A raça dos psicanalistas
José Martinho
passou na televisão portuguesa e que tinha como título Homens, mulheres e bananas. Proponho que coloquemos o repres t t do “t o xo” o psicanalista do lado da banana, da banana como símbolo fálico.
do o vou falar. O que direi não será definitivo, não será a Verdade das verdades, apenas algumas palavras para situar um pouco melhor o mistério que o Falo permanece para os homens, as mulheres e os psicanalistas, incluindo aquele que vos fala.
Começo por pegar no Falo tal como emerge t o d do o d o o d t 1 o o d to t o o falante e político, o ponto nevrálgico em torno do qual girava a guerra dos sexos, mas também o o o o o t do t que esta dizia sobretudo to t o d o casamento.
Como o sol, o Falo esperguiçava os seus raios de luz por toda a Grécia. Mas era também o que havia de mais obscuro, pela sua t o com a flauta de o o o o o do t o o o o o deus dos estrangeiros, dos escravos e das mulheres, mas igualmente das bebedeiras, das perseguições sexuais e de todas as loucuras.
O lado negro de Dionísio o t t o o d d o do o t do o d o o o o t t t o t o d Apolo, o Templo de Delfos, em particular através do Falo, firme e hirto, materializado pela enorme pedra que existia nesse local, que os Gregos consideravam ser o centro do mundo ou o umbigo da terra.
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- . Os pacientes desejosos de cura , onde eram submetidos , a Pitonisa. Devido aos vapores que emanavam da terra, esta entrava e , emitia ordens e fazia profecias.
Omphalos era o nome dessa pedra onde os fiéis o o o to acalmavam a aflição da alma, ao mesmo tempo que clamavam pela realização dos seus desejos, nomeadamente de procriação.
Esta pedra era o o o o o possuía o o o t o o que o Falo pôde ser do t o d o símbolo, erguido à altura do Logos2. t t o o ao que os Gregos chamavam as «coisas da deusa Afrodite».
do o o t t o t to - l que eles falem do assunto, ou então de outra coisa, para disfarçar, para o o o to d do do o o o o to o o o retira ao homem o seu status o t d t d t ot t um problema para as mulheres, em todo o caso para aquelas que gostam de sexo e desejam um homem.
o o o o o o t o o , os homens e as mulheres gregas sonhavam com a d o d o d d t d d o d t o o d do . Ambos esperavam ter filhos para poder salvaguardar a es o o , a cidade e o desejo. Mas queriam sobretudo gerar pequenos falos, o o o t do d o o t do d ot o .
o t t t do o o o t d d o o o o d t t o o do do o o do Pai, que detinha o od o o o t t o do d do do o o do do o t do d .
-
Freud não escapou ao mal- t o. Como também não escaparam os seus pacientes, nomeadamente d t o d d Viena.
O que estas contavam o d o o t o o d o, a saber que, no incons t x t o o x , o Falo, ou que a libido t o o do xo .
o o d t o to o t o, como mais um exemplo do milenar sexismo machista, coadjuvado desta vez por um cientismo d o o ot ta, que teimaria em desconhecer a Mulher.
2 . Ele
pertence ao Logos .
d o o o d o o . Mas, uma vez dito isto, a bola fica do lado das mulheres, ou seja, devia caber x o o o Mulher, sobretudo dizer-lhes como fazer para satisfazer o seu Ser.
to o o t o d t o d o o o t o to o t o t o o o t -los, a dizer-lhes que el o e o o d , não dizer-lhes falam, não as ajudam, como exigem ainda e mais deles, sem lhes indicarem o que realmente querem. Nem as feministas, nem as psicanalistas revelaram alguma vez o que é a Mulher, e menos ainda o mistério do gozo feminino.
t d d d o d t o, os Estudos Femininos e t Feministas. Ela contribuiu igualmente o do o to d t o d do do d xo o t do o d o to o onto G3 o to d o t o to o o o d d todo o o o o d o d o t t t d schopping. to o o o to o uiu escrever a fórmula cientifica do Gozo da Mulher.
