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MASSAGEM AYURVEDICA

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Academic year: 2021

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CURSO DE

MASSAGEM AYURVÉDICA

TERAPÊUTICA

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Índice

I - Apresentação...5

II – História da massagem ...8

III – Benefícios da massagem ... 16

IV – Indicações terapêuticas e contra-indicações ... 18

V – Indicações gerais para a prática da massagem ayurvédica ... 20

VI – Os óleos da massagem ayurvédica ... 24

VII – Os circuitos da na M.A. ... 33

VIII – Os chakras e os sete corpos subtis ... 34

IX – Meditação Mântrica ... 54

X – Desbloquear energias ... 60

XI – Breve abordagem da Medicina Ayurvédica ... 64

XII – Os cinco elementos ... 66

XIII –Tridoscha – Vata, Pitta, Kapha ... 68

XIV –Os Pontos Marma ... 79

XV – Aplicação prática da massagem ayurvédica ... 83

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OBJECTIVOS

No final deste curso os formandos deverão ser capazes de:

Identificar os benefícios e contra-indicações da prática de massagem; Identificar correctamente os principais pontos da anatomia humana, as

suas funções e interacções;

Elaborar diagnósticos de acordo com os métodos e preceitos da Ayurveda; Ter noções históricas e do funcinamento das várias ferramentas

terapêuticas da Ayurveda;

Aplicar correctamente uma sequência de massagem ayurvédica, tendo em conta o conhecimento anatómico e os preceitos da Ayurveda, entre os quais a identificação do biótipo e diagnóstico correctos, a preparação e aplicação de óleos terapêuticos.

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PROGRAMA DO CURSO

I – Apresentação

II – História da massagem Ayurvédica

III – Benefícipos da massagem Ayurvédica

IV – Indicações terapêuticas e contra-indicações

V – Indicações gerais para a prática da massagem Ayurvédica

VI – Os óleos na massagem Ayurvédica

VII – Os circuitos de energia na massagem Ayurvédica

VIII – Os chakras e os sete corpos subtis

IX – Meditação mântrica

X – Desbloquear energias

XI – Breve abordagem da medicina Ayurvédica

XII – Os cinco elementos

XIII – Tridocha – Vata, Pitta, Kapha

XIV – Os pontos marma

XV – Aplicação prática da massagem Ayurvédica

XVI – Manobras especiais – aplicação com os pés

XVII – Tracções e alongamentos

DURAÇÃO: 60 HORAS

FORMA DE ORGANIZAÇÃO: PRESENCIAL

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I – Apresentação

O toque das mãos é uma forma de comunicação. Ou seja, todas as formas de toque das mãos comunicam uma mensagem.Através desta formação pretende-se demonstrar como se deve fazer para transmitir, por meio da massagem, uma poderosa mensagem terapêutica. Isso é possível porque o sistema ayurvédico de saúde proporciona a mais abrangente de todas as estruturas terapêuticas de massagem que existem no mundo.

A essência da compreensão do sistema ayurvédico está na compreensão do prana (( pra = antes, ana = sopro; a força vital; vayu; Qi; Ki; Chi. Nasce do substracto da consciência pura com inteligência (agni) e amor (soma); juntos criam a consciência individualizada. No corpo humano existem cinco pranas principais: prana, apana, samana, udana e vyana. Nascem do prana cósmico e do guna rajas ( guna = qualidade, atributo da inteligência. São três: sattva, rajas e tamas; rajas = um dos três gunas: acção, movimento, brilho, energia, agressividade, irritação, conquista e emoções fortes). Prana também é o nome específico do principal dos cinco pranas do corpo, chamado de sopro exteriorizante, que reside na cabeça e no coração)). No corpo, não há nada mais subtil que o prana. Até um processo mental subtil, como o pensamento, pode ser compreendido e utilizado e pode tornar-se objecto de raciocínio. Com o prana não é assim, pois ele é inatingível e inconcebível. Dá poder e força à mente e ao corpo e é intimamente ligado à alma. Na Ayurvédica , manifesta-se sobre a forma dos três humores (( um conceito singular que resume em si várias funções do corpo; as forças que equilibram os cinco elementos no corpo. Os humores são três: vata (vento), pitta (fogo) e kapha (água)).

Sem uma boa compreensão do prana e das cinco funções que desempenha no corpo, a massagem ayurvédica não pode ser compreendida enquanto ciência terapêutica. Como ocorre com muitos outros métodos que provêm da tradição védica indiana, a apresentação que se faz da massagem ayurvédica no Ocidente geralmente não comporta os aspectos subtis que fazem dela uma verdadeira terapia de cura. São esses segredos, coligados ao uso de óleos e plantas

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medicinais, que diferenciam a massagem ayurvédica dos outros métodos de trabalho corporal.

É importante que, para se trabalhar com a massagem ayurvédica, se tenha consciência e conhecimento desse sistema terapêutico que permita a sua correcta aplicação para o bom funcionamento e equilíbrio do complexo corpo-mente-espírito. Com efeito, o objectivo principal da massagem ayurvédica é o de harmonizar o Vata Dosha, ou seja, o humor que controla o movimento e é a causa principal das doenças.

As terapias ayurvédicas podem ser classificadas em dois ramos: terapias de fortalecimento e terapias de redução, ou Brimhana e Langhana. As terapias de fortalecimento são relativamente simples e têm como objectivo aumentar a força do paciente. As de redução são mais complexas. Geralmente são aplicadas antes das terapias de fortalecimento, para limpar e preparar o sistema orgânico para a regeneração e o rejuvenescimento. A massagem ayurvédica pode ser usada de ambas as maneiras – quer para fortalecer a pessoa, quer para limpar e reduzir os excessos.

A massagem é extremamente importante nos tratamentos de estilo de vida e na preparação do Pancha Karma (as cinco acções; cinco terapias de redução na Ayurveda). As terapias de estilo de vida englobam as coisas que se fazem todos os dias. São essas coisas que, com o tempo, determinam a saúde, assim como é a repetição contínua de uma acção que lhe dá poder. No contexto dos hábitos quotidianos, a massagem é usada para conter Vata, o humor do vento, do ar ou do movimento.

O Pancha Karma é uma combinação de cinco terapias de redução diferentes, concebida para eliminar os excessos dos três humores. Para que essas terapias funcionem , os excessos dos humores têm de se acumular nos seus lugares próprios no tubo digestivo. Isso realiza-se de duas maneiras: o uso de óleos e a terapia de suor. A aplicação de óleo no exterior do corpo prepara-o para receber as cinco terapias redutivas do Pancha Karma. Nessa terapia, o importante é o óleo, não a técnica da massagem. O sistema é complexo e só pode ser aplicado por um bom médico ayurvédico. O resultado do Pancha Karma é a pacificação dos três humores, principalmente do Vata. A consequência disso é a saúde.

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Depois de qualquer terapia de redução, é preciso aplicar uma terapia de fortalecimento para recompor ou conservar a força do paciente. A terapia de redução prepara o corpo para a assimilação de remédios que vêm sob a forma de alimentos, plantas medicinais ou hábitos de vida. Se se ingerir substâncias tóxicas ou se se alimentar pensamentos e emoções igualmente tóxicas, elas penetrarão directamente nas camadas mais profundas do corpo – onde têm origem as doenças mais graves. O Pancha Karma é um método excelente quando é feito correctamente e administrado no tempo correcto. Nessa estratégia, a massagem desempenha um papel importante, como desempenha também na preparação para o Pancha Karma.

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II – História da massagem ayurvédica

Significado

Ayurvédica ou Ayurveda é uma palavra sânscrita que traduzida literalmente significa: Veda = ―conhecimento ou saber‖ e Ayur = ―vida‖; indicando assim ―o corpo vivo ligado ao mundo através dos cinco sentidos ― mostrando a estrita união entre a vida fisiológica e a vida psíquica.

Assim, Ayurvédica pode ser traduzida literalmente como ―conhecimento da vida humana‖ ou ―ciência da vida humana‖.

Para melhor compreender o vasto mundo da Ayurveda deve-se começar por entender a definição de Ayur. De acordo com a antiga escola Ayurvédica Charaka, Ayur é composto por quatro partes essenciais: é uma combinação da mente, do corpo, dos sentidos e da alma.

