicos e as alternativas que estes adotaram para mudança desse paradigma agrícola de plantio que surgiu através da agroecologia.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente artigo foi desenvolvido através de uma visita técnica ao Assentamento Jacaré Curituba no município de Poço Redondo localizado no alto sertão sergipano, na latitude sul 9°42'44" e longitude 37°44'49" oeste.

A pesquisa de campo ocorreu nos dias 7 a 11 no mês de Julho de 2014. Os procedimentos metodológicos adotados para o desenvolvimento da pesquisa forma: i) o levantamento bibliográfico; ii) a visita de campo; iii) o registro fotográfico; e iv) entrevistas como agricultores e uma médica. Vale salientar que todos os entrevistados concederam termo de consentimento prévio para a pesquisa.

3. RESULTADO E DISCUSSÃO

A introdução dos agrotóxicos nesse assentamento se deu através da plantação de quiabo, que segundo Brito (2009), é um gênero extremamente propenso à infestação de pragas, sendo frequente a utilização de vários produtos para combatê-las. Ao passar do tempo, outras culturas foram sendo introduzidas como goiaba e acerola, contudo, parte das mudas dessas novas culturas continham pragas, o que possibilitou a introdução de novos pesticidas para controlar algumas dessas pragas como a mosca branca e a cochonilha.

Após a indução dos defensivos agrícolas no assentamento Jacaré Curtiuba, notou-se ao longo do tempo que vários agricultores começaram a se queixar de problemas de saúde como: formigamento nos membros inferiores, tonturas, cefaleia, alterações da memória, reações alérgicas, alterações do sono, envelhecimento metabólico precoce e até casos de aborto. Para Silva et. al (1999), todos os sintomas citados estão relacionados com intoxicação de agrotóxicos. Corroborando comesse pensamento, Trapé (1993), menciona algumas alterações na saúde humana que também estão relacionadas com a intoxicação de agrotóxicos, são essas: neurotoxidade retardada, formação de catarata, lesões no sistema nervoso central, perturbações do sistema imunológico, lesões no fígado, pneumonites, evidências de mutagenicidade e imunodepressão.

Algumas pesquisas têm demonstrado ampla variabilidade de danos dos agrotóxicos causados na saúde humana e no meio ambiente, assim como diferenças na gravidade e magnitude desses danos (Augusto, et, al., 2001; Silva et al., 2000; Trapé, 1993). O conhecimento perpassado por tais estudos tem subsidiado um importante movimento social, tanto no Brasil como em outros países, liderado por

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desenvolvimento da agricultura. Esse movimento, que apresenta a proposta da agroecologia como alternativa às práticas instituídas, é centrado numa outra forma de desenvolvimento agrícola e rural (ALMEIDA, 1998).

Para diminuir a exposição dos agricultores aos agrotóxicos e mudar esse paradigma agrícola no assentamento Jacaré Curituba, há um projeto em implantação de um sistema agroecológico que tem por objetivo, através de ações educativas, a sensibilização dos agricultores sobre perigos dos defensivos agrícolas e a importância da sustentabilidade nas suas respectivas produções, conforme Figura 1.

Fig. 1. Sistema Agroecológico.

Fonte: Pesquisa direta realizada em Julho de 2014

Os agricultores entrevistados relataram que ainda sofrem com problemas de saúde causados pelo contato com os agrotóxicos como (dermatoses, doenças neurológicas e respiratórias), mas, devido à mudança de plantio pela prática da agroecologia, suas situações médicas melhoraram o que comprova a efetividade dessa prática na saúde humana. Além dos benefícios óbvios da não utilização de químicos no cultivo para o homem e o ambiente, ressalta-se que estudos têm sugerido que o alimento cultivado de forma ecológica possui maior valor nutricional, sendo, portanto, mais rico em nutrientes essenciais à vida humana (AZEVEDO, 2003).

Além de afetar a saúde humana, os defensivos agrícolas químicos geram danos ao meio ambiente e seus efeitos podem ser irreversíveis. Segundo Veiga et. al. (2006), a aplicação de agrotóxicos pode contaminar o solo e os sistemas hídricos, culminando numa degradação ambiental que teria como consequência prejuízos à saúde humana e alterações significativas nos ecossistemas.

