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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP WERLEY CARLOS DE OLIVEIRA

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Academic year: 2019

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

WERLEY CARLOS DE OLIVEIRA

AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM:

UMA IMERSÃO NO SESC SP SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO DE SÃO PAULO

MESTRADO EM TECNOLOGIAS DA INTELIGÊNCIA E DESIGN DIGITAL

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP

WERLEY CARLOS DE OLIVEIRA

AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM:

UMA IMERSÃO NO SESC SP SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO DE SÃO PAULO

MESTRADO EM TECNOLOGIAS DA INTELIGÊNCIA E DESIGN DIGITAL

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Mestre em Tecnologias da Inteligência e Design Digital – Aprendizagem em Semiótica Cognitiva, sob a orientação da Profa. Dra. Sônia Maria de Macedo Allegretti.

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Banca Examinadora

_________________________________

_________________________________

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AGRADECIMENTOS

À Direção do Serviço Social do Comércio no Estado de São Paulo (Sesc SP), na pessoa do Diretor Regional Danilo Santos de Miranda, pela confiança e autorização na realização desta pesquisa dentro da Instituição.

À Professora Dra. Sônia Maria Macedo Allegretti pela orientação e acompanhamento deste trabalho em todas as fases.

À Professora Dra. Ana Maria Hessel Di Grado por ter despertado o meu interesse pela teoria da complexidade.

Aos colegas de Mestrado que dividiram angústias e principalmente alegrias no decorrer do curso.

A toda minha família, a qual sempre apoiou minhas escolhas, cada um ao seu modo, mas sempre com um olhar de admiração que me incentivou a continuar, a despeito de minhas ausências (físicas)... Mãe Martinha, Tia Graça, Ednilson, Cirlei, Gutemberg, Lailoka, Yara, Matheus, Manuela: minha gratidão.

Ao querido José Moura de Souza Filho que por mais de 15 anos me faz acreditar que a vida é um presente divino, sem palavras para agradecer a oportunidade de compartilhar a vida com uma pessoa tão especial. Presença amorosa e generosa: minha eterna gratidão.

Ao Gerente de Pessoas (GEP) José Menezes pela confiança no desenvolvimento deste trabalho.

À Coordenadora do núcleo de T&D Vania Feichas pelo carinho, motivação e apoio, meus sinceros agradecimentos.

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Ao querido Prof. Dr. Fernando Genaro Junior, que desde a graduação em psicologia tem sido um companheiro fiel: obrigado pelo carinho, incentivo e eterna amizade.

Ao coordenador da área de logística, Marcel Prieto, e todos os funcionários do Sesc, que colaboraram de forma direta ou indireta no desenvolvimento deste trabalho.

Ao grupo de Editores Web (REW), minha gratidão.

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“Ninguém sabe tudo, assim como ninguém ignora tudo. O saber começa com a consciência do saber pouco (enquanto alguém matuta). É sabendo que sabe pouco que uma pessoa se prepara para saber mais. [...] O homem, como um ser histórico, inserido num permanente movimento de procura, faz e refaz constantemente o seu saber. E é por isso, que todo saber novo se gera num saber que passou a ser velho, o qual, anteriormente, gerando-se num outro saber que também se tornara velho, se havia instalado como saber novo. Há, portanto, uma sucessão constante do saber, de tal

forma que todo novo saber, ao instalar-se, aponta para o que virá substituí-lo”

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RESUMO

Ambiente virtual de aprendizagem: uma imersão no Sesc SP – Serviço Social do Comércio de São Paulo

O crescimento da modalidade de educação a distância e, como consequência, a utilização dos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) indicam uma mudança de paradigma no ensino e na aprendizagem. Contudo, apesar do potencial exercido por esse formato para disseminação do conhecimento nos meios corporativos, as estratégias que visam à transição presencial para o não-presencial ainda não são totalmente compreendidas.

Estamos na era da internet, porém os benefícios dessa ferramenta para os meios pedagógicos carecem de melhor compreensão, o que remete a uma subutilização das possibilidades interativas em prol do ensino e da aprendizagem.

Nesta pesquisa pretende-se buscar elucidar as contribuições que essa tecnologia pode trazer para as ações de treinamento e desenvolvimento dos funcionários do Sesc SP. Para tanto, estabeleceu-se um olhar analítico e reflexivo a partir dos estudiosos sobre educação e cultura, educação corporativa, recursos humanos, e-learning e os respectivos resultados em ações educacionais. Utilizamos a teoria da complexidade dos autores Edgar Morin, Humberto Maturana e Francisco Varela, a fim de analisar um curso implantado em um ambiente virtual de aprendizagem do Sesc SP. Para isso, primeiramente, estudou-se o processo de aprendizagem de adultos correlacionando conceitos da pedagogia de Piaget e Vigotsky a partir do conceito de “andragogia” de Malcolm Knowles, que podem ser aplicados à modalidade de educação a distância nos ambientes corporativos; para, finalmente, explorar a diversidade de ferramentas disponíveis nesse ambiente de aprendizagem.

Esta pesquisa permitiu observar, analisar e apresentar as contribuições advindas do uso dessas ferramentas, concepções e formato de ensino e aprendizagem para adultos no Sesc SP.

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ABSTRACT

Virtual learning environment: an immersion into the SESC SP - Social Service of the Commerce in State of Sao Paulo

The growth of education distance mode and as a consequence, the use of virtual learning environments (VLE) indicate a paradigm shift in teaching and learning. However, despite the potential exercised by this format for dissemination of knowledge in the corporate media, strategies aimed at the transition from the classroom to the distance are not yet fully understood.

We are in the Internet age, but the benefits of this tool for teaching methods need better understanding, which leads to an under-utilization of interactive possibilities in support of teaching and learning.

In this research we intend to seek to elucidate the contribution that technology can bring to the training and development activities of the SESC SP employees.

To do so, it sets up an analytical and reflective look from scholars on education and culture, corporate education, human resources, e-learning and results in educational activities. We use the theory of complexity of authors Edgar Morin, Humberto Maturana and Francisco Varela in order to analyze a course deployed in a virtual environment of the SESC SP learning. For this, first, we studied the adult learning process correlating concepts of Piaget and Vygotsky pedagogy from the concept of "andragogy" Malcolm Knowles, that can be applied to the education of the distance mode in enterprise environments; to eventually exploit the variety of tools available on that learning environment.

This research allowed to observe, analyze and present the contributions resulting from the use of these tools, concepts and format of teaching and learning for adults at SESC SP.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - LMS Saba – Funcionalidades ... 70

Figura 2 - Saba - Recursos para colaboração - Comunidade ... 75

Figura 3 - Saba Meeting... 78

Figura 4 - Estrutura do Catálogo de Aprendizagem ... 87

Figura 5 - Estrutura do Catálogo de Aprendizagem - Ofertas ... 89

Figura 6 - Engrenagem Competência ... 91

Figura 7 - Tela Inicial do Saba para o curso de Administração de Armazenagem ... 99

Figura 8 - Tela do Saba - Itens de Aprendizagem - Curso de Administração de Armazenagem 101 Figura 9 - Módulo 00 - Boas-vindas - Tela 1/5 ... 106

Figura 10 - Módulo 01 - Armazenagem na Cadeia de Logística - Tela 2/18 ... 107

Figura 11- Armazenagem na Cadeia de Logística - Tela 9/18 - Exercício/Game ... 107

Figura 12 - Aspectos Físicos do Armazém - Tela 3/15 ... 108

Figura 13- Aspectos Físicos do Armazém - Tela 8/15 - Exercício ... 108

Figura 14 - Módulo 03 – Gestão de Estoques - Tela 2/16 ... 109

Figura 15- Módulo 03 – Gestão de Estoques - Tela 16/16 ... 109

Figura 16 - Comunidade - Apresentação ... 112

LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Pedagogia e Andragogia: Pressupostos ... 42

