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Boletim Schmidt Ano 1, Número 1 - Julho 2021

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Boletim Schmidt

Ano 1, Número 1 - Julho 2021

Nesse número você será informado sobre os seguintes assuntos:

Apresentação...3

Vida de Yedda & Augusto Frederico Schmidt Vida pessoal ...5

Como recebemos o acervo...9

Início das tratativas...10

A poética de Augusto Frederico Schmidt...13

Referências bibliográficas...16

Bibliografia consultada...16

Expediente...17

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Apresentação

O Boletim Schmidt é uma publicação eletrônica, elaborada pela equipe da Biblioteca da Faculdade de Ciências e Letras (FCLAr), com apoio de docente(s) e da STAEPE-FCLAr, de periodicidade semestral, divulgada por meio de mensagem eletrônica para todos os docentes, funcionários e alunos de graduação e pós-graduação da FCLAr, Unesp, Câmpus de Araraquara. Fica também disponível on-line por meio de acesso ao site da Biblioteca da FCLAr.

O objetivo deste Boletim é divulgar à comunidade acadêmica interna e externa da Unesp, informações sobre a Coleção Yedda & Augusto Frede- rico Schmidt, que é um dos acervos especiais que constitui a Biblioteca da FCLAr, destacando suas obras, o autor, sua importância para a área cien- tífica, como se deu o recebimento do acervo e também as curiosidades.

Esperamos que o Boletim Schmidt possa contribuir com informações importantes e relevantes a respeito do acervo do poeta e de sua amada esposa, os quais se mostraram pessoas marcantes e exuberantes em seu tempo. Boa leitura e divirta-se!

Onde encontrar outros Boletins Schmidt: Home da Biblioteca > Acervo

> Coleções Especiais > Coleção Yedda & Augusto Frederico Schmidt >

Boletim Schmidt.

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Boletim Schmidt

Ano 1, Número 1 - Julho 2021

Vida de Yedda & Augusto Frederico Schmidt Vida pessoal - Parte 1 de 2

Nota: Neste número do Boletim, destacamos a primeira parte da vida pessoal de Yedda & Augusto Frederico Schmidt. Esperamos que você acompanhe as próximas edições, que trarão outras informações sobre a vida pessoal, a atuação como poeta e crítico literário, como editor, como homem de negócios e como político e jornalista.

Fonte: Acervo Biblioteca da FCLAr

Falo de Augusto Schmidt Que foi um grande escritor, Foi jornalista e poeta, Um grande empreendedor E no mundo da política, Exímio articulador. (Cordel)

Augusto Frederico Schmidt nasceu em dezoito de abril de 1906, na ci-

dade do Rio de Janeiro. Herdou seu nome do avô paterno Frederico Au-

gusto Schmidt, também conhecido como Visconde de Schmidt, dono de

uma casa de tecidos no Rio de Janeiro. Seus pais eram Gustavo, também

comerciante, e Anna (Annita, como era conhecida), filha do guarda-livros

da loja do Visconde.

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Quando criança, Augusto morou, junto com os pais e as irmãs, Mada- lena e Anita, em duas casas alugadas no Rio de Janeiro, sendo a segunda próxima à casa da tia de Annita, Tetéia, a quem Augusto foi muito ligado durante toda a vida e a quem, na época, ajudava levando seus doces para vender na padaria. Quando Augusto tinha oito anos, seu pai vendeu as lojas que possuía e a família se mudou para a Suíça, onde Gustavo e Anni- ta, doentes, poderiam se tratar. Estes se internaram em um sanatório em Territet, enquanto os filhos moravam em uma pensão junto com a avó materna, Chiquinha, e uma babá em Lausanne. Nessa época, as crianças estudaram no Colégio Champs-Soleil, porém Augusto era discriminado pela dificuldade inicial com a língua francesa. Pouco tempo depois, ainda em 1913, o pai faleceu e a família retornou ao Brasil.

Como o pai de Augusto nunca quis comprar uma casa, quando retor- naram ao Brasil, Augusto, a mãe e as irmãs tiveram muitos endereços.