Em contraposição a este fato, a agroecologia desempenha um importante papel enquanto sistema sustentável, uma vez que utiliza os recursos já disponíveis na natureza baseados no conhecimento e saber local para o controle de pragas na lavoura, proporcionado à substituição do uso dos agrotóxicos e possibilitando que a natureza mostre seu poder de resiliência em áreas degradadas. Corroborando com essa afirmação, os agricultores que fazem uso de sistemas agroecológicos, mencionaram em seus relatos que após a substituição da prática convencional pela alternativa (agroecológica), houve uma melhora significativa da qualidade do solo e das lavouras, o que mostra a viabilidade desse modelo de produção.

Ademais, a prática da agroecologia no alto sertão sergipano, mais especificamente, no assentamento Jacaré Curituba proporcionou a constatação das visões cosmológicas (cosmos), prática

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(práxis) e experimentação (corpus) que se apresentam nas relações entre homem-meio ambiente e sua simbiose (ALVES et.al, 2014) .

5. CONCLUSÕES

Em conclusão, foi observado através da pesquisa que as ações para evitar os danos à saúde dos agricultores não deve ter como enfoque exclusivo o trabalhador, mas no oferecimento de soluções simples e preferencialmente de baixo custo que possam ser utilizadas na redução dos riscos à intoxicação por agrotóxicos. Dentre essas soluções destacam-se as alternativas agroecológicas de produção.

Nesse sentido, com base no exposto, foi possível observar que quando os agricultores utilizavam os defensivos agrícolas químicos, estes sofriam com diversos problemas médicos e infelizmente ainda sofrem, pois causam danos permanentes à saúde humana, contudo, aqueles que substituiram a agricultura convencional pela alternativa (agroecologia) relataram uma melhora significativa na saúde e na qualidade de vida como um todo.

É importante frisar que as práticas agroecológicas não têm só um rebatimento positivo na saúde humana, mas também na saúde do meio ambiente, uma vez que a não utilização de defensivos agrícolas favorece a não contaminação dos recursos naturais, promovendo a sustentabilidade local.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, J. Significados Sociais, Desafios e Potencialidades da Agroecologia. In: A Ferreira & A Brandenburg. Para pensar outra agricultura. Editora da UFPR, Curitiba. 1998

ALVES, S. G et. al. Etnobiologia no Alto Sertão Sergipano: fauna e flora para fins medicinais. In: A Conferência da Terra - Fórum Internacional do Meio Ambiente. João Pessoa. 2014.

AUGUSTO, L. G. da S; FLORENCIO, L.; CARNEIRO R. M. Pesquisa (ação) em Saúde Ambiental: Contexto – Complexidade – Compromisso Social. Recife: Editora Universitária, 2001.

AZEVEDO, E. Alimentos Orgânicos: ampliando os conceitos de saúde humana, ambiental e social. Florianópolis: Insular, 2003.

BRITO, P. F.; GOMIDE, M.; CAMARA, V. M. Agrotóxicos e Saúde: realidade e desafios para mudança de práticas na agricultura. Physis: Revista de Saúde Coletiva. vol.19 no.1 Rio de Janeiro 2009.

CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A.; PAULUS, G. Agroecologia. Matriz disciplinar ou novo

paradigma para o desenvolvimento rural sustentável. Disponível em: <

http://www.itcp.usp.br/drupal/node/197 >. Acesso em: 20 nov. 2014.

SILVA, J. M et. al. Familiar Agriculture: production process and health conditions, p. 40. Anais do XV Congresso Mundial sobre Segurança e Saúde no Trabalho. São Paulo. 1999.

VEIGA, M. M.; SILVA, D. M.; VEIGA, L. B. E.; FARIA, M. V. C. Análise da Contaminação dos Sistemas Hídricos por Agrotóxicos numa Pequena Comunidade Rural do Sudeste do Brasil. Caderno de Saúde Pública.vol.22 n°.11 Rio de Janeiro, p. 2391- 2399, Nov/2006.

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