Tabela 2 - Elementos da prática ... 43

Tabela 3 - Comparações entre Pedagogia Tradicional, Construtivismo e Andragogia ... 44

Tabela 4 - Andragogia e complexidade: pressupostos ... 46

Tabela 5 - Saba Meeting - Barra de Ferramentas ... 79

Tabela 6 - Saba Meeting - áudio e vídeo ... 80

Tabela 7- Saba Meeting - Interação na videoconferência... 81

Tabela 8 - Saba Meeting - Participantes ... 82

Tabela 9 - Saba Meeting - Barra de status de participante ... 82

Tabela 10 - Curso de Administração de Armazenagem ... 100

Tabela 11 - Síntese da justificativa - Confortável para expor ideias nos fóruns virtuais criados para discutir assuntos referentes ao dia a dia do trabalho... 124

Tabela 12 - Síntese da justificativa - Responsável como parte integrante dos assuntos abordados no fórum de discussão virtual ... 125

Tabela 13 - Síntese da justificativa - Respostas dissertativas - Acredita adquirir novos conhecimentos com o fórum de discussão virtual ... 127

Tabela 14 – Síntese das Justificativas - Respostas dissertativas - Ao ler o comentário de membros do grupo você se identifica com situações expostas e procura ajudá-lo por meio de algum comentário ... 129

Tabela 15 - Síntese das Justificativas - Respostas dissertativas - O fórum de discussões pode trazer alguma contribuição positiva para as suas atividades profissionais ... 133

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Respostas dissertativas - Confortável para expor ideias nos fóruns virtuais criados para

discutir assuntos referentes ao dia a dia de trabalho ... 151

Quadro 2 - Respostas dissertativas - Responsável como parte integrante dos assuntos abordados no fórum de discussão virtual ... 153

Quadro 3 - Respostas dissertativas - Acredita adquirir novos conhecimentos com o fórum de discussão virtual? ... 155

Quadro 4 - Respostas dissertativas - Alteração do modo de pensar a partir da leitura de comentários de outros membros do grupo ... 156

Quadro 5 - Respostas dissertativas - O fórum de discussões pode trazer alguma contribuição positiva para as suas atividades profissionais? ... 158

Quadro 6 - Respostas dissertativas - O grupo de discussão virtual contribui para interação entre os demais funcionários que exercem a mesma função no Sesc SP? ... 160

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Com relação aos assuntos discutidos na Comunidade “Administração de Armazenagem”, você considera os tópicos: ... 114

Gráfico 2 - Nos assuntos discutidos na Comunidade “Administração de Armazenagem", os tópicos agregaram algum conhecimento para as suas atividades na Unidade? ... 115

Gráfico 3 - Você já havia participado de algum curso na modalidade a distância? ... 116

Gráfico 4 - Você recomendaria cursos online para outros funcionários do Sesc? ... 118

Gráfico 5 - Faixa etária da amostra ... 120

Gráfico 6 - Escolaridade ... 121

Gráfico 7 - Participação em outro grupo de discussão online antes da participação no Sesc SP 121 Gráfico 8 - Acessos ao fórum virtual... 122

Gráfico 9 - Dificuldade em acessar o grupo de discussão ... 122

Gráfico 10 - Confortável para expor ideias nos fóruns virtuais criados para discutir assuntos referentes ao dia-a-dia do trabalho ... 123

Gráfico 11 - Responsável como parte integrante dos assuntos que são abordados no fórum de discussão virtual ... 125

Gráfico 12 - Leitura de comentários publicados por outros participantes no grupo discussão ... 126

Gráfico 13 - Acredita adquirir novos conhecimentos com o fórum de discussão virtual ... 127

Gráfico 14 - Alteração do modo de pensar a partir da leitura de comentários de outros membros do grupo ... 128

Gráfico 15 - Considera a sua participação no fórum de discussão importante para o desenvolvimento dos assuntos abordados ... 128

Gráfico 16 - Ao ler o comentário de membros do grupo você se identifica com situações expostas e procura ajudá-lo por meio de algum comentário? ... 129

Gráfico 17 - Avalie a sua participação no grupo de discussão ... 130

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Gráfico 19 - Ao ler o comentário de membros do grupo de discussão do qual você discorda da opinião, você costuma: ... 131 Gráfico 20 - Comentários de outros participantes do fórum exercem alguma influência na sua maneira de pensar o seu trabalho ... 132 Gráfico 21 - Após você ter postado algum comentário no grupo de discussão você costuma voltar para ver a contribuição dos outros participantes ... 132 Gráfico 22 - O fórum de discussões pode trazer alguma contribuição positiva para as suas

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABED - Associação Brasileira de Educação a Distância AMT - Aprendizagem mediada por tecnologia

AVA - Ambiente Virtual de Aprendizagem

CBT - Computer based training (treinamento baseado em computador) EAD - Educação a distância

LMS - Learning management system (sistema de gerenciamento da aprendizagem)

MEC - Ministério da Educação e Cultura RH - Recursos humanos

SEED - Secretaria de Educação a Distância do MEC SESC - Serviço Social do Comércio

T&D - Treinamento e desenvolvimento TI - Tecnologia da informação

TIC - Tecnologia da informação e comunicação

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GLOSSÁRIO

Andragogia– refere-se à aprendizagem de adultos.

Assincronismo – refere-se à interação entre participantes de um curso de modo não simultânea.

Avaliação de reação – é a avaliação que visa saber se os participantes de uma ação de treinamento gostaram das atividades realizadas e qual o grau de satisfação com as mesmas, auxilia identificar possíveis erros que tenham ocorrido no processo e, a partir disto, traçar possíveis melhorias.

Behaviorismo – teoria da aprendizagem que considera a observação de aspectos da aprendizagem diretamente observáveis e mensuráveis.

Blended learning – programa de treinamento composto por atividades presenciais e virtuais.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 17

1 Apresentação ... 17

1 O Sesc ... 19

ESTADO DA ARTE ... 21

1 Educação a Distância ... 21

2 Aspectos Gerais ... 22

3 Fundamentação Teórica ... 27

JUSTIFICATIVAS ... 29

QUESTÃO DA PESQUISA ... 30

OBJETIVO GERAL ... 30

OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 30

HIPÓTESES ... 31

METODOLOGIA ... 31

CAPÍTULO 1: O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE ADULTOS SOB A VERTICE DA COMPLEXIDADE ... 34

1.1 Autonomia e dependência na aprendizagem de adultos ... 36

1.2 O pensamento complexo aplicado à educação de adultos ... 37

1.3 Professor como gestor do conhecimento ... 39

1.4 Andragogia, pedagogia e complexidade ... 41

1.5 Andragogia e complexidade aplicadas à educação a distância... 48

CAPÍTULO 2 – EDUCAÇAO A DISTÂNCIA CORPORATIVA ... 54

2.1 Marcos legais ... 55

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2.3 Sesc, Educação Corporativa e EAD: um olhar sob a luz da complexidade ... 61

CAPÍTULO 3 – DIVERSIFICANDO O AMBIENTE DE APRENDIZAGEM NO SESC .. 65

3.1 Ambiente Virtual e o Sesc SP... 66

3.2 A plataforma LMS Saba e suas funcionalidades... 68

3.3 Funcionalidades gerais e administrativas ... 71

3.3.1 Integração, migração de dados e parametrização como sistema autopoietico ... 71

3.3.2 Interface com o usuário ... 72

3.3.3 Recursos para colaboração ... 74

3.3.4 Recursos síncronos de áudio e vídeo ... 77

3.3.4.1 Barra de ferramenta ... 79

3.3.4.2 Áudio e vídeo ... 80

3.3.4.3 Interação na videoconferência ... 81

3.3.4.4 Participantes ... 81

3.3.4.5 Barra de Status de Participantes ... 82

3.4 Funcionalidade para a gestão do conhecimento ... 82

3.4.1 Avaliações ... 83

3.4.2 Relatórios ... 85

3.4.3 Catálogo de Aprendizagem ... 86

3.4.4 Competências ... 89

3.5 Funcionalidades para o Aluno/Participante ... 93

3.6 Funcionalidades para o Gestor do Conhecimento ... 95

CAPÍTULO 4 – ESTUDO DE CASO: ALUNOS QUE PARTICIPARAM DE CURSO EAD IMPLANTADO NA PLATAFORMA SABA ... 97

4.1 Sobre a análise ... 97

4.2 Informações gerais do curso ... 99

4.3 O e-learning ... 103

4.4 Comunidades de Prática ... 110

4.5 Interações dos alunos no ambiente virtual ... 115

4.6 Aprendizagem Colaborativa ... 118

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 138

REFERÊNCIAS ... 142

APÊNDICES ... 148

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APÊNDICE B Quadros com respostas dissertativas do Questionário Comunidade de Prática .. 151

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INTRODUÇÃO

1 Apresentação

A educação e a tecnologia são áreas do conhecimento que sempre despertaram o meu interesse, por esse motivo realizei duas formações acadêmicas distintas que muito contribuíram em minha vida profissional.