De início, foram morar com os avós maternos em uma casa humilde do Rio de Janeiro. Depois, foram para Petrópolis e Juiz de Fora. Devido às mudanças e ao fato de o menino não se adaptar às escolas, estudou em vários colégios, como o Colégio dos Andradas (Rio de Janeiro); o Colé- gio Diocesano (Rio Comprido- RJ), onde fez sua primeira comunhão; o Colégio São Bento (Rio de Janeiro), onde foi flagrado pelo diretor lendo livros de interesse pessoal escondidos dentro dos livros escolares; o Liceu Francês (Rio de Janeiro); o Instituto Beltrão (Rio de Janeiro); o Colégio Sílvio Leite e o Colégio Americano Granbery (Juiz de Fora), onde fez par- te do Grêmio Literário e foi vice-presidente da Sociedade de Alunos. Em Juiz de Fora, teve seu primeiro amor por uma aluna que morava na casa do reitor do colégio, porém não foi correspondido, pois a garota afirmou que não queria namorar um poeta. Por último, tentou entrar no Colégio Pedro II (Rio de Janeiro), porém foi reprovado no exame de geografia, e abandonou os estudos.

Augusto, então, com a ajuda de seu tio Frederico, conseguiu seu primei- ro emprego como auxiliar de caixeiro na Costa Pereira & Cia Ltda, no ramo de Armarinhos e Tecidos Finos. O menino não gostava muito do trabalho e era, constantemente, humilhado pelo gerente da loja. Um dia, quando chegou em casa, encontrou sua mãe já muito doente e a família toda desolada pela situação. Nessa noite, ficou órfão e relembrou todo o sofrimento da perda do pai alguns anos antes.

Em 1924, ficou desempregado, passando seu tempo livre em cafés do centro da cidade do Rio de Janeiro, com amigos intelectuais.

O próximo emprego foi de caixeiro-viajante na Casa Barbosa Freitas, na Av. Rio Branco, quase em frente à antiga loja de seu pai. Em seguida, foi trabalhar, no mesmo cargo, porém na Casa Carlos Pinto, sob indicação de um amigo da boemia, vendendo aguardente e álcool na praça de San- tos e no interior do Paraná.

Em 1928, mudou-se para Ponta Grossa, Paraná, trabalhando no ramo de

madeira. Depois de um tempo, com conhecimento no ramo, retornou

ao Rio de Janeiro, como gerente da Serraria Coccozza em Nova Iguaçu,

que produzia caixas de madeira para o comércio de laranjas, importante

produto comercial da época. À essa altura, já lia e escrevia poemas. Os

motivos para o retorno ao Rio foram a morte do avô, os problemas da

irmã Anita e uma desilusão amorosa - Regina, a vizinha que se despia na

frente da janela. As condições financeiras nesse tempo ainda eram difíceis,

dormia num sofá da Serraria, arrumado pela esposa do zelador, que tam-

bém lhe preparava o almoço.

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Nessa época, Madalena, irmã de Augusto, ficou noiva de um advogado.

Após se casarem, foram passar uma longa temporada na Europa, para que o marido se especializasse em Direito, e Anita, a irmã mais nova, acom- panhou-os, pois havia se apaixonado e se envolvido com um homem ca- sado, Roberto, irmão de Nelson Rodrigues. Anos mais tarde, retornaram ao Brasil: Madalena era mãe de uma menina e estava grávida do segundo filho; Anita se casaria com o jornalista e compositor Ary Kerner.

Em 1929, com a quebra da Bolsa de Nova York, a Serraria Coccozza foi à falência. Por interferência de seu amigo Alceu Amoroso Lima, foi traba- lhar de auxiliar da Livraria Católica de Jackson de Figueiredo, até a mor- te deste, pouco tempo depois, quando Augusto passou a ser o gerente.

Com o passar do tempo, Schmidt fundou uma editora, inicialmente, nos fundos da Livraria, que durou pouco tempo, mas foi muito importante para o lançamento de grandes nomes da literatura brasileira (Graciliano Ramos, Raquel de Queiróz, Jorge Amado, Lúcio Cardoso, Gilberto Frei- re, Vinicius de Moraes, entre outros). Dirigiu também a Biblioteca do Centro Dom Vital, associação civil para estudo, discussão e apostolado subordinada à Igreja Católica, fundada no Rio de Janeiro em maio de 1922 por Jackson de Figueiredo.

Nessa época, já escrevia e começava a publicar suas primeiras obras.

Em 1934, fundou, junto com Luiz Aranha (irmão de Graça Aranha e amigo de Mário e Oswald de Andrade), sua primeira empresa de sucesso, a Metrópole Seguros. Nessa época, passou a frequentar o Jockey Club, onde se reunia com a nata da sociedade carioca.

Continua na próxima edição.

