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Arq. NeuroPsiquiatr. vol.9 número3

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Academic year: 2018

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A N Á L I S E S D E L I V R O S

A S T U D Y O F E P I L E P S Y I N I T S C L I N I C A L , S O C I A L A N D G E N E T I C A S P E C T S . C A R L H E N R Y H E N R Y A L S T R O E M . Acta Psychiatrica et Neurológica, Supl. 63, Estocolmo, 1950.

Trata-se de um estudo clínico, social e genético da epilepsia, sob um ponto de vista estatístico, baseado no material formado por 897 pacientes pertencentes à Clínica Neurológica do Instituto Carolina do Hospital Serafimer, em Estocolmo. Inicialmente, o A . analisa o material em questão, mostrando representar o mesmo uma amostra da população em geral, e não de um material previamente seleciona-do, como aquele constituído por doentes crônicos internados num hospital psiquiá-trico e sobre o qual muitos trabalhos estatísticos viciosos têm sido levados a efeito.

Analisa os vários critérios diagnósticos empregados na classificação das epilep-sias e conclui como o mais viável aquele baseado na possibilidade de se estabelecer a causa das convulsões. Assim, divide os seus casos em três grupos: de etiologia ignorada, provável e conhecida. Analisando estes casos sob o ponto de vista do prognóstico, como tal considerando a incidência de distúrbios psíquicos, o desapa-recimento das crises e a mortalidade, conclui que o melhor prognóstico pertence aos casos de etiologia ignorada e o mais reservado, aos casos de etiologia deter-minada. I n t e r p r e t a estes resultados todos, como indicativos de que, quanto mais grave a moléstia cerebral à qual são as crises hipoteticamente atribuíveis, tanto mais fácil é o estabelecimento do diagnóstico etiológico e mais grave o prognós-tico. Os distúrbios mentais encontrados de maneira mais constante nos epilépticos foram a viscosidade mental e a perseveração nos pensamentos e emoções.

O estudo da freqüência de casamentos entre epilépticos mostrou que, nos t r ê s grupos etiológicos considerados, esta freqüência foi ligeiramente inferior àquela en-contrada na população em geral, ao contrário do grupo com distúrbios mentais, no qual a freqüência de matrimônios foi sensivelmente mais baixa. Isto mostra que as medidas de profilaxia eugênica existentes na Suécia são menos poderosas p a r a diminuir a incidência de casamentos entre epilépticos do que a própria moléstia por si mesma. O grau de fertilidade destes casamentos somente pôde ser avaliado com segurança no grupo dos mentalmente sadios, no qual éste grau mostrou-se 50% inferior ao encontrado na população em geral. Este fato é explicado pelo A. como decorrendo do efeito da pressão da opinião pública sobre a conduta dos nubentes.

Com relação ao aproveitamento escolar, um estudo feito nos pacientes de idade superior a 30 anos, mostrou, nos casos com e sem distúrbios mentais, um grau de aproveitamento igual ao da população em geral, o que é particularmente estranho no segundo grupo. Deve-se notar, porém, que a maior mortalidade neste grupo traz uma diminuição do número de casos de tal tipo, não permitindo um estudo comparativo com a exatidão necessária.

A situação social e profissional do grupo masculino maior de 30 anos, e livre de distúrbios mentais, correspondia à da população em geral. No grupo com dis-túrbios mentais a maior mortalidade torna os dados disponíveis muito baixos para estudos comparativos. A incidência da criminalidade, entre os pacientes masculi-nos maiores de 25 amasculi-nos, no grupo isento de distúrhios mentais, não foi diferente da existente na população em geral. No grupo com distúrbios mentais a incidên-cia foi superior em 10% à da população e;n geral. Nenhum crime hediondo foi encontrado nestes casos. Estes achados não confirmam a opinião corrente nos li-vros de medicina e no conceito popular sobre a relação estreita entre criminali-dade e epilepsia.

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aqueles que têm algum ou vários epilépticos entre seus pais, irmãos e filhos, con-siderando-se separadamente ou em totalidade os três grupos etiológicos descritos, ou considerando-se apenas o fator sexo, ou a presença ou não de distúrbios men-tais. A conclusão geral deste estudo é que a ocorrência de epilepsia entre os pa-rentes de epilépticos é igual à encontrada p a r a a população em geral. A inci-dência de casamentos consanguíneos entre os pais de epilépticos mostrou ser a mesma existente na população em geral. A fim de explicar geneticamente estes achados várias hipóteses genéticas são formuladas e discutidas, como sejam as de mono-hibidrismo simples, recessivo ou dominante, mono-hibridismo e poligens mo-dificadores, poli-hibridismo (mais de um gem principal) ; um limiar fisiológico de-terminado pela adição de fatores genéticos múltiplos: alelismo múltiplo, etc. De todas as hipóteses, a que parece mais viável, não podendo contudo ser provada ou negada, é a de um gem principal dominante e outros gens modificadores como responsáveis pela manifestação epiléptica em geral.

O A. discute também a questão da disritmia cerebral demonstrada pelo E E G , que Gibbs e Lennox consideram como um fator genético dominante, considerando-a pouco provável. O A. refere-se à disritmia descrita por Lennox como 3 c/s, con-siderada por aquele autor como originada nas próprias células nervosas e resul-tante de um distúrbio genético, que seria característico da forma idiopática da epilepsia e de natureza não focal. Contra esta última afirmação de Lennox se insurge o A., pois lembra que o fato de ser possível, num dado caso, estabelecer-se eletrencefalogràficamente a sua natureza focal, não autoriza a considerá-lo não fo-cal e muito menos a que se considere este caráter não fofo-cal como um fator gené-tico realmente existente. Seria mais uma abstração pouco lógica. Considera mais lógico classificar estes casos sem caráter focal estabelecido, como epilepsia sem foco conhecido. Em favor disto lembra e realça a importância dos trabalhos da E s -cola de Montreal, feitos por Penfield, J a s p e r s e outros, que muito contribuíram p a r a o esclarecimento da histopatologia e fisiopatologia da manifestação epiléptica. Mostram estes que mesmo esse distúrbio difuso do tipo 3 c/s pode ter uma origem focal. Relacionando os achados d a Escola de Montreal com os do presente estu-do, conclui que a epilepsia não é uma moléstia sui generis, mas antes um sintoma clínico neurológico de uma irritação patológica dò sistema nervoso central, ftste sintoma pode ser encontrado em um grande número de moléstias básicas, de etio-logia conhecida ou não, podendo apresentar-se como sintoma isolado ou em asso-ciação com outros. Desta maneira torna-se explicável o fato de não se encontrar nenhum mecanismo uniforme de transmissão hereditária p a r a um sintoma de na-tureza tão geral. O sintoma constituído pela crise epiléptica estaria assim ligado a lesões cerebrais de várias naturezas e etiologias, podendo ser hereditárias.

Segue-se uma revisão histórica do conceito de epilepsia, sempre e principal-mente sob o aspecto da contribuição estatística p a r a a solução do problema. Num último capítulo vem discutida a evolução da legislação sueca que proibe o casa-mento entre epilépticos, a chamada lei eugênica, julgando o A. não haver elemen-tos que justifiquem a existência de tal lei.

Referências

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