A primeira graduação foi em psicologia, em 1995, pela Universidade São Marcos. Alguns anos depois, ingressei no curso superior de tecnologia da informação, formando-me em 2002, pela Universidade Anhembi Morumbi. No ano de 2010, conclui a pós-graduação em gestão e tecnologia de segurança da informação, pela Faculdade Impacta. Continuando a busca por conhecimento, em 2012 complementei minha formação com uma especialização em gerenciamento de projetos, na Fundação Vanzoline.

Como psicólogo, trabalhei no departamento de recursos humanos de diversas empresas, atuando diretamente em treinamento e desenvolvimento (T&D). Fui responsável por coordenar, elaborar e, muitas vezes, ministrar treinamentos técnicos, operacionais, comportamentais e motivacionais. Época em que usava os conhecimentos adquiridos no curso de psicologia, referentes aos processos mentais e comportamentais do ser humano e as suas interações com o ambiente corporativo. Assim, participei ativamente de uma série de iniciativas que abordavam questões de ensino/aprendizagem em âmbitos organizacionais, sempre tendo foco a andragogia, considerando que a experiência é a fonte mais rica para a aprendizagem do profissional, que por sua vez só é motivado a aprender se sentir a necessidade e interesse para sua vida, seja ela pessoal ou profissional.

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Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, para o então deputado estadual Prof. Cesar Callegari, atual secretário de educação do município de São Paulo, e fui responsável pela tabulação de dados, programação de cálculos e tratamento eletrônico dos seguintes livros:

a. “O FUNDEB e o Financiamento da Educação Pública no Estado de São Paulo”, 2007, Editora Ground;

b. “O FUNDEF e a Municipalização do Ensino Fundamental no Estado de São Paulo”, 2002, Editora Aquariana;

c. “As Verbas da Educação: A Luta Contra a Sonegação de Recursos do Ensino Público no Estado de São Paulo”, 1997, Editora Entrelinhas;

d. “Ensino Fundamental: A Municipalização Induzida”, 1997, Editora Senac/São Paulo.

Com relação à educação a distância, já havia realizado cursos e optado por disciplinas pertinentes à área na faculdade de TI, na configuração assíncrona. Porém, meu primeiro contato profissional com essa modalidade de ensino foi em 2008, quando morei em Toronto, no Canadá. Nesse ano, trabalhei na Software Training Academy – STA (http://www.softwaretrainingacademy.com/), uma empresa de treinamentos especializados em informática. Todos os cursos da STA eram ofertados na modalidade a distância, no formato síncrono, por meio de videoconferência, utilizando o software

Adobe Connect. O que despertou minha atenção foi o rompimento com as barreiras de

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Contudo, foi só no final de 2011, já de volta ao Brasil, que minha atenção foi especialmente aguçada para educação a distância, ano em que fui trabalhar na Gerência de Pessoas, área de recursos humanos do Serviço Social do Comércio de São Paulo – Sesc SP. À época, o núcleo de treinamento e desenvolvimento da Instituição estava em fase de implantação do projeto denominado Aprendizagem Mediada por Tecnologia (AMT). Fui convidado a participar desse processo e aceitei o desafio. Comecei a estudar profundamente o assunto, passando a ficar impressionado com o rol de opções que a tecnologia podia oferecer para questões referentes ao ensino/aprendizagem. Como sempre atuei em atividades pedagógicas, julgava importante a oferta de alternativas didáticas aos alunos, pois percebia que as mais variadas e provocativas possíveis eram os meios que proporcionavam mais resultados. Nesse sentido, a tecnologia da informação e comunicação, aliada a práticas pedagógicas, pode viabilizar muitos recursos para o estímulo da aprendizagem. Cabe lembrar que pessoas são diferentes e a maneira a qual adquirem o conhecimento também difere de individuo para individuo, o que demonstra a complexidade envolvida na questão ensino/aprendizagem.

2 O Sesc

O Serviço Social do Comércio Sesc, criado em 1946, é uma instituição de caráter privado, sem fins lucrativos, de âmbito nacional, com a finalidade de promover o bem-estar social, o desenvolvimento cultural e a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores do comércio e serviços, bem como de suas famílias e da comunidade em geral.

Sua missão permanente é a de inserir e integrar pessoas e grupos de diferentes idades e estratos sociais ao universo cultural, e para que isto ocorra é necessário que os funcionários sejam constantemente qualificados, nesse contexto é que se insere esta pesquisa.

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ESTADO DA ARTE

1 Educação a Distância

A educação a distância, embora pareça uma modalidade de ensino recente, é utilizada há muito tempo como mecanismo de aprendizagem. Desde o surgimento da comunicação escrita, ela vem sendo empregada para disseminar conhecimentos.

Saraiva (1996) lembra que na Grécia antiga já existia uma rede de comunicação para correspondência, mas que o grande acesso ao saber se deu no século XIX, com o surgimento das técnicas de impressão.

De acordo com Allegretti (2003), a invenção da imprensa propiciou uma democratização do saber:

A invenção da imprensa no século XIX determinou alterações profundas na forma de aprender, visto que possibilitou - até certo ponto - um deslocamento e uma certa “desconcentração” do saber, da pessoa do professor/mestre para outra fonte de conhecimento, uma vez que as informações registradas no livro impresso poderiam ser acessadas ou consultadas independente da presença dos mestres. (ALLEGRETTI, 2003, p.34)

Durante muito tempo a EAD foi baseada apenas em material que o aluno recebia via correio, e o contato entre mestre/aluno para tirar dúvidas e eventuais avaliações era feito por correspondência. No século XX, com o surgimento do rádio e da televisão, essa modalidade de ensino e aprendizagem ganha novos rumos por meio dos conhecidos telecursos. As imagens, antes estáticas, adquirem movimentos e um pouco mais de interatividade, conquistando um público maior, pois além de ler o aluno passa a assistir e ouvir as aulas. Cabe lembrar que ainda nessa fase a EAD continua com algumas limitações visto que se configura um meio de aprendizagem unidirecional, onde apenas envia-se conteúdo, não há um canal de comunicação aluno/professor rápido e direto.

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um “clique” e também receber respostas. Mais que isso, torna-se possível realizar discussões em grupo e verdadeiros debates a distância, por meio de ferramentas conhecidas como chat e fórum.

Senge (1993), ressalta a importância de se levar a aprendizagem até as pessoas, e nesse contexto é sabido que as novas tecnologias acabam por assumir um papel de suma importância na distribuição de informações e disseminação de conhecimentos em propostas de ensino e aprendizagem.

Segundo Lévy (1993), devido ao não conhecimento do momento em que se vive, diante das velozes mudanças e inúmeras interrogações de incertezas, muitas pessoas preferem abraçar as críticas sobre a tecnologia, nascidas do medo e da ignorância, a investir em estudos para conhecer o que se passa.