Como recebemos o acervo

Nota:

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Neste número do Boletim, destacamos o início das tratativas para o recebimento do acervo. Esperamos que você acompanhe as próximas edições, que trarão outras informações sobre a fase de planejamento e ações, a inauguração da Coleção Yedda & Augusto Frederico Schmidt e o Espaço Yedda & Augusto Frederico Schmidt.

Uma das características de formação do acervo da Biblioteca da FCLAr da Unesp, Câmpus de Araraquara, é a de ter se iniciado com doações de acervos pessoais e de ter sido complementado por doações de docentes para atender aos cursos da FCLAr e às suas áreas de atuação em ensino, pesquisa e extensão. O recebimento da “Coleção Yedda & Augusto Frede- rico Schmidt”, em nosso acervo, corrobora com o reconhecido histórico de fiel depositária de acervos particulares de personalidades acadêmicas e literárias.

A Coleção Yedda & Augusto Frederico Schmidt é um acervo histórico voltado principalmente para a pesquisa

2

. Por se tratar de acervo especial, as obras são destinadas apenas para a consulta no local, mediante agenda- mento prévio e conforme o Regulamento Interno da Diretoria Técnica de Biblioteca e Documentação da FCLAr

3

.

1 As informações apresentadas nesta seção do Boletim “Como recebemos o acervo da “Coleção Yedda & Augusto Frederico Schmidt” foram extraídas de documentos disponíveis no arquivo administrativo da Biblioteca da FCLAr.

2 A Biblioteca da FCLAr realiza o cadastramento de pesquisadores que estudam a vida e a obra do poeta Augusto Frederico Schmidt. Caso seja um pesquisador, entre em contato pelo e-mail:

bib.fclar@unesp.br.

3 Para mais informações, acesse o Regulamento Interno da Diretoria Técnica de Biblioteca e Documentação da UNESP-FCLAr, TÍTULO XVI – Dos casos especiais, CAPÍTULO I - Da Coleção Yedda & Augusto Frederico Schmidt.

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Início das tratativas

O processo de doação teve duração de aproximadamente 02 anos, desde a visita técnica à Biblioteca da FCLAr em 2009 até a escritura, que foi assinada e lavrada oficialmente em 25/08/2011, no Cartório do 7º Ofício de Notas, na cidade do Rio de Janeiro.

A intenção de doação do acervo para a Unesp teve início após Eliane Georgette Peyrot

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, acompanhada das bibliotecárias Eliane Serrão Alves Mey

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, Letícia Serrão Alves Mey

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e do Professor Doutor Sidney Barbosa

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, visitarem as instalações da Biblioteca da FCLAr, em 2009, assistidos por Ana Cristina Jorge

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, diretora da Biblioteca nesse período.

4 Eliane Georgette Peyrot, jornalista, herdeira inventariante do Espólio de Yedda Lemos Sch- midt e Augusto Frederico Schmidt e Diretora Presidente do Conselho Executivo da Fundação Yedda & Augusto Frederico Schmidt.

5 Eliane Serrão Alves Mey, bibliotecária, doutora em Ciências da Comunicação, formada pela Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo (1999), na área de Ciências da Informação e Documentação.

6 Letícia Serrão Alves Mey, bibliotecária formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO).

7 Prof. Dr. Sidney Barbosa, docente universitário, à época, vinculado à Faculdade de Ciências e Letras, Unesp, Câmpus de Araraquara, no período de 1979/2009, tendo exercido, em 2005, mandato representativo junto à Comissão de Biblioteca da FCLAr.

8 Ana Cristina Jorge, bibliotecária, no período de out/2005-jan/2010 exerceu o cargo de Dire- tora técnica de Biblioteca e Documentação da FCLAr, Unesp, Câmpus de Araraquara.

O processo de doação foi incitado pela FCLAr que, reconhecendo a im- portância do rico acervo literário do poeta Augusto Frederico Schmidt, encaminhou à Fundação Yedda & Augusto Frederico Schmidt e ao Mi- nistério Público, em 05 de junho de 2009, carta de intenções expressando seu desígnio em receber em comodato todas as obras do acervo literário do poeta Augusto Frederico Schmidt, dando-lhe utilização cultural com- patível com os objetivos da Fundação e do papel da Instituição de Ensino Superior. A referida carta de intenções teve seu conteúdo inteiramente reiterado, por meio de documento endereçado à Fundação, pelo ex-par- lamentar Roberto Massafera

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, na época Deputado estadual responsável pelas tratativas concernentes à transferência de patrimônio para o Estado de São Paulo. Para a celebração de parceria entre a Fundação Yedda &

Augusto Frederico Schmidt e a Unesp, além do exame e da manifestação favorável do Ministério Público do Rio de Janeiro, também foi expedido Alvará Judicial.