O Falo permanece, pois, um gnomon, o o t o do o o o t projectar sombra sobre a sexualidade; e que, tal como o sol, o pode ser olhado de frente. Co pois, para saber a que horas se anda, o t o o o d o t t .
o t x t do o d irresolúvel «relação sexual», ainda que existam o o os para esta, que dependem essencialmente das contingências. O x t d x d , entre eles e elas, eles e eles, elas e elas, vida que deambula ao sabor dos encontros com o Outro do discurso, o Outro do corpo e, mais radicalmente, com o Outro sexo.
N o o d , onde um homem e uma mulher possam encontrar a chave da sua (pseudo) complementaridade sexual. A d d o o x , mas social, melhor ainda, intersimtomática.
Há quem pense que, numa análise, o analisando canta o seu Fado enquanto o analista faz silêncio.
A ideia que o Fado ou Destino já t to é muito antiga, mas não convém à . Foi ela que fez Sartre falar de “ ”.
Esta está tradicionalmente ligada a uma ideia da psicanálise que acredita no Pai Natal e se dedica de corpo e d .
A partir desta daí to -freudianos resolveram promover a d o , na qual deveria reinar o amor e o o t to o -
o t d , no o o to o o to t d o o t do o d o t t .
t o o t t t d bem o o o o t t do to s prosaico, reflecte o medo de cada psicanalista de agir o t o t o o do o do o o o t t t t o, e pecar, reagindo, como simples homens ou mulheres, ao amor e sexo que os analisandos lhes pedem, declaram e, por vezes, exigem.
t o t o o t o od o omo um homem ou uma mulher. O que não quer dizer que seja um anjo, sem sexo, nem um santo d ot do d d .
o d o t t contribuiu igualmente para promover a imagem do analista que deve estar sempre calado. Alguns tem mesmo a impressão que o analista fica a o o d d !
Mesmo se há silêncio do lado da cadeira e do divã, o t pode ser concebida como o o o 4. O analisando fala a múltiplas vozes, polifonia qu suficiente para conceber que o que está d o d t od t d d o d to t d t o o d o d o d o d d o o t o d o viris de tenor. Mas aquilo que caracteriza mais propriamente o o t d estar do lado do castrato5.
Quando o analista guarda o silêncio desse modo já não se ouve mais a (sua) voz, porque esta passou a ficar do lado do objecto a-fónico.
Bem entendido que a voz de castrado do t o t d o o , mas d d d t .
A fala do analista incide não só sobre a fala do analisando o o o o o to o t t o o t o o utro disse, em particular o
4
.
5 , castrato (plural castrati
- , devido a um (ou na sua fase inicial) impede a l , tais como o crescimento da barba. Quando o jovem castrato - , com um poder e uma flexibilidade mu , o contratenor. Por outro lado, a maturidade e a crescente, experiência musical do castrato tornam a sua voz marcadamente diferente da de um jovem. Com o tempo, o termo castrato sua voz.
inconsciente. Ela coloca , um ponto de interro o o to d x o o o to nisso que fala. E t o t o d d d o porque o corte que opera é t o, o o o d t d d d ,. Isso faz sobressair melhor do que em qualquer outro lugar o se pode dizer tudo e em particular toda a verdade.
t o d o t o d d d t t to o d ot , a o-resposta d do analisando, como a voz da «impossibilidade» de realizar o desejo fora da perda do objecto que o causa.
Digamos que é o objecto do fantasma que faz o analisando cantar o seu Fado; ma o canto do Falo que produz a perda desse objecto, com o suplemento de gozo que restará, aquele que permite a identificação ao sintoma pós-analítico.
No final da sua análise, o analisando deve encontrar-se em condições d do to o d o o o d t , que deseja realmente ser um analista novo, ainda mais do que um novo analista.