O cúmulo da cegueira é atingido quando as antigas técnicas são declaradas culturais e impregnadas de valores, enquanto que as novas são denunciadas como bárbaras e contrárias à vida. Alguém que condena a informática não pensaria nunca em criticar a impressão e menos ainda a escrita. Isso, porque a impressão e a escrita (que são técnicas!) o constituem em demasia para que ele pense em apontá-las como estrangeiras. Não percebe que sua maneira de pensar, de comunicar-se com seus semelhantes, e mesmo de acreditar em Deus são condicionadas por processos materiais. (LÉVY, 1993, p. 15)

2 Aspectos Gerais

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Portanto, podemos afirmar que na sociedade contemporânea a Educação a Distância já é uma realidade consolidada e validada, por diversas pesquisas científicas, como uma modalidade de ensino e aprendizagem capaz de subsidiar o desenvolvimento e auxiliar nos processos de disseminação do pensamento para formação, educação e capacitação de pessoas nas diversas áreas do conhecimento humano.

Esse tipo de educação, nos dias atuais, tem sido utilizada em larga escala por diferentes tipos de organizações. É possível verificar sua aplicação em entidades governamentais, empresas privadas, instituições educacionais e ONGs em geral.

Cabe lembrar que instituições vinculadas ao ensino formal e não formal fazem uso de tal modalidade como forma de ampliar e possibilitar o acesso à educação, formação e capacitação de um número cada vez maior de pessoas ávidas por conhecimento e que se encontram dispersas geograficamente, expandindo, dessa maneira, os meios físicos outrora utilizados pelas mesmas instituições.

Nota-se, então, que educação mediada por computador pode permitir o acesso à informação, possibilitando interação e produção de forma flexível, rompendo com barreiras geográficas.

É notório em todos os países que a EAD vem crescendo exponencialmente nos últimos anos. Especificamente no Brasil dados da Associação Brasileira de Educação a Distância – ABED, publicados no censo EAD.BR 2012, relatam que no ano 2000, tínhamos 1.682 alunos matriculados em curso de graduação no referido modelo, passando para cerca de 114 mil no ano de 2005, aumentando para mais de 760 mil em 2008 e chegando a mais de 1 milhão em 2009.

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Outra fonte importante a considerar é o Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância (AbraEAD) do ano de 2008, que informa que um em cada setenta e três brasileiros realizou algum tipo de curso na modalidade a distância no ano de 2007, o que representaria cerca de 2,5 milhões de brasileiros.

Contudo, a educação corporativa, utilizada por grandes empresas para formação e capacitação de profissionais, também apresenta dados animadores para os que incentivam a modalidade de ensino em pauta como forma eficaz de disseminação do saber. Se analisarmos a publicação da AbraEAD realizada em 41 empresas (ABRAEAD, 2008), veremos que no ano de 2007, 582.982 brasileiros receberam algum tipo de capacitação/formação dentro das próprias corporações onde trabalhavam. Na pesquisa realizada junto a companhias que praticam educação corporativa utilizando recursos de ambientes virtuais de aprendizagem, foram relatadas algumas variantes inovadoras, como a que educa consumidores dos produtos das empresas.

Segundo a AbraEAD, os métodos de ensino a distância são um fenômeno crescente na educação corporativa brasileira, e os números referentes aos investimentos no ano de 2007 mostram que, embora sejam majoritariamente presenciais, os projetos de educação de funcionários, colaboradores e prestadores de serviços abrem cada vez mais espaço para a EAD.

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Exatamente nesse contexto histórico que o Sesc SP, uma instituição de vanguarda, apoiado pelo plano diretor de 2009, tinha como objetivo a implementação de um modelo de competências e a construção de rotas de aprendizagem visando a capacitação e a educação continuada de seus funcionários. E para atingir esse objetivo era necessário trabalhar com um sistema que desse espaço para múltiplas formas de aprendizagem. Assim, ficava cada vez mais evidente a necessidade de utilizar a modalidade EAD como maneira de suprir muitas das lacunas já diagnosticadas no formato em que a Instituição empregava na área de treinamento e desenvolvimento. Entende-se por lacunas a falta de acompanhamento contínuo do processo de aprendizagem e as questões geográficas que muitas vezes impediam que todos os funcionários de um mesmo cargo participassem de ações de formação.

Nesse cenário, um dos componentes de fundamental importância para o Sesc SP viabilizar o projeto em pauta era a aquisição de um sistema integrado para gestão da aprendizagem institucional. Sendo assim, no ano de 2011 foi realizado um estudo para avaliação de diversas plataformas LMS disponíveis no mercado. Naquele momento, concluiu-se que o Saba seria o software indicado, pois oferecia mais benefícios para a Instituição.

Iniciou-se, então, com a aquisição do LMS Saba em 2012, o processo de implantação do software que objetivava a gestão do conhecimento institucional, tendo como orientação a estratégia de longo prazo da organização. Começou-se assim um movimento muito além do treinamento empresarial e do sentido simplista de suprir unicamente as necessidades de qualificação da mão-de-obra, tratava-se de articular coerentemente as competências individuais e organizacionais no contexto mais amplo da Instituição, contribuindo de forma efetiva no desenvolvimento profissional de todos os colaboradores em um esforço de cumprir a missão institucional.

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Paralelamente às questões de ordem operacional, a área de treinamento e desenvolvimento do Sesc SP elaborou cursos no formato digital com o objetivo de incorporá-los à plataforma LMS Saba, visando, obviamente, disponibilizar o conteúdo para funcionários, tão logo fossem superadas as dificuldades operacionais mencionadas anteriormente.

Apesar dos esforços investidos no Sesc SP, a efetiva utilização de todos os recursos do LMS Saba e seus reflexos na modalidade EAD ainda eram grandes desafios a serem superados, uma vez que se fazia necessário respeitar a transição cultural para o autodesenvolvimento e para a assimilação desse novo conceito de aprendizagem mediada por tecnologia, sempre considerando o processo de mudança e suas respectivas fases.

Segundo Mcluhan (1964), a mensagem dos novos meios é identificada na mudança que ela causa nos velhos meios. Já é clara a transformação pela qual o Sesc SP passou na maneira de capacitar e qualificar sua mão-de-obra, deixando um formato exclusivamente presencial para aderir a um tecnológico, capaz de subsidiar a educação a distância. Mesmo não explorando totalmente os recursos do LMS, nota-se que se torna impossível a não utilização da ferramenta de videoconferência Saba Meeting, ideal para os treinamentos não-presenciais e já largamente utilizada por quase todos os funcionários do Sesc SP.

Todavia, cabe lembrar que a maneira a qual o Sesc SP pensava a educação institucional jamais será a mesma depois da intervenção tecnológica.

(...) a intervenção tecnológica devora o passado e cria um tipo de ilusão em que o mundo e a cultura parecem ter sido como que reinaugurados - subitamente, o sentido de mundo tal qual vivido por uma ou algumas gerações parece não dialogar com o sentido que assume o cotidiano. (...)(BASBAUM, 2005, p. 223)

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auto-organização, emprestando o conceito de autopoiese (MATURANA e VARELA, 1997). Um ambiente virtual está constantemente se autoproduzindo, autorregulando, e sempre mantendo interações com o meio (organização e funcionários), onde este apenas desencadeia mudanças determinadas em sua própria estrutura, na medida em que se modifica e se adapta à organização e ao funcionário.

3 Fundamentação Teórica

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) Media, o número de pessoas com acesso à internet no Brasil chegou a 105,1 milhões no segundo trimestre de 2013, o que representa um crescimento de 3% na comparação com os 102,3 milhões, registrados no trimestre anterior. O Ibope considera o acesso à internet em qualquer ambiente, como domicílios, trabalho, escolas, bibliotecas, espaços públicos e outros locais.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o percentual de pessoas com 10 anos ou mais de idade que acessaram a internet passou de 20,9% (31,9 milhões) em 2005 para 46,5% (77,7 milhões) em 2011 (PINAD, 2011). Este mesmo estudo revela que entre os estudantes do ensino superior quase todos acessavam a rede mundial de computadores em 2011.