A Fundação Yedda & Augusto Frederico Schmidt foi idealizada pela se- nhora Yedda Lemos Schmidt, viúva do poeta Augusto Frederico Schmidt, com a finalidade de estimular o aperfeiçoamento intelectual e profissional dos jovens, mediante a realização de estudos, promoção de cursos, expo- sições e acesso a obras artísticas e literárias do acervo pessoal do poeta.

9 Roberto Massafera, ex-parlamentar, que à época ocupava o cargo de Deputado Estadual/SP.

Foi prefeito de Araraquara (1993-96), Deputado estadual eleito em 2006 e em 2010 e reeleito em 2014.

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Por parte da Fundação, o objetivo de transferência da coleção para a Unesp foi o de propiciar à Universidade a oportunidade de criar espaço cultural, onde se poderia aprofundar estudos e fazer a divulgação das obras do poeta Augusto Frederico Schmidt, não só no Brasil, como no exterior, onde já é reconhecido em países como Portugal, Itália, França, Espanha e Estados Unidos, país este onde foi publicado livro com a biografia e obras do poeta. Pela Unesp, o recebimento desta coleção teve como objetivo dar visibilidade à obra artístico-cultural do poeta/produtor, em busca de reiterar sua importância acadêmica, cultural e social, dando-lhe utilização compatível com os objetivos da Fundação e do papel desta Instituição de Ensino Superior, sustentada pelos pilares de Ensino, Pesquisa e Extensão.

Nas palavras do Prof. Dr. Luiz Antonio Amaral

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, em trechos extraídos de seu pronunciamento, na Noite do Galo Branco

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, em 31/08/2011, “...

indubitavelmente a Unesp foi a “escolhida” pela “avaliação” altamente positiva” realizada por nossos Colegas de trabalho citados, corroborando significativamente para a tomada de decisão de nossa querida amiga Elia- ne Peyrot”. Pontuou, ainda, que “a Unesp é reconhecida nacional e inter- nacionalmente como Instituição Pública defensora, dentre outras funções próprias de uma Universidade responsável, a de saber tratar com probi- dade e zelo de patrimônio humanístico e, assim, preservar a memória científico-artística de nosso país, onde a Unesp tem suas raízes fincadas”.

10 Prof. Dr. Luiz Antonio Amaral, docente universitário aposentado, vinculado à Faculdade de Ciências e Letras, Unesp, Câmpus de Araraquara, tendo exercido o cargo de Vice-Diretor da referida instituição de ensino superior na oportunidade de de doação da “Coleção Yedda &

Augusto Frederico Schmidt” para a Unesp.

11 “Noite do Galo Branco”, título conferido - em referência a “O Galo Branco”, uma das obras do poeta - à solenidade de doação da “Coleção Yedda & Augusto Frederico Schmidt” para a Unesp, evento ocorrido em 31/08/2006, no Sesc Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo-SP. Saiba mais informações sobre o Galo Branco na seção de “Curiosidades”, nesta edição do Boletim.

A poética de

Augusto Frederico Schmidt - Parte 1

Augusto Frederico Schmidt estreia como poeta em 1928, com a publica- ção do Canto do Brasileiro Augusto Frederico Schimdt. Neste longo poema, o autor marca sua posição em relação a certa corrente do modernismo que defendia a volta a nossas raízes culturais, quer por meio do naciona- lismo, quer por meio o primitivismo. Diz o poeta nas primeiras estrofes do Canto:

Não quero mais o amor,

Nem quero mais cantar a minha terra.

Me perco neste mundo.

Não quero mais o Brasil Não quero mais geografia Nem pitoresco.

Quero é perder-me no mundo Para fugir do mundo.

[...]

O silêncio noturno me embala Nem grito. Nem sou.

Não quero me apegar nunca mais Não quero nunca mais.

Vem calma fresca do vento bom Abanar minha febre!

Vem beijar minha ferida Lua tão branca!