De uma certa forma as pessoas têm tendência de se identificarem mais com o corpo físico; no entanto existe muito mais para além daquilo que os nossos olhos vêem. Pode-se verificar que por baixo desta nossa estrutura física, está a mente que não só controla todos os pensamentos como todas as actividades constantes, tais como a respiração, a circulação, a digestão e os processos de eliminação. A mente e o corpo actuam em conjunto,de modo a regular todo o sistema fisiológico. Para que a mente actue de modo apropriado e ajude o corpo físico, tem de usar as informações recolhidas pelos sentidos.

Pode-se comparar a mente a um computador e os sentidos a uma base de dados. O olfato e o paladar são dois sentidos importantes que ajudam no processo digestivo.

Quando a mente regista que um determinado alimento está a entrar na região gastrointestinal, dá o comando ao corpo para agir de acordo, lançando várias enzimas no processo digestivo.

Contudo, se sobrecarregarmos as papilas gostativas de um determinado sabor, por exemplo doce, percebe-se que a sensibilidade da mente em identificar esse sabor foi prejudicada e que o corpo vai ter dificuldades nesse processo. Por isso é importante que se mantenham os sentidos a funcionar correctamente de modo a permitir que a mente e o corpo actuem adequadamente, pois assim a pessoa mantém-se saudável e bem disposta.

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Pode-se então dizer que a Ayurvédica é uma ciência da vida, prevenção e longevidade e é tida como o sistema médico holístico mais antigo que se conhece.

Origem

A massagem Ayurvédica faz parte da milenar e tradicional medicina Ayurvédica, corporificada nos Vedas e possui várias ramificações dentro do vasto panorama das correntes espirituais da Índia.

Literalmemte, o termo veda significa conhecimento ou sabedoria, mas é usado para designar o Livro do Conhecimento, o livro mais antigo do mundo; os vedas são compostos por quatro textos: Rig Veda, Yajur Veda, Sama Veda e Atharva Veda.

Rig Veda, sendo o mais antigo dos Vedas, consiste em mais de 1000 hinos. Todos os outros Vedas baseiam-se nele. Muitos dos aspectos da ciência védica, como o ioga, a meditação, os mantras e o Ayurveda, estão contidos no Rig Veda. Sama Veda consiste na transformação de vários hinos do Rig Veda em cânticos. Diz-se que representam o êxtase e a bênção da auto-realização. Enquanto o Rig Veda é o passo, o Sama Veda é a dança; o Rig Veda é a palavra, o Sama Veda é a compreensão.

Yajur Veda tem a ver com diversos rituais e sacrifícios do ioga no sentido da purificação da mente e do acordar da consciência. O objectivo destes rituais é estimular o universo no interior do indivíduo, e por esse meio, unir os dois.

Atharva Veda, considerado como o último e o mais recente dos quatro Vedas, este texto contém cânticos e encantamentos para apaziguar os deuses e mantras para afastar o mal, o azar, os inimigos e a doença. Inversamente aos outros Vedas, contém feitiços mágicos utilizados pelos sacerdotes atharvânicos.

Cada um dos quatro Vedas é dividido em duas partes distintas: o mantra, que é a oração e louvor aos vários aspectos do Absoluto; e o brahmana, que contém directrizes pormenorizadas para as cerimónias nas quais os mantras são usados. A Índia da qual provém a Ayurvédica é, em grande parte, desconhecida. O que se sabe é que o fértil vale do rio Indo fornecia a vida e o alimento a muitas cidades-estado que existiam entre 3500 e 1500 a.C.. Esta região corresponde a

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um dos hoje considerados cinco berços da civilização: China, Egipto, Suméria, Perú e o vale do Indo. Sabe-se que as cidades-estado indianas de há 4000 anos eram sofisticadas e estáveis, compreendendo áreas entre 400 e os 500 000 quilómetros quadrados.

O solo fértil do grande sistema de rios do Noroeste da Índia actual tornou possível a produção de um excedente alimentar, o que levou ao desenvolvimento do comércio e, com a formação das cidades, ao início da urbanização. As cidades eram bem organizadas e compartilhavam um complexo sistema de escrita pictográfica, sistemas standarizados de pesos, medidas e padrões de construção cuidadosamente pensados. Duas grandes cidades, Mohenjodaro e Harappa, eram os centros desta grande civilização e o seu cuidadoso planeamento reflectia uma ordem política coerente e bem defenida. Eram servidas por um avançado sistema de esgotos e drenagem, tendo, na generalidade, um padrão sanitário extraordinariamente alto, o que se reflecte na grande ênfase dada à higiene patente na literatura ayurvédica. As casas eram construídas em pedra e tijolo de maneira a unificar toda a cidade, promovendo um fluxo de energia vital a toda a comunidade.

Era uma cultura rica e orientada para a Natureza e que adorava a Mãe Deusa. Tal como outras civilizações contemporâneas, cultivavam-se grandes áreas de terreno com algodão, trigo e outros cereais. Faziam-se trocas comerciais com a Suméria através do Golfo Pérsico e do Mar da Arábia. Foram encontrados testemunhos de complexos brinquedos de argila, o que atesta ainda mais a prosperidade e o discernimento desta antiga cultura.

No entanto, esta civilização começou a desmoronar-se no início de 1700 a.C., devido a uma série de invasões, alterações climatéricas e desvios no leito do rio Indo.

O conhecimento do Ayurveda teve a sua origem nesta civilização sofisticada e desenvolvida. A ciência tradicional do Ayurveda descreve a maneira como os

Rishis, os sábios da Índia, se aperceberam da necessidade de se isolarem da sua

civilização para encontrarem a serenidade e clareza de espírito necessárias para receberem o conhecimento que procuravam um grande grupo de Rishis, originários desta cultura, reuniu-se no sopé dos Himalaias para falar sobre a doença e os seus efeitos na vida humana. O seu objectivo era erradicar as

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doenças, não só da raça humana mas de todas as criaturas, e meditaram sobre isso. Foi destes períodos de meditação que surgiu todo o conhecimento e informação do Ayurveda.

As múltiplas práticas – os três toques

A prática da massagem Ayurvédica, que vamos desenvoler e aplicar, tem o seu fundamento na Abhianga que consiste na massagem terapêutica ou cotidiana. Não se sabe ao certo a quantidade de variações que hoje em dia a massagem Ayurvédica comporta. São muitas e variadas. Umas com mais outras com menos fundamento é necessário que o terapeuta que a aplica seja o mais honesto possível e que cumpra todas as regras e princípios da Ayurveda.

Mais importante que a técnica é o praticante estar dentro do espírito da Ayurveda e saber aplicá-lo aos seus pacientes. Para isso há um longo trabalho a fazer muito além desta formação.

A Ayurveda reconhece três espécies de toque, correspondentes aos três gunas – Sattva, Rajas e Tamas. Elas constituem estratégias terapêuticas que podem ser adequadas aos diversos indivíduos e às necessidades destes. As três espécies de toque podem ser usadas tanto no Abhyanga quanto no Snehana (massagem com óleos). Entretanto, é melhor defini-las como membros do Abhianga, pois o Snehana é, antes de tudo, uma técnica de aplicação de óleo, na qual o agente terapêutico é o óleo e não o toque por si só. Não obstante, mesmo nesse caso, o toque deve ser adequado à constituição e ao estado actual do paciente.

As três espécies de toque dirigem-se, antes de mais nada, aos três tipos constitucionais (prakruti). Dirigem-se também aos três tipos de desequilíbrio (vakruti). Dizem respeito, ainda, ao estado psicológico das pessoas (predominância dos gunas e prakruti mental). Dessa maneira, a Ayurveda tem sempre um toque ou uma combinação de toques adequada a todas as pessoas e às suas necessidades terapêuticas.

Toque Sátvico

Sattva manifesta-se na harmonia e num estado de flexibilidade. O toque sátvico é um toque amoroso, gentil e suave; é sensível e intuitivo. Promove o aumento do

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guna sattva na pessoa e tem efeito relaxante, harmonizante, equilibrante e rejuvenescente para as emoções. Afecta a mente e, por meio dela, as emoções e os sentimentos; nutre os nervos, os nadis e os pranas. De todas as espécies de toque, é o que mais pacifica e harmoniza os cinco pranas e, por meio deles, o corpo. É sinal de uma actitude e de uma técnica refinadas por parte do massagista. É a melhor para acalmar os nadis (canais de prana nos meridianos) que terminam nos órgãos dos sentidos.