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Diante do exposto, impossível não refletir sobre o potencial que a web, aliada aos ambientes virtuais de aprendizagem, pode oferecer para pessoas e empresas interessadas em romper as barreiras físicas impostas pelo modelo tradicional de educação.

Contudo, é preciso ter em mente a complexidade envolvida na internet e por consequência em um ambiente virtual de aprendizagem e que este último deve ser enriquecido com recursos que possibilitem a interação e de alguma maneira deixar-nos uma dimensão espiritual da educação, que para Morin (2012) é a Educação para compreensão.

Outro autor a ser estudado, que traz concepções relevantes para a compreensão de um ambiente virtual, segundo a visão da teoria da complexidade é Mariotti (2007), que elucida a web como um exemplo de auto-organização:

A internet é outro exemplo evidente de auto-organização. Como todos sabem, a web se autorregula e funciona perfeitamente, sem a necessidade de um comando central. Há outros exemplos semelhantes, na própria Internet: o Linux (o sistema aberto de software) e a Wikipédia (a enciclopédia aberta) estão entre os mais conhecidos. (MARIOTTI, 2007, p. 146)

Assim, buscar-se-á, compreender como o Sesc SP está suprindo as lacunas no desenvolvimento e treinamento de seus funcionários. Entende-se por lacuna o espaço vago existente entre a aprendizagem de um funcionário e o compartilhamento dessas informações pelos demais do grupo e as dificuldades de oferecer ações de treinamento e desenvolvimento para funcionários de cargos semelhantes devido às distâncias geográficas.

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partir do próprio processo de treinamento e desenvolvimento. Para isso, será estabelecido um aporte teórico nos estudos sobre cibercultura, na filosofia de Pierre Lévy, na teoria da complexidade de Edgar Morin, nos conceitos de autopoiese de Humberto Maturana e Francisco Varela, dentre outros autores que dialogam com o assunto em pauta.

JUSTIFICATIVAS

Caminhamos para formas de gestão menos centralizadas, mais flexíveis e integradas. Para estruturas mais enxutas. Menos pessoas trabalhando mais sinergicamente, nota-se claramente que o importante é aprender e não impor um padrão único de ensinar.

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Assim, acredita-se que a partir dos questionamentos e reflexões advindos desse campo de trabalho possam propiciar sugestões quanto à construção de modelos para a EAD. Dessa forma, este estudo pretende realizar uma reflexão teórica sob a perspectiva da psicologia, pedagogia e filosofia de grandes pensadores da educação e de ambientes virtuais voltados para focos educacionais, bem como os meios pelos quais as pessoas adultas adquirem seus conhecimentos quando sofrem interferências dos meios tecnológicos.

Com base nesses pressupostos, gostaríamos de debruçar um olhar reflexivo sobre algumas possibilidades de trabalhar com educação, no seu sentido mais amplo, em ambientes virtuais de aprendizagem e ensino, com foco no modelo proposto no Sesc SP, tomando como principal embasamento a teoria da complexidade, além de adotar ideias de autores que dedicaram seus estudos para entender as influências que as novas tecnologias exercem em ambientes socioculturais.

QUESTÃO DA PESQUISA

Quais são as contribuições da implementação de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) para as ações de treinamento e desenvolvimento dos funcionários do Sesc SP com foco na educação institucional?

OBJETIVO GERAL

Compreender as contribuições da implementação de um Ambiente Virtual de Aprendizagem para as ações de treinamento e desenvolvimento dos funcionários do Sesc SP.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

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b. Analisar, sob a ótica da teoria da complexidade, as funcionalidades da plataforma LMS Saba.

c. Analisar os resultados e estudar seus impactos na área de Treinamento e Desenvolvimento do Sesc SP.

HIPÓTESES

a. A implantação de uma plataforma virtual de aprendizagem modifica a forma de construção e disseminação do conhecimento organizacional.

b. Por se tratar de uma modalidade que envolve tecnologia, esta sofreria grande adesão, uma vez que vivemos na era da informação e de ambientes virtuais

METODOLOGIA

Segundo Gil (2007, p. 17), pesquisa é definida como:

“(...) procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa desenvolve-se por um processo constituído de várias fases, desde a formulação do problema até a apresentação e discussão dos resultados”

Esta pesquisa será desenvolvida utilizando uma abordagem qualitativa, por meio da modalidade estudo de caso etnográfico.

Entende-se por pesquisa qualitativa aquela em que buscamos percepções e entendimentos sobre a natureza da questão, e desta maneira pretende-se abrir espaço para interpretações e o desenvolvimento de conceitos, ideias e entendimentos a partir de padrões encontrados nos dados ora estudados.

(32)

Esta pesquisa pretende analisar questões educacionais em ambiente corporativo, portanto fará uso da metodologia estudo de caso etnográfico, que segundo Lüdke e André (1986, p. 13) abrange técnica que “vem ganhando crescente aceitação na área de educação”.

Para Gerhardt e Silveira (2009, p. 41) as pesquisas etnográficas são realizadas sobre os processos educativos, que analisam as relações entre escola, professor, aluno e sociedade, com o intuito de conhecer profundamente os diferentes problemas que a sua interação desperta.

Portanto, para atingir esses objetivos esta pesquisa se desdobrará em:

a) Revisão bibliográfica;

b) Entrevistas semiestruturadas, captando a perspectiva dos sujeitos sobre o ambiente virtual de aprendizagem adotado pelo Sesc SP;

c) Questionário;

d) Análise de dados.

Serão entrevistados funcionários que já utilizam o ambiente virtual de aprendizagem. Assim, poderemos garantir as características indutivas do objeto de estudo, visto que partimos do particular, “colocando a generalização como produto posterior do trabalho de coleta de dados particulares” (GIL, 2008, p. 10).

Ao final do trabalho pretende-se articular o material empírico x produções bibliográficas a fim de tecer qualitativamente possíveis compreensões sobre tais características desse modelo.

(33)

Para levantamento de dados, faremos uso da própria plataforma LMS Saba empregada no Sesc SP, utilizando uma avaliação de reação que será introduzida em curso.

(34)

CAPÍTULO 1: APRENDIZAGEM DE ADULTOS SOB A VÉRTICE DA COMPLEXIDADE

Refletir acerca de como o ensino e aprendizagem acontece na idade adulta é a proposta deste capítulo. Consequentemente, esta investigação nos dará suporte para os demais capítulos que abordarão a aprendizagem em ambiente virtual com foco na educação corporativa do Sesc SP, uma vez que toda esta pesquisa está voltada para um público de idade adulta.

Dessa maneira, buscamos um referencial teórico que pudesse dar subsídios às questões pedagógicas no que tange ao ensino e à aprendizagem para indivíduos na idade adulta.

Ao analisarmos algumas teorias, observamos que a maioria dos autores desenvolveram linhas de raciocínios com maior ênfase nas questões da aprendizagem da criança, em seus diferentes estágios de desenvolvimento, sendo eles respectivamente: cognitivo, motor, afetivo, social e moral.

Esse fato pode ser notado nas principais linhas de pensamento sobre o tema da pedagogia, pensando a respeito das perspectivas dos teóricos que defendem o cognitivo-behaviorismo ou o socioconstrutivismo. Assim, percebemos uma inexistência dessas teorias nas questões de ensino e aprendizagem especificamente na idade adulta.

Nesse sentido, é preciso consideramos que mesmo após a fase da adolescência, o ser humano continua em processo constante de aquisição de conhecimento. Por esse motivo, somos levados para uma reflexão sobre teorias específicas e direcionadas para a compreensão do dinamismo e da complexidade envolvida na construção do conhecimento dos jovens e adultos.