Vem matar minha sede

Água tão pura! (SCHMIDT, 1956, p. 9)

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Ao recusar o particular (o pitoresco, o Brasil) em favor de uma atitude mais personalista, o poeta pretende alcançar o próprio homem, ou antes, a alma humana, que é de todas as latitudes e todas as épocas, por isso se volta aos temas eternos: o amor, a natureza, a morte, a solidão, o mistério e o transcendente. Trata-se da busca de uma linguagem espontânea, que não deixa de incorporar algumas das melhores conquistas modernistas como o verso livre e a oralidade. No entanto, esse lirismo manifesta, como afirma Tristão de Ataíde, um certo romantismo, que, segundo o crítico, seria uma constante da psique brasileira. Neste sentido, na simplicidade e universalidade do lirismo de Schmid, neste romantismo que muitos crí- ticos consideraram falta de originalidade, também estão presentes marcas da alma brasileira.

Nosso poeta, que começa a escrever poesia na adolescência, sempre foi fiel a uma retórica da naturalidade à qual ele mesmo atribui o adjetivo

“simples”, termo que nele representa toda uma poética. Nas primeiras estrofes do poema “Mensagem aos poetas novos”, publicado em 1950, escreve Schmidt:

A poesia é simples Vejam como a lua úmida Surge das nuvens Livre e indiferente.

Vejam o silêncio, que nasce dos túmulos, nas madrugadas!

A poesia é simples.

O canto é pobre e puro, Como o pão e o fogo.

Como voos de pássaros

Nos céus azuis. (SCHMIDT, 1950, p.7)

Há em Schmidt um esforço autêntico em direção a uma dicção poética da leveza, de uma musicalidade espontânea, feita de imagens colhidas na na- tureza, na memória da infância, nos acontecimentos, no espanto diante da vida e seus mistérios. Como escreveu Tristão de Athayde “A poesia vive em Augusto Frederico Schmidt como um pássaro numa árvore, como um alcatraz de voos oceânicos num recanto de rochedo. A Poesia fez ninho nesse homem alegre, ativo, descuidado” (ATHAYDE, 1931, p.XV). No entanto, simplicidade não quer dizer facilidade ou relaxamento formal.

Em Schmidt essa busca de um lirismo espontâneo revela o trabalho do

poeta que busca livrar-se da tradição retórica excessivamente pesada que

marcou, no Brasil, certa tradição da poesia romântica e parnasiana.

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Referências bibliográficas

SCHMIDT, A. Mensagem aos poetas novos. São Paulo: Tipografia Pocai, 1950.

SCHMIDT, A. Poesia completa. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1956.

ATHAYDE, T. de. Estudos: 3. série. Rio de Janeiro: Centro Dom Vital, 1931.

Bibliografia consultada

ASSIS, C. Literatura de Cordel: Augusto Frederico Schmidt: um autêntico brasileiro. Brasília:

Fundação Alexandre de Gusmão, [2010?]. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.

br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=167358. Acesso em: 19 mar.

2021.

A BIOGRAFIA de Augusto Frederico Schmidt, poeta e empresário. Copacabana.com, Rio de Janeiro, [1996?]. Disponível em: https://copacabana.com/augusto-frederico-schmidt Acesso em 25 nov. 2020.

SCHMIDT, AUGUSTO FREDERICO. In: CALICCHIO, V. FGV CPDOC: verbete. Rio de Janeiro: FGV, 2009. Disponível em: http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete- biografico/schmidt-augusto-frederico. Acesso em: 25 nov. 2020.

SCHMIDT, A. F. Antologia de prosa. Rio de Janeiro: Topbooks, 2000. 266 p.

SCHMIDT, A. F. O galo branco. Poesia.net, São Paulo, ano 6, n.244, 26 mar. 2008.

VAL, W. R. DO. Vida e poesia de Augusto Frederico Schmidt. [S. l.]: Casa Lauand, 2020.

Disponível em: https://fundacaoschmidt.org.br/vida-e-poesia-novo-livro-biografico-do- poeta-augusto-frederico-schmidt-2/. Acesso em: 17 mar. 2021.

Expediente

Responsáveis pela elaboração do material:

Adalberto Luis Vicente – Professor Dr. na área de Letras, com ênfase em Literaturas Estrangeiras Modernas

Aline Aparecida Matias – Bibliotecária

Elaine Martiniano Teixeira Batista – Bibliotecária Lilian Francisco – Assistente de suporte acadêmico I Sandra Pedro da Silva - Bibliotecária

Vanessa Fernandes de Souza Rangel - Assistente de suporte acadêmico I Responsáveis pela diagramação:

Mauricio Salera - Assistente de suporte acadêmico II Rodrigo Tavares - Assistente Administrativo II Responsável técnico:

Luiz Borges – Assistente de Informática II Informações

bib.fclar@unesp.br tel: + 55 (16) 3334-6222

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Biblioteca FCLAr bibliotecafcl

Referências

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