O toque sátvico é mais adequado para as pessoas de costituição Vata (os Tridosha – Vata, Pitta, Kapha a vêr noutro capítulo). As prakrutis (a energia dinâmica da consciência; constituição natal, natureza) mistas, como vata/pitta e vata/kapha, também devem ser tratadas com um toque sátvico, ao menos de início. Aliás, muitas pessoas recomendam que todo o paciente deve ser tratado com um toque sátvico para começar. Esse tipo de toque é indicado para acalmar as pessoas rajásicas e torná-las receptivas a um trabalho mais profundo. O toque sátvico é bom para pessoas magras ou frágeis.

O óleo é um elemento importante do toque sátvico. Com o seu efeito lubrificante facilita a acção suave de sattva. Além disso, o próprio óleo, dependendo das ervas que lhe forem acrescentadas, pode ter uma qualidade altamente sátvica – é o caso dos óleos de Shatavari, Ashwagandha e Brahmi. O óleo funciona como um veículo físico de transmissão do prana do terapeuta para o paciente. Os óleos vegetais em geral são de qualidade sattva e, por isso, colaboram para esta espécie de toque. No tratamento de pessoas vata, o óleo é usado em quantidades generosas.

O toque sátvico é apropriado para todas as perturbações mentais ou emocionais, qualquer que seja a prakruti do paciente. Também nesses casos, tem a função de abrir a pessoa ou criar condições para que ela se abra. É bom para muitas coisas, mas não tem efeito estimulante nem purificante. Por isso, deve ser usado sempre que não se souber o que fazer, ou nos casos de distúrbios nervosos crónicos. O mais sátvico de todos os toques é aquele em que não se toca o corpo físico da pessoa, mas sim o seu corpo prânico. É muito eficaz para várias doenças e para pessoas sensíveis, mas não é adequada para pessoas tamásicas ou rajásicas.

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Toque Rajásico

Rajas manifesta-se num estado de mudança, actividade e movimento. O toque rajásico é um toque intermediário entre o sátvico, que é leve, e o tamásico, que é profundo. É firme mas não dói; é forte, mas não brusco. É um toque que procura o movimento, que procura abrir e estimular. É extremamente eficaz para os trabalhos feitos nos primeiros níveis de tecido (dhatus) – plasma, sangue e músculos. É moderado e cuidadoso; com esse toque, o terapeuta vai sondando o corpo do paciente na procura de focos de congestão. No geral, é considerado adequado para pessoas do tipo constitucional pitta ou de estatura média.

O toque rajásico é apropriado para o trabalho de massagem dos marmas (pontos sensíveis do corpo que estimulam o fluxo do prana – a ver noutro capítulo). É o toque que mais estimula esses pontos. No geral, o toque sátvico é leve demais para os marmas, a menos que se saiba projectar grandes quantidades de prana directamente no ponto da massagem. Os marmas precisam ser descongestionados e estimulados para activar o Nadi ou os Nadis aos quais se relacionam. No toque rajásico, deve-se usar uma pequena quantidade de óleo, que colabora para a lubrificação geral da massagem e nutre a pele. Deve-se tomar cuidado para não aquecer demais a pessoa com este toque, pois as pessoas de tipo Pitta já são quentes. Por isso, usa-se uma quantidade suficiente de óleo refrescante.

O toque rajásico é aplicado com firmeza e com um ritmo constante, que cria calor e mudança. É o mais adequado para o uso em pessoas de saúde relativamente boa, pessoas de prakruti Pitta, para as tensões musculares, dores crónicas, problemas de circulação sanguínea e congestionamento do sistema linfático, pessoas com falta de vigor e que levam vida sedentária. É um toque que funciona pela estagnação e abre a circulação do plasma, da linfa, do sangue, dos nervos e do prana.

Toque Tamásico

Tamas manifesta-se num estado de bloqueio, contenção ou estagnação – como o apego cego a uma determinada crença. O toque tamásico é um toque que abre e liberta. É forte, profundo e penetrante. Quando malfeito, pode ser doloroso e violento. A dor não é uma decorrência inevitável do trabalho com os tecidos

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profundos. Na Ayurveda, quando ela acontece, geralmente é sinal de que o paciente não foi bem preparado para o trabalho que se ia fazer. O Ocidente está cheio de terapeutas que sorriem de prazer quando ―desfazem os nós‖, quase matando o paciente de tanta dor (o que é um reflexo da ignorância do terapeuta, e não necessariamente do carácter inadequado do método).

O toque tamásico deve ser usado naqueles pontos ou regiões do corpo em que o toque rajásico não teve eficácia. Muitas vezes é necessário para desbloquear ou descongestionar uma massa de tensões do corpo. No nível dos tecidos profundos, é ingenuidade pensar que os hábitos físicos do paciente ou as situações exteriores em que ele vive são as únicas causas do problema. A natureza de Tamas, e portanto dos níveis profundos com os quais se relaciona, é a da contenção e da estagnação. Esses tipos de bloqueios relacionam-se directamente com a mente e o corpo subtil – ou seja, com o funcionamento mental, as emoções, os sentimentos e a actividade prânica. Quando o terapeuta tenta trabalhar os tecidos profundos sem preparar o paciente e explicar-lhe o que acontece, o trabalho tende a dar errado ou ser muito menos eficaz.

Tamas significa um limite ou uma barreira erigidos em algum lugar da mente ou do corpo. A função do toque tamásico é a de quebrar essa barreira. Entretanto, como Tamas é imóvel por natureza, o terapeuta, para ter êxito, deve transmitir uma certa qualidade Rajas (um dos três gunas: acção, movimento, brilho, energia, agressividade, irritação, conquista e emoções fortes) à mente e ao sistema energético do paciente. No Yoga, rajas é sempre usado para modificar Tamas ou pô-lo em movimento, aproximando-o de sattva. Na Ayurveda, o pricípio é o mesmo. Daí a necessidade da preparação correcta para que o toque tamásico seja realmente eficaz, e não simplesmente doloroso.

Este toque é feito sem óleo ou com pouquíssimo óleo; usa-se, em vez do óleo, pós de ervas secas. A sua acção é aspera, estimulante e irritante. É adequado para pessoas Kapha. É um toque bom para os programas de controle do peso, especialmente quando é inserido dentro de um programa mais amplo. É extremamente eficaz para estimular o metabolismo e acender os agnis dos Dhatus (os fogos dos tecidos, ou funções metabólicas dos tecidos – ou seja, para queimar gordura). É indicado para pessoas que têm o corpo grande e pele

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grossa. Para aplicá-lo, o terapeuta deve usar de força e ter um objectivo claro em mente. Quando é usado em excesso, pode criar bloqueios e uma forte resistência. A melhor estratégia é a do equilíbrio. Deve-se escolher o toque adequado à prakruti da pessoa e depois adequá-lo à vakruti (a constituição do momento, aquela que recobre prakruti). O toque rajásico é necessário para abrir e estimular o tecido muscular. Na maioria das vezes, o melhor é usar os toques tamásicos e rajásicos juntos e usar o toque sátvico nas fases de preparação e finalização. O toque tamásico nunca, ou quase nunca, é apropriado para pessoas Vata. Se quiser perder um paciente Vata, basta fazer-lhe uma massagem tamásica logo na primeira sessão.

A massagem Snehana é muito diferente da Abhyanga, na medida em que nela, a técnica não tem muita importância. Os agentes terapêuticos usados são principalmente os óleos e as plantas medicinais, aplicados com a massagem de activação. A massagem Snehana é usado primordialmente no método de tratamento Pancha Karma. A sua outra aplicação importante é na massagem do tecido conjuntivo profundo, que exige que o paciente seja muito bem preparado. Existem outros usos, mas eles têm funções exclusivamente medicinais e só podem ser praticados por um bom médico ayurvédico.