(35)

Para melhor entender esse aspecto, vejamos o que Maturana esclarece sobre a educação:

A educação é um processo contínuo que dura toda a vida, e que faz da comunidade onde vivemos um mundo espontaneamente conservador, ao qual o educar se refere. Isso não significa, é claro, que o mundo do educar não mude, mas sim que a educação, como sistema de formação da criança e do adulto, tem efeitos de longa duração que não mudam facilmente. (MATURANA, 2002, p. 29)

Se a aprendizagem está presente ao longo de toda a vida dos seres humanos, esse fato nos leva a ponderar que o adulto, por ter uma estrutura física e mental diferente da criança, consequentemente deverá ter uma maneira diferenciada de adquirir novos conhecimentos. Portanto, a educação para adultos deve ser pensada sempre considerando a diversidade que envolve o universo do ser humano nessa fase da vida.

Cabe lembrar que para Maturana e Varela (1995), os seres vivos são determinados por sua estrutura. Dessa forma, o que acontece num certo instante vai depender da estrutura do indivíduo nesse mesmo instante.

Todo ser vivo tem como base a sua estrutura em mudanças permanentes, numa deriva de acoplamento estrutural com o ambiente, onde se produzem mudanças tanto no ser vivo como no ambiente, em suas interações recorrentes. A esse conceito, os autores supracitados deram o nome de determinismo estrutural.

(36)

1.1 Autonomia e dependência na aprendizagem de adultos

Para Maturana e Varela (1995), os seres vivos são autônomos, capazes de produzir seus próprios componentes ao interagir com o meio. A este conceito, os autores adotaram o termo “autopoiese”, que quer dizer autoprodução.

Aplicando esse conceito à educação de adultos, verificamos a possibilidade de o ser humano ter a capacidade de produzir seus próprios conhecimentos por interação com o meio ambiente e os objetos que estão disponíveis.

Contudo, se observarmos os seres vivos, em seu relacionamento com o meio, torna-se incontestável o fato de que são dependentes de recursos externos para manter a sua sobrevivência. Isso significa que enquanto seres vivos, somos autônomos, mas também somos dependentes de uma série de fatores externos a nossa estrutura para estarmos vivos.

Morin também nos ensina acerca desse conceito, introduzindo o termo auto-eco-organização:

Os seres vivos são seres auto-organizadores que sem parar se autoproduzem e por isso mesmo gastam energia para manter a autonomia. Como têm necessidade de colher energia, informação e organização no seu ambiente, a autonomia é inseparável desta dependência, e é por isso que é necessário concebê-los como seres auto-eco-organizadores. (MORIN, 2013, p. 101)

Assim, o paradoxo autonomia-dependência deixa de ser oposto, a autonomia faz parte da dependência. Uma integra a outra e por ela é construída e complementada, numa relação circular.

Nesse contexto, vamos analisar a frase de Knowles (1980, p. 43), “ajudar o adulto a aprender”, empregada para explicar o que significa andragogia. Essa frase traz na sua essência o paradoxo de “autonomia e dependência”.

(37)

são externos a sua estrutura. Esses recursos, por sua vez, são variados e respeitam a autonomia do indivíduo em busca do saber. Assim, a aquisição de novos conhecimentos pode ser auxiliada por meio do suporte de professor, de material didático, do acesso a um ambiente virtual de aprendizagem, de recursos tecnológicos ou mesmo da simples observação do próprio indivíduo a fatores externos, que agregados a sua estrutura interna propicia a aprendizagem propriamente dita. Dessa maneira, segundo Hessel (2009, p. 30), “a causa age sobre o efeito e o efeito age sobre a causa, rompendo com a noção da causalidade linear”.

Nessa perspectiva, cabe lembrar que esta condição paradoxal, principalmente sob a ótica de educação de adultos, é impossível de ser entendida acerca do pensamento linear, em que tudo se reduz à simplicidade do sim/não e do ou/ou.

O paradoxo autonomia-dependência, aplicado na educação de adultos, só será entendido por um modo de pensar voltado ao raciocínio sistêmico, examinando as relações entre as partes, sem nunca deixar de lado a compreensão da necessidade da linearidade. Chegamos assim, ao pensamento complexo, proposto por Edgar Morin.

1.2 O pensamento complexo aplicado à educação de adultos

A educação de adultos é melhor compreendida se considerarmos a experiência do aluno, e nesse contexto precisa ser tecida contínua e conjuntamente com as pessoas que estão pensando as questões de ensino. Portanto, podemos dizer que a educação para adultos é um sistema complexo, vejamos o que diz Edgar Morin sobre complexidade:

[...] a complexidade é um tecido (complexus: o que é tecido junto) de constituintes heterogêneas inseparavelmente associadas: ela coloca o paradoxo do uno e do múltiplo. Num segundo momento, a complexidade é efetivamente o tecido de acontecimentos, ações, interações, retroações, determinações, acasos, que constituem nosso mundo fenomênico. (MORIN, 2011, p. 13).

(38)

do outro, pois os dois estão comprometidos no processo, ou seja, ambos são codeterminados.

Nesse sentido, somos elucidados por Moraes:

Uma autonomia que depende das relações que construímos no ambiente onde estamos inseridos; depende dos processos de auto-organização que garantem a natureza autopoiética dos sistemas vivos, ou seja, que garante a capacidade de autoprodução de si mesmo como condição de sua autonomia. Na realidade, somos profundamente dependentes em nossa autonomia, dependentes dos fluxos nutridores que alimentam os processos que, ao mesmo tempo, nos permitem desenvolvê-la. (MORAES, 2008, p. 100)

Esse preceito esclarece que o adulto, enquanto aprendiz, é coautor e coprodutor dos objetos de conhecimento e, por consequência, é influenciado pelos pensamentos e ideias dos outros, pelo ambiente em que essas informações estão disponíveis e que a autonomia deste é sempre relativa (MORIN, 1996).

Esta autonomia estará sempre na dependência das interações criadas no ambiente educacional onde o adulto está inserido, o que demonstra uma dependência em sua própria autonomia.

Edgar Morin (1998, p. 187) elucida que "tudo que isola um objeto, destrói a sua realidade". Portanto, pensar de maneira complexa, na educação de adultos, é ser capaz de ver o indivíduo em suas relações com a aprendizagem propriamente dita. É, principalmente, perceber a dinâmica recursiva e não-linear que se apresenta entre as partes e o todo, entre o sujeito e o objeto, refletindo sobre as questões que envolvem o educador e o educando, entre os recursos propostos e o sujeito que fará uso desses recursos.

(39)

1.3 Professor como gestor do conhecimento

Preferirmos, nesta formulação de ideia, utilizar o termo “gestor do conhecimento” em vez de professor, visto que sobre o vértice da complexidade, na educação de adultos – diferentemente dos meios de ensino tradicionais adotados pela maior parte das instituições de ensino – o professor deve assumir o papel de facilitador do aprendizado, como um mediador competente que domina o conteúdo e os processos cognitivos, epistemológicos do processo ensino e aprendizagem, tendo em vista que o aluno será sempre o sujeito do processo de construção do conhecimento e trazendo consigo uma série de experiências próprias da sua formação que devem ser respeitadas e consideradas como recursos pedagógicos.

No momento em que o aluno assume seu papel no processo de aprender, cabe ao gestor do conhecimento considerar as suas características psicológicas individuais, uma vez que o indivíduo nesta fase pode ser compreendido como um agente capaz, consciente, autônomo, responsável, que possui inteligência, experiência de vida e motivação interna.

Nessa visão, não será o gestor do conhecimento quem decidirá pelo e para o aluno nas questões de construção do saber, mas, sim, o próprio aluno, por meio de uma gama de recursos disponíveis no ambiente educacional.

Segundo Moraes (2008, p.107), o aprendiz é considerado como investigador, como pesquisador, é um sujeito capaz de compreender as diferentes dimensões de um problema sem ater-se a uma única causa, capaz de usar diferentes fontes de informações para solução de um problema.