Os preparativos para a Snehana são mais complicados, na medida em que é necessário desenvolver um método para conter, e se possível reciclar, o óleo utilizado. Tipicamente, usam-se de dois a quatro litros de óleos por sessão. Geralmente o óleo é aplicado por uma pessoa enquanto dois outros massagistas, um de cada lado do paciente, esfregam-no vigorosamente para fazer o óleo penetrar na pele. Às vezes os massagistas são em número de quatro, dois para a parte de cima do corpo e dois para as pernas. É assim que se faz em muitas regiões da Índia.

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III – Benefícios da massagem Ayurvédica

A massagem Ayurvédica consiste numa técnica de massagem profunda que junta movimentos vigorosos em toda a massa muscular juntamente com manobras de tracção e alongamentos, além da estimulação de pontos e órgãos vitais visando o equilíbrio físico, mental e psíquico.

Benefícios físicos e energéticos

Sendo um sistema de terapia holística a massagem Ayurvédica, auxiliada por óleos vegetais e essênciais, estimula os músculos e a circulação, libertando as toxinas presas nos músculos e tecidos. Reestabelece o bom funcionamento dos complexos capilar e linfático libertando-os dos venenos, ácidos e toxinas que se alojam no corpo e que o estão a prejudicar, eliminando-os naturalmente do organismo. Através de toques profundos com as mãos, cotovelos e pés, a massagem Ayurvédica propicia um realinhamento postural, alívio das tensões (por vezes crónicas) no corpo físico e fortalece o sistema imunológico. A fadiga muscular diminui ao mesmo tempo que recebe, com o seu benefício, a sua revitalização. Proporciona uma maior flexibilidade do corpo e mobilidade nas articulações, possibilitando o circuito livre da energia vital. Tem efeitos anti-stresse e anti-depressivos o que ajuda na agitação mental que a vida moderna provoca.

Normalmente as pessoas que recebem sessões de massagem Ayurvédica, experimentam uma grande sensação de bem-estar, relaxamento, tranquilidade, sono profundo e um novo ânimo.

Uma boa massagem ajuda a: Pele a ficar bonita e lustrosa;

Tonificar e relaxar os tecidos musculares subcutâneos, nutrindo assim a pele e formando curvas harmónicas no corpo;

Aumentar a temperatura corporal, facilitanda a circulação;

Incrementar o fluxo de oxigénio e a eliminação de toxinas do corpo; Incrementar a resistência corporal ao elevar o sistema imunológico;

Abrir os canais do corpo, possibilitando um fluxo sem obstáculos da energia vital;

Dar ao corpo uma sensação de leveza, agilidade e energia;

Flexibilizar a coluna, melhorando a comunicação nervosa aos órgãos e demais partes do corpo;

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Aumentar o vigor e a vitalidade sexual; Activar a concentração e a vitalidade mental;

Rejuvenescer e preservar as propriedades da juventude;

Afirmar a auto-estima, criar confiança, abertura mental, segurança e concentração;

Libertar emoções bloqueadas; Produzir relaxamento;

Produzir pensamentos positivos e a consciência de todo o corpo.

Benefícios para quem recebe e para quem dá

Como já vimos são muitos os benefícios da massagem Ayurvédica para quem a recebe regularmente. A pessoa sente-se revigorizada e rejuvenescida o que provoca uma melhoria tanto física como mental; causa uma postura mais positiva no seu dia-a-dia contribuindo para o seu bem-estar e o bem-estar de quem a rodeia.

Mas para quem a dá, ou seja o terapeuta, os benefícios também são muitos e gratificantes. Para isso é necessário, que o terapeuta ayurvédico, tenha consciência que cada indivíduo é um indivíduo. Compreender a prakruti do paciente é muito mais importante do que ser um especialista nas técnicas ayurvédicas.

O objectivo da compreenção dos diversos tipos constitucionais na massagem é de primordial importância. A assimilação e o uso dessa única informação bastará para mudar completamente a sua maneira de aplicar a massagem.

Todos sabem que a massagem não se ensina em manuais, mas podemos transmitir a essência primordial. A compreensão da prakruti é o passo fundamental para o uso da massagem ayurvédica como terapia de cura.

Tendo essa consciência, juntamente com a experiência que só a prática a dará, o terapeuta sentirá a gratificação de uma missão cumprida com profissionalismo o que vai contribuir para o seu bem-estar e a sua auto-estima.

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IV – Indicações terapêuticas e contra-indicações

A massagem Ayurvédica é recomendada como terapia complementar a outros tratamentos para manutansão da saúde e como terapia de relaxamento e bem estar físico, psíquico e espiritual.

Indicações

No capítulo III ―benefícios da massagem Ayurvédica‖ enumerámos uma série de motivos pelos quais a massagem Ayurvédica deve ser feita os quais resumem, de uma forma geral, as suas indicações.

Resumindo:

Dores musculares e tensões do corpo e da mente; Problemas articulares e rigidez dos ligamentos;

Correcção postural e realinhamento da coluna vertebral;

Problemas específicos da coluna, ex: lordose, cifose, escoliose, etc.; Problemas respiratórios e hipoactividade circulatória do corpo;

Problemas de stresse;

Activa a assimilação de oxigénio e dos nutrientes que o corpo necessita; Liberta toxinas;

Purifica os circuitos internos da energia;

Aumento da circulação linfática e do fluxo sanguíneo sem esforço do coração;

O pulso baixa porque o coração passa a funcionar mais lentamente, tendo um descanço natural;

A pele e o cabelo ganham vitalidade; Ajuda no relaxamento local e geral;

Auxilia no aproveitamento físico para desportistas, dançarinos, praticantes de yoga e todos aqueles que querem melhorar a sua forma física, independente da idade, através de um trabalho específico de consciência corporal.

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Contra-indicações

É muito importante que o terapeuta tenha consciência de quando não deve aplicar massagem a um paciente. Mais importante do que saber o que ―deve fazer‖ é saber o que ―não deve fazer‖. Tem de apelar ao seu bom senso e quando tiver dúvidas ou não aplica ou executa apenas uma massagem simples para relaxamento.

As contra-indicações podem ser consideradas absolutas ou circunstanciais: Em caso algum deve massajar pessoas com cancro maligno, seropositivos,

grávidas salvo indicação médica; Com infecções;

Com febre;

Com osteoporose grave; Com problemas de pele;

Com problemas circulatórios graves; Após uma refeição completa;

Com problema cardíacos graves;

Deve sempre ter em consideração que o acompanhamento médico é fundamental para a resolução de muitos problemas aos quais a massagem só por si não basta.

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V – Indicações gerais para a prática da massagem

Ayurvédica

Postura do terapeuta e do paciente

A massagem Ayrvédica deve ser aplicada no chão com o paciente deitado num colchão coberto com um lençol.

É fundamental que o paciente esteja confortável e descontraído para poder receber uma massagem plena. Deve ser criado um ambiente propício e uma pureza de energias que auxiliem o tratamento de forma a atrair boas vibrações. Durante um tratamento e, ao tocarmos num paciente, as energias integram-se o que faz com que o terapeuta teva ter consciência da necessidade de limpar o seu campo energético e até o espaço onde está a trabalhar. Antes do tratamento, e entre tratamentos, o terapeuta deve ter uns minutos de descanço e de introspecção. Durante a execução da massagem o terapeuta deve entregar-se e concentrar-se no que está a fazer esquecendo-se de todos os problemas que possa estar a viver na altura. Se o não conseguir é preferível desmarcar a terapia porque o paciente ficará sobrecarregado das energias negativas que o próprio terapeuta lhe possa transmitir.

O terapeuta deve ter o cuidado de, ao longo da massagem, manter uma postura física o mais correcta possível para preservar a sua saúde. A roupa deve ser folgada e confortável para que todos os gestos sejam executados com precisão. Princípios a ter atenção:

Vestir roupa confortável; Desligar telefone e telemóvel;

Verificar se a temperatura ambiente é agradável; Não ter luzes intensas;

Não usar anéis nem relógio durante a massagem;

Aquecer as mãos antes de começar a massagem e manter sempre o contacto;

Cuidar da sua higiene pessoal;

Ter particular cuidado com as mãos mantendo sempre as unhas curtas; Lavar sempre as mãos antes e depois de cada tratamento;

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Colocar perto de si todos os produtos a utilizar;

Não alimentar conversa poque o silêncio faz parte da terapia;

Ter o cuidado de colocar uma música suave e nunca com um som demasiado alto;

Não comentar sobre as tenções do paciente; Não provocar dores nem desconforto ao paciente; Mudar os lençóis ou toalhas entre cada paciente.

Materiais Colchão; Lençóis ou toalhas; Óleos vegetais; Óleos essenciais;

Velas e incensos (facultativo); Música ambiente;

Lamparina para poder aquecer o óleo se for o caso.

Sessões

De forma geral a massagem deve ter a duração de 60 minutos tendo em atenção que o paciente (e o terapeuta) deve permanecer 10 a 15 minutos em repouso após o tratamento. A massagem geral deve ser distribuida por igual mas deve-se dar mais importância à parte ou partes de maior tensão.

Um tratamento deve ter pelo menos de 8 a 10 sessões para resultar convenientemente. Não deve esquecer que a manutenção é necessária.

Portanto:

Se a pessoa estiver de boa saúde e possuir uma idade igual ou inferior a 40 anos, a massagem pode ir de 30 a 45 minutos se fôr só de relaxamento.

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Se o paciente tiver tensões, dores, obstruções energéticas ou má circulação, deve-se dar especial atenção às zonas afectadas; neste caso a massagem deve durar entre 45 a 60 minutos.

As pessoas que tiverem uma saúde frágil não devem receber uma massagem que dure mais do que 30 a 45 minutos. Lenta e gradualmente a massagem pode ser aumentada de 45 para 60 minutos.

Para quem recebe uma massagem diariamente são suficientes 40 minutos.

Para adultos com idade superior a 40 anos a duração deve ser determinada de acordo com o estado de saúde do mesmo.

Pessoas inválidas devem ser massajadas de 30 a 45 minutos.

As crianças até 1 ano de idade ou recém nascidas podem receber uma massagem que dure 15 a 20 minutos.

As crianças até 3 anos podem ser massajadas de 20 a 25 minutos. Nos jovéns até aos 17 anos a massagem deve durar 30 a 45 minutos.

Gabinete

O terapeuta deve ter o máximo de cuidado com o sítio onde aplica as suas massagens.

O local de trabalho deve encontrar-se no mais rigoroso asseio. O local deve estar limpo e arrumado não necessitando de grandes decorações. As cores devem ser claras. A luz não deve ser directa nem muito intensa. Não deve haver correntes de ar e a temperatura deve ser amena e adequada à estação do ano. Deve ter uma música ambiente e apropriada e o som não deve estar demasiado alto. Todos os materiais necessários devem estar ao alcance do terapeuta. O uso de velas e incenssos devem ser deixados à consideração do terapeuta. Não esquecer que os aromas permanecem no ar durante muito tempo e que não são bem tolerados por todas as pessoas.

Profissionalismo

O terapeuta deve, em todas as suas actitudes, ser um profissional.

É necessário que se mantenha actualizado e esteja constantemente a melhorar a sua técnica e os seus conhecimentos. Deve saber partilhar com colegas os seus conhecimentos e experiências para com isso enriquecer o seu trabalho. Deve saber receber mas manter sempre a postura de terapeuta-paciente.

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Não deve de forma alguma intrometer-se na vida pessoal e íntima do seu paciente.

Não deve prescrever qualquer tipo de medicamento se para isso não estiver habilitado.

Deve ter sempre em atenção que como terapeuta o sigilo é fundamental. Nunca comentar casos de outros pacientes. Em resumo, o terapeuta deve ter uma actitude pessoal e profissional o mais correcta possível.

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VI – Os óleos na massagem Ayurvédica

Tipos de óleos a utilizar

A pele é um órgão de assimilação. As coisas que se aplicam sobre ela podem nutrir ou prejudicar a função metabólica do corpo. As substâncias nutritivas deixam a pele saudável e fornecem os nutrientes correctos ao plasma, ao sangue e aos músculos (o primeiro, o segundo e o terceiro níveis de tecidos, chamados Rosa Dhatu, Rakta Dhatu e Mansa Dhatu). A diminuição da actividade metabólica acontece quando uma substância inadequada é posta sobre a pele.

Qualquer substância colocada sobre a pele é imediatamente absorvida pelo plasma e, depois dele, pelo sangue e pelos músculos. Assim, as substâncias inorgânicas aplicadas sobre a pele são distribuídas pelo corpo inteiro; não ficam somente na pele. Quando essas substâncias entram no corpo, o metabolismo perturba-se em maior ou menor grau, dependendo da substância e da sua frequência de aplicação. A longo prazo, a consequência do uso de substâncias inorgânicas sobre a pele é a diminuição ou mesmo a cessação dos processos metabólicos. Com isso, formam-se no corpo matérias tóxicas, chamadas ama. Na Ayurveda, ama é geralmente definido como os alimentos que não foram digeridos. Porém, a sua natureza não é somente física, mas também mental. Outras espécias físicas de ama (toxinas) são criadas pelas substâncias absorvidas pela pele. Quando a substância é orgânica, provoca a nutrição dos tecidos e a eliminação de toxinas. Quando porém é de natureza inorgânica, acaba por se transformar em ama, que entope os canais subtis da pele, do plasma, do sangue e dos músculos. No que diz respeito ao ama em todas as suas formas, o principal factor de combate é agni. Em geral traduz-se agni como o puro e simples fogo da digestão dos alimentos. Existe um agni (fogo) para cada nível do corpo. Isso significa que cada um dos sete tecidos tem um princípio de digestão que processa todas as substâncias que chegam aos tecidos, sejam orgânicos ou inorgânicos.

Agni é um factor importantíssimo do sistema ayurvédico, até mesmo na terapia da massagem. Através da massagem, podemos intensificar o agni do rasa dhatu, que corresponde ao plasma e ao sistema linfático. Como o plasma é o principal componente do corpo e o sistema linfático é o responsável pela filtragem desse componente, é razoável pensar que o agni – a actividade do metabolismo celular – desse nível de tecido é extremamente importante para a nossa saúde a longo prazo.

O uso do óleo é importantíssimo para a prevenção e a eliminação de ama nas camadas exteriores do corpo. Já o uso de cremes, loções e óleos refinados não só é prejudicial como suprime a função metabólica e faz aumentar a quantidade de toxinas no corpo, piorando a sua saúde a longo prazo. Talvez isso não seja evidente de imediato, mas não há dúvida de que as substâncias que as pessoas pôem sobre a pele hoje em dia são indirectamente responsáveis, entre outras coisas, pelo enfraquecimento do sistema imunológico que se tem vindo a transformar em epidemia no mundo ocidental. A actividade imunológica é enfraquecida por ama e fortalecida pelo uso de óleos nutritivos que expelem ama

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poriam na boca, ou seja, alimentos. Porque é que os óleos são tão bons para o corpo? Porque são alimento.

Cada tipo constitucional deve usar o óleo mais adequado à sua constituição. No entanto o óleo de sésamo é vulgarmente prescrito para a massagem da cabeça e dos pés independentemente da constituição natal (desde que não haja um desequilíbrio muito forte, caso em que a vakruti teria de ser tratada primeiro). Os óleos vegetais contêm muitas vitaminas, minerais, enzimas e prana que fortalecem e nutrem o corpo. Porém, para apresentar essas qualidades, o óleo tem de ser extraído a frio. Isso significa que não se pode usar calor ou substâncias químicas para extrair o óleo das sementes, ou seja lá do que for. O óleo não deve chegar ao ponto de fervura no processo de extracção. Se isso acontecer as suas propriedades medicinais serão extremamente diminuídas ou mesmo eliminadas.

Os óleos são muito úteis na massagem porque nutrem e suavizam a pele e os músculos. Além disso, depois de absorvidos pelo corpo, colaboram para a lubrificação dos pulmões e do intestino grosso, que são os lugares do corpo onde mais se acumula o humor vata. Alguns óleos também nutrem os tecidos mais profundos – os ossos, a medula óssea, o tecido nervoso e os fluidos reprodutivos. Uma vez que a massagem com óleo pode ser classificada como uma terapia de fortalecimento, é muito útil para revigorar as pessoas doentes e convalescentes. Os óleos são necessários, no corpo, para lubrificar o tecido conjuntivo e colaborar para a conservação do tecido adiposo. Também são eles que lubrificam os canais por onde passam as diversas secreções e excreções.