(40)

deve ser levado em conta e explorado quando se trata de aprendizagem em ambientes virtuais.

Cabe ao gestor do conhecimento a função de pensar nos processos andragógicos, observando o princípio do aproveitamento de interesses, e com essa reflexão propiciar espaços de aprendizagens que mobilizem as vivências, as experiências e, sobretudo, as demandas específicas para o público de alunos em questão. Nesse ponto, o ambiente virtual de aprendizagem pode ser uma ferramenta capaz de oferecer uma gama de possibilidades para o auxílio da construção do saber.

Pelas reflexões sobre andragogia x complexidade, percebemos a importância dos agentes mediadores de processos de aprendizagem com foco em adultos. Portanto, estes precisam estar sempre munidos de estratégias e recursos de ensino que permitam a participação do aprendente no sentido de estarem alinhados com o papel de dinamizar situações nas quais o sujeito seja ativo, construtivo e participativo do processo como um todo, permitindo que o adulto seja o real criador e articulador de seus próprios compromissos e decisões.

(41)

1.4 Andragogia, pedagogia e complexidade

Segundo Malcolm Knowles (1980, p. 58), a palavra andragogia encontra o seu melhor significado como “a arte e ciência de ajudar o adulto a aprender, em oposição à Pedagogia, que cuida do ensino de crianças”. O termo remete a um conceito de educação orientado para o adulto, em contraposição à pedagogia, que se refere à educação de crianças (do grego paidós = criança). Se buscarmos a origem de andragogia, encontraremos a sua procedência nas palavras gregas andros (homem) + agein (conduzir) + logos (tratado, ciência).

Assim, neste estudo, vamos considerar andragogia como uma disciplina da parte integrante das ciências da educação, com foco específico ao campo de ensino e aprendizagem de jovens e adultos.

Knowles (1980) apresenta o modelo andragógico que, divergente do padrão pedagógico aplicado para o ensino de crianças, possui preceitos focados na educação de adultos, sendo eles respectivamente:

a) Os adultos são motivados a aprender quando possuem necessidades e interesses que a aprendizagem satisfará; desta maneira, eles passam a serem os pontos de partida apropriados para organizar as atividades de aprendizagem de adultos.

b) A orientação de adultos para a aprendizagem é centrada na vida; sendo assim é importante ter em mente que as unidades apropriadas para organizar a aprendizagem de adulto são as situações da vida, não os assuntos em si.

c) Experiência é o recurso mais rico para a aprendizagem de jovens e adultos, então a metodologia básica da educação de adultos é a análise da experiência.

(42)

seu conhecimento e então avaliar a adequação deles em relação ao processo.

e) As diferenças individuais entre as pessoas aumentam com a idade; portanto, a educação de adultos deve considerar as diversidades de estilo, tempo, local e ritmo de aprendizagem.

O mesmo autor esclarece que a andragogia é um sistema de conjecturas que, também, incluem teorias herdadas das escolas pedagógicas. Para uma melhor compreensão deste ponto de vista reproduzimos as tabelas que comparam a pedagogia tradicional com andragogia, segundo a ótica de Knowles:

Tabela 1 - Pedagogia e Andragogia: Pressupostos

CRITÉRIOS PEDAGOGIA ANDRAGOGIA

AUTOCONCEITO Dependência Autodireção crescente

EXPERIÊNCIA De pouco valor Aprendizes como fonte de aprendizagem

PRONTIDÃO Pressão social de desenvolvimento biológico Tarefas de desenvolvimento e papéis sociais

PERSPECTIVA

TEMPORAL Aplicação adiada Aplicação imediata

ORIENTAÇÃO DA

(43)

Tabela 2 - Elementos da prática

CRITÉRIOS PEDAGOGIA ANDRAGOGIA

CLIMA

Orientado para autoridade

Formal competitivo

Mutualidade / Respeito Informal Colaborativo

PLANEJAMENTO Pelo Professor Compartilhado

DIAGNÓSTICO DE NECESSIDADES Pelo professor Autodiagnóstico mútuo

FORMULAÇÃO DE OBJETIVO Pelo Professor Negociação mútua

DESIGN Lógica da matéria Unidade de Conteúdos Sequência em termos de prontidão Unidade de problemas

ATIVIDADES Técnicas de transmissão Técnicas de Experiência Vivências/indagações

AVALIAÇÃO Pelo Professor

Rediagnóstico conjunto de necessidade

Mensuração conjunta do programa

Fonte: M. Knowles (apud MOSCOVICI, 1998, p. 26)

Se interpretarmos as tabelas 1 e 2, chegaremos, sob a visão de Knowles, às seguintes conclusões:

a) Na Pedagogia tradicional:

- a experiência daquele que aprende não é amplamente considerada;

- o importante é a experiência do professor;

- não há necessidade de compreender a necessidade do aprendizado correlacionando com a vida do aprendiz;

- aprendizagem centrada no conteúdo e não no problema;

- motivação está relacionada com fatores de ordem externa ao sujeito (das classificações escolares e das apreciações do professor).

b) Na Andragogia:

- os adultos são portadores de experiências e estas devem ser consideradas e incorporadas no processo de ensino;

(44)

- adultos estão dispostos a iniciar uma aprendizagem, desde que compreendam sua utilidade para sua vida real, no que tange as esferas pessoal ou profissional;

- aprendizagem com foco na resolução de problemas;

- motivação está relacionada com fatores de ordem interna, podendo ser associada a satisfação, autoestima e qualidade de vida.

Porém, cabe lembrar que as teorias pedagógicas construtivistas assumem uma postura diferente da pedagogia tradicional, o que faz com que se aproximem da andragogia.

Para melhor exemplificar esta correlação elaboramos a tabela 3, que tem como objetivo fazer comparações entre a pedagogia tradicional, o construtivismo e a andragogia.

Tabela 3 - Comparações entre Pedagogia Tradicional, Construtivismo e Andragogia

PEDAGOGIA

TRADICIONAL CONSTRUTIVISMO ANDRAGOGIA

A experiência do aluno não

é amplamente considerada A experiência do aluno é sempre considerada

Os adultos são portadores de experiências e estas devem ser consideradas

O importante é a

experiência do professor O aluno é um ser pensante, com desenvolvimento próprio

Aprendizes constituem os recursos para suas

respectivas aprendizagens Aprendizagem centrada no

conteúdo e não no problema

O estudante é quem constrói o conhecimento, por meio da formulação de hipóteses e da resolução de problemas

Aprendizagem com foco na resolução de problemas

Motivação está relacionada com fatores de ordem externa ao sujeito

Motivação está relacionada com a integração com o mundo externo e interno do aluno

Motivação está relacionada com fatores de ordem interna, podendo ser associada a satisfação, autoestima e qualidade de vida

Professor tem um papel de transmissor do

conhecimento

Professor é um orientador que facilita a aprendizagem, tenta criar situações que estimulem e motivem as respostas

(45)

PEDAGOGIA

TRADICIONAL CONSTRUTIVISMO ANDRAGOGIA

Não há necessidade de compreender a

necessidade do aprendizado

correlacionando com a vida do aprendiz

Aprendizagem deve ter algum significado para o aluno

Aprendizagem deve ter alguma utilidade para sua vida real, no que tange às esferas pessoal e/ou profissional

Fonte: elaborado pelo autor

Se analisarmos a tabela 3, chegaremos à conclusão que construtivismo e andragogia possuem semelhanças tanto no conceito de ensino (professor) como no de aprendizagem (aluno), com a diferença que as teorias construtivistas foram elaboradas pensando nas fases do desenvolvimento infantil, enquanto que a andragogia possui foco específico e direcionado para indivíduos na idade adulta.

Nesse sentido, podemos pensar as teorias andragógicas como uma metodologia que pudesse dar continuidade à linha de pensamento construtivista, mas completamente focada para o ensino e a aprendizagem dos indivíduos em idade adulta, visto que os autores do construtivismo não abordam questões desta ordem.