Existem na Ayurveda fórmulas clássicas para cada uma das prakrutis e para cada doenças e mal-estares específicos. A todos os óleos vegetais se podem juntar plantas medicinais ou óleos essenciais para potencializar a sua acção.

Prakruti: Vata

O vata dosha é frio, seco, rápido, irregular, móvel, leve, áspera e tem o efeito de dispersar.

Os melhores óleos para vata são: sésamo, amêndoa, rícino e mostarda.

As melhores plantas medicinais para usar em vata são: gengibre, canela, alcaçuz, ashwagandha, cálamo, jatamansi, dashamula (dez raízes) e valeriana. Os melhores óleos essênciais são: sândalo, almíscar, mirra e gualtéria.

É de reparar que os óleos, ervas medicinais e óleos essenciais mais apropriados para vata têm, em geral, a qualidade oposta à desse dosha. Vata é frio; por isso, os óleos que aquecem têm mais o efeito de pacificar vata do que os óleos mais frios. No geral, os óleos têm qualidades opostas a vata. Por isso, qualquer que seja a constituição da pessoa, o uso de óleos é um dos principais métodos de tratamento para a harmonização dos distúrbios de vata que decorrem inevitavelmente da vida moderna.

O óleo de sésamo tem uma quantidade extraordinária de vitaminas e minerais. Além disso, as sementes de sésamo possuem uma enzima especial que é muito benéfica para o cérebro. Na Ayurvédica, não há nenhum outro óleo que seja tão nutritivo quanto o de sésamo. Cada óleo tem um aspecto terapêutico específico; o de sésamo, porém, é indicado para a nutrição do corpo inteiro e também da mente. É dotado de forte qualidade sátvica, que auxilia todas as actividades mentais e nervosas.

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O óleo de amêndoas doces tem propriedades antioxidantes e é facilmente absorvida pela pele. Se o óleo de sésamo fôr muito pesado, use óleo de amêndoa. Trata-se de um óleo bom para as pessoas que não estão habituadas a receber massagem com óleo; a sua quantidade de nutrientes também é bastante alta. Tanto o óleo de sésamo quanto o de amêndoa são usados nas terapias de rejuvenescimento e fortalecimento. São contra-indicados para intoxicações ou pessoas que sofrem de uma excessiva congestão da energia.

O óleo de rícino é famoso pelos seus muitos usos. Tem uma grande quantidade de certos minerais que nutrem os tecidos e fortalecem o corpo. No Ocidente, é geralmente ingerido para auxiliar na eliminação. O óleo de rícino é bastante eficaz para eliminar o ama dos tecidos mais superficiais. Tem uma afinidade especial com o sistema reprodutor das mulheres. A aplicação externa, várias vezes por dia, pode ajudar a aliviar as cólicas pré-menstruais e menstruais. O óleo de mostarda é leve e quente e, por isso, pode ser muito útil para a aplicação em tipos vata mais pesados ou em constituições mistas nas quais vata está em evidência. É o óleo específico para o uso em tipos kapha, mas combate a letargia decorrente dos obstáculos à acção de vata no corpo. Um vata enfraquecido é praticamente igual a um excesso de kapha. A massagem vigorosa com óleo de mostarda é muito eficaz para estimular vata e limpar os nadis e sistemas de circulação. No geral, as pessoas do tipo vata devem ser massajadas com óleos aquecidos.

Quando se mistura uma erva ou outra planta ao óleo, as propriedades naturais da planta acrescentam-se às do óleo. Assim, obtém-se um princípio activo terapêutico mais abrangente do que caso se usasse o óleo ou a planta isoladamente.

A fórmula e a confecção de óleos para o trabalho terapêutico é uma arte e obriga a um conhecimento profundo da fitoterapia. Quem o quiser fazer tem de estudar e compreender bem os pricípios da Ayurveda.

Os óleos essenciais desempenham um importante papel na massagem, na medida em que nutrem o sentido do olfato e dão prazer a todos os órgãos dos sentidos. É importante acrescentá-los aos óleos de massagem devido ao seu forte aroma e também às suas propriedades terapêuticas. São óleos muito concentrados por isso devem ser usados em pequenas quantidades – 20 gotas para 100 ml de óleo. São poderosos e agem fortemente sobre os nadis para estimular os pranas. Devem ser usados com respeito e cuidado especialmente os mais fortes.

Prakruti: Pitta

O pitta dosha é quente, oleoso, móvel, húmido, agudo, malcheiroso, penetrante e leve.

Os melhores óleos para pitta são: oliva, coco, girassol e ghee.

As melhores plantas medicinais para pitta são: coentro, alcaçuz, açafrão-da-índia, cola de gotu, nardo indiano e shatavari (aspargo).

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Os óleos, as ervas medicinais e os óleos essenciais prescritos para pitta são frios. O humor pitta, além disso, é oleoso por natureza; por isso, usa-se menos óleo externamente do que no caso da prakruti vata. Os próprios óleos são mais leves do que os usados para vata. Provavelmente, o melhor óleo a ser usado pelos ocidentais é o de oliva, que é o mais acessível em marcas de alta qualidade. Se não for bem absorvida pelo corpo, experimente outra marca, pois a primeira provavelmente terá sido adulterada. O óleo de oliva também é melhor para usar durante o dia, pois tem menos efeito sedativo do que os óleos mais pesados e nutritivos.

Para os tipos pitta, os óleos devem ser aplicados mornos no inverno e frios no verão. Atenção, porém, à vakruti do paciente antes de aplicar óleos frios, que têm a propriedade de aumentar rapidamente a quantidade de ama. Certifique-se de que o paciente é capaz de digerir o óleo frio antes de cobrir-lhe o corpo com ele. Como? Examine a língua dele para ver se está recoberta de ama ou se está saudável e avermelhada (sinal do bom estado de agni).

Segundo os textos clássicos, o melhor óleo para o tipo pitta é o de coco. Esse óleo é dotado de excelentes propriedades e é muito bom para a pele. Tem muito colesterol e, por isso, pode não ser adequado a um bom número de pacientes. O óleo de girassol é muito bom para o uso geral. É nutritivo, mas não muito pesado. É o mais equilibrado de todos os óleos no que diz respeito aos seus efeitos sobre os três humores. Nutre a pele e o sistema linfático.

Ghee não é um óleo, mas sim uma manteiga cozida até provocar a separação entre a sua parte sólida e a sua parte líquida. Os sólidos são removidos e o líquido amarelo-dourado endurece até virar uma espécie de pasta. Essa pasta pode ser usada na cozinha, como veículo para a aplicação de ervas medicinais em pomada, e também na massagem de pessoas do tipo pitta. Na Ayurveda, a ghee é um dos principais remédios de rejuvenescimento. Tem a propriedade de intensificar o agni (fogo metabólico) de todos os níveis de tecido sem perturbar pitta. Nutre os sete dhatus e faz aumentar a quantidade de ojas ( a essência do alimento; a base do sistema imunológico. Nós nascemos com oito gotas de ojas no chakra do coração; se essa quantidade diminuir, morreremos. Existe um ojas secundário que é o resultado dos elementos de todos os tecidos; pode variar em quantidade, mas, quando é pouco, ficamos doentes). Porém, pode ser pesada demais para os tipos kapha e para os que estão a sofrer de forte intoxicação. Em caso de intoxicação, deve ser combinada a gengibre, a uva-espim (berberis vulgaris) e o açafrão-da-índia para ajudar a queimar as toxinas. Pode não ser adequada para alguns dos pacientes pitta, pois tem um cheiro forte e permanece na pele por algum tempo. Pode-se aplicar algum tipo de pó sobre a pele para remover o excesso.

A cola de gotu (Brahmi) é uma planta extraordinária para o controle de pitta. É extremamente sátvica e não só acalma pitta como também nutre o cérebro e os nervos. É a favorita para os óleos que são aplicados em pessoas do tipo pitta. Todos os óleos essenciais para pitta são frios e devem ser acrescentados ao óleo que se vai usar para a massagem. Eles aumentam o efeito terapêutico do óleo e o prazer que o paciente sente ao ter o óleo no corpo. O aroma é importantíssimo (especialmente para as mentes críticas do tipo pitta!). Ninguém gosta de uma substância adequada do ponto de vista terapêutico mas que cheira mal.