Nessa linha de raciocínio, consideramos de suma importância fazer referência a uma parte da teoria construtivista que dá ênfase à aprendizagem significativa e que também indica a experiência como fator determinante na aprendizagem do ser humano e, dessa maneira, mais uma vez se assemelhando às teorias andragógicas:

Se eu tivesse de reduzir toda a psicologia educacional a um único princípio, diria isto: o fator singular mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já conhece. Descubra o que ele sabe e baseie nisso os seus ensinamentos. (AUSUBEL; NOVAK; HANESIAN, 1980 p. 34)

Outro autor que fez contribuições significativas para questões educacionais andragógicas, considerando a experiência como um fator decisivo no processo de ensino e aprendizagem, foi Lindeman, que em sua publicação “The meaning of adult

education”1 declarou:

...a fonte de maior valor na educação de adultos é a experiência do aprendiz. Se educação é vida, vida é educação. A aprendizagem

(46)

consiste na substituição da experiência e conhecimento da pessoa. A psicologia nos ensina que, ainda que aprendemos o que fazemos, a genuína educação manterá o fazer e o pensar juntos... A experiência é o livro vivo do aprendiz adulto. (LINDEMAN, 1926, p. 9-10)

Se adultos são portadores de experiências e elas devem ser consideradas no processo de construção do saber, assim o aprendiz, sob este referencial, assume um papel colaborativo e determinante em sua própria aprendizagem, uma vez que o conteúdo a ser transmitido necessariamente tem que ter significado real e utilidade para sua vida, estabelecendo um sistema de fluxo de informações capazes de promover e facilitar processos de auto-organização, autorregulação e o aparecimento de novas emergências, processos, esses, que caracterizam a própria dinâmica da vida (MORAES, 2008, p. 99).

Vemos assim, o pensamento complexo como uma teoria capaz de suprir a ausência das metodologias pedagógicas para educação de adultos, e por esse motivo construímos a tabela 4 com o objetivo de comparar a andragogia com a teoria da complexidade.

Tabela 4 - Andragogia e complexidade: pressupostos

CRITÉRIOS ANDRAGOGIA COMPLEXIDADE

AUTOCONCEITO Autodireção crescente Auto-organização e autorregulação

EXPERIÊNCIA Aprendizes como fonte de aprendizagem Conhecimento multidimensional

PRONTIDÃO Tarefas de desenvolvimento e papéis sociais Adaptação e inerência a diferentes contextos PERSPECTIVA TEMPORAL Aplicação imediata Dinâmica relacional

ORIENTAÇÃO DA

APRENDIZAGEM Centrada nos problemas Flexibilidade metodológica Fonte: elaborada pelo autor

(47)

superando a rigidez das metodologias que insistem em encaixar o estudante nas teorias.

Segundo Paulo Freire, o ensino deveria dar maior ênfase às questões da alfabetização propriamente dita, dessa maneira os educadores precisariam levar em conta os aspectos culturais, sociais e humanos do estudante. Essa atitude estaria voltada a ouvir o aprendiz, neste processo seria possível ajudá-lo a edificar a confiança para que ele se transforme em um ser capaz de compreender o mundo por meio do conhecimento.

É preciso saber ouvir, ou seja, saber como ouvir uma criança negra com a linguagem específica dele ou dela, com a sintaxe específica dele ou dela, saber como ouvir o camponês negro analfabeto, saber como ouvir um aluno rico, saber como ouvir os assim chamados representantes de minorias que são basicamente oprimidas (FREIRE, 2001, p. 58).

Esse conceito nos remete a um sistema de rede em que alunos e professores estão conectados na construção de um saber em constante evolução. Contudo, isso só é possível, segundo Paulo Freire, quando o educador consegue aproximar-se da realidade do aluno por meio do cuidado e atenção no sentido de saber ouvir o estudante e a realidade em que ele está inserido.

Segundo Moraes (2008, p. 99), para melhor entender a aprendizagem, é preciso compreender as relações que ocorrem entre o aluno e os objetos com os quais ele relaciona-se, perceber as analogias no âmbito do indivíduo e do contexto, entre o que já se sabe e o que está sendo aprendido, conhecido, transformado mediante mecanismos operacionais que catalisam mudanças estruturais na organização viva do ser aprendente.

Nesse ponto vemos claro o pensamento de Morin sobre o princípio da reintrodução do conhecimento em todo conhecimento:

(48)

Existe uma íntima relação de dualidade no que concerne à capacidade interna de aprendizagem, associada a fatores de ordem externas. Assim, podemos relacionar o conceito do paradoxo autonomia-dependência, descrito por Maturana e Varela (1995) como a tônica do sistema de ressignificação do conhecimento do indivíduo na idade adulta.

1.5 Andragogia e complexidade aplicadas à educação a distância

Se pensarmos no processo de educação corporativa de todas as empresas preocupadas com a formação e o desenvolvimento de seus colaboradores, chegaremos à conclusão de que a demanda desse seguimento está integralmente direcionada para o ensino e a aprendizagem de alunos adultos, seja em modalidade presencial ou a distância. Esse fato se dá porque são pessoas na idade adulta que fazem parte do quadro de empregados das organizações.

Exatamente nesse contexto que a educação a distância está inserida como mais um recurso para auxiliar nos processos educacionais de ambientes corporativos que utilizam as metodologias com foco em andragogia.

Não poderia ser diferente no Sesc SP, visto que todo o processo educacional adotado pela Instituição para o treinamento e desenvolvimento de funcionários está fundamentado em conceitos andragógicos.

Assim, o Sesc SP segue o modelo de grandes empresas adotando, desde o ano de 2014, a modalidade de educação a distância, por meio do ambiente virtual de aprendizagem denominado Saba, com o objetivo de disseminação do conhecimento institucional para seus funcionários (teremos um capítulo exclusivo para explicar suas funcionalidades no sentido de diversificação do ambiente educacional no que concerne à educação corporativa).

(49)

Knowles (1977, p. 21) já sinalizava para a necessidade de diversificamos os ambientes de aprendizagem quando afirmou que "a teoria da aprendizagem de adultos apresenta um desafio para os conceitos estáticos da inteligência, para as limitações padronizadas da educação convencional".

No Brasil, temos como exemplo Paulo Freire, que dedicou a maior parte de seus estudos referentes à alfabetização de adultos, manifestando-se contrário às concepções tradicionais imobilistas, além de ter defendido o uso do rádio no processo de alfabetização (Freire, 1997, p.143) e o uso de meios agregados – televisão e rádio.

Contudo, antes mesmo do conceito de andragogia ser difundido nos meios educacionais, o construtivismo, que tem como seu principal representante Piaget, tentou entender “como se passa de um estado de menor conhecimento a um estado de conhecimento mais avançado” e para explicar essa teoria utilizou métodos por ele denominados de epistemológicos genéticos, os quais:

...procuram compreender os processos de conhecimento científico em função de seu desenvolvimento ou de sua própria formação, comportando uma sociogênese do conhecimento relativa ao desenvolvimento histórico no seio da sociedade e a sua transmissão, e uma psicogênese das noções e estruturas operatórias elementares que se constituem no curso do desenvolvimento dos indivíduos... (PIAGET, 1967, p. 65).

Segundo Piaget, a sociogênese procura elucidar as construções coletivas que são transmitidas e redimensionadas de geração em geração, representando o dinamismo próprio de toda construção sócio-histórica.

Sendo assim, podemos entender a sociogênese como um dos fatores responsáveis pela produção do conhecimento realizado pela humanidade, que só pode ser atingido por meio da história das ideias, das ciências sociais e das tecnologias.

Imagem

Tabela 2 - Elementos da prática
Tabela 3 - Comparações entre Pedagogia Tradicional, Construtivismo e  Andragogia
Figura 1 - LMS Saba  –  Funcionalidades
Figura 2 - Saba - Recursos para colaboração - Comunidade
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Referências

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