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Prakruti: Kapha

O kapha dosha é frio, húmido, lento, estável, obtuso, pesado, denso, escorregadio, oleoso e mole.

Os melhores óleos para kapha são: mostarda, girassol, milho e sésamo.

As melhores plantas medicinais para kapha são: canela, gengibre, zimbro, cálamo, dashamula e malva-do-campo.

Os melhores óleos essenciais para kapha são: almíscar, cedro, mirra e eucalipto.

Kapha geralmente é frio e congestionado em alguma medida; por isso, os óleos, plantas medicinais e óleos essenciais que damos acima têm a qualidade oposta. É preciso usar óleos e ervas quentes e estimulantes para fazer o metabolismo das pessoas kapha voltar a funcionar. O principal problema dos tipos kapha – em geral, porém nem sempre; cuidado! – é a baixa actividade metabólica. Os óleos que geram calor e os pós abrasivos são utilíssimos para corrigir essa tendência. O óleo de mostarda é o melhor para kapha, pois é leve e aquece. O óleo de girassol é um óleo muito bom para o uso geral. O óleo de gergelim é útil quando não há intoxicação. O óleo de milho é bastante útil para kapha, pois tem pouco colesterol e pode ser usado em situações em que o uso dos outros óleos não é indicado. Como kapha é oleoso por natureza, deve-se usar pouquíssimo óleo na aplicação dos métodos de Abhyanga. O óleo mesmo deve ser aplicado quente no inverno e morno no verão. O óleo frio nunca é adequado para os tipos kapha. As plantas medicinais que aquecem e estimulam são boas para kapha. Geralmente são aplicadas em forma de pós sobre as pessoas de constituição kapha, embora os óleos com ervas sejam também melhores que os óleos simples para esse tipo. O óleo de cálamo é especialmente estimulante e nutritivo para os tipos kapha, sem perder a qualidade sátvica. Os óleos essenciais desempenham um papel mais significativo nas massagens feitas nesse tipo de pessoa, pois são extremamente concentrados. O melhor é aplicá-los com movimentos vigorosos das mãos; têm forte efeito estimulante sobre a circulação e o sistema linfático.

As energias dos óleos ayurvédicos

Óleo de Amêndoas doces (prunus amygdalus): Gosto: doce, levemente amargo

Atributo: pesado Potência: aquece A longo prazo: doce

Acção geral: bom para os rins e os pulmões, nutre a pele e os músculos, alivia as dores e tensões musculares

Acção específica: emoliente, expectorante, tónico Acção terapêutica: diminui vata, aumenta pitta e kapha

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Óleo de Rícino (ricinus communis): Gosto: acre, doce, adstringente Atributo: pesado

Potência: aquece A longo prazo: acre

Acção geral: estimula a digestão, reduz a rigidez muscular, reduz a quantidade de ama

Acção específica: emoliante, analgésico, actua sobre os nervos, afrodisíaco, antiespasmódico, alivia a artrite, melhora a compleição e a pele, reduz a quantidade de ama e promove a cicatrização de

feridas; em compressas quentes ou frias, diminui as inflamações, as cólicas e as dores

Acção terapêutica: diminui vata, aumenta pitta

Óleo de Côco (cocus nucifera): Gosto: doce

Atributo: pesado Potência: arrefece A longo prazo: doce

Acção geral: nutre os pulmões e a pele

Acção específica: refrigerante, emoliente, tónico, reduz as inflamações, bom para psoríase,eczema e queimaduras, é afrodisíaco

Acção terapêutica: diminui pitta e vata, aumenta kapha e o colesterol

Óleo de Milho (zen mays) Gosto: doce

Atributo: pesado, secante Potência: arrefece

A longo prazo: acre

Acção geral: sistema urinário, pele

Acção específica: diurético, emoliente, bom para programas de convalescência, nutre a pele, tem pouquíssimo colesterol

Acção terapêutica: diminui pitta, é neutro para kapha e aumenta vata

Ghee ou ghrta ( manteiga líquida) Gosto: doce

Atributo: pesado Potência: arrefece A longo prazo: doce

Acção geral: tónico, rejuvenescedor, afrodisíaco, digestivo, estimulante, fortalece o fígado, os rins e o cérebro

Acção específica: tónica, rejuvenescedor, nutre os sete dhatus, aumenta a quantidade de ojas, faz bem à voz e à vista; aumenta agni em

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todas as suas formas

Acção terapêutica: diminui vata e pitta, aumenta ligeiramente kapha

Óleo de Mostarda (brassica alba) Gosto: acre

Atributo: leve Potência: aquece A longo prazo: acre

Acção geral: estimulante, alivia a congestão e a lentidão corporal

Acção específica: estimulante, emoliente, expectorante, antiflatulento, antifúngico e antiparasítico

Acção terapêutica: diminui kapha e vata, aumenta pitta e as condições tóxicas do Sangue

Óleo de Oliva ( olea europaea) Gosto: doce

Atributo: leve Potência: neutro A longo prazo: doce

Acção geral: nutre a pele e os cabelos

Acção específica: limpa e fortalece o fígado e a vesícula biliar, é laxante e nutre a pele

Acção terapêutica: diminui vata e pitta, aumenta kapha

Óleo de Sésamo (sesamum indicum) Gosto: doce

Atributo: pesado Potência: aquece A longo prazo: doce

Acção geral: nutre os ouvidos, a cabeça, os cabelos, os olhos, os dentes, os ossos e o sistema reprodutor da mulher; é digestivo e tónico Acção específica: tónico, nutritivo, emoliente, rejuvenescedor, promove o crescimento dos cabelos e dos ossos

Acção terapêutica: diminui vata, pode aumentar pitta no verão ou quando já há pitta em excesso; não deve ser usado quando há excesso de ama no organismo

Óleo de Girassol (helianthus annuus) Gosto: doce

Atributo: pesado Potência: arrefece

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Acção geral: fortalece os pulmões e o sistema linfático

Acção específica: emoliente, bom para os pulmões, trata queimaduras, feridas e erupções na pele

Acção terapêutica: é equilibrado; é melhor para pitta e para o tratamento de Inflamações

A raiz Vacandi – o uso de pós de ervas na massagem

Na Ayurveda, quando se fala de pó, é isso mesmo que se quer dizer: um pó dotado de qualidade medicinal, finíssimo, sem bolotas e grãozinhos maiores, mas peneirado de modo a ficar perfeitamente uniforme.

As ervas são usadas sob a forma de pó para dar uma qualidade áspera e abrasiva à massagem. Existe todo um sistema de qualidades ou gunas (que não são, neste caso, os três gunas – sattva, rajas e tamas). Trata-se de um sistema que engloba dez pares de opostos. É preciso compreemdê-lo para perceber o uso de pós. Os vinte gunas são os seguintes:

Pesado --- Leve

Lento (ou Obtuso) --- Rápido (ou Agudo) Frio --- Quente Oleoso --- Seco Escorregadio --- Áspero Denso --- Líquido Mole --- Duro Estáctico --- Móvel Subtil --- Grosseiro Enevoado --- Nítido

O oposto de escorregadio é o áspero. Kapha e Pitta, por conterem ambos o elemento água, são oleosos e às vezes escorregadios. Quando a qualidade escorregadia é predominante no corpo, o uso de pós é indicado. Além disso, o oposto do oleoso é o seco. Quando a pele é muito oleosa, o uso de pós é igualmente recomendado. Como as ervas são todas leves, os pós também são indicados para aqueles casos em que o corpo é dominado por uma sensação de peso. As ervas, por fim, são sbtis quanto à energia, e podem ser usadas para combater certas manifestações grosseiras do corpo e da mente, como a letargia mental e física que decorre da vida sedentária.

Os pós são usados principalmente para kapha, depois para pitta, e por último, quase nunca, para vata. Para os tipos vata, os pós podem ser usados para eliminar o excesso de óleo que fica depois da massagem. Quando há muito nervosismo e agitação, pode-se usar pó de cálamo, jatamansi ou valeriana. Gengibre e canela podem ser usados para estimular e ashwaganda, alcaçuz e dashamula para nutrir o corpo.

Os tipos pitta devem receber aplicações de pó junto com as de óleo. Eles costumam sofrer de inflamações e erupções da pele, deve-se levar esse facto em

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conta ao escolher os óleos e pós que se vão usar. Os óleos de côco e girassol são os melhores para as inflamações da pele, e devem ser associados aos pós de coentros e/ou açafrão-da-índia. O açafrão é uma erva excepcionalmente boa para curar todos os problemas de pele e é boa para aplicar a todos os humores. Quando existe de facto um problema de pele, o melhor é tratá-lo primeiro internamente, com ervas frias e amargas que limpam o sangue, o fígado e o baço, que são os responsáveis pelo estado da pele. Sempre que a pele se encontre fortemente irritada, a causa está nesses órgãos e no sub-humor brajaka pitta. A pessoa, antes de se submeter a qualquer trabalho de massagem externa, deve procurar um especialista ayurvédico para obter um tratamento de dieta e de ervas medicinais.

Os tipos kapha são os que mais se beneficiam do uso dos pós na terapia de massagem. As qualidades áspera, dura, seca e leve são opostas às de kapha. Quando procuramos pós que tenham essas qualidades e aplicamo-los de maneira profunda e vigorosa, conseguimos enviar kapha de volta ao seu lugar de origem ou pacificar esse humor. Os pós desempenham um papel de destaque nos métodos de Abhyanga e um papel secundário nos de Snehana.

Todos os pós de ervas recomendados para kapha são quentes e estimulantes. Devem ser aplicados em quantidades generosas depois de uma leve aplicação de um óleo apropriado. O importante neste caso é procurar fazer o óleo e o pó penetrarem nos poros da pele com movimentos profundos, firmes e vigorosos das mãos. Os tipos kapha precisam de uma massagem estimulante e de uma pressão mais profunda para ter o seu metabolismo estimulado. A cultura indiana é predominantemente kapha. Por isso, muita gente pensa que a massagem ayurvédica é exclusivamente profunda, vigorosa e penetrante – o que não é verdade. A confusão acontece porque a maioria dos indianos, independentemente da constituição natal, gostam desse tipo de massagem, o que é perfeitamente normal para os tipos kapha e para uma cultura kapha.

Na Índia utiliza-se muito na massagem o pó de uma raiz chamada Vacandi. É aplicado por todo o corpo, excepto na cabeça e rosto, após ser aquecido com a massagem, em deslizamentos e fricções activando a circulação.

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VII – Os circuitos de energia na m.a.

Antes de se iniciar uma massagem é necessário que o terapeuta, além de outros cuidados já mensionados, tenha em atenção o circuito da massagem a aplicar para dinamizar a energia nos canais internos do paciente.

Consoante essa necessidade poderá ser centrípeta ou centrífuga. Podem-se estipular dois circuitos:

Circuito 1:

Aqui a massagem direcciona-se no sentido centrípeto, no sentido da circulação, portanto caudal-cefálico na direcção do coração. Nos membros superiores a direcção será centrífuga, na direcção das palmas das mãos.

A circulação eleva-se da terra, dos pés e pernas em direcção ao sétimo chakra e na direcção das palmas das mãos.

Circuito 2:

Aqui a massagem é direccionada na totalidade no sentido centrípeto. Neste caso as energias são canalizadas na totalidade no sentido ascendente na direcção do sétimo chakra.

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VIII – Os Chakras e os sete corpos subtis

Os sete chakras principais e as suas funções

Vórtices de energia

A palavra chakra vem do sânscrito e significa roda, disco, centro, plexo. Nesta forma eles são percebidos por vórtices (redemoinhos) de energia vital, espirais girando em alta velocidade, vibrando em pontos vitais do nosso corpo. Os chakras são pontos de intersecção entre vários planos e através deles o nosso corpo etérico manifesta-se mais intensamente no corpo físico.

Os Sete Chakras maiores, vistos de frente e de costas

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Vê-se a energia fluir para todos os chakras, proveniente do Campo da Energia Universal. Cada vórtice rodopiante de energia parece sugar ou levar consigo a energia do Céu. Os chakras dão a impressão de funcionar como os vórtices fluidos com os quais estamos familiarizados na água ou no ar, como remoinhos, ciclones, trombas d’água e furacões. A extremidade aberta de um chakra normal na primeira camada da aura tem cerca de seis polegadas (152,34 mm) de diâmetro a uma distância de uma polegada (25,39 mm) do corpo.

São sete os principais chakras, dispostos desde a base da coluna vertebral até ao alto da cabeça e cada um corresponde a uma das sete principais glândulas do corpo humano. Cada um destes chakras está em estreita correspondência com certas funções físicas, mentais, vitais ou espirituais. Num corpo saudável, todos esses vórtices giram a uma grande velocidade, permitindo que a "prana", flua para cima por intermédio do sistema endócrino. Mas se um desses centros começa a diminuir a velocidade de rotação, o fluxo de energia fica inibido ou bloqueado e disso resulta o envelhecimento ou a doença.

Os chakras são conectados entre si por uma espécie de tubo etérico ( Nadi ) principal chamado "sushumna", ao longo do eixo central do corpo humano, por onde dois outros canais alternados "Ida" que sai da base da espinha dorsal à esquerda de sushumna e "pingala" à direita ( na mulher estão invertidas estas posições ).

Os nadis conduzem e regulam a "prana" (energias Yin e Yang) em espirais concêntricas. Estes nadis são os principais, entre milhares, que percorrem todo o corpo em todas as direções, linhas meridianos e pontos. Para os hindus os nadis são sagrados, é por meio da "Sushumna" que o iogue deixa o seu corpo físico, entra em contacto com os planos superiores e traz para o seu cérebro físico a memória das suas experiências.

O nosso corpo físico tem uma ligação subtil com o mundo astral. É através do desequilíbrio desta energia vital que as pessoas adoecem e acabam por obstruir esta ligação com o Divino. Daí, a relação entre as doenças e as crises emocionais. É muito comum ver pessoas que acabam a somatizar e a transformar as energias negativas, depressão, raiva, solidão, em doenças físicas, como tumores e outras mais graves. O nosso corpo físico tem pontos, que quando activados, fazem fluir a energia vital, trazendo-nos alegria e, principalmente, saúde. É através dos nadis (meridianos) - caminhos invisíveis dentro do nosso organismo - que a energia vital caminha por todo o nosso corpo e chega aos chakras, em pontos que concentram vibrações mais específicas, conforme veremos a seguir:

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Muladhara - O primeiro chakra (conhecido como Chakra Base ou Raiz), situado na base da espinha dorsal em cima do cóccix, relaciona-se com o poder criador da energia sexual. Quando esse chakra está enfraquecido indica distúrbios da sexualidade ou disfunções endócrinas. Quando excessivamente energizado, indica excesso de hormonas, sexualidade exacerbada ou até mesmo a presença de um tumor no local. Está associado com a cor vermelha e regula as glândulas supra-renais, governa a coluna vertebral e os rins. Possui um vórtice de energia. O mantra correspondente é LAM.

cor vermelha 4 petalas Vermelhas Elemento: Terra Mantra: Lam

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Svadhisthana - O segundo chakra também chamado esplênico ou sacral está localizado ao nível da quinta vértebra lombar. É responsável pela energização geral do organismo e por ele penetram as energias cósmicas mais subtis, que a seguir se distribuem pelo corpo. Quando este chakra é estimulado, propicia uma boa captação energética. Está associado com a cor laranja e regula as gónodas e governa o sistema reprodutor. Possui dois vórtices de energia. O mantra correspondente é VAM.

cor: laranja 6 petalas Vermelhas Elemento: Água Mantra: Vam

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Manipura - O terceiro chakra (conhecido como Chakra do Plexo Solar) localiza-se na região do umbigo ou do plexo solar, e está relacionado com as emoções. Quando está muito energizado, indica que a pessoa é voltada para as emoções e prazeres imediatos. Quando fraco sugere carência energética, baixo magnetismo, suscetibilidade emocional e a possibilidade de doenças crônicas. Está associado com a cor amarela. Regula o pâncreas e governa o estômago, o fígado, a vesícula biliar e o sistema nervoso. Possui dois vórtices de energia. O mantra é RAM.

cor: amarelo 10 petalas Douradas Elemento: Fogo Mantra: Ram

